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em suas extremidades simulando as lajes. Essas estruturas usuais de edifícios. De acordo com a
barras devem possuir elevada seção transversal NBR 6118 (ABNT, 2007), os valores dos efeitos de
para não ocorrer deformação axial, e as vigas segunda ordem dependem do sistema de
devem ter os momentos de inércia reais contraventamento da estrutura, o que determina a
(GIONGO, 2007). Desta forma, aplicando-se o consideração de valores diferentes para α1, como:
carregamento neste modelo, obtém-se o 0,7 para edifícios contraventados somente por
deslocamento no topo e pode-se calcular a rigidez pilares-paredes; 0,6 para estruturas mistas
equivalente por meio da Equação 7 ou da Equação (associações de pilares-paredes e para pórticos
8, de acordo o carregamento aplicado. associados a pilares-paredes) e 0,5 para
Determinado o valor de (EI)eq por contraventamentos apenas por pórticos.
qualquer um dos métodos descritos, pode-se O parâmetro de instabilidade α apenas indica se os
calcular o valor de α por meio da quação 1. sse efeitos de segunda ordem podem ou não ser
valor é comparado a um valor α1, de modo que, se desprezados.
α < α1, a estrutura é considerada de nós fixos, e se α
≥ α1, a estrutura é considerada de nós móveis. 2.2 COEFICIENTE γz
Segundo o item 15.5.2 da NBR 6118 (ABNT, 2007) o Este coeficiente avalia a sensibilidade de
valor de α1, é dado pela Equação 4. uma estrutura aos efeitos de segunda ordem e,
além disso, também é capaz de estimar esses
Eq.[4] efeitos por uma simples majoração dos esforços de
primeira ordem (MONCAYO, 2011).
Onde: Partindo de uma análise linear para as
n é o número de níveis de barras horizontais ações horizontais, pode ser calculado o momento
(andares) acima da fundação ou de um nível pouco de primeira ordem (M1), em relação a base da
deslocável do subsolo. estrutura, e os deslocamentos horizontais de seus
O valor aproximado de 0,6 aplica-se a nós. Estes deslocamentos fazem com que as ações
X
p
a
P
̅ ̅ ̅ Eq.[10]
MTopo
Para a obtenção do momento final de
V segunda ordem global deve-se realizar algumas
iterações até que se chegue à posição de equilíbrio.
O procedimento inicia-se com uma análise de
h
primeira ordem para se encontrar os
deslocamentos dos andares que serão utilizados
para calcular os esforços cortantes fictícios
(Equação 9) e as cargas laterais fictícias (Equação
V
10) em cada pavimento. Estas forças devem ser
MBase
somadas às ações atuantes originais, resultando em
P
forças horizontais modificadas, com as quais a
análise seguinte será realizada. Novos
FIGURA 3: Equilíbrio do elemento estrutural
FONTE: Próprios autores.
deslocamentos são obtidos e novas cargas
horizontais fictícias são calculadas, dando-se
Sendo assim, o equilíbrio é dado pela continuidade ao processo. As iterações terminam
Equação 8. quando os deslocamentos apresentarem um valor
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praticamente igual aos da iteração anterior, e Nos exemplos utilizou-se para o concreto
consequentemente as forças e momentos fck de 25 MPa, agressividade ambiental II, diâmetro
resultantes não variem significativamente. de agregado igual a 19 mm e os cobrimentos
nominais para os elementos estruturais conforme
3. METODOLOGIA DE PESQUISA indicados na NBR 6118 (ABNT, 2007)..
A inércia dos elementos é calculada
Para a realização da análise de considerando a seção bruta do concreto
estabilidade global do edifício multipavimentos faz- (desconsiderando a fissuração) e o módulo de
se uso de dois softwares. A análise P-Delta é elasticidade utilizado é o módulo de elasticidade
realizada utilizando-se o software ALTOQI EBERICK secante (Ecs) definido no item 8.2.8 da NBR 6118
V6®, onde nesta é obtido o coeficiente γz, que (ABNT, 2007).
também é calculado de forma analítica com o A arquitetura do edifício analisado é a
auxílio do software FTOOL ®, por meio do método mesma utilizada por França (1985)1 apud BUENO,
analítico dos pórticos associados. Posteriormente o (2009). A planta baixa do pavimento tipo pode ser
parâmetro α também é calculado para todas as observada na Figura 4.
respostas. Os resultados, considerando os efeitos O edifício apresenta uma estrutura
de segunda ordem, obtidos pelo software ALTOQI convencional formada por vigas, lajes e pilares em
EBERICK ® e pelo cálculo analítico são analisados, concreto armado. Possui pavimento térreo e mais
discutidos e comparados com a finalidade de doze pavimentos tipos com o pé direito de 2,90 m,
verificar a contribuição do núcleo rígido na rigidez resultando em uma altura total de 37,70 m.
