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Projeto de lei do solo agrícola

Versão preliminar para críticas:


Título:

Conservação e Manejo
Integrado do Solo Agrícola

Obrigado pelas críticas, sugestões (…) enviadas para:

eduardo.garcia@agricultura.gov.br

Brasília DF
Fev. 2008
2
Conservação e Manejo Integrado do Solo Agrícola
Versão preliminar para discussão

PROJETO DE LEI NO. …, DE…….DE…,

Institui a Política Nacional de Conservação e


Manejo Integrado do Solo Agrícola, cria os
Conselhos de Conservação e Manejo Integrado do
Solo Agrícola, regulamenta os incisos VI 1 do art.
24 e VIII do art. 30 2 da Constituição Federal e dá
outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decretou e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I
DOS FUNDAMENTOS 3
4
Art. 1º. A Política Nacional de Conservação e Manejo Integrado do Solo Agrícola
baseia-se nos seguintes fundamentos:

1
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: VI (…) “defesa
do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição” (negritado ausente da fonte
consultada).
2
Art. 30. Compete aos Municípios: “VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial,
mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano” (negritado ausente
da fonte consultada). Essa promoção é básica para a Política Nacional de Conservação e Manejo Integrado do
Solo Agrícola (PNCMISA). Na mesma Constituição Federal, no art. 174, consta: “Como agente normativo e
regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e
planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado”: estabelecer
diretrizes e bases do planejamento, neste caso para a conservação e manejo integrado do solo na atividade
agrícola. No art. 225, estabelece: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” com claras e explícitas indicações a
serem regulamentadas, tais como: Inc. I “ preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o
manejo ecológico das espécies e ecossistemas: Inc. V e § 2º. Instrumentos como a Lei Agrícola 8.171/91 e a
Lei das Águas no. 9433 / 97, entre outras, são necessárias referências para definir o presente instrumento de
disciplinamento do uso do solo em sua função social.
3
No conceito de Política Agrícola que o Estatuto da Terra apresenta no seu art. 1º. , § 2º: “o conjunto de
providências de amparo às propriedades da terra, que se destinem a orientar, no interesse da economia rural,
as atividades agropecuárias, seja no sentido de garantir-lhes o pleno emprego, seja no sentido de harmonizá-
las (negrito ausente da fonte consultada) com o processo de industrialização do País”; em fundamentos da
Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9.433/97), ao definir a “bacia hidrográfica como unidade
territorial” para a implantação dessa Política; e na Política Agrícola (Lei. n o. 8.171 / 91), ao destacar, como
pressuposto (art. 2, item I), o gerenciamento de processos e recursos naturais subordinado às “normas e
princípios de interesse público, de forma que seja cumprida a função social e econômica da propriedade
“encontram-se elementos fundamentais para a PNCMISA.
4
Por que não os termos uso e conservação? Segundo moderno entendimento sobre o assunto, o conceito de
conservação aplica-se ao uso racional de um recurso qualquer, de modo a se obter um rendimento bom,
garantindo-se, entretanto sua renovação ou auto-sustentação. Dessa forma, e aliado /conforme ao espírito da
3
Conservação e Manejo Integrado do Solo Agrícola
Versão preliminar para discussão

§ 10 – O solo é patrimônio natural a ser respeitado 5 e bem de interesse comum a todos os


cidadãos, cabendo ao Poder Público, 6 aos ocupantes temporários, à comunidade e aos
proprietários de direito da fração do solo agrícola, disciplinar a sua ocupação racional, a
conservação e manejo integrado solo-água-vegetação e a otimização de sua exploração
econômica em bases sustentáveis.
I - o planejamento e gestão do solo agrícola devem sempre estar baseados na capacidade de
suporte e tolerância desses recursos às intervenções de atividades humanas sintetizadas por
indicadores em grupos, subgrupos e classes de aptidão agrícola (em chaves de classes de
solos, 7);
II - O solo agrícola constitui a base para a produção de alimentos, de fibras e de agroenergia,
objeto direto de garantia, pelo adequado manejo e conservação, da sustentabilidade dessa
base;
§ 20 – O manejo e conservação do solo, ao se integrar com a gestão dos recursos hídricos e
estes, conforme prescreve a Lei no. 9.433, de 8 de jan. de 1997, em seu art. 1º., item V,
terem a bacia hidrográfica como unidade territorial, bem como na diretriz (art. 3º. item V,
da mesma Lei) determinar a “articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do
solo”, levam a considerar a gestão do solo agrícola para essa mesma unidade territorial e
para a gestão descentralizada com a participação do Poder Público, dos ocupantes
temporários, da comunidade e dos proprietários de direitos da fração de uso do solo e dela
responsáveis.
I – o solo agrícola é essencial para a manutenção da biodiversidade e do equilíbrio dos
ecossistemas e como patrimônio natural do País (ver nota de rodapé 5) deve ser respeitado.
§ 30 – Semelhante desdobramento do caso anterior ao considerar prescrições da manutenção
da diversidade biológica e do equilíbrio dos ecossistemas (contribuições para a próxima
versão !!!).
I – O solo agrícola é essencial no equilíbrio do ciclo hidrológico e relevante reservatório de
água.
II – O solo agrícola é importante reservatório de carbono ativo, orgânico e inorgânico, com
destacado papel no ciclo do carbono global e no clima;
§ 40 – o reservatório de carbono que o solo agrícola representa deve ser destaque, em função
do agravamento do aquecimento global, na proteção e conservação desse recurso;

lei, a conservação do solo é compreendida como a exploração, seu uso, agrícola, adotando-se técnicas de
proteção (é a complementação do manejo integrado com os recursos hídricos, com a vegetação etc.) contra a
erosão e redução de fertilidade.
5
No art. 102 da Política Agrícola se estabelece: “o solo agrícola deve ser respeitado como patrimônio natural
do País”
6
O art. 102, parágrafo único, da Política Agrícola prescreve “a erosão do solo deve ser combatida pelo Poder
Público e pelos proprietários rurais”. No art. 103, prescrevem-se: “preservar e conservar a cobertura florestal
(…); recuperar com espécies nativas ou ecologicamente adaptadas as áreas já devastadas (…); e sofrer
limitações ou restrições no uso de recursos naturais (…), para fins de proteção dos ecossistemas (…)”.
7
EMBRAPA, Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília: Embrapa – SPI, 1999.
4
Conservação e Manejo Integrado do Solo Agrícola
Versão preliminar para discussão

VI – O solo agrícola é um recurso natural vulnerável e passível de degradação se não forem


atendidas exigências técnicas e condições operacionais, entre outras as de conservação e
manejo integrado, aliada à conscientização social e a educação ambiental.

