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Huagner Cardoso da Silva

Maria Nadurce da Silva

GESTÃO DOS SISTEMAS E


INSTITUIÇÕES DE ENSINO

Montes Claros - MG, 2011


Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES

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2011
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Chefe do Departamento de Métodos e Técnicas Educacionais


Francely Aparecida dos Santos

Coordenadora do Curso de Pedagogia a Distância


Maria Narduce da Silva
AUTORES

Huagner Cardoso da Silva


Graduado em Pedagogia pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Especialista em
Docência para Educação Profissional e Mestre em Educação pela Universidade Federal de Uberlândia
(UFU). Atualmente, é professor do Departamento de Estágios e Práticas Escolares da Unimontes.

Maria Nadurce da Silva


Graduada em Pedagogia pela Fundação Norte Mineira de Ensino Superior (FUNM), Especialista
em Sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Especialista em Metodologia e
Epistemologia da Pesquisa pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e Mestre em
Educação pela Universidade Católica de Brasília (UCB). Atualmente, é professora do Departamento
de Educação da Unimontes.
SUMÁRIO

Apresentação .............................................................................................................................. 9
Unidade 1: Teorias da administrção aplicada à educação ............................................................ 13
Introdução ............................................................................................................................ 13
1.1 Teorias gerais da administração na educação.................................................................... 13
1.2 Teorias clássicas da administração: administrção cintífica.................................................. 15
1.3 Teorias novas da administração......................................................................................... 18
1.4 Teoria comportamental organizacional: abordagem comportamental................................ 23
1.5 Teoria das decisões integração dos objetivos organizacionais e individuais. ...................... 23
Referências ........................................................................................................................... 23
Unidade 2: A gestão dos sistemas de ensino de órgãos educacionais............................................ 24
2.1 Fundamentos da gestão escolar........................................................................................ 24
2.2 Modelos de gestão da educação....................................................................................... 38
2.3 Especificidade da organização educacional....................................................................... 42
2.4 Realidades da organização e administração escolar.......................................................... 44
Referências ........................................................................................................................... 47
Unidade 3: As políticas e a construção do trabalho coletivo na escola.......................................... 49
3.1 O projeto pedagógico como elemento norteador as ações político-pedagógicas da
Escola..................................................................................................................................... 51
3.2 Projeto político pedagógico (PPP): o papel da equipe pedagógica no desenvolvimento
de uma proposta educacional participativa............................................................................. 53
3.3 Descentralização da gestão educacional .......................................................................... 55
3.4 Gestão democrática: compartilhamento de responsabilidades no interior das escolas....... 57
Referências ........................................................................................................................... 59
Unidade 4: A escola como organizadora do processo ................................................................. 60
4.1 A escola como grupo instituído......................................................................................... 61
4.2 Fundamentos sociológicos e filosóficos da escola.............................................................. 67
4.3 Aspectos formais e informais da organização escolar......................................................... 70
4.4 Gestão da escola: atividades fundamentais do diretor ...................................................... 74
Referências ........................................................................................................................... 80
Resumo.................................................................................................................................. 83
Referências básicas, complementares e suplementares........................................................... 87
Atividades de aprendizagem - AA .......................................................................................... 91
APRESENTAÇÃO

Caro (a) acadêmico (a):

No caderno de História da Educação, você refletiu, por exemplo,


sobre o processo de construção do nosso sistema educacional e sua
evolução no Brasil. Já no caderno de Política Educacional Brasileira, você
refletiu, entre outras coisas, sobre o papel da educação como direito social
do cidadão e discutiu como a escola cumpre esse papel através das ações
dos agentes educativos. Agora, chegou a hora de falarmos especificamente
do papel da gestão da educação neste processo. Assim, neste caderno,
propomo-nos a discutir sobre isso.
Pretendemos que, com este estudo, você possa se apropriar
de um referencial teórico que inclua os fundamentos das dimensões
administrativas, financeiras e pedagógicas da gestão escolar, mediante
leituras compartilhadas, estudos orientados, pesquisas e apresentações em
forma de seminários.
Neste caderno, você será chamado a refletir sobre a dimensão da
gestão da educação e, para isso, os textos aqui apresentados abordarão as
questões fundamentais da gestão dos sistemas e as instituições de ensino
num debate atual. Discutiremos não só teorias da administração, como
também problemas e desafios colocados para a gestão da educação pública.
Para atingir os objetivos propostos, os textos versarão sobre as
teorias da administração e inspeção aplicadas à educação, a gestão dos
sistemas educacionais na edificação dos espaços escolares, as políticas
de construção do trabalho coletivo na escola e as relações dela com a
sociedade civil. Por fim, abordaremos sobre a escola como organizadora
do processo educativo.
Nessa medida, os conteúdos deste caderno poderão
instrumentalizar você para que possa identificar princípios que orientam
a gestão democrática, assim como os desafios que se apresentam neste
campo. Os seminários temáticos poderão contribuir de forma significativa
para suas reflexões e para ampliar os conhecimentos adquiridos com a
leitura dos textos apresentados neste caderno. Considerando o aspecto
instrumental, veja como este caderno poderá oferecer-lhe contribuições
importantes. Esperamos que você pense o processo administrativo como
um complexo de fatores variáveis, e não como um conjunto de técnicas
específicas.

9
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

Assim sendo, ao final deste estudo, você deverá ser capaz de:
• Compreender as concepções que fundamentam a Administração
Escolar;
• Descrever a função social da escola, sua relação com o Estado e a
sociedade focalizando as questões de poder e participação compartilhada;
• Identificar os aspectos fundamentais da organização e
funcionamento das organizações escolares a partir dos determinantes legais
e/ou informais como expressão da realidade sociopolíticocultural;
• Reconhecer a importância da gestão democrática como forma
de garantir a participação da comunidade no processo decisório da escola;
• Situar a problemática da administração escolar frente à natureza
do trabalho pedagógico;
• Identificar as atuações do gestor de escola e de sistema em
relação aos diversos papéis que desempenha na instituição educacional.
Não deixe de participar efetivamente dos fóruns! Para isso, leia as
unidades propostas neste caderno! Os fóruns representam uma reflexão,
bem como um excelente momento para você tirar dúvidas com o professor
formador e o seu tutor a distância. Não perca essa oportunidade! Lembre-
se de que, com essa participação, você poderá garantir seu sucesso na
disciplina.
Na sequência, na Unidade I, buscaremos refletir sobre as teorias
da administração aplicadas à educação: conceitos de administração
e escolas teóricas à luz das teorias da administração em geral, a fim
de depois apresentar particularidades das teorias da administração
para a situação escolar. Para tanto, discutiremos sobre a administração
científica, a escola estruturalista, a administração neoclássica e a teoria
organizacional, a escola das relações humanas, a escola comportamental e
a teoria moderna da administração e organização. Vale ressaltar que, nesta
unidade, desenvolveremos argumentos relativos a três ordens diferentes
de problemas: natureza da ação administrativa, tendência à associação de
critérios de valor na definição da ação ou comportamento administrativo e
a especificidade das organizações educativas.
Na unidade II, apresentaremos uma discussão sobre a gestão/
administração dos sistemas educacionais na edificação dos espaços
escolares. Nessa unidade, você vai estudar, especificamente, sobre
a administração/organização escolar, refletindo sobre conceitos de
gestão/administração, modelos de gestão, a escola como sistema social,
identificando os aspectos formais e informais da administração/organização
escolar. Aqui você será chamado a refletir sobre o problema da mudança na
gestão/organização escolar, observando a organização e administração do
ensino de 1º e 2º graus, em suas diversas particularidades, como: objetivos
do ensino, planejamento, política educacional, clientela atendida, serviços
de coordenação e gestão interna, articulação dos serviços da escola com

10
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

órgãos centrais, problemas de planejamento geral e as relações da escola


com o ambiente.
Na unidade III, discutiremos sobre as políticas de construção do
trabalho coletivo na escola e as relações dela com a sociedade civil, na qual
falaremos mais especificamente sobre a avaliação do rendimento escolar
como instrumento de gestão educacional, a administração escolar como
elemento de transformação social. Abordaremos, ainda, sobre os órgãos
colegiados e seus processos decisórios, discorrendo, ligeiramente, sobre a
gestão dos recursos financeiros, sobre a gestão da qualidade no sistema e
instituição de ensino.
Na unidade IV, discutiremos sobre a escola como organizadora
do processo educativo, abordando a gestão administrativa da escola e
apontando as competências necessárias para exercer o papel de diretor
de escola, os elementos do processo organizacional, como, por exemplo,
a comunicação, o comportamento grupal e intergrupal e a construção do
Projeto Político-Pedagógico da escola como instrumento de democratização
das relações no interior da escola. Além disso, trataremos de questões
inerentes ao papel da escola: sua estrutura, sua organização e suas
finalidades, bem como a necessidade de uma agenda de ações previstas
para o diretor de escola.
Ao final deste estudo, você verá que discutir sobre a gestão/
administração da educação, seja desenvolvida nos sistemas, seja nas
escolas, implica refletir, também, sobre as políticas de educação. Isso
se deve ao fato de que há uma estreita ligação entre elas, pois a gestão
transforma metas e objetivos educacionais em ações, dando concretude
às direções traçadas pelas políticas educativas. Assim sendo, embora neste
caderno pretendamos discutir a gestão da educação propriamente dita, as
discussões sobre políticas educacionais, Sociologia da Educação e História
da Educação surgirão naturalmente como suporte às reflexões apresentadas
remetendo a leituras e a discussões realizadas neste curso. Um excelente
trabalho!

Os autores

Ementa
Teorias da administração aplicadas à educação. A gestão dos
sistemas de ensino de órgãos educacionais. As políticas e a construção do
trabalho coletivo na escola e as relações dela com a sociedade civil. A
escola como organizadora do processo educativo.
Objetivos da disciplina
Objetivo Geral:
Assegurar, aos acadêmicos, oportunidade para discussão sobre
as teorias da administração aplicadas à educação e gestão dos sistemas e

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Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

Instituições de ensino de órgãos educacionais, levando-os a identificar os


principais elementos e características da gestão/administração da educação.
Objetivos específicos:
• Identificar as influências das teorias da administração no contexto
da gestão educacional;
• Caracterizar a gestão burocrática à luz das teorias de administração;
• Identificar diferenças entre a organização educacional e as demais
organizações;
• Enunciar os elementos que compõe a administração/gestão da
educação;
• Compreender a atividade educacional nas diferentes formas de
gestão educacional: na organização do trabalho pedagógico escolar, no
planejamento, execução e avaliação de propostas pedagógicas da escola
nos processos educativos;
• Estabelecer as fases do processo de decisão racional na gestão da
educação, analisados por Simon;
• Discutir, criticamente, as tendências atuais de gestão escolar, suas
principais características, fundamentos, princípios e funções;
• Identificar recursos de eficiência e eficácia na gestão da educação;
• Identificar as dimensões da gestão educacional;
• Conceituar gestão burocrática e gestão democrática;
• Identificar os componentes burocráticos do sistema escolar na
gestão da educação;
• Identificar e descrever as competências do administrador escolar;
• Diferenciar práxis criadora de práxis reiterativa na administração/
gestão da escola;

12
UNIDADE 1
TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO APLICADAS À EDUCAÇÃO

INTRODUÇÃO

Vamos começar esta discussão com a seguinte pergunta: O que


é uma teoria? Acreditamos que você ligeiramente recorreu aos conceitos
criados em outras disciplinas estudadas neste curso. Mesmo assim,
convidamo-lo (a) a pensar no conceito proposto por Zimbardo (1970, apud
MAXIMIANO, 2007): uma teoria é uma representação abstrata do que se
percebe como realidade. Você pode dizer ainda que uma teoria é um
conjunto de afirmações ou regras feitas para enquadrar alguma parte do
mundo real. Porém, é preciso que você saiba que há teorias que propõem
recomendações, soluções para problemas ou decisões que devem ser
tomadas em certas situações. Vamos lá! Pense agora mais um pouco: o
que seria então a Teoria Geral da Administração, doravante TGA? Para
entrarmos nas discussões sobre as teorias da administração aplicadas à
educação, é preciso rever alguns pontos básicos ligados à administração
fundamentados em estudos realizados por autores sobre esta temática.
Há que se destacar que, ao longo deste caderno, procuraremos
definir Gestão e Administração à luz das teorias da administração,
vinculando-as a função do administrador a partir das exigências colocadas
pela organização da educação. Assim sendo, as teorias da administração
aqui apresentadas buscarão uma associação com os dados da prática
desenvolvida na gestão da educação, de modo a permitir uma análise
do que é usualmente feito, possibilitando a você fazer uma crítica dos
antigos modos de proceder a gestão da educação com os modelos hoje
recomendados. Esperamos que, por meio deste estudo, você também possa
realizar uma analogia da organização escolar com as demais organizações
sem, contudo, desconsiderar a especificidade do objetivo educacional,
de tal modo que você possa identificar os elementos comuns à ação
administrativa, em qualquer tipo de organização, à luz destas teorias.

1.1 TEORIAS GERAIS DA ADMINISTRAÇÃO NA EDUCAÇÃO

Você perceberá, à medida que realizar este estudo, que


a administração aplicada à educação fundamenta-se na pretensa
universalidade dos princípios da Administração Empresarial, os quais são
tidos como princípios administrativos das organizações de modo geral.
Perceberá, também, que a aplicação dos princípios da administração na
educação determina que sua organização assuma diversos propósitos.
Aqui você precisa entender que Administração e Gestão são conceitos que
demandam uma relação, mas que cada um desses conceitos oferece sua
problemática particular que nos remeterá ao exame de esquemas gerais

13
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

e que nos orientará para os estudos dessas expressões. Nesse contexto,


perguntamos: há princípios, normas e regras de ação que possam ser
aplicados às mais diversas situações de administração e gestão? Para
buscar responder a essa pergunta e ao mesmo tempo compreender
estas expressões, buscaremos suporte nas teorias chamadas “clássicas”
e em outras chamadas teorias “novas” acompanhando as ideias de seus
criadores. Vamos começar? Observe a figura que se segue. Talvez você já
conheça alguns destes rostos. O que essas imagens lhe sugerem ?

Figura 1: Criadores das teorias da administração


Fonte: http://www.ecnsoft.net/wp-content/uploads/2009/08/Teoria-Geral-da-Admi-
nistracao-UNIRIO.pdf. Acesso em: 15/01/2011

Observe que, ao apresentar as teorias da administração,


buscaremos uma associação com os elementos da prática desenvolvida
na gestão da educação, de modo a permitir que você faça uma análise
crítica do que é usualmente feito, comparando com os antigos modos de
proceder a gestão da educação. Assim, esperamos que você faça uma
analogia da organização escolar com as demais organizações sem, contudo,
desconsiderar a especificidade do objetivo educacional, de tal modo que
possa realizar as leituras propostas identificando os elementos comuns à
ação administrativa, em qualquer tipo de organização, principalmente nas
instituições educacionais.
Vamos responder à pergunta proposta na introdução desta
unidade? Considerando as abordagens de Maximiano (2007), TGA é como
o corpo de conhecimentos a respeito das organizações e do processo de
administrá-las. O autor ainda nos diz que ela é formada por princípios,
proposições e técnicas em permanente elaboração. Acreditamos que,
agora, você já pode concluir que Teoria, em Administração, significa um
conjunto de conhecimentos organizados, produzidos pela experiência
prática das organizações.

14
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

1.2 TEORIAS CLÁSSICAS DA ADMINISTRAÇÃO:


ADMINISTRÇÃO CINTÍFICA

Nas teorias chamadas clássicas, o pressuposto fundamental


da administração é o poder motivador que uma estrutura formal por si
mesma impunha a uma organização de fato. Veja que as teorias clássicas
da administração se dividem principalmente em duas ideias: a de Taylor
e a de Fayol. Uma salienta a importância da divisão de tarefas através da
observação das atividades físicas dos trabalhadores; a outra destaca as
vantagens de maior discriminação entre os problemas de execução direta
dos serviços pelos trabalhadores e os de sua coordenação, mediante órgãos
de gestão especializados, chamados de departamentalização. (LOURENÇO
FILHO, 2007, p. 50). Atenção! Pois muitos precursores construíram o que
veio a ser classificado como abordagem clássica, entre os quais, os mais
importantes, para este estudo, foram Taylor, Fayol, Ford e Weber.
Vejamos agora um pouco sobre estas teorias que auxiliarão
você no entendimento sobre a gestão da educação no Brasil. Leia com
atenção os textos apresentados e procure refletir sobre suas implicações na
administração das escolas públicas brasileiras, principalmente nas escolas
de sua localidade!

a) Teoria clássica de Fayol (1841-1925)

O inglês Henri Fayol, partindo de uma ampla noção de eficiência,


fundamentada na ideia de que a racionalização do trabalho deveria
compreender todas as partes e funções de uma empresa, buscando
velar pela sua unidade construtiva, defendia a tendência chamada de
departamentalização. Fayol acreditava que isso seria necessário para
atender às exigências de continuidade e desenvolvimento das empresas,
assim como do processo de organização social que elas representavam.
Fayol focou sua atenção na estrutura da empresa e definiu a Administração
como “previsão, organização, comando, coordenação e controle”.
Podemos dizer, também, que Fayol, em sua teoria, indicava algumas
funções que considerava capitais de administração, entre elas: prever,
organizar, comandar, coordenar e controlar. Veja que estas funções, por
sua vez, sugerem ações como: a definição de objetivos e programas, a
reunião de elementos pessoais e materiais necessários à produção, a
articulação de esforços no sentido do progresso material e moral de cada
empreendimento e, ainda, a articulação geral que seria realizada por
órgãos centrais de direção e fiscalização. (LOURENÇO FILHO, 2007, p.
51). Quando você analisar a proposta de gestão da educação, nos moldes
que hoje é colocado, verá que muitas destas ações estão presentes de
forma bastante original.
A Teoria Clássica é, portanto, uma corrente iniciada por Fayol
(1916) para o tratamento da administração como ciência na formatação

15
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

e na estruturação das organizações. Essa corrente dava ênfase na estrutura


da organização enfocando a organização formal, os princípios gerais
da administração e as funções do administrador. Fayol em sua teoria
da administração estabeleceu 14 princípios (MAXIMIANO, 2007) que
consideramos relevantes apresentar neste estudo. Portanto, leia com
bastante atenção, pois eles ajudarão a você no entendimento da gestão
escolar que será discutida na Unidade II deste caderno:
1. divisão do trabalho, com especialização das tarefas e
trabalhadores para maior eficiência;
2. autoridade e responsabilidade, direito de dar ordens e esperar
obediência, com responsabilidade;
3. disciplina, obediência a regras claras e justas, com punição às
infrações;
4. unidade de comando, cada empregado com apenas um chefe;
5. unidade de direção, todas as unidades da organização buscando
os mesmos objetivos gerais;
6. subordinação do interesse individual ao geral, os interesses da
organização têm precedência sobre os dos empregados;
7. remuneração justa do pessoal, tanto para o empregado como
para a organização;
8. centralização, concentração da autoridade no topo da
organização;
9. cadeia de comando, uma linha de comando e comunicação,
do alto até a base;
10. ordem, pessoas e materiais nas posições em que são necessários
e eficientes - “um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar”;
11. equidade, com tratamento justo a todo o pessoal;
12. estabilidade do pessoal, a rotatividade é prejudicial à eficiência
da organização;
13. iniciativa, os funcionários devem ser incentivados a propor
melhorias;
14. espírito de equipe, deve haver harmonia entre o pessoal para
o trabalho em grupo.

b) Teoria clássica de Taylor (1856-1915): administração científica

Vamos agora analisar a teoria clássica da administração proposta


por Taylor. Observe que a teoria elaborada pelo norte-americano
Frederick Taylor constitui-se na análise metódica do trabalho industrial, na
cronometragem dos movimentos elementares de cada operação e formas
de sua coordenação, a ser realizada de modo direto por chefes de turma
e indireto por contramestres e técnicos, encarregados da manutenção dos

16
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

equipamentos, máquinas e ferramentas, e suprimento da matéria-prima.


