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CAPITULO 1: Barsano, Paulo Roberto.

Segurança do trabalho: guia


prático e didático. São Paulo: Erica, 2012.

1.1 Introdução
A segurança do trabalho é a ciência que estuda as possíveis causas dos acidentes e
incidentes originados durante a atividade laboral do trabalhador. Tem como principal objetivo
a prevenção de acidentes, doenças ocupacionais e outras formas de agravos à saúde do
profissional. Ela atinge sua finalidade quando consegue proporcionar a ambos, empregado e
empregador, um ambiente de trabalho saudável e seguro, garantindo aquela certeza de que vão
laborar num ambiente agradável, ganhar o seu pão de cada dia e retornar para a família felizes,
alegres de terem cumprido mais uma jornada de trabalho em sua vida profissional.

Cabe à segurança do trabalho, junto com outros conhecimentos afins (medicina do


trabalho, ergonomia, saúde ocupacional, segurança patrimonial), identificar os fatores de risco
que levam à ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais, avaliar seus efeitos na saúde do
trabalhador e propor medidas de intervenção técnica a serem implementadas nos ambientes
de trabalho (MATTOS et al., 2011).

São temas que se relacionam direta ou indiretamente com a segurança do trabalho:


higiene do trabalho, medicina do trabalho, proteção contra incêndios e explosões, doenças
ocupacionais, ergonomia, meio ambiente, qualidade de vida, primeiros socorros, sistemas de
gestão da qualidade, higiene industrial, psicologia do trabalho, legislação trabalhista (leis,
decretos, portarias ministeriais, instruções técnicas e resoluções) e, por último, a segurança
patrimonial.

A segurança patrimonial, apesar de ser outra área especializada de conhecimento e


atuação, vem ganhando, cada vez mais, atenção dos profissionais da segurança do trabalho
(SESMT) nos sinistros de furto e roubo envolvendo funcionários da empresa. Muitas vezes, esses
profissionais chegam a ter de se especializar para poder acumular funções de segurança
patrimonial, Figura 1.1.
Temos como exemplo os constantes acidentes, vistos hoje em dia, envolvendo emprega- dos,
as vítimas de roubo, as quais, ao sacar o dinheiro nos caixas eletrônicos próximos a sua empresa,
ou no percurso para sua residência durante os dias de pagamento, são friamente surpreendidas
por meliantes, que quando não lhes tiram a vida, deixam marcas de um sentimento de
impotência, lembranças terríveis de que algo pior poderia ter aconteci- do. Isso leva a segurança
do trabalho a propor novas medidas de proteção, criar sistemas de segurança, solicitar rondas
policiais durante os períodos de pagamento, propor treina- mentos de conscientização em
segurança etc.

1.2 Abordagem Histórica da Segurança do Trabalho


Na Antiguidade, a relação entre o trabalho e o processo saúde-doença foi encontrada
em papiros egípcios, no Império Babilônico e em textos da civilização greco-romana. Nessa
época predominava inicialmente o paradigma mágico-religioso e, posteriormente, o naturalista.
E no Egito há registros que datam de 2360 a.C., como o Papiro Seler II (relaciona o ambiente de
trabalho e os riscos a ele inerentes) e o Papiro Anastasi V, mais conhecido como “Sátira dos
Ofícios”, de 1800 a.C. (descreve os problemas de insalubridade, periculo- sidade e penosidade
das profissões) (MATTOS et al., 2011).

Por volta de 1750 a.C., o Império Babilônico criou o Código de Hamurabi. Dele foram
traduzidos 281 artigos a respeito de relações de trabalho, família, propriedade e escravidão. No
artigo que trata da responsabilidade profissional, o imperador Hamurabi sentencia com pena de
morte o arquiteto que construir uma casa que se desmorone e cause a morte de seus ocupantes,
Figura 1.2.
As sociedades gregas e romanas não valorizavam esse estudo, uma vez que dependiam
de escravos para realizar as atividades que geravam riscos de acidentes e doenças ocupa- cionais
(RODRIGUES, 1982).

Os poucos estudos de que se tem notícia foram:

• Século IV a.C. - Hipócrates (Grécia, 460-375 a.C.): ocorreram mudanças no pa- radigma
espiritualista para o naturalista. O mecanismo do processo saúde-doença pela teoria
dos miasmas vigorou até o século XIX. Hipócrates descreveu a “intoxica- ção saturnina”
em um mineiro, porém omitiu o ambiente de trabalho e a ocupação. O Tratado de
Hipócrates (Ares, Águas e Lugares) informava ao médico a relação entre ambiente e
saúde (clima, topografia, qualidade da água, organização política).
• Século I a.C.: Lucrécio também indagava a respeito dos trabalhadores das minas. Plínio,
o Velho (23-79 a.C.), escreve o Tratado de História Naturalis, relatando o aspecto de
trabalhadores expostos a chumbo, mercúrio e poeiras. Fez também a des- crição dos
primeiros equipamentos de proteção individual utilizados, como máscaras (panos e
bexigas de carneiros) para evitar a inalação de poeiras e fumos.
Na Grécia, as instituições responsáveis pelos conflitos trabalhistas eram denominadas
erans e, em Roma, collegia: “Os erans admitiam como membros todos os cidadãos gregos, os
filhos e os escravos, sendo que estes últimos não eram, na realidade, membros com direito
pleno e sim um “capital de trabalho”. Quanto aos collegia: “Qualquer pessoa podia ser membro
desta associação, inclusive os escravos e os libertos (...)” (FRIEDE, 1973).

Durante o período compreendido entre o apogeu do Império Romano até o final da Ida-
de Média não foram encontrados estudos ou discussões documentadas sobre as doenças. Para
alguns autores tal fato se deve a imposições de ordem econômica (RODRIGUES, 1982; MENDES,
1980).

1.3 Abordagem Holística da Segurança do Trabalho


A abordagem holística da segurança do trabalho é outra forma em que visualizamos os
acidentes. Nela não afirmamos que o acidente teve uma única e exclusiva origem, mas foi gerado
pela interação simultânea de diversos fatores (físicos, biológicos, psicológicos, so- ciais e
culturais), e que um desencadeou o outro, gerando o acidente. Logo, não há uma causa única
dos acidentes, e sim várias.

Nessa abordagem, a segurança do trabalho possui dois enfoques que se


complementam: o reducionista para entender os fatores (físicos, biológicos, psicológicos, sociais
e cultu- rais) em detalhe, e o sistêmico para entender as interações desses fatores no processo
que produz o acidente.

Segundo Cardella, 2010:

(...) no enfoque reducionista do trânsito, examinamos cada fator isoladamente. O esta-


do do veículo, da pista e da sinalização, o desempenho do sistema de manutenção e os
elementos culturais: crenças, valores e maneiras de proceder. Crenças do tipo “cinto de
segurança não reduz consequências de acidentes” e costumes enraizados, como desobe- diência
a sinais de “pare”, são fatores culturais.

