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identidades em construção
1 . Conhecimentos e conteúdos
Debate-se, como nunca antes, as questões que relacionam formação e
conhecimento. Não existem mais os monopólios das áreas de conhecimento. Desfez-se a
nitidez diferenciadora das fronteiras entre elas. Vivemos uma resolução conceitual sobre o
conhecimento, cujas implicações são inimagináveis para o processo formativo.
Assmann (1998:26) afirma a esse respeito:
As conseqüências desta revolução para o agir pedagógico são
simplesmente tremendas. Onde não se propiciam processos vitais
tampouco se favorecem processos de conhecimento. E isto vale
tanto para o plano biofísico quanto para a inter-relação
comunicativa em todos os níveis da sociedade.
2 . Identidade profissional
A identidade profissional do Pedagogo é projetada, ao considerarmos aspetos essenciais
relativos à natureza da Pedagogia, à explicitação de seu objeto de estudo, à identificação
dos múltiplos espaços de trabalho do Pedagogo, apontados na literatura da área e nos
documentos oficiais que versam sobre o tema.
Destacamos, pois, as sinalizações que nos parecem mais significativas no projeto
identidário do Pedagogo:
- as transformações contemporâneas vêm contribuindo para o entendimento da educação
como um fenômeno plurifacetado, objeto primeiro da Pedagogia. Isso nos remete às
dimensões da educação, explicitadas por Libâneo ( 1999:78):
As dimensões da educação correspondem a funções da atividade
humana considerada prioritárias no processo educativo. Os
autores têm destacado especialmente as dimensões intelectual ( ou
cognitiva ), social, afetiva, física, estética, ética. É evidente que tais
dimensões formam uma unidade no comportamento humano , pois
as respostas dos sujeitos são sempre totais, é o ser inteiro que se
educa.
b) hermenêuticos
conhecer, dominar e articular os conteúdos e metodologias específicos das
áreas de conhecimento envolvidos nos diferentes âmbitos de formação e
atuação profissional;
proceder à seleção e organização de conteúdos e à sua transposição didática,
de modo a converter o conhecimento científico em conhecimento curricular,
considerando contextos socioculturais capacidades cognitivas e afetivas dos
alunos;
promover a articulação e integração entre saberes e processos investigativos
dos diversos campos do conhecimento, visando à formação do cidadão;
compreender o processo de evolução e de aprendizagem de crianças, jovens
e adultos, inseridos em seus contextos culturais e sociais, considerando as
dimensões cognitivas, afetivas, éticas e estéticas.
c) Pedagógicos e experenciais
utilizar as teorias pedagógicas e curriculares para reflexão sobre a prática,
elaboração do projeto pedagógico e desenvolvimento de processos de
organização e gestão do trabalho educativo;
participar da formulação, discussão e avaliação de projetos educativos;
planejar, organizar, realizar, gerir e avaliar o trabalho pedagógico escolar e
não-escolar, a partir do entendimento da dinâmica institucional e seus
processos organizativos;
planejar, organizar, realizar, gerir e avaliar situações de ensino e
aprendizagem, de modo a adequar objetivos, conteúdos e metodologias
específicas das diferentes áreas à diversidade dos educandos e à promoção
da qualidade da educação;
incorporar ao trabalho formativo as tecnologias da informação e da
comunicação;
realizar pesquisas e analisar situações educativas e docentes, de modo a
produzir conhecimentos teórico-práticos;
coordenar, elaborar e avaliar o currículo e suas práticas inovadoras.
Quanto à auto-organização e à autoformação, o Pedagogo docente e discente
constrói e evidencia, como decorrência de seu processo identidário, competências e
habilidades para:
ampliar seu horizonte cultural, revelando disponibilidades para a atualização,
flexibilidade para a mudança, gosto pela leitura e pela produção científica;
agir consciente e responsavelmente, tomando decisões pessoais coerentes com
seu projeto de vida;
avaliar criticamente acontecimentos/ decisões e deles participar de forma
compromissada;
assumir uma visão pluralista da sociedade e da ciência, sem preconceitos e
discriminações;
construir sólida formação básica, entendida como o domínio de conceitos
fundamentais e de informações precisas que sirvam de aporte à prática
profissional;