Veja que Taylor desenvolveu a Teoria da Administração chamada de teoria
científica buscando um maior desenvolvimento econômico, tanto para as
empresas como para os empregados, resumindo-a como Ciência. Segundo
as ideias de Taylor, a Ciência seria utilizada para a identificação da melhor
maneira de realizar uma tarefa, envolvendo desde estudos de tempos
e movimentos até o desenvolvimento de ferramentas e equipamentos
mais adequados. Nessa teoria, o conceito de eficiência correspondia ao
de “produção por unidade de esforço”, ou seja, rendimento mecânico.
Podemos dizer que a teoria de Taylor está relacionada à produção em série,
mediante a divisão e especialização minuciosa das tarefas atribuídas ao
trabalhador (LOURENÇO FILHO, 2007, p. 50-51).
Na visão proposta por Taylor, a “Administração Científica” se
ocupa em buscar a maneira pela qual uma tarefa pode ser mais realizada
e entende que o interesse do empregado no trabalho decorre do seu
interesse pelo ganho que daí advém, ou seja, considera o trabalhador como
um homem econômico, voltado para a satisfação material. Nesse contexto,
pode se dizer que a “Administração Científica” tem de se ocupar do
processo de trabalho e do treinamento dos operários. Na sequência, vamos
agora discutir um pouco sobre essa teoria no contexto da administração
educacional.

1.2.1 Abordagem clássica: influência da teoria da administração


científica na educação

Administração Científica é uma corrente iniciada por Taylor (1903),


a qual considera a administração uma ciência aplicada na racionalização
e no planejamento das atividades operacionais, dando ênfase nas tarefas
e enfocando a racionalização do trabalho. Essa teoria está assentada nos
fundamentos da organização e do controle dos processos de trabalho,
expressos pela instituição da gerência científica, sendo também assumida
como um dos elementos fundantes da gestão escolar.
Assim é que estudos de tempo e movimento constituem uma
ilustração desta abordagem científica da administração. Neles são
considerados os movimentos necessários aos trabalhadores mais habilidosos
para que realizem as tarefas que lhes são confiadas no menor tempo
possível; porém, esses movimentos que devem ser precisos são ensinados
aos outros trabalhadores. O aspecto principal da função administrativa na
escola clássica de administração era a ênfase na produção, pois esta tem
procurado racionalizar a produção industrial e a administração, descobrindo
e sugerindo a aplicação dos mais eficientes métodos de trabalho na gestão.
Podemos dizer que o aspecto principal da função administrativa na
escola clássica de administração era a ênfase na produção, pois esta, como
você pode observar, tem procurado racionalizar a produção industrial e

17
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

a administração, descobrindo sugerindo a aplicação dos mais eficientes


métodos de trabalho na gestão.

1.3 TEORIAS NOVAS DA ADMINISTRAÇÃO

Estas teorias, ao contrário das teorias clássicas cujas decisões se


Gerência científica: A gerência dão por certos escalões da hierarquia forma, ocorrem em todos os níveis e,
científica, como é chamada,
significa um empenho no ainda, na pessoa de cada trabalhador em particular.
sentido de aplicar os métodos
da ciência aos problemas
complexos e crescentes do 1.3.1 Teorias das Relações Humanas: abordagem humanística da
controle do trabalho nas administração
empresas capitalistas em rápida
expansão. (BRAVERMAN,1987,
p. 82-83) A Teoria das Relações Humanas (1932) foi uma corrente iniciada
com a experiência de Hawthorne, a qual combatia os pressupostos
clássicos através da ênfase nas pessoas e nas relações humanas e defendia
a integração das pessoas nos grupos sociais e a satisfação das necessidades
individuais com ênfase nas pessoas, enfocando organização informal,
motivação, liderança, comunicação e dinâmica de grupo.
A teoria humanística da administração propõe conhecer as
atividades e sentimentos dos trabalhadores e estudar a formação de grupos
Você pode ampliar seus na instituição. Podemos dizer que as três principais caraterísticas desses
conhecimentos sobre a teoria
estruturalista através da leitura modelos são:
dos trabalhos de Max Weber 1. O ser humano não pode ser reduzido a um ser cujo
sobre as “burocracias” e os
estudos de Peter Blau sobre as corportamento é simples e mecânico;
“organizações formais”.
2. O homem é, ao mesmo tempo, guiado pelo sistema social e
pelas demandas de ordem biológica;
3. Todos os homens possuem necessidades de segurança, afeto,
aprovação social, prestígio e auto-realização.
A abordagem humanística crescia paralelamente ao modelo
burocrático de Max Weber (1864-1920), com seu estruturalismo
organizacional e princípios comportamentais rígidos. A empresa é uma
organização social composta por diversos grupos sociais informais, que
definem suas regras de comportamento, suas recompensas e punições
sociais, seus objetivos, seus valores, suas crenças e suas expectativas. Os
indivíduos, dentro das organizações, participam de grupos sociais e mantêm
constante interação social. Veja que nesta abordagem denominam-se
relações humanas as ações e atitudes desenvolvidas pelos contatos entre
pessoas e grupos. A compreensão da natureza dessas relações permite ao
administrador obter melhores resultados no seu trabalho administrativo.
A auto-realização só se torna uma necessidade efetiva quando as
necessidades básicas de sobrevivência do ser humano estão relativamente
satisfeitas. No ambiente empresarial, essas necessidades também se
manifestam e podem ser satisfeitas com medidas adequadas levando o
trabalhador a ser mais feliz no trabalho ao mesmo tempo em que aumenta

18
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

o retorno do seu trabalho para a empresa, que é máximo quando ele está
procurando realizar todo seu potencial. De forma semelhante, vamos
encontrar no meio educacional, pois estamos lidando com seres humanos e
suas necessidades básicas são as mesmas em qualquer que seja a instituição
em que trabalham. Assim sendo, certamente, o conhecimento dessa teoria
contribuirá muito na elaboração de uma proposta de um trabalho efetivo
na gestão da educação.
Desse modo, a partir da Escola de Relações Humanas, novas
tendências se desenvolveram nos estudos da administração, sendo todas
orientadas por informações das ciências Sociais e suas aplicações ao
estudo das organizações. Nessa teoria, a preocupação central da função
administrativa passou a ser com os processos de produção, em relação
aos quais exercem um papel preponderante os fatores psicossociais
determinantes do comportamento produtivo.

1.3.2 Teoria Burocrática: abordagem estruturalista

A teoria estruturalista é uma corrente baseada na sociologia


organizacional que procura consolidar e expandir os horizontes da
administração. Essa corrente dá ênfase na estrutura da organização
enfocando múltipla abordagem: organização formal e informal, análise
intraorganizacional e interorganizacional, ou seja, a organização formal
burocrática e a racionalidade organizacional. A Teoria da Burocracia é
uma corrente baseada nos trabalhos de Max Weber (1909) e descreve as
características do modelo burocrático de organização. O precursor desse
estudo foi o sociólogo e filósofo alemão Max Weber, que lançou bases
de um estudo objetivo da burocracia como forma social genérica. Na
burocracia, como sistema social, Weber viu o exemplo característico da
possibilidade de racionalizar as relações humanas. Essa teoria estruturalista
se baseia em alguns princípios como: formalização, divisão do trabalho,
hierarquia, competência técnica e meritocracia.
Nesse contexto, os estruturalistas veem a organização como uma
grande e complexa unidade em que interagem muitos grupos sociais,
pois, mesmo que muitos interesses individuais sejam compartilhados
pelos membros dos grupos, existem alguns que não são compatíveis,
gerando conflitos no interior das escolas. Podemos dizer aqui que a Escola
Estruturalista pode ser entendida como a tentativa de englobar aspectos
importantes de duas grandes escolas de administração, que em muitos
aspectos assumem posturas diametralmente opostas: a Escola Clássica e a
das Relações Humanas. Nessa abordagem, considerando alguns aspectos
gerais, é preciso considerar como importante um sistema hierárquico

19
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

de caráter formal, pois o sistema burocrático considera um conjunto de


relações entre postos hierárquicos.
Você observou que o enfoque estruturalista da administração
preocupa-se primordialmente com os aspectos estruturais da organização?
Isso mesmo, embora este considere fundamental o ajustamento, e não a
sujeição à estrutura. Veja que nesta abordagem a não compatibilização dos
interesses individuais dos elementos envolvidos no processo educativo com
os objetivos da organização revela-se através de conflitos ou tensões que
devem ser encarados pelo administrador como um ponto de referência
para se compreender a necessidade de ajustamentos estruturais urgentes
na organização.
Observaremos, aqui, que, na interpretação estruturalista da
gestão, o aumento da racionalidade nas organizações modernas não
ocorreu na mesma proporção que o aumento de satisfação ou felicidade
do trabalhador, gerando um desequilíbrio de duas ordens de necessidades:
do homem como ser humano e da função que ele exerce no ambiente de
trabalho. Acreditam que, à medida que não ocorre o ajustamento entre
a racionalidade e a satisfação do trabalhador, sendo este insatisfatório
para o indivíduo, resulta na alienação do sujeito em relação à organização
e seus objetivos e, nesse caso, a função do administrador consistirá,
essencialmente, em evitar, ou pelo menos reduzir, a alienação deste,
procurando garantir a eficiência da organização.
Para Weber, a burocracia é a organização eficiente por excelência
e, para conseguir essa eficiência, ela precisa detalhar antecipadamente e
em detalhes como as coisas deverão ser feitas. Podemos dizer que Weber
define a organização burocrática pela ênfase na precisão, velocidade,
clareza, regularidade, confiabilidade e eficiência, com a criação de uma
divisão rígida de tarefas, supervisão hierárquica, regras e regulamentos
detalhados. Em seus estudos, Weber identificou diversos fatores que
favorecem o desenvolvimento da burocracia, entre os quais se destacam:
• a economia monetária, com a racionalização das transações
econômicas, eliminando os pagamentos em espécie;
• o aumento da complexidade das tarefas administrativas;
• a maior eficiência da administração burocrática;
• o desenvolvimento tecnológico;
• a necessidade crescente de previsibilidade.
Podemos então dizer que, para Weber, a burocracia é a
organização eficiente por excelência, em virtude do caráter legal das
normas, previamente definidas por escrito, determinando a sua maneira de
funcionar. Nesse sentido, você verá que a burocracia é uma estrutura social
racionalmente organizada, as normas e regulamentos são legais porque
conferem às pessoas investidas da autoridade um poder de coação sobre
os subordinados, os meios coercitivos são capazes de impor a disciplina e

20
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

as normas e regulamentos são escritos para assegurar uma interpretação


sistemática e unívoca.
Nesse viés, pensa-se que esforços são economizados e
possibilitam, dentro da organização, a padronização: do caráter formal
das comunicações, formuladas e registradas por escrito, permitindo a
comprovação e documentação de todas as ações; do caráter racional e
divisão do trabalho, em que cada membro da organização tem seu cargo,
funções, competências e responsabilidades; da impessoalidade nas relações,
pois o poder de cada pessoa deriva do cargo que ocupa; da hierarquia da
autoridade, de acordo com os cargos, em que cada cargo inferior está sob
a direção de um posto superior; das rotinas padronizadas, com regras e
normas técnicas para o desempenho de cada cargo, que limitam a ação dos
seus ocupantes; da competência técnica e meritocracia, em que a admissão,
transferência e promoção dos funcionários são baseadas no mérito e na
competência técnica - critérios válidos para toda a organização -, e não
em preferências pessoais; da especialização da administração, separada da
propriedade; da profissionalização dos participantes, em que funcionário
é um especialista assalariado; da previsibilidade do funcionamento, pois,
como cada funcionário age de acordo com as normas, os resultados podem
ser previstos.
Veja que, na burocracia como sistema social, Weber viu o exemplo
característico da possibilidade de racionalizar as relações humanas.
Nessa abordagem, levando-se em conta alguns aspectos gerais, é preciso
considerar como importante um sistema hierárquico de caráter formal,
uma vez que, como você percebeu, o sistema burocrático considera um
conjunto de relações entre postos hierárquicos.
Você pode também perceber que o enfoque estruturalista da
administração preocupa-se primordialmente com os aspectos estruturais
da organização, embora considere fundamental o ajustamento, e não
a sujeição à estrutura. Nessa abordagem, a não compatibilização dos
interesses individuais dos elementos envolvidos no processo educativo com
os objetivos da organização revela-se através de conflitos ou tensões que
devem ser encarados pelo administrador como um ponto de referência
para se compreender a necessidade de ajustamentos estruturais urgentes
na organização.

1.3.3 Escola Estruturalista

O Estruturalismo se revela como uma síntese das Escolas Clássica e


de Relações Humanas. Observe que os estruturalistas veem a organização
como uma grande e complexa unidade em que interagem muitos grupos
sociais. A Escola Estruturalista pode ser entendida como a tentativa de
englobar aspectos importantes de duas grandes escolas de Administração

21
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

que, em muitos aspectos, assumem posturas diametralmente opostas: a


Escola Clássica e a das Relações Humanas.
É conveniente chamamos a sua atenção para a interpretação
estruturalista da gestão, pois nela o aumento da racionalidade, nas
organizações modernas, não ocorreu na mesma proporção que o aumento
de satisfação ou felicidade do trabalhador, gerando um desequilíbrio de
duas ordens de necessidades: do homem como ser humano e da função
que exerce no ambiente de trabalho. Os adeptos dessa teoria acreditam
que não ocorreu o ajustamento entre a racionalidade e a satisfação do
trabalhador, sendo este insatisfatório para o indivíduo. Esse processo resulta
na alienação do sujeito em relação à organização e aos seus objetivos.
Nesse caso, a função do administrador consistirá, essencialmente, em
evitar, ou pelo menos reduzir, a alienação do sujeito, procurando garantir
a eficiência da organização.
A abordagem estruturalista da Administração supera as abordagens
clássica e comportamental, apresentando um enfoque mais completo,
da estrutura e das pessoas. O precursor desse estudo foi o sociólogo e
filósofo alemão Max Weber, que lançou bases de um estudo objetivo da
burocracia como forma social genérica, pois Max Weber (1864-1920),
também considerado participante da abordagem estruturalista, preocupou-
se com a hierarquia de pessoas na organização, defendendo os critérios de
mérito para contratação e promoção, com papéis precisamente definidos
para cada cargo, no denominado “Modelo Burocrático”. Consideramos
válido que, após estes estudos, você registre também que, no estudo da
Administração, os autores Fayol, Follett e Barnard foram os principais
personagens a enfatizar os aspectos da qualidade total e da produção
enxuta de bens e serviços.
Você pode observar que essas teorias atuam nas mais diversas
organizações. Embora sejam idealizadas em cenários industriais e
empresarias, alcançaram a educação transformando a prática administrativa
nas escolas. Porém, você também precisa entender que os conceitos
clássicos da administração, embora importantes para orientar o trabalho
dos administradores escolares, são insuficientes, pois é preciso que se
levem em conta especificidades e complexidades das escolas para que
sejam atingidos os objetivos maiores da educação como formadora de
cidadãos plenos para a democracia.

É a elaboração das teorias da Administração no bojo do


capitalismo que determina a sua aplicação generalizada na
maior parte das organizações, cujos padrões de eficiência,
racionalização, produtividade são determinados, também,
pelo próprio modo de produção capitalista (FÉLIX, 1986,
p. 76).

22
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

1.4 TEORIA COMPORTAMENTAL ORGANIZACIONAL: ABORDAGEM


COMPORTAMENTAL

Teoria do Comportamento Organizacional é uma corrente baseada


na psicologia organizacional que redimensiona e atualiza os conceitos da
Teoria das Relações Humanas com ênfase nas pessoas, enfocando os estilos
de administração.

1.5 TEORIA DAS DECISÕES INTEGRAÇÃO DOS OBJETIVOS


ORGANIZACIONAIS E INDIVIDUAIS.

Nessa medida, a abordagem comportamental da administração


deu ênfase aos aspectos da liderança e da motivação no comportamento
produtivo, tendo como um dos seus representantes o cientista social
australiano George Elton Mayo (1880-1949). Essa teoria assenta em novas
proposições acerca da motivação humana, em que o administrador precisava
dominar os mecanismos motivacionais para poder dirigir adequadamente
as pessoas. Mayo defendia o empregado com necessidades sociais no
local de trabalho, a necessidade de grupos informais e o lado humano na
organização.
Assim, a abordagem comportamental questiona a hipótese do
homem econômico, que busca maximizar sua remuneração, apresentando
em seu lugar o “homem social”, motivado por recompensas e sanções
sociais, que pode sacrificar ganhos financeiros em prol da aceitação por
um grupo. Nessa abordagem, os aspectos emocionais do comportamento
humano, não planejados ou mesmo aparentemente irracionais, passam a
merecer atenção.

CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. 6. ed. Rio


de Janeiro: Campus, 2000.

FÉLIX, M. F. C. Administração Escolar: um problema educativo ou


empresarial. 3. ed. São Paulo: Cortez A/A, 1986.

LOURENÇO FILHO, M. B. Organização e administração escolar: curso


básico. 8. ed. Brasília - DF: Inep/MEC, 2007.

MAXIMIANO, A. C. Teoria geral da administração: da revolução urbana


à revolução digital. Atlas, 2004.

______. Introdução à Administração. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

SANDER, B. Gestão da educação na América latina: construção e


reconstrução do conhecimento. Campinas, São Paulo: Autores Associados,
1995.

23
UNIDADE 2
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

A GESTÃO DOS SISTEMAS DE ENSINO DE ÓRGÃOS


EDUCACIONAIS

Nesta unidade, você deverá identificar sistema de ensino e situar,


criticamente, as tendências de gestão/administração de sistema e de ensino
de órgãos educacionais, atentando-se para principais características,
Paradigma é o conjunto de
ideias que permite formular fundamentos, princípios e funções. Buscaremos, aqui, caracterizar a
ou aceitar determinados gestão da educação segundo os princípios da administração, iniciando
padrões ou modelos de ação
social que representa uma por sua generalidade para, em seguida, configurar a sua especificidade
visão de mundo, uma filosofia na situação escolar. Para isso, apresentaremos os pressupostos da
social, um sistema de ideias
construídas e adotadas por administração que viabilizam a gestão da educação, iniciando pela análise
determinado grupo social.
Diz respeito a ideias e valores dos paradigmas da administração e suas implicações na gestão de sistema
assumidos coletivamente, e instituições de ensino, bem como as competências do diretor na visão
de forma consciente ou
inconscientemente. de alguns pesquisadores sobre a gestão da escola, chegando à discussão
Organização são atividades da organização escolar, na qual será enfatizada a gestão democrática do
desenvolvidas no sentido sistema público de ensino.
de relacionar os elementos
materiais e humanos de uma Após este estudo, você observará também que a visão dos teóricos
determinada situação, a fim
de se conseguir o melhor da administração tem correspondência na realidade concreta da sociedade
resultado. capitalista, em que a administração encontra, na organização, seu próprio
objeto de estudo. Verá que nesse contexto encontra-se “a escola que, assim
como as outras organizações, precisa ser administrada e tem na figura do
diretor o responsável pelas ações desenvolvidas em seu interior” (PARO,
2001, p.17).
Você deve observar que o complexo de processos envolvidos na
gestão educacional compreende as atividades específicas de planejamento,
organização, gerenciamento, avaliação de resultados, aplicação de recursos
e prestação de contas, fazendo com que a gestão do ensino siga prioridades
estabelecidas para educação, diferindo das demais formas de gestão, como
a empresarial.
Começando essa discussão, podemos dizer que um sistema
educacional, conforme preconiza a literatura, é composto e interligado por
diversos órgãos, ou seja, secretaria de educação e seus setores, conselhos
educacionais, escolas, etc. Observe, a partir desse conceito, que um
sistema, composto por organizações educacionais, setores e unidades
escolares, requer e pressupõe que haja algum tipo de interatividade e inter-
relação entre eles.

