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1. Otto Pöggeler, Zur Deutung der Phänomenologie des Geistes. 1961, PP. 255-
294. Estudo que pode servir para uma primeira orientação bibliográfica e para o
conhecimento das principais interpretações.
2. Reinhardt Klemens Maurer, Hegel und das Ende der Geschichte.
Interpretationen zur Phänomenologie des Geistes. Sttutgart, 1965. Apesar de
que todo o livro não está dedicado às interpretações da Fenomenologia como
parece indicar o subtítulo, citam e comentam artigos e livros importantes.
3. Giuseppe Bedeschi. Appunti per una Storia delle Interpretazioni della
Fenomenologie dello Spirito di Hegel. Giornalle critico della filosofia
italiana. Firenze, 1967, P. 561-617. Estudo extenso, embora o autor confesse ter
se limitado as interpretações principais.
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Este comentário crítico foi extraído do apêndice de uma obra que se apresenta como inesquivável para
todos aqueles que se dedicam a pesquisa de Hegel, tal consideração é feita por vários comentadores da
Fenomenologia do Espírito, tal obra intitula-se: Del Yo Al Nosostros Lectura De La Fenomenología Del
Espíritu de Hegel de Ramón Valls Plana, que prima por sua clareza ao elucidar passagens extremamente
difíceis. Sua importância se situa na esteira dos grandes comentadores da Fenomenologia do Espírito tal
como a do majestoso comentário de Jean Hyppolite da Fenomenologia. É evidente que após lançamento
dessa obra e sua ultima edição(1994), tivemos várias outras linhas de interpretações, mas consideramos
salutar a divulgação dessa crítica para ajudar aqueles que estão se iniciando na pesquisa de Hegel a se
situarem na discussão dos problemas que giram entorno da Fenomenologia, assim como na divulgação da
referida obra. Trad. Paulo Fernando Souza da Silva Junior. Mestrando em Filosofia(UFPE).29/03/2019.
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1. Ano 1805. Ein Blatt zur Phänomenologie des Geistes. Trata-se de um curto
fragmento incompleto que foi escrito durante a redação da Fenomenologia e que
encontra-se impresso em Dokumenten zu Hegels Entwicklung, Sttugart.
1936. P.353. Interessante pelas palavras com que começa. “O saber absoluto
aparece primeiramente como razão legisladora”. No entanto, Talvez seja
exagerado, concluir daí, como fez Hoffmeister em sua introdução à edição da
Fenomenologia do Espírito de 1937, “Que Hegel queria passar primeiramente da
Razão ao saber Absoluto de maneira imediata (i.e., sem tratar dos modos de sua
realização)...” A nosso entender a única coisa que se pode deduzir, é o que já
temos escrito na conclusão de nossa tese: que com a Razão acaba sempre a
Fenomenologia, os desenvolvimentos ulteriores são interiores à Razão e são
suscetíveis de abreviação.
2. Ano 1805-1806. Die Wissenchaft. Fragmentos de dez folhas que parece ser uma
preparação imediata para a redação do final da Fenomenologia. Encontra-se
publicado no primeiro volume da Realphilosophie, editado por Hoffmeister,
Leipzig, 1932, PP. 259-264. Nos diz que, por uma parte, já se dar o saber
absoluto na razão observadora quando esta chega a conclusão de que o Espírito é
uma coisa(Juízo Frenológico) , mas por outro lado, a razão observadora não
reconhece todo o alcance de sua afirmação. É necessário descobrir, no entanto,
que a coisa, sendo o outro do Espírito é ao mesmo tempo seu próprio para- si.
Por isso, podem dar-se e dão-se, figuras do Espírito. Cremos que o fragmento
confirma o que temos escrito a propósito do número anterior que desqualifica a
tese de Haering sobre a pretensa falta de unidade da fenomenologia.
3. Ano 1806. Fragmentos das lições orais de Hegel em Jena, divulgado por
Rosenkranz, Hegel Leben, Berlim 1844. Neles se explicam como o Ser que
começa na lógica, já está identificado com a consciência-de-si graças à educação
fenomenológica. Por outra parte Hegel considera que sua filosofia é a
interpretação do novo tempo histórico que irrompe naquele momento.
4. Ano 1806. Carta de Hegel a seu amigo Niethammer(6 de agosto), publicada em
Briefe Von und na Hegel, Band I, Hamburg Meiner, 1952, carta n 67. Disse
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Hyppolite, não teve em conta este texto nem o que resenhamos com o número
12, quando escreve que dentro do sistema, a Fenomenologia já não é uma
introdução (Gènese et structure, PP.62-63).
Na mesma enciclopédia C. (A filosofia do Espírito) são de interesse os
parágrafos 300-302, onde contém a definição de Espírito, muito próximo ao da
Fenomenologia ( O espírito é “Absoluta tendência de toda educação e de toda
filosofia”). Mas ao mesmo tempo se pode advertir uma acentuação da dimensão
da liberdade.
