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Capítulo II – Perturbações no Sistema Elétrico e Normas Sobre Qualidade de Energia 2014

CAPÍTULO II

PERTURBAÇÕES NO SISTEMA ELÉTRICO E NORMAS SOBRE


QUALIDADE DE ENERGIA

PERTURBAÇÕES NO SISTEMA ELÉTRICO

2.1 – Considerações Iniciais

Entre os problemas de qualidade de energia, a interrupção do fornecimento é


incontestavelmente, uma vez que afeta todos os equipamentos ligados à rede elétrica,
à exceção daqueles que sejam alimentados por UPS´s (Uninterruptable Power
Supplies – sistemas de alimentação ininterrupta) ou por geradores de emergência.
Contudo, outros problemas de qualidade de energia, além de levarem à operação
incorreta de alguns equipamentos, podem também ser danificados.

2.1.1 – Harmônico

Harmônico é uma componente de uma onda periódica, cuja frequência é


múltiplo inteiro da frequência fundamental no caso 60 Hz.

A distorção harmônica é contra o objetivo da qualidade de energia, do


suprimento promovido por uma concessionária de energia elétrica, a qual deve
fornecer aos seus consumidores uma tensão puramente senoidal, com amplitude e
frequência constantes.

No entanto o fornecimento de energia a determinados consumidores, que


causam deformação no sistema supridor prejudica não apenas o consumidor
responsável pelo distúrbio, mas também outros conectados à mesma rede elétrica.

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Com o rápido desenvolvimento da eletrônica de potência e a utilização de


métodos que buscam o uso mais racional da energia elétrica, o conteúdo harmônico
presente nos sistemas tem-se elevado, causando uma série de efeitos indesejáveis
em diversos equipamentos, comprometendo a qualidade e o próprio uso racional da
energia elétrica.

A figura 2.1 tem como objetivo analisar a forma de onda que não se tem mais
uma senóide, e sim uma formato de onda quadrada, ou seja, uma grande distorção
produzida por harmônico.

Figura 2.1 – Tensão Resultante da Componente Fundamental, 3° e 5° Harmônica.

2.1.1.1 - Distorção Harmônica Total

A distorção harmônica pode ser quantificada de várias formas. Uma das mais
comuns é a Distorção Harmônica Total - DHT do inglês (Total Harmonic Distortion -
THD). Ela representa a distorção devida a todos os harmônicos presentes em um

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sinal. É definida como sendo uma porcentagem da frequência fundamental e é


calculada através da seguinte equação:

Onde C1 e Cn são as amplitudes dos harmônicos de frequências fundamental


de ordem “n”, respectivamente.
Deste modo, basta substituir os valores de Cn por valores de amplitudes de
tensão ou corrente para se determinar a Distorção Harmônica Total de Tensão (DHTV)
ou Distorção Harmônica Total de Corrente (DHTI).
Distorção Total de Harmônica na Tensão (DHTV):

Distorção Total de Harmônica na Corrente (DHTI):

2.1.1.2 – Efeitos Harmônicos


A presença de harmônicos contribui para a redução da vida útil do sistema e
dos equipamentos a ele ligados. Alguns dos efeitos harmônicos relacionados a esses
equipamentos são:
 Banco de Capacitores: Fora o aspecto de ressonância, o principal efeito
nocivo dos harmônicos sobre os capacitores é o aumento de perdas com
consequente de aquecimento adicional.

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 Sistemas de iluminação: Os harmônicos podem afetar sensivelmente a


vida útil das lâmpadas elétricas, gerando efeitos diferenciados em
função do tipo de lâmpada em questão. As lâmpadas incandescentes,
por exemplo, sofrem reduções sensíveis em sua vida útil média quando
operam com tensões distorcidas e, fundamentalmente, quando o valor
eficaz da tensão a elas aplicada encontra-se acima do valor nominal (o
que pode decorrer da presença de harmônicos). Nesta situação, a
elevação da temperatura do filamento incandescente será o fator
determinante das queimas prematuras.
 Transformadores: O efeito resultante é o aumento das perdas no ferro e
aumento dos harmônicos de corrente de excitação. Em transformadores
para instrumentos ocorrem erros na relação de transformação pela
influência dos harmônicos.
 Motores de Indução: O fator limitante no funcionamento da máquina e o
sobreaquecimento na fase mais solicitada, ponto mais crítico, é que
determina a vida útil do motor, sendo este aquecimento decorrente das
perdas suplementares no cobre e no ferro. As perdas suplementares no
cobre são devidas as correntes harmônicas que circulam nos
enrolamentos do estator e rotor.
 Máquinas Síncronas: Os efeitos dos harmônicos de tensão em máquinas
síncronas são similares àqueles produzidos em motores de indução, ou
seja, perdas adicionais no cobre.
 Medidores de Energia: A distorção de tensão e corrente pode resultar
em degradação da exatidão de medidores de energia ativa tipo indução.
Em geral, a distorção deve ser elevada (>20%) para produzir erro
significativo.
 Relés de Proteção: Os harmônicos de tensão e corrente afetam os relés
de proteção de diversas maneiras, produzindo a degradação de suas
características operacionais. Relés que dependem para operações de
valores de pico ou de passagem por zero das ondas de tensão ou
corrente, serão afetados pela distorção das formas de onda.
 Computadores e Periféricos: Os fabricantes de computadores e
periféricos impõem limites de distorção harmônica para os seus

