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ALEXANDRE RODRIGUES1
RESUMO
Família, Escola, Sexualidades... Certas vezes parece que essa tríade está repleta de
saberes individuais, complexos e pertinentes exclusivamente a cada um, mas como não
transversalizar os conhecimentos, dúvidas, anseios e propostas de discussão de forma a
ampliar o olhar (ou mesmo constituir um – novo – olhar), onde exista a possibilidade de
plena interação onde, a Família reconhece seu importante papel na confirmação e
desconstituição de comportamentos, a Escola complemente e atue na constituição de
novas construções pedagógicas e sociais e a Sexualidade se desfaça de sua aura de
impedimentos e tabus.
Palavras-chave: Sexualidade, Escola, Família, Gênero
ABSTRACT
Family, School, exualities... At times it seems that this triad is full of individual,
complex and pertinent knowledge unique to each one, but not as mainstreaming the
knowledge, doubts, anxieties and discussion of proposals in order to broaden
perspectives (or even be a - new - look), where there is the possibility of full interaction
where the Family recognizes their important role in confirming and deconstitution
behaviors, the School complement and act in the creation of new teaching and social
buildings and dispose of Sexuality its aura of obstacles and taboos.
Keywords: Sexuality, School, Family, Gender
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Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
alexandre.ged09@gmail.com
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As diversas expressões, vivências e identidades de Gênero e Sexualidade têm
apresentado visibilidade em variados contextos sociais, seja nos meios de comunicação
de massa, seja em simples (e por vezes acaloradas) discussões em rodas de conversas de
amigos. Esse debate também emerge em reportagens de revistas dos mais diversos
segmentos, em “postagens” de redes sociais, sites de internet, ou mesmo em uma
conversa informal em espaços públicos (algumas vezes podendo este mobilizar ou
afirmar perspectivas, infelizmente, reforçadoras de certos pré-conceitos). Mas apesar
disso, não se trata de um assunto que tenha chamado a atenção da Escola e das famílias
de forma a ampliar a percepção das reais dimensões, implicações e importância em se
trazer à tona as discussões acerca de gênero, sexualidade e diversidade já circulam e
emergem de forma bastante presente no cotidiano escolar e social.
Apesar de ser uma discussão atual e necessária, o material e seu conteúdo foi
alvo de conflitos, sobretudo por parte de líderes religiosos, o que ressalta os traços de
uma sociedade conservadora, sexista e permeada de preconceitos. Deixar que esse tema
escape pela tangente significa ratificar práticas repressoras e desiguais, enfim, a
reprodução do status quo de uma sociedade que não exerce a integralidade de ser sujeito
de seu destino, sujeitando-se ao controle de suas práticas individuais e que lhe são
exteriores.
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docente, que costuma sempre utilizar como justificativa para a não discussão destes
temas, os impeditivos de classificá-los como sendo polêmicos demais para o ambiente
escolar ou não sendo uma tarefa “confortável” de abordar com alunos e/ou família para
além do processo reprodução humana dentro de uma esfera biológica e acentuando o
binarismo de gênero (homem / mulher) e os estereótipos da família dita como
“tradicional”.
Vale destacar que quando aqui nos remetemos ao uso da expressão “exercício
pleno” do magistério, esperamos que os professores e professoras ao ingressarem às
salas de aula, estejam aptos a lidar também com as situações que extrapolem os
conhecimentos técnicos da sua disciplina de formação, como os diversos aspectos
sociais da interação entre indivíduos, inclusive o aspecto sexual, que tanto quanto outros
aspectos da vida, também deve ser compreendido como algo pertencente à vida do ser
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humano a partir do seu nascimento, construído e constituído ao longo de sua vida,
segundo a singularidade de cada indivíduo e ou coletividade, até a morte.
