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Bem vindos à segunda seção!

Nela iremos abordar os principais aspectos que envolvem


a resposta do réu no Direito Processual do Trabalho.

Na seção 1, a trabalhadora Juliana Pereira ajuizou reclamação trabalhista em face da


Metcom Metalurgia Ltda. Ela foi contratada pela empresa para realizar as atividades de
auxiliar de serviços gerais.

A obreira resolveu ajuizar reclamação trabalhista por entender que alguns de seus
direitos foram violados, notadamente os seguintes: a) que não usufruía integralmente do
intervalo para refeição e descanso de uma hora; b) que realizava a limpeza de lixo dos
banheiros, vestiários e salas da empresa sem que lhe fosse pago adicional de
insalubridade; c) que habitualmente adentrava o almoxarifado, onde ficam produtos
inflamáveis, o que lhe dá o direito de receber o adicional de periculosidade de forma
cumulada ao adicional de insalubridade; c) que exercia atividades idênticas às da sua
colega Beatriz Ferraz, embora auferisse remuneração inferior, fazendo jus, portanto, ao
recebimento de diferenças salariais decorrente da equiparação salarial.

A reclamação trabalhista foi distribuída para a 12ª Vara do Trabalho de Belo


Horizonte/MG, sob o número 0002030-10.2018.503.0012.

Agora é com você, aluno, que fará o papel de advogado da Metcom Metalurgia Ltda.,
devendo elaborar a peça processual adequada à defesa dos interesses de seu cliente.

O sócio da empresa, Sr. Jonas Duarte, entrega-lhe os cartões de ponto da trabalhadora,


em que consta pré-anotação do intervalo intrajornada. Ele também afirma que a pausa
intervalar era rigorosamente cumprida.

Ele confirma que a obreira realizava a limpeza dos banheiros, vestiários e salas da
empresa, retirando o lixo acumulado nos referidos locais. Afirma que o estabelecimento
comercial em que a Sra. Juliana laborava contava com cerca de 30 (trinta) empregados.
Entrega-lhe, também, documento intitulado “Ficha de EPI”, em que há anotação de
entrega de um par de luvas a cada mês de trabalho. À frente da anotação consta
assinatura da Sr. Juliana.

O Sr. Jonas lhe informa, ainda, que sua ex-funcionária raramente adentrava o
almoxarifado, haja vista que os produtos necessários para a consecução de suas tarefas
ficavam em sala especial, onde não havia qualquer produto inflamável. Segundo Jonas,
a Sra. Juliana somente ia ao almoxarifado quando os produtos que utilizava chegavam
ao fim, o que ocorria, em média, duas ou três vezes por mês.

Por fim, ele lhe entrega os contracheques da Sra. Beatriz, em que se verifica o
recebimento de salário mensal no valor de R$ 1.400,00 (mil e quatrocentos reais). Ela,
de fato, exercia as mesmas funções de Juliana, porém seu local de trabalho não era no
estabelecimento comercial localizado no bairro Laranjeiras, mas na filial da empresa, no
centro da capital mineira. Ambas foram contratadas na mesma época e a funcionária
Beatriz ainda é empregada da Metcom Metalurgia Ltda.

Não se pode perder de vista que a inversão de papéis proposta nesta seção é apenas para
fins didáticos, isto é, para que você saiba defender os interesses de seu cliente, seja um
reclamante, seja uma reclamada. Na prática real, esta situação não pode acontecer, sob
pena de infração ética do advogado, passível de punição pela entidade de classe (Ordem
dos Advogados do Brasil).

Agora é com você, caro aluno. Após a conversa com o Sr. Jonas, representante legal da
Metcom Metalurgia Ltda., você, na qualidade de advogado da empresa, deve verificar
os argumentos a serem utilizados na peça processual de defesa a ser apresentada.
Salienta-se que foi designada audiência única, haja vista o valor dado à causa que
implica no seu trâmite sob o rito sumaríssimo, para o dia 04/02/2019, às 09:00 horas.
Vamos lá?

Caro aluno, vamos agora analisar os principais aspectos da peça processual a ser
elaborada, merecendo especial atenção as modificações que foram implementadas pela
Lei n. 13.467/17.
1) Resposta da reclamada (ré) no Direito Processual do Trabalho

No Direito Processual do Trabalho, a parte que figura no polo passivo da demanda é


denominada reclamada. Por sua vez, a ação judicial é conhecida como reclamação ou
reclamatória trabalhista. Esta nomenclatura deve ser utilizada por você na peça
processual a ser elaborada.

