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4 – SISTEMAS DE ATERRAMENTO

4.1 – Resistência de “terra”


Baixa frequência – considerar o solo resistivo
CONEXÃO À TERRA
Alta frequência – considerar capacitância
indutância e resistência

Em alta frequência inclui-se as áreas de telecomunicações e descargas


atmosféricas
A figura abaixo ilustra o efeito da intensidade de corrente no valor da
“impedância impulsiva” (relação entre os valores de pico das ondas de
tensão e corrente) de um aterramento.
A quantificação do valor da resistência de aterramento é o valor da tensão
resultante no eletrodo e o valor da corrente injetada no solo através do
mesmo.
RT  VT / I

Componentes principais da resistência de aterramento:


 Resistência própria do eletrodo (valor baixo)
 Resistência de contato entre eletrodo e terra adjacente ao mesmo
(desprezível se o eletrodo estiver livre de tintas óleos gorduras etc.)
 Resistência da terra circunvizinha (componente fundamental)
Considerando um eletrodo de formato hemisférico, recorre-se a uma
estilização que aborda de forma simplificada a constituição da resistência
de aterramento.
Cada fatia de solo apresenta um certo valor de resistência.

Raterramento   R fatias
1
Como a espessura de cada fatia é a mesma, quanto mais próxima do
eletrodo estiver a fatia, maior será a sua resistência. As fatias mais amplas
e mais distantes tem resistência desprezível.
A corrente I que se distribui radialmente e que atravessa cada fatia (em
direção ao infinito), é a mesma.

O mesmo tipo de estilização é válido para outras configurações de


eletrodos.
É sabido que o potencial promovido em um ponto p qualquer do solo a
uma distância r da fonte produzida por um eletrodo semi-hemisférico é
dado pela seguinte expressão:

Vr  I
2 r
Quando se considera o ponto p sobre a superfície do eletrodo pode-se
determinar a elevação de potencial do eletrodo em relação ao infinito
devido ao fluxo de corrente I.

Veletrodo  I
2 reletrodo

A partir daí se determina o valor da resistência de aterramento

Veletrodo 
RT   RT 
I 2 reletrodo
4.2 – Dimensionamento de um sistema de aterramento com uma
haste vertical

a  4 L 
R1haste  ln  
2 L  d 

Figura 4.2.1 – Haste cravada no solo

a – Resistividade aparente do solo


L – Comprimento da haste
d – Diâmetro do círculo equivalente a área da seção
transversal da haste
Exemplo de seção transversal

Figura 4.2.2 – Seção circular da haste circular e em cantoneira

No caso da cantoneira, deve-se efetuar o cálculo da área de sua seção transversal


e igualar à área do círculo
2
d  Scantoneira
Scantoneira  Scírculo   d 2
2 

d  diâmetro do círculo equivalente à área da seção transversal da cantoneira


Exemplo 4.2.1 – Determinar a resistência de terra de uma haste de 2,4 m
de comprimento com diâmetro 15 mm cravada verticalmente em um solo
Com a = 100 .m.

= 100 .m

Ø = 15 mm

 a  4L  100  4.2,4 
R1haste  ln  R1haste  ln  R1haste  42,85 
2 L  d  2 2,4  15.103 

Nem sempre o aterramento com uma única haste fornece o valor da


resistência desejada
Parâmetros que influenciam na redução do valor da resistência elétrica:
 Aumento do diâmetro da haste
 Colocando-se hastes em paralelo
 Aumento do comprimento da haste
 Redução do a utilizando tratamento químico no solo

A resistência elétrica total de um sistema de aterramento a partir do


equipamento é composta da:
a) Resistência da conexão do cabo de ligação com o equipamento
b) Impedância do cabo de ligação
c) Resistência da conexão do cabo de ligação com o sistema de
aterramento empregado
d) Resistência do material que forma o sistema de aterramento
e) Resistência de contato do material com a terra
f) Resistência da cavidade geométrica do sistema de aterramento com
a terra

Deste total, a última parcela é a mais importante, seu valor é maior e


depende do solo, condições climáticas etc.
Trafo

poste a

solo

c
e
d
Figura 4.2.4 – Resistência elétrica total do equipamento
4.3 – Aumento do diâmetro da haste
Aumentando-se o diâmetro da haste tem-se uma pequena redução na
resistência que pode ser observada através da fórmula
a  4 L 
R1haste  ln  
2 L  d 

Figura 4.3.1 – Redução da resistência em função do aumento do diâmetro


4.4 Interligação de hastes em paralelo
A interligação de hastes em paralelo diminui sensivelmente o valor da
resistência do aterramento. Não segue a lei simples do paralelismo de
resistências elétricas em função da interferência nas zonas de atuação das
superfícies equipotenciais.