(...) no enfoque sistêmico, estabelecemos relações entre fatores, tais como: pessoas não
utilizam cintos (primeiro fenômeno cultural); cintos sujos e escondidos sob o banco (fe-nômeno
físico); e hábito de não limpar cintos e de colocá-los sob o banco (fenômeno cultural).
Formamos, assim, a visão abrangente dos processos que levam ao acidente de trânsito no
âmbito da organização.
De modo semelhante, podemos avaliar os fenômenos gerados nas outras áreas de ação.

1.4 Legislação Aplicada à Segurança do Trabalho


A segurança do trabalho, no Brasil, até a pro- mulgação da Constituição Federal de 1988
(CF/1988), sempre foi vista pelo empregador como uma mera necessidade para seu emprega-
do. Pouco importando se este estava bem ou não, não se levavam em conta suas reclamações
de saúde, suas necessidades médicas. Para os empre- gadores capitalistas, naquela época,
funcionário bom era aquele que não faltava, não demonstrava sintomas de doenças, não se
queixava dos proble- mas da empresa, só trabalhava, Figura 1.4.

Foi com a entrada em vigor da Constituição Federal de 1988 (CF/1988), carta magna so-
berana a qualquer outra legislação brasileira, que as leis, os decretos e outras normas que
tratavam da segurança do trabalho passaram a adequar-se à nova CF/1988, criando ga- rantias
trabalhistas e inovando os preceitos de segurança e medicina do trabalho até então esquecidos
pela legislação pátria, e por consequência garantindo a integridade dos trabalhadores em suas
diversas atividades, Figura 1.5.
Atualmente existem diversos dispositivos legais e regulamentares que tentam buscar na
prática a eficácia dessas tão almejadas garantias. Temos as normas emanadas do Poder Le-
gislativo, chamadas de “leis”, e os decretos, regulamentos, regimentos internos, portarias,
instruções e resoluções, que provêm do Executivo através do seu chefe, de seus ministros ou
secretários de Estado.

Passaremos a expor as principais partes da Legislação Trabalhista e Previdenciária que buscam,


por meio dessas regulamentações, garantir um ambiente de trabalho saudável e seguro para
todos os envolvidos no processo de trabalho: empregadores, empregados, clientes,
fornecedores etc.

1.4.1 Legislação Federal, Estadual e Municipal


1.4.1.1 Legislação Federal Aplicada à Segurança do Trabalho
• Constituição Federal de 1988, que em seu Capítulo II (Dos Direitos Sociais), art. 7o,
incisos XXII, XXIII, XXVIII e XXXIII, dispõe, especificamente, sobre Segurança e Saúde dos
Trabalhadores.
• Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da
Previdência Social. E também aborda assuntos essenciais para a segurança do traba- lho
como acidente do trabalho, auxílio-acidente, auxílio-doença, CAT, habilitação e
reabilitação profissional, etc.
• Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, que é a nossa Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT).
• Lei no 6.514, de 22 de dezembro de 1997, que altera o Capítulo V do Título II da CLT
(relativo à Segurança e Medicina do Trabalho).
• Portaria no 3.214, de 08 junho de 1978, que aprovou as Normas Regulamentadoras do
Capítulo V, Título II, da CLT relativas à Segurança e Medicina do Trabalho, as quais
podemos considerar como a “bíblia” do profissional da área de Segurança do Trabalho,
e atualmente nos ensinam por meio de suas 36 NRs, Quadro 1.1.

1.4.1.2 Legislação Estadual Aplicada à Segurança do Trabalho


São todas as regulamentações: leis emanadas pelo Poder Legislativo Estadual, os decre-
tos, regimentos, resoluções, instruções técnicas, entre outras regulamentações emanadas pelo
Poder Executivo Estadual, desde que não contrariem os dispositivos legais federais.
Como exemplo, temos no Estado de São Paulo o Decreto Estadual no 56.819/11 (regula-
menta a proteção contra incêndio nas edificações e áreas de risco), cuja atualização ocorre a
cada dez anos; logo, a sua próxima alteração ocorrerá somente em 2021, e as Instruções
Técnicas (ITs) emitidas pelo Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo,
Quadro 1.2.
1.4.1.3 Legislação Municipal Aplicada à Segurança do Trabalho
São todas as regulamentações (as leis, os decretos, as resoluções, as instruções técnicas,
entre outras regulamentações) criadas pelo Poder Executivo Municipal, que não contra- riem os
dispositivos regulamentares estaduais e federais. Com isso, o profissional da se- gurança do
traalho, além de conhecer profundamente as Normas Regulamentadoras do MTE, bem com as
principais legislações estaduais e federais, também deve conhecer as leis, os decretos e outros
regulamentos municipais pertinentes à segurança do trabalho, principalmente em seu ramo de
atuação, Figura 1.6.

1.4.2 Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT)


As Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) são tratados interna-
cionais de caráter normativo, que podem ser ratificados sem limitação de prazo por qual- quer
dos Estados-membros interessados. Até dezoito meses da adoção de uma convenção, cada
Estado-membro tem obrigação de submetê-la à autoridade nacional competente (no Brasil, é o
Congresso Nacional) para aprovação. Após aprovação, o Presidente da República promove a
ratificação do tratado, o que importa na incorporação automática de suas normas à legislação
nacional, devendo ser cumprida em todos os seus aspectos.

1.4.2.1 Conceito de Trabalho Decente


O conceito de trabalho decente formalizou-se pela OIT em 1999, com a missão de
promo- ver oportunidades para que homens e mulheres tenham um trabalho produtivo e de
qua- lidade, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade humanas, sendo con-
siderado condição fundamental para a superação da pobreza, a redução das desigualdades
sociais, a garantia da governabilidade democrática e o desenvolvimento sustentável.1

O trabalho decente é o ponto de convergência dos quatro objetivos estratégicos da OIT,


que são:

• liberdade sindical e reconhecimento efetivo do direito de negociação coletiva;


• Eliminação de todas as formas de trabalho forçado;
• Abolição efetiva do trabalho infantil;
• Eliminação de todas as formas de discriminação em matéria de emprego e ocupação, a
promoção do emprego produtivo e de qualidade, a extensão da proteção social e o
fortalecimento do diálogo social.

1.4.2.2 Convenções Aplicadas à Segurança do Trabalho


As convenções exercem papel relevante na segurança do trabalho, pois são utilizadas
como referências normativas para criar, modificar e até excluir as Normas Regulamen- tadoras
(NRs). Depois de ratificadas pela autoridade nacional competente (no Brasil, é o Congresso
Nacional), elas ganham força de lei em todo território nacional.

• Vejamos, a seguir, as principais convenções da OIT, relacionadas com a Segurança e


Saúde no Trabalho (SST). Também estão disponíveis, na íntegra, no seguinte site:
http://www.oit.org.br/convention.