CAPÍTULO II
DOS CONCEITOS
Art. 2º. Para efeitos desta Lei, considera-se:
§ 10. Solo, massa não-consolidada de minerais e orgânico sólidos, líquidos e gasosos
dinâmicos, 8 diferenciada em horizontes de profundidade variável, com fraca coerência de
cascalho, areia, argila e silte, 9 encontrada entre a superfície e a rocha consolidada; 7 essa
massa é alterada por agentes físicos, químicos (intemperismo) e biológicos, resultado da
ação do clima e de organismos, que ao ser penetrada pelas raízes das plantas serve como
meio natural de suporte e para o crescimento e desenvolvimento da vegetação terrestre. 10
§ 20. Solo agrícola; solo cuja aptidão, sintetizável por indicadores para utilização e
destinação, for agrícola, pastoril ou silvicultural, de forma isolada ou integrada; serve,
também, à conservação de recursos naturais, sobretudo dos recursos hídricos. 11
§ 30. Uso racional do solo agrícola; compreende a utilização coerente do solo com a
manutenção de fluxos de serviços ambientais para assegura, por um lado, a produção
agrosilvipastoril em determinado nível conforme aptidão e limitação desse recurso e, pelo
outro, a diversidade de ambientes e formas de vida com suporte no solo; compreende,
também, fortalecer a capacidade produtiva e das funções social, econômica e ambiental do
solo.
I - fazem parte do uso racional do solo agrícola disciplinar, com base em critérios técnicos
operacionais, sua ocupação em áreas especiais definidas em mapeamentos do solo agrícola
elaborados segundo disponibilidades – carências em macronutrientes e micronutrientes em
escalas convenientes como, pro exemplo, entre 1: (5)1.000.000 para macro análises até 1:
(2)5.000, para micro-análises;
II - o papel da educação ambiental, em especial da educação orientada para a conservação e
manejo integrado do solo agrícola, é fundamental na utilização do solo.
§ 40. - Manejo integrado do solo agrícola; adoção (gerenciamento) de procedimentos,
práticas e operações como as de calagem, adubação corretiva e de manutenção, sistemas
de preparo 12 e rotação de culturas, entre outras, do solo com ações multidisciplinares,

8
EMBRAPA. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Brasília: SPI, 2001.
9
Glossário de termos hidrológicos / Vocabulário básico do meio ambiente.
10
MARGALEFT R. Ecologia. Barcelona: Omega. 1980.
8
Lei no. 15.697, de 25 de jul. de 2005 de Minas Gerais: Ocupação, uso, manejo e conservação do solo agrícola.
11
Lei no. 15.697, de 25 de jul. de 2005 de Minas Gerais: Ocupação, uso, manejo e conservação do solo agrícola.
12
RESCK, D. V. S. Uso e ocupação do solo no Brasil Central. p. 123 -143. IN.: MANEJO INTEGRADO DE
SOLOS EM MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS. ed. Celso de Castro Filho e Muzilli Osmnar, VIII
Congresso Brasileiro e Encontro Nacional de Pesquisa sobre Conservação do solo. IAPAR: Londrina, 1997
5
Conservação e Manejo Integrado do Solo Agrícola
Versão preliminar para discussão

segundo um planejamento e gerenciamento adequado às condições físicas e


socioeconômicas regionais, para manter e aumentar a capacidade produtiva do solo agrícola
de forma permanente;
I – em um plano de manejo integrado do solo agrícola se destacam estudos e diagnósticos, a
serem sintetizados por indicadores, do meio físico em dimensões como a climatológica,
hidrológica e do solo em seus processos de formação (pedosfera e pedologia); composição
física (morfologia), e química; de ação do meio ambiente (intemperismo) e de classificação
do solo; são aspectos amplos da ciência do solo para fundamentar um plano específico de
manejo;
II – um plano de manejo integrado do solo deve compreender, também, aspectos bióticos, da
flora e fauna regional, e socioeconômicos;
III – a elaboração de um plano de manejo integrado do agrícola é auxiliada, de forma
significativa, por modernas técnicas de planejamento, de gerenciamento e, em especial, de
obtenção e tratamento de dados como os de sensoriamento remoto e processamento de
imagens orbitais, sem dispensar a verificação in loco, para determinar classes de aptidão
agrícola, fatores de limitação e indicar possíveis utilizações e condições de uso do solo.
§ 50. Conservação; sistema flexível e combinado de processos e técnicas de exploração e de
uso racional que protejam o solo contra a deterioração causada por fatores naturais ou
induzida por atividade antrópicas; 13
I – a conservação é entendida como técnicas, tecnologias e processos de proteção e de
utilização e manejo do solo agrícola, de modo a se obter uma produção ótima sustentável
e garantir a renovação de fluxos produtivos;
II – a conservação deve estar baseada no conhecimento e observância da capacidade de
suporte (resiliência) e tendência de resistir às mudanças e permanecer em equilíbrio
(homeostase) do solo;
III – a conservação deve estar baseada, também, na adoção de procedimentos de proteção de
ciclos e fontes naturais contra a erosão e redução de fertilidade;
§ 60. – Capacidade de uso do solo agrícola; refere-se a condições naturais de suporte à
utilização criteriosa (conservação) do solo para fins de produção agro-silvipastoris, por um
longo período de tempo, portanto, sem perder suas características físicas, químicas e
biológicas e conforme suas potencialidades e limitações de uso racional e manejo;
§ 70. – Aptidão agrícola para uso do solo: adaptabilidade ou indicação do solo para um tipo
específico de utilização agrosilvipastoril, segundo a avaliação das suas potencialidades,
capacidades e limitações, pressupondo-se a adoção de níveis diferenciáveis de manejo,
considerando, entre outros, o contexto sócio-econômico.
§ 80. Degradação do solo agrícola: alteração do equilíbrio de características e propriedades
físicas, químicas e biológicas do solo com redução ou perda de suas funções - capacidades
ambientais, econômicas e sociais; significa impactos negativos do potencial
socioeconômico do solo;

13
ACADEMIA de Ciências do Estado de São Paulo - ACIESP.Glossário de ecologia. São Paulo: CNPq,
ACIESP, p. 43.
6
Conservação e Manejo Integrado do Solo Agrícola
Versão preliminar para discussão