Figura 4.4.1 – Superfícies equipotenciais de uma haste


No caso de duas hastes cravadas no solo homogêneo distanciadas de “a”
tem-se as seguintes superfícies equipotenciais:

Figura 4.4.2 – Zona de interferência nas linhas equipotenciais de duas


hastes
A figura abaixo mostra as linhas equipotenciais resultantes do conjunto
formado pelas duas hastes.

Figura 4.4.3 – Superfícies equipotenciais de duas hastes

A zona de interferência das linhas equipotenciais causa uma área de bloqueio


de forma que a resistência elétrica de um conjunto de 2 hastes é:

R1haste
 R2 haste  R1haste
2
4.5 Resistência equivalente de hastes paralelas
Para este cálculo, deve-se levar em conta o acréscimo de resistência
ocasionado pela interferência entre as hastes.

n
Rh  Rhh   Rhm
m 1 m  h 

Onde:
Rh - Resistência da haste “h” inserida no conjunto considerando a
interferência das outras hastes
n - Número de hastes paralelas
Rhh – Resistência individual de cada haste sem a presença das outras hastes
Rhm – Acréscimo de resistência na haste “h” devido a interferência mútua da
haste “m” dada pela expressão abaixo:

a  bhm  L 2  ehm
2 
Rhm  ln  2 
4 L  ehm  bhm  L 2 
Ehm - Espaçamento entre a haste “h” e a haste “m”
L - Comprimento da haste [m]

Figura 4.4.4 – Parâmetros das mútuas entre as hastes “h” e “m”

bhm  L2  ehm
2
Em um sistema de aterramento, normalmente empregam-se hastes iguais
para facilidade de cálculo.
Para cada haste tem-se:
R1 = R11 + R12 + R13 + ......+ R1n
R2 = R21 + R22 + R23 + ......+ R2n
.
.
Rn = Rn1 + Rn2 + Rn3 + ......+ Rnn

Determinada a resistência individual de cada haste com acréscimos,


Paralelismo das resistências
1 1 1 1 1
    ....
Req R1 R2 R3 Rn

1 1
Req  
1 1 1 1 n 1
 
R1 R2 R3
 ... 
Rn
i 1 R
i

4.5.1 Índice de aproveitamento ou índice de redução (K)


É definido como a relação entre a resistência equivalente do conjunto (Req)
e a resistência individual de cada haste.
Req
K Req  K R1haste
R1haste
Para facilitar o cálculo de Req os valores de K são tabelados ou obtidos
através de curvas (vide tabelas)
4.6 Dimensionamento do sistema de aterramento formado por
hastes alinhadas em paralelo, igualmente espaçadas.

Figura 4.6.1 – Hastes alinhadas em paralelo

É um sistema simples e eficiente muito empregado na distribuição e


aterramento de equipamentos isolados. Na área urbana, utiliza-se o meio
fio da calçada.
Exemplo 4.6.1
Calcular a resistência equivalente do aterramento de quatro hastes
alinhadas conforme mostra a figura abaixo em função de a. Determinar o
índice de redução K

Figura 4.6.2 – Sistema com quatro hastes alinhadas

R1 = R11 + R12 + R13 + R14


R2 = R21 + R22 + R23 + R24
R3 = R31 + R32 + R33 + R34
R4 = R41 + R42 + R43 + R44
Como as hastes são todas do mesmo formato tem-se:

a  4 L  a  4 .2,4 
R11  R22  R33  R44  ln   ln
   0,44 a
2 
2 L  d  2 2,4  1 / 2 .2,54 .10 

