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Tentando criar uma teoria sociológica da arte, as ciências sociais criaram explicações duvidosas com recursos

sociológicos, psicológicos e outros, assim devemos ter em mente certos cuidados ao delimitar os campos adequados
e fazer sentir que os recursos citados são auxiliares aos estudos aqui citados. Pensando assim surgem alguns
questionamentos: qual a influência do meio social sobre a literatura? Que influência exerce a obra sobre a
sociedade? Antes de tudo a literatura é também um produto social, exprimindo condições de cada civilização em
que ocorre. Surge daí uma tendência de analisar o conteúdo social das obras, geralmente com base em motivos de
ordem moral ou política, inferindo que arte deve transmitir esses conceitos e que neles estão o seu valor. Porém, a
arte é social em ambos os sentidos, pois depende da ação do meio e produz sobre os indivíduos um efeito. Deve-se
analisar as influências concretas exercidas pelos fatores socioculturais, dificilmente é possível perceber claramente
sua variedade e quantidade, mas pode-se aferir os mais decisivos que estão ligados as estruturas sociais, aos valores
e ideologias e às técnicas de comunicação, respectivamente referem-se à posição social do artista ou grupo receptor,
na forma e conteúdo da obra e como a é transmitida. Surgem assim quatro aspectos na produção artística: a) o
artista usa os recursos e padrões da sua época, b) os temas escolhidos, c) a forma e d) a reação causada no meio.
Desta forma, sociologicamente, a arte é um sistema simbólico de comunicação inter-humana. O artista recorre ao
arsenal comum da civilização para os temas e formas da obra, e na medida em que ambos se moldam sempre ao
público atual ou prefigurado, é impossível deixar de incluir na sua explicação todos os elementos do processo
comunicativo, que é integrador e bitransitivo por excelência.

Há dois tipos de literatura: de agregação e de segregação. A primeira é de inspiração coletiva e de fácil acesso. A
segunda pretende inovar e dirige-se a um número limitado de receptores. Surge daí dois fenômenos sociais: a
integração e a diferenciação. A integração é o conjunto de fatores que acentuam o que é comum aos indivíduos ou
grupos. A diferenciação busca acentuar as peculiaridades e individualidades entre os receptores. A arte sobrevive
equilibrando esses dois conceitos.

Os três elementos da comunicação artística são: o autor, a obra e o público. Eles se referem, respectivamente, como
a sociedade define a posição e o papel do artista, como a obra depende dos recursos técnicos para incorporar os
valores propostos e como se configuram os públicos.

1. A posição do artista: É um aspecto da sociedade. Assim, o aparecimento do artista na sociedade com


posição e papel determinados; como se diferenciam os grupos de artista; como esses grupos aparecem
numa sociedade estratificada. Existem algumas circunstâncias na relação “artistas – público”: a) necessidade
de um agente individual que tome para si a produção artística, b) o reconhecimento ou não do artista pelo
público e c) a obra é um veículo das inspirações individuais do artista. A obra é uma confluência das
condições sociais e da iniciativa do artista. O artista pode ter outras atribuições além da produção artística. A
técnica pode atrair os grupos de artistas em confrarias, onde um seleto grupo detentor de determinada
técnica se atrai configurando um grupo social.

2. A configuração da obra: A obra depende estritamente do artista e das condições sociais que determinam
sua posição. A estrutura da obra artística se divide em conteúdo (valores e ideologias) e forma (modalidade
de comunicação).

 O público: É o receptor da arte. Conforme os crescimentos da sociedade artistas e públicos se diferenciaram.


É tendo em mente o público que o artista decide o destino da obra. O público tem o poder de fazer o artista
alterar o seu modo de fazer a arte. A técnica também sofre influência do público, adequando quanto a sua
aceitabilidade. Os valores atribuídos à arte pelo público podem ser chamados de gosto, moda e outras,
exprimindo as expectativas sociais desse grupo, ou até mesmo formando um juízo de valor arbitrário. O
público dá sentido e realidade à obra, pois é nele que ela se concretiza, dessa forma, um artista
desconhecido passa a ser conhecido desde que a posteridade defina seu valor. A obra liga o autor ao
público.

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