Professional Documents
Culture Documents
adolescentes
Desafio 1 – O Desafio da Linguagem
O primeiro desafio em liderar jovens e adolescentes cristãos tem relação direta com a
linguagem que utilizamos. Percebi no início de nosso trabalho que precisamos ser sábios em nossa
comunicação. Cuidar com o nosso vocabulário, sendo acessíveis em nossas palavras. Não adianta
nada possuir uma teologia poderosa se aqueles que nos ouvem não entenderem nossa linguagem.
Podemos cometer o erro em achar que aqueles que nos ouvem são cristãos amadurecidos, caso
venhamos a considerar que o tempo de conversão é sinônimo de maturidade espiritual. Existem novos
convertidos que possuem maturidade consistente e cristãos com décadas de igreja que permanecem
crianças espirituais.
Não é minha intenção falar sobre como o processo de maturidade acontece, mas apenas destacar
que este não é um processo uniforme ou constante em todos os cristãos. Em especial em jovens e
adolescentes onde as mudanças e experiências se acentuam levando a diferentes pontos de vista
sobre o caminhar como igreja na terra. Toda pregação apresenta componentes de ensino e quando
penso nisto o texto que me vem à mente é uma das instruções do experiente Paulo a seu discípulo
Timóteo:
Ao servo do Senhor não convém brigar mas, sim, ser amável para com todos, apto para
ensinar, paciente. 2 Timóteo 2:24
Somado a isto é preciso ensinarmos a Bíblia aos nossos jovens para que possam separar boas
mensagens de mensagens biblicamente deturpadas pela visão antropocêntrica que muitos ministérios
têm utilizado para captar membros para suas denominações. O autor de Hebreus nos ajuda a
compreender esta verdade:
Lembrem-se dos seus líderes, que lhes falaram a palavra de Deus. Observem bem o
resultado da vida que tiveram e imitem a sua fé. Hebreus 13:7
Tomem cuidado. “Se o seu irmão pecar, repreenda-o e, se ele se arrepender, perdoe-
lhe”. Lucas 17:3
No caso do Brasil, a grande maioria dos filhos de casais separados fica com a mãe e vê o pai algumas
vezes. O ato da perda da referência paterna para os filhos têm consequência direta na vida social e
espiritual do indivíduo. Na questão social, a imagem da hombridade, da masculinidade para os
meninos, fica delegada a terceiros, geralmente a TV e o computador.
Por esta razão temos uma geração de homens que não sabem ser homens, pois não conviveram
com um modelo bíblico para a função. Muitos pais que não se separam também não são bons
exemplos dos papéis dos homens para que os filhos possam se espelhar e reproduzir isto a seu tempo.
No caso das meninas a falta paterna gera insegurança e dependência emocional que podem levar a
relacionamentos amorosos com rapazes cada vez mais cedo, na ânsia de suprir a falta que o pai fez
em sua vida, mesmo que de maneira inconsciente. Na esfera espiritual, a falta do pai terreno reflete
no relacionamento com o Pai celestial. O conceito de Paternidade divina na vida do jovem fica
comprometido quando falta esta referência em sua vida.
O papel do líder nesta questão é auxiliar o jovem a vivenciar sua experiência com Deus,
enxergando a Ele como Pai mesmo que seu pai terreno não faça mais parte de sua vida. É papel
do líder ajudar a perdoar esta ausência e buscar reatar relacionamentos perdidos.
Uma igreja forte é fruto de famílias estruturadas e fortes. O jovem deve ter a certeza de que o ciclo de
separações se encerre através de sua vida e que as experiências negativas servirão como
aprendizado prático de como devem agir quando forem esposos e esposas. O salmista nos apresenta
a maior esperança com relação a esta situação que devemos colocar para nossos liderados:
Ele tem nome e se chama CULPA que oprime sua alma quando um dos seus acaba caindo em
pecado. Perguntas como: “O que eu fiz de errado?” , “O que eu poderia ter feito para ter evitado isso?”
entre outras, tomam conta de nossas almas gerando peso e tristeza pela situação e pela sensação de
fracasso que acompanha estas notícias. Este é um desafio pessoal do líder, pois situações assim vão
acontecer ao longo da jornada ministerial independente do que você faça.