Dentro do mesmo parágrafo da Enciclopédia encontramos uma versão abreviada
da Fenomenologia semelhante a que se acha na propedêutica.
Por último, no parágrafo 332, se caracteriza a Filosofia Kantiana e Fichtiana
como uma filosofia que não superou o ponto de vista da consciência, já que o
Espírito nela, permanece com a cisão sujeito e objeto.
12. Ano 1827. Sttelungen des Gedankens Zur Objektivitaet. Texto composto por
Hegel para segunda edição da enciclopédia como introdução à Lógica. Foi
publicado em 1840 e significa uma ampliação da breve Vorbegriff que temos
citado no número anterior. Embora o texto aborde uma nova maneira de
introduzir o Sistema, baseado na análise do realismo, do Criticismo e idealismo,
isto não significa que a Fenomenologia perca sua importância como introdução.
E mais, no parágrafo 25, Hegel diz que a introdução que apresentara é menos
adequada do que a Fenomenologia.
Deriva, pois, que para Hegel, há vários começos possíveis. Desde o momento,
que ele mesmo concedeu que o começo Fenomenológico não é absoluto,2 cabe,
por este motivo, outros começos. Mas Hegel manteve sua convicção de que
entre os vários começos possíveis, o Fenomenológico é o melhor, e nunca
deixou de crer que aquele tem sua natureza rigorosamente cientifica. A única
posição que ele retificou, foi a do lugar da Fenomenologia como “Primeira parte
do Sistema” e a retirou para fora do mesmo como centro de todo edifício, Por
outro lado, que a tenha incluindo como parte uma parte da filosofia do espírito
não deve nos enganar. Esta segunda Fenomenologia tem uma característica
formal totalmente distinta, já que não apresenta o devir da consciência, desde ela
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Aqui cabe uma alerta, quando o autor do texto assim se expressa, não está querendo dizer que o começo
da Fenomenologia não é expressão indutiva do Absoluto(com Maiúsculo), mas apenas que absoluto(com
Minúsculo), quer dizer que não é o único começo.
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mas é evidente que nas obras de Marx frequentemente ressoam muitos ecos
que nos remetem mais ou menos implicitamente, por exemplo, a dialética
do Senhor e do Escravo. Um comentário aos escritos de juventude de Marx
não deveria omitir ou comprovar estas alusões e marcar o grau de
dependência.
4. Haym. A posição deste autor frente à Fenomenologia pode se resumir assim:
A Fenomenologia não vale como introdução ao sistema; se tem algum valor,
o tem como antecipação do sistema completo. Esta tese se baseia num estudo
global da Fenomenologia incluído no livro Hegel und Seine Zeit(Berlim
1857). Se trata de dezoitos lições, das quais a décima primeira é dedicada
integralmente a Fenomenologia, a Análise de Haym se desenvolve em três
passos: 1) Confusão entre psicologia transcendental e História. 2) A
Fenomenologia não é uma verdadeira demonstração porque o saber absoluto
está pressuposto desde sempre. 3) A Fenomenologia não é introdução ao
sistema ou parte dele, se não que é todo o sistema.
O primeiro passo se sintetiza na frase sempre citada: “Um alles zu sagen: die
phaenomenologie ist eine durch die geschichte in verwirrung ud unordnung
gebrachte psychologie und eine durch die psychologie in zerruentug
gebrachte geschichte”.3 Dessa forma Haym vê a realização que Hegel
consegue de sua ideia que as etapas da consciência correspondem com a
história da formação da humanidade e considera que a causa da obscuridade
do texto reside precisamente em que ele força as descrições psicológicas
para fazê-las corresponder com certas figuras históricas, enquanto, por outro
lado, elege arbitrariamente certos momentos históricos para convertê-los em
símbolos das etapas da consciência.
Rosenkranz, em seu livro já citado de 1870, se opôs a Haym e afirmou
profundamente que a seleção dos momentos históricos na Fenomenologia
não é arbitrária, se não que Hegel fixa aquelas manifestações históricas que
podem valer como tipo de uma situação.
O segundo ponto da crítica de Haym é a nosso ver mais substancial.
Segundo ele, a Fenomenologia repete e completa o ponto de vista dos
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Para não fazermos uma tradução de tradução preferirmos deixar ao leitor o encargo da tradução direta
do alemão, mas para não sermos tão maldosos, aqui deixaremos a tradução direta feita do alemão para o
espanhol: “ Para dercilo todo: a Fenomenología es una psicología, llevada a la confusión y al desorden
por la historia, y una Historia, llevada al desorden por la psicología.”