2.1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO ESCOLAR

A administração é uma prática milenar, porém a administração


moderna tem sua origem nos países desenvolvidos da Europa e da América
do Norte, onde foi concebida como instrumento para organizar e coordenar

24
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

a prestação dos serviços públicos e a crescente atividade produtiva no


mundo dos negócios (BORDIGNON; GRACINDO, 2001, p. 148). Porém,
Fayol, Follett e Barnard foram os principais personagens a enfatizar os
aspectos para uma definição de administração e o papel dos gerentes. Os
questionamentos que se seguem nortearão as nossas reflexões.
Que estruturas de pensamento subjazem aos processos de gestão
e administração da educação no Brasil?
Que concepções, conceitos e princípios estão presentes na gestão
educacional dos sistemas e das escolas?
Considerando o que estudamos na unidade I e a análise dos
modelos de gestão apresentados nesta unidade, vamos responder às
questões propostas. Começamos por dizer que a lógica assumida pelas
reformas estruturais que a educação pública vai vivenciar no Brasil em
todos os âmbitos (administrativo, financeiro, pedagógico) e níveis (básico
e superior) tem um mesmo ponto de origem e que os conceitos de
produtividade, eficácia, excelência e eficiência foram importados das teorias
administrativas que você estudou na unidade I deste caderno. Podemos
também afirmar que na educação, especialmente na Administração
Escolar, observa-se a transposição de teorias e modelos de organização e
administração empresariais e burocráticos para a escola e que os debates
e críticas dos especialistas na década de 1990 não foram capazes de evitar
que as tendências mais recentes em administração educacional e, mesmo
as direções tomadas pelas políticas públicas para a gestão da educação,
resgatassem as teorias administrativas como teorias políticas.
Veja então que os fundamentos em que se apóia a administração
da educação provêm de outras ciências e estão sujeitos a mudanças, que
determinarão alterações na concepção da função administrativa, que, por
sua vez, acarretam mudanças nos papéis do gestor educacional. No estudo
da primeira unidade, você observou que o termo gestão tem suas origens
nas teorias da administração empresarial.
Observe, também, que a teoria administrativa que influenciou a
gestão educacional no Brasil na década de 1960 foi baseada nos princípios
do enfoque organizacional da administração científica e gerencial de Taylor
e Fayol. Ao discutir sobre a Administração, a preocupação central de Taylor
era com o controle do trabalhador:

Está claro, então, na maioria dos casos, que um tipo de ho-


mem é necessário para planejar e outro tipo diferente para
executar o trabalho. O homem, cuja especialidade sob a
administração científica é planejar, verifica inevitavelmente
que o trabalho pode ser feito melhor e mais economica-
mente mediante a divisão do trabalho ... (TAYLOR, apud
PARO, 2001, p. 64).

25
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

Figura 2: Sistema educacional brasileiro


Fonte: http://andersonnocepe.blogspot.com/2008_05_01_archive.html.
Acesso em: 15/01/2011

Veja que, com base na doutrina de Fayol, chegamos à formulação


teórica que identifica a escola como uma grande empresa e estuda uma
administração que seja aplicável à escola como a qualquer outra empresa.
Observe que, para Fayol, a administração, tendo em vista a complexidade
dos empreendimentos humanos e o jogo de interesses daí advindos, funda-
se em três elementos básicos:
• na racionalização do trabalho;
• na divisão do trabalho;
• no interesse no trato pela administração.
Paro (2001), diante da necessidade de se promoverem a
eficiência e a produtividade da escola, sendo esta entendida como
uma organização, pautou-se na consecução de seus objetivos por
procedimentos administrativos análogos àqueles que alcançaram êxito na
situação empresarial. Nesse contexto, a administração escolar fundamenta-
se na pretensa universalidade dos princípios da administração adotados na
empresa capitalista.

Para os modernos teóricos da Administração, a sociedade


se apresenta como um enorme conjunto de instituições que
realizam tarefas sociais determinadas. Em virtude da com-
plexidade das tarefas, da escassez dos recursos disponíveis,
da multiplicidade de objetivos a serem perseguidos e do
grande número de trabalhadores envolvidos, assume-se a
absoluta necessidade de que esses trabalhadores tenham
suas ações coordenadas e controladas por pessoas ou ór-
gãos com funções chamadas administrativas. Essa visão dos
teóricos da Administração tem correspondência na reali-
dade concreta da sociedade capitalista ... (PARO, 2001, p.
17).

26
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

Observe que, na perspectiva da teoria da administração proposta


por Fayol, a administração é tomada como uma solução natural aos riscos
causados pela divisão do trabalho, podendo definir-se como o processo
para melhor conduzir os grupos humanos que operam em tarefas divididas
para alcançar um objetivo comum. Então, vejamos como as propostas de
gestão ocorreram e ainda permeiam não só o Brasil, como também o fazer
administrativo em nossos sistemas educacionais.
A gestão da educação no Brasil iniciou-se com a administração da
educação baseada nos princípios da administração clássica que prioriza o
enfoque organizacional na administração, ou seja, com a predominância da
técnica. “... na predominância dos técnicos que adotam soluções racionais
para resolver problemas administrativos, em detrimento de seus aspectos
humanos e sociopolíticos” (SANDER, 1982, p. 15).
É importante, porém, que você observe que a gestão da educação
no Brasil também seguiu os princípios da teoria comportamental. Como
você observou na primeira unidade, o enfoque comportamental na gestão
da educação teve suas bases teóricas nas ciências do comportamento,
tendo sua principal característica nas teorias de administração adotadas e
havendo a forte presença dos fundamentos da Psicologia e da Sociologia
que exercia grande influência no fazer da gestão escolar. Em seguida, surgiu
o enfoque sociológico que utilizou das ciências sociais na elaboração de
sua proposta administrativa:

... a eficiência da administração se determina primordial-


mente pela atuação de variáveis políticas, sociológicas e
antropológicas e apenas secundariamente pela atuação de
variáveis jurídicas e técnicas (SANDER, 1982, p. 21).

Na análise da literatura você poderá observar que o conceito


de gestão, assim como o de administração, é usado ora como literatura,
ora como sinônimos, ora como termos distintos. Algumas vezes o termo
gestão é apresentado para denominar um processo dentro da ação
administrativa, outras vezes seu uso denotará a intenção de politizar a ação
administrativa e em outras situações gestão apresenta-se como sinônimo
de gerência. Contudo, você perceberá que, na maioria das vezes, o termo
gestão aparecerá como alternativa para o processo político-administrativo
da educação. É preciso, no entanto, que você entenda que a gestão dos
sistemas e instituições de ensino supõe uma filosofia e uma política diretoras
pré-estabelecidas pelas políticas educacionais.
Em nossas discussões, o termo gestão assumirá o caráter científico
e o sentido de processo político-administrativo por meio do qual a prática
social da educação é organizada, orientada e viabilizada. Ao longo do
estudo, você descobrirá que a administração da educação pode ser vista,
tanto na teoria quanto na prática, como dois campos que se interpenetram,
ou seja, de um lado acontece a racionalização do trabalho e de outro a

27
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

coordenação deste. Chiavenato (2000) afirma que administração é o


processo de planejar, organizar, liderar e controlar o trabalho dos membros
da organização e usar todos os recursos disponíveis da organização para
alcançar objetivos estabelecidos.

Figura3: Gestão: uma construção coletiva


Fonte: http://servicosocialescolar.blogspot.com/ . Acesso em:
15/01/2011

Observe que a gestão do sistema de ensino constitui-se,


essencialmente, como um processo de articulação para o desenvolvimento
da proposta político-pedagógica das escolas públicas, assunto que será mais
bem discutido na terceira unidade deste caderno. Porém, é importante que
você entenda que esse processo de gestão se fundamenta e é conduzido
segundo uma determinada concepção de educação e de sociedade e,
também, que ele não ocorre de forma neutra e descontextualizada. Assim
sendo, é preciso compreender que pensar um processo administrativo da
educação significa definir um projeto de cidadania e atribuir uma finalidade
à escola que seja coerente com esse projeto.
Chamamos sua atenção para retornar as leituras realizadas no
caderno didático de Política Educacional Brasileira, em que você observou
que o processo administrativo inclui determinação de objetivos, garantia de
recursos, determinação de política de ação, padrões de serviço, distribuição
de recursos em conformidade com o plano de trabalho, manutenção da
operacionalização de forma a produzir a quantidade e qualidade desejada
de serviços e ainda avaliação e contabilidade para uso dos recursos
financeiros destinados à educação. No estudo sobre a gestão da educação,
é preciso, também, recuperar o caráter instrumental da administração, pois,

28
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

segundo Paro (2001, p. 123), ele é de suma importância para o exame da


atividade administrativa em nossas escolas, uma vez que apenas através
dessa perspectiva será possível conceber uma administração escolar voltada
para a transformação social. Porém, não abordaremos apenas seu caráter
técnico, pois a administração desenvolvida em nossos sistemas educacionais
é também pautada em outros aspectos que consideramos relevantes para
uma gestão democrática da educação, em que é imprescindível considerar
também os determinantes econômicos e sociais.
Segundo Félix (1984, p. 81), à medida que a prática da
administração escolar for tratada do ponto de vista puramente técnico,
serão omitidas as suas articulações com as estruturas socioeconômicas
e políticas. Com certeza, isso obscurecerá a análise dos condicionantes
da educação dos quais fazem parte as normas técnico-administrativas
propostas para o funcionamento do sistema escolar. Sander (1995, p. 55),
por sua vez, objetivando a realização de uma análise da administração
da educação, propõe uma divisão em quatro dimensões articuladas
dialeticamente:
• dimensão econômica;
• dimensão pedagógica;
• dimensão política;
• dimensão cultural.

Segundo o autor, para cada uma dessas dimensões analíticas há,


respectivamente, um critério de desempenho administrativo: eficiência,
eficácia, efetividade e relevância.

Você poderá ampliar seus


conhecimentos sobre esta
temática fazendo a leitura do
livro Gestão da Educação na
América Latina, de Benno
Sander (1995).

Figura 4: Dimensões da gestão escolar


Fonte: http://criandoecopiandosempre.blogspot.
com/2010_09_01_archive.html
Acesso em: 15/01/2011

29
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

2.1.1 Dimensões da gestão educacional segundo Sander

Propomos aqui uma ligeira análise das quatro dimensões da gestão


da educação proposta por Benno Sander (1995, p. 59-66):

a) Dimensão econômica

A dimensão econômica da gestão da educação, como já é


possível observar pelo uso do termo, envolve: recursos financeiros e
materiais, estrutura, normas burocráticas e mecanismos de coordenação
e comunicação. Nessa dimensão, a administração da educação prevê e
controla os recursos, organiza estruturalmente a instituição, fixa papéis e
cargos, divide o trabalho, determina como o trabalho deve ser realizado
e por que tipo de incumbências e estabelece, ainda, normas de ação. O
critério definidor da dimensão econômica é a eficiência na utilização dos
recursos e instrumentos tecnológicos sob o império da lógica econômica.

b) Dimensão pedagógica

A dimensão pedagógica da administração da educação se refere ao


conjunto de princípios, cenários e técnicas educacionais intrinsecamente
comprometidas com a consecução eficaz dos objetivos do sistema
educacional e de suas escolas. Podemos dizer que a dimensão pedagógica
da administração da educação se relaciona com as demais dimensões,
oferecendo elementos e instrumentos necessários para a consecução eficaz
dos objetivos da educação. Observe que o estudo da dimensão pedagógica
da administração da educação fundamenta-se numa ampla gama de
contribuições disciplinares, em que a Filosofia e a Ciência Política impõem-
se como disciplinas centrais para este estudo, pois o sistema educacional,
mais do que um plano pedagógico, deve encerrar uma filosofia e uma
estratégia política.

c) Dimensão política

A dimensão política da administração da educação engloba as


estratégias de ação organizada dos participantes do sistema educacional e
das escolas. A importância dessa dimensão se encontra nas responsabilidades
específicas do sistema educacional e de suas escolas para com a sociedade.
Essa importância se deve ao fato de que os aspectos envolvidos na
administração da educação, associados à dimensão cultural e à dimensão
pedagógica, são fortemente influenciados pelas variáveis externas.
Observe que essa dimensão política da administração da educação busca
a efetividade, critério essencialmente político, de acordo com o qual o
sistema educacional deverá atender às necessidades e às demandas sociais

30
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

da comunidade a qual pertence. Assim sendo, a administração da educação


será tanto mais efetiva quanto maior for sua capacidade estratégica para
atender às necessidades sociais e às demandas políticas da comunidade em
que o sistema educacional estiver inserido.

d) Dimensão cultural

A dimensão cultural da administração da educação envolve


valores e características filosóficas, antropológicas, biopsíquicas e sociais
das pessoas que participam do sistema educacional e de sua comunidade.
Veja que a característica básica desta dimensão é a visão de totalidade que
lhe permite abarcar os mais variados aspectos da vida humana e que, à
luz dessa perspectiva global, cabe à administração da educação coordenar
a ação das pessoas e grupos que participam, direta ou indiretamente,
no processo educacional. Nessa perspectiva, você pode observar que a
relevância cultural é o critério básico de um paradigma de administração
da educação comprometido com a promoção da qualidade de vida e do
desenvolvimento humano.
Assim, a administração da educação somente será considerada
relevante à medida que oferecer condições propícias para promover
a qualidade de vida humana no sistema educacional, nas escolas e na
sociedade como um todo. Observe que a Antropologia, a Filosofia, a
Psicologia e a Sociologia são ciências que oferecem bases teóricas para
se compreender a dimensão cultural da administração da educação,
portanto, das organizações e da burocracia da relação entre pessoas e
organizações e entre organizações e a sociedade, assim como de outros
temas sociológicos, tendo implicações evidentes para a administração de
sistemas e de instituições de ensino.

2.1.2 Elementos da administração escolar

Observe que os elementos da administração escolar são os


mesmos estabelecidos por Fayol para a administração em geral, com
algumas substituições como, por exemplo: a previsão por planejamento.
Porém, como já falamos anteriormente, a administração escolar tem suas
especificidades que devem ser resguardadas, pois, apesar das semelhanças,
há diferenças significativas na prática. Agora, com base nas nossas
discussões, cite os elementos da administração escolar. Vamos lá!
Com certeza, você citou como elementos da administração
escolar na atual concepção de gestão escolar, entre outros: planejamento,
organização, assistência à execução do planejamento, avaliação dos
resultados e relatório. Nessa medida, vamos aprofundar um pouco mais
nosso conhecimento sobre esse assunto para que possamos compreendê-
lo melhor. Vejamos:

31
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

a) Planejamento: Para elaborar o planejamento, o gestor deve


partir do conhecimento da realidade na qual o processo educativo se
desenvolverá, isto é, do conhecimento da comunidade escolar do seu
entorno. Para essa efetivação, é preciso que se realize uma coleta de
informações significativas desta realidade e a seguir se faça a análise e
interpretação delas, transformando-as em subsídio ao planejamento que
resultará no documento denominado projeto político-pedagógico da
escola.
b) Organização: Denominamos organização o ato de compor a
estrutura da escola como instituição, como, por exemplo, a seleção de
pessoal capaz de desempenhar satisfatoriamente as tarefas propostas.
Para se realizar uma boa administração, o gestor deve estabelecer
claramente as funções e as atribuições de cada funcionário, estabelecendo
as relações hierárquicas, bem como o regimento escolar e normas de
funcionamento interno da escola. Além disso, tomar providências quanto
aos recursos físicos, materiais e financeiros que garantam o êxito das
ações desenvolvidas pela escola. Nas escolas públicas, a estrutura do
sistema educacional já é estabelecida. Qualquer alteração que venha a ser
proposta pela escola deve acontecer através de seu colegiado e necessita
de aprovação dos órgãos competentes. Com relação à seleção de pessoal,
é realizada por meio de concurso público e suas atribuições já fazem parte
de estatutos da categoria. Porém, na estruturação da instituição escolar,
é preciso superar a ruptura existente entre quem faz a escola e quem se
beneficia de seus serviços. Em outras palavras, é a prática da administração
democrática que abre espaços à participação da comunidade escolar na
discussão dos problemas do sistema ou da unidade escolar integrando-os
na ação.
c) Assistência à execução: O diretor deve sempre verificar se todos
os recursos necessários estão disponíveis, antes de iniciar a execução da
atividade educativa, para possibilitar aos executores, funcionários da escola,
o pleno desenvolvimento de suas atribuições sem prejuízos dos serviços
prestados por eles. Durante a execução, o diretor deve ter uma postura
de acompanhamento, apoio e cobrança, bem como de coordenação de
esforços, visando ao alcance dos objetivos propostos pela escola.
d) Avaliação dos resultados: Esta etapa se realiza através da
observação das ações visando a verificar se realmente são coerentes
com os objetivos propostos, dirigem-se aos objetivos estabelecidos e
até que ponto estes objetivos estão sendo alcançados. Deve ocorrer em
termos quantitativos e qualitativos. Em termos quantitativos, devem ser
considerados: o número total de matrículas, a frequência dos alunos e dos
funcionários, o rendimento escolar dos alunos, o índice de evasão escolar

32
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

e de repetência dos alunos. Em termos qualitativos, a avaliação deverá


traduzir na credibilidade que a ação educativa adquire no meio social em
que se desenvolve em face à satisfação das necessidades e das expectativas
da comunidade atendida.
e) Relatório: O diretor escolar deve elaborar, anualmente,
o relatório, que é um documento em que devem constar as atividades
planejadas e realizadas na escola. Deve registrar as atividades realizadas
com êxito, as que tiveram de ser modificadas no decorrer do processo,
com as justificativas das suas alterações, e, também, registrar as atividades
que não puderam ser realizadas, assim como os seus fatores dificultadores.