CONVENÇÃO No 182 - PIORES FORMAS DE TRABALHO INFANTIL E A AÇÃO IMEDIATA PARA SUA
ELIMINAÇÃO, 1999

CONVENÇÃO No 176 - SEGURANÇA E SAÚDE NAS MINAS, 1995 CONVENÇÃO No 174 -


CONVENÇÃO SOBRE A PREVENÇÃO DE ACIDENTES IN-

DUSTRIAIS MAIORES, 1993

CONVENÇÃO No 170 - SEGURANÇA NO TRABALHO COM PRODUTOS QUÍMI- COS, 1990

CONVENÇÃO No 167 - SEGURANÇA E SAÚDE NA CONSTRUÇÃO, 1988 CONVENÇÃO No 155 -


SEGURANÇA E SAÚDE DOS TRABALHADORES, 1981 CONVENÇÃO No 152 - SEGURANÇA E
HIGIENE NO TRABALHO PORTUÁRIO, 1979 CONVENÇÃO No 148 - CONTAMINAÇÃO DO AR,
RUÍDO E VIBRAÇÕES, 1977 CONVENÇÃO No 139 - CÂNCER PROFISSIONAL, 1974

CONVENÇÃO No 136 - PROTEÇÃO CONTRA OS RISCOS DA INTOXICAÇÃO PELO BENZENO, 1971

CONVENÇÃO No 127 - PESO MÁXIMO DAS CARGAS, 1967 CONVENÇÃO No 124 - EXAME MÉDICO
DOS ADOLESCENTES PARA O TRABA-

LHO SUBTERRÂNEO NAS MINAS, 1965 CONVENÇÃO No 120 - HIGIENE NO COMÉRCIO E


ESCRITÓRIOS, 1964 CONVENÇÃO No 115 - PROTEÇÃO CONTRA RADIAÇÕES, 1960 CONVENÇÃO
No 119 - PROTEÇÃO DAS MÁQUINAS, 1963 CONVENÇÃO No 113 - EXAME MÉDICO DOS
PESCADORES, 1959 CONVENÇÃO No 103 - AMPARO À MATERNIDADE (REVISADA), 1952
CONVENÇÃO No 105 - ABOLIÇÃO DO TRABALHO FORÇADO, 1957
CONVENÇÃO No 81 - INSPEÇÃO DO TRABALHO, 1947 CONVENÇÃO No 45 - EMPREGO DE
MULHERES NOS TRABALHOS SUBTER-RÂNEOS DAS MINAS, 1935

CONVENÇÃO No 42 - INDENIZAÇÃO POR ENFERMIDADE PROFISSIONAL (REVISADA), 1934

CONVENÇÃO No 16 - EXAME MÉDICO DE MENORES NO TRABALHO MARÍTI- MO, 1921

CONVENÇÃO No 12 - INDENIZAÇÃO POR ACIDENTE DO TRABALHO NA AGRI- CULTURA, 1921

CONVENÇÃO No 05 - IDADE MÍNIMA DE ADMISSÃO NOS TRABALHOS INDUS- TRIAIS, 1919

1.5 Segurança nas Organizações


1.5.1 Conceito de Organização
A organização, em resumo, é um conjunto de pessoas organizadas com um mesmo ob-
jetivo a ser alcançado, com uma missão a cumprir. O simples agrupamento de pessoas não
constitui organização. O agrupamento pode formar uma comunidade, uma vila, mas só constitui
organização se houver objetivos idênticos a serem alcançados, se houver entre eles uma missão
a cumprir. Por exemplo, um grupo de pessoas de uma rua, vizinhas umas das outras, não
constitui uma organização. No entanto, quando se unem para atingir um objetivo comum, como
fazer uma manifestação pública, e reivindicar no poder público asfalto e esgoto para sua rua,
formam, por sua vez, uma organização.

Toda organização, em sua essência, apresenta quatro clientes: o consumidor, o compo-


nente, a sociedade e o patrocinador. A organização satisfaz as necessidades desses clientes por
meio da missão e das funções complementares vitais. Essas funções devem ser trata- das com
igual nível de relevância. E devem atuar inter-relacionadas, interdependentes e interatuantes,
pois só desta forma apresentam bons resultados, melhoram a qualidade de vida na organização
etc.

Não podemos considerar uma delas mais importante que a outra, pois isso é enganoso
e prejudicial para a organização. A produtividade proporciona salário aos componentes
(empregados), lucros ao patrocinador (acionista), benefícios sociais à comunidade e re- cursos
para desenvolver a organização. A qualidade dos produtos conquista consumidores e,
consequentemente, gera recursos. Segurança e preservação ambiental evitam danos a pessoas,
meio ambiente e patrimônio, e aumentam a produtividade. Logo, o desenvolvi- mento das
pessoas promove o desempenho de qualquer função (CARDELAL, 2010).

1.5.2 Cultura Organizacional


A cultura organizacional é um complexo de padrões comportamentais: crenças, usos, costumes,
atitudes, valores espirituais e materiais de um grupo transmitidos coletivamente. Pode atuar
tanto de maneira positiva quanto negativa nos assuntos relacionados com a segurança do
trabalho. Por exemplo, numa empresa cujos funcionários acreditam que usar capacetes, luvas,
calçados e óculos é apenas uma burocracia do patrão, e não uma necessidade para a sua
segurança, caminha-se para uma cultura “desgraçada”, marcada por incidentes e acidentes do
trabalho.

A cultura organizacional de uma empresa influencia, e muito, na implantação da política de


segurança do trabalho. Podemos afirmar que a tarefa mais difícil, dentro do conceito
prevencionista da segurança do trabalho, é modificar uma cultura organizacional marcada por
erros profissionais, negligências do empregador, falta de motivação dos funcionários, mau uso
dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) etc., Figura 1.7.

E, nesse sentido, o mestre Cardella (2010) ensina:

(...) A cultura pode ser encarada como um conjunto de forças poderosas que o grupo exerce
sobre o indivíduo. A organização tem personalidade própria. Isso decorre de seu caráter
sistêmico. A organização é um sistema e, portanto, tem características próprias, inexistentes nas
partes. A cultura muda por pressão externa ou interna. A alteração no modo de pensar envolve
uma percepção totalmente nova. Algo que era visto com admiração pode passar a ser visto
como reprovável, como já ocorreu, por exemplo, com o uso de casacos de pele de animais
silvestres.

1.5.2.1 Relação Homem x Porco


Cardella (2010) relata em sua obra2 que, há alguns anos, os jornais de Campinas, SP, no-
ticiaram que um porco matara o tratador na zona rural da região. Agachado para repor a
lavagem, o homem de sessenta anos não foi capaz de defender-se do ataque. As explicações
sobre as causas do acidente incluíam um dito popular:

“O porco acorda sete vezes por noite pensando em matar o tratador, porque sabe que a mão
que traz a lavagem um dia trará o facão.”