I - a degradação, independente da atividade implantada, pode ser verificada quando a


vegetação e, como efeito negativo, a fauna, são destruídas, removidas ou expulsas e/ou
quando a camada de solo fértil for perdida, removida ou coberta, afetando a qualidade e
quantidade de corpos superficiais e subterrâneos de água;
§ 90. – Compactação do solo: redução do volume - espaço poroso do solo (aumento de
densidade), com as conseqüentes perdas de capacidade de infiltração e de armazenamento
de água e ar, comprometendo o desenvolvimento das plantas;
§ 10. – Erosão do solo: processo de desgaste e perda do solo, da camada superficial ou parte
dela, provocada por ações erosivas da chuva, de ventos e de ondas, potencializadas por
ações imprudentes do homem com usos e práticas inadequadas do solo;
I - a erosão do solo representa perdas de riquezas naturais da camada agricultável de um local
traduzidas, à jusante, em custos e passivos ambientais em outros locais depositários, como
leitos e planícies alagáveis assoreadas por esses materiais;
II - a erosão do solo é um processo que tem seu início, por vezes quase que imperceptível,
com a erosão laminar e pode chegar a voçorocas;
§ 11. – Assoreamento; processos geomórficos 14 de elevação de uma superfície por causa da
deposição de sedimentos minerais (p.ex. areia, silte e argila) e orgânicos (p.ex., resíduos de
fertilizantes e agrotóxicos) que leva à obstrução dos corpos de água pelo acúmulo desses
elementos o que provoca a redução de sua profundidade, do volume útil de água e na
qualidade desse recurso, com prejuízos para os diversos usos da água; 15
I - a principal causa do assoreamento está relacionada a movimentos de terra e a remoção da
cobertura vegetal, favorecido por precipitações pluviométricas tropicais intensas e a
freqüência de solos brasileiros erodíveis; ocorrem, também, em adensamentos
populacionais que favorecem a disseminação de processos erosivos 10 com o aumento do
rigor de enchentes para equivalentes normais pluviométricas da região afetada;
II - os principais problemas do assoreamento ocorrem em locais como rios, baias, lagos,
estuários e planícies aterradas pela erosão à montante desses locais, afetando obras de
engenharia como canais, represas e reservatórios 10 e a qualidade da água com problemas
como os de enriquecimentos resultante de aumentos de nitrogênio e fósforo na água
(eutrofização); 16
§ 12. – Poluição do solo; processo que ocorre com a deposição, descarga, infiltração,
acumulação, injeção ou enterramento no solo ou no subsolo de substâncias ou materiais
poluentes, em estado sólido, líquido ou gasoso, capazes de alterar sua qualidade produtiva
e ambiental;
§ 13 Salinização; é o aumento de sais solúveis na solução do solo decorrente de atividades
como o sistema de irrigação inadequado, o uso indiscriminado de adubação química, a

14
GUERRA, A. T. Dicionário geológico-geomorfológico. Rio de Janeiro: IBGE, 1978, 446p.
15
SILVA, D. D. da; PRUSKI, F. F. Recursos hídricos e desenvolvimento sustentável.. Brasília: MMA, UFV,
1997, p. 98.
16
ACADEMIA de Ciências do Estado de São Paulo -ACIESP.Glossário de ecologia. São Paulo: CNPq,
ACIESP, p. 78.
7
Conservação e Manejo Integrado do Solo Agrícola
Versão preliminar para discussão

presença de lençol freático próximo à superfície e irrigação com utilização de água com
elevado teor de sais;
§ 14. Desertificação; trata-se do desenvolvimento de condições desérticas, natural ou
provocado, como resultado de atividades humanas indevidas ou de mudanças climáticas,
freqüentes em regiões áridas, semiáridas e sub-úmidas secas;
I - a desertificação provocada por atividades humanas se dá, em geral, pela remoção da
cobertura vegetal; pela utilização predatória e de uso intensivo e manejo inadequado solo;
ou por alterações ecológicas que despojam a terra de sua capacidade de sustentar atividades
agro-silvipastoris; 17
§ 15 Proteção do solo agrícola; processo racional que compreende medidas orientadas para
manter, melhorar ou recuperar características biológicas, físicas e químicas do solo
condizentes com suas capacidades, potencialidades e limitações de uso e manejo;
I - a proteção do solo agrícola compreende ações, procedimentos e técnicas de educação -
conscientização, prevenção e controle, nessa mesma ordem, da erosão do solo em todas as
suas formas;
II - a proteção do solo agrícola compreende ações e técnicas – tecnologia para evitar ou
reduzir, em níveis toleráveis, assoreamentos de cursos de água e a poluição de águas
subterrâneas;
III - a proteção do solo agrícola compreende ações de educação, estratégias, ações e técnicas
– tecnologias para evitar processos de degradação e desertificação ou para recuperar essas
áreas e incorpora-las ao processo produtivo racional;
IV - a proteção do solo agrícola compreende ações de procedimentos e técnicas para evitar -
disciplinar o desmatamento de áreas impróprias para a exploração agropastoril ou de áreas
com valor estratégico;
V - a proteção do solo agrícola compreende adequações de intervenções como obras de
barragens, estradas, canais de drenagem, diques e irrigação às condições de suporte e
limitações;
VI - a proteção do solo agrícola compreende instrumentos, entre outros, os legais capazes de
desestimular a ociosidade de solos com potencial e demanda agrícola.
§ 16 Beneficiário de ato ilícito; o Poder Público, o ocupante temporário (posseiro,
arrendatário), a comunidade e o proprietário de direito da fração de uso do solo que obtiver
benefício ou for “favorecido por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência
violar direito ou causar dano (…)”18 ao meio ambiente ao não cumprir obrigações com
custos não realizados, como os de evitar práticas de manejo adequado e de conservação;
não controlar a erosão, a desertificação e o assoreamento; não impedir o desmatamento de
área imprópria para a exploração agrosilvipostoril; e não recuperar nem manter as
características físicas, químicas e biológicas do solo agrícola e melhorá-las;

17
Sahop, citado por MOREIRA, V. D. Vocabulário básico de meio ambiente. Rio de Janeiro: Petrobrás, 1991,
p. 73.
18
Art. 188 do Código Civil Brasileiro, na conceituação de ato ilícito aplicado ao desfrutador ou favorecido por
um beneficiário que resulta de dispêndio omitido.
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Conservação e Manejo Integrado do Solo Agrícola
Versão preliminar para discussão

I – será beneficiário de ato ilícito o titular de um direito como o proprietário da fração de solo
que ao exercê-lo, excede limites impostos pelo seu fim econômico;
II – não constitui benefício de ato ilícito os praticados em função de remoção de perigo
iminente e quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, sem exceder os
limites do indispensável para a remoção do perigo. 19

