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RESENHA
2 DE SETEMBRO DE 2014 BRUNOTURRI
O autor ainda fala sobre angústia, tema estudado a fundo pelos existencialistas e que
tem seu conceito modificado nesta corrente de pensamento humano e sobre felicidade
vista com outras formas e contornos.
E vai além ao comentar sobre os experimentos realizados com animais, explicando que
o pensamento existencialista recusa-se a aceitar estes procedimentos e coloca a
impossibilidade de aceitação destes dados obtidos como generalizações.
Para ele “ A única possibilidade pertinente aos princípios existencialistas é a pratica
psicoterápica, onde o terapeuta irá realizar um encontro existencial único e verdadeiro
com o cliente”.
Capítulo 02 – Fenomenologia: métodos e pressupostos
Angerami nos cita autores importantes do movimento como Erasmo de Roterdã e parte
para o campo específico da psicologia comentando sobre a adoção do termo humanista
pretendendo tornar a psicologia mais humana. Para o autor este termo é desprovido de
sentido e até apresenta erro semântico já que psicologia é definido como a ciência que
estuda o comportamento humano.
E comenta sobre um polêmico texto de Sartre chamado “O existencialismo é um
humanismo” onde o autor francês mostra que existem peculiaridades entre o
existencialismo e o humanismo, alem de diferenças do humanismo arcaico.
Nos coloca duas formas de humanismo, a primeira é a que coloca o homem como fim e
como valor superior. Sartre discorda desse modo, dizendo que o existencialismo nunca
tomará o homem como um fim e sempre um por fazer. Ele nos coloca o sentido de
humanismo que concorda, aquele que diz que o “homem está constantemente fora de si
mesmo, é projetando-se e perdendo-se fora de si que ele faz existir o homem, sendo o
homem esta superação e não se apoderando dos objetos senão em referência desta
superação, ele vive no coração, no centro desta superação”.
Freud embasou sua teoria nas ciências naturais, o que o obrigou a atacar os fenômenos e
os colocar em um nexo-causal, ou seja, causa e efeito, podando assim o homem de ser
um ser que realiza a própria essência a partir da existência.
A segunda parte fala exatamente sobre o inconsciente, o autor nos coloca a definição de
inconsciente para Freud, e questiona essa posição de acontecimentos escondidos nesta
“região” fazendo um paralelo com o lembrar e o não lembrar.
Finaliza o capítulo dizendo que o homem pode se esconder, pode fugir da liberdade de
refletir e até mesmo pensar sobre a existência. E diz que a angustia de liberdade poderia
ser produzida por um simples ato de lembrança sem a necessidade de “invocar nenhum
conceito metafísico para explicar sua ocorrência”.
Os autores citados são Rollo May. Considerado existencialista, mas que segundo
Waldemar é uma classificação errônea pois utiliza-se de conceitos psicanalíticos em sua
obra, como por exemplo, a relação causa-efeito e a idéia de inconsciente.
Victor Frankl é o outro autor citado por Angerami. Criador da logoterapia que faz uma
convergência em sua obra trazendo Deus para a compreensão e reflexão do homem. O
autor nos afima que Frankl é admirado por terapeutas que busca unificar as crenças
místicas com a prática da psicoterapia. Destaca-se a a historicidade de Frankl como
prisioneiro de guerra.
O terceiro autor destacado por Angerami é Binswanger que juntamente com Jasper
iniciou a chamada “Psiquiatria existencial”. Recebe um destaque entre os
existencialistas por sua obra extensa, por ter iniciado o trabalho existencial na
psiquiatria e, como diz Angerami, por sua obra ser ponteada por momentos brilhantes.
Medard Boss é outro autor que aparece como exponencial na atualidade. Recebe grande
influencia de Heidegger, considerados por muitos ser mais heideggeriano que o próprio
autor alemão. Waldemar nos fala também da crítica que Boss recebe por negar a
armação psicológica da psicanálise e substituir por conceitos existenciais, mantendo sua
estruturação.