2.1.3 Paradigma multidimensional da administração da educação:


competências do administrador

Para compreensão do paradigma multidimensional da Sine qua non é uma expressão


administração da educação, faz-se necessário discutir a questão da latina muito utilizada no
meio jurídico que quer dizer
competência do diretor escolar no enfoque de dois pesquisadores que condição indispensável,
defendem a necessidade da competência profissional do diretor como essencial,
condição sine qua non para o sucesso da educação oferecida pela escola Competência é uma palavra
do senso comum utilizada
pública. para designar uma pessoa
qualificada para realizar
Na sequência, você deverá observar que Sander (1995), nos termos
alguma coisa. No dicionário
do paradigma multidimensional da administração da educação, no qual Aurélio, temos que se refere
à capacidade para resolver
ele defende a eleição e preparação de administradores educacionais, leva
qualquer assunto, aptidão (...)
em consideração quatro tipos de competência: econômica, pedagógica,
política e cultural, o que condiz com as dimensões apresentadas (SANDER,
1995, p. 68-69).
a) Competência econômica do administrador
A competência econômica do administrador da educação será
definida em termos de sua eficiência para maximinizar a captação e
utilização dos recursos econômicos e financeiros e dos elementos técnicos
e materiais para a consecução dos objetivos do sistema educacional e de
suas escolas.
b) Competência pedagógica do administrador
A competência pedagógica refletirá sobre a eficácia do
administrador para formular objetivos educacionais e desenhar cenários e
meios pedagógicos para sua consecução.
c) Competência política do administrador
A competência política define o talento do administrador para
perceber o ambiente externo e sua influência sobre o sistema educacional,
revelando sua efetividade para adotar estratégias de ação organizada para a
satisfação das necessidades de demandas sociais e políticas da comunidade
e seu sistema educacional.
d) Competência cultural do administrador

33
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

A competência cultural do administrador revelará sua capacidade


para conceber soluções e sua capacidade de liderança para implantá-las.
Observe que essas discussões nos reportam a um ditado popular muito
comum no meio educacional: “a escola tem a cara do diretor”. Assim
sendo, podemos dizer, também, que a administração escolar é a força ou o
fracasso da organização da escola, Contribuindo, portanto, para o sucesso
ou fracasso da escola. Nesse sentido, a estratégia para a excelência dos
serviços desenvolvidos na educação depende da filosofia e do compromisso
da administração. Com base nesses princípios, o gestor educacional deve
ter forte liderança, ter plena consciência de si e do sentido de sua função,
deve, acima de tudo, sentir a grandeza de seu trabalho e ter a capacidade
de executá-lo com perfeição.

2.1.4 Acerte no alvo: competências do diretor

Um diretor competente precisa ser capaz de envolver todos os


membros de sua equipe de trabalho numa administração que considere o
contexto político, social e econômico no qual estão inseridos, a escola, os
professores, os funcionários administrativos, os alunos e os pais. Para tanto,
é preciso que o diretor seja capaz de identificar como se dá a interação
entre esse contexto e as atividades e objetivos da escola, seja capaz de
identificar as características das pessoas que trabalham na escola e seja
capaz de identificar os recursos materiais, financeiros e humanos de que
dispõe para a gestão da escola.

Figura 5: Acertar no alvo: competências do diretor


Fonte: http://www.jornalalobrasilia.com.br/blogs/?IdBlog=20&Ano=2009
Acesso em: 15/01/2011

34
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

Então! Você já percebeu que na gestão da educação é preciso que


o gestor tenha competência técnica, competência política e competência
humana? Mas o que isso quer dizer?
Leia o texto que se segue e reflita sobre o significado dessas
competências no fazer do gestor escolar.
Competências do diretor
(Retirado do texto Exercícios de direção – Competências, de José
Leão Marinho Falcão Filho – Revista Amae Educando, nº 223, out./1971,
p. 11 -16)
A administração escolar no Brasil, tanto na sua prática como
na sua fundamentação teórica, sempre foi fortemente influenciada por
dois aspectos: conceitos de administração, apresentado neste caderno
nas unidades I e II, e teorias da administração. A escola somente poderá
desempenhar bem o seu papel na sociedade se contar com profissionais
efetivamente competentes, entre os quais destacaremos aqui o diretor, pois
este é considerado peça fundamental para uma eficiente administração da
escola. Porém, para que haja uma administração eficiente da escola, faz-se
necessário que o diretor da escola possua determinadas competências que
o ajudarão a desempenhar seu papel na instituição.
O diretor para ser considerado competente é preciso atentar
para alguns aspectos considerados relevantes na administração/gestão da
educação: primeiro, consideramos a necessidade de que tenha o domínio
de um saber que lhe permita desempenhar as funções que lhes são
designadas; em segundo lugar, que tenha uma visão integrada e articulada
dos aspectos relevantes de sua prática, sem desconsiderar o entendimento
das múltiplas relações entre os vários aspectos da escola; em terceiro lugar,
o diretor precisa ter a compreensão das relações entre o seu preparo
técnico, a organização da escola e os resultados de sua ação gestora. Não se
esqueça também da necessidade de que tenha uma percepção abrangente
das relações entre a escola e a comunidade.
Nesse caminho, o professor Leão, buscando trazer uma melhor
explicação do que vem a ser a competência profissional do diretor e sua
possível operacionalização na formação e prática do gestor, divide-a em
três outras competências: a técnica, a política e a humana, asseverando
que a integração dessas últimas resultará na competência profissional do
diretor.

35
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

Figura 6: As três competências do diretor


Fonte: http://portaldosudeste.com/blogdomamede/?p=13019
Acesso em: 15/01/2011

a) Competência técnica do diretor

A competência técnica do diretor supõe compreensão e


proficiência em métodos, processos, procedimentos, técnicas de
organização do trabalho, tomada de decisão e solução de problemas.
Ela pressupõe conhecimento de toda a legislação que trata dos direitos e
obrigações dos profissionais que compõem o quadro de pessoal da escola,
tanto dos docentes quanto dos administrativos, envolve o conhecimento
das matrizes curriculares que definem a estrutura e o ensino de 1º e 2º
graus. Exige, também, o conhecimento de técnicas e princípios utilizados na
elaboração de planejamentos, o conhecimento de processos de avaliação
e controle das atividades administrativas e pedagógicas. Também faz parte
desse conjunto o conhecimento de métodos e técnicas para elaboração
de horários de aula, elaboração de calendários e planos de ensino. Ela
inclui, também, a necessidade de conhecimentos sobre administração
de material, arquivos, escrituração escolar e contabilidade. Pressupõe,
também, o domínio de técnicas de recrutamento, seleção, treinamento
e avaliação de pessoal. Assim sendo, podemos dizer que ela exige que
o diretor tenha conhecimentos dos principais determinantes técnicos que
contribuem para o desenvolvimento e a melhoria do processo de ensino/
aprendizagem.

b) Competência política

A competência política exige que o diretor tenha conhecimento de


como os determinantes de ordem política, social e econômica contribuem,
ou não, para que o processo ensino/aprendizagem, desenvolvido pela

36
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

escola, alcance seus objetivos. Essa competência foi também defendida


por Benno Sander (1995) na sua discussão sobre a gestão da educação na
América Latina, já apresentada nesta unidade.
Partindo do princípio de que o sistema educacional esta inserido
em uma sociedade permeada e dependente de um sistema político, social
e econômico, teremos que a competência política do diretor, que exige
dele através de seu saber e de sua prática, cumpra seu papel contribuindo
para a correção das distorções e das injustiças que estão presentes na
sociedade. Para esse fazer político, o diretor deverá compreender que a
escola e todos os que nela trabalham e estudam são interdependentes, em
relação uns aos outros e em relação à sociedade. Essa percepção deverá
também levar o diretor a entender que a escola é, antes de tudo, um
projeto coletivo de trabalho que tem objetivos a realizar e que somente
serão alcançados com a participação efetiva de todos os seus membros.
Perceba aqui os propósitos de uma gestão democrática da escola que serão
mais bem discutidos na unidade III deste caderno.
É preciso que você entenda que a competência política do diretor
também implica a sua capacidade em procurar prever as consequências
futuras dos acontecimentos políticos, sociais e econômicos no interior
da escola. Veja que acontecimentos na sociedade, de ordem política ou
econômica, interferem no nível das relações interpessoais entre diretor,
professores, alunos, especialistas, pais e outros funcionários da escola.
O diretor, utilizando-se de sua competência política, deverá ser capaz
de entender como e por que se dão as interações no interior da escola,
compreendendo, também, suas consequências em relação aos interesses
da sociedade, da educação, da escola e de todos os seus componentes.
Entenda que, a partir da análise e compreensão de todas essas
influências e interações, o diretor, considerado politicamente competente,
deverá ter a capacidade de elaborar e desenvolver, com a participação de
todos os segmentos da escola, estratégias de ação que levem em conta
a realidade política, econômica e social de onde a escola se encontra
inserida. Assim sendo, diante de novas situações ocorridas no interior da
escola, o diretor competente, sob o ponto de vista político, deverá ser
capaz de, à luz da realidade política, social e econômica, gerar com seus
colaboradores, numa concepção democrática, novas estratégias com ações
capazes de tornar esses novos fatos ou situações benéficas à escola e a seus
integrantes.

c) Competência humana

Partindo do princípio que na gestão democrática da escola todo o


trabalho deverá ser desenvolvido em equipe, é preciso entender que, para
o diretor realizar um trabalho de equipe eficaz e construtivo na escola,

37
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

é preciso desfrutar de um clima relacional e afetivo que favoreça e faça


emergir as atitudes positivas de seus membros.
Nesse contexto, chamamos sua atenção sobre a necessidade da
competência humana do diretor, assim como de sua responsabilidade
em manter um bom clima organizacional na escola, pois ele interfere
consideravelmente no sucesso das atividades desenvolvidas na escola.
A competência humana exige do diretor habilidades para motivar e
desenvolver atitudes favoráveis ao trabalho dentro dos objetivos propostos
pela escola. Ela implica, acima de tudo, o conhecimento e domínio,
por parte do diretor, da dinâmica de grupos, além de uma preocupação
constante com as necessidades humanas, assim como uma preocupação
com o desenvolvimento das pessoas que trabalham na escola.
Portanto, a competência humana do diretor pressupõe a sua
capacidade de trabalhar eficaz e eficientemente, em situação individual
e em situações coletivas. Para isso, ele precisa ter uma compreensão
empática e consideração positiva incondicional com seus colaboradores.
A compreensão empática refere-se à capacidade do diretor em colocar-se
no lugar do outro buscando entender a sua reação, os seus sentimentos e
suas emoções. Por sua vez, ter consideração positiva incondicional implica
ter capacidade de trabalhar com as pessoas de seu grupo que, no caso
da escola, envolve: especialistas, professores, funcionários administrativos,
alunos, pais. Essa consideração deve ocorrer mesmo quando o diretor não
se sentir identificado nem devotar afetividade por algum destes membros.
Nesse viés, podemos dizer que o diretor competente, sob o ponto de
vista da competência humana, trabalhará para criar na escola um clima
organizacional que favoreça a concretização do projeto educativo dela.
Leia o artigo sobre Clima
organizacional em escolas de Reflita sobre esta pergunta:
1º e 2º graus, de José Leão. Todas essa competências são necessárias, a todo momento, na
Revista AMAE Educando, n.
179, maio/1986. administração da escola?

2.2 MODELOS DE GESTÃO DA EDUCAÇÃO

Como você pode observar nos estudos das teorias da


administração, até bem pouco tempo a administração das organizações
educacionais aconteciam sob o paradigma empresarial. Sob esse
enfoque, a gestão da educação assumiu o modelo burocrático, em que
a eficiência e eficácia ocupam lugar de destaque nas questões gerenciais,
sobrepondo a especificidade da organização educacional (BORDIGNON;
GRACINDO, 2001, p. 161). Veja que na era da revolução industrial havia a
necessidade de preparação da mão de obra para as fábricas. Esse fato veio
acompanhado da necessidade de uma educação em massa da população
tirando a educação do domínio familiar. O sistema educacional enfatizou
a formação de hábitos de obediência, pontualidade e trabalho repetitivo,
comuns ao modelo burocrático de administração. (ALVIN TOFLER, apud
BORDGNON, 2001, p. 142).

38
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

2.2.1 Modelo burocrático de gestão

Agora, você já pode concluir que o modelo burocrático de gestão


tem sua origem nas teorias clássica e científica da administração e que Burocracia, numa visão
mais refinada de Weber,
a administração burocrática desempenha uma mediação normativa e é a organização que eleva
enfatiza a eficácia dos atos administrativos, incorporando as remodelagens ao máximo a eficiência em
administração, quaisquer
das teorias mais recentes, cujo eixo é baseado no poder central de que sejam suas características
superintendência, delegação e distribuição de tarefas, mantida a unidade formais, ou como um
método institucionalizado de
de comando e os controles, em que o sujeito é considerado poder e o organização de conduta social
objetivo é a subordinação (BORDIGNON; GRACINDO, 2001, p. 162). no interesse da eficiência
administrativa.
Observe que, nesse modelo de gestão, as rotinas são fundamentais, (Weber, apud BLAU, 1976, p.
161).
que o risco deve ser reduzido ao mínimo e que os conflitos, resultantes das
relações entre os sujeitos, é indispensável e devem ser “controlados” pela
autoridade do diretor. Nesse caso, nesse modelo de gestão, poderemos
dizer que os meios se sobrepõem aos fins.
Nesse modelo, o aluno é considerado o objetivo, mas, como
usuário, ele é objeto e, por isso, deverá moldar-se aos paradigmas de quem
concebe a ação ou comanda a organização, mesmo que ela seja uma
escola. Veja que, embora seja atribuída à escola a finalidade de construir
fundamentalmente cidadania, o que equivale à busca da emancipação do
cidadão, a ação educacional acaba se dando na verticalidade das relações,
num eixo de autoridade-obediência.
Observe, também, que, nesse modelo, os organogramas se
apresentam de forma piramidal, em cujo topo está o poder e em cuja base,
o dever. Nessa pirâmide, os sujeitos (os alunos) estão situados na base, assim
como as escolas ocupam a base do nível dos sistemas, seja estadual, seja
municipal. Por sua vez, os espaços físicos da escola são compartimentalizados
em tamanhos e segregações que materializam o poder e burocratizam as
relações. Assim sendo, o gestor, num modelo burocrático de gestão, tem
seu perfil definido pelos princípios da autoridade e competência técnica,
comprometido apenas com a eficiência da organização (sistema ou escola),
muitas vezes situando-se como dono delas e das vontades dos que dela
participam (BORDIGNON; GRACINDO, 2001, p. 162).
Nesse modelo, não há projeto, nem objetivos, e sim rotinas.
Portanto, não haverá desafios, nem vitórias, o conhecimento produzido
é segmentado tanto nas funções técnicas quanto nas docentes e o
processo de interação dos atores, agentes educacionais, constituirá em
mero discurso, fazendo com que a escola, num modelo burocrático, se
reproduza, produzindo súditos, o que, como você já estudou, não condiz
com o pensamento atual de educação, assim como de sua oferta, ou seja,
com uma proposta de escola cidadã e democrática defendida no Brasil.
Podemos aqui dizer que não é a existência de uma liderança
formal forte que vai assegurar o alcance dos objetivos, com sucesso, de

39
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

uma organização, nesse caso da escola, pois isso poderá ocorrer desde
que se instale a cooperação entre os líderes formais e informais. Porém,
em se tratando da gestão da educação, a questão do controle surge como
uma necessidade, uma vez que as organizações não podem esperar que
a maioria dos agentes educacionais interiorize suas obrigações cumprindo
voluntariamente seus compromissos. É preciso acompanhamento e
incentivo constante por parte do administrador.
Observe que as principais características de uma estrutura
burocrática, segundo Weber (apud BLAU, 1976, p. 150-153), são:
a) as atividades regulares necessárias às finalidades da organização
são distribuídas de maneira fixa. A divisão, nítida, do trabalho torna possível
empregar apenas pessoas especializadas em cada posição determinada
tornando cada uma delas responsável pela eficaz realização de seus
deveres.
b) a organização dos cargos segue o princípio da hierarquia e cada
funcionário desta hierarquia administrativa é responsável, perante seu
superior, pelas decisões e ações de seus subordinados, assim como pelas
suas próprias decisões.
c) as operações são orientadas por um sistema, coerente, de regras
abstratas e consistem na aplicação dessas regras a casos particulares. Esse
sistema de normas é destinado a assegurar uniformidade na organização
de cada tarefa, independentemente do número de pessoas envolvidas
na sua realização. As regras e regulamentos definem, explicitamente, a
responsabilidade de cada membro da organização, assim como as relações
entre eles. As obrigações burocráticas distribuem-se quanto à complexidade
de um a outro desses extremos.
d) o funcionário considerado ideal desempenha o seu cargo com
espírito de impessoalidade formalista, isto é, desprovido de ódio ou paixão,
consequentemente, sem afeição ou entusiasmo. Para que os padrões
racionais direcionem as atividades sem a interferência de privilégios,
considerações pessoais não devem prevalecer dentro da organização,
ou seja, o diretor deve dispensar um tratamento imparcial entre seus
membros, pois entende-se que a exclusão de considerações pessoais dos
subordinados constitui em pré-requisito para a imparcialidade, bem como
para a eficiência dos serviços prestados.
e) o emprego na organização burocrática é baseado em
qualificações técnicas e é protegido contra a demissão arbitrária. No âmbito
da escola, poderíamos dizer que ele vale para a distribuição de funções e
serviços. O emprego, nessa organização, constitui uma carreira. Há um
sistema de promoções de acordo com a antiguidade no emprego ou no
rendimento no trabalho, ou ambos.
Essa estrutura burocrática resolve o problema, caracteristicamente
organizacional, de elevar ao máximo a eficiência da organização e não

40
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

apenas a dos indivíduos. Assim, para que um indivíduo trabalhe com


eficiência, nos princípios da burocracia, ele terá de possuir as habilidades
necessárias à função que pretende exercer e deverá aplicá-las racional
e vigorosamente, ou seja, cada membro da instituição deverá ter as
habilidades necessárias para a realização das tarefas que lhes são confiadas.
Observe que este é o propósito da especialização e do emprego com base
em qualificações técnicas.
Aliada a esse modelo, a política de pessoal deve permitir aos
empregados segurança em seu emprego e previsão de progressos na carreira
para fiel execução dos deveres. Tal política desencoraja as tentativas de
que os funcionários tentem impressionar seus superiores pela introdução
de inovações que podem pôr em risco a eficácia da organização. Nesse
sentido, as políticas de pessoal, que cultivam a lealdade à organização e
que proporcionam a promoção com base no mérito, desempenham bem
essa função.

2.2.2 Modelo democrático de gestão: a escola cidadã

Numa revisão da literatura, pertinente e recente, você poderá


observar que elas têm situado a gestão da educação como uma questão
política e técnica, buscando identificá-la na especificidade da função
pública da escola e no seu papel na construção da cidadania destacando o
modelo democrático de gestão da escola. Nelas, você verá que no modelo
democrático de gestão o poder está no todo e é feito de processos dinâmicos
construídos coletivamente pelo conhecimento e pela afetividade. Nesse
contexto, apresenta-se a chamada escola cidadã. A escola cidadã, ao
contrário, do que você possa imaginar, não se configura como um espaço
de permissividade, sem estratégias e sem direção, mas sim como um
espaço organizado, com objetivos, estratégias e direção. Nesse modelo,
o espaço é ocupado por pessoas, papéis e responsabilidades distintas, o
gestor é o coordenador, possui conhecimento técnico e percepção política,
porém não é mais o dono do fazer, mas sim é o animador dos processos
que permeiam o fazer educacional, é o mediador das vontades e de seus
conflitos.
Esse paradigma de escola cidadã concebe uma gestão democrática
da educação pública em que esta deverá estar comprometida com a
inclusão social, fundamentada no modelo cognitivo/afetivo, deverá possuir
clareza de propósitos e deverá estar subordinada aos interesses dos
cidadãos a que serve, ou seja, da comunidade em que está inserida. Veja
que os processos decisórios, nesse modelo, são participativos e dinâmicos,
as ações implementadas são transparentes e suas propostas são construídas
coletivamente com a participação de todos os envolvidos no processo
educativo da escola, principalmente com a participação efetiva dos pais e
dos alunos.