O direito de resposta do réu é corolário do princípio constitucional do contraditório e da


ampla defesa (art. 5º, inciso LV, da CF/88). Trata-se de direito que assiste à reclamada
de requerer que o pleito do reclamante seja rejeitado.

No Direito Processual do Trabalho existem três espécies de resposta da reclamada:


contestação (defesa), exceção e reconvenção.

Somente a exceção e a contestação são verdadeiramente defesas, pois a reconvenção é


ação da ré em face do autor no mesmo processo em que aquele é demandado por este.

A CLT prevê a defesa em seu art. 847, que preceitua que, aberta a audiência e não
havendo acordo, a reclamada terá o prazo de 20 (vinte) minutos para realizar sua defesa
oralmente. Esta previsão legal não impede que a reclamada apresente defesa escrita, o
que é o mais comum no dia a dia forense. Todavia, ele pode optar por realizá-la em
audiência, oralmente, oportunidade que será transcrita na ata da audiência.

A reforma trabalhista, introduzida pela Lei n. 13.467/17, acrescentou o parágrafo único


ao referido art. 847, prevendo a possibilidade de a reclamada apresentar a contestação
pelo sistema judicial eletrônico até a audiência. Obviamente que esta possibilidade
somente existe nas Varas do Trabalho que já operam o Processo Judicial Eletrônico (PJ-
e). Nestes casos, se a parte pretender apresentar defesa escrita ela deve ser inserida no
sistema PJ-e até antes do início da audiência, uma vez que não é possível sua juntada
durante a audiência, ainda que por meio de mídia digital, como, por exemplo, pen drive.
A mesma regra se aplica aos documentos a serem juntados pela reclamada. Devem ser
protocolados no sistema PJ-e juntamente com a contestação, em momento anterior ao
início da audiência.

Conforme já explicitado, no Direito Processual do Trabalho a defesa é apresentada em


audiência juntamente com os documentos que a reclamada entender serem pertinentes à
defesa de seus interesses.

A resposta do réu nada mais é do que a reação da reclamada à ação do reclamante.


Constitui meio pelo qual ele se insurge contra a pretensão autoral.
Assim como no Direito Processual Civil, no Processo Trabalhista não se admite a
contestação por negativa geral, ou seja, a reclamada tem que impugnar especificamente
cada ponto da petição inicial, sob pena de serem considerados verdadeiros os fatos
articulados na peça de ingresso, nos termos do art. 341, do Código de Processo Civil
(CPC) de 2015.

A elaboração da contestação trabalhista deve ser organizada, levando-se em conta o que


vem a ser contestação contra o processo e contestação contra o mérito.

Na contestação contra o processo, a reclamada não ataca propriamente a lide, ou seja, o


pedido que foi formulado na petição inicial, mas o processo, a ação. Isso implica, por
exemplo, a preliminar de incompetência em razão da matéria, em que se postula que a
Justiça do Trabalho não é competente para processar e julgar o litígio. Neste caso, a
reclamada não contestou um pedido do reclamante, mas atacou uma questão processual.
O mesmo ocorre quando se alega na contestação que o reclamante não é parte legítima
para figurar no polo ativo da reclamação trabalhista, isto é, o réu aponta vício na ação,
não se defendendo de maneira direta do mérito da ação judicial.

Na contestação contra o mérito, a reclamada rechaça diretamente o pedido do


trabalhador, de maneira fundamentada.

Na organização da petição de defesa, deve-se primeiro apresentar as alegações contra o


processo (preliminares) para, em seguida, serem rechaçados os pedidos propriamente
ditos.

A praxe trabalhista sugere que a defesa seja organizada por tópicos. Assim, a peça
processual terá, por exemplo, um tópico sobre horas extras, no qual serão deduzidos os
fundamentos fáticos e jurídicos do tema a ser contestado.

Para que não pairem dúvidas sobre o momento processual oportuno para a apresentação
da contestação, veja abaixo o fluxograma que representa os principais atos processuais
praticados na primeira instância:

Figura: Principais atos processuais praticados na 1ª instância trabalhista


Fonte: Elaborada pelo autor.

