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Em Foucault, tanto poder e saber não são propriedade de alguém, são, pelo contrário,
efeitos das relações de força.
"Sociedade disciplinar" é uma forma de controle que age sobre as populações e que
aplica ao corpo práticas que buscam gerar sujeitos produtivos e dóceis.
O homem não era visto como animal que trabalha, nem como máquina de trabalho,
ideia que se consolida com a Revolução Industrial e com Hegel.
Foucault não tem propostas, apenas análises; não diz o que fazer. Mas provê
ferramentas para quem queira fazer. Nesse sentido, o papel do intelectual não é mais,
como no caso de Sartre, ser a voz dos desvalidos, mas participar das lutas: escrever
livros que adicionem conceitos, que sejam instrumentos a essas lutas.
Foucault: "Escrevo livros porque tenho que trabalhar - com entusiasmo, mas sem
esperança". Desacreditado da mudança.
Não se trata de repressão em Foucault: não há anormais que são reprimidos, apesar
da naturalidade dos seus desejos, tendo em vista o comportamento dos que são
normais. Uma sociedade produz os seus normais e anormais.
"Nada está oculto, tudo está dito na sociedade; o que é preciso é fazer ver as
condições de possibilidade do que há, de que seja dito o que é dito". Arqueologia.
"Um autor pode colocar temas que se desenvolvam ou despertar ideias apesar de si
mesmo."
"Foucault afirmou que fazia uma 'ontologia do presente'".
"Todo governo faz uso de rituais: procedimentos usados para que algo se imponha
como verdade." Não a construção da verdade, mas uma certa instantaneidade do por
a verdade.
Admitir o não poder, no início do trabalho, como questionamento de base das formas
como se aceita o poder. Não afirmar que todo poder é mal, mas ver que nenhum
poder é plenamente aceitável nem totalmente inevitável. Tarefa da anarqueologia:
desnudar essa variação.
A partir da cultura ocidental cristã, "o governo dos homens" não demanda só
"obediência e submissão", mas que o indivíduo diga "a verdade de si mesmo".
Aspectos macro e micro das relações entre governo e verdade: primeiro, todo governo
age com noções de verdade; segundo, vivemos com atos de verdade.
"Para saber organizar a cidade, é preciso saber que a primeira cidade é o corpo."
"A ética (relação consigo que determina a relação com os outros) é sempre uma forma
de vida que transforma o mundo."
Sócrates afirma que é melhor ser humano do que animal pois que o homem sabe o
motivo da sua felicidade e não o animal. Há em Heráclito fragmentos que tanto
restringem o conceito de felicidade ao homem como igualam a felicidade de um e
outro, a partir do perspectivismo. Já em Diógenes, há antihumanismo, os seres são
iguais, "não é melhor que um cão".
Estudar o cinismo "a partir desse tema da vida como escândalo da verdade, da forma
de vida como lugar de emergência da verdade (a bios como aleturgia)".