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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS

CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE TABATINGA


LICENCIATURA EM MATEMÁTICA

ALINE GABRIELE CAMPOS DOS SANTOS

UMA APLICAÇÃO DA INTERPOLAÇÃO DE LAGRANGE E DA


INTEGRAL DEFINIDA PARA O CÁLCULO DO VOLUME DE UM VASO
CIRCULAR

Tabatinga – AM
Novembro de 2018
ALINE GABRIELE CAMPOS DOS SANTOS

UMA APLICAÇÃO DA INTERPOLAÇÃO DE LAGRANGE E DA INTEGRAL


DEFINIDA PARA O CÁLCULO DO VOLUME DE UM VASO CIRCULAR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


para obtenção de nota da disciplina de
Trabalho de Conclusão de Curso II,
ministrada pelo Prof. Esp. Rainey Ferreira do
Nascimento do curso de Licenciatura em
Matemática do Centro de Estudos Superiores
de Tabatinga da Universidade do Estado do
Amazonas.

Orientador: Prof. Me. Edfram Rodrigues Pereira

Tabatinga - AM
Novembro de 2018
Ficha Catalográfica
Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
Sistema Integrado de Bibliotecas da Universidade do Estado do Amazonas.

722a Dos Santos, Aline Gabriele Campos


Uma Aplicação da Interpolação de Lagrange e da
Integral Definida para o Cálculo do Volume de um
Vaso Circular / Aline Gabriele Campos Dos Santos.
Manaus : [s.n], 2018.
22 f.: color.; 30 cm.

TCC - Graduação em Matemática - Licenciatura -


Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, 2018.
Inclui bibliografia
Orientador: Me. Edfram Rodrigues Pereira

1. Interpolador de Lagrange. 2. Integral Definida .


3. Volume. I. Me. Edfram Rodrigues Pereira (Orient.).
II. Universidade do Estado do Amazonas. III. Uma
Aplicação da Interpolação de Lagrange e da Integral
Definida para o Cálculo do Volume de um Vaso
Circular
UMA APLICAÇÃO DA INTERPOLAÇÃO DE LAGRANGE E DA
INTEGRAL DEFINIDA PARA O CÁLCULO DO VOLUME DE UM VASO
CIRCULAR

por

ALINE GABRIELE CAMPOS DOS SANTOS

Artigo apresentada ao Corpo Docente do Curso de Licenciatura em Matemática da Univer-


sidade do Estado do Amazonas como requisitos necessários para a obtenção de nota da disciplina
de Trabalho de Conclusão de Curso II.

Aprovada em 30 de Novembro de 2018.

Banca Examinadora:

Profo . Me. Edfram Rodrigues Pereira – (Orientador)


Universidade do Estado do Amazonas – UEA

Profo . Esp. Zequias Ribeiro Montalvam Filho – (Membro Interno)


Universidade do Estado do Amazonas – UEA

Profo . Dr. Armando Luis Guerra Cavalero – (Membro Interno)


Universidade do Estado do Amazonas - UEA
Aprender é a única coisa de
que a mente nunca se cansa,
nunca tem medo e nunca se ar-
repende.
Leonardo da Vinci (1452-
1519)
Dedico este trabalho à todas
as pessoas que contribuíram
de forma direta e indireta para
que este fosse realizado, em
especial à minha família.
Agradecimentos

Agradeço primeiramente à Deus, por ter me concedido o dom da vida, por sempre me
sustentar, me fortalecer e pela oportunidade concedida de chegar até aqui.

Agradeço à minha família, em especial meu pai Antonio Bezerra dos Santos e meu irmão
Antonio Gabriel Campos dos Santos, por sempre estimularem meus estudos, por terem feito
o melhor para que chegasse até aqui. Ao meu companheiro agradeço por não permitir que
desistisse e por sempre me estimular.

Agradeço aos colegas de turma, em especial Alessandra Caldas da Silva, Brenda de Araújo
Barbosa e Jeane Ramos Batalha que certamente contribuíram e me ajudaram no decorrer desta
caminhada, juntos persistimos em um companheirismo recíproco.