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produtos, variando de fabricante para fabricante. Para um fabricante, a


distorção harmônica total de tensão é de no máximo 3%, enquanto que
para outro é de 5%.
 Conversores Estáticos de Potência: Dispositivos eletrônicos tais como
retificadores, inversores e ciclo-conversores, equipamentos estes
sensíveis ao ponto de passagem por zero da onda de tensão são
afetados pela distorção harmônica. O efeito resultante no conversor é o
deslocamento do ponto natural de comutação, com consequente
alteração de seu desempenho, que no caso de retificadores controlados,
pode resultar em tensão de saída mais baixa e pior fator de potência. Já
nos inversores, pode resultar até em falhas de operação por curto-
circuito interno decorrente de erros de comutação.
 Sistemas de Comunicação: Um dos tipos mais frequentes de
interferência é o ruído nas comunicações telefônicas. Estes ruídos são
causados pela presença de correntes e tensões harmônicas no sistema
de potência, devido ao acoplamento existente no sistemas de
comunicação, através do campo magnético e elétrico existente.
A distorção harmônica causa muito prejuízo nas plantas industriais, como perda
de produtividade, paradas indesejáveis na produção causadas por inesperadas falhas
em motores, acionamentos, fontes ou simplesmente “repicar” de disjuntores.

Além disso, consumidores conectados no mesmo ponto ficam submetidos a


tensões perigosas, mesmo não sendo portadores de cargas poluidoras em sua
instalação.

2.1.2 – Transitórios

Os transitórios são fenômenos eletromagnéticos oriundos de alterações


súbitas nas condições operacionais, de um sistema de energia elétrica. Geralmente a
duração de um transitório é muito pequena, mas de grande importância.

Existem dois tipos de transitórios: os impulsivos, causados por descargas


atmosféricas, e os oscilatórios, causados por chaveamentos.

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2.1.2.1 - Transitório Impulsivo

É súbito, não provoca alterações nas condições de estado permanente da


tensão ou da corrente; sua polaridade é unidirecional (positiva ou negativa). A causa
mais comum de transitórios impulsivos são as descargas atmosféricas. Em razão da
alta frequência, os transitórios impulsivos são amortecidos rapidamente devido à
resistência dos componentes do sistema. Geralmente não são conduzidos para muito
longe do ponto onde foram gerados. Estes transitórios podem excitar ressonâncias
naturais do sistema elétrico e provocar outros tipos de transitórios como os transitórios
oscilatórios.

2.1.2.2 - Transitório Oscilatório

O transitório oscilatório consiste de variações de tensão e de corrente cujos


valores instantâneos mudam de polaridade rapidamente. Os transitórios oscilatórios
ocorrem devido à resposta do sistema elétrico à incidência de transitórios impulsivos,
a energização de banco de capacitores, de transformadores, e também a ferro-
ressonância.

Figura 2.2

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2.1.3 – Variações de Curta Duração

Variações de tensão de curta duração são geralmente causadas por faltas no


sistema elétrico, e por energização de cargas que absorvem grandes correntes
iniciais. Dependendo da localização da falta e das características de aterramento do
sistema, a falta poderá causar afundamento de tensão, ou até a interrupção. As
variações de curta duração podem ser divididas em:

2.1.3.1 - Interrupções Transitórias

Considera-se interrupção, quando a tensão de suprimento decresce a um valor menor


que 0,1 p.u., por um período de tempo que não exceda 1 minuto. Interrupções podem
ser resultados de curtos-circuitos no sistema ou de falhas em equipamentos.

