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“[...] Seguindo uma subdivisão já consagrada, as novas teorias de firma que focalizam o
processo de decisão e os correspondentes objetivos da empresa são clássificados em
‘gerenciais’ e ‘comportamentais’, conforme dêem mais destaque ao papel da
administração da empresa na definição dos seus objetivos, ou ao processo de decisões
como tal, envolvendo permanente modificação e adptação dos objetivos. [...]” (p.43).
“[...]Deixando de lado por ora as deficiências comuns aos modelos ‘gerenciais’ e afins, o
de Baumol padece de alguns defeitos sérios. O principal, em opinião compartilhada pela
maioria dos intérpretes, está na formulação estritamente estática em que ele é apresentado.
[...]” (p.47).
A contribuição mais original e que parece ter exercido maior influência, dentre o grupo
de modelos ‘gerenciais’ para a teoria da firma foi a de Marris. Além de muito mais
abrangente que as anteriores, teve a virtude de formular as variáveis de comportamento
da firma diretamente em termos dinâmicos, e uma preocupação explicita com a
elaboração formal e rigorosa do modelo de modo a propiciar conclusões mais claras e
sem ambiguidades[...]” (p.51).
“[...] A premissa mais elementar consiste, como não poderia deixar de ser numa teoria
‘gerencial’, na relativa independência da administração frente aos acionistas, [...]” (p.51).
“[...] Pode-se assim estilizar três decisões relevantes da empresa frente as vendas: a
definição da própria ‘curva’ de fronteira lucros x tamanho, aplicável a cada momento de
tomada de decisões; o ponto da mesma curva onde operar, equivalente a estabelecer o
tamanho desejado; e o ritmo de crescimento das vendas com a taxa de lucro associada[...]”
(p.52).
“[...] A interação da firma com seu mercado, notadamente no caso mais geral de
oligopólio, é a ausência mais marcante e exemplo claro de um ambiente (ou
superambiente) em última analise endógeno[...]” (p.54)
“[...] As condições que limitam o crescimento pelo lado da oferta são no essencial de dois
tipos: as que afetam os custos e/ou a eficiência administrativa e as restrições financeiras
da empresa. As primeiras se resumem novamente no ‘efeito Penrose’, uma vez que o
autor não põe em dúvida a predominância de economias[...]” (p.55).
“[...] Os custos unitários crescentes e a consequente redução da taxa de lucro surgem,
portanto em face da perda de eficiência administrativa associada a taxas mais elevadas de
expansão da firma a partir de certo nível[...]” (p.55).
“[...] Logo, para cada nível da taxa de lucro existirá uma taxa de crescimento máximo,
correspondente à taxa de retenção que assegure o fluxo de dividendos compatível com o
limite inferior de segurança na avaliação das ações pelo mercado[...]” (p.57).
“[...]Entre as deficiências que se poderia apontar no modelo de Marris, duas parecem mais
graves porque comprometem a sua concepção mais geral. A primeira refere-se à
insuficiência no tratamento da relação entre firma e o mercado, já abordadas
anteriormente, que assume especial relevância em função do peso da ‘criação da
demanda’ no crescimento da firma segundo Marris. A segunda diz respeito à própria
opção metodológica central do modelo, que mantém o critério de maximização (do
crescimento ou da utilidade gerencial) como representativo do comportamento real da
empresa, e postula a taxa de crescimento constante os sustentada como variável-chave
[...]” (p.60).
“[...] O nível de aspiração da empresa será então determinado por uma combinação de
metas relativas a crescimento, lucros, fatia de mercado, ordenados etc., que refletem a
composição de forças dos grupos que compõem a organização e constantemente se
adaptam a sua mudança[...]” (p.65).
“[...] Uma solução de compromisso para objetivos conflitantes como esse requer um
padrão de tomada de decisões não otimizante, mas que se contente com ‘níveis de
aspiração satisfatórios’. O alcance desse resultado é facilitado pelo processo sequencial,
não simultâneo, em que a maioria das decisões são tomadas [...]” (p.66).
“[...] O ponto de partida não é simplesmente o divórcio entre propriedade e gerência, mas
as necessidades crescentes de especialização – notadamente tecnológicas – que a grande
corporação cria, tornando o processo de decisão mais complexo e sua orientação mais
autônoma em relação aos interesses imediatos dos acionistas [...]” (p.69).
“[...]O grau e a direção que poderá assumir a expansão da empresa são determinados por
condições externas, englobando os mercados com que se relaciona e as expectativas a
eles associados, e internas, incluindo a capacidade empresarial e os níveis de risco e
incerteza atribuídos as expectativas de crescimento [...]” (p.73).
“[...] Ela abstrai os elementos decisivos da dinâmica dos custos, a saber, o progresso
técnico, que deslocaria para baixo todos os custos nas diferentes escalas, e a introdução
de novos procedimentos que permitem maior eficiência na gestão da empresa, afastando
progressivamente o suposto ‘tamanho otimo’ a partir do qual os custos de administração
tenderiam a ser crescentes [...]” (p.74).
“[...] Os demais fatores ‘internos’ à firma que colocam obstáculos ao crescimento estão
relacionados ao risco e a incerteza. Como é de amplo conhecimento, o primeiro abrange
tanto a probabilidade de sofrer perdas como o montante provável destas, enquanto a
incerteza refere-se em primeiro lugar (quando pode ser estimada) a margem de segurança
atribuídas às expectativas [...]” (p.75).
“[...] Diversos outros autores produziram contribuições especificas para uma teoria do
crescimento da firma onde o lado financeiro ocupasse lugar destacado entre os
determinantes e o próprio objeto de investimento da firma[...]” (p.82).
“[...] Uma das que mais se destacam, pela influência que exerceu, é a de Kalecki, em que
o já várias vezes referido ‘princípio de risco crescente’ cumpre papel marcante[...]” (p.).
“[...] Por outro lado, como já notara Kalecki, o preço mais baixo (implicado menor taxa
de avaliação) é desvantajoso para os acionistas antigos de vez que exigirá maior números
de ações para financiar uma dada ampliação de capital (investimento) [...]” (p.88).
“[...] as ‘teorias da firma’ se estabelecem, como foi visto em meio à crítica de vários
supostos da ortodoxa dos preços em equilíbrio parcial, e assimilaram uma série de
elementos dispersos, originários de observação empírica, objetivando fortalecer sua
opinião crítica [...]” (p.89).
“[...] Não creio que a falta de realismo da teoria ortodoxa seja resolvida quer pelo apelo
ao empiricismo, quer ‘recortando’ indefinidamente os objetos de analise para ‘enxerga-
los mais de perto’ quer recolhendo ecleticamente sugestões tópicas de outras áreas de
conhecimento [...]” (p.90).