Agradeço à todos os professores do curso de Licenciatura em Matemática do CSTB/UEA,


por cada conselho, cada estímulo, pela preocupação, pelo auxílio, por sempre nos estender a mão
no momento que mais precisávamos e por terem sido os mediadores do conhecimento durante
toda graduação. Deixo aqui os meus sinceros agradecimentos a todos eles.
9

UMA APLICAÇÃO DA INTERPOLAÇÃO DE LAGRANGE E DA INTEGRAL


DEFINIDA PARA O CÁLCULO DO VOLUME DE UM VASO CIRCULAR

Aline Gabriele Campos dos Santos1


Edfram Rodrigues Pereira2

Resumo: Com base na necessidade de verificar uma aplicação do cálculo, em especial das integrais
definidas, o trabalho propõe o cálculo do volume de um vaso circular. Para isso, foi necessário escolher o
vaso e fazer a medição do mesmo, onde com o Interpolador de Lagrange e os pontos obtidos descrevemos
explicitamente a função que descreve o contorno do vaso. Após obter as funções de acordo com o contorno
do vaso, foi possível aplicar o conceito de integral definida para calcular o volume do sólido de revolução,
obtendo assim o objetivo desejado.
Palavras-chave: Interpolador de Lagrange; Integral Definida; Volume.

Resumen: Con base en la necesidad de verificar una aplicación del cálculo, en especial de las integrales
definidas, el trabajo propone el cálculo del volumen de un vaso circular. Para eso, fue necesario escoger el
vaso y hacer las mediciones del mismo, donde con el interpolador de Lagrange y los puntos obtenidos
extraemos explícitamente la función que describe el contorno del vaso. Después de obtener la función
de acuerdo con el contorno del vaso, fue posible aplicar el concepto de integral definida para calcular el
volumen del sólido de revolución, obtenendo así el objetivo deseado.
Palavras-chave: Interpolador de Lagrange; Integral Definida; Volumen.
1 Universidade do Estado do Amazonas-UEA, mataline23@gmail.com
2 Universidade do Estado do Amazonas-UEA, erpereira@uea.edu.br
10

Sumário

1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2 Fundamentação Teórica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.1 Modelagem Matemática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.2 Interpolador de Lagrange . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.3 Integral Definida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
4 Formulação e Solução do Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
5 Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Referências Bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
11

1 INTRODUÇÃO

Analisando a trajetória disciplinar do curso de licenciatura em matemática, esta pesquisa


demonstra que é possível desenvolver uma aplicação na área do cálculo de forma simples e
com situações reais do cotidiano. Muitos dos acadêmicos compreendem o cálculo, mas não
conseguem enxergar como pode ser feita a aplicação desses conteúdos. Dessa forma, o presente
trabalho objetiva contribuir para o processo de construção dos conhecimentos dos acadêmicos no
âmbito das aplicações do cálculo, demonstrando que podemos fazer uso de conteúdos sofisticados
para solucionar problemas e curiosidades do dia a dia.
Este trabalho demonstra o cálculo do volume de um vaso circular, situado nas dependências
do Centro de Estudos Superiores de Tabatinga, onde para tal, foi necessário fazer uso dos concei-
tos de interpolação, como o Interpolador de Lagrange e das Integrais Definidas, como o cálculo
do volume de sólido de revolução. Foi necessário fazer uso também dos recursos tecnológicos
como softwares matemáticos que puderam contribuir para a finalidade desta pesquisa.
O trabalho demonstra as principais bibliografias utilizadas para a construção e desenvol-
vimento do cálculo do volume do vaso, em que foi necessário pesquisar a melhor forma de
desenvolver. Para o cálculo do volume foi necessário extrair as medições do vaso para que fosse
possível modelá-lo. Com a utilização do Software Geogebra, após as medições, pode-se obter o
desenho do contorno do vaso, de acordo com os pontos obtidos na medição. Nesse momento
se fez necessário a existência de uma determinada função que pudesse descrever o contorno do
vaso, ou seja, uma função que passasse pelos pontos encontrados de acordo com as medidas.
Obteve-se a função necessária utilizando o método de Interpolar de Lagrange, que permite
obter uma função polinomial conhecendo apenas alguns de seus pontos. Obtendo a função, fez-se
o uso dos conceitos de integral definida como cálculo do volume de um sólido de revolução, que
consiste em encontrar o volume de sólido, obtida com a rotação em torno de um eixo que se
situa no plano, que é o caso do vaso a ser modelado. Feito isso, calculamos o volume, objetivo
principal desta pesquisa.
Desse modo explanamos que a aplicação dos conteúdos matemáticos pode ser implan-
tada em diversas situações do cotidiano, fazendo assim com que estudantes da área de exatas
compreendam na prática a real finalidade de tais conteúdos e seus conceitos.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 MODELAGEM MATEMÁTICA