41
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

Figura 7: Escola cidadã


Fonte: http://cedmundo.blogspot.com/2010/09/gestao-administrativa-escolar.html
Acesso em: 15/01/2011

Veja que a gestão democrática da escola vai além das rotinas


administrativas, busca identificar as necessidades da comunidade, faz
a negociação de propósitos e apresenta definição clara de objetivos e
das estratégias de ação, que são apresentados em seu projeto político-
pedagógico. A administração faz a coordenação e acompanhamento
das decisões, tomadas no interior da escola, pactuadas, ou seja, com a
Leia mais sobre gestão participação de todos os segmentos que compõem a comunidade escolar.
democrática da escola. Visite
o sítio: Assim sendo, a gestão educacional democrática engloba um conjunto de
http://cedmundo.blogspot. elementos que a diferem da administração tradicional: a descentralização
com/2010/09/gestao-
administrativa-escolar.html administrativo-financeira e pedagógica, a constituição e funcionamento
de colegiados e a participação de diferentes segmentos consultivos e
deliberativos. Observe que, na gestão democrática da educação, as
decisões tomadas por outros indivíduos, elementos ou grupos, pertencentes
à comunidade escolar e educacional afetam também o comportamento
dos administradores, tendo também, por esse motivo, importância social.

2.3 ESPECIFICIDADE DA ORGANIZAÇÃO EDUCACIONAL

Para falarmos sobre a especificidade da organização educacional,


será preciso identificar em que aspectos ela é diferente das demais
organizações. Podemos dizer que essa especificidade é determinada
pelos fatores que a caracterizam e a tornam singular, isto é, a organização
educacional é distinta das demais organizações sociais, principalmente pela
sua finalidade. Esses fatores são: estrutura pedagógica, relações internas e

42
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

externas que advêm dessa estrutura, além de observar sua produção que é
bastante distinta da maioria das organizações.

Figura 8: Gestão compartilhada


Fonte http://laurindasilva.blogspot.com/
Acesso em: 18/01/2011

Veja que gerir os sistemas de ensino, assim como as escolas,


é, essencialmente, administrar em diferentes níveis a elaboração e o
acompanhamento do projeto de qualidade da educação que se deseja,
ou seja, acompanhar uma proposta educacional, fundamentada num
paradigma de homem e sociedade. Em se tratando da gestão da educação,
não se deve esquecer de que sua especificidade deverá ser identificada
a partir da leitura das demandas da sociedade, observando os espaços
abertos na nova legislação (LDB nº 9394/96), já estudada anteriormente.
Nessa perspectiva, a gestão dos sistemas de educação requer
um enfoque que implique trabalhar decisões a respeito do rumo futuro,
fundamentando-se na finalidade da educação e nos limites e possibilidades
do momento histórico social em que a comunidade educacional está
inserida. Assim sendo, faz-se necessário que o gestor faça uma boa análise
das propostas educacionais, que deverão estar presente nos planos estadual
ou municipal de educação, antes de encaminhar a elaboração do projeto
político-pedagógico da escola, pois são elas que apontarão a direção, o
sentido da prática social da educação que se desenvolverá em todos os
níveis de educação que serão oferecidos pela escola.

43
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

Figura 9: Todos podem participar


Fonte: http://programaviajandonaleitura.blogspot.com/
Acesso em: 18/01/2011

2.4 REALIDADES DA ORGANIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Um aspecto que consideramos importante observar, no que diz


respeito à organização da administração da educação, discutido na teoria
estruturalista, estudada na primeira unidade deste caderno, é o lugar do
conhecimento e sua utilização na organização do sistema educacional
no Brasil. Observamos em nossas instituições educacionais, inclusive nas
escolas, que a maioria dos indivíduos preparados não ocupa posições
elevadas na instituição, ao contrário, ocupam posições intermediárias, ou
seja, compõem o grupo de especialistas. Vimos na concepção estruturalista
dois tipos de autoridade, a do conhecimento e a administrativa, e que
elas não são idênticas e, muito menos compatíveis, pelo fato de que a
autoridade administrativa é considerada impessoal e transferível, enquanto
a autoridade do conhecimento é considerada pessoal e intransferível.

Visite o sítio que se segue e


saiba mais sobre organização e
a estrutura da escola
http://estagiocewk.pbworks.
com/w/page/11257812/
Organiza%C3%A7%C3%A3o-
Formal-da-Escola

Figura 10: Organograma administrativo da escola


Fonte:http://estagiocewk.pbworks.com/w/page/11257812/
Organiza%C3%A7%C3%A3o-Formal-da-Escola . Acesso em: 18/01/2011

44
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

Ao observar a estrutura hierárquica dos nossos sistemas


educacionais, assim como das nossas escolas, expresso no organograma
(figura 10), você poderá constatar facilmente a presença dessa teoria no
sistema educacional brasileiro.
A análise das teorias da administração, estudada na primeira
unidade, permite-nos perceber que a administração escolar, no contexto
atual, é produto de uma longa evolução histórica que traz a marca das
contradições sociais, bem como dos interesses políticos defendidos pela
sociedade. Assim sendo, podemos afirmar que a administração defendida
hoje nos sistemas de ensino é considerada, principalmente, como a
utilização racional de recursos para a realização dos fins educacionais,
como observou Paro (2001, p. 18). Para você entender melhor essa
questão, propomos definir melhor o significado da expressão “uso racional
de recursos”, utilizada pelos autores na gestão atual do nosso sistema
educacional. A palavra racional vem do latin ratio, que quer dizer razão.
Assim, utilizar racionalmente os recursos deve ser entendido como utilizá-
los com a razão, ou seja, utilizá-los para o fim determinado, contanto que
este emprego se dê de maneira econômica. Portanto, são duas dimensões
tratadas no uso dos recursos destinados à educação: adequação aos fins e
uso racional.
A primeira está relacionada à adequação aos fins, que seja
selecionado, entre os meios disponíveis, aqueles que melhor atendam à (s)
atividade (s) a serem desenvolvidas pela escola, objetivando o atendimento
dos fins educacionais (PARO, 2001, p. 19). A segunda está relacionada à
utilização racional dos recursos, ou seja, a dimensão econômica indica o
emprego dos recursos que envolvem os elementos materiais, tais como:
ferramentas, instrumentos, máquinas, e conceptuais que consistem nos
conhecimentos e técnicas que o homem acumula historicamente, ligados
aos objetivos a serem alcançados (PARO, 2001, p. 19-21). De acordo com
o autor, a utilização racional de recursos, na gestão da educação, deve
incluir, além dos elementos materiais e conceptuais, o emprego econômico
e a devida adequação aos fins propostos. Aqui também convidamo-lo (a) a
refletir sobre a práxis criadora e a práxis reiterativa na gestão/administração
da educação, pois segundo Vázquez (1997, apud PARO, 2001, p. 26),
em toda atividade humana encontra-se presente a consciência. Em toda
práxis, entendida como uma atividade material, transformadora e ajustada
a objetivos, intervem a consciência do homem. Segundo o autor, essa
consciência se faz presente de modo mais acentuado na práxis criadora,
embora esteja presente também, de modo mais ameno, na práxis
reiterativa ou imitativa.

45
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

Karl Marx (1818-1883) chama


de práxis a atividade que
assume a forma pioneira do
trabalho e depois se diversifica.
Para isso, é necessário
entender que teoria e prática
estão totalmente ligadas, pois
a práxis não é toda e qualquer
atividade prática, mas é a
atividade de quem faz escolhas Figura 11: Inovando a gestão escolar
Fonte: http://servicosocialescolar.blogspot.com/
conscientes, necessitando, para Acesso em: 18/01/2011
isso, de teoria.
Práxis é toda atividade
material, transformadora e
ajustada a objetivos propostos. Partindo do princípio que criar implica a idealização e objetivação
de algo novo, podemos dizer que, na práxis criadora, há uma unidade
indissolúvel na atividade da consciência humana (o subjetivo, o interior)
e da realização do projeto pelo homem (o objetivo, o exterior), em que
a produção do objeto ideal é inseparável da produção do objeto real,
material; em outras, criar implica a idealização e objetivação de algo
novo. Observe que a práxis criadora é determinante, porque ela permite
ao homem enfrentar novas necessidades, ou seja, novas situações. Assim,
podemos inferir que, em termos de atividade administrativa da educação,
melhor se adapta um nível de administração apoiado na invenção. Ou seja,
na descoberta de novos procedimentos e caminhos para se alcançarem os
objetivos traçados pela política educacional vigente.
A práxis reiterativa ou imitativa, por sua vez, caracteriza-se
por sua repetibilidade, ou seja, a lei que rege o processo de realização
da administração já é conhecida, constituindo o objeto real em simples
duplicação ou cópia do objeto ideal. A prática reiterativa tem sua realização
de forma rotinizada e mecânica, ou seja, a práxis reiterativa ou imitativa
constitui-se da repetição de um processo e de resultados alcançados por
uma práxis criadora anterior. Um aspecto positivo dessa práxis se encontra
no fato de que ela pode ampliar e multiplicar a práxis criadora.
Vale defender que muitas soluções encontradas para os problemas
educacionais têm sempre, no tempo, certa esfera de validade, justificando
sua generalização e reutilização. Podemos dizer que a reutilização de uma
prática se justifica enquanto a realidade não reclama uma nova criação. Um
aspecto negativo da práxis reiterativa está no fato que, na maioria das vezes,
barra as possibilidades de novas criações por parte dos gestores (PARO,
2001, p. 26-27). Podemos dizer que uma administração criadora precisa
ser pensada em termos de relevância, propondo soluções e descobrindo
novas alternativas que atendam às reais necessidades da educação popular.
Por sua vez, a administração reiterativa encontra sua aplicação na repetição
de procedimentos que, uma vez criados, não têm porque não serem
repetidos e aplicados em situações semelhantes (Ibidem, p. 28).

46
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

Para combater uma postura extremamente burocrática da gestão


educacional nas reuniões que ocorrem na escola e garantir que esta
aconteça numa perspectiva de uma gestão democrática, alguns cuidados
se fazem necessários durante a realização das reuniões pedagógicas. Entre
eles, destacam-se:
- acompanhar atentamente as reflexões, relatos, discussões;
- velar para que a pauta da reunião seja cumprida, alertando o
grupo quando ele estiver se desviando do assunto ou quando alguém
estiver monopolizando a palavra;
- velar pelo respeito ao colega que está se expondo, incentivando
a tolerância para com a diferença.
Veja que os princípios básicos da Administração Pública estão
consubstanciados em várias regras de observância permanente e obrigatória
para um bom diretor de escola pública. O princípio da impessoalidade é
o que exige que o ato administrativo seja praticado sempre com finalidade
pública, impedindo o administrador de buscar outro objetivo ou de praticá-
lo no interesse próprio, ou de terceiros. Defendemos aqui que o gestor
adote em sua prática as duas práxis, a criadora e a reiterativa, que considere
os princípios da gestão democrática no seu fazer cotidiano e direcione a
escola com eficiência e eficácia para que esta atinja, com sucesso, seus
objetivos, que realmente atue nos princípios de uma escola cidadã.

BLAU, P. Componentes burocráticos do sistema escolar. In: FORACCHI.


M.; PEREIRA, L. Educação e Sociedade. 6. ed. São Paulo: Companhia
Editora Nacional,1976.

BORDIGNON, G.; GRACINDO, R. V. Gestão da educação: município e


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do conhecimento. Campinas, São Paulo: Autores Associados, 1995.

48
UNIDADE 3
AS POLÍTICAS E A CONSTRUÇÃO DO TRABALHO COLETIVO
NA ESCOLA

A luta pela educação básica trouxe desde a sua origem a


concepção de democratização como acesso universal. Na concepção
liberal clássica a educação, entre outros, é considerada serviço essencial
que cabe ao Estado garantir a todos os seus cidadãos e, por essa razão,
figura como política pública. Entre os anos de 1910 e 1920, imprimiu-se à
educação o caráter de uma questão nacional. O marco institucional dessa
nova fase da educação brasileira é a criação do Ministério da Educação
e Saúde em 1930. A partir desse ministério, foi instituído o Conselho
Nacional de Educação e o Conselho Consultivo do Ensino Comercial,
responsáveis pelo estabelecimento das diretrizes nacionais para os ensinos
primário, secundário, superior e técnico-profissional. A constituição de
1934 estabeleceu a responsabilidade da União como instância responsável
pelo planejamento nacional da educação em todos os níveis definindo
também sua competência na coordenação e fiscalização da execução
desse planejamento (FERREIRA; AGUIAR, 2001, p. 31).
Nos anos 90, a luta pela democratização do ensino assume,
no âmbito da educação básica, o caráter da qualidade, da busca da
permanência e da conclusão da escolaridade como um direito social. A
luta pela universalização do ensino levou à defesa da gestão democrática
da educação pública, porém, por considerar a crise educacional como uma
questão de natureza administrativa, o Estado atribuiu relativa centralidade
à gestão da escola na formulação de políticas públicas para a educação
básica. Porém, nesse mesmo contexto, o movimento social, por considerar
o caráter excludente da escola resultante da frequente repetência e a
expressão do autoritarismo da estrutura escolar, passou a reivindicar maior
democracia na gestão da educação, fatores que favoreceram a luta pela
democratização da educação básica com a defesa do direito à escolarização
para todos paralelamente à defesa de maior participação da comunidade
na gestão da escola. Essas reivindicações acabaram sendo contempladas na
Constituição Federal de 1988 (FERREIRA; AGUIAR, 2001).
Que paradigma garantirá a gestão democrática da escola, cujos
fundamentos são a autonomia, a participação e a emancipação?
Primeiramente, você deve perceber a necessidade de superação
das relações de verticalidade na administração escolar. Deve sugerir o
estabelecimento de relações que ressaltem a dimensão do coletivo e,
assim, dizer que o novo paradigma, que fundamenta a nova concepção
de educação e sua prática social, não permite que o poder se situe em
níveis hierárquicos, mas sim que se distribua nas diferentes esferas de
responsabilidade, garantindo relações interpessoais mais rasas entre os
sujeitos iguais e, ao mesmo tempo diferentes, ou seja, entre todos os
segmentos que compõem a comunidade escolar. Nesse contexto, o poder

49
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

decisório da escola precisa de novas estruturas para ser viabilizado, ou seja,


deverá ser desenvolvido com base em colegiados consultivos e deliberativos.
Ressalta-se, porém, que essa nova concepção organizacional da escola não
diminuirá a importância e autoridade dos gestores educacionais.
Para garantir que uma escola seja verdadeiramente democrática, é
preciso considerar ainda dois outros elementos:
a) a criação de estruturas e processos democráticos pelos quais a
vida escolar realiza-se, representada pela participação geral nas questões
administrativas e políticas, pelo planejamento cooperativo na escola
e na sala de aula, pelo atendimento a preocupações, às expectativas e
aos interesses coletivos e pela posição firme contra o racismo, a injustiça,
o poder centralizado, a pobreza e a quaisquer formas de exclusão e
desigualdade presentes na escola e na sociedade;
b) o desenvolvimento de um currículo que ofereça experiências
democráticas aos estudantes, cujas características são expressas pela ênfase
na ampliação das informações; garantia aos que têm opinião diferente, do
direito de se fazerem ouvir; construção social do conhecimento; formação de
leitores críticos da realidade; inclusão de um processo criativo de ampliação
dos valores democráticos; inclusão de experiências de aprendizado
organizado em torno da problematização e do questionamento.

... no que diz respeito às modalidades de decisão, a regra


fundamental da democracia é a regra da maioria, ou seja, a
regra à qual são consideradas decisões coletivas – e, portan-
to, vinculatórias para todo o grupo – as decisões aprovadas
ao menos pela maioria daqueles a quem compete tomar a
decisão (BOBBIO, 2000, p. 31).

O trabalho pedagógico é um trabalho coletivo. Com isso, numa


escola democrática, o trabalho dos profissionais da educação deve ser
realizado coletivamente, ou seja, não se trata de ações individuais de cada
professor ou especialista, mas de um trabalho integrado em que todos os
profissionais da escola atuam conjuntamente. Para que esse trabalho seja
viabilizado, é preciso que o gestor busque garantir o espaço e o tempo
necessários para que os agentes educativos possam realizar reuniões
periódicas de planejamento e acompanhamento do processo educativo.

50
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

3.1 O PROJETO PEDAGÓGICO COMO ELEMENTO NORTEADOR DAS


AÇÕES POLÍTICO-PEDAGÓGICAS DA ESCOLA

O artigo 12 da Lei 9394/96 (LDBEN) estabelece a autonomia


da escola em elaborar e executar a sua proposta pedagógica. Nesse
sentido, o Projeto Político-Pedagógico (doravante PPP) traz para a escola
a possibilidade de autocrítica e reorganização do trabalho em função de
diminuir os efeitos da divisão do trabalho, da fragmentação e do controle
burocrático. Nessa perspectiva, o PPP caracteriza-se essencialmente como
um plano global da instituição, elaborado a partir de um processo de
planejamento participativo, um documento que articula a participação de
todos os envolvidos com a realidade da escola (pais, professores, alunos,
funcionários, representantes da comunidade) e, ainda, como uma estratégia
de gestão democrática.

Os diretores participativos baseiam-se no conceito da auto-


ridade compartilhada, por meio da qual o poder é delegado
a representantes da comunidade escolar e as responsabili-
dades são assumidas em conjunto (LUCK et al, 2000, p.19).

Figura 12: Todos juntos por uma


educação de qualidade
Fonte: http://senhorinhaglb.blogspot.
com/2010/04/plano-diretor-da-
-educacao-religiosa.html . Acesso
em: 18/01/2011

O PPP explicita os fundamentos teóricos metodológicos, os


objetivos, o tipo de organização e as formas de implementação e
avaliação da escola. Assim, o PPP da escola aponta o rumo, a direção
para os compromissos estabelecidos coletivamente pelos membros da
comunidade escolar, portanto construí-lo, executá-lo e avaliá-lo é tarefa
da escola. Considerando que o PPP da escola é uma ação intencional,
com sentido explícito e construído coletivamente é também um projeto

51
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

político, pois está intimamente articulado ao compromisso sociopolítico e


com os interesses da comunidade escolar. Podemos dizer que ele é político
no sentido do compromisso com a formação do cidadão para um tipo
determinado de sociedade.
Segundo Saviani (1983, p. 93), a dimensão política se cumpre
à medida que ela se realiza como prática especificamente pedagógica.
Vejamos qual é a dimensão pedagógica e a que se refere Saviani (1983).
Nessa dimensão, reside a possibilidade da efetivação da intencionalidade
da escola, que é a formação do cidadão participativo, responsável,
comprometido, crítico e criativo. Para o autor, é pedagógico no sentido
de definir as ações educativas e as características necessárias às escolas de
cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade.
Segundo Gadotti (1996), o Projeto Político-Pedagógico da escola
precisa ser entendido como uma maneira de situar-se num horizonte de
possibilidades, a partir de respostas a perguntas tais como: “que educação
se quer, que tipo de cidadão se deseja e para que projeto de sociedade?”
(GADOTTI, 1996, p. 42). Veiga (2001, p. 13), acrescenta dizendo que o
PPP da escola ao se constituir em um processo democrático de decisões
preocupa-se em instaurar uma forma de organização do trabalho
pedagógico que busque superar as relações competitivas e autoritárias
no interior das escolas rompendo com a rotina do mando impessoal e
racionalizado da burocracia que permeavam as relações no interior das
escolas. Padilha (2002), por sua vez, ao afirmar que a construção do PPP
da escola exige a definição de princípios, estratégias concretas e trabalho
coletivo, apresenta sete princípios para operacionalização dele:
1. afirmar que esta construção deve fundamentar-se numa
concepção de planejamento e defende a concepção dialógica de orientação
freiriana;
2. deve levar em conta que o objetivo principal da escola é o
atendimento, com qualidade, do aluno;
3. avaliar objetivamente as necessidades e expectativas de todos
os segmentos que compõem a comunidade escolar;
4. considera que este deve estar sempre suscetível a mudanças
necessárias à sua concretização;
5. proporcionar a melhoria da organização administrativa,
pedagógica e financeira da escola;
6. considerar ações de curto, médio e longo prazos;
7. prever a avaliação periódica das ações para redimensionamento
das propostas contempladas.
Padilha (2002) também apresenta sugestões de passos a seguir
para a elaboração do PPP da escola, conforme descritos abaixo:
a) estabelecimento de um marco referencial, que deve ser
traduzido por algumas perguntas orientadoras: Quais são as utopias que

52
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

nos movem neste mundo? Como entendemos o mundo em que vivemos?