A partir deste ensinamento, percebemos que as empresas que têm por cultura mandar
funcionários embora, sem justificativa, somente para auferir mão de obra mais barata e livre de
impostos, em vez de registrá-los, treiná-los, conscientizá-los, desenvolvem nos colaboradores o
sentimento que o porco nutre pelo tratador. O salário representa a lavagem e não é suficiente
para desenvolver relações de amor entre empregador e empregado. Leva, por sua vez, a
sentimentos de revolta, insegurança, desrespeito pelas normas de segurança, faltas e atrasos
no trabalho etc.

1.5.3 Prevenção de Acidentes nas Organizações 1.5.3.1 Acidentes


Industriais Maiores
Acidentes ocorrem quando a prevenção falha, ainda mais nas indústrias de alto risco.
Por isso, é de extrema importância para a prevenção de acidentes que os profissionais da
segurança do trabalho (CIPA e SESMT) obedeçam rigorosamente às convenções que tratam do
assunto e valorizem-nas. Por exemplo, a convenção no 174, de 1993, que traz valiosos
ensinamentos de procedimentos e técnicas de prevenção durante o manuseio de pro- dutos
perigosos.

A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho, convocada em Genebra


pelo Conselho de Administração do Escritório Sede da Organização Internacional do Trabalho
(OIT), e reunida em 2 de junho de 1993, em sua octogésima reunião, adota, na data de vinte e
dois de junho de mil novecentos e noventa e três a seguinte convenção, denominada:
Convenção sobre a Prevenção de Acidentes Industriais Maiores (convenção no 174, 1993):

ALCANCE E DEFINIÇÕES Artigo 1o

1. A presente Convenção tem por objeto a prevenção de acidentes industriais


maiores que envolvam substâncias perigosas e a limitação das consequências desses acidentes.

2. A Convenção aplica-se a instalações sujeitas a riscos de acidentes maiores.

3. A convenção não se aplica:

a. A instalações nucleares e usinas que processem substâncias radioativas, à exce-


ção dos setores dessas instalações nos quais se manipulam substâncias não ra- dioativas;

b. A instalações militares;

c. A transporte fora da instalação distinto do transporte por tubulações.

4. Todo Estado-membro que ratificar a presente Convenção poderá, após consulta


com as organizações mais representativas de empregadores e de trabalhadores interessadas, e
com outras partes também interessadas que possam ser afetadas, excluir de seu campo de
aplicação instalações ou setores de atividade econômica nas quais se disponha de proteção
equivalente.

Artigo 2o

Onde surgirem problemas especiais de relevante importância, que tornem impos- sível
pôr imediatamente em prática todas as medidas preventivas e de proteção pre- vistas pelo
Convenção, todo Estado-membro, após se consultar com organizações de empregadores e
trabalhadores e outras partes interessadas que possam ser afetadas, deverá criar planos para a
progressiva implementação das citadas medidas num deter- minado espaço de tempo.

Artigo 3o Para os fins da presente Convenção:

a. a expressão “substância perigosa” designa toda substância ou mistura de


substâncias que, em razão de suas propriedades químicas, físicas ou toxicológicas, isoladas ou
combinadas, constitui um perigo;
b. a expressão “quantidade limite” significa, com referência a uma substância ou a
ca- tegoria de substâncias perigosas, a quantidade fixada por leis ou regulamentos nacionais
para condições específicas que, se excedida, identifica uma instalação como sujeita a riscos de
acidentes maiores;

c. a expressão “instalação sujeita a riscos de acidentes maiores” designa a


instalação que produz, transforma, manipula, utiliza, descarta ou armazena, de uma maneira
permanente ou transitória, uma ou várias substâncias ou categorias de substâncias perigosas,
em quantidades que excedam a quantidade limite;

d. a expressão “acidente maior” designa todo evento subitâneo, como emissão,


incêndio ou explosão de grande magnitude, no curso de uma atividade em instalação sujeita a
riscos de acidentes maiores, envolvendo uma ou mais substâncias perigosas e que implica grave
perigo, imediato ou retardado, para os trabalhadores, a população ou o meio ambiente;

e. a expressão “relatório de segurança” designa documento contendo informações


téc- nicas, administrativas e operacionais relativas a perigos e riscos de instalação sujeita a
acidentes maiores e a seu controle, e que justifiquem medidas adotadas para a segurança da
instalação;

f. o termo “quase-acidente” designa todo evento subitâneo envolvendo uma ou


mais substâncias perigosas que, não fossem os efeitos, ações ou sistemas atenuantes, poderia
ter resultado num acidente de maiores proporções.

PRINCÍPIOS GERAIS Artigo 4o

1. Todo Estado-membro, à luz das leis e regulamentos, das condições e práticas


na- cionais, e em consulta com as organizações mais representativas de empregadores e
trabalhadores e outras partes interessadas que possam ser afetadas, deverá formular, adotar e
rever, periodicamente, uma política nacional coerente relativa à proteção dos trabalhadores, da
população e do meio ambiente contra os riscos de acidentes maiores.

2. Esta política deverá ser implementada por meio de medidas preventivas e de


proteção para instalações com maior risco de acidentes e, onde for possível, promoverá a
utilização das melhores tecnologias de segurança disponíveis.

Artigo 5o

1. A autoridade competente ou órgão aprovado ou reconhecido pela autoridade


compe- tente deverá, após consulta às organizações mais representativas de empregadores e
de trabalhadores e a outras partes interessadas que possam ser afetadas, criar um sistema de
identificação de instalações mais sujeitas a riscos de acidentes maiores nos termos do Artigo 3o,
c), baseado numa lista de substâncias perigosas ou de categorias de substâncias perigosas, ou
de ambas, que inclua suas respectivas quantidades limites, de acordo com as leis e regulamentos
nacionais ou com normas internacionais.

2. O sistema mencionado no parágrafo 1 acima será regularmente revisto e


atualizado.
Artigo 6o

A autoridade competente, após consulta às organizações representativas de


empregado- res e de trabalhadores interessadas, tomará providências especiais para proteger
informa- ção confidencial que lhe tiver sido transmitida ou posta à sua disposição nos termos
dos artigos 8o, 12, 13 ou 14, cuja revelação poderia causar prejuízo à empresa do empregador,
desde que a citada providência não implique graves riscos para os trabalhadores, a população
ou o meio ambiente.

RESPONSABILIDADE DE EMPREGADORES

Identificação

Artigo 7o

Os empregadores identificarão toda instalação de risco sob seu controle, com base no

sistema referido no artigo 5o. Notificação

Artigo 8º

1. Os empregadores deverão notificar a autoridade competente sobre toda


instalação sujeita a riscos de acidentes maiores que tenham identificado:

a. dentro de um determinado prazo, no caso de instalação já existente;

b. antes de entrar em operação, no caso de uma instalação nova.

2. Os empregadores notificarão também a autoridade competente antes do


fechamento definitivo de uma instalação de risco maior.