Por fim, não se pode deixar de mencionar as importantes regras acerca do


comparecimento das partes na audiência. Elas estão contidas no art. 844, da CLT, cujo
caput assevera que a ausência do reclamante à audiência ocasionará o arquivamento da
reclamação trabalhista, isto é, a extinção do feito sem julgamento do mérito. Por sua
vez, o não comparecimento da reclamada importa em revelia e confissão quanto à
matéria fática. Estas disposições não foram modificadas pela Reforma Trabalhista.

Todavia, a Lei n. 13.467/17 completou os mandamentos relativos ao tema, merecendo


destaque os parágrafos 2º e 3º, do referido art. 844, que determinam a condenação ao
pagamento de custas processuais do reclamante que se ausentar à audiência, ainda que
beneficiário da justiça gratuita. Este pagamento é condição para a propositura de nova
reclamação trabalhista. A única forma de o reclamante se ver livre desta incumbência é
a apresentação de motivo legalmente justificável, motivação esta que não está descrita
no texto celetista. Todavia, pode-se invocar de forma análoga as faltas justificadas ao
trabalho elencadas no art. 473, da CLT, tais como afastamento médico, falecimento de
cônjuge, ascendente ou descendente, dentre outras.

Outra importante inovação da Reforma Trabalhista está contida no parágrafo 5º, do art.
844, que prevê que, ainda que a reclamada ou seu representante legal não compareça na
audiência, a contestação e documentos eventualmente apresentados devem ser aceitos,
desde que seu advogado esteja presente na audiência. Esta modificação, obviamente,
minimiza os efeitos da confissão, eis que os fundamentos lançados na peça defensiva e
os documentos carreados aos autos devem ser levados em consideração pelo julgador
quando da prolação da sentença.
2) Intervalo Intrajornada

A CLT, em seu art. 74, §2º, prevê a possibilidade de pré-anotação do intervalo


intrajornada:

Art. 74 - O horário do trabalho constará de quadro, organizado


conforme modelo expedido pelo Ministro do Trabalho, Industria e
Comercio, e afixado em lugar bem visível. Esse quadro será
discriminativo no caso de não ser o horário único para todos os
empregados de uma mesma seção ou turma.
(...)
§ 2º - Para os estabelecimentos de mais de dez trabalhadores será
obrigatória a anotação da hora de entrada e de saída, em registro
manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem
expedidas pelo Ministério do Trabalho, devendo haver pré-
assinalação do período de repouso. (Redação dada pela Lei nº 7.855,
de 24.10.1989)

Assim, o trabalhador não necessita marcar, diariamente, o início e término do horário


para refeição e descanso, haja vista que já está aposto no seu cartão de ponto o lapso
temporal.

Como o empregado não necessita assinalar todos os dias a hora de começo e fim do
intervalo intrajornada, presume que a anotação constante do controle de jornada
correspondente à realidade, isto é, que de fato o trabalhador gozou daquele lapso
temporal para a finalidade prevista em lei.

Ocorre que esta pré-anotação constitui presunção relativa de veracidade, que, portanto,
admite prova em sentido contrário. Neste contexto, cabe ao trabalhador demonstrar que
no dia a dia o intervalo legal não era concedido. Neste sentido é a jurisprudência do
Tribunal Superior do Trabalho.

RECURSO DE REVISTA. INTERVALO INTRAJORNADA. PRÉ-


ASSINALAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. 1. O Tribunal de origem
registrou que "os controles contém pré-anotação de uma hora de
intervalo", de modo que "cabia ao autor desconstituir os registros de
ponto, provando o fato constitutivo do direito a horas extras
intervalares (arts. 818 da CLT e 333, I, do CPC), inclusive porque
admitiu a correção dos registros de entrada e saída". Consignou,
contudo, que o autor não se desonerou de seu ônus probatório, pois
os depoimentos testemunhais "atestam a divisão da prova no que diz
respeito ao tempo de intervalo, situação que desautoriza a
condenação". Assim, considerou "correto o intervalo pré-anotado nos
controles, não desconstituídos", e reformou a sentença "para afastar
da condenação os 30 minutos de horas extras intervalares e seus
reflexos". 2. Decisão regional em consonância com a jurisprudência
desta Corte, no sentido de que, apresentados pelo empregador cartões
de ponto com a pré-assinalação do intervalo intraj ornada, cabe ao
empregado comprovar que o período para repouso e alimentação
pré-assinalado não era efetivamente concedido - ônus do qual o
reclamante, no caso, não se desvencilhou. Precedentes. 3. Incidência
do art. 896, § 4º, da CLT e aplicação da Súmula 333/TST.
EQUIPARAÇÃO SALARIAL. PARADIGMAS. (...) (TST - RR:
256003520085090594 , Relator: Hugo Carlos Scheuermann, Data de
Julgamento: 25/02/2015, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT
06/03/2015)

