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SEDUC-RS 2012 | Magistério | Professor

Conhecimentos
Pedagógicos
Cidadania no mundo globalizado
Prof. Omar Martins
http://profomar.wordpress.com
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“Devemos compreender de modo


dialético a relação entre a educação
sistemática e a mudança social, a
transformação política da sociedade.
Os problemas da escola estão
profundamente enraizados nas condições
globais da sociedade.”

Paulo Freire
Medo e Ousadia (1987)
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O que é CIDADANIA?
“A cidadania é uma invenção coletiva.
Cidadania é uma forma de visão do mundo”.
Paulo Freire

Cidadania é uma expressão adjetivada originária do


latim, que tratava o indivíduo habitante da cidade (civitas),
indicando, na Roma Antiga, a situação política de uma
“pessoa” (excluída todas as mulheres, escravos, crianças e
estrangeiros) e seus direitos em relação ao Estado Romano.
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O que é CIDADANIA?
Modernamente, o conceito adquiriu relevante importância
em decorrência das revoluções liberais do século XVIII, em
especial a Francesa (1789) que logrou estabelecer um
novo conceito de “homem”, ressaltando a liberdade
econômica do novo cidadão na luta contra Estados
totalitários baseados no poder do feudo e da Igreja.
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O que é CIDADANIA?
No processo de constitucionalização dos Estados nacionais
– ocorrida no século XX -, o conceito adquiriu uma
dimensão jurídico-política remetendo a uma concepção:

CIDADÃO
Indivíduo no pleno gozo dos seus direitos civis e
políticos num determinado Estado, ou no
desempenho de seus deveres para com este.
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O que é CIDADANIA?
Na atualidade o conceito adquiriu um conjunto de
significados extremamente amplo e complexo, próprio de
uma sociedade que vive o apogeu de tecnologias e de
diversidades de acessos e pontos de vistas. Entretanto,
todos os matizes conduzem a ideia de que o termo diz
respeito à condição de cidadão, seus direitos e garantias
fundamentais para o exercício de sua existência.
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O que é CIDADANIA?

Segundo Dalmo Dallari, a cidadania expressa um conjunto


de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar
ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não
tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social
e da tomada de decisões, ficando numa posição de
inferioridade dentro do grupo social.
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O que é CIDADANIA?
Nos arts. 1º e 3º de nossa Constituição de 1988, lemos que
“Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos: II - a cidadania; (...) e III - a dignidade da pessoa
humana; [...] entre outros princípios; e
“Art. 3º. Constituem objetivos fundamentais da República
Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e
solidária; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir
as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de
todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação”. [...]
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O que é CIDADANIA?
Nos art. 5º, são descritos os direitos, deveres e
garantias da cidadania:

“Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes [...]
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O que é CIDADANIA?
Como veremos, num contexto de mundo globalizado, onde a
hegemonia do capitalismo adquiriu contornos mundiais e tidos
como inexoráveis, ser cidadão passou a indicar a ideia de
possuir determinados atributos advindos de uma ordem
mantida por aspectos meramente econômicos.
Assim, pensar em cidadania hoje exige transdisciplinaridade
pontuando as diferentes dimensões e contribuições para o
esclarecimento dos conceitos e da realidade social, sempre
focando nas nossas práticas educativas no tempo presente.
Resumidamente, vamos repassar as principais ideias e
informações sobre a temática.
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Mas, o que é globalização mesmo?


Globalização é o processo histórico do Capitalismo
construído, gradativamente, a partir das mudanças que
ocorreram no mundo no imediato pós-Segunda Guerra. Em
um contexto de uma terceira Revolução Industrial, seu ápice
dar-se-á com a suporte tecnológico possibilitado por grandes
sistemas como, por exemplo, a internet nos anos de 1990.
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O âmago dessas transformações seria a integração dos mercados


em uma única “aldeia-global”, dirigida pelos fluxos de capitais,
moeda das grandes corporações multinacionais.
Por essa visão, os Estados tradicionais, constituídos decisivamente
no século XIX, superariam gradativamente as barreiras tarifárias
construídas a fim de proteger sua produção da concorrência dos
produtos estrangeiros e se abririam à lógica do comércio e do
capital internacional.
De Bretton Woods (1944), passando pela ‘Crise do petróleo’
(1973), o ‘Consenso de Washington’ (1989) advento da internet
(1990), a ‘Crise dos subprimes’ (2008) e a ‘Crise da Crise’ ou
‘Crise das dívidas’ (2011) o modelo adotado pela capitalismo tem
passado por grandes realizações e muitos fracassos.
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Globalização: Principais características