Reconhecer que sexualidade é uma condição inerente ao ser humano, a todo ser
vivo, precisa ser percebida também por professores e professoras em relação aos seus
alunos e estar inserida no horizonte de discussões. O texto dos Parâmetros Curriculares
Nacionais – PCNS – traz em seu lançamento já em 1988, a importância que deve ser
dada à sexualidade e à Orientação Sexual:
Mas então, se está posta a premissa de que “...a sexualidade como algo inerente
à vida e à saúde (...) do nascimento à morte...”, por que ainda Escola e família e
sociedade de forma geral ainda não conseguem perceber que os jovens sentem, possuem
e vivenciam sua sexualidade atualmente, seja de maneira reprimida ou exacerbada,
focada na genitália ou não, na exposição do corpo ou na sua desvalorização?
2
Compreendemos o Corpo Docente de uma unidade escolar, o conjunto formado por alunos,
professores, gestores, pessoal de apoio à educação, tais como preparadores de alimentação, inspetores,
zeladores e também pelos responsáveis.
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É necessário que seja ampliado e aproximado o debate entre família e Escola no
que trata do exercício da sexualidade, não para que essa seja banalizada, mas justamente
para o fluxo de informações e “intervenções” esteja aproximando os jovens de seus
responsáveis em um diálogo integral, formativo e informativo no exercício de uma
sexualidade responsável.
3
In Rattner, 2004
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padrões de comportamento no campo dos papéis de gênero e representações sexuais)
que possam ser considerados como "certo" ou "errado", "permitido" ou "não permitido",
"moral" ou "imoral", "ético" ou "antiético". A noção de ética está posta na medida em
que se associa à noção de ideais humanos, enquanto a moral se relaciona com padrões
de conduta considerados adequados a um sujeito histórico, incluindo suas formas de
repressão.
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“aprendido”, apreendido e principalmente sobre o vivido acerca da sexualidade. Existe
uma predeterminação que está posta sobre o “mar da tranquilidade” do que se propõe
como “normal” pelas famílias dentro de uma heteronormatividade nata; essa percepção
que se apresenta envolta de um “quê” de certa ingenuidade e naturalidade, somente
corroboram para o distanciamento de se reconhecer a legitimidade dos diversos e plurais
arranjos familiares e sociais que vão muito além do binarismo de gênero.
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perguntas que, em certos momentos, nem professores e nem familiares teriam coragem
de fazer.
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presentes e que estão presentes nos ambientes escolares e sociais, entre as quais se
destacam:
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A Escola e a Sociedade estão hoje imbuídas de um perfil que as reveste e as
caracteriza por um papel de formação integral de todos os indivíduos da comunidade
escolar (pais, professores, alunos, funcionários), comunidade que compõe aquele espaço
de difusão de conhecimentos. Cada vez mais cresce a necessária integração entre estes
espaços e a produção dos saberes constituídos na pesquisa universitária, propiciando
uma síntese, cujo resultado é ir além do conhecimento acadêmico, mas que deve tomar
como ponto de partida um olhar sobre relações concretas que se desenvolvem nos
espaços escolares e familiares. Pertencentes a esse círculo de “novos” pontos de
trabalho e observação, estão as relações de gênero e sexualidade respeitando-se a
demanda que ora se estabelece: a transversalidade.
Bibliografia
CHAUÍ, Marilena. Repressão sexual, essa nossa (des)conhecida. São Paulo : Editora
Brasiliense, 1984.
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Gênero e diversidade na escolas : Formação de professoras/es em gênero, sexualidade,
orientação sexual e relações étnico-raciais. Organizadores: Carrara, Sérgio...[ET AL]. –
Rio de Janeiro : CEPESC ; Brasília, DF : Secretaria Especial de Políticas para as
Mulheres, Secretaria Especial de Políticas Públicas de Igualdade Racial, 2009.
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http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/hiv-aids-conversar-filho-
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es_educar – acessado em 02/10/2014.
http://revistaescola.abril.com.br/formacao/educacao-sexual-precisamos-falar-romeo-
834861.shtml - acessado em 17/04/2015.
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