CAPÍTULO III
DOS OBJETIVOS
Art. 3º. Nos objetivos da Política Nacional de Conservação e Manejo Integrado do Solo
Agrícola ao incentivar a utilização racional e ecologicamente correta do solo com o exercício
da função de planejamento determinante para o setor público e indicativa para o setor
privado, destacam-se:
§ 10 Assegurar à atual e as futuras gerações, mediante a aplicação de critérios, procedimentos
e técnicas-tecnologias de conservação e manejo integrado adequados às condições -
possibilidades locais, as disponibilidades de solo e de água em condições de qualidade
necessárias para a produção sustentável;
I - são propósitos a ser alcançados, a qualidade do solo e a qualidade da água, de forma
indissociáveis na conservação e manejo integrado do solo agrícola, consistentes com o art.
2º, item I da lei 9.433 / 97, Lei das Águas, e o art. Art. 3º., item IV da Lei 8.171 / 91, da
Política Agrícola20;
§ 20 Assegurar, mediante práticas como as de plantio direto, sistematização de lavouras,
correções de fertilidade, descompactação de solo, planejamento de rotações de culturas,
manejo de restos de culturas e manejo de enxurradas, entre outros procedimentos, a
utilização racional e sustentada do solo agrícola, com vistas ao desenvolvimento
sustentável agro-silvipastoril;
§ 30 Prevenir desastres e perdas do valor do solo agrícola, como decisão consciente da
educação ambiental desenvolvida na comunidade e como princípio de um objetivo da
conservação do solo.
I – a prevenção de danos ou perdas do solo agrícola deverá ocorrer com a aplicação de
práticas como as de manter a adequada cobertura vegetal, aumentar componentes
orgânicos que possam elevar a capacidade de retenção de água e racionalizar o uso do solo
baseado no conhecimento de sua capacidade de suporte à intervenção e de sua aptidão e
limitações, entre outras;
II – a prevenção de danos ao solo agrícola deve ser, também, um objetivo da educação de
precaução 21 como princípio contra incertezas (e riscos não aceitáveis) potenciais e do

19
Art. 188 do Código Civil Brasileiro, parágrafo único.
20
Nesse aparte da Lei 8.171/91 se estabelece como objetivo “proteger o meio ambiente, garantir o seu uso
racional e estimar a recuperação dos recursos naturais”.
21
Esta é uma nota esclarecedora e de justificação do texto ao destacar o papel da educação em objetivos da
política de conservação e manejo do solo agrícola. A ignorância, por definição, refere-se ao que escapa ao
reconhecimento: ao que não se sabe que existe; na incerteza se tem o conhecimento do que ainda não se conhece
9
Conservação e Manejo Integrado do Solo Agrícola
Versão preliminar para discussão

controle de processos de desertificação e degradação do solo agrícola, decorrentes de usos


e manejos inadequados;
III – disciplinar, com base em critérios ou padrões adequados à realidade local e regional e,
em especial, condições do produtor rural afetado, e fiscalizar, com objetividade e
consistência, o uso racional do solo, da água, da fauna e da flora (ver art. 19, item II, da
Política Agrícola; este é parte do sentido de manejo integrado);
IV – contribuir no disciplinamento – educação ambiental ao coordenar planos, programas e
projetos de incentivos à preservação de ambientes como nascentes de cursos de água e
matas ciliares com funções estratégicas; e fontes, ciclos e habitats de flora e fauna com
funções e valores estratégicos;
V promover, incentivar e participar de atividades de recuperação de áreas em processo de
desertificação (ver art. 19, item IV, da Política Agrícola).
§ 40 Estabelecer instrumentos para o planejamento, gestão e fiscalização do manejo e
conservação do solo agrícola consistentes com a capacidade de suporte, aptidões e
limitações do solo conhecidas (que devem ser conhecidas) mediante indicadores; o
propósito desses instrumentos é assegurar, quanto possível, a qualidade e disponibilidade
qualitativa da fonte produtiva de solo agrícola.
§ 50 Assegurar as funções sociais, econômicas e ambientais do solo agrícola mediante ações
de educação ambiental desenvolvidas em/com associações, sindicatos, comitês e
instituições de educação formal, de proteção do solo agrícola e de inovações tecnológicas
de conservação e manejo integrado desse recurso.
I – parte da função social deverá estar na incumbência do Poder Público implantar obras que
tenham como objetivos o bem-estar social, como é o caso de obras em projetos de
irrigação que venham a agregar valor ao solo agrícola (ver o art. 47 da Política Agrícola)
§ 60 Induzir a responsabilidade social na conservação e manejo do solo agrícola;
I – indução com a força e evidência da integração solo-água-planta em processos decisórios
e com diálogos mais participativos ao representar mudanças de comportamento e
legitimidade social da conservação do solo agrícola;
II - induzir a responsabilidade ao incluir novos conceitos como o distributivo de ações da
conservação e manejo (ver beneficiário por ato ilícito);
III - induzir a responsabilidade como um ato de transparência e governança na conservação
e manejo do solo agrícola;
§ 70 Garantir o alimento seguro e a segurança alimentar com necessária qualidade ambiental
que a conservação e manejo integrados do solo com responsabilidade permitem.

e do que não possa se prognosticar; no risco se tem o conhecimento do que se pode prever, dentro de certos
limites de probabilidade de ocorrência; em muitos casos esses limites não são toleráveis em algumas das
dimensões do cenário e se rejeita a adoção de, por exemplo, uma prática de uso do solo. Na indeterminância de
relações, a cadeia causal do conhecimento da conservação é aberta não apenas por conta de interações não-
lineares de aspectos que são complexos e fora de dimensões como a física, química e biológica da ciência do
solo. É aberta e indeterminada, também, pela variabilidade de fatores, pelas interações entre eles, pela
diversidade social, econômica (…) em que se tomam decisões sobre a conservação e manejo integrado do solo
agrícola.
10
Conservação e Manejo Integrado do Solo Agrícola
Versão preliminar para discussão

CAPÍTULO IV
DAS DIRETRIZES GERAIS
Art. 4º. Constituem diretrizes gerais de ações para a implementação da Política Nacional de
Conservação e Manejo Integrados do solo agrícola:
§ 10 – O planejamento e a gestão de conservação e manejo integrado do solo agrícola,
estabelecidos de acordo com a capacidade de suporte as intervenções de uso agrícola e de
manutenção de sua estrutura e atributos de qualidade e quantidade;
§ 20 - A adequação do planejamento e da gestão do solo agrícola às diversidades físicas,
bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País;
§ 30 - O planejamento e a gestão de conservação e manejo do solo agrícola, articulados e
integrados com as demais políticas públicas de gestão ambiental, em nível nacional,
estadual e municipal;
§ 40 – O planejamento e a gestão do solo agrícola articulados com o planejamento e gestão
dos recursos hídricos no contexto de uma bacia ou microbacia hidrográfica;
I – O planejamento, gestão e execução de ações, atividades e estratégias na conservação e
manejo integrado do solo agrícola deverão ser feitos independentemente divisas
geopolíticas ou limites de propriedade rural, prevalecendo sempre o interesse público; 22
§ 50 - A integração do planejamento e gestão do uso, manejo e conservação do solo agrícola
com os planos de bacias hidrográficas, respeitadas as peculiaridades regionais.