A exploração dos recursos naturais ocorre
de maneira predatória e insustentável.
A natureza é interpretada ideologicamente
como fonte inesgotável de
obtenção de lucro.
Empresas produtoras duelam buscam manter o
controle do mercado. Apesar disso, a tendência
é de fusões e aquisições das grandes empresas
criando inúmeros oligopólios.

Toda a cultura da moderna cultura


globalizada está baseada nas relações de
consumo e na capacidade de consumir
determinados produtos “globais”.
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Globalização: Principais características

Além dos EUA, outros países e blocos


exercem poder na definição da política
internacional (UE, China, Brasil, Rússia etc).
Vários polos de poder

União Europeia; NAFTA;


“Tigres Asiáticos”; MERCOSUL; ASEAN etc.

Representados pelas Bolsas de Valores,


bancos, financeiras e conglomerados
econômicos, os “investidores” assumem papel
decisivo junto aos Estados nacionais,
definindo as políticas internas e externas das
nações dirigidas.
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Globalização: Principais características

Os avanços tecnológicos - subordinados aos


interesses de grandes incorporadoras - estão
em permanente transformação.
Os produtos advindo da alta tecnologia são
Revolução Técnico-científica rapidamente modificados em um upgrade
permanente a fim de agregar valor.

A lógica da economia globalizada possui


muitas “medidas” nem sempre facilmente
inteligíveis. Exemplo: o nível de
desigualdades aumentou no mundo nos
últimos 30 anos. Aumentou também o grau
de instrução da maioria da população.
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Globalização: Principais características

A globalização é marcada por agir com


modelos diferentes, adaptando-se a
realidades distintas. A produção, por
exemplo, está subordinada a lógicas de
mercados consumidores cada vez mais
distintos e peculiares.

As regras construídas em 60 anos de


Welfare State (Estado do Bem-Estar Social)
estão sendo alteradas a pretexto de
inserção das nações à economia
globalizada. Exemplos: garantias
trabalhistas; regras ambientais.
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Globalização: Principais características


A globalização foi implantada com a lógica
Privatizações de Estado mínimo e o advento do Capital
das empresas privadas.

Desemprego Com a desnacionalização da produção e


consumo interno, houve um incremento no
Estrutural desemprego estrutural na maioria dos países.

Entre os anos 1990 e 2000 ocorreu uma


Maior concentração da grande concentração da riquezas nos países
riqueza mais poderosos em detrimento aos demais
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Antecedentes | Hegemonia norte-americana


Com a estratégia econômica norte-americana, estavam
criadas as condições para o exercício de poder hegemônico
dos EUA às nações ocidentais que precisavam de recursos e
de estabilidade para retomar o crescimento dos seus países.
Com o controle dos recursos energéticos, baseados nos
derivados de petróleo e a exportação do American Way of
Life (jeito americano de viver: carros, gastança regados com
crédito e produção em grande escala).
Atualidades| Globalização |INSS 2011

Com a indexação da economia ao US$ dólar norte-americano e a crescente dependência do mundo ao


progresso gerado pelo uso de recursos energéticos como o petróleo, o mundo começa a conhecer a
‘ideologia’ do American Way of Life
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O triângulo de Bretton Woods: Controle financeiro = indexação das


FMI economias ao US$
modelo original de
implantação da globalização

Controle do comércio e
Controle dos
regulação da produção e
investimentos e
consumo
infraestrutura

