O PROCESSO EDUCATIVO 1

O PROCESSO EDUCATIVO
Capacitação de Professores
IGREJA DE CRIANÇAS
Verbo da Vida - Ipatinga

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O PROCESSO EDUCATIVO

Esdras chegou a Jerusalém no quinto mês, no sétimo ano deste rei, pois, no primeiro dia do primeiro mês,
partiu da Babilônia e, no primeiro dia do quinto mês, chegou a Jerusalém, segundo a boa mão do seu Deus
sobre ele, porque Esdras tinha disposto o coração para buscar a Lei do SENHOR, e para a cumprir, e para
ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos. Esdras 7.8-10

O conceito de EDUCAÇÃO talvez seja o mais importante, porém o menos valorizado por diversas
plataformas da sociedade e da igreja, tendo sido ignorado por muitos e aproveitado por uma minoria.

A compreensão da responsabilidade sobre o mesmo é outro grande ponto de divergência: Família, Escola,
Comunidade e Sociedade se vêm em meio deste “jogo de empurra-empurra”. Mas porquê?

Com certeza o processo educativo demanda de um esforço concentrado e dirigido, grandes investimentos
de recursos próprios além de estar diretamente ligado ao futuro daqueles que são expostos ao mesmo.

Fato é que poucos realmente compreendem o fluxo deste processo por desconhecer ou ignorar alguma
parte ou todo ele.

Nosso objetivo é elucidar alguns dos pontos mais importantes e práticos que constituem este processo,
dividindo-o em 3 partes distintas para mais simples entendimento:

CONHECIMENTO – ENSINO – APRENDIZAGEM

Vejamos então alguns conceitos gerais que nos ajudaram na compreensão global deste processo, nos
dando uma boa base do nosso papel como educadores.

1. O CONHECIMENTO

O conhecimento (do latim cognoscere - ato ou efeito de conhecer) é o conjunto de informações que
o indivíduo adquire por meio da sua experiência, aprendizagem, crenças, valores e insights sobre algo no
decorrer da sua trajetória. A pessoa que detêm o conhecimento é capaz de saber alguma informação ou instrução
e a mesma pode mudar comportamentos e auxiliar na tomada de decisão.

O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Oséias 4.6

Tipos de Conhecimento:

Por natureza:

Concreto - forma-se a partir da percepção, isto é, da representação de objetos reais. É imediato, sensível e
intuitivo, dá se no aqui e no agora, é momentâneo.

Abstrato - estabelece relações que criam os conceitos e as noções abstratas gerais. É imediato, racional e precisa
da mediação da linguagem, além de situar-se no tempo.

Por aquisição:

Científico - Diz respeito a informações e dados que possuem comprovação com base em métodos científicos.
Para que esse conhecimento se torne possível, é necessário que sejam realizados teste e pesquisas capazes de
comprovar determinada teoria.

Empírico - Nada mais é do que o senso comum, o popular, aquilo que é estipulado a partir da vivência, observação
e experiência do ser humano com o ambiente, com as outras pessoas e o mundo como um todo.

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Filosófico - no conhecimento filosófico, é levada em consideração a relação indivíduo/rotina, norteada pelas suas
reflexões subjetivas, portando, não se leva em consideração coisas materiais. Através desse tipo de
conhecimento são construídas questões acerca do mundo e do ser humano.

Composição do Conhecimento:

Dados - refere-se a um conjunto de códigos. Quando estes são interpretados, eles passam a ter um significado e
se tornam um registro de um evento, podendo ser repassado de um sistema para outro ou ainda de uma pessoa
para outra. Quando isso acontece, ou seja, quando o dado é repassado, o indivíduo obtém uma informação.
Nesse sentido, é possível afirmar que o dado é a base da informação.

Informação - como dito anteriormente, a informação é a interpretação de um conjunto de dados dentro de um

contexto, o que a torna um elemento com significado não apenas para uma pessoa específica, mas sim, para
grupos diversos, podendo ser acumulada, processada e repassada. Quando a informação é decodificada, ela se
torna a base para a construção do conhecimento.

Conhecimento - conhecimento nada mais é do que a informação tratada e absorvida por uma pessoa. Quando
isso ocorre, a informação interage com processos mentais, insights, crenças, valores e experiências do sujeito, o
que ocasiona em tomada de decisão e mudança de comportamento.

E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. João 8.32

Então, ele disse: O Deus de nossos pais, de antemão, te escolheu para conheceres a sua vontade, veres o
Justo e ouvires uma voz da sua própria boca. Atos 22.14

Um grande equívoco no processo educativo é o desprezo e/ou ignorância de uma dessas bases. A
consequência é a transmissão ineficaz de um pensamento superficial e sem solidez. Em contraparte, quando
dominamos estes pontos distintamente e sequencialmente ligados, estamos consolidados para transmitir esse
conteúdo, ou seja, ensinar.