CAPÍTULO V
DOS INSTRUMENTOS
Art. 5º - São instrumentos da Política Nacional de Conservação e Manejo Integrado do Solo:
I – Os planos de conservação e manejo integrado do solo agrícola em nível nacional, estadual
e municipal;
II - O Fundo Nacional de Conservação e Manejo Integrado do solo agrícola a (a ser criado);
III – Os conselhos nacional, estaduais e municipais de conservação e manejo integrado do
solo agrícola;
IV - A assistência técnica e a extensão rural;
V – A educação ambiental em um ambiente de comprometimento e responsabilidade social
V - O crédito rural e o seguro rural;
VI – A pesquisa, o ensino e a educação ambiental;
VII – A fiscalização.

22
Ver art. 3º. Da Lei Estadual no. 6.171, de 4 de jul. De 1988 do Estado de São Paulo, que dispõe sobre o uso
(sic), conservação e preservação do solo agrícola.
11
Conservação e Manejo Integrado do Solo Agrícola
Versão preliminar para discussão

SEÇÃO I
DOS PLANOS
Art. 6º - O planejamento e gestão de conservação e manejo integrado do solo agrícola se
darão em cinco níveis de atuação inter-relacionados para sua implementação coordenada e
integrada:
I – Nacional; o plano nacional de conservação e manejo integrado do solo agrícola
contemplará objetivos, fundamentos e diretrizes explicitadas nesta lei, respeitando as
peculiaridades regionais;
§ 10 - o plano nacional de conservação e manejo integrado do solo agrícola deverá ser
atualizado a cada quatro anos por ocasião da elaboração dos planos plurianuais;
II – Estadual; o plano estadual de conservação e manejo integrado do solo agrícola
contemplará objetivos, fundamentos e diretrizes explicitadas nesta lei, respeitando as
peculiaridades estaduais e regionais;
§ 10 - o plano estadual de conservação e manejo integrado do solo agrícola deverá considerar
outros instrumentos de planejamento como são os planos municipais de conservação e
manejo integrado do solo, os planos de bacias hidrográficas no correspondente âmbito de
atuação, os zoneamentos afins e outros planos.
§ 20 - o plano estadual de conservação e manejo integrado do solo agrícola deverá ser incluído
no plano do respectivo governo estadual e sua atualização ocorrerá por ocasião da
elaboração dos planos plurianuais;
§ 30 - os procedimentos, práticas, técnicas e métodos propostos nos planos de conservação e
manejo integrado do solo agrícola em nível estadual serão definidos em consonância com
as legislações estadual e federal, permitindo-se a participação nos dois níveis geopolíticos,
em função da grandeza, complexidade e desenvolvimento de ações nesses planos.
III – Municipal; o plano de conservação e manejo integrado do solo agrícola deverá se
articular com planos municipais como os de ordenamento e ocupação territorial e com o
plano estadual de conservação e manejo integrado do solo.
§ 10 - o plano municipal de conservação e manejo integrado do solo agrícola deverá obedecer
aos limites de bacias hidrográficas definidos pelos estados.
§ 20 - o plano municipal de conservação e manejo integrado do solo agrícola deverá ser
atualizado a cada quatro anos, coincidindo com a atualização dos planos municipais.
§ 30 - os procedimentos, práticas, técnicas e métodos propostos nos planos de conservação e
manejo integrado do solo agrícola em nível municipal serão definidos em consonância com
as legislações municipal, estadual e federal, permitindo-se a participação nos três níveis
geopolíticos, em função da grandeza, complexidade e desenvolvimento de ações nesses
planos.
IV – Bacias hidrográficas e Microbacias; o plano de bacias hidrográficas e de microbacias,
ao considerarem a conservação e manejo integrado do solo agrícola, contemplarão
objetivos, fundamentos e diretrizes explicitadas nesta lei, consistentes com os objetivos da
Política Nacional de Recursos Hídricos.
12
Conservação e Manejo Integrado do Solo Agrícola
Versão preliminar para discussão

§ 10 - o plano de conservação e manejo integrado do solo agrícola nos âmbitos da bacia


hidrográfica e microbacia prevalecerá sobre os limites municipais ou outras regionalizações
geopolíticas, e sua execução se dará pela organização social em nível de município;
§ 20 - a elaboração e execução de planos de conservação e manejo integrado do solo agrícola
deverá ser iniciado pelas partes mais críticas e/ou estratégicas do alvo desses planos,
conforme decisão dos conselhos municipais de desenvolvimento rural sustentável;
§ 30 - o plano de conservação e manejo integrado do solo agrícola no âmbito de uma
microbacia deverá levar em consideração os planos da bacia hidrográfica e do município;
§ 40 - o Poder Público deverá criar um selo de qualidade para as microbacias que adotarem
integralmente o plano de conservação e manejo integrado do solo agrícola e que, como
resultado desse plano, demonstrar sustentabilidade da produção primária agrícola.
V – Propriedade Rural; para cada estabelecimento rural, dentro de microbacias priorizadas
pelos conselhos municipais de desenvolvimento rural ou órgãos semelhantes e com quatro
(4) módulos ou mais, será elaborado um plano de conservação e manejo integrado do solo.
§ 10 - o plano de conservação e manejo integrado do solo agrícola por estabelecimento rural
deverá contemplar e se integrar com um plano de gestão socioeconômica da propriedade
rural;
§ 20 - o plano de gestão socioeconômica da propriedade rural será caracterizado por
diagnósticos integrados do meio físico sintetizados em indicadores, por critérios
selecionados de gestão ambiental e pelo monitoramento integrado da qualidade do solo e
da água;
§ 30 - os mapas de solos, suas interpretações temáticas e as escalas compatíveis com suas
finalidades, disponibilizados pelo Poder Público federal, estadual e municipal, serão
instrumentos básicos para a execução dos planos de conservação e manejo integrado do
solo agrícola em nível da propriedade rural.
§ 40 - os procedimentos, práticas, técnicas e métodos propostos nos planos de conservação e
manejo integrado do solo agrícola em nível de propriedade rural serão definidos em
consonância com as legislações municipal, estadual e federal, permitindo-se, se necessária,
a participação nos três níveis geopolíticos, em função da grandeza, complexidade e
desenvolvimento das ações nesses planos.