A modelagem matemática tem extrema importância na matemática, pois é o momento


onde um problema é modelado por recursos matemáticos com a finalidade de solução técnica,
neste mesmo processo utiliza-se mecanismos para a validação dos cálculos matemáticos.
É a arte de converter problemas ou situações do cotidiano em problemas e cálculos
matemáticos ou vice-versa. Podemos afirmar então que a modelagem matemática está presente
12

no nosso dia, nesse sentido, a modelagem, é um processo que emerge da própria razão e participa
da nossa vida como forma de constituição e de expressão de conhecimento (Biembengut, 2003).
BASSANEZZI (2002, p.19) também ressalta,

Quando se procura refletir sobre uma porção da realidade, na tentativa de


explicar, de entender, ou de agir sobre ela, o processo usual é selecionar, no
sistema, argumentos ou parâmetros considerados essenciais e formalizá-los
através de um sistema artificial: o modelo.

Os autores expressam de maneira clara e objetiva que a modelagem dispõe de mecanismos


recíprocos, ao falar que a modelagem é o ato de explicar em formato matemático as situações
e problemas do dia a dia, e ao dizer que os problemas matemáticos podem ser esclarecidos
quando transplantamos os mesmos para o cotidiano. Dessa forma, os mesmos destacam que os
processos de modelagem são como uma formalidade de escrita para os tais problemas e situações
do cotidiano.
Por essa razão foi escolhido um modelo que pudesse formalizar o nosso problema da reali-
dade, que consiste em utilizar mecanismos matemáticos para obter o volume de um vaso circular,
onde para isso, teve que se explorar os conhecimentos de Cálculo Numérico, mais precisamente
sobre Softwares e Interpolação Polinomial, em particular, o Interpolador de Lagrange.

2.2 INTERPOLADOR DE LAGRANGE

Interpolar uma função f (x) quer dizer encontrar uma outra função p(x) tal que p(x)
coincida com f (x) nos pontos dados, no nosso caso p(x) será igual a um polinômio, já que
estamos trabalhando com interpolação polinomial.
Para esta parte ARENALES e DAREZZO (2008, p.127 e 128) determinam:
Considere uma função f (x) definida em x0 , x1 , . . . , xn , (n + 1) pontos distintos de um
intervalo [a, b], e denotamos yi = f (x1 ), i = 0, 1, . . . , n, conforme Figura 1.

Figura 1 – Função f(x)


Fonte: ARENALES e DAREZZO (2008, p.128)

Interpolar esta função f (x) definida em x0 , x1 , . . . , xn , (n + 1) pontos distintos de um


intervalo [a, b] consiste em aproximar esta função por um polinômio P(x) de grau menor ou igual
a n, tal que este coincida com a função nestes pontos, isto é, P(xi ) = f (xi ) = yi , i = 0, 1, . . . , n.
Para este problema, interpolar função, existe uma única solução garantido pelo Teorema a
seguir, que pode ser encontrado em ARENALES e DAREZZO (2008, p.128).
13

Teorema 2.1. Seja f (x) definida em x0 , x1 , . . . , xn , (n + 1) pontos distintos de um intervalo [a, b],
então existe um único polinômio P(x) de grau menor ou igual a n tal que P(xi ) = f (xi ) = yi , i =
0, 1, . . . , n.