Qual o retrato da escola que temos? Qual escola idealizamos?
b) após a definição do marco referencial que sintetizou as utopias
e sonhos da equipe da escola, o grupo deve confrontá-lo com a realidade
da escola. Para essa realização, é necessário que se faça a avaliação dos
resultados do ano anterior, que tenha uma definição do auto-retrato da
escola e a definição dos compromissos a serem assumidos voltados a mudar
o retrato desenhado, ou seja, a definição do que será feito na escola.
Assim, Padilha (2002) apresenta cinco etapas que considera
básicas para o processo de construção do PPP da escola:
1. discussão do marco referencial;
2. conhecimento da realidade da escola e do seu entorno;
3. definição dos objetivos a serem alcançados;
4. indicação das ações que se pretende desenvolver para alcançar
os objetivos;
5. avaliação constante do trabalho desenvolvido.
Alguns elementos devem constar no registro documental do PPP,
entre eles:
a) nome do projeto,
b) histórico da escola;
c) justificativa do projeto;
d) objetivos gerais e específicos;
e) metas a serem alcançadas (curto, médio e longo prazos);
f) desenvolvimento metodológico;
g) recursos (materiais e humanos);
h) cronograma de execução;
i) avaliação.

3.2 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO (PPP): O PAPEL DA EQUIPE


PEDAGÓGICA NO DESENVOLVIMENTO DE UMA PROPOSTA
EDUCACIONAL PARTICIPATIVA

De quem é a responsabilidade da construção do PPP da escola?


Em organizações democraticamente administradas, os funcionários
estão envolvidos no estabelecimento dos objetivos que serão perseguidos
pela instituição, na solução dos problemas enfrentados pela escola, no
estabelecimento e manutenção de padrões de desempenho das ações
desenvolvidas e nas tomadas de decisões. Uma gestão participativa envolve,
além dos professores e outros funcionários da escola, os pais, os alunos e
qualquer outro representante da comunidade que esteja interessado na
escola e na melhoria do processo pedagógico desenvolvido por ela, pois,
numa gestão democrática, o PPP não é responsabilidade apenas da direção

53
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

da escola. A autonomia e a participação, pressupostos do projeto político-


pedagógico da escola, não se limitará a simples declaração de princípios
consignados em alguns documentos, pois sua presença precisa ser sentida
no Colegiado Escolar, na escolha do livro didático, no planejamento de
ensino, na organização dos eventos culturais, nas atividades cívicas e
esportiva, entre outras atividades desenvolvidas pela escola.
Com certeza, você percebeu que a abordagem participativa na
gestão escolar demanda maior participação de todos os interessados no
processo decisório da escola, não é? Todos os segmentos deverão ser
envolvidos também na realização das tarefas de gestão, devendo o diretor
basear-se no conceito da autoridade compartilhada, por meio da qual
haverá delegação de poderes a representantes da comunidade escolar e as
responsabilidades serão assumidas em conjunto. Assim sendo, o processo
participativo visa a envolver todas as pessoas da instituição escolar na busca
comum e na responsabilidade pelo sucesso da instituição. É preciso que
você perceba que a força transformadora de uma escola está em seu corpo
docente, com o auxílio e apoio da direção e dos outros servidores da escola.
É importante que todos os segmentos da comunidade escolar assumam o
compromisso participativo na escola, envolvendo-se nas atividades por ela
desenvolvidas, tornando-se responsáveis pela realização do PPP dela, com
o diretor na liderança e direcionamento do processo.

Figura 13: O diretor não faz a escola sozinho


Fonte: http://alexandre-silva.com/2010/09/qual-o-melhor-estilo-de-
-lideranca/
Acesso em: 18/01/2011

54
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

3.3 DESCENTRALIZAÇÃO DA GESTÃO EDUCACIONAL

Na gestão democrática, é fundamental que os membros da


comunidade escolar apresentem e debatam suas ideias de forma a construir
coletivamente as prioridades, fundamentais às tomadas de decisão sobre
as ações a serem desenvolvidas pela escola, pois a construção coletiva da
organização da escola faz-se na prática, quando se tomam decisões sobre
todo o PPP a ser desenvolvido.
Gadotti (1995, p. 202) afirma que a descentralização e a autonomia
da escola caminham juntas, que a luta pela autonomia da escola insere-
se numa luta maior pela autonomia no seio da própria sociedade e que,
portanto, a descentralização é uma luta dentro do instituído, contra o
instituído, para instituir outra posição. O autor ainda diz que a eficácia
dessa luta depende muito da ousadia de cada escola em experimentar o
novo caminho de construção da confiança na escola e na capacidade de
ela resolver seus problemas por ela mesma.
Percebe-se através destas discussões que a descentralização supõe
rupturas com o presente e elaboração de promessas para o futuro e são
essas promessas que estarão contempladas no projeto da escola. Podemos
assim dizer que as promessas apresentadas no PPP tornam visíveis o campo
de ação possível, comprometendo todos os agentes educativos da escola.
Porém, para que a escola acompanhe o processo de mudança, apoiada
nos princípio da gestão democrática, é preciso apoiar-se na sociedade, por
meio da criação de uma esfera pública de decisão não estatal, pois a escola
pública precisa ser uma escola em rede de colaboração solidária em todos
os níveis, local e regional.

3.3.1 Colegiado escolar

A abordagem participativa na gestão escolar demanda maior


participação de todos os membros da comunidade escolar, interessados
no processo decisório da escola, por meio de suas representações,
envolvendo-os também na realização das diversas tarefas de gestão na
escola. Deve-se entender que no interior da escola existe o Colegiado que
é um órgão da comunidade escolar. O Colegiado é o espaço institucional
para o diálogo e a troca de experiência entre o diretor e os representantes
dos diferentes segmentos da comunidade escolar. É também um órgão
consultivo, deliberativo e fiscalizador das questões técnico-pedagógicas e
administrativo-financeiras da escola. É um caminho para a construção de
uma escola pública participativa e democrática, que também resguarda
os princípios legais e constitucionais do sistema educacional. O Colegiado
é um órgão coletivo de análise, que busca a solução dos problemas,
superando práticas autoritárias e centralizadoras, possibilitando a gestão
participativa da escola que contribuem para o aprimoramento do projeto
pedagógico e a melhoria da qualidade da educação.

55
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

Observe que as funções do Colegiado compreendem as decisões


relativas às diretrizes pedagógicas, administrativas e financeira, contidas na
proposta pedagógica da escola e são de caráter deliberativo. O Colegiado
deve ser presidido pelo diretor da unidade de ensino e é composto por
servidores da escola, alunos (com idade superior a 16 anos), pais dos
alunos e por representantes da comunidade na qual a escola está inserida.
A seguir, vamos abordar as funções do colegiado:
a) consultivas - funções referente à emissão de pareceres sobre
questões problemáticas das ações pedagógicas, administrativas e financeiras
da escola;
b) deliberativas - funções de caráter decisório em relação às
diretrizes e linhas de ação que serão desenvolvidas na escola.
O Colegiado da escola também poderá admitir a participação
de pessoas integrantes da comunidade escolar em suas reuniões com
direito a voz, mas sem direito a voto. A Resolução da SEE nº 1.059, de
22 de fevereiro de 2008, dispõe sobre a estrutura e o funcionamento do
Colegiado Escolar na rede estadual de ensino de Minas Gerais e cita as
competências do colegiado.

3.3.1.1 O diretor não faz a escola sozinho: o papel do Colegiado

É no trabalho compartilhado que o diretor realiza sua missão de


líder, no que esse conceito tem de mais moderno e atual, e o colegiado
é o grande parceiro do diretor na gestão da escola. Existem algumas
competências necessárias à implementação do Colegiado Escolar dentro da
unidade de ensino, entre as quais podemos destacar: ampliar os níveis de
participação comunitária na análise dos projetos e no acompanhamento das
atividades da escola, de forma a estabelecer novas relações de compromisso,
parceria, promover o fortalecimento e a modernização dos processos
de gestão da escola, através de sua autonomia técnico¬-pedagógica e
administrativo-financeira, e a participação efetiva da comunidade escolar
no processo educacional; acompanhar a execução dos recursos financeiros
gerados pela escola, apresentando sugestões para sua aplicação; integrar
a escola e a comunidade; analisar os resultados da avaliação externa
da escola, propondo alternativas para melhoria do desempenho dos
professores, alunos, direção, pais e funcionários; participar da elaboração,
acompanhamento e avaliação do PPP e o Plano de Desenvolvimento
da Escola ¬ (PDE); propor atividades cívicas, artísticas, desportivas e
recreativas que facilitem integração entre alunos, pais e professores no
interesse da ação educativa; viabilizar apoios e parcerias, objetivando o
desenvolvimento da Unidade Escolar; analisar as prestações de contas
referentes a todos os recursos financeiros gerados pela Escola; atuar como
conselho de alimentação escolar, no cumprimento, entre outros; avaliar

56
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

a escola, propondo melhorias e ajustes, necessários; elaborar e garantir o


cumprimento do cronograma de reuniões anuais, entre outras.
Segundo Fonseca et al (2004, p. 40), o PDE assinala uma ênfase
na “escola com foco no aluno”. Na opinião dos autores, no processo de
construção do PDE, a escola é considerada a responsável pela melhoria da
qualidade de ensino e a gestão fica fortalecida, uma vez que fica garantida
a autonomia da escola.

Figura 14: Plano de desenvolvimento da Escola- PDE


Fonte: http://continentalcultural.blogspot.com/2009/11/o-que-e-e-
-pra-que-serve-um-conselho.html . Acesso em: 18/01/2011

3.4 GESTÃO DEMOCRÁTICA: COMPARTILHAMENTO DE


RESPONSABILIDADES NO INTERIOR DAS ESCOLAS

No contexto da gestão democrática, é preciso que todos assumam


o compromisso com o coletivo, deixando de ser uma ação apenas no
discurso. Esse processo é um desafio que deve ser enfrentado pelos
gestores na busca de uma construção cotidiana através ao rompimento do
autoritarismo, da hierarquização e outras formas impositivas de controle
do trabalho escolar.

57
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

Figura 15: Participação da comunidade na gestão escolar


Fonte: http://ntenav-profuncionario.blogspot.
com/2009_08_01_archive.html
Acesso em: 22/01/2011

A democracia supõe e nutre a diversidade dos interesses, assim


como a diversidade de ideias favorece a relação rica e complexa indivíduo/
sociedade. Diante dos estudos realizados, você pode agora concluir que
a gestão democrática da escola consiste na mediação intersubjetiva, a
coordenação e acompanhamento de decisões pactuadas. Portanto, a
gestão democrática da educação é hoje um valor já consagrado no Brasil
e no mundo. No Brasil, a Lei 9394/96 em seu artigo 14 estabelece que
“os sistemas de ensino definirão as normas de gestão democrática do
ensino público na educação básica, de acordo com suas peculiaridades e
conforme os seguintes princípios:
I - participação dos profissionais da educação na elaboração do
projeto pedagógico da escola;
II - participação das comunidades escolar e local em conselhos
escolares ou equivalentes.
O artigo 15 prescreve “os sistemas de ensino assegurarão às
unidades escolares públicas de educação básica [...] progressivos graus de
autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas
as normas gerais de direito financeiro público”.
Assim, a gestão da educação é concebida como um processo
político-administrativo contextualizado, através do qual a prática social da
educação é organizada, orientada e viabilizada. Você pode observar que a
gestão participativa pressupõe ideia de participação, do trabalho associado
de pessoas: analisando situações, decidindo sobre seu encaminhamento e
agindo sobre elas em conjunto. Nessa perspectiva, a gestão democrática
da educação deve ser entendida como uma forma regular e significante
de envolvimento dos funcionários de uma organização no seu processo
decisório, desde o estabelecimento de objetivos, a solução de problemas, a
manutenção de padrões de desempenho, garantindo que sua organização
atenda adequadamente às necessidades do cliente.

58
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

ALONSO, M. O papel do diretor na administração escolar. 2 ed. Rio de


Janeiro: Difel:Educ. São Paulo:, 1978.

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59
UNIDADE 4
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

A ESCOLA COMO ORGANIZADORA DO PROCESSO


EDUCATIVO

Nesta unidade, convidamo-lo (a) para refletir sobre a origem da


escola como instituição de ensino. A escola teria surgido pela necessidade
de organizações que se encarregassem da iniciação da aprendizagem?

Figura 16: A escola como organizadora do processo educativo.


Fonte: http://thiagopeixoto.com.br/admin/?cat=4&paged=6
Acesso em: 22/01/2011

Ou teria sido criada para se responsabilizar pela transmissão


de habilidades de ler e escrever? Anísio Teixeira um dos nossos grandes
pensadores da educação brasileira afirmava:

Educação é função natural pela qual a sociedade trans-


mite a sua herança de costumes e hábitos, capacidade e
aspirações aos que nela ingressam para a continuarem. A
educação escolar é um dos modos pelo qual se exerce tal
função. Na escola ela se faz dirigida e intencional. Obedece
a planos. Gradua-se. Distribui-se inteligentemente (TEIXEI-
RA, 1997, p. 41).

Para Anísio Teixeira, o principal problema brasileiro de educação


era o direcionamento de nossas escolas, pois defendia o importante papel
da escola na construção social. Assim sendo, o gestor como seu principal
representante deve zelar para que ela cumpra esta função com qualidade.

60
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

Figura 17: Leitura e escrita: uma necessidade de todos


Fonte: http://thiagopeixoto.com.br/admin/?cat=4&paged=6
Acesso em: 22/01/2011

O que seria a escola sob o ponto de vista organizacional? Seria


criada para preservação da cultura social? Pretendemos que após este
estudo você possa responder a essas e outras perguntas que surgirem ao
longo desse estudo. Sugerimos que, nessa tentativa, você procure associar
estas leituras com as já realizadas em outras disciplinas. Também esperamos
que o oriente quanto à importância da formação acadêmica para uma boa
atuação na gestão da educação.

4.1 A ESCOLA COMO GRUPO INSTITUÍDO

Esperamos que você já possa apresentar um conceito de escola


sob o ponto de vista da organização. Para isso, apresentamos os textos que
se seguem e buscamos primeiro o conceito estabelecido por Falcão Filho
(1992).

Escola é um sistema social resultante da interação de uma


pluralidade de agentes individuais (professores, especia-
listas, diretor, alunos, funcionários,...), cujas relações recí-
procas são mutuamente orientadas, isto é, são definidas e
transmitias por um sistema de expectativas culturalmente
estruturadas e compartilhadas (SILVA, apud FALCÃO FI-
LHO, 1992, p. 15).

61
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

Figura 18: Todos pela educação


Fonte: http://katiadiehl.blogspot.com/
Acesso em: 22/01/2011

Como já vimos, a especificidade da organização educacional


é determinada pelos fatores que a caracterizam e a tornam singular,
distinta das demais organizações sociais. Os fatores que determinam essa
especificidade são sua finalidade, sua estrutura pedagógica, as relações
internas e externas que advêm dessa estrutura e sua produção.
Se tentássemos responder à pergunta se a escola teria surgido
pela necessidade de organizações que se encarregassem da iniciação da
aprendizagem com a finalidade de preparar mão de obra para vários setores
de atividades econômicas, certamente, você perceberia certa relação com
a finalidade de transmissão de conhecimentos práticos aos elementos da
sociedade, ou seja, à formação de trabalhadores.

Figura 19: Educação e trabalho


Fonte: http://www.abahianews.com.
br/2010/10/13/
Acesso em: 22/01/2011

62
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

Se, por outro lado, focássemos que ela teria surgido objetivando as
atividades religiosas você poderia entender a escola como uma organização
que tivesse como principal função a formação sacerdotal. Observe que na
disciplina História da Educação esta era uma das intenções da educação As atividades são
suplementares na medida
proposta e desenvolvida pelos jesuítas no Brasil, mais precisamente no em que os objetivos e metas
período da colonização do Brasil. Nesta disciplina você observou que a da escola só se concretizam
a partir da realização de um
escola, no Brasil, era dirigida e organizada pelos jesuítas e sua principal conjunto de atividades distintas
finalidade era a de preparação de novos sacerdotes, embora trouxesse que se viabiliza através das
ações desenvolvidas por
também uma preocupação com a catequização dos índios. Isso quer dizer agentes individuais. Atividades
que sua principal finalidade era preparar para a vida eclesiástica, ou seja, complementares são aquelas
desenvolvidas por determinado
formar novos padres. agente individual, exige a
Se tentarmos conceituar escola como responsável pela transmissão participação de outro ou
de outras atividades para se
de habilidades de ler e escrever a todos da população, diríamos que a transformar numa ação única
escola surgiu com a finalidade de ensinar a leitura e a escrita para na concretização do objetivo
da escola (FALCÃO FILHO,
possibilitar a todos os segmentos da sociedade o acesso ao conhecimento 1992, p. 15).
letrado. Observe que, através desses questionamentos, existem diferentes
hipóteses para explicar o aparecimento da escola como organização nas
sociedades modernas. Sabe-se que a escola surgiu quando a humanidade
atingiu certo grau de desenvolvimentos. Diríamos que esse é um sentido
pragmático e utilitário da educação. Isso você pode constatar com os
estudos já realizados neste Curso. Considerando essas discussões, podemos
inferir que a escola foi criada, assim como outras organizações, para prestar
serviços à comunidade, ou seja, para assegurar a realização de uma função
social, qual seja a educação formal.
No início da educação no Brasil, você observou que a escola
atendia apenas às camadas mais privilegiadas da sociedade, porém, com o
passar do tempo, a escola passou a adquirir um novo significado decorrente
do aparecimento de novas condições sociais, políticas e econômicas,
despontando como uma instituição necessária a todos os grupos sociais.
Diríamos que neste momento a escola se vê solicitada por grandes massas
da população que veem na escola um meio que lhes possibilita a ascensão
econômica e social.
Nos estudos realizados, percebemos que a educação escolar
realiza sua finalidade tanto na dimensão individual como na dimensão
social, daí a importância em se analisar os fundamentos filosóficos e
sociais da escola. Na dimensão individual podemos dizer que a escola
tem sua finalidade definida pela Filosofia da Educação, que direciona
a ação educativa, por meio de reflexões dos seus problemas, de forma
global e profunda, momento em que o educador identifica a finalidade da
ação educativa. Na dimensão social podemos dizer que a escola tem sua
finalidade definida pela Sociologia da Educação, situando a educação num
tempo e num espaço social. Na História da Educação aprendemos que a
educação formalizada se instaurou e se desenvolve no espaço escolar. No
Brasil, isso aconteceu principalmente nas escolas públicas.