SEÇÃO II
DOS FUNDOS
Art. 7º - O Poder Público criará o Fundo Nacional de Conservação e Manejo Integrado do
Solo Agrícola e estabelecerá critérios para concessão de recursos financeiros para apoiar os
planos de conservação e manejo integrados do solo agrícola.
Parágrafo Único – O Fundo Nacional de Conservação e Manejo Integrado do Solo Agrícola
será formado pela arrecadação de multas advindas da aplicação desta lei; por medidas
compensatórias de empreendimentos que causem impactos negativos ao solo; e por outras
fontes a serem definidas em lei para os propósitos deste Fundo.
13
Conservação e Manejo Integrado do Solo Agrícola
Versão preliminar para discussão

SEÇÃO III
DOS CONSELHOS NACIONAL, ESTADUAIS E MUNICIPAIS DE CONSERVAÇÃO E
MANEJO INTEGRADO DO SOLO AGRÍCOLA
Art. 8º - Os Conselhos terão como área de atuação:
I - O território nacional;
§ 10 - o Conselho Nacional de Conservação e Manejo Integrado do Solo Agrícola será criado
por ato do Presidente da República;
II – Os Estados;
§ 10 - os Conselhos Estaduais de Conservação e Manejo Integrado do Solo Agrícola serão
criados por ato do governador;
§ 20 – nos Estados onde já existam conselhos, agências ou órgãos de desenvolvimento rural
com funções semelhantes às dos Conselhos, tais órgãos serão responsáveis pela
implementação da política estadual de conservação e manejo integrado do solo agrícola;
III – Os municípios;
§ 10 - o Conselho Municipal de Conservação e Manejo Integrado do Solo Agrícola será criado
por ato do prefeito.
§ 20 – nos Municípios com conselhos de desenvolvimento rural ou órgãos com funções
semelhantes às do Conselho Municipal de Conservação e Manejo Integrado do Solo
Agrícola, tais órgãos serão responsáveis pela implementação da política municipal de
conservação e manejo integrado do solo agrícola;
Art. 9º. Os Conselhos Nacional, Estaduais e Municipais serão precedidos por Conselhos
Diretores;
I – A Direção do Conselho Nacional de Conservação e Manejo Integrado do Solo Agrícola
estará composta por representantes, titular e suplente, escolhidos pelas representadas:
§ 10 - dos Ministérios e Secretarias da Presidência da República com interesses e atuações na
conservação e manejo integrado do solo agrícola em atividade agrosilvipastoris;
§ 20 - dos conselhos estaduais de conservação e manejo integrado do solo agrícola;
§ 30 - de confederações e outras entidades com interesse e atuação na conservação e manejo
integrado do solo agrícola e/ou vinculadas às atividades agrosilvipastoris;
§ 40 - de organizações civis com interesses e atuações na conservação e manejo integrados
do solo agrícola e/ou vinculadas às atividades agrosilvipastoris;
§ 50 - por representantes de instituições de pesquisa, ensino - educação e extensão, com
destaque para as orientadas para a educação ambiental.
Parágrafo Único. O número de representantes do Poder Executivo Federal não poderá
superar à metade mais um do total dos membros do Conselho Nacional de Conservação e
Manejo Integrado do Solo Agrícola.
14
Conservação e Manejo Integrado do Solo Agrícola
Versão preliminar para discussão

I – A Direção do Conselho Estadual de Conservação e Manejo Integrado do Solo Agrícola


estará composta, de forma paritária, por representantes, titular e suplente, escolhidos pelas
representadas:
§ 10 - de Secretarias de Estado com interesses e atuações na conservação e manejo integrado
do solo agrícola e/ou vinculadas às atividades agrosilvopastoris;
§ 20 - de conselhos estaduais e municipais especiais e de conselhos / comitês de bacias
hidrográficas com interesse na conservação e manejo integrado do solo agrícola e/ou
vinculadas às atividades agrosilvopastoris;
§ 30 - de federações e outras entidades estaduais com interesse e atuação na conservação e
manejo integrado do solo agrícola e/ou vinculadas às atividades agrosilvipastoris;
§ 40 - por organizações civis e organizações não-governamentais com interesses e atuações
na conservação e manejo integrados do solo agrícola e/ou vinculadas às atividades
agrosilvipastoris;
§ 50 - de instituições de pesquisa, ensino - educação e extensão.
Parágrafo Único. O número de representantes do Poder Executivo Estadual não poderá
exceder à metade mais um do total dos membros do Conselho Estadual de Conservação e
Manejo Integrado do Solo Agrícola.
II – A Direção do Conselho Municipal de Conservação e Manejo Integrado do Solo Agrícola
estará composto, de forma prioritária, por representante, titular e suplente, escolhidos pelas
representadas:
§ 10 - de secretarias estaduais com interesses e atuações na conservação e manejo integrado
do solo agrícola e/ou vinculadas às atividades agrosilvipastoris;
§ 20 - dos conselhos municipais de conservação e manejo integrado do solo agrícola ou órgão
com funções afins;
§ 30 - de organizações civis com interesses e atuações na conservação e manejo integrados
do solo agrícola e/ou vinculadas às atividades agrosilvipastoris;
§ 40 - de instituições de pesquisa, ensino, ênfase na educação ambiental e extensão – difusão
de tecnologia da prevenção e proteção.
Parágrafo Único. O número de representantes do Poder Executivo Municipal não poderá
exceder à metade mais um do total dos membros do Conselho Municipal de Conservação
e Manejo Integrado do Solo Agrícola.
Art. 10 - Compete às Direções e aos conselhos de Conservação e Manejo Integrado do Solo
Agrícola, no âmbito de suas correspondentes áreas de atuações:
I – Definir políticas de conservação e manejo integrado do solo agrícola observando-se, nos
casos pertinentes, as devidas orientações e arranjos hierárquicos do caso;
II – Aprovar os planos nacional, estadual, municipal e por propriedade rural de conservação
e manejo integrado do solo agrícola, conforme as respectivas áreas de atuação dos
conselhos, comitês e agências;
15
Conservação e Manejo Integrado do Solo Agrícola
Versão preliminar para discussão

III – Estabelecer diretrizes para a criação de comissões nacionais, estaduais, regionais e


municipais, conforme sejam as respectivas áreas de atuação dos conselhos de conservação
e manejo integrado do solo agrícola;
IV – Definir áreas geográficas e assuntos temáticos prioritários dentro de planos de
conservação e manejo integrado do solo agrícola;
§ 10 - promover o debate de questões relacionadas com a conservação e manejo integrado do
solo agrícola e articular a atuação na definição de áreas e assuntos prioritários da utilização
e manejo do solo agrícola;
§ 20 – apoiar e incentivar ações e estratégias para identificar, delimitar e caracterizar, com
base em estudos e cenários sintetizados por indicadores, áreas e fatores críticos de riscos
de erosão, de desertificação e de perdas – degradações de áreas especiais a serem
preservadas, protegidas e/ou recuperadas, segundo seja o caso;
II - Aprovar os planos de conservação e manejo integrado do solo agrícola em suas
correspondentes áreas de atuação: nacional, estadual, municipal e por propriedade rural
com tais planos;
III - Acompanhar a execução dos planos de conservação e manejo integrado do solo agrícola
em suas áreas de atuação e sugerir às instâncias e órgãos competentes, providências
necessárias ao cumprimento de metas desses planos.