Demonstração. Considere o polinômio de grau n, P(x) = an xn + an−1 xn−1 + . . . + a1 x + a0 tal


que P(xi ) = f (xi ) = yi , i = 0, 1, . . . , n. Daí temos,



an x0n + an−1 x0n−1 + . . . + a1 x0 + a0 = y0

a xn + a xn−1 + . . . + a x + a = y


n 1 n−1 1 1 1 0 1
.. (1)



 .

a xn + a xn−1 + . . . + a x + a = y

n n n−1 n 1 n 0 n

Observemos que temos um sistema de equações  lineares Ax = b, onde


 x = (an , an−1 , . . . , a0 ),
n n−1
x0 x0 . . . x0 1
 n n−1
. . . x1 1

x1 x1
b = (y0 , y1 , . . . , yn ) e a matriz A é dada por A= 
 .. .. .. . 
. . . .. 

xnn xnn−1 . . . xn 1
O det(A) é dado por: det(A)=∏(xi − x j ).
i< j
Como os pontos xi , i = 0, 1, . . . , n, são distintos, segue que det(A)6= 0, ou seja, o sistema
linear possui uma única solução e, portanto, os coeficientes a0 , a1 , . . . , an do polinômio são
únicos. Portanto, o polinômio P(x) existe e é único.

Diante deste resultado definimos polinômio interpolador conforme ARENALES e DA-


REZZO (2008, p.129).

Definição 2.1. Denominamos polinômio interpolador de uma função f (x) definida em x0 , x1 , . . . , xn ,


(n + 1) pontos distintos de um intervalo [a, b], ao polinômio P(x) de grau menor ou igual a n,
que coincide com a função nos pontos xi , i = 0, 1, . . . , n.

A Figura 2 representa graficamente esta definição.

Figura 2 – Função f(x) e seu polinômio interpolador P(x).


Fonte: ARENALES e DAREZZO (2008, p.129)
14

Embora o polinômio interpolador P(x) coincida com a função nos pontos de interpolação
x0 , x1 , . . . , xn , espera-se que P(x) ∼
= f (x) para x 6= xi , i = 0, 1, . . . , n, ou seja, estimamos f (x) pelo
polinômio interpolador e cometemos um erro nesta aproximação, dada por:

E(x) = f (x) − P(x)

O Figura 3 representa esta ideia.

Figura 3 – Função f(x) e seu polinômio interpolador P(x) e o erro E(x).


Fonte: ARENALES e DAREZZO (2008, p.130)

A resolução do sistema (1) nos fornece uma maneira de determinar o polinômio interpola-
dor de uma função, no entanto, neste trabalho utilizaremos para isto o método de interpolação de
Lagrange, descrito em ARENALES e DAREZZO (2008, p.132 e 133).
Seja f (x) definida em x0 , x1 , . . . , xn , (n + 1) pontos distintos de um intervalo [a, b] e yi =
f (xi ), i = 0, 1, . . . , n.
Considere o polinômio na forma:
n
P(x) = y0 l0 (x) + y1 l1 (x) + . . . + yn ln (x) = ∑ yk lk (x) (2)
k=0

P(x) é um polinômio interpolador, ou seja, P(xi ) = yi , i = 0, 1, . . . , n. De fato,

Definindo lk (x) como


n (x − x j )
(x − x0 )(x − x1 ) . . . (x − xk−1 )(x − xk+1 ) . . . (x − xn )
lk (x) = = ∏
(xk − x0 )(xk − x1 ) . . . (xk − xk−1 )(xk − xk+1 ) . . . (xk − xn ) j=0, j6=k xk − x j

temos que
(
lk (xi ) = 0 para i 6= k
lk (xi ) = 1 para i = k
15

Portanto, da equação (2) obtemos

P(xi ) = yi , i = 0, 1, . . . , n.
como queríamos.