2.1.3.2 - Afundamentos de Tensão

O afundamento de tensão é caracterizado pela redução do valor eficaz da


tensão entre 0,10 p.u e 0,90 p.u. com duração de 0,5 ciclos á 1 minuto. Está
normalmente associado a curtos-circuitos no sistema, mas pode ser causado também
pela energização de grandes blocos de carga, o que inclui a partida de grandes
motores.

Quando a causa é a ocorrência de curto-circuito, verifica-se geralmente o


afundamento de tensão durante o tempo de permanência da falta, ou seja, desde o
instante inicial do defeito até a completa eliminação do mesmo.

2.1.3.3 - Elevações de Tensão

A elevação de tensão é definida como um acréscimo no valor eficaz da tensão,


com duração entre 0,5 a 1 minuto, com magnitude típica de 1,1 p.u. a 1,8 p.u..

As elevações de tensão estão normalmente associadas a curtos-circuitos fase-


terra em sistemas isolados ou sistemas aterrados, através de impedâncias de alto
valor, resultando num acréscimo da tensão fase - neutro nas fases onde o valor da
tensão é nominal. A elevação de tensão pode também ser causada pela saída súbita
de cargas.

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2.1.4 – Variações de Longa Duração

As variações de longa duração englobam variações do valor RMS da tensão


por um tempo superior a 1 e até 3 minutos, sendo considerado distúrbio de regime
permanente. São normalmente sobretensões ou subtensões no sistema, causadas
por variações de carga ou por perda de interligações no sistema elétrico. As variações
de longa duração podem ser classificadas em:

2.1.4.1 – Sobretensões

Uma sobretensão de curta duração, ou “swell”, é definida como um aumento


entre 1,1 p.u. a 1,8 p.u. na tensão eficaz, na frequência da rede, com duração entre
0,5 ciclos a 1 minuto. Os “swells” estão geralmente associados com condições de falta
no sistema. Esse fenômeno pode também estar associado com a saída de grandes
blocos de cargas, ou com a energização de grandes bancos de capacitores.

Como consequência das sobretensões de curta duração em equipamentos,


podem-se citar falhas dos componentes, dependendo da frequência de ocorrência do
distúrbio. Dispositivos eletrônicos incluindo computadores e controladores eletrônicos
podem apresentar falhas imediatas durante essas condições.

Transformadores, cabos, barramentos, dispositivos de chaveamento, PT´s.,


TC´s e máquinas rotativas podem ter a vida útil reduzida.

Figura 2.3

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2.1.4.2 – Subtensões

São consideradas subtensões os decréscimos do valor eficaz de tensão abaixo


de 0,90 p.u., com duração superior a 1 minuto.

As subtensões são o resultado da ocorrência de eventos que são contrários


àqueles que causam sobretensões. A entrada de carga, a saída de banco de
capacitores e a sobrecarga em alimentadores são as causas mais comuns de
subtensões no sistema.

2.1.4.3 – Interrupções Sustentadas

As variações de tensão de curta duração podem ser caracterizadas por


alterações instantâneas, momentâneas ou temporárias. Tais variações de tensão são,
geralmente, causadas pela energização de grandes cargas que requerem altas
correntes de partida, ou por intermitentes falhas nas conexões dos cabos do sistema.

Uma queda de tensão de curta duração, também chamada de “sag”, é


caracterizada por uma redução no valor eficaz da tensão, entre 0,1 p.u. a 0,9 p.u., na
frequência fundamental, com duração entre 0,5 ciclos a 1 minuto.

2.1.5 - Desequilíbrio de Tensão

O desequilíbrio pode ser definido como desvio máximo da corrente ou tensão


trifásica, dividida pela média das correntes ou tensões trifásicas, expressado em
porcentual.

A origem desse desequilíbrio geralmente está no sistema de distribuição, pois


possuem cargas monofásicas distribuídas inadequadamente, fazendo surgir no
circuito, uma tensão de sequência negativa.

Esse problema se agrava quando consumidores alimentados de forma trifásica,


possuem uma má distribuição de carga em seus circuitos internos, impondo correntes
desequilibradas no circuito da concessionária.

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Tais fatores fazem com que a qualidade no fornecimento de energia seja


prejudicada, e alguns consumidores tenham em suas alimentações um desequilíbrio
de tensão. Esse desequilíbrio de tensão pode apresentar problemas indesejáveis na
operação de equipamentos, dentre os quais se destacam:

2.1.5.1 - Motores de Indução

Analises dos efeitos de tensões desequilibradas aplicadas a um motor de


indução, consideram-se somente os efeitos produzidos pelas tensões de sequência
negativa, que somados aos resultados da tensão de sequência positiva, resultam, no
sobreaquecimento e no conjugado pulsante no eixo da máquina.

