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A Linguística Cognitiva
Como ciência, a Linguística Cognitiva tem origens nos anos de 1970 a partir
de estudos e propostas teóricas de diversos pesquisadores como Filmore (1975),
Lakoff (1987), Lakoff e Johnson (1980), e Rosch (1975). O que faz dela um divisor
de águas nos estudos da linguagem é que ela se contrapõe aos estudos linguísticos
clássicos, vigentes até então. Estes eram fortemente marcados por uma visão
filosófica clássica e objetivista da língua, onde se buscava a verdade das coisas, ou
significados inerentes aos elementos da realidade. Assim, pouca, ou nenhuma,
importância era dada ao indivíduo e suas capacidades interacionais, criativas e
produtivas. Nessa nova proposta, todos esses elementos são levados em conta e
incorporados ao estudo da língua, e tanto o indivíduo quanto seu mundo, e sua
capacidade de fazer trocas com esse mundo, são igualmente relevantes para se
conseguir uma compreensão mais clara do que é língua e do que é o ser humano.
Trabalho apresentado à disciplina “Aprendizagem e Desenvolvimento de Linguagem”, no Programa
de Pós-Graduação em Linguística Aplicada (Mestrado), da Universidade Estadual do Ceará.
Com uma definição bem sucinta, podemos dizer que a Linguística Cognitiva é
uma ciência que se ocupa da investigação das relações entre a linguagem humana,
a mente e as experiências socio-físicas (EVANS, BERGEN, ZINKEN, 2007). Embora
sejam contemplados fatores internos e externos do indivíduo, parte-se de uma ideia
de que para se compreender como a língua se realiza numa dimensão concreta das
experiências humanas é preciso também entender como ela se forma na mente e no
aparato cognitivo do ser.
Lakoff explica que cada MCI é um todo complexo estruturado, um gestalt, que
utiliza quatro princípios estruturantes: o proposicional, os esquemas de imagens, os
mapeamentos metonímicos e os mapeamentos metafóricos. Além disso cada MCI
estrutura um espaço mental, como é proposto por Fauconier (1994).
1
Tradução minha dos exemplos de Lakoff e Johnson (1980, p. 5).
perspectiva descontextualizada da estrutura linguística. Pelo contrário, as estruturas
léxico-gramaticais da língua não devem ser entendidas como autônomas, mas como
reflexo da organização conceitual geral, dos princípios de categorização e
mecanismos de processamento (Gibbs, 2006).
A frequência de uso
É por isso que os estudos com corpora podem ser muito úteis na análise
linguística. Um corpus reúne os principais usos que uma comunidade faz de sua
língua. Assim se há um padrão bastante recorrente em um determinado tipo de
texto, em um determinado contexto, ele pode sinalizar para o modo como os
membros daquela comunidade realizam cognitivamente suas escolhas linguísticas e
estruturam suas experiências.
O estudo dos MCIs podem ter mais força e visibilidade se forem baseados
também em uma abordagem pragmática. A teorização que se faz dos
processamentos linguísticos é necessária, mas essa teorização não precisa estar
alheia ou separada de evidências empíricas e usos reais da língua.
Quando falamos em uso, outro termo que vem junto é frequência. Quando
utilizamos a língua há elementos que são mais visíveis, que se repetem, se
sobressaem e se sobrepõe a outros. Os que ocorrem com mais frequência, por
exemplo, são itens bastante significativos para a compreensão da construção
linguística. A repetição de tais elementos, obviamente, provoca efeitos de diversos
tipos na própria estruturação da língua e no processamento cognitivo. Como afirma
Bybee (2010, p.1), é esse uso repetitivo dos processos dinâmicos de instanciação
da língua que tem um impacto na representação cognitiva da língua, bem como em
suas manifestações.
Considerações Finais
Referências