O quinto autor é J.H. Van Den Berg, psiquiatra holandês que tem bastante projeção
entre os existencialistas contemporâneos. Angerami nos coloca que sua obra é reduzida,
mas que é rica na análise realizada sob a ótica fenomenológica no campo da psiquiatria.
Crítico dos conceitos vigentes da psiquiatria e da estrutura freudiana, tem “uma
linguagem que ao mesmo tempo em que é precisa e constrita tambem apresenta rasgos
de beleza e harmonia”.
Para finalizar os autores, Angerami nos fala sobre Ronald Laing. Autor de grande
importância que tem sua principal obra (em parceria com Cooper) prefaciada por Sartre
e tida como um marco inicial no movimento denominado “antipsiquiatria”. Laing
sempre demonstrou preocupação em inserir o homem numa realidade social, fato que
deu concretude sólida às suas obras.
TEMAS EXISTENCIAIS EM
PSICOTERAPIA – RESENHA
2 DE SETEMBRO DE 2014 BRUNOTURRI
A DESCONSTRUÇÃO DA INDIFERENÇA
Não se quer que o profissional absorva todo o desespero que envolva uma situação de
dor. O ideal é: nem calosidade, nem comoção, mas uma postura que permita calor
humano sem uma dramática comoção que possa atonar a fragilidade profissional,
quando a intenção real é vivenciar sensibilidade e empatia reais. O “distanciamento
crítico, segundo Angerami é o comportamento apropriado, porque “faz com que o
profissional possa refletir de maneira serena e segura acerca dos desatinos emocionais
do paciente.” Angerami advoga a importância de uma “empatia genuína”, fruto da
própria condição humana do psicoterapeuta, na mais profunda e exata abrangência que
tal definição possa abarcar. E refere-se a Stratton & Hayes para conceituar empatia
como “um sentimento de compreensão e unidade emocional com alguém”. Ainda neste
capítulo conceitua “profissionalismo afetivo” como “aquela postura onde não ocorre a
empatia genuína, mas ainda assim o profissional trata o doente com respeito pela sua
dor e sofrimento, adotando uma postura profissional que, embora pareada por certo
distanciamento traz um grande respeito pela dor do paciente. Tal procedimento torna-se
bastante útil quando se quer evitar um envolvimento emocional que escape do controle
do profissional da saúde, “sem que o paciente se sinta desrespeitado na delicadeza do
seu sofrimento.”
O capítulo 3, o imaginário e o adoecer – esboço de pequenas grandes dúvidas, propõe
de começo uma interessante reflexão: “… não é na patologia que determinou a
hospitalização que acharemos a decorrência do sofrimento vivido pelo paciente”, mas
provavelmente em “fatores subjetivos que estão determinando a própria conceituação de
enfermidade e, por assim dizer, do nível desse sofrimento”.
Para Angerami, tal subjetividade, “circunscrita nos aspectos que envolvem a história de
vida de uma determinada pessoa fazem com que determinados diagnósticos repercutam
de maneira específica a partir dessas peculiaridades”, e exemplifica a partir de Romano:
“a reação depressiva pode alterar o curso clínico de uma doença e se tornar um forte
empecilho para bons resultados no processo de reabilitação, tornando-o moroso ou
difícil.”
Isto sinaliza para a confirmação de que “o espectro que o imaginário concebe como
inerente a algumas patologias é a própria maneira de configuração até mesmo do
sofrimento específico de cada paciente”, com diferentes características para uma mesma
ocorrência, porque “o imaginário determina a própria maneira como algumas
patologias, ao se manifestarem, agem até mesmo em níveis organísmicos.”
Ainda neste terceiro capítulo, Angerami alude ao significado da dor segundo Szasz, que
se para o médico “é um problema de doença ou ferimento que aciona os impulsos
nervosos, e para o paciente é um problema de desconforto e sofrimento que provém de
uma disfunção do seu corpo, para o teólogo é principalmente um problema de culpa e
castigo”.E aqui o autor inclui observações de Sartre acerca dos diferentes objetos alvos
das análises dos três personagens citados: “cada uma dessas pessoas, na verdade, volta-
se para um objeto diferente: o médico para o corpo do paciente como engrenagem
biológica, o paciente para o seu próprio corpo como um bem pessoal, e o teólogo para
as experiências do indivíduo como agente moral em relação a Deus.”