2.3 INTEGRAL DEFINIDA

Outra noção importante para solução do nosso problema é o de integral definida, aqui
usada para cálculo de volume de sólido.
De acordo com STEWART (2013, p.389 e 390) para realizar esta atividade para um dado
sólido S devemos realizar os seguintes procedimentos:
Começamos interceptando S com um plano Px perpendicular ao eixo x e passando pelo
ponto x, onde a ≤ x ≤ b, obtemos uma região plana cuja área é A(x) (conforme Figura 4).
Notemos que a área da secção transversal irá mudar na medida que x varia de a para b.

Figura 4 – Sólido S e região plano com área A(x)


Fonte: STEWART (2013, p. 389)

Seguindo dividimos S em n "fatias"de larguras iguais a ∆x usando os planos Px1 , Px2 , . . .,


isto irá determinar pontos x1 , x2 , . . .. Escolhendo pontos amostrais xi∗ nos intervalos [xi−1 , xi ]
podemos aproximar a i-ésima fatia Si a um cilindro com área da base A(xi∗ ) e altura ∆x, conforme
Figura 5.
O volume deste cilindro é A(xi∗ )∆x, assim uma aproximação para o volume da i-ésima fatia
Si é
V (Si ) ≈ A(xi∗ )∆x
Adicionando os volumes dessas fatias temos uma aproximação do volume total de S
n
V ≈ ∑ A(xi∗ )∆x
i=1

Esta aproximação parece ser melhor quando n −→ ∞. Assim, temos a seguinte definição.
16

Figura 5 – Fatia Si
Fonte: STEWART (2013, p. 390)

Definição 2.2. Seja S um sólido que está entre x = a e x = b. Se a área da secção transversal de
S no plano Px , passando por x e perpendicular ao eixo x, é A(x), onde A é uma função contínua,
então o volume de S é
n Z b
V = lim
n→∞
∑ A(xi∗)∆x = a
A(x)dx (3)
i=1

3 METODOLOGIA

Para o desenvolvimento desta pesquisa foi realizado uma pesquisa bibliográfica, em busca
de autores que tratam de assuntos pertinentes a modelagem matemática, cálculo numérico e
cálculo integral.
A pesquisa foi desenvolvida através de modelagem matemática, aplicada com o intuito de
obter o volume de um vaso decorativo, objeto de pesquisa do presente artigo, onde para isso foi
necessário buscar a função que descrevesse fisicamente o vaso. Para tal modelagem foi realizado
um trabalho de campo para obter as medidas do vaso com o auxílio de duas trenas. Com uma
das trenas foi possível medir o eixo de simetria do vaso, que no caso é o eixo das abscissas,
conforme a Figura 6:

Figura 6 – Contorno do Vaso


Fonte: Arquivo pessoal
17

Desse modo, foi necessário destacar os pontos mais relevantes para se obter a função que
os interpola. O eixo das abscissas representa o eixo de simetria do vaso enquanto que o eixo das
ordenadas representa a altura ou raio dos círculos, por se tratar de um vaso circular, nos pontos
destacados.
Foram destacados 10 pontos considerados relevantes para descrever o contorno do vaso,
conforme a Tabela 1 a seguir:

Tabela 1 – Pontos Obtidos


Eixo de Simetria (cm) Diâmetro (cm) Raio (cm) Raio Interno (cm)
0 34 17 0
23 18 9 0
32 30 15 13
41 34 17 15
52 38 19 17
66 54 27 25
Fonte: Arquivo pessoal

Esses pontos foram identificados e nomeados da seguinte forma: A(0, 17), B(23, 9),
C(32, 15), D(41, 17), E(52, 19), F(66, 27), G(32, 13), H(41, 15), I(52, 17) e J(66, 25). Foram
transplantados para o plano cartesiano no Software Geogebra (Figura 7), em que foi utilizada
uma das trenas para medir o eixo de simetria, enquanto a outra era usada para medir o raio ou
altura no determinando ponto do contorno, em outras palavras, os pontos são conjuntos de pares
ordenados cujas coordenadas representam os centímetros no eixo de simetria e os centímetros de
altura ou raio, respectivamente.