O que precisamos fazer para não nos sentirmos assim? Em primeiro lugar, dar suporte para aquele
que pecou e ajudá-lo quando pedir ajuda. Normalmente quando algo não sai como o planejado pelo
jovem, como por exemplo, quando o sexo antes do casamento resulta em uma gravidez indesejada
ou quando as conversas picantes por Whatsapp com desconhecidos são descobertas, o jovem passa
instantaneamente de uma condição de dono de si para alguém assustado, frágil que precisa de ajuda
e de uma mão amiga. Eles precisam saber que apesar do pecado, Deus continua amando a cada um
deles. Uma das melhores maneiras deste amor ser sentido é por aqueles que exercem algum tipo de
autoridade espiritual sobre eles.
O segundo passo é tratar com o problema na dimensão correta de pecado e providenciar o
tratamento adequado para que gere o arrependimento genuíno e exista cura nos corações
envolvidos.
Em terceiro lugar, buscar junto com a família uma resolução prática para a questão para que seja
resolvida e a liberdade seja restabelecida. É importante para o líder que entenda que não é
responsável por tudo o que acontece na vida de seus liderados. Precisamos fazer tudo o que estiver
ao nosso alcance e orar para que nossos liderados tenham maturidade em suas atitudes.
Tornaram-se tolos por causa dos seus caminhos rebeldes, e sofreram por causa das
suas maldades. Salmos 107:17
Já falamos neste artigo sobre o volume monumental de informação em tempo real na vida moderna.
Queria abordar outro ponto que gera muito desgaste na vida de nossos jovens que é a manutenção
de várias “vidas” que muitos adotam nesta era digital.
A primeira vida é a real que deveria ser a única, porém ela tem rotinas e atividades que não são tão
legais para divulgar para outras pessoas. Desta forma, esta vida fica restrita a um grupo pequeno de
pessoas que são os familiares jovens.
A segunda vida seria a “digital” ou seja, aquilo que o jovem quer que saibam sobre ele. Nessa vida
não existe tristeza, não existem problemas, apenas o sorriso no rosto nas Selfies, as frases de efeito
e o narcisismo que as redes sociais impõem. Poderia citar outras “vidas” mas ficaremos nestas duas
para entendermos o que está acontecendo.
Existe um descompasso, uma diferença entre a vida real e a vida digital de cada pessoa e muitos
não conseguem encarar as redes sociais como todos nós deveríamos: como uma diversão sem maior
importância. O que estamos vivendo após o estabelecimento das redes sociais como parte da vida
das pessoas, é que a importância dada a elas é muito grande. As pessoas estão transferindo para a
rede social toda sua vida. Neste sentido o que lemos na internet a respeito de uma pessoa está se
tornando a imagem desta pessoa para o mundo. É exatamente neste ponto que a depressão está
atingindo nossos jovens.
O desespero de que outros saibam que a sua vida não é tão descolada como aparece nas publicações
tem gerado ansiedade e estresse em muitos que não tem condições de sustentar o “visual ostentação”
das postagens. O líder precisa estar atento para esta diferença entre a vida real e a virtual e
avaliar o comportamento. Conversar a respeito em suas reuniões pode ser de muita utilidade para
que o próprio jovem identifique seu problema e possa iniciar um processo de mudança com a ajuda
da família, da igreja e de profissionais da área.
Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. Mateus 11:30
Bendito seja o Senhor, Deus, nosso Salvador, que cada dia suporta as nossas cargas.
Pausa Salmos 68:19.
Os jovens precisam entender que não precisam de outra pessoa para serem felizes. Cada indivíduo
pode e deve ser feliz em Deus, sem a necessidade de colocar sobre outra pessoa esta
responsabilidade. Quando enfim encontrar a pessoa com quem ele ou ela passará o resto de sua vida,
esta pessoa apenas complementará a felicidade que ela já possui.
Qualquer ser humano é falho e vai fracassar em fazer outra pessoa feliz. Eles devem colocar
em Deus suas expectativas e viver uma vida tranquila. Este entendimento os livrará de diversos
relacionamentos gerados pela dependência emocional da qual falamos anteriormente