OMC BIRD
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O atual processo produtivo mundial é formado por um conjunto de umas 400-450


grandes corporações (a maioria delas produtora de automóveis e ligada ao petróleo e
às comunicações) que têm seus investimentos espalhados pelos 5 continentes.
A nacionalidade delas é majoritariamente americana, japonesa, alemã, inglesa, brasileira,
francesa, suíça, italiana e holandesa.
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BRICS
A ideia dos BRICS foi formulada pelo economista-chefe
da Goldman Sachs, Jim O’Neil. Fixou-se como categoria
da análise nos meios econômico-financeiros,
empresariais, acadêmicos e de comunicação. Em 2006,
o conceito deu origem a um agrupamento, propriamente
dito, incorporado à política externa de Brasil, Rússia,
Índia e China. Em 2011, por ocasião da III Cúpula, a
África do Sul passou a fazer parte do agrupamento, que
adotou a sigla BRICS.
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“Vivemos em um mundo complexo, marcado na


ordem material pela multiplicação incessante do
número de objetos e na ordem imaterial pela
infinidade de relações que aos objetos nos unem.
Nosso mundo é complexo e confuso ao mesmo
tempo, graças à força com a qual a ideologia
penetra nos objetos e ações. Por isso mesmo, a
era da globalização, mais do que qualquer outra
antes dela, exige uma interpretação sistêmica
cuidadosa, de modo a permitir que cada coisa
seja redefinida em relação ao todo planetário.
Milton Santos A grande sorte dos que desejam pensar a nossa
(1926 – 2001) época é a existência de uma técnica planetária,
Geógrafo direta ou indiretamente presente em todos os
lugares, e de uma política planetária, que une e
norteia os objetos técnicos. Juntas, elas autorizam
uma leitura ao mesmo tempo geral e específica,
filosófica e prática, de cada ponto da Terra”.
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Publicado no início dos anos de 1990, este livro reúne


ensaios de Milton Santos interessados na compreensão
das novas dinâmicas da sociedade e do território: os
espaços da globalização e suas contradições no campo
e na cidade; a regionalização edificada por
solidariedades organizacionais; a nova urbanização
impulsionada pelo meio técnico-científico-informacional;
as tensões e oportunidades recriadas na grande
cidade periférica.
O período histórico é apresentado como um sistema
temporal coerente, cuja compreensão depende do
entendimento da natureza atual dos sistemas técnicos e
seus usos. A técnica desponta como um elo entre "os
sistemas de objetos e os sistemas de ações",
permitindo alcançar a própria constituição do espaço
geográfico. O resultado histórico atual é a
Técnica, Espaço, Tempo: concretização do "meio técnico-científico-
Globalização e meio técnico-
científico informacional
informacional", entendido por Milton Santos como a
Milton Santos cara geográfica do processo de globalização.
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“Emerge, desse modo, uma universalidade empírica,


de modo a ajudar na formulação de ideias que
exprimam o que é o mundo e o que são os lugares.
Cria-se, de fato, um novo mundo. Para sermos ainda
mais precisos, o que, afinal, se cria é o mundo como
realidade histórica unitária, ainda que ele seja
extremamente diversificado. Ele é datado com uma
data substantivamente única, graças aos traços comuns
Milton Santos
de sua constituição técnica e à existência de um único
(1926 – 2001)
Geógrafo
motor das ações hegemônicas, representado pelo lucro
em escala global. É isso, aliás, que, junto à informação
generalizada, assegura a cada lugar a comunhão
universal com todos os outros. Ao contrário do que tanto
se disse, a história universal não acabou; ela apenas
começa. Antes o que havia era uma história de lugares,
regiões, países. As histórias podiam ser, no máximo,
continentais, em função dos impérios que se
estabeleceram em uma escala mais ampla”.
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O pensador, antes de ser um otimista incorrigível, acredita na


EMERGÊNCIA das novas técnicas de informação e na obstinada
capacidade dos agentes de transformação, entre eles os
educadores, de colocar a serviço da humanidade os bens
conquistados e mediados pela inteligência humana pois, a mesma
materialidade, atualmente utilizada para construir um mundo confuso e
perverso, pode vir a ser uma condição da construção de um mundo
mais humano e solidário.