O julgado transcrito pode ser acesso no seguinte endereço eletrônico:

<http://aplicacao5.tst.jus.br/consultaDocumento/acordao.do?anoProcI
nt=2009&numProcInt=762834&dtaPublicacaoStr=06/03/2015%2007:
00:00&nia=6297160>. Acesso em: 27 set. 2018.

2) Adicional de insalubridade

A trabalhadora postula o pagamento de adicional de insalubridade ao fundamento de


que tinha que realizar a coleta de lixo nos banheiros, vestiários e salas da empresa, sem
o uso de equipamentos de proteção individual.

Neste aspecto, a defesa deve seguir duas vertentes.

A primeira tese a ser defendida diz respeito à legalidade do adicional de insalubridade


nas circunstâncias narradas.

Como explicitado na seção 1, o art. 190, da CLT, delega ao Ministério do Trabalho e


Emprego (MTE) a definição de quais são as “atividades e operações insalubres”, assim
como “os critérios de caracterização da insalubridade, os limites de tolerância aos
agentes agressivos, meios de proteção e o tempo máximo de exposição do empregado a
esses agentes”.

Tendo em vista a controvérsia que existe sobre o tema, o TST editou a Súmula n. 440:

ATIVIDADE INSALUBRE. CARACTERIZAÇÃO. PREVISÃO NA


NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 DA PORTARIA DO
MINISTÉRIO DO TRABALHO Nº 3.214/78. INSTALAÇÕES
SANITÁRIAS. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 4 da
SBDI-1 com nova redação do item II ) – Res. 194/2014, DEJT
divulgado em 21, 22 e 23.05.2014.
I - Não basta a constatação da insalubridade por meio de laudo
pericial para que o empregado tenha direito ao respectivo adicional,
sendo necessária a classificação da atividade insalubre na relação
oficial elaborada pelo Ministério do Trabalho.
II – A higienização de instalações sanitárias de uso público ou
coletivo de grande circulação, e a respectiva coleta de lixo, por não
se equiparar à limpeza em residências e escritórios, enseja o
pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo, incidindo
o disposto no Anexo 14 da NR-15 da Portaria do M TE nº 3.214/78
quanto à coleta e industrialização de lixo urbano.

No caso em tela, deve-se analisar se as atividades da trabalhadora se enquadram


naquelas classificadas como “higienização de instalações sanitárias de uso público ou
coletivo de grande circulação”. Para o desenvolvimento da melhor linha defesa é
imperioso o estudo da jurisprudência.

A leitura do acórdão n. 24403-32.2014.5.24.0072, publicado em 18/05/2017, pelo


Tribunal Superior do Trabalho, com certeza lhe trará bons argumentos a serem
desenvolvidos. O acesso à decisão judicial pode ser feita por meio do seguinte endereço
eletrônico:

<http://aplicacao5.tst.jus.br/consultaunificada2/inteiroTeor.do?actio
n=printInteiroTeor&format=html&highlight=true&numeroFormatado
=E-ED-RR%20-%20630-
49.2014.5.04.0351&base=acordao&rowid=AAANGhABIAAANNwAAL
&dataPublicacao=28/07/2017&localPublicacao=DEJT&query=insalubr
idade%20and%20limpeza%20and%20banheiro>. Acesso em: 27 set.
2018.

Na resposta do réu não se pode esquecer do princípio da eventualidade, consubstanciado


no art. 336, do CPC, aplicável ao Direito Processual do Trabalho. O citado dispositivo
legal assevera que toda a matéria de defesa deve ser arguida na contestação, precluindo
o direito do reclamado de invocar novas questões que não foram manifestadas na peça
de defesa.