63
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

Figura 20: Educação escolar


Fonte: http://www.unerj.br/blogbiblioteca/?p=3704
Acesso em: 24/01/2011

Na disciplina Política de Educação Brasileira, notamos que a


escola, como sistema social, tem como objetivo principal contribuir para a
formação e o desenvolvimento de seus alunos, a partir das necessidades e
aspirações de cada um e de seus pais e, em segundo lugar, ela tem o dever de
contribuir, através de suas atividades, para a melhoria da qualidade de vida
das pessoas e da sociedade. Assim, a escola se caracteriza por constituir-se
em atividades complementares e suplementares desenvolvidas pelo corpo
docente, discente e técnico administrativo que compõem a escola, ou seja,
por um grupo organizado de agentes educativos que tem como princípio
fazer educação (FALCÃO FILHO, 1992, p. 15).

64
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

Figura 21: A escola construtora do grupo social


Fonte: http://augustodefranco.locaweb.com.br/cartas_comments.
php?id=299_0_2_0_C
Acesso em: 24/01/2011

Sabemos que a escola consiste num grupo social com uma


composição e organização definida. Com uma estrutura composta por
um grupo hierarquizado, porém que trabalha de forma compartilhada e
democrática. Assim, sua existência depende essencialmente das atividades
associadas de seus agentes educativos, dos alunos e dos pais e tem como
função principal a educação, embora seja também dever da família,
conforme prevê o artigo 205 da nossa Constituição Federal de 1988, “a
educação, direito de todos e dever do estado e da família, será promovida
e incentivada com a colaboração da sociedade”.
Ferreira (2003), citando Kauchakje, diz que a escola pode ser
compreendida, de forma geral, como uma instituição no âmbito da
implementação de políticas públicas educacionais para a garantia de um
dos direitos sociais, a educação. Dessa forma, ela está perpassada por
conflitos de interesses relacionados ao mundo do trabalho, à apropriação
e ao usufruto dos bens culturais e materiais socialmente produzidos. A
busca da escola pelas massas ocorreu tanto pela necessidade pessoal de
capacitação para o trabalho como pela vontade de ocupar uma posição
social, como resultado de uma conquista. Porém, hoje a escola existe
como um direito da população em adquirir os bens e serviços por ela
prestados. Dessa forma, a escola torna-se necessária como instrumento de
ação e controle social, bem como elemento de formação e orientação do
indivíduo para o desempenho de diferentes papéis diante da sociedade.

65
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

Figura 22: Escola como instrumento de ação e controle social


Fonte: http://teologiaegraca.blogspot.com/2009/07/o-curriculo-necessario-da-mistifica-
cao.html . Acesso em: 24/01/2011

No Brasil, a maioria das escolas é institucionalizada, no entanto


conserva certo grau de autonomia interna, previsto na Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional - LDB nº 9.394/96:

Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão de-


mocrática do ensino público na educação, de acordo com
as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios
(artigo 14).

Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares


públicas de educação básica que os integram progressivos
graus de autonomia pedagógica e administrativa e de ges-
tão financeira, observadas as normas gerais de direito finan-
ceiro público (artigo 15).

Além de estabelecer a autonomia das instituições escolares, a Lei


9.394/96 estabelece no seu artigo 32 que o Ensino Fundamental tem como
objetivo a formação básica do cidadão, mediante:
• o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como
meio básico o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
• a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político,
da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;
• o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em
vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes
e valores;

66
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

• o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de


solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida
social.
É importante que a escola desenvolva, nessa etapa da Educação
Básica, práticas educativas que valorizem a contextualização das atividades;
que favoreçam a educação em valores; que estimulem as descobertas e
pesquisas e que incentivem o diálogo intercultural. O conhecimento do
gestor da educação dessas questões permite que ele cumpra corretamente
seu papel junto aos órgãos e instituições de ensino.

4.2 FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS E FILOSÓFICOS DA ESCOLA

Diante das discussões realizadas, você já percebeu que a escola


desempenha três funções principais. A primeira consiste em apresentar
dados considerados importantes para a sociedade. A segunda é a de
estimular certas atitudes consideradas úteis para a aprendizagem e também
consideradas valiosas para a formação integral do homem, ou seja, para o
“amadurecimento” do aluno como pessoa, para que esteja pronto para
atuar em sua vida presente e futura. A terceira função seria ajudar a preparar
o aluno para o exercício futuro de uma profissão, ou seja, a preparação
para o trabalho e exercício da cidadania (PEREIRA, 1976, p. 130).

... qualquer que seja a leitura, a captação, a tentativa de or-


ganização operacionalização do fenômeno educativo, isso
sempre se fará com base em uma determinada visão de
homem, de mundo, dentro e em função de uma realidade
social específica (SILVA, 1988, p. 69).

4.2.1 Fundamentos sociológicos da escola

Vimos que a cultura é transmitida pelas gerações adultas às mais


novas de forma a garantir a preservação cultural. Nas gerações primitivas,
essa transmissão ocorria pela simples convivência entre as gerações e, às
vezes, por um elemento determinado e escolhido pelas famílias. Com o
tempo, a visão da escola foi se modificando para atender às mudanças
sociais. Hoje, como os conhecimentos a serem transmitidos não são do
domínio de todos e devido ao seu grande volume, essa transmissão cultural
só será viável por meio de instituições organizadas que denominamos
escolas.

67
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

Figura 23: Construção social da escola


Fonte:http://escoladeredes.ning.com/group/experimentoars?comme
ntId=2384710%3AComment%3A54239 . Acesso em: 24/01/2011

Podemos dizer que a escola é hoje considerada a instituição pela


qual é transmitida a herança social e, ao mesmo tempo, é a responsável
pelo desenvolvimento de novos conhecimentos. Porém, sua ação
não se limita apenas a isso, pois tem também a função de promover o
desenvolvimento global da personalidade do aluno, capacitando-o para
um bom desempenho social. Como essas funções são desempenhadas na
prática educativa? Qual o papel da gestão no cumprimento desta função?
Essas perguntas você deverá responder a elas após o estudo dessa unidade.

68
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

Figura 24: O papel da escola e a gestão escolar


Fonte: http://www.colegiokriaebrinca.com/v1/ . Acesso em: 24/01/2011

Sem dúvida, a escola tem o papel social de promover o bem-estar


físico, social e espiritual da comunidade, produzindo cultura e prestando
serviços, pois a comunidade tem expectativas em relação ao trabalho
da escola. Porém, o gestor precisa saber que essas expectativas devem
ser identificadas na comunidade e devem ser o ponto de partida para a
fixação dos objetivos do trabalho pedagógico desenvolvido pela escola. Na
elaboração dos objetivos educacionais, o gestor não pode se esquecer de
que estes são produtos de uma época e de uma sociedade e que, como
tal, devem ser encarados e propostos. Nesse contexto, a comunidade tem
influência significativa na elaboração do currículo da escola, devendo
preservar a sua participação através de um processo de construção coletiva;
daí a proposição da gestão democrática da escola pública.
Como demonstrado, as escolas devem se organizar na busca da
efetividade do processo ensino/aprendizagem, da gestão, da adequação
do ambiente escolar, dos recursos humanos e do envolvimento dos pais
e da comunidade. A escola organizada e estruturada, nessa perspectiva,
apresenta, entre outras, as seguintes características:
• o trabalho da equipe da escola, em particular dos professores,
deve ser sistematicamente avaliado;
• os pais devem participar das atividades desenvolvidas pela
escola, acompanhando e sugerindo atividades que tragam melhorias à
escola como um todo;
• a comunidade escolar deve apresentar programas especiais
cuidadosamente organizados;
• a escola deve contemplar ações voltadas para os alunos com
problemas de aprendizagem e outras dificuldades.

69
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

Com isso, as escolas públicas vivem hoje tempos difíceis e expõem


novos perfis de sujeitos que dela participam. As políticas educativas têm
proposto reinventar a escola, ressaltando que tal reinvenção implicaria o
desenho de novas formas de utilização de seus tempos e espaços, uma
nova organização dos saberes e/ou conhecimentos, bem como das relações
de poder, entre outras transformações. Assim, o gestor precisa estar atento
para o fato de que um novo formato escolar tenderia a valorizar a escola
como um espaço que garante a igualdade de oportunidades, respeita as
diferenças e prioriza:
• a circulação de diferentes conhecimentos e culturas;
• os conhecimentos específicos dos professores;
• os saberes cotidianos dos educandos.

4.2.2 Fundamentos filosóficos da escola

A escola é um espaço no qual se processa a educação em seu


aspecto formal, ocorre a comunicação educativa num processo de
interação entre quem ensina e quem aprende. A educação é a ação
e, como tal, justifica-se através de uma finalidade, sendo a Filosofia da
Educação que direciona esta ação educativa, pois é por meio de uma
reflexão sistemática, global e profunda dos problemas da educação que
o educador/gestor identifica a finalidade da ação educativa. A partir da
análise dos fundamentos filosóficos, a finalidade da educação é satisfazer
as necessidades e as expectativas do homem. Assim, ao selecionar os
conhecimentos que pretende contemplar na proposta pedagógica da
escola, o diretor e sua equipe não podem deixar de considerar o aspecto
sociológico e filosófico da educação.

4.3 ASPECTOS FORMAIS E INFORMAIS DA ORGANIZAÇÃO ESCOLAR

Para melhor entendimento da escola como organização,


precisamos descrevê-la em seus aspectos formais e informais, isto é,
segundo as prescrições que faz aos indivíduos quanto às exigências de
trabalho ou função (aspecto formal) e segundo os aspectos sociais que
se desenvolvem naturalmente por força da natureza social do homem
(aspecto informal). Almejando compreender esses aspectos, passamos a
abordá-los separadamente.

4.3.1 Aspectos formais da organização escolar

Para se descrever a escola em seus aspectos formais, é preciso


observar o tipo de atividade da sua função geral: o objetivo geral da escola
e, consequentemente, o lugar e as atribuições específicas dos indivíduos

70
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

que nela trabalham ou estudam, tendo em vista a consecução dos objetivos


propostos, pois a escola possui uma função social (política) importante no
processo de formação do indivíduo. Entre os elementos que constituem o
trabalho de formação que a escola realiza com o indivíduo, pode-se citar:
• sua formação para exercer a cidadania;
• modificação negativa do seu comportamento;
• sua conscientização para que possa compreender o mundo pela
leitura correta da realidade;
• sua conscientização para compreender a realidade pela ótica da
subordinação.

Figura 25: Estrutura formal da escola


Fonte: http://pt-br.paperblog.com/a-escola-possivel-de-miguel-arroyo-27826/
Acesso em: 24/01/2011

Observe que faz parte da estrutura formal da escola as leis e


regulamentos, os recursos humanos (diretores, professores, especialistas,
secretários), funcionários administrativos (serviços gerais, porteiros,
auxiliares...) e os recursos materiais (dependências físicas, mobiliário
e equipamento didático-pedagógico), que constituem exigências da
sociedade criadora e mantenedora da escola. Para a concretização dos seus
fins, a escola deve contar com recursos materiais, humanos e financeiros.
Na estrutura material da escola, deve ser considerado o prédio que
deverá oferecer as condições adequadas a um bom trabalho educativo.
Ela deve possuir: salas de aula amplas, refeitório, biblioteca, auditório,

71
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

pátio de recreação, quadra esportiva, instalações sanitárias, mobiliário e


equipamentos didáticos. Tudo isso faz parte da estrutura formal de uma
escola.

Figura 26: Educação uma questão nacional


Fonte: http://thiagopeixoto.com.br/admin/?p=2596
Acesso em: 24/01/2011

Além dos aspectos materiais e econômicos, a organização formal


da escola é composta por todas as determinações decorrentes de uma
estrutura racional-legal que estabelece as bases de funcionamento da
escola através da definição dos papéis e atribuição de funções específicas
aos membros do corpo docente, administrativo e discente (contemplados
nas leis e normas educacionais e ainda no regimento de cada escola).
Ressaltamos que a LDB n. 9394/96 possibilita diversas formas
de organização para a escola e elas devem ser de conhecimento do
administrador escolar. Entre elas, temos a organização da educação em
séries e em ciclos. Como a organização em série faz parte da formação
acadêmica e está presente na maioria das nossas escolas públicas de
primeiro grau, destacaremos a organização em ciclos. A adoção do sistema
de ciclos exige da sociedade uma nova concepção de escola, pois implica
alterações radicais, tais como:
• reorganizar o tempo e o espaço da escola e da sala de aula;
• construir uma nova relação entre professor e aluno e entre este
e o conhecimento;

72
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

• repensar o currículo, a didática e a avaliação, transformando as


relações entre escola e família.
A organização em ciclos implica, para a escola, diversas mudanças,
entre elas:
• nas relações espaço-temporais;
• nas dimensões curriculares;
• nas práticas e concepções de avaliação;
• nas relações hierárquicas no interior da escola;
• nas dinâmicas de gestão da educação.

Para a implementação do sistema de ciclos, tanto nas redes de


ensino quanto nas escolas, devem-se considerar os processos em que:
• a heterogeneidade das turmas seja entendida como uma força
motriz da aprendizagem;
• os avanços contínuos sejam condição para que os tempos e os
ritmos de aprendizagem sejam considerados;
• a avaliação torne-se um mecanismo investigativo acerca das
aprendizagens realizadas.

4.3.2 Aspectos informais da organização escolar

O aspecto informal da escola está relacionado à natureza social do


homem, ou seja, o aspecto informal da escola esta relacionado à condição
humana do sujeito ou à sua personalidade como forma de compensar as
limitações impostas pela organização formal que contraria esta condição
Para saber mais, leia sobre A
humana, própria do ser, assim como a sua personalidade. estrutura da escola de Antonio
Apesar de a escola procurar definir formalmente as funções e Cândido In Luiz Pereira e
Maria Alice Foracchi, Educação
papéis de seus agentes, estabelecendo programas de atividades a serem e sociedade (p.107).
desempenhadas, também prevê as possíveis interações entre os indivíduos
FORACCHI. M.; PEREIRA, L.
e a natureza humana e não se adapta inteiramente aos padrões pré- Educação e Sociedade. 6. ed.
estabelecidos. Ainda que a estrutura hierárquica e funcional seja montada São Paulo: Companhia Editora
Nacional,1976.
para garantir o funcionamento da escola de forma organizada, haverá
sempre um conjunto de atividades e de relações, que corresponde ao
desenvolvimento do comportamento social dos membros dos grupos que
compõem a comunidade escolar, que não são previstas oficialmente pela
organização.

73
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

Figura 27: Aspectos informais da escola


Fonte http://pt-br.paperblog.com/a-escola-possivel-de-miguel-arroyo-27826/
Acesso em: 27/01/2011

Além da estrutura formal da escola, existe no seu interior uma


estrutura informal em que nos deparamos com um conjunto de relações
diversas, sob diferentes formas, por exemplo, os grupos de estudos, culturais
ou recreativos, formados só de professores, de alunos, de outros segmentos
da comunidade escolar, ou de agrupamentos diferenciados desses membros.
Com isso, o diretor/gestor deve estar atento ao desenvolvimento da rede
de relações informais no interior da escola, pois esta poderá condicionar
o comportamento dos educandos e dos demais membros da organização
interferindo no seu sucesso. Dessa forma, os mecanismos que sustentam
a organização informal, dentro da escola, são: a liderança, as normas e as
sanções, devendo, portanto, o diretor ter pleno conhecimento delas para
atuar com eficácia na administração da escola.

4.4 GESTÃO DA ESCOLA: ATIVIDADES FUNDAMENTAIS DO DIRETOR

Você observou que a gestão dos sistemas de ensino constitui-se,


essencialmente, como um processo de articulação para o desenvolvimento
das propostas político-pedagógicas das escolas. Observou, também, que
esse processo se fundamenta e é conduzido segundo uma determinada
concepção de educação e de sociedade. Isso nos leva agora a iniciar
essas discussões falando dos pressupostos fundamentais da gestão escolar.
É preciso que você observe com atenção que os pressupostos que
fundamentam a organização das propostas pedagógicas das escolas se
constituem a partir da análise dos paradigmas educacionais, da definição
de organização escolar e da visão que se tem da finalidade da escola como
construtora da cidadania. Saiba que as decisões dos administradores são
tomadas para afetar não seu próprio comportamento, mas, principalmente,
o comportamento de outrem.

74
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

Você observou na terceira unidade a gestão, responsabilidade


principal da direção da escola, tem como função administrar o PPP da escola,
as pessoas que constituem a comunidade escolar e os aspectos físicos e
financeiros da organização escolar. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB – Lei 9.394/96), em seu artigo 14, estabelece que o “sucesso”
do processo e do projeto pedagógico é fruto de uma reflexão coletiva e que
sua adequação aos interesses e às necessidades dos diferentes grupos de
alunos definirá a qualidade de ensino e o espaço necessário à construção
do conhecimento e da cidadania. Nesse sentido, podemos reafirmar que o
PPP da escola é um processo democrático que orienta o caminho concreto
de melhoria da qualidade do ensino, permitindo o aprofundamento da
construção consciente da identidade do coletivo da escola e o crescimento
pessoal e profissional dos educadores, promovendo também mudanças
organizacionais na instituição escolar. Reiteramos que o PPP da escola
cria possibilidades de resistência às burocracias, à hierarquização dos
poderes de decisão e aos efeitos fragmentários da divisão do trabalho que
adentram a escola e ainda que este é um diferenciador na organização das
atividades da escola que busca a superação da alienação docente e espaço
de negociação e explicitação da intencionalidade educativa.
Dessa forma, a prática de construção de um PPP deve estar
amparada por concepções teóricas sólidas, o que supõe o aperfeiçoamento
e a formação de seus agentes (funcionários e professores) e direção da
comunidade educativa. Acreditamos que só assim serão rompidas as
resistências em relação a novas práticas educativas. Os agentes educativos
devem sentir-se atraídos por essa proposta, terão, pois, uma postura
comprometida e responsável. Para que a proposta seja efetiva, é necessário
que todos os membros da instituição escolar compreendam o seu papel
numa postura comprometida e responsável.
Na gestão da escola, existem algumas atividades que são
consideradas fundamentais ao processo de controle das ações
administrativas, entre elas:
• o estabelecimento de padrões de controle;
• o acompanhamento da execução;
• a adoção de medidas corretivas.

4.4.1 Administração da educação: instrumentos para a gestão escolar

Você viu através das discussões apresentadas neste caderno que


é o gestor quem tem a responsabilidade principal quanto à consecução
eficaz da política educacional do sistema de ensino, assim como o
desenvolvimento pleno dos objetivos educacionais propostos. O gestor
cumprirá seu papel organizando, dinamizando e coordenando todos
os esforços, além de controlar todos os recursos, humanos e materiais,

75
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

colocados à sua disposição. O desempenho dos agentes educativos e a


qualidade do processo ensino/aprendizagem estão ligados ao desempenho
do diretor.
Na administração escolar, as escolhas e tomadas de decisões devem
ser exercidos com fundamentos em informações, de fontes variadas, além
de resultarem da interpretação refletida da realidade escolar e social onde a
escola está inserida. O exercício das funções de direção, necessariamente,
pressupõe relações lógicas entre os fins a obter e os meios disponíveis, tudo
analisado sob a perspectiva da eficácia e da eficiência.

A eficácia da administração preocupa-se essencialmente


com a consecução dos objetivos intrinsecamente educa-
cionais, estando dessa forma, estreitamente vinculada aos
aspectos pedagógicos (FALCÃO FILHO, 2007, p. 56).