DISPOSIÇÕES RELATIVAS À INSTALAÇÃO

Artigo 9o

Com relação a cada instalação sujeita a risco maior, os empregadores deverão criar e
manter um sistema documentado de controle de risco que preveja:

a. identificação e estudo dos perigos e avaliação dos riscos, considerando inclusive


possíveis interações entre substâncias;

b. medidas técnicas que compreendam projeto, sistemas de segurança,


construção, seleção de substâncias químicas, operação, manutenção e inspeção sistemática da
instalação;

c. medidas organizacionais que incluam formação e instrução do pessoal,


fornecimen- to de equipamentos de segurança, níveis do pessoal, horas de trabalho, definição
de responsabilidades e controle de empresas externas e de trabalhadores temporários no local
da instalação;

d. planos e procedimentos de emergência que compreendam:

i. preparação de planos e procedimentos eficazes de emergência local, inclusive


atendimento médico emergencial, a ser aplicado no caso de acidentes maiores ou de ameaça
de acidente, com testes e avaliação periódicos de sua eficácia e revisão quando necessário;
ii. fornecimento de informações sobre possíveis acidentes e planos internos de
emergência a autoridades e órgãos responsáveis pela preparação de planos e procedimentos de
emergência para proteção do público e do meio ambiente fora do local da instalação;

iii. toda consulta necessária com essas autoridades e esses órgãos; e.


medidas para reduzir as consequências de um acidente maior;

f. consulta com os trabalhadores e seus representantes;

g. a melhoria do sistema, incluindo medidas para a coleta de informações e análise


de acidentes ou “quase-acidentes”. As experiências assim adquiridas deverão ser debatidas com
trabalhadores e seus representantes e registradas de conformidade com a legislação e a práticas
nacionais.

RELATÓRIO DE SEGURANÇA

Artigo 10

1. Os empregadores elaborarão relatório de segu- rança de acordo com as


disposições do artigo 9o.

2. O relatório deverá ser feito:

a. no caso de instalações de risco já existentes, num determinado prazo, após a


notificação, prescrito pelas leis e regulamentos nacionais;

b. no caso de instalação de risco nova, antes de entrar em operação.

Artigo 11

Os empregadores reverão, atualizarão e modificarão o relatório de segurança:

a. na eventualidade de modificação que tenha significativa influência no grau de


segu- rança na instalação ou em seus processos, ou nas quantidades de substâncias peri- gosas
presentes;

b. quando o progresso nos conhecimentos técnicos ou na avaliação de risco o reco-


mendar;

c. nos intervalos estabelecidos por leis ou regulamentos nacionais;

d. a pedido da autoridade competente.

Artigo 12

Os empregadores deverão enviar à autoridade competente, ou pôr à sua disposição, os


relatórios de segurança referidos nos artigos 10 e 11.

RELATÓRIO DE ACIDENTES Artigo 13

Os empregadores deverão enviar à autoridade competente e a outros órgãos


designados para esse fim, ou pôr à sua disposição, os relatórios de segurança imediatamente à
ocorrência de um acidente maior.
Artigo 14

1. Após um acidente maior e num prazo preestabelecido, os empregadores


deverão submeter à autoridade competente relatório detalhado que analise as causas do aci-
dente e relacione suas consequências imediatas no local, assim como todas as medi- das
adotadas para atenuar seus efeitos.

2. O relatório deverá incluir recomendações detalhadas sobre as medidas a serem


to- madas para evitar que o acidente se repita.

RESPONSABILIDADES DAS AUTORIDADES COMPETENTES

Planos de Emergência Fora do Local

Artigo 15

Com base na informação fornecida pelo empregador, a autoridade competente


assegurará que planos e procedimentos de emergência, contendo medidas para proteção da
popu- lação e do meio ambiente fora do local de cada instalação de riscos, sejam criados, atuali-
zados em intervalos apropriados e coordenados com autoridades e órgãos pertinentes.

Artigo 16

A autoridade competente assegurará que:

a. independentemente de solicitação, devem ser divulgadas, entre a população


passível de ser afetada por acidente maior, informações sobre medidas de segurança e com-
portamento apropriado a ser adotado em caso de acidente maior e sejam tais informações
atualizadas e retransmitidas em intervalos apropriados;

b. em caso de acidente maior, o alerta deve ser dado tão logo quanto possível;

c. quando as consequências de um acidente maior puderem ter efeitos além das


frontei- ras, as informações de que tratam as alíneas a) e b) acima serão passadas aos Estados
interessados, a título de contribuição com medidas de cooperação e coordenação.

ZONEAMENTO DE INSTALAÇÕES DE RISCO DE ACIDENTE MAIOR Artigo 17

A autoridade competente deverá estabelecer uma política global de zoneamento com


vista ao adequado isolamento de novas instalações de risco maior de áreas residenciais e de
trabalho, e de logradouros públicos, assim como medidas adequadas para instalações já
existentes. Essa política deverá refletir os princípios gerais enunciados na Parte II desta
Convenção.
INSPEÇÃO Artigo 18

1. A autoridade competente disporá de pessoal devidamente qualificado e


competente, e suficiente apoio técnico e profissional para inspecionar, investigar, avaliar e
acom- panhar matérias tratadas nesta Convenção e garantir a observância de leis e regula-
mentos nacionais.

2. Representantes do empregador e representantes dos trabalhadores de uma


instala- ção de risco de acidente maior terão a oportunidade de acompanhar os inspetores na
supervisão da aplicação das medidas prescritas por força desta Convenção, a menos que os
inspetores considerem, à luz de instruções gerais da autoridade competente, que isso possa
prejudicar o desempenho de suas funções.

Artigo 19

A autoridade competente terá direito de suspender toda operação que represente


amea- ça iminente de um acidente maior.

DIREITOS E OBRIGAÇÕES DOS TRABALHADORES E DE SEUS REPRESENTANTES Artigo


20

Numa instalação de risco de acidente maior, os trabalhadores e seus representantes


serão consultados por meio de apropriados mecanismos de cooperação para assegurar um siste-
ma seguro de trabalho. Os trabalhadores e seus representantes deverão sobretudo:

a. estar suficiente e adequadamente informados dos riscos ligados a essa


instalação e suas possíveis consequências, Figura 1.10;
b. ser informados sobre quaisquer ordens, instruções ou recomendações feitas
pela au- toridade competente;

c. ser consultados na elaboração dos seguintes documentos e a eles ter acesso:

i. relatório de segurança;

ii. planos e procedimentos de emergência;

iii. relatórios de acidente;

d. ser regularmente instruídos e treinados nas práticas e procedimentos para


preven- ção de acidentes maiores e no controle, de eventos susceptíveis de resultar em
aci- dente maior e nos procedimentos de emergência a serem seguidos na
eventualidade de um acidente maior;

e. nos limites de suas funções e sem correr o risco de serem de alguma forma
prejudicados, tomar medidas corretivas e, se necessário, interromper a atividade onde,
com base em seu treinamento e experiência, considerem ter razoável justificativa para
crer que haja risco iminente de acidente maior; informar seu supervisor antes, ou
imediatamente depois, de tomar essa medida ou, se for o caso, soar o alarme;

b. ser informados sobre quaisquer ordens, instruções ou recomendações feitas


pela au- toridade competente;

c. ser consultados na elaboração dos seguintes documentos e a eles ter acesso:

i. relatório de segurança; ii. planos e procedimentos de emergência; iii.