A primeira tese, como sugerido, deve seguir a linha de ausência de previsão legal para o
deferimento do adicional de insalubridade.

A segunda vertente diz respeito ao fato obstativo do direito da trabalhadora, isto é, de


que o suposto agente insalubre foi neutralizado, nos termos do art. 191, da CLT. Para
tanto, as informações e documentos fornecidos pelo seu cliente são fundamentais.

3) Adicional de periculosidade

Para combater o pedido de pagamento de adicional de periculosidade é de extrema


relevância a análise da situação fática descrita pelo sócio da reclamada. Ela deve ser
confrontada com o disposto no art. 193, da CLT, especialmente com a previsão do seu
caput acerca da periodicidade da exposição ao suposto agente periculoso:
Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na
forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e
Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho,
impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do
trabalhador a: (Redação dada pela Lei nº 12.740, de 2012)

Neste contexto, também é necessário o estudo da Súmula n. 364, do TST, cuja redação é
a seguinte:

ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃO EVENTUAL,


PERMANENTE E INTERMITENTE (inserido o item II) - Res.
209/2016, DEJT divulgado em 01, 02 e 03.06.2016
I - Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado exposto
permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita -se a
condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá -se de
forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo
habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido. (ex-Ojs da SBDI-1
nºs 05 - inserida em 14.03.1994 - e 280 - DJ 11.08.2003)
II - Não é válida a cláusula de acordo ou convenção coletiva de
trabalho fixando o adicional de periculosidade em percentual inferior
ao estabelecido em lei e proporcional ao tempo de exposição ao risco,
pois tal parcela constitui medida de higiene, saúde e segurança do
trabalho, garantida por norma de ordem pública (arts. 7º, XXII e
XXIII, da CF e 193, §1º, da CLT).

A leitura do acórdão n. 1196-81.2014.5.02.0018, publicado em 27/06/2018 pelo


Tribunal Superior do Trabalho, será de grande valia para melhor compreensão das
alegações que podem ser lançadas na peça defensiva.. O acesso à decisão judicial pode
ser feita por meio do seguinte endereço eletrônico:

<http://aplicacao5.tst.jus.br/consultaunificada2/inteiroTeor.do?action=
printInteiroTeor&format=html&highlight=true&numeroFormatado=A
IRR%20-%201000927-
49.2015.5.02.0322&base=acordao&rowid=AAANGhAA+AAAXRb
AAI&dataPublicacao=10/08/2018&localPublicacao=DEJT&query=P
ERICULOSIDADE%20and%20CONTATO%20and%20EVENTUAL
>. Acesso em: 27 set. 2018.

4) Cumulação dos adicionais de periculosidade e insalubridade

Nos termos do já invocado art. 336, do CPC, aplicável ao Direito Processual do


Trabalho, todos os argumentos possíveis para evitar o deferimento da procedência dos
pedidos declinados na petição inicial devem ser lançados na peça processual de
resistência.
Assim, você deve rechaçar a possibilidade de cumulação dos adicionais de
insalubridade e periculosidade, caso o juízo de primeiro grau entenda que houve labor
em condições que ensejam o pagamento de ambos.

A fundamentação a ser utilizada perpassa por detida análise do disposto no art. 193,§2º,
da CLT.

A leitura atenta de decisões judiciais do Tribunal Superior do Trabalho é de suma


importância para o correto desenvolvimento da tese defensiva. Sugere-se, portanto, a
leitura do acórdão n. 1072-72.2011.5.02.0384, publicado em 13/10/2016, que pode ser
acessado no seguinte endereço eletrônico:

<http://aplicacao5.tst.jus.br/consultaunificada2/inteiroTeor.do?action
=printInteiroTeor&format=html&highlight=true&numeroFormatado
=E-RR%20-%201072-
72.2011.5.02.0384&base=acordao&rowid=AAANGhAA+AAAVNeAA
M&dataPublicacao=08/09/2017&localPublicacao=DEJT&query=pe
riculosidade%20and%20insalubridade%20and%20cumula%E7%E3o
>. acesso em: 27 set. 2018.