E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e vieram as aves e a comeram. Outra caiu em solo
rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto não ser profunda a terra. Saindo, porém, o sol, a
queimou; e, porque não tinha raiz, secou-se. Marcos 4.4-6

Não apenas o tipo de semente, mas como a temos plantado tem que ser nossa preocupação.

2. O ENSINO

Diariamente, Jesus ensinava. Lucas 19.47

O ensino é uma forma sistemática de transmissão de conhecimentos utilizada para instruir e educar,
geralmente relacionados com as escolas. O ensino pode ser praticado de diferentes formas. As principais são: o
ensino formal, o ensino informal e o ensino não formal.

Formal – Ensino praticado por instituições dirigidas;

Informal – Consequência da socialização do indivíduo;

Não-formal – Intencional e específico a devidos grupos.

Resumidamente, ensinar é transmitir conhecido adquirido.

Modelos de ensino:

Behaviorista: Exercícios de repetição, individualizado, imitativo e memorativo.

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Cognitivismo: Ensino pela descoberta; apresentação dos objetivos; Debates; Discussões; Estudo de
casos

Humanista: Ensino individualizado; Discussões; Debates; Simulações; Jogos de Papéis; Resolução de

Problemas.

Cristo, na maior parte do seu ministério, ensinou de forma cognitiva, onde ensinava aos seus “alunos”
através de exemplificação, levando-os a uma compreensão superior.

Quando Jesus ficou só, os que estavam junto dele com os doze o interrogaram a respeito das parábolas.
Ele lhes respondeu: A vós outros vos é dado conhecer o mistério do reino de Deus; mas, aos de fora,
tudo se ensina por meio de parábolas, para que, vendo, vejam e não percebam; e, ouvindo, ouçam e
não entendam; para que não venham a converter-se, e haja perdão para eles. Então, lhes perguntou:
Não entendeis esta parábola e como compreendereis todas as parábolas? Marcos 4.10-13

Principais bases do Ensino:

Essencialismo – o conhecimento tem sua base sólida da essência dos fatores e idéias. A fonte do
conhecimento manifesta a objetividade daquilo que se quer transmitir. Foi erradicada pelos iluministas na
Idade Moderna e os construtivistas russos na pós-modernidade. Esta porém é a base da Hermenêutica e
catequese bíblica.

Interacionismo - considera que os elementos biológicos e sociais não podem ser dissociados e exercem
influência mútua;

Construtivismo - Caracteriza-se pela rejeição ao objetivismo, pois defende que o objeto não determina
completamente em um sujeito supostamente passivo as representações que este tem dele. Tudo está
relativizado.

Abrindo um parêntese aqui: a pedagogia moderna bem como a Lei de Diretrizes e Bases Nacional,
têm como metodologia de ensino e norteamento de toda a didática atual o método construtivista.
Nesse contexto o indivíduo é posto em um processo de autodesenvolvimento crítico desde seu
nascimento e permeia a ideia de que o mesmo é fruto do meio em que vive e que deve ser inspirado
e guiado a uma busca pessoal da verdade.

Tais ideias foram difundidas inicialmente por pensadores russos, discipulados pelos pensamentos de
Karl Marx, de forma a questionar qualquer verdade absoluta até então difundida pela mais
proeminente autoridade no quesito educação: a igreja.

Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis como também andam os gentios, na
vaidade dos seus próprios pensamentos, obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus
por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração, os quais, tendo-se tornado
insensíveis, se entregaram à dissolução para, com avidez, cometerem toda sorte de impureza.
Efésios 4.17-19

Precisamos atentar para o que estamos nos sujeitando e as práticas aparentemente inofensivas, para
que não venhamos a copia-las dentro de nosso contexto Igreja.

O ensino, no entanto, é apenas mais uma etapa no processo educacional. A finalização do mesmo se dá
na Aprendizagem, que é o produto esperado pelos educadores.

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3. A APRENDIZAGEM

Aprendizagem é o processo pelo qual as competências, habilidades, conhecimentos, comportamento

ou valores são adquiridos ou modificados, como resultado de estudo, experiência, formação, raciocínio e
observação. Aprendizagem é uma das funções mentais mais importantes em humanos.

Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração: tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás
assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Dt 6:6-7

Inculcar: Imprimir uma coisa no espírito de alguém: inculcar uma verdade. Impor-se como vantajoso ou
indispensável

Este processo pode ser medido através das curvas de aprendizagem, que mostram a importância da
repetição de certas predisposições fisiológicas, de "tentativa e erro" e de períodos de descanso, após o qual se
pode acelerar o progresso. Esses estudos também mostram o relacionamento da aprendizagem com os reflexos
condicionados onde o cérebro trabalha para guardar essas memórias por um longo prazo e tornando o indivíduo
capaz de acessar tais informações quando necessário.