Figura 7 – Esquema gráfico do objeto


Fonte: Arquivo pessoal

Após obter os pontos, fez-se uso do interpolador de Lagrange para que pudéssemos extrair
a função que passa por esses pontos. Para o cálculo tornar-se mais simples, foi necessário dividir
a região do vaso em quatro partes, dessa forma os cálculos tornaram-se simples e precisos com
18

uma margem de erro reduzida se caso fossemos extrair a função que passa pelo contorno inteiro.
A Figura 8 a seguir mostra como foi feita essa divisão.

Figura 8 – Esquema para o cálculo do volume


Fonte: Arquivo pessoal

Sob a reta f1 ligada pelos pontos A e B está a primeira parte, denominada Parte 1, em
seguida temos uma parábola f2 formada do ponto B, C e D, representando a parte externa do
vaso e a reta f3 ligada pelos pontos G e H, representando a parte interna do vaso, onde a parábola
f2 e a reta f3 formam a Parte 2. A área sob a reta que vai do ponto D ao ponto E denominada f4
somada com a área sob a reta que vai do ponto H ao ponto I chamada de f5 compõem a Parte 3.
E por fim, a Parte 4 está compreendida sob as retas f6 que vai do ponto E ao ponto F e f7 que
vai do ponto I ao J.
Se fez necessário encontrar a equação das retas f1 , f3 , f4 , f5 , f6 , f7 e da parábola f2 , na
qual foi possível aplicando o interpolador de Lagrange. Obtendo as funções, foi possível aplicar
a integral como cálculo do volume do sólido de revolução, nesse caso o vaso. Dessa forma,
chegamos ao resultado buscado no decorrer desta pesquisa.

4 FORMULAÇÃO E SOLUÇÃO DO PROBLEMA

O sólido que vamos calcular o volume é obtido a partir da revolução das curvas f1 a f7 em
torno do eixo da abscissas, esta revolução formará círculos que terão o eixo x perpendicular aos
mesmos. Assim, da equação (3) obtemos:
Z b Z b Z b
A(x)dx = π( f (x))2 dx = π ( f (x))2 dx
a a a

pois a área do círculo é πr2 , onde em nosso problema r = f (x).


Conforme Figura 8 iremos fazer este cálculo em 4 partes, detalhados a seguir, e posterior-
mente somar os resultados.
Para o cálculo do volume da Parte 1 que é dado pela revolução em torno do eixo x do
segmento de reta que liga os pontos A(0, 17) e B(23, 9), temos:
19

• Calculamos a equação da função f1 que liga os pontos A e B, conforme equação (2) do


interpolador de Lagrange.
f1 (x) = y0 L0 (x) + y1 L1 (x)

x − x1 x − 23 −x + 23
L0 (x) = = =
x0 − x1 0 − 23 23
x − x0 x−0 x
L1 (x) = = =
x1 − x0 23 − 0 23
 −x + 23  x 8
f1 (x) = 17 +9 = − x + 17
23 23 23

• Calculamos a integral da função f1 , quando x ∈ [0, 23].

Z 23 Z 23  2 Z 23 
2 8 64 2 272 
π ( f1 (x)) dx = π − x + 17 dx = π x − x + 289 dx
0 0 23 0 529 23
 64 272 23  1472 
=π x3 − x2 + 289x =π − 3128 + 6647
1587 46 0 3
12029
= π
3
Z 23
12029
Assim, o volume da Parte 1 é VP1 = π ( f1 (x))2 dx = π cm3 .
0 3
Para o cálculo do volume da Parte 2 que é dado pela revolução em torno do eixo x da curva
f2 que liga os pontos B(23, 9), C(32, 15) e D(41, 17) e da reta f3 que liga os pontos G(32, 13) e
H(41, 15), temos:
• Calculamos a equação da função f2 e f3 , conforme equação (2) do interpolador de
Lagrange.
f2 (x) = y0 L0 (x) + y1 L1 (x) + y2 L2 (x)