Devido a zona de bloqueio, as resistências mútuas de acréscimo são obtidas


usando a fórmula da interferência mútua entre h e m.
a  b12  L 2  e12
2 
R12  R21  R23  R32  R34  R43  ln  2 
4 L  e12  b12  L 2 
b12  L2  e12
2
 5,76  9  3,841m
a  3,841  2,42  32 
R12  ln  2 2
 0,048 a
4 2,4  3  3,841  2,4 
a  b13  L 2  e13
2 
R13  R31  R42  R24  ln  2 2
4 L  e13  b13  L  

e13  6 m b13  6,462 m


a  6,462  2,42  62 
R13  ln  2 2
 0,0258
4 2,4  6  6,462  2,4 

a  b14  L 2  e14
2 
R14  R41  ln  2 2
4 L  e14  b14  L  

e14 = 9 m

b14  92  2,42  9,314 m

a  9,314  2,42  92 
R14  ln  2 2
 0,0174 a
4 2,4  9  9,314  2,4 
Cálculo de R1 R2 R3 e R4

R1  0 ,44 a  0,048 a  0,0258 a  0 ,0174 a  0,5312 a


R2  0,048 a  0 ,44 a  0,048 a  0 ,0258 a  0 ,5618 a
R3  0,0258 a  0 ,048 a  0,44 a  0,048 a  0 ,5618 a
R4  0,0174 a  0,0258 a  0 ,048 a  0,44 a  0,5312 a
Devido a simetria, R1 = R4 e R2 = R3

Cálculo da resistência equivalente Req4h:


1
Req 4 h 
1 1 1 1
  
R1 R2 R3 R4
1
Req 4 h   0,1365 a
1 1 1 1
  
0,5312 a 0,5618 a 0,5618 a 0,5312 a
Índice de redução K:
Req 4 h 0,1365 a
K   0,31 31%
Rhh 0,44 a
Isto significa que a resistência equivalente de 4 hastes é igual a 31% da
resistência de uma haste isolada.
Para evitar o caminho trabalhoso, o coeficiente de redução K se encontra
tabelado.

Exemplo 4.6.2
Um sistema de aterramento consiste de oito hastes, espaçadas de 3 m,
cravadas em um solo com a = 100 .m. O comprimento das hastes é de
2,4 m e o diâmetro de ½”. Pede-se:
a) Resistência do sistema de aterramento

 
a  4 L  100  4.2,4 
R1haste  ln  ln 
2 L  d  2. .2,4  1 .2,54  102 
 
2 
R1haste  0,44 a  44 

Para 8 hastes, K = 0,174 conforme tabela A.O.5


Req 8h  K . R1haste  0,174  44  7 ,6 

b) Quantas hastes devem ser cravadas para se ter uma resistência máxima
de 10 
Req  10  Req  K R1haste  10 10
K  K  0,227
44
Da tabela A.O.5 obtém-se 6 hastes ou mais

c) Fazer uma curva Req x No de hastes em paralelo com e = 3 m

Figura 4.6.3 – Curva Req x No de hastes em paralelo


4.7 Dimensionamento de sistema de aterramento com hastes em
triângulo.
Para este sistema as hastes são cravadas nos vértices de um triângulo
equilátero.

Todo o dimensionamento do sistema em triângulo baseia-se na definição do


índice de redução R KR
eq 1haste

R1haste  Resistência elétrica


K  Índice de redução do sistema de aterramento
Req  Resistência equivalente apresentada pelo sistema de aterramento em
triângulo com lado “e”
Os índices de redução K são obtidos diretamente das curvas da figura abaixo

Figura 4.6.4 – Curvas do K x e para hastes em triângulo


Exemplo 4.1
Num solo onde a = 100 .m, determinar a resistência do sistema de
aterramento com três hastes cravadas em triângulo com lado de 2 m, sendo
o comprimento da haste 2,4 m e o diâmetro ½”.
a  4 L  a  4  2,4 
R1haste  ln   ln   0,44 a
2L  d  2  2,4  1 / 2  2,54  10 2 
R1haste  0,44 a  0,44  100  44 
A relação acima pode ser tirada diretamente da tabela A.0.5
Req  K R1haste

Req  0,46  44  20,24 

Pela figura anterior tem-se:


K = 0,46

Req  0,46  44  20,24 


4.8 Dimensionamento de sistemas com hastes em quadrado vazio.

Figura 4.8.1 – Quadrado vazio

A resistência equivalente do sistema é dada pela expressão conhecida


Req  K R1haste
Com o índice de redução K obtido das figuras a seguir
Figura 4.8.2 – Oito hastes em quadrado Figura 4.8.3 – Trinta e seis hastes
vazio em quadrado vazio

Exemplo 4.2 – Oito hastes de 3,0 m e d = 1” formam um quadrado vazio


com e = 2 m. Determinar o valor de Req•

R1haste  0,327 a Req  K R1haste

Req  0,27  0,327 a  0,08829 a


4.9 – Dimensionamento de sistema com hastes em quadrado cheio

e
Figura 4.8.4 – Quatro hastes em quadrado cheio (vazio)