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alienação com objetivação, Bloch pensa pelo contrário que se deve somente
eliminar a alienação a estranheza, mas não a objetividade. Ao fim crítica,
sobretudo a espiritualidade com que a acaba a Fenomenologia, embora
Hegel segundo Bloch, tenha visto bem o papel da Práxis, não tem extraído
todas as consequências desse conceito, e tem permanecido numa visão
contemplativa das coisas, mas inclusive este final infeliz tem um aspecto
positivo: que Hegel anuncia o que deve ser, a utopia que não pode
permanecer na utopia a realidade do fim humanizado de todas as coisas que
não pode ficar num progresso indefinido. A este repeito nota como a figura
do perdão mutuo perde concretude comparada com as anteriores porque aqui
faltava a Hegel o material histórico. Hegel quis crer que seu tempo era o
último, mas não era.
O mais interessante ao nosso parecer é que Bloch proclama a prioridade do
sujeito, do impulso que deve alcançar seu fim, mas quer evitar uma
subjetividade autônoma que cairia num anarquismo, este extremo seria tão
detestável para Bloch como o extremo oposto, a saber, por uma
subjetividade arrastada por forças estranhas em que chegaria a cair num
marxismo mau entendido (marxismo Craso) ou na providencia de uma fé
religiosa.
Como Bloch explicar mais detalhadamente em outras obras se trata de que
homem construa o absoluto que nele fermenta, a adequação sujeito e objeto.
Enquanto existir alienação, este fim será utópico, mas mediante o trabalho se
pode conseguir, não é fatal nem impossível que isso ocorra, este fim já se
anunciou – escreve Bloch – como imagens cristológicas como nosso “rosto
descoberto” e como natureza glorificada.
Em resumo, Bloch é um marxista que teme cair num materialismo craso e
entende que para isso é necessário manter o nexo Hegel-Marx. uma teoria do
conhecimento que considerasse algo meramente receptivo absorveria o
homem na natureza, por isso há que reter a primazia do sujeito, embora
ligado à natureza, primazia que é e que pode ser real ao final da história, mas
que é somente inquietude e a tarefa do momento. O ateísmo de Bloch crer no
Deus que existirá, todavia não existe, porque se já existisse não ficaria nada
por realizar, todo drama da história seria um jogo sem importância. Neste
sentido Bloch sabe que ele não é um Hegeliano sem mais, sabe que corrige
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defesa das possibilidades da filologia, que não possa, talvez, resolver todos
os problemas, mas pode proporcionar elementos inestimáveis para propor
corretamente o problema da interpretação da Fenomenologia. Não nega
Poeggeler que deva existir uma certa correspondência entre os momentos
lógicos e as figuras da consciência, porém rejeita o paralelismo estabelecido
por Fulda com dois argumentos: 1) Na Fenomenologia se passa desde o
mundo suprassensível a autoconsciência através do conceito de vida. Esta
passagem se suprime na lógica de Nuremberg. 2) Poeggeler nega que se
possa encontrar uma correspondência tal entre momentos lógicos e figuras e
que para os três primeiros capítulos da Fenomenologia se utilizem as
categorias da lógica objetiva, e somente a partir do cap. IV(consciência de si)
entra em jogo a relação. Poeggeler pelo contrário crer que o relativo está
Fenomenologia desde o primeiro momento.
Poeggeler propõe que se se quer encontrar correspondência entre lógica e
Fenomenologia é desnecessário ir à lógica de Nuremberg, mas que se deve ir
ao manuscrito sobre Lógica, Metafísica e filosofia da Natureza de 1804.
Porém, Poggeler simpatiza muito pouco com os intentos de Fulda, porque
encontra na Fenomenologia uma intenção de compreender a História como
história do absoluto, que deve ser sistematizada desde seu mesmo
desenvolvimento teleológico e não desde uma lógica conceitual estabelecida
de antemão.
No mesmo caderno dos Hegel-Studen se insere a resposta de Fulda(Zur
Logik der Phaenomenologie Von 1807. P. 75-101). Como já temos dito,
Fulda concede que seu livro esteve excessivamente orientado pela lógica de
Nuremberg. Mas, tampouco que recorrer as versões da lógica anteriores a
Fenomenologia. Em vez disso ele acredita que a Fenomenologia corresponde
a uma fase intermediaria na sistematização da lógica. esta fase não contaria
com um documento escrito onde tivesse sido formulado expressamente,
contudo, seria possível detectar na própria Fenomenologia. O que Fulda quer
acima de tudo reivindicar é a intima dependência entre a dialética da
consciência e a dialética do conceito. esta ultima é para Hegel sempre a mais
radical. Quanto aos argumentos de Poeggeler, Fulda replica que a passagem
para autoconsciência através da vida se retém, de alguma maneira, nas
versões posteriores da lógica e que a argumentação de Poeggeler sobre a
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