relatórios de acidente;

d. ser regularmente instruídos e treinados nas práticas e procedimentos para


preven- ção de acidentes maiores e no controle, de eventos susceptíveis de resultar em
acidente maior e nos procedimentos de emergência a serem seguidos na eventualidade
de um acidente maior;

e. nos limites de suas funções e sem correr o risco de serem de alguma forma prejudi
cados, tomar medidas corretivas e, se necessário, interromper a atividade onde, com
base em seu treinamento e experiência, considerem ter razoável justificativa para crer
que haja risco iminente de acidente maior; informar seu supervisor antes, ou
imediatamente depois, de tomar essa medida ou, se for o caso, soar o alarme;

f. discutir com o empregador qualquer risco potencial que considerem capaz de


gerar um acidente maior e ter direito de informar a autoridade competente sobre esses
perigos.

Artigo 21

Os trabalhadores empregados no local de uma instalação de risco deverão:

a. observar todas as práticas e procedimentos relativos à prevenção de acidentes


maio- res e ao controle de eventos susceptíveis de dar origem a um acidente maior nas
instalações de risco;

b. observar todos os procedimentos de emergência caso ocorra um acidente


maior.

RESPONSABILIDADE DOS PAÍSES EXPORTADORES

Artigo 22

Quando, num Estado-membro exportador, for proibido o uso de substâncias, tecnolo-


gias ou processos perigosos por serem fonte potencial de acidente maior, esse Estado
deve- rá informar todo país importador sobre essa proibição e as razões da medida,
Figura 1.11.
DISPOSIÇÕES FINAIS Artigo 23

As ratificações formais desta Convenção serão comunicadas, para registro, ao Diretor- -


Geral do Escritório Sede da Organização Internacional do Trabalho.

Artigo 24

1. Esta Convenção obrigará unicamente os Estados-membros da Organização


Inter- nacional do Trabalho cujas ratificações tiverem sido registradas pelo
Diretor-Geral.

2. A Convenção entrará em vigor doze meses após a data de registro, pelo Diretor-
-Geral, das ratificações de dois Estados-membros.

3. A partir daí, esta Convenção entrará em vigor, para todo Estado-membro, doze
me- ses após a data do registro de sua ratificação.

Artigo 25

1. O Estado-membro que ratificar esta Convenção poderá denunciála ao final de


um período de dez anos, a contar da data de sua entrada em vigor, mediante comunica-
ção do Diretor-Geral do Escritório Sede da Organização Internacional do Trabalho, para
registro. A denúncia não terá efeito antes de se completar um ano a contar da data de
seu registro.

2. Todo Estado-membro que ratificar esta Convenção e que, no prazo de um ano


após expirado o período de dez anos referido no parágrafo anterior, não tiver exercido
o direito de denúncia previsto neste artigo, ficará obrigado a um novo período de dez
anos e, daí por diante poderá denunciar esta Convenção ao final de cada período de dez
anos, nos termos deste artigo.

Artigo 26

1. O Diretor-Geral do Escritório Sede da Organização Internacional do Trabalho


(Genebra) dará ciência a todos os Estados-membros da Organização Internacional do
Trabalho do registro de todas as ratificações, declarações e denúncias que lhe forem
comunicadas pelos Estados-membros da Organização.

2. Ao notificar os Estados-membros da Organização sobre o registro da segunda


ratifi- cação que lhe tiver sido comunicada, o Diretor-Geral lhes chamará a atenção para
a data em que a Convenção entrará em vigor.

Artigo 27

O Diretor-Geral do Escritório Sede da Organização Internacional do Trabalho (Gene- bra)


comunicará ao Secretário-Geral das Nações Unidas, para registro nos termos do artigo
102 da Carta das Nações Unidas, informações circunstanciadas sobre todas as ratifica-
ções, declarações e atos de denúncia por ele registrados, conforme o disposto nos
artigos anteriores.

Artigo 28

O Conselho de Administração do Escritório-Sede da Organização Internacional do Tra-


balho apresentará à Conferência Internacional do Trabalho, quando considerar
necessário, relatório sobre a aplicação desta Convenção, e analisará a conveniência de
incluir na pauta da Conferência a questão de sua revisão total ou parcial.

Artigo 29

1. No caso de a Conferência Internacional do Trabalho adotar uma nova convenção


que reveja total ou parcialmente esta Convenção, a menos que a nova
Convenção disponha de outro modo.

. a ratificação, por um Estado-membro, da nova Convenção revista implicará, ipso


jure, a partir do momento em que a convenção revista entrar em vigor, a denún- cia
imediata desta Convenção, não obstante o disposto no artigo 25 supra;

b. esta Convenção deixará de estar sujeita a ratificação pelos Estados-membros a


partir da data de entrada em vigor da convenção revista.

2. Esta Convenção continuará em vigor, em sua forma e conteúdo, nos Estados-


mem- bros que a ratificaram, mas não ratificaram a Convenção revista.

Artigo 30

As versões nos idiomas inglês e francês do texto desta Convenção são igualmente ofi-
ciais.

RECOMENDAÇÃO SOBRE A PREVENÇÃO DE ACIDENTES INDUSTRIAIS MAIORES -


RECOMENDAÇÃO No 181

A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho, convocada em Genebra


pelo Conselho de Administração do Escritório-Sede da Organização Internacional do Tra-
balho, e reunida na dita cidade em 2 de junho de 1993, em sua 80a. Reunião;

Após decidir pela adoção de diversas propostas relativas à prevenção de acidentes


indus- triais maiores, tema que constitui a quarta questão da ordem do dia da Reunião,
e após ha- ver deliberado que as ditas propostas se revestissem de forma de
recomendação que com- plete a Convenção sobre a Prevenção de Acidentes Industriais
Maiores, de 1993, adota, na data de vinte e dois de junho de mil novecentos e noventa
e três, a seguinte recomendação, que poderá ser citada como a Recomendação sobre a
Prevenção de Acidentes Industriais Maiores.

1. As disposições da presente Recomendação devem ser aplicadas conjuntamente com


as da Convenção sobre a Prevenção de Acidentes Industriais Maiores, de 1993 (do-
ravante referida como “a Convenção”).