Angerami observa que ainda que a dor se enfeixe no imaginário do paciente ela não
deixa de ser real e inclusive detectável aos instrumentos hospitalares:
“Negar a dor do outro é negar a sua própria realidade”.
Na Apresentação, destaca-se o fato de que o livro foi elaborado como guia para o curso
de formação em psicoterapia fenomenológico-existencial promovido pelo Centro de
Psicoterapia Existencial, coordenado pelo próprio autor, que expõe, portanto, parte do
conteúdo ministrado nos grupos de alunos.
O autor já conhecido por suas afirmações polêmicas não deixa de levantar suas críticas
ao behaviorismo e ressaltar o trabalho artesanal da psicoterapia existencial, comparando
tal postura à personagem D. Quixote do consagrado escritor Miguel de Cervantes, o que
denota uma posição anti-reducionista.
Uma marca presente neste livro e que começa a ser trabalhada neste ponto é a atenção
para o papel social do conhecimento, principalmente as psicologias que considera
alienantes e que, por isso, estariam fazendo um favor ao capitalismo por separar o
sujeito de sua historicidade. Para tanto, demonstra sua indisposição teórica em relação à
psicanálise e à prática psicológica que se baseia na filosofia de Heidegger. O capítulo
encerra-se com a afirmação de que o pensamento existencialista é essencialmente
metafísico.
São traçadas relações entre sensações e corpo, afirmando-se que cada pessoa é o seu
próprio corpo. Deste argumento, Angerami põe-se a questionar o conceito de mente e o
seu “domínio” sobre o corpo. Segue outra afirmação de que esta separação inexiste.
Portanto, também é colocada em xeque a idéia de doença mental com severas críticas ao
organicismo que, segundo o autor, justificou práticas desumanas como, por exemplo, a
lobotomia.
A posição assumida no livro define-se neste momento com a colocação de que não se
deve situar-se nos dois grandes paradigmas vigentes: 1 – o da psique e 2 – o do
organicismo. É defendida a idéia de que o Homem é muito mais do que o objeto de
estudo destas duas correntes. Para justificar tais dizeres, baseia-se em Jean Genet e
Sartre, criticando a idéia de um mundo interior que seja isolado de um exterior.
Angerami declara: “Eu sou a minha realidade social”.
Mesmo envolvendo-se em várias análises teóricas, o autor não deixa de demonstrar seu
fascínio com a vida diária e com a natureza. Chama a atenção do leitor de que tal
trabalho não é último, ou seja, que é preciso desenvolver ainda mais estas idéias,
inclusive dentro da psicologia. Também salienta as conseqüências do pensamento
desenvolvido na prática da psicoterapia.
Mais uma subdivisão se apresenta neste capítulo. Trata-se da parte Sobre o psiquismo,
na qual Angerami passa a investigar a definição do termo “psíquico”, encontrando a raiz
grega de “psi” como sendo “alma”. Várias diferenciações sobre as divisões entre alma e
corpo são feitas aqui. Desde o pensamento de Aristóteles até as afirmações bíblicas de
São Paulo. A posição de que não há um “eu psíquico” distante de um “eu corporal” é
mantida com firmeza.
Trata-se, a meu ver, de uma leitura muito interessante que pode vir a suscitar muitas
discussões teóricas e políticas no âmbito das correntes teóricas e práticas da psicologia.
A PSICOTERAPIA DIANTE DA
DROGADICÇÃO – RESENHA
2 DE SETEMBRO DE 2014 BRUNOTURRI
Vanessa Maichin
Esta obra, de grande significado clinico e social, por certo servirá de base à construção
de caminhos seguros e de maior abrangência, rumo à humanização do fenômeno da
drogadicção.