SEÇÃO IV
DA ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RTURAL
Art. 11 - Os Serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural públicos, em articulação com
outras instituições, serão responsáveis pela implantação, em sua fase funcional, da política
nacional de conservação e manejo integrado do solo agrícola e da operacionalização de seus
instrumentos de difusão, de capacitação e de fortalecimento de experiências nos estados e
municípios.
Parágrafo primeiro – Os serviços privados de assistência técnica e extensão rural que
recebem recursos públicos ou operacionalizam crédito rural ou seguro agrícola, também
serão responsáveis, no que couber, pela execução da política nacional de conservação e
manejo integrado do solo agrícola.
Parágrafo segundo – Os serviços de assistência técnica e extensão rural deverão se
compatibilizar e integrar, em sua fase funcional, com os fundamentos, objetivos
instrumentos da política nacional de conservação e manejo integrado do solo agrícola.
Parágrafo terceiro. Os serviços de assistência técnica e extensão rural deverão se
fundamentar, em sua essência, e potencializar em suas ações com os serviços de pesquisa,
ensino e educação ambiental, de forma integrada sistêmica.
Parágrafo quarto – Os serviços de assistência técnica e extensão rural deverão se
compatibilizar, complementar e potencializar com os serviços de crédito rural de forma
integrada sistêmica.
16
Conservação e Manejo Integrado do Solo Agrícola
Versão preliminar para discussão

SEÇÃO V
DO CRÉDITO RURAL E DO SEGURO AGRÍCOLA
Art. 12 - O crédito rural deverá disponibilizar recursos financeiros, em quantidade suficiente,
para finalidade eficiente e em condições de época oportuna, prazos e taxas compatíveis com
os planos de conservação e manejo integrado do solo agrícola para implementação de
práticas, processos, técnicas e métodos financiáveis desses planos em atividades
agrosilvipastoris.
Parágrafo único - A aplicação de recursos do crédito rural em planos de conservação e
manejo integrado do solo agrícola em atividades agrossilvipastoris será orientada, em sua
parte funcional, pelos Serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural, públicos ou
privados, e fundamentada ou com suporte técnico em indicações de pesquisa e educação
ambiental.
§ 1o – o crédito rural deve ser um instrumento para incentivar a introdução de procedimentos
e métodos racionais visando ao aumento da produtividade e à “adequada conservação do
solo e preservação do meio ambiente” (art. 48, item III da Política Agrícola).
§ 2o – a concessão do crédito rural estará condicionada à idoneidade do tomador em termos
de consistência e pertinências das ações de conservação e manejo integrado do solo agrícola
e à fiscalização e monitoramento pelo financiador;
§ 3o – o seguro agrícola deverá cobrir prejuízos de sinistros que atinjam bens fixos como é o
caso do solo agrícola afetado pela erosão.

SEÇÃO VI
DA PESQUISA, DO ENSINO E DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Art. 13 - O Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária atuará, de forma conjunta, com
outros sistemas e/ou organizações de pesquisa e ligada ao ensino, assistência técnica, a
extensão rural e educação ambiental para expandir o conhecimento científico e tecnológico
da conservação e manejo integrado do solo agrícola;
Parágrafo primeiro – A aplicação de resultados da pesquisa é responsável, pela essência
consistida do alicerce que oferece e no que a ela couber, pela implantação e sucesso da
política de conservação e manejo integrado do solo agrícola;
§ 1o – a efetividade dos resultados da pesquisa para a conservação e manejo integrado do solo
agrícola estará condicionada à funcionalidade e/ou operacionalidade dos serviços de
Assistência Técnica e Extensão Rural, podendo ser potencializada pelo Crédito Rural e pela
superação de fatores do chamado “custo Brasil”;
§ 2o – é desejável e conveniente, pelo sinergismo de resultados conjuntos e pela disposição
de “a pesquisa agrícola estar integrada à assistência técnica e extensão rural, aos produtores,
comunidades e agroindústria (…)” (art. 2º. Item II, da Lei. no. 8.171 / 91 que dispõe sobre
a Política Agrícola), a plena coerência, equilíbrio e integração, indissociação, entre os
resultados da pesquisa em termos de informações, serviços e tecnologias para inovações e
os serviços de assistência técnica – extensão rural, em termos de viabilização (…) de
soluções aos problemas, entre outros, os de preservação do meio ambiente (art. 16 da
17
Conservação e Manejo Integrado do Solo Agrícola
Versão preliminar para discussão

Política Agrícola) para se ter o melhor, pela sustentabilidade, e maior, pela otimização,
benefício na conservação e manejo integrado do solo agrícola;
Parágrafo segundo – A pesquisa ao produzir informações tecnológicas de utilização e
manejo do solo agrícola para novos conhecimentos e ao gerar serviços e produtos para
inovações na conservação desses recursos deverá considerar a capacidade de suporte
ambiental, social e econômica.
§ 1o – dar propriedade à geração e à adaptação de tecnologias agrícolas destinadas ao
desenvolvimento do mediano e pequeno produtor rural, respeitando a preservação de
fontes, ciclos e processos naturais determinantes de aptidões do solo agrícola, bem como
considerando as limitações e restrições de uso e manejo do solo agrícola.

SEÇÃO VII
DA FISCALIZAÇÃO
Art. 14. O Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento terá função de
supervisionar e orientar a Política Nacional de Conservação e Manejo Integrado do Solo
Agrícola e fiscalizar o cumprimento desta lei, visando alcançar seus objetivos.
§ 1o - A fiscalização desta lei é atribuição concorrente à União, Estados e Municípios.
§ 2o - Estão sujeitas à fiscalização as pessoas físicas e jurídicas que usem ou interfiram, direta
ou indiretamente, no solo agrícola.
§ 3o - A autuação fiscal será efetuada sem sobreposição.
Art. 15. Compete ao Fiscal Federal Agropecuário a fiscalização da conservação e manjo
integrado do solo agrícola, sendo-lhe assegurado, no exercício de suas funções, livre acesso
a quaisquer estabelecimentos, documentos ou pessoas referidas.
§ 1o - Poderá o Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento, mediante convênios
ou acordos com entes públicos, outorgar a execução do serviço de fiscalização de que trata
esta Lei, na forma de seu regulamento.
§ 2o. - A delegação de competência, acima prevista, fica sujeita as auditorias regulares,
executadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento conforme
estabelecido no regulamento desta Lei.