(x − x1 )(x − x2 ) (x − 32)(x − 41) x2 − 73x + 1312 x2 − 73x + 1312


L0 (x) = = = =
(x0 − x1 )(x0 − x2 ) (23 − 32)(23 − 41) (−9)(−18) 162
(x − x0 )(x − x2 ) (x − 23)(x − 41) x2 − 64x + 943 −x2 + 64x − 943
L1 (x) = = = =
(x1 − x0 )(x1 − x2 ) (32 − 23)(32 − 41) (9)(−9) 81
(x − x0 )(x − x1 ) (x − 23)(x − 32) x2 − 55x + 736 x2 − 55x + 736
L2 (x) = = = =
(x2 − x0 )(x2 − x1 ) (41 − 23)(41 − 32) (18)(9) 162

 x2 − 73x + 1312   −x2 + 64x − 943   x2 − 55x + 736 


f2 (x) = 9 + 15 + 17
162 81 162
2
−4x + 328x − 3970 2 164 1985
f2 (x) = = − x2 + x−
162 81 81 81
f3 (x) = y0 L0 (x) + y1 L1 (x)

x − x1 x − 41 −x + 41
L0 (x) = = =
x0 − x1 32 − 41 9
20

x − x0 x − 32 x − 32
L1 (x) = = =
x1 − x0 41 − 32 9
 −x + 41   x − 32  2 53
f3 (x) = 13 + 15 = x+
9 9 9 9

• Calculamos a integral da função f2 , quando x ∈ [23, 41], e a integral da função f3 , quando


x ∈ [32, 41].

Z 41 Z 41 
2 2 2 164 1985 2
π ( f2 (x)) dx = π x + − dx
23 23 81 81 81
Z 41 
4 4 656 3 34836 2 651080 3940225 
=π x − x + x − x+ dx
23 6561 6561 6561 6561 6561
 4 656 4 34836 3 651080 2 3940225 41
=π x5 − x + x − x + x
32805 26244 19683 13122 6561 23
 61110184 39436602 
=π − +
1215 729
19002
= π
5

Z 41 Z 41  Z 41 
2 2 53 2 8 2 212 2809 
π ( f3 (x)) dx = π x+ dx = π x + x+ dx
32 32 9 9 32 81 81 81
 4 212 2 2809 41  13094 25281 
=π x3 + x + x =π +
243 162 81 32 9 81
= 1767π

O volume da Parte 2 é
Z 41 Z 41  19002  10167
VP2 = π ( f2 (x))2 dx − π ( f3 (x))2 dx = − 1767 π = π cm3
23 32 5 5
.
Para o cálculo do volume da Parte 3 que é dado pela revolução em torno do eixo x da reta
f4 que liga os pontos D(41, 17) e E(52, 19) e da reta f5 que liga os pontos H(41, 15) e I(52, 17),
temos:
• Calculamos a equação da função f4 e f5 , conforme equação (2) do interpolador de
Lagrange.
f4 (x) = y0 L0 (x) + y1 L1 (x)

x − x1 x − 52 −x + 52
L0 (x) = = =
x0 − x1 41 − 52 11
x − x0 x − 41 x − 41
L1 (x) = = =
x1 − x0 52 − 41 11
 −x + 52   x − 41  2 515
f4 (x) = 17 + 19 = x+
11 11 11 11
21

f5 (x) = y0 L0 (x) + y1 L1 (x)

x − x1 x − 52 −x + 52
L0 (x) = = =
x0 − x1 41 − 52 11
x − x0 x − 41 x − 41
L1 (x) = = =
x1 − x0 52 − 41 11
 −x + 52   x − 41  2 83
f5 (x) = 15 + 17 = x+
11 11 11 11
• Calculamos a integral da função f4 , quando x ∈ [41, 52], e a integral da função f5 , quando
x ∈ [41, 52].