Figura 4.8.5 – Trinta e seis hastes em quadrado cheio


4.9 Dimensionamento de sistemas com hastes em circunferência

Figura 4.8.4 – Hastes em circunferência

Figura 4.8.5 – Hastes em circunferência


com 9 metros de raio.
Exemplo 4.3
Determinar a resistência equivalente do sistema formado com 20 hastes com
L = 2,4 m e d = ½” que estão cravadas ao longo de uma circunferência de
raio 9 m. A resistividade aparente é igual a 180 .m

R1haste  0,44 a  79,2  da figura 4.8.5 têm-se K = 0,095

Req  7,524 

4.10 Hastes profundas


Aumentando o comprimento da haste, o valor da resistência decai na ordem
inversa de L conforme a expressão abaixo:

a  4 L 
R1haste  ln  
2 L  d 
Na utilização do sistema com hastes profundas, vários fatores ajudam a
melhorar ainda mais a qualidade do aterramento:
 Aumento do comprimento da haste
 Camadas mais profundas com resistividades menores
 Condição de água presente estável ao longo do tempo
 Condição de temperatura constante e estável ao longo do tempo
 Produção de gradientes de potencial maiores no fundo do solo,
tornando os potenciais de passo na superfície praticamente desprezíveis.

Métodos para implantação das estacas:


a) Bate-estaca
b) Moto-perfuratriz

4.12 Resistência de aterramento de condutores enrolados em


forma de anel e enterrados horizontalmente no solo

A figura a seguir mostra um aterramento em forma de anel que pode ser


usado aproveitando o buraco feito para a colocação do poste.
Figura 4.8.6 – Aterramento em forma de anel

A resistência de aterramento em anel é dada pela fórmula abaixo


a  4  2  p = profundidade em que esta enterrado o anel
Ranel  2 ln 
 r  dp 
r = raio do anel
d = diâmetro do círculo equivalente à soma da seção
transversal dos condutores que formam o anel
Exemplo 4.4 Determinar a resistência de um anel com 50 cm de raio,
diâmetro do condutor de 10 mm, enterrado a 60 cm em um solo com
resistividade aparente de 1.000 .m.

1000  4  0,52 
Ranel  2 ln  3

  0,5  10  10  0,6 
Ranel  1036,71

4.13 Sistemas com condutor enterrado horizontalmente no solo


A resistência de aterramento de um condutor enterrado horizontalmente no
solo é dada pela fórmula:

p – Profund. do condutor
solo
p L – Comprim. do condutor
r – Raio equival. do
L
condutor

a   2 L2  
2 4
2 p  p 1 p
R ln   2        
2L   rp  L  L  2 L  
Fórmulas para obtenção da resistência de aterramento dos condutores
enterrados horizontalmente no solo em diferentes configurações.
a) Dois condutores em ângulo reto:

a   L2  
2 4
  0,2373  0,8584  1,656   10,85 
p p p
L R ln 
2L   2rp  L  L L 

b) Configuração em estrela com três pontas


a   L2  
2 4
  1,077  0,836  3,808   13,824 
p p p
L R ln 
3L   2rp  L L L 

c) Configuração em estrela com 4 pontas

L
a   L2  
2 4
 
p  p  p
R ln  2 ,912  4 ,284  10 ,32    37 ,
12  
4L   2rp  L L L 
d) Configuração em estrela com seis pontas

a   L2  
2 4
L p  p  p
R ln   6 ,851  12 ,512  28 ,
128   125 ,4  
6L   2rp  L  L L 

e) Configuração em estrela com oito pontas

L
a   L2  
2 4
  10,98  22,04  52,16   299,52 
p p p
R ln 
8L   2rp  L L L 
Exemplo 4.5 Tendo-se disponível 60 m de um condutor com diâmetro de
6 mm, fazer todas as configurações propostas para aterramento a 60 cm
da superfície em um solo com resistividade aparente de 1.000 .m

Os resultados são obtidos na tabela abaixo:

Configuração Resistência (.m)


1 fio 35,00

2 fios em ângulo reto 64,77

Estrela 3 pontas 67,23

Estrela 4 pontas 73,21

Estrela 6 pontas 87,17

Estrela 8 pontas 101,83

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