SEÇÃO VIII
DA AÇÃO DO PODER PÚBLICO
Art. 15 - Compete à União, Estados, Distrito Federal e Municípios:
I - Promover e apoiar campanhas educativas e de conscientização sobre a conservação e
manejo integrado do solo agrícola;
18
Conservação e Manejo Integrado do Solo Agrícola
Versão preliminar para discussão

II – Promover e apoiar o desenvolvimento de habilidades e a capacitação de técnicos, agentes


públicos, comunidades tradicionais, lideranças, produtores rurais, trabalhadores rurais,
associações rurais, sindicatos rurais, entre outras, para a conservação e manejo integrado
do solo agrícola;
III - Criar e implementar medidas de incentivo à adoção de práticas sustentáveis de
conservação e manejo integrado do solo agrícola.
Art. 16 – Compete ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento:
I – Estabelecer políticas e normas gerais relativas à conservação e manejo integrado do solo
agrícola, como bases para possíveis desdobramentos dessas políticas realizados pela
Direção de Conselhos de Conservação e Manjo Integrado do Solo Agrícola (art. 10, item
I);
II – Participar, promover e incentivar, conforme condições e possibilidades, a elaboração de
mapas de solos com informações de base para se ter interpretações temáticas e delinear
sistemas de aptidão – limitações dos dolos agrícola.
III – Participar, promover e apoiar, conforme condições e possibilidades, a geração, validação
e transferência - difusão de tecnologias e práticas de conservação e manejo integrado de
solos agrícolas;
IV – Participar, promover e incentivar estudos e diagnósticos para fundamentar a análise de
discriminação, delimitação e caracterização de regiões e áreas críticas com riscos ou
incertezas de suscetibilidade à degradação do solo agrícola, em consonância de
zoneamentos estabelecidos conforme indicações de legislações específicas.
V – Promover o monitoramento e a avaliação da eficiência de serviços, procedimentos e
tecnologias de conservação e manejo integrados do solo agrícola;
VI - Estabelecer as penalidades a serem aplicadas quando caracterizado o descumprimento
das disposições previstas nesta lei.
VII – Supervisionar, fiscalizar, avaliar e fazer cumprir as disposições da presente lei.

CAPÍTULO VI
DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES
Art. 17 - Constitui infração a esta lei de conservação e manejo integrado do solo agrícola:
I – A utilização do solo em desacordo com as classes de aptidão e limitações agrícolas;
§ 1o -

II – Omissão na prevenção e controle da erosão em todas as suas e qualquer de suas


manifestações;
§ 1o – (próxima versão do texto complementa esta parte com informações da legislação
ambiental)
19
Conservação e Manejo Integrado do Solo Agrícola
Versão preliminar para discussão

III – Contribuir, de forma direta ou indireta, para o assoreamento e eutrofização dos corpos
de água e bacias de acumulação;
§ 1o - (próxima versão do texto complementa esta parte com informações da legislação
ambiental)

IV – Contribuir para a contaminação e poluição do solo e da água;


§ 1o - (próxima versão do texto complementa esta parte com informações da legislação
ambiental)

V – Omissão na promoção de recuperação do solo em áreas degradadas;


§ 1o - (próxima versão do texto complementa esta parte com informações da legislação
ambiental)

VI – Realizar a lavagem, o abastecimento de pulverizadores e a disposição de embalagens e


resíduos de agrotóxicos e outras substâncias poluentes direta ou indiretamente no solo e
corpos d'água;
§ 1o - (próxima versão do texto complementa esta parte com informações da legislação
ambiental)

VII – deixar de adequar a locação, construção e manutenção de barragens, rodovias, estradas


rurais e vicinais, canais de irrigação e drenagem e diques aos planos de manejo;
§ 1o - (próxima versão do texto complementa esta parte com informações da legislação
ambiental)

VIII – utilizar como canais escoadouro, leitos e faixas de domínio de rodovias, estradas
vicinais e ferrovias;
§ 1o - (próxima versão do texto complementa esta parte com informações da legislação
ambiental)

IX – depositar, enterrar, deixar infiltrar e/ou acumular resíduos poluentes no solo agrícola;
§ 1o - (próxima versão do texto complementa esta parte com informações da legislação
ambiental)
X – o parcelamento, a urbanização, e a instalação de atividades no meio rural, que reflitam
na inviabilidade da produção agrosilvipastoril, pela degradação e contaminação dos recursos
naturais e pela elevação artificial do valor venal das terras;
§ 1o - (próxima versão do texto complementa esta parte com informações da legislação
ambiental)
20
Conservação e Manejo Integrado do Solo Agrícola
Versão preliminar para discussão

XI – infringir normas estabelecidas na regulamentação desta lei e nos regulamentos


administrativos, compreendendo instruções e procedimentos fixados pelos órgãos ou
entidades competentes;
§ 1o - (próxima versão do texto complementa esta parte com informações da legislação
ambiental)

XII – obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades competentes no exercício de


suas funções.
§ 1o - (próxima versão do texto complementa esta parte com informações da legislação
ambiental)

Art. 18 - As infrações a esta Lei serão passíveis das seguintes penalidades, em ordem
gradativa e crescente, conforme a gravidade ou reincidência, de forma isolada ou cumulativa:
I - Advertência por escrito, na qual serão estabelecidos prazos para correção das
irregularidades;
II - Multa, simples ou diária, proporcional à gravidade da infração;
III - Suspensão do acesso aos benefícios e incentivos de programas governamentais;
IV - Interdição de parte ou de todo o imóvel;
V Apreensão de produtos, subprodutos, máquinas e equipamentos;
§ 1º A multa pecuniária será equivalente a até 100% do valor venal da propriedade
agropecuária fiscalizada.
Art. 19 - As penalidades de que trata o Art. 17 incidirão sobre os infratores, sejam eles:
proprietários de estabelecimentos rurais; arrendatários, parceiros, ocupantes; responsáveis
técnicos; autoridades que se omitirem ou facilitarem, por consentimento, a prática do ato; e
beneficiários do ato ilícito (art. 2, inc. XVI).

CAPÍTULO VII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 20 - Os projetos de financiamento agrícola, pecuário e silvicultural observarão os
dispositivos desta Lei.
Art. 21 - O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento poderá delegar
competências a órgãos públicos federais, estaduais e municipais, visando atender as
disposições dessa Lei, mediante convênios, contratos e outros instrumentos legais
pertinentes.
21
Conservação e Manejo Integrado do Solo Agrícola
Versão preliminar para discussão

Art. 22 - O Poder Executivo Federal regulamentará esta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta)
dias, a contar da data de sua publicação.
Art. 23 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 24 – Revogam-se as disposições em contrário.

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