Como consequência direta dessa elevação de temperatura tem-se a redução


da expectativa de vida útil dos motores, visto que o material isolante sofre uma
deterioração maior na presença de elevadas temperaturas nos enrolamentos.

2.1.5.2 - Máquinas Síncronas

Como no caso anterior, a corrente de sequência negativa flui através do estator


de uma máquina síncrona, e cria um campo magnético girante com velocidade igual
à do rotor, porém no sentido contrário a rotação definida pela sequência positiva.

Consequentemente as tensões e as correntes induzidas nos enrolamentos de


campo, de amortecimento e na superfície do ferro do rotor terão uma frequência igual
a duas vezes à da rede, aumentando significativamente as perdas no rotor.
2.1.5.3 – Retificadores

Uma ponte retificadora CA/CC, controlada ou não, injeta na rede CA, quando
se opera sobre condições nominais, correntes harmônicas características de ordem
5°, 7°, 11°, 13°, e entre outras.

Quando o sistema supridor encontra-se desequilibrado, os retificadores


passam a gerar além das correntes harmônicas características a 3° harmônica e seus
múltiplos.

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A presença do 3° harmônico e seus múltiplos no sistema elétrico é


extremamente indesejável, pois possibilita manifestação de ressonância não prevista,
causando danos a uma série de equipamentos.

2.1.6 – Distorção da Forma de Onda

Distorção de forma de onda é o desvio, em regime permanente, da forma de


onda da corrente ou tensão em relação ao sinal senoidal puro. São basicamente
quatro os principais tipos de distorção de forma de onda:

2.1.6.1 – Ruído

Definido como um sinal elétrico indesejado, contendo uma larga faixa espectral
com frequências menores que 200KHZ, as quais são superpostas a tensões ou
correntes de fase, ou encontradas em condutores de neutro.

Os ruídos em sistemas de potência podem ser causados por equipamentos


eletrônicos de potência, circuitos de controle, equipamentos a arco, retificadores a
estado sólido e fontes chaveadas, normalmente estão relacionadas com aterramentos
impróprios.

Figura 2.4

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2.1.6.2 – Corte de Tensão (Notching)

O corte é um distúrbio periódico na tensão, causado pela operação normal dos


equipamentos que se utilizam eletrônica de potência, quando a corrente comuta de
uma fase para a outra.

Durante este período, ocorre um curto-circuito momentâneo entre duas fases,


provocando a redução súbita da tensão cuja intensidade depende das impedâncias
do sistema.

A operação de conversores estáticos é a causa mais comum para o surgimento


do corte de tensão.

2.1.6.3 – DC Offset

A presença de tensão DC ou corrente DC em sistemas AC é denominada DC


offset. Este fenômeno pode ocorrer devido ao efeito de retificação de meia onda.

Observa-se que corrente contínua em redes de corrente alternada provoca


acréscimo da saturação, sobreaquecimento e redução de vida útil de transformadores.

2.1.7 – Inter Harmônicos

Componentes de frequência, em tensão ou corrente, que não são múltiplos


inteiros da frequência fundamental do sistema supridor (50hz ou 60hz). Eles podem
aparecer como frequência discreta ou como larga faixa espectral. Os Inter Harmônicos
podem ser encontrados em rede de diferentes classes de tensão.

Principais fontes são conversores estáticos de potência, ciclo conversores,


motores de indução e equipamentos a arco. Sinais “Carrier” em linhas de potência
também podem ser considerados como Inter harmônicos.

Os efeitos desse fenômeno não são bem conhecidos, mas admitem-se que eles
podem afetar a transmissão de sinais “Carrier” e induzir flicker visual no display de
equipamentos como tubos de raios catódicos.

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Figura 2.5

2.1.8 – Variações na Frequência do Sistema Elétrico

Variações na frequência de um sistema elétrico são definidas como sendo


desvio no valor da frequência fundamental desse sistema (50hz ou 60hz).

A frequência do sistema de potência está diretamente associada com a


velocidade de rotação dos geradores que suprem o sistema. Pequenas variações de
frequência podem ser observadas como resultado do balanço dinâmico entre carga e
geração, no caso de alguma alteração na variação da faixa de 60 Hz 0,5Hz.