2. A Organização Internacional do Trabalho, em cooperação com outras organizações


internacionais interessadas, intergovernamentais ou não governamentais, deveria
adotar disposições com vista a um intercâmbio internacional de informações sobre:

a. práticas satisfatórias de segurança nas instalações de risco de acidentes


maiores, inclusive a gestão dos sistemas de segurança e a segurança dos procedimentos
de trabalho;

b. acidentes maiores;
c. experiências adquiridas com os “quase-acidentes”;

d. tecnologias e procedimentos proibidos por razões de segurança e saúde;

e. organização de técnicas e dos serviços médicos necessários para enfrentar as


consequências de um acidente maior;

f. mecanismos e procedimentos utilizados pela autoridade competente com vista à


aplicação da Convenção e da presente Recomendação.

3. Os Estados-membros deveriam, na medida do possível, enviar à Diretoria Internacional


do Trabalho informações sobre os assuntos a que se refere o subparágrafo (1) acima.

4. A política nacional estipulada na Convenção, assim como a legislação nacional e outras


medidas com vista à aplicação dessa política, deveriam inspirar-se, conforme o caso, na
coletânea de recomendações práticas para a prevenção de acidentes in- dustriais maiores,
publicada pela OIT em 1991.

5. Os Estados-membros deveriam desenvolver políticas para fazer frente aos riscos e


perigos dos acidentes maiores e a suas consequências naqueles setores e ativida- des excluídos
do campo de aplicação da Convenção, nos termos do seu artigo 1o, parágrafo 3.

6. Reconhecendo que um acidente maior pode ter grandes consequências nos termos de
seu impacto sobre a vida humana e o meio ambiente, os Estados-membros de- veriam incentivar
a criação de sistemas de compensar trabalhadores o mais breve possível após o evento, e de
controlar adequadamente seus efeitos sobre a população e o meio ambiente.

7. De conformidade com a Declaração Triparte de Princípios sobre as Empresas Mul-


tinacionais e Política Social, adotada pelo Conselho de Administração da Diretoria Internacional
do Trabalho, toda empresa nacional ou multinacional que tenha mais de um estabelecimento
deveria adotar, sem discriminação, medidas de segurança para prevenir acidentes maiores e
controlar eventos capazes de resultar num aciden- te maior e para proteger os trabalhadores
em todos os seus estabelecimentos, independentemente do local ou do país em que se
encontrem.

1.6 Resumo
A segurança do trabalho é a ciência que estuda as possíveis causas dos acidentes e inci-
dentes originados durante a atividade laboral do trabalhador. Tem como principal objetivo a
prevenção de acidentes, doenças ocupacionais e outras formas de agravos à saúde do
profissional. Ela atinge sua finalidade quando consegue proporcionar a ambos, empregado e
empregador, um ambiente de trabalho saudável e seguro.

São temas que se relacionam direta ou indiretamente com a segurança do trabalho: hi-
giene do trabalho, medicina do trabalho, proteção contra incêndios e explosões, doenças
ocupacionais, ergonomia, meio ambiente, qualidade de vida, primeiros socorros, sistemas de
gestão da qualidade, higiene industrial, psicologia do trabalho, legislação trabalhista (leis,
decretos, portarias ministeriais, instruções técnicas e resoluções) e, por último, a segurança
patrimonial.

Na Antiguidade, a relação entre o trabalho e o processo saúde-doença foi encontrada


em papiros egípcios, no Império Babilônico e em textos da civilização greco-romana. Nessa épo-
ca predominava inicialmente o paradigma mágico-religioso e, posteriormente, o naturalista.
Por volta de 1750 a.C., o Império Babilônico criou o Código de Hamurabi. Dele foram
traduzidos 281 artigos a respeito de relações de trabalho, família, propriedade e escravidão. No
artigo que trata da responsabilidade profissional, o imperador Hamurabi sentencia com pena de
morte o arquiteto que construir uma casa que se desmorone e cause a morte de seus ocupantes.

A abordagem holística da segurança do trabalho é outra forma em que visualizamos os


acidentes. Nela não afirmamos que o acidente teve uma única e exclusiva origem, mas foi gerado
pela interação simultânea de diversos fatores (físicos, biológicos, psicológicos, so- ciais e
culturais).

A Portaria no 3.214, de 08 junho de 1978, aprovou as Normas Regulamentadoras do


Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Atualmente há 36 Normas Regulamentado- ras (NRs)
que buscam, junto com outros instrumentos normativos, garantir a segurança e medicina do
trabalho, a saber:

NR 1 - Disposições Gerais

NR 2 - Inspeção Prévia

NR 3 - Embargo e Interdição

NR 4 - Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho SESMT

NR 5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA

NR 6 - Equipamentos de Proteção Individual - EPI

NR 7 - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO

NR 8 - Edificações

NR 9 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA

NR 10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade

NR 11 - Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais

NR 12 - Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos

NR 13 - Caldeiras e Vasos de Pressão

NR 14 - Fornos

NR 15 - Atividades e Operações Insalubres

NR 16 - Atividade e Operações Perigosas

NR 17 - Ergonomia

NR 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção

NR 19 – Explosivos

NR 20 - Líquidos Combustíveis e Inflamáveis

NR 21 - Trabalho a Céu Aberto

NR 22 - Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração


NR 23 - Proteção contra Incêndios

NR 24 - Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho

NR 25 - Resíduos Industriais

NR 26 - Sinalização de Segurança

NR 27 - Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho

NR 28 - Fiscalização e Penalidades

NR 29 - Segurança e Saúde no Trabalho Portuário

NR 30 - Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário

NR 31 - Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Explora-


ção Florestal e Aquicultura

NR 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde

NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados

NR 34 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e Reparação


Naval

NR 35 - Trabalho em Altura

NR 36 - Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de


Carnes e Derivados

As Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) são tratados internacionais de


caráter normativo, que podem ser ratificados sem limitação de prazo por qual- quer dos
Estados-membros interessados. Até dezoito meses da adoção de uma convenção, cada Estado-
membro tem obrigação de submetê-la à autoridade nacional competente (no Brasil, é o
Congresso Nacional) para aprovação.

O conceito de trabalho decente formalizou-se pela OIT em 1999, com a missão de promo- ver
oportunidades para que homens e mulheres tenham um trabalho produtivo e de qua- lidade,
em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade humanas, sendo con- siderado
condição fundamental para a superação da pobreza, a redução das desigualdades sociais, a
garantia da governabilidade democrática e o desenvolvimento sustentável.

As convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) exercem papel relevante na


segurança do trabalho, pois são utilizadas como referências normativas para criar, modi- ficar e
até excluir as Normas Regulamentadoras (NRs). Depois de ratificadas pela autoridade nacional
competente (no Brasil, é o Congresso Nacional), elas ganham força de lei em todo o território
nacional. As principais relacionadas com a segurança do trabalho são:

CONVENÇÃO No 182 - PIORES FORMAS DE TRABALHO INFANTIL E A AÇÃO IMEDIATA


PARA SUA ELIMINAÇÃO, 1999

CONVENÇÃO No 176 - SEGURANÇA E SAÚDE NAS MINAS, 1995

CONVENÇÃO No 174 - CONVENÇÃO SOBRE A PREVENÇÃO DE ACIDENTES INDUSTRIAIS


MAIORES, 1993
CONVENÇÃO No 170 - SEGURANÇA NO TRABALHO COM PRODUTOS QUÍMI- COS, 1990

CONVENÇÃO No 167 - SEGURANÇA E SAÚDE NA CONSTRUÇÃO, 1988

CONVENÇÃO No 155 - SEGURANÇA E SAÚDE DOS TRABALHADORES, 1981

CONVENÇÃO No 152 - SEGURANÇA E HIGIENE NO TRABALHO PORTUÁRIO, 1979

CONVENÇÃO No 148 - CONTAMINAÇÃO DO AR, RUÍDO E VIBRAÇÕES, 1977

CONVENÇÃO No 139 - CÂNCER PROFISSIONAL, 1974

CONVENÇÃO No 136 - PROTEÇÃO CONTRA OS RISCOS DA INTOXICAÇÃO PELO BENZENO, 1971

CONVENÇÃO No 127 - PESO MÁXIMO DAS CARGAS, 1967 CONVENÇÃO No 124 - EXAME MÉDICO
DOS ADOLESCENTES PARA O TRA-

BALHO SUBTERRÂNEO NAS MINAS, 1965

CONVENÇÃO No 120 - HIGIENE NO COMÉRCIO E ESCRITÓRIOS, 1964

CONVENÇÃO No 115 - PROTEÇÃO CONTRA RADIAÇÕES, 1960

CONVENÇÃO No 119 - PROTEÇÃO DAS MÁQUINAS, 1963

CONVENÇÃO No 113 - EXAME MÉDICO DOS PESCADORES, 1959

CONVENÇÃO No 103 - AMPARO À MATERNIDADE (REVISADA), 1952

CONVENÇÃO No 105 - ABOLIÇÃO DO TRABALHO FORÇADO, 1957

CONVENÇÃO No 81 - INSPEÇÃO DO TRABALHO, 1947

CONVENÇÃO No 45 - EMPREGO DE MULHERES NOS TRABALHOS SUBTER- RÂNEOS DAS MINAS,


1935

CONVENÇÃO No 42 - INDENIZAÇÃO POR ENFERMIDADE PROFISSIONAL (RE- VISADA), 1934

CONVENÇÃO No 16 - EXAME MÉDICO DE MENORES NO TRABALHO MARÍTI- MO, 1921

CONVENÇÃO No 12 - INDENIZAÇÃO POR ACIDENTE DO TRABALHO NA AGRICULTURA, 1921

CONVENÇÃO No 05 - IDADE MÍNIMA DE ADMISSÃO NOS TRABALHOS INDUS- TRIAIS, 1919

A cultura organizacional é um complexo de padrões comportamentais: crenças, usos, costumes,


atitudes, valores espirituais e materiais de um grupo transmitidos coletivamen- te. Pode atuar
tanto de maneira positiva quanto negativa nos assuntos relacionados com a segurança do
trabalho. Por exemplo, numa empresa em que os funcionários acreditam que usar capacetes,
luvas, calçados e óculos é apenas uma burocracia do patrão, e não uma necessidade para a sua
segurança, caminha-se para uma cultura “desgraçada”, marcada por incidentes e acidentes do
trabalho.
1.7 Exercícios
1.7.1 Exercícios de Revisão
1.7.2 Exercícios de Fixação

1. A Portaria no 3.214, de 08 junho de 1978, aprovou as Normas Regulamentadoras do


Mi- nistério do Trabalho e Emprego (MTE). Está de acordo com essa portaria a seguinte NR:

a. NR 11 - Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos

b. NR 12 - Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais

c. NR 13 - Caldeiras e Vasos de Pressão

d. NR 14 - Ergonomia

2. A Portaria no 3.214, de 08 junho de 1978, aprovou as Normas Regulamentadoras do


Mi- nistério do Trabalho e Emprego (MTE). Está de acordo com essa portaria a seguinte NR:

a. NR 15 - Segurança e Saúde no Trabalho Portuário

b. NR 17 - Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário

c. NR 29 - Segurança e Saúde no Trabalho Portuário

d. NR 31 - Ergonomia

3. A Portaria no 3.214, de 08 junho de 1978, aprovou as Normas Regulamentadoras do


Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Está de acordo com essa portaria a seguinte NR:

a. NR 3 - Embargo e Interdição

b. NR 4 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA

c. NR 5 - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO

d. NR 6 - Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Traba- lho -


SESMT

4. A respeito da cultura organizacional de uma empresa, podemos afirmar, EXCETO:

a. É um complexo de padrões comportamentais: crenças, usos, costumes, atitudes,

valores espirituais e materiais de um grupo transmitidos coletivamente.

b. Pode atuar tanto de maneira positiva quanto negativa nos assuntos relacionados com
a segurança do trabalho.

c. Não merece atenção dos profissionais da segurança do trabalho, tendo em vista que
a cultura organizacional só diz respeito à área de Recursos Humanos (RH).

d. A cultura organizacional de uma empresa exerce forte influência na implantação da


política de segurança do trabalho de qualquer empresa.

Segurança do Trabalho 47 Editora Érica - Segurança do Trabalho: Guia Prático e Didático -


Paulo Roberto Barsano e Rild
5. A convenção da OIT, que trata da proteção contra radiações, é:

a. Convenção no 115, 1960.

b. Convenção no 110, 1970.

c. Convenção no 155, 1965.

d. Convenção no 110, 1947.

6. A convenção da OIT, no 174, tem por objetivo:

a. A prevenção de acidentes industriais maiores que envolvam substâncias perigo-

sas e a limitação das consequências desses acidentes.

b. A prevenção de acidentes industriais maiores que envolvam radiações ionizantes e


não ionizantes.

c. A prevenção de acidentes industriais maiores que envolvam acidentes na cons- trução


civil.

d. A prevenção de acidentes industriais maiores em espaços confinados.

7. A convenção da OIT, no 174, em seu artigo 21, estabelece que os trabalhadores em-

pregados no local de uma instalação de risco deverão, EXCETO:

a. Observar todas as práticas e procedimentos relativos à prevenção de acidentes


maiores e ao controle de eventos susceptíveis de dar origem a um acidente maior nas
instalações de risco.

b. Observar todos os procedimentos de emergência caso ocorra um acidente maior.

c. Sair correndo durante um sinistro desse porte.

d. As alternativas a e b estão corretas.

8. A convenção da OIT, no 174, em seu artigo 11, estabelece que os empregadores reve-
rão, atualizarão e modificarão o relatório de segurança, EXCETO:

a. Na eventualidade de modificação que tenha significativa influência no grau de


segurança na instalação ou em seus processos, ou nas quantidades de substâncias perigosas
presentes.

b. Quando o progresso nos conhecimentos técnicos ou na avaliação de risco o reco-


mendar.

c. Nos intervalos estabelecidos por leis ou regulamentos nacionais.

d. A pedido de qualquer trabalhador.

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