Milton Santos lembrava de Paulo Freire, que retomaremos a seguir,


para lembrar da capacidade das transformações em meio aos
problemas e carência de recursos materiais. Em um dos seus últimos
artigos publicados, com o sugestivo título “O recomeço da história”,
em fala que, na Globalização, teremos, finalmente, “A vez da
humanidade”.
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“A grande mutação tecnológica é dada com a emergência das técnicas da


informação, as quais, ao contrário das técnicas das máquinas, são
constitucionalmente divisíveis, flexíveis e dóceis, adaptáveis a todos os meios e
culturas, ainda que o seu uso perverso atual seja subordinado aos interesses dos
grandes capitais. Mas, quando sua utilização for democratizada, essas
técnicas doces estarão a serviço do homem. Por outro lado, muito falamos hoje
nos progressos e nas promessas da engenharia genética, que conduziriam a uma
mutação do homem biológico. Isso, porém, ainda é do domínio da história da
ciência e da técnica. Pouco, no entanto, se fala das condições ainda hoje
presentes, que podem assegurar uma mutação filosófica do homem, capaz de
atribuir um novo sentido à existência de cada pessoa e também do planeta.
Nesse emaranhado de técnicas dentro do qual estamos vivendo, o homem
descobre suas novas forças. Já que o meio ambiente é cada vez menos natural,
o uso do entorno imediato pode ser menos aleatório. Aumenta a previsibilidade e
a eficácia das ações. Ampliam-se e diversificam-se as escolhas, desde que se
possa combinar adequadamente técnica e política.” (Milton Santos)
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CIDADANIA, EDUCAÇÃO E AUTONOMIA?


Depois de desvendarmos alguns aspectos do atual mundo
global, cabe-nos a necessidade de pensar possibilidades de
aplicação desses conhecimentos no contexto da educação.
Para tanto, iremos nos socorrer nas lições do mestre da
educação brasileira.
Para Paulo Freire, cidadão significa “indivíduo no gozo dos
direitos civis e políticos de um Estado” e cidadania “tem que
ver com a condição de cidadão, quer dizer, com o uso dos
direitos e o direito de ter deveres de cidadão”. É assim que ele
entende “a alfabetização como formação da cidadania” e
como “formadora da cidadania”.
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“Um desses sonhos para que lutar,


sonho possível mas cuja concretização
demanda coerência, valor,
tenacidade, senso de justiça, força
para brigar, de todas e de todos os
que a ele se entreguem, é o sonho
por um mundo menos feio, em que as
desigualdades diminuam, em que as
discriminações de raça, de sexo, de
classe sejam sinais de vergonha e não
de afirmação orgulhosa ou de
lamentação puramente cavilosa. No
fundo, é um sonho sem cuja realização
Paulo Freire a democracia de que tanto falamos,
(1921 – 1997) sobretudo hoje, é uma farsa”.
Filósofo - Educador
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Antes de um “método”, uma prática existencial


Aliando educação e política, fazendo-as caminhar juntas no
seu trabalho de acompanhamento pedagógico de homens e
mulheres iletrados, em várias partes do mundo, Paulo Freire
os motivou à reconquista dos seus direitos e da sua voz, via
apropriação da palavra, da leitura e da escrita. Ler o mundo,
lendo a palavra, surge como esperança possível para homens
e mulheres de redescobrir seus próprios valores e encontrar-
se com seus semelhantes em busca de libertação das forças
que os oprimem. Educação e Política, na concepção freireana,
apontam sempre na direção de um ser pleno de cidadania,
capaz de assumir para si o comando dos seus processos de
existência liberta e progressista.
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Problematizar: na escola, na sala de aula e na rua