Variação de frequência que ultrapassa o limite para operação normal em


regime permanente, pode ser causada por faltas em sistemas de transmissão, saída
de um grande bloco de carga, ou pela saída de operação de uma grande fonte de
geração.

Em sistemas isolados, como é o caso da geração própria nas indústrias, na


eventualidade de um distúrbio, a magnitude e o tempo de permanência das máquinas
operando fora da velocidade, resultam em desvios da frequência em proporções mais
significativas.

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NORMAS SOBRE QUALIDADE DE ENERGIA ELÉTRICA

2.2 – Considerações Iniciais

O conceito de qualidade de energia elétrica está relacionada a um conjunto de


alterações que podem ocorrer no sistema elétrico.

Uma boa definição para o problema de qualidade de energia elétrica é:


“Qualquer problema de energia manifestada na tensão, corrente ou nas variações de
frequência, resultam em falha ou má operação dos equipamentos ligados ao sistema
de energia elétrica”.

Tais alterações podem ocorrer em várias partes do sistema de energia elétrica,


seja nas instalações de consumidores, seja no sistema supridor da concessionária.

Esses problemas vêm se agravando rapidamente em todo o mundo por


diversas razões, das quais destacamos duas:

1° - Instalação cada vez maior de cargas não lineares. O crescente


interesse pela racionalização, e pela conservação da energia elétrica, tem
aumentado o uso de equipamentos que em muitos casos, aumentam o nível da
distorção harmônica e pode levar o sistema a condições de ressonância.

2° - Maior sensibilidade dos equipamentos instalados aos efeitos dos


fenômenos (distúrbios) de qualidade de energia.

Em alguns ramos de atividade, como na indústria, os impactos econômicos da


qualidade de energia são enormes. Nesses setores, uma interrupção elétrica de até
um minuto pode ocasionar prejuízos de até $ 500 mil.

Diante desse potencial de prejuízo possível, fica evidente a importância de uma


análise e um diagnóstico da qualidade de energia elétrica, no intuito de determinar as
causas e as consequências dos distúrbios no sistema elétrico, além de apresentar
medidas técnicas e economicamente viáveis para solucionar o problema.

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2.2.1 - Normas e Organizações Relacionadas a Qualidade de Energia

A Europa é a região do planeta mais avançada no quesito de normas de


qualidade de energia, uma vez que a norma EM 50160 foi oficialmente adotada por
vários países. Nos EUA, muitas concessionárias têm usado como a IEEE 519 apenas
como referência, raramente incluindo clausulas sobre esse assunto nos contratos com
clientes. Entretanto, o clima de desregulamentação pode significar que contratos com
cláusulas de qualidade de energia possam vir a ser comuns no futuro. Segue lista de
normas e entidades:

2.2.1.1 - EM 50160

É uma norma que cobre flicker, Inter harmônicas, desvios/variações de tensão


e muito mais.

2.2.1.2 - IEC 61000-2-4


Estabelece os níveis de compatibilidade para redes industriais (Tabela 2.3).
Definem-se três classes com exigência de compatibilidade diferente em função dos
ambientes eletromagnéticos possíveis:
 Classe 1 – Aplica-se a redes protegidas e tem níveis de
compatibilidade mais baixos do que os das redes públicas.
Diz respeito à utilização de aparelhos muito sensíveis às
perturbações da rede elétrica, como por exemplo:
instrumentação de laboratórios tecnológicos, equipamentos
de automação e proteção, computadores e entre outros.
 Classe 2 – Esta classe aplica-se ao PAC (Ponto de
Acoplamento Comum à rede pública) e aos pontos de ligação
internas nos ambientes industriais em geral. Os níveis de
Compatibilidade desta classe são idênticos aos das redes
públicas, os equipamentos destinados à utilização nestas
redes, podem ser usados nesta classe de ambiente
industrial.
 Classe 3 – Esta classe aplica-se somente aos pontos de
ligação interno dos ambientes industriais. Os níveis de
compatibilidade são superiores a classe 2 para certas

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Capítulo II – Perturbações no Sistema Elétrico e Normas Sobre Qualidade de Energia 2014

perturbações. Esta classe deve ser considerada, quando


uma das seguintes condições é satisfatória, a maior parte das
cargas é alimentada através de conversores; máquinas de
solda, frequente partida de motores de grande potência, e as
cargas que variam rapidamente.
2.2.1.3 - IEC 61000-4-7
Descreve uma técnica de medição e padrão para harmônicas.

2.2.1.4 - IEC 61000-4-15

É uma norma de medição de flicker que inclui especificações para medidores.