Z 52 Z 52 
2 2
π ( f4 (x)) dx − ( f5 (x)) dx =
41 41
 Z 52  2 515 2
Z 52 
2 83 2 
=π x+ dx − x+ dx
41 11 11 41 11 11
Z 52 
4 2 2060 265225  4 2 332 6889 
=π x + x+ − x + x+ dx
41 121 121 121 121 121 121
 1728
2 258336 52  1767744 2841696 
=π x + x =π +
242 121 41 242 121
338688
= π
11
O volume da Parte 3 é
Z 52 Z 52
2 338688
VP3 = ( f4 (x)) dx − ( f5 (x))2 dx = π
41 41 11
.
Para o cálculo do volume da Parte 4 que é dado pela revolução em torno do eixo x da reta
f6 que liga os pontos E(52, 19) e F(66, 27) e da reta f7 que liga os pontos I(52, 17) e J(66, 25),
temos:
• Calculamos a equação da função f6 e f7 , conforme equação (2) do interpolador de
Lagrange.
f6 (x) = y0 L0 (x) + y1 L1 (x)

x − x1 x − 66 −x + 66
L0 (x) = = =
x0 − x1 52 − 66 14
x − x0 x − 52 x − 52
L1 (x) = = =
x1 − x0 66 − 52 14
 −x + 66   x − 52  4 75
f6 (x) = 19 + 27 = x−
14 14 7 7

f7 (x) = y0 L0 (x) + y1 L1 (x)

x − x1 x − 66 −x + 66
L0 (x) = = =
x0 − x1 52 − 66 14
22

x − x0 x − 52 x − 52
L1 (x) = = =
x1 − x0 66 − 52 14
 −x + 66   x − 52  4 89
f7 (x) = 17 + 25 = x−
14 14 7 7

• Calculamos a integral da função f6 e a integral da função f7 , quando x ∈ [52, 66].

Z 66 Z 66
2
π ( f6 (x)) dx − ( f7 (x))2 dx =
52 52
Z 66  Z 66 
4 75 2 4 89 2
=π x− dx − π x− dx
52 7 7 52 7 7
Z 66 
16 2 600 5625  16 2 712 7921 
=π x − x+ − x − x+ dx
52 49 49 49 49 49 49
 112
2 2296 66  185024 32144 
=π x − x =π −
98 49 52 98 49
= 1232π

O volume da Parte 4 é
Z 66 Z 66
2
VP4 = ( f6 (x)) dx − ( f7 (x))2 dx = 1232π
52 52

.
Portanto, o volume do sólido é

V = VP1 +VP2 +VP3 +VP4


12029 10167 338688
= π+ π+ π + 1232π
3 5 11
6280706
= π
165
= 38064, 88484π

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Levando em conta a necessidade de levar o estudo teórico do cálculo para fora da sala de
aula, através de aplicações que justifiquem o estudo do mesmo, assim como despertem o prazer
pela sua utilização, nota-se o quão necessário são metodologias e pesquisas que contemplem
essa ideia. Nesse sentido uma aplicação prática pode contribuir para que tenhamos um estudo
mais eficaz e interessante na área do cálculo.
No decorrer desta pesquisa, foi possível refletir sobre as dificuldades, as facilidades e suas
causas. Tendo em vista que os acadêmicos de licenciatura em matemática deparam com diversos
cálculos sem se perguntar para que serve ou até mesmo onde pode ser usado, este artigo dispõe
de aplicações que sem dúvidas, pode ser um exemplo de como colocar em prática alguns dos
cálculos que aprendemos no decorrer da graduação.
23

Foram utilizados recursos computacionais como Softwares que puderam auxiliar para
chegar ao objetivo desta pesquisa, recursos esses que crescem cada vez mais e podem ser nossos
aliados com os cálculos mais extensos e sofisticados.
24

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARENALES, S.; DAREZZO, A. Cálculo Numérico: aprendizagem com apoio de software. São
Paulo: Thomson Learning, 2008.

BASSANEZI, R. C., Ensino aprendizagem com modelagem matemática: uma nova estratégia,
São Paulo: Contexto, 2002.

BIEMBENGUT, Maria Salete. Modelagem Matemática: implicações no ensino e aprendizagem


da matemática. 2 ed. Blumenau: Furb, 1999.

STEWART, James. Cálculo, v. 1; tradução EZ2 Translate. São Paulo: Cengage Learning, 2013.

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