Segundo Falcão Filho (2007, p. 55), no paradigma da eficiência


o administrador, no exercício de suas funções, deverá preocupar-se,
prioritariamente, com os meios a serem utilizados no desenvolvimento
das atividades administrativas. Os meios aqui considerados são os
procedimentos e recursos materiais, financeiros e humanos disponíveis na
escola, a serem usados em consonância com o caráter efetivo e relevante que
deve caracterizar as ações dos gestores. Para isso, “os meios considerados
mais indicados precisam ser devidamente planejados e organizados a fim
de assegurar a otimização da utilização dos recursos disponíveis” (FALCÃO
FILHO, 2007, p. 55).
Cada administrador tem a sua própria personalidade, sua
inteligência, cultura geral e formação profissional, capacidade de
estabelecer relações pessoais, sua dinâmica emocional, atributos em função
dos quais serão interpretados os trabalhos a executar. No entanto, a gestão
da educação precisa atuar dentro de um marco legal e normativo para não
cometer irregularidades, porém não deve se deixar paralisar pelos aspectos
formais. “Da legislação pode ser deduzidas um rol das atribuições legais do
diretor” (VALERIEN, 20001, p. 13). O autor faz um alerta:

Para que possa fazer respeitar a legislação, o diretor de es-


cola deve conhecê-la perfeitamente. O conhecimento das
leis, decretos, portaria, instruções e regulamentos permitem
ao diretor encontrar respostas para uma grande quantida-
de de questões práticas: processos individuais, registros e
fichários, requerimentos, contabilidade, relatórios, etc. (VA-
LERIEN, 2001, p. 13).

Ressaltamos que o regimento escolar é um documento que


traduz e aplica as orientações gerais sobre o funcionamento da escola
para a realidade local. Assim, o regimento escolar pode ser visto como a
“lei da escola”. Esse documento é um dos mais importantes para orientar
as relações entre alunos, professores, funcionários e pais, sendo um dos
principais marcos de referência do trabalho do diretor. Observe que, com

76
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

o objetivo de desempenhar bem o seu papel, o diretor assume uma série


de funções, de natureza administrativa e pedagógica, conforme descrito
abaixo.
Eficiência é a forma correta
de utilização, pelo gestor, dos
a) Atividades de natureza administrativa recursos disponíveis.
Eficácia é a capacidade das
pessoas e das instituições
Podemos apontar como atividades de natureza administrativa, de alcançarem os objetivos
entre outras: e as metas com as quais se
comprometeram ou que a elas
• a organização e articulação de todos os segmentos que compõem foram propostas ou confiadas
a escola; (FALCÃO FILHO, 2007, p.
55-56).
• o controle dos recursos materiais e financeiros da escola; a
articulação e controle dos recursos humanos e articulação da escola com
a comunidade;
• articulação com o nível superior de administração do sistema
educacional;
• supervisão e orientação a todos os elementos, componentes da
comunidade escolar, a quem são delegadas responsabilidades no âmbito
da unidade escolar (FALCÃO FILHO, 2007).

b) Atividades de natureza pedagógica

O gestor escolar exerce não só atividades relativas ao processo


organizacional, como também função social e pedagógica (LIBÂNEO, 2008).
Assim, o caráter pedagógico da ação administrativa escolar consiste na
formulação de objetivos sociopolíticos e educativos e na criação de formas
de viabilizar, organizativa e metodologicamente, a educação. A gestão de
natureza pedagógica propõe avaliar o esforço da escola na atualização
e enriquecimento do seu currículo, pela adoção de processos criativos e
inovadores, levando em conta os resultados de avaliação dos alunos e o
trabalho dos professores com a proposta pedagógica da escola. Podemos
apontar como atividades de natureza pedagógica, sob a responsabilidade
direta do diretor, entre outras:
• a dinamização e assistência aos agentes educativos da escola,
para que eles desempenhem suas funções condizentes com os objetivos e
princípios educacionais propostos;
• promoção de um sistema de ação integrado e cooperativo;
• manutenção de um processo de comunicação claro e aberto
entre os elementos da comunidade escolar e entre a escola e a comunidade;
• acompanhamento, avaliação, estimulação à inovação e melhoria
do processo educacional desenvolvido na escola.
Nesse contexto, podemos afirmar que o gestor escolar deve ser
um profissional com consciência crítica do trabalho que desenvolve e que
realize planejamentos, através de ações participativas e coletivas, em que

77
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

a avaliação dos resultados envolva todos os responsáveis pelo processo de


ensino. Tal forma de gerir poderá possibilitar uma permanente reflexão
sobre as metas da escola como instituição de ensino comprometida com os
resultados da aprendizagem.

Figura 28: Liderança e gestão escolar


Fonte: http://philipealves.com.br/blog/tag/lideranca/
Acesso em: 28/01/2011

Para liderar a escola com eficácia, sugerimos que o diretor inclua,


no seu planejamento, ações diárias, semanais, mensais e anuais. Como por
exemplo, observar a ausência de professores, funcionários e alunos para
providenciar substituições, no caso de professores, e atividades alternativas
para os alunos.
O diretor deve desempenhar seu papel de forma democrática
e participativa como mediador, coordenador e facilitador das ações
desenvolvidas no interior da escola. Lembramos a importância de o
diretor ouvir alunos, professores e pais. Com a finalidade de ajudá-lo na
organização de um planejamento de gestão escolar, listaremos algumas
atividades que consideramos também inerentes ao fazer administrativo do
diretor de escola:
• Participar da reunião de apresentação dos projetos que serão
desenvolvidos na escola;
• Apresentar os projetos propostos sugeridos pela administração
central à equipe técnico-pedagógico da escola para leitura, análise e
discussão junto ao corpo docente;

78
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

• Comunicar a adesão da escola aos projetos propostos;


• Reunir os pais e os alunos para a socialização das ações dos
projetos propostos;
• Mobilizar o pessoal a ser envolvido nas ações dos projetos da
escola;
• Identificar as prioridades e estabelecer metas a serem alcançadas
no âmbito escolar;
• Levantar as necessidades de infraestrutura da escola para
contemplação de ações no projeto político-pedagógico da escola;
• Estabelecer relações e contatos com as equipes dos órgãos
centrais, das instituições parceiras e órgãos afins, através de reuniões
periódicas de planejamento, acompanhamento e avaliação;
• Oferecer apoio técnico para a execução das ações dos projetos
da escola;
• Coparticipar com a equipe técnica dos projetos da elaboração
de relatórios sobre o desenvolvimento das ações dos projetos e outras
atividades desenvolvidas na escola;
• Sugerir e executar ações que aperfeiçoem o desenvolvimento
das ações desenvolvidas na escola;
• Participar ativa e regularmente das atividades realizadas na
escola;
• Acompanhar, em articulação com o coordenador pedagógico, o
desenvolvimento das ações dos projetos da escola;
• Discutir com a equipe escolar e pais dos alunos os produtos dos
projetos desenvolvidos na escola;
• Participar dos seminários de integração dos projetos e, quando
convocado, participar de assembleias e fóruns de parceiros da escola.
Observe que algumas das atividades propostas somente poderão
ser realizadas diretamente pelo diretor, porém algumas delas podem ser
delegadas para outros funcionários da escola. Além do PPP da escola, o
diretor precisa atentar-se para a necessidade da elaboração do PDE, pois
ele é considerado um instrumento de gestão que objetiva a orientação
das escolas no que concerne ao planejamento, à execução e à avaliação
das atividades da instituição escolar e que deve ser elaborado de modo
participativo por toda comunidade escolar.

c) Atividades com os alunos

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, os


dirigentes de estabelecimentos de ensino devem comunicar ao conselho
tutelar, entre outros, os casos de: elevados níveis de repetência, maus-
tratos envolvendo os alunos, reiteração de faltas injustificadas e de evasão
escolar.

79
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

4.4.2 A gestão e o Plano Nacional de Educação

No caderno de Política Educacional, você estudou sobre o Plano


Nacional de Educação e viu que ele foi aprovado pela Lei 10.172, de 9
de janeiro de 2001, o qual indica, entre os objetivos e metas da gestão, o
estabelecimento, nos Estados, em cinco anos, com a colaboração técnica
e financeira da União, de um programa de avaliação de desempenho que
atinja, pelo menos, todas as escolas com mais de 50 alunos no ensino
fundamental e médio e, nos Municípios, em cinco anos, de programas
de acompanhamento e avaliação dos estabelecimentos de educação
infantil. Isso consolida o princípio de que a escola de educação básica
tem necessidade de se autoavaliar e de ser avaliada externamente devido
ao caráter público de suas ações. Como seu custeio e resultados afetam
toda a sociedade, a escola deve ser avaliada em termos de sua eficácia
social e da eficiência de seu funcionamento. Observe que isso se refere ao
desenvolvimento da cultura da avaliação institucional. Vale aqui dizer que
a avaliação institucional preocupa-se essencialmente com os resultados das
ações educativas da escola, em particular os relativos a ensinar e aprender,
realizando processos autoavaliadores, geradores da crítica institucional e
fiadores da construção coletiva, devendo o diretor acompanhar todo esse
processo.
Diante do estudo realizado, você pode concluir que a escola
deve ser um dos principais locus de aprendizagem e de apropriação/
produção do conhecimento sistematizado, devendo o diretor zelar pelo
cumprimento das funções da escola, com qualidade. Nesse sentido, pode-
se dizer que a contribuição da escola, para a democratização do ensino
escolar, está expressa, principalmente, em expandir a educação para todos
por intermédio de conteúdos universais e que a gestão da educação é a
ligação principal entre a escola e a sociedade.

FALCÃO FILHO, J. L. M. Exercícios de direção. In: Revista AMAE Educando,


n. 223, out./1991, p. 11-16.

______. Gestão compartilhada. In: Revista Brasileira de Administração


da Educação. ANPAE, Brasília, v. 8, n 2, p. 9-33, jul./dez. 1992.

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81
RESUMO

Resumindo a unidade I
Nesta unidade, vimos que a administração aplicada à educação
fundamenta-se na universalidade dos princípios da Administração
Empresarial e que, nas teorias chamadas clássicas, o pressuposto
fundamental da administração é o poder motivador que uma estrutura
formal por si mesma impunha a uma organização. Vimos, também, que
as teorias clássicas da administração se dividem principalmente em duas
ideias: a de Taylor e a de Fayol. A teoria defendida por Taylor fala da
importância da divisão de tarefas, através da observação das atividades
físicas dos trabalhadores, na qual a administração científica se ocupa em
buscar a maneira pela qual uma tarefa pode ser melhor realizada. Já a
teoria defendida por Fayol destaca as vantagens de maior discriminação
entre os problemas de execução direta dos serviços pelos trabalhadores
e os de sua coordenação, mediante órgãos de gestão especializados,
chamados departamentalização. Fayol focou sua atenção na estrutura da
empresa e definiu a administração como previsão, organização, comando,
coordenação e controle. Vimos, também, que o aspecto principal da
função administrativa na escola clássica de administração era a ênfase na
produção. A teoria da burocracia é uma corrente baseada nos trabalhos de
Max Weber, e a teoria estruturalista se baseia em alguns princípios como:
formalização, divisão do trabalho, hierarquia, competência técnica e
meritocracia. A abordagem comportamental da administração deu ênfase
aos aspectos da liderança e da motivação no comportamento produtivo.

Resumindo a Unidade II
Nesta unidade, enfocamos que a administração é uma prática
milenar, mas que a administração moderna tem sua origem nos países
desenvolvidos da Europa e da América do Norte, onde foi concebida,
e que um sistema educacional é composto e interligado por diversos
órgãos: secretaria de educação e seus setores, conselhos educacionais,
escolas. A gestão da educação no Brasil iniciou-se com a administração
da educação baseada nos princípios da administração clássica que
prioriza o enfoque organizacional na administração, mas também seguiu
os princípios da teoria comportamental. O modelo burocrático de gestão
tem sua origem nas teorias clássica e científica da administração. Nele,
as rotinas são fundamentais, o risco deve ser reduzido ao mínimo e os
conflitos, resultantes das relações entre os sujeitos, são indispensáveis e

83
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

devem ser controlados pela autoridade do diretor. A administração tem


correspondência na realidade concreta da sociedade capitalista, em que
o complexo de processos envolvidos na gestão educacional compreende
as atividades específicas de planejamento, organização, gerenciamento,
avaliação de resultados, aplicação de recursos e prestação de contas.
Para uma gestão democrática da educação, é imprescindível considerar
também os determinantes econômicos e sociais. O paradigma de escola
cidadã concebe uma gestão democrática da educação pública que deverá
estar comprometida com a inclusão social, fundamentada no modelo
cognitivo/afetivo que deverá possuir clareza de propósitos e ainda estar
subordinada aos interesses dos cidadãos a que serve. Para se realizar uma
boa administração, o gestor deve estabelecer claramente as funções e as
atribuições de cada funcionário, estabelecendo as relações hierárquicas, e
um diretor competente precisa ser capaz de envolver todos os membros
de sua equipe de trabalho numa administração que considere: o contexto
político, social e econômico no qual estão inseridos. Vimos, também, que
na gestão da educação é preciso que o gestor tenha: competência técnica,
competência política e competência humana.

Resumindo a unidade III


Nesta unidade, vimos que a luta pela educação básica trouxe desde
a sua origem a concepção de democratização como acesso universal e que,
nos anos 1990, a luta pela democratização do ensino assume, no âmbito
da educação básica, o caráter da qualidade, da busca da permanência
e da conclusão da escolaridade como um direito social. Na gestão da
educação, há uma necessidade de superação das relações de verticalidade
na administração escolar, sugerindo o estabelecimento de relações que
ressaltem a dimensão do coletivo e o poder decisório da escola. Numa escola
democrática, o trabalho dos profissionais da educação deve ser realizado
coletivamente. A abordagem participativa na gestão escolar demanda maior
participação de todos os membros da comunidade escolar, interessados no
processo decisório da escola e que uma gestão participativa envolve, além
dos professores e outros funcionários da escola, os pais, os alunos, entre
outros representantes da comunidade que estejam interessados na escola
e na melhoria do processo pedagógico desenvolvido por ela. Na gestão
democrática, é fundamental que os membros da comunidade escolar
apresentem e debatam suas ideias de forma a construir coletivamente as
prioridades, fundamentais às tomadas de decisão sobre as ações a serem
desenvolvidas pela escola, e que é no trabalho compartilhado que o diretor
realiza sua missão de líder. O Colegiado é o espaço institucional para o
diálogo e para a troca de experiência entre o diretor e os representantes
dos diferentes segmentos da comunidade escolar, e a democracia supõe
e nutre a diversidade dos interesses, assim como a diversidade de idéias,
favorecendo uma relação rica e complexa, indivíduo/sociedade. Vimos,

84
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

também, que a gestão da educação é concebida como um processo


político-administrativo contextualizado, através do qual a prática social da
educação é organizada, orientada e viabilizada.
Resumindo a unidade IV
Nesta unidade, vimos que a escola consiste num grupo social com
uma composição e organização definida, que a educação escolar realiza
sua finalidade tanto na dimensão individual como na dimensão social e que
a especificidade da organização educacional é determinada pelos fatores
que a caracterizam e a tornam singular, distinta das demais organizações
sociais. Vimos que a busca da escola pelas massas ocorreu tanto pela
necessidade pessoal de capacitação para o trabalho como pela vontade
de ocupar uma posição social e que a escola torna-se necessária como
instrumento de ação e controle social, bem como elemento de formação
e orientação do indivíduo para o desempenho de diferentes papéis diante
da sociedade. A escola tem o papel social de promover o bem-estar físico,
social e espiritual da comunidade, produzindo cultura e prestando serviços,
e o gestor precisa estar atento para o fato de que um novo formato escolar
tenderia a valorizar a escola como um espaço que garante a igualdade de
oportunidades, respeita as diferenças e prioriza a circulação de diferentes
conhecimentos e culturas. A escola é um espaço no qual se processa a
educação em seu aspecto formal onde a comunicação educativa ocorre
num processo de interação entre quem ensina e quem aprende. Vimos
também que dentre os elementos que constituem o trabalho de formação
que a escola realiza com o indivíduo pode-se citar entre sua formação
para exercer a cidadania; a modificação do seu comportamento assim
como sua conscientização para que possa compreender o mundo pela
leitura correta da realidade. Para a concretização dos seus fins, a escola
deve contar com recursos materiais, humanos e financeiros e, apesar da
escola procurar definir formalmente, as funções e papéis de seus agentes,
ela também prevê as possíveis interações entre os indivíduos, a natureza
humana. Os s mecanismos que sustentam a organização informal, dentro
da escola, são: a liderança, as normas e as sanções. O gestor escolar exerce
atividades relativas ao processo organizacional e, também, função social e
pedagógica. O caráter pedagógico da ação administrativa escolar consiste na
formulação de objetivos sociopolíticos, e o diretor deve desempenhar seu
papel de forma democrática e participativa, como mediador, coordenador
e facilitador das ações desenvolvidas no interior da escola.

85
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89
ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
AA

1) Com base nos estudos realizados cite os elementos considerados comuns


à ação administrativa, em qualquer tipo de organização.
______________________________________________________________
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2) Caracterize o modelo de gestão democrática destacando suas principais


características.
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3) Segundo Paro (2008), a análise da estrutura e do funcionamento da


escola fundamental democrática pode amparar- se em dois princípios: o
técnico e o político. O princípio técnico corresponde:
a) ( ) à utilização racional de recursos para a concretização da
intencionalidade educativa, o que implica coerência entre meios e fins,
tanto na dimensão individual quanto na social.
b) ( ) à postura ética dos sujeitos envolvidos na relação pedagógica,
postura que repercute nas formas de organização do poder e da
autoridade na gestão da escola.
c) ( ) ao ordenamento organizacional que propicie a motivação
interna dos agentes, para que sejam criadas condições democráticas da
educação.
d) ( ) à formação continuada de professores, a fim de que viabilizem a
adoção de práticas educacionais comprometidas com a transformação da
realidade social.

91
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

4) Segundo Vasconcellos (2000), para tornar menor o sofrimento de


toda a comunidade escolar, nas mais específicas dimensões da escola
(comunitárias e administrativas, além da pedagógica), até as mais gerais
(políticas, culturais, econômicas etc.), a função do PPP é de justamente...
a) ( ) criar condições de ações exigidas pelo poder público.
b) ( ) ajudar a resolver problemas, a transformar a prática.
c) ( ) definir as competências dos profissionais da educação.
d) ( ) dimensionar o trabalho da escola tradicional.

5) Em que consiste o caráter pedagógico da ação administrativa escolar?


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6) Cite pelo menos cinco atividades de natureza pedagógica sob a


responsabilidade direta do diretor escolar.
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7) Com base nas discussões apresentadas na unidade II, elabore sua


concepção de gestão escolar.
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92
Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

8) Na compreensão de Paro (2008), a gestão democrática demanda que a


direção seja exercida por um colegiado, do qual o diretor é o presidente.
Marque a contribuição dessa forma de gestão para o alcance dos objetivos
democráticos da educação.
a) ( ) adotar práticas bem-intencionadas que possibilitem ao gestor
escolar agir em nome da comunidade sem ouvir as pessoas e os grupos
favorecidos com o processo.
b) ( ) construir uma autonomia administrativa por meio de regras
compartilhadas, a fim de que se estabeleçam os limites necessários à
concretização da própria democracia.
c) ( ) legitimar as decisões anteriormente alinhavadas por docentes
e técnicos da escola e definir critérios para a aplicação de recursos
financeiros disponíveis.
d) ( ) superar a direção monocrática da escola pública, dissolvendo a
hierarquia autoritária vigente, de modo que as atividades meio e fim não
contradigam a característica democrática do ato educativo.

9) Cite algumas funções consideradas próprias de uma administração


eficiente, eficaz e dinâmica:
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10) Visite uma escola do seu município e elabore seu organograma, após
a visita faça a análise do organograma fundamentando-se nas teorias da
administração estudadas na primeira unidade deste caderno. (Atenção! Ao
enviar essa atividade, coloque anexo o organograma da escola visitada).
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