Quando Freire fala em pedagogia, ele não está falando
apenas das relações que se estabelecem na escola e na sala
de aula. A sua pedagogia está relacionada a todo esse
contexto de opressão social e de falta de democracia que
estamos apontando. Toda educação é política, assim como
toda política é educativa. Não existe neutralidade. Portanto, o
seu método dialógico, problematizador, não é apenas um
método ou uma teoria pedagógica, mas uma práxis que
propõe a libertação da opressão que predomina na nossa
sociedade:
“Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho:
os homens se libertam em comunhão”. (Paulo Freire)
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Por uma Pedagogia da Autonomia


Talvez um dos livros mais conhecidos na educação
brasileira seja a “Pedagogia da Autonomia:
saberes necessário à prática educativa” de Paulo
Freire. Um livro com poucas páginas, que pode ser
considerado ‘simples’ mas que carrega todo o
imaginário das concepções e práticas freireanas:
nele serão expressos os elementos constitutivos de
uma prática educativa que se posicione contra todas
as desigualdades, preconceitos e discriminações que
atentem contra a dignidade e cidadania humana.
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Pedagogia da Autonomia
Paulo Freire
“O respeito à autonomia e à dignidade
de cada um é um imperativo ético e não
um favor que podemos ou não conceder
uns aos outros. (...) É nesse sentido
também que a dialogicidade
verdadeira, em que os sujeitos dialógicos
aprendem e crescem na diferença,
sobretudo, no respeito a ela, é a forma
de estar sendo coerentemente exigida
Paulo Freire
(1996) por seres que, inacabados, assumindo-se
como tais, se tornam radicalmente éticos.”
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Pedagogia da Autonomia
Paulo Freire
No livro, dividido em 3 (três) capítulos, Paulo Freire resume, didaticamente, a
postura que deve permear nossas prática educativas. No primeiro capítulo –
Não há docência sem discência – o educador estabelece os principais requisitos
para ação:
Ensinar exige rigorosidade metódica
Ensinar exige pesquisa
Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos
Ensinar exige criticidade
Ensinar exige estética e ética
Ensinar exige a corporeificação das palavras pelo exemplo
Ensinar exige risco, aceitação do novo, e rejeição a qualquer forma
de discriminação
Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática
Ensinar exige o reconhecimento e a assunção da identidade cultural
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Pedagogia da Autonomia
Paulo Freire
Para Freire, o diálogo não é apenas um método, mas uma estratégia para
respeitar o saber do aluno que chega à escola. No segundo capítulo,
denominado de Ensinar não é transferir conhecimento, Paulo Freire elenca os
saberes apreendidos no ato fundante de educar:

Ensinar exige consciência do inacabamento


Ensinar exige o reconhecimento de ser condicionado
Ensinar exige respeito da autonomia do ser do educando
Ensinar exige bom senso
Ensinar exige humildade, tolerância e luta em defesa dos educadores
Ensinar exige apreensão da realidade
Ensinar exige alegria e esperança
Ensinar exige a convicção de que a mudança é possível
Ensinar exige curiosidade
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Pedagogia da Autonomia
Paulo Freire
No derradeiro capítulo final – Ensinar é uma especificidade humana - , o
educador nomeia os saberes que devem ser forjados na prática educativa:
Ensinar exige segurança, competência profissional e generosidade
Ensinar exige comprometimento
Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de
intervenção no mundo
Ensinar exige liberdade e autoridade
Ensinar exige tomada consciente de decisões
Ensinar exige saber escutar
Ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica
Ensinar exige disponibilidade para o diálogo
Ensinar exige querer bem os educando
Assim, a luta pelos direitos, deveres e garantias da cidadania são mediados pela prática educativa
radicada no diálogo e busca pela autonomia de todos os agentes da necessária transformação social.
Questão 10
Bibliografia
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes
necessários à prática educativa, RJ: Paz e Terra, 2000.
SANTOS, Milton. Técnica, espaço, tempo: globalização e
meio técnico-científico informacional. São Paulo: Hucitec,
1997.
MARTINS, Omar. Globalização e Educação. Porto Alegre,
Veritas, 2012.

Apresentação licenciada com uma


Licença Creative Commons – Uso não-comercial.
Com base na obra disponível em
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