5) Equiparação salarial

No tocante à equiparação salarial, a reclamante postula o pagamento de R$ 200,00


(duzentos reais) por mês a título de diferença salarial, ao fundamento de que sua colega
Beatriz Ferraz, indicada como paradigma, auferia salário superior, mesmo ambas
exercendo atividades idênticas.

A situação fática delineada pelo sócio da reclamada é absolutamente relevante para o


desenvolvimento da melhor tese jurídica.

Neste contexto, ela deve ser confrontada com o disposto no art. 7º, incisos XXX, XXXI
e XXXII, da Constituição Federal (BRASIL, 1988) e, principalmente, com o que dispõe
o art. 461, da CLT, com a redação dada pela Lei n. 13.467/17.

Você, aluno, deve identificar qual o requisito não foi observado no caso concreto para
utilizá-lo como matéria de defesa. Portanto, leia atentamente o art. 461, da CLT.

6) Honorários Advocatícios e Justiça Gratuita

A reclamante também requer a condenação ao pagamento de honorários advocatícios,


com fulcro no art. 791-A, da CLT, que foi introduzido pela Lei n. 13.467/17.
Inicialmente não há óbice legal para o pleito de assistência judiciária gratuita também
pela parte que figura no polo passivo da demanda, conforme dicção no art. 790, da CLT,
e da Lei n. 1050/60. Assim, deve-se avaliar se uma vez deferida a assistência judiciária
gratuita serão devidos tais honorários, observando-se o disposto no art. 791-A, da CLT.

Destaca-se que foi ajuizada Ação Direta de Inconstitucionalidade junto ao Supremo


Tribunal Federal (ADI n. 5766), em que se questiona a constitucionalidade do disposto
no art. 791-A, da CLT.

Ainda que prevaleçam as disposições da Lei n. 5.584/70 quanto ao tema, os honorários


somente seriam devidos em caso de o advogado do trabalhador ser do sindicato da
categoria ou ter sido por ele habilitado, o que não ocorre.

QUADRO SINÓPTICO DA LEGISLAÇÃO E JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA


APLICÁVEL
(Referidos e não referidos nas explicações anteriores)

Assunto CRFB/88 CLT CPC/2015 TST Outros


Contestação (defesa) - Art. 844; Art. 846; Art. 336 - -
Art. 847 (princípio da
eventualidade
ou
concentração;
especificação/pr
ovas);
art. 341
Intervalo - Art. 74; - Acórdão RR- -
Intrajornada 25600-
35.2008.509.05
94
Adicional de Art. 7º, inciso Art. 189; Art. 190; Art. 336; Súmula n. 440; Norma
Insalubridade XXIII Art. 191; Art, 192; Acórdão n. Regulamentadora n.
Art. 195 24403- 15, do Ministério do
32.2014.5.24.00 Trabalho
72
Adicional de Art. 7º, inciso Art. 193; Art. 195 - Súmula n. 364; Norma
Periculosidade XXIII Acórdão n. Regulamentadora n.
1196- 16, do Ministério do
81.2014.5.02.00 Trabalho
18
Cumulação dos Art. 7º, inciso Art. 189; Art. 190; Art. 336; Acórdão n. -
adicionais de XXIII Art. 191; Art, 192; 1072-
insalubridade e Art. 193; Art. 195 72.2011.5.02.03
periculosidade 84
Equiparação Salarial Art. 7º, incisos Art. 461 - - -
XXX, XXXI e
XXXII
Gratuidade - Art. 790; - - -
Judiciária
Honorários - Art. 791-A; - - -
Advocatícios

Fonte: Elaborado pelo autor.

Respire fundo, pois a Metcom Metalurgia Ltda. precisa dos seus conhecimentos
jurídicos para a defesa dos seus interesses.

Inicialmente, deve-se inserir o endereçamento, ou seja, o foro competente para dirimir a


controvérsia. Em seguida, deve-se indicar o número da reclamação trabalhista.

Não se esqueça de contestar cada um dos pedidos constantes na exordial, sob pena de se
presumirem verdadeiros os fatos alegados na petição inicial.

Elenque na sua peça processual os argumentos fáticos e os fundamentos jurídicos que


amparam a pretensão de seu cliente.

Utilize linguagem impessoal e organize sua defesa de maneira bem clara e sistemática,
em tópicos, uma vez que isto facilitará a compreensão do julgador, o que é
absolutamente relevante para o sucesso de sua contestação.

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