da estrutura e a confiabilidade dessas metodologias O carregamento vertical utilizado nos pavimentos,
em projetos estruturais de concreto armado. com exceção a última laje, corresponde a 1,0 kN/m²
Neste trabalho foi considerado para vigas, de carga permanente e 1,5 kN/m² de carga
pilares e pilares paredes uma rigidez a flexão de acidental, somente nas vigas de contorno
0,7 EciIc em todos os exemplos. Além disso, para a (vigas V1, V4, V5 e V13), admitiu-se uma carga de
configuração do processo P-Delta no software alveiraria referente a 4,8 kN/m. O pavimento de
ALTOQI EBERICK V6®, utilizou-se um número de cobertura recebeu 1,0 KN/m² de carga permanente
iterações igual a 10 com uma precisão ou tolerância e 0,5 kN/m² de carga acidental.
mínima de 1% (0,01). A ação horizontal considerada foi a do
Para todos os exemplos empregou-se a vento conforme a NBR 6123 (ABNT, 1988). A
combinação última normal para a obtenção dos velocidade básica é de 40 m/s, o fator do
esforços de primeira e segunda ordem de cálculo, Topográfico (S1) igual a 1,0, considerando terreno
conforme a Equação 11. plano ou fracamente acidentado, Categoria de
rugosidade IV (S2), Classe da edificação B (S2) e
( ∑ ) Eq.[11] Fator estatístico (S3) igual a 1,0 (edificações para
hotéis e residências) e os respectivos coeficientes
Onde:
de arrasto para cada direção. Os sentidos da
F : ações permanentes diretas;
aplicação do vento que foram utilizados são a 0°,
F : ação variável principal;
90°, 180° e 270°, conforme na Figura 5.
F : ação variável secundária, se existir;
γ : coeficiente de ponderação das ações permanentes Com o intuito de promover alterações na
no ELU, igual a 1,4; rigidez da estrutura, em uma segunda análise
γ : coeficiente de ponderação das ações variáveis no efetuou-se a substituição dos pilares P4, P5, P12 e
ELU, igual a 1,4; P13 do edifício anterior (Figura 4) por dois núcleos
: coeficiente redutor das ações variáveis rígidos (pilares-paredes) junto aos elevadores e a
secundárias no ELU, igual a 0,6 para vento e 0,7. escada, como mostrado na Figura 6.
1
Referencia Original: FRANÇA, R. L. e S. Exemplo de cálculo do esforço de 2a ordem global em um edifício de concreto
armado. In: Colóquio sobre Estabilidade Global das Estruturas de Concreto Armado, Instituto Brasileiro do Concreto, São Paulo,
1985.
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V1 15/70
V915/70
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
170
20/75 20/75 20/75 20/75 20/75 20/75 20/75 20/75
V215/70
190 175
L4 L1 L5
875
V10 20/70
V11 20/70
V12 20/70
V13 20/70
V5 20/70
V6 20/70
V7 20/70
V8 20/70
V4 15/70
P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16
20/75 20/75 20/75 20/75 20/75 20/75 20/75 20/75
400 400 400 400 400 400 400
270°
V3
V1 V2
0° 180°
V4
90°
FIGURA 5: Sentidos da aplicação do vento na estrutura.
Fonte: Próprios autores.
200 15
20 20
420
300
TABELA 4: Relação entre os deslocamentos obtidos para o edifício com e sem núcleos rígidos.
Direção EBERICK ANALÍTICO
X -82,51% -79,03%
Y -67,06% -44,62%
FONTE: Próprios autores.
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TABELA 5: Momentos de segunda ordem em cada direção para a combinação última normal,
considerando a ação de sobrecarga como ação variável principal – edifício sem núcleo rígido.
Combinação: 1,4G+1,4(Q+0,6V)
x
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X
TABELA 6: Momentos de segunda ordem em cada direção para a combinação última normal,
considerando a ação de sobrecarga como ação variável principal – edifício com núcleo rígido.
Combinação: 1,4G+1,4(Q+0,6V)
EBERICK
Parâmetros
X (sem NR) Y (sem NR) X (com NR) Y (com NR)
x
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X
ANALÍTICO
Parâmetros
X (sem NR) Y (sem NR) X (com NR) Y (com NR)
EBERICK
Parâmetros
X (sem NR) Y (sem NR) X (com NR) Y (com NR)
x
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X
TABELA 10: Parâmetros para o cálculo analítico do parâmetro α nas duas direções.
ANALÍTICO
Parâmetros
X (sem NR) Y (sem NR) X (com NR) Y (com NR)