Em razão disso as melhores características para uma boa aprendizagem seriam:

a) A aprendizagem produz mudanças duradouras

Ensina a criança no Caminho em que deve andar, e mesmo quando for idoso não se desviará. Provérbios
22.6

b) A aprendizagem deve ser transferível para outras situações

E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite. 2 Timóteo 2.2

c) A aprendizagem é consequência direta da prática realizada

Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo
ouvinte negligente, mas operoso praticante. Tiago 1.25

A aprendizagem é influenciada pela inteligência e motivação, onde o estímulo, o impulso, o reforço e a

resposta são os elementos básicos para o processo de fixação das novas informações absorvidas e processadas
pelo indivíduo.

Há aprendizados que podem ser considerados natos, como o ato de aprender a falar, a andar, necessitando
que ele passe pelo processo de maturação física, psicológica e social.

Considera-se que o indivíduo não pode ser considerado um ser passivo. Enfatiza a importância dos processos
mentais no processo de aprendizagem, na forma como se percebe, seleciona, organiza e atribui significados aos
objetos e acontecimentos. É um processo dinâmico, centrado nos processos cognitivos, em que temos:

ENSINO → CODIFICAÇÃO → RECODIFICAÇÃO → PROCESSAMENTO → APRENDIZAGEM

Tais influência são o objetivo da DIDÁTICA.

Didática (vem da expressão grega techné didaktiké) é um ramo da ciência pedagógica que tem como
objetivo ensinar métodos e técnicas que possibilitem a aprendizagem do aluno por parte do professor ou
instrutor.

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Os elementos da ação didática são: o professor, o aluno, a disciplina (matéria ou conteúdo), o contexto
da aprendizagem e as estratégias metodológicas.

A didática incorpora na mente do aluno a forma compreensiva tendo como objetivo o logro da
transposição didática, ou seja, o passo do saber, como encontramos nos livros, ao que se tem a aprender e que
seja compreensível para o aluno.

A didática está diretamente ligada a análise da capacidade de compreensão de determinada informação

ou conteúdo pelo aluno e deve ser progressivamente constante.

Então, conduziu-o até fora e disse: Olha para os céus e conta as estrelas, se é que o podes. E lhe disse:
Será assim a tua posteridade. Gênesis 15.5

DIDÁTICA X LUDICIDADE

Equivocadamente evoca-se o conceito de DIDÁTICA com a ludicidade, ou seja, a capacidade de

apresentar de uma forma exemplificativa e concreta o conhecimento abstrato e cognitivo a ser transmitido. Tal
desacerto pode limitar o desenvolvimento do indivíduo na construção de novos caminhos para a aquisição de
informações. Leva o que podemos chamar de “Síndrome do Peter Pan”.

Também não podemos tombar para o outro extremo, onde não é analisado o contexto e avanço
cognitivo do indivíduo. Não tem como aprender corretamente sobre autoridade e submissão eclesiástica se o
indivíduo não tem clara o caráter de Deus em seu coração.

Precisamos estar atentos para o desenvolvimento do indivíduo, entendo que cada qual possui não
apenas um contexto, como também capacidades diferentes.

CONCLUSÃO

Claro que este compêndio não aborda todos os assuntos concernentes a educação e seus processos,
contudo serve de um ponto de partida, um start para a corrida para nos propostas.

Esmere-se em sua aula (Romanos 12.7). Dedique-se no que está buscando ensinar. Ore ao Senhor para
que seus alunos possam aprender o que lhe está proposto no coração para a vida deles.

Professor e aluno devem se sentir um, assim como o Pai e o Filho são um. (João 17.21)

Nunca subestime seus alunos: o discípulo não está acima do seu mestre, mas todo aquele, porém, que
for bem instruído será como o seu mestre. (Lucas 6.40)

Ouse ir além. Você pode sim.

Lembremos que a Graça do Senhor nos assiste em todo o tempo. Nele vivemos, e nos movemos, e
existimos (Atos 17.28), ela é a capacidade de Deus em nós para trazermos o extraordinário do Reino dos Céus
para nossa geração.

Em breve teremos mais!!!

Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor,
sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor.

1 Coríntios 15:58

Eduardo Ferreira
Igreja de Crianças
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Bibliografia

 GONÇALVES, S. Teorias da aprendizagem: práticas de ensino. ESEC. 2001.

 SPRINTHALL, N e SPRINTHALL, R. Psicologia educacional. Mcgraw hill. 1993
 ANTONELLO, C. S.; GODOY, A. S. Aprendizagem Organizacional no Brasil.. 1. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2011. 604 p.
 VAYER,Pierre.RONCIN,Charles. Psicologia Atual e Desenvolvimento da criança. Instituto Piaget
 VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo, Martins Fontes, 1993
 PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia; tradução Maria Alice Magalhães D’Amorim e Paulo Sérgio
Lima Silva.23ª edição, Rio de Janeiro: Forence Universitária,1998.
 PIAGET, Jean. O Juízo Moral na Criança. São Paulo, Summus, 1994

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