2.2.1.5 – ANEEL
Os valores de referência para as distorções harmônicas totais estão indicados
na Tabela 2.4 a seguir. Estes valores servem para referência do planejamento elétrico
em termos de QEE (Qualidade de Energia Elétrica), e que reguladoramente serão
estabelecidos em resolução específica, após período experimental de coleta de
dados.
Devem ser obedecidos também os valores das distorções harmônicos
individuais indicados na Tabela 2.5 a seguir.
2.2.1.6 - IEEE 519 (1992)

É uma pratica recomendada pela IEEE, utilizada principalmente por


concessionárias de energia elétrica nos EUA. Descreve níveis aceitáveis de
harmônicos para o ponto de entrega de energia pela concessionária.

2.2.1.7 - IEEE 1159 (1995)

É uma pratica recomendada pela IEEE para monitoração e interpretação


apropriada dos fenômenos que causam problemas de qualidade de energia.

2.2.1.8 – CBEMA

Computer and Business Equipment Manufacturers Association. A CBEMA veio


em 1994. A curva CBEMA define os níveis de suportabilidade de equipamentos, em
função da magnitude da tensão e da duração do distúrbio.

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Distúrbios que saem da curva características, e podem causar danos aos


equipamentos.

2.2.1.9 – ITI

Information Technology Industry Council. Grupo trabalha para defender os


interesses da indústria de informática.

 LIMITES DE DISTORÇÃO TOTAL DE HARMÔNICO SEGUNDO A IEEE 519


(1992):

Tabela 2.1 – IEEE 519-1992 Limite Harmônico na Tensão.

Tensão de Potência de Curto- Distorção Individual de Tensão Distorção Total de Harmônico na


Circuito (%) Tensão (%)

Abaixo de 69 kV 3.0 5.0

69 kV a 161 kV 1.5 2.5

Acima de 161 kV 1.0 1.5


NOTA: Sistema de alta tensão pode ter até 2.0% de distorção total de Harmônico onde a causa é
um terminal HVDC que atenuará no momento em que é aproveitado para um usuário

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Capítulo II – Perturbações no Sistema Elétrico e Normas Sobre Qualidade de Energia 2014

 LIMITES DE DISTORÇÃO TOTAL DE HARMÔNICO SEGUNDO A IEEE 519


(1992):

Tabela 2.2 - IEEE 519-1992 Limite de Corrente Harmônica.

Limite de Distorção Harmônica Geral do Sistema de Distribuição

(120 até 69 kV)

Distorção Máxima de Corrente em Percentagem


Ordem Individual de Harmônico
ISC / IL <11 11≤ h < 17 17≤ h < 23 23≤ h < 35 35 ≤ h TDD
<20 4.0 2.0 1.5 0.6 0.3 5.0
20<50 7.0 3.5 2.5 1.0 0.5 8.0
50<100 10.0 4.5 4.0 1.5 0.7 12.0
100<1000 12.0 5.5 5.0 2.0 1.0 15.0
>1000 15.0 7.0 6.0 2.5 1.4 20.0
Acima dos limites harmônicos ímpares os harmônicos são limitados a 25%.

Em vigor distorções que resultam num deslocamento DC, conversores de meia onda, não são permitidos.
Todos os equipamentos de geração de energia são limitados a estes valores de distorção de corrente,
independentemente do real Isc / IL.

Onde:
Isc = Máxima corrente de curto-circuito na PCC.

IL = Demanda máxima de corrente de carga (componente de frequência fundamental) em PCC.


= Distorção total da demanda (RSS), distorção harmônica da corrente em % de carga máxima da
TDD demanda de corrente (15 ou 30 minutos da demanda).
PCC = Ponto de acoplamento comum.

 LIMITES DE DISTORÇÃO TOTAL DE HARMÔNICO POR CLASSE


SEGUNDO A IEC 61000-2-4:

Tabela 2.3 – Níveis de Compatibilidade para Harmônicos.

Classe 1 Classe 2 Classe 3


Distorção Harmônica total 5% 8% 10%

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 LIMITES DE DISTORÇÃO TOTAL DE HARMÔNICOS SEGUNDO A ANEEL:

Tabela 2.4 – Valores de Referência Global das Distorções Harmônicas Totais (em
porcentagem de tensão fundamental).

 LIMITES DE DISTORÇÃO HARMÔNICOS INDIVIDUAIS SEGUNDO A


ANEEL:

Tabela 2.5 – Níveis de referência para distorções harmônicas individuais da tensão


(em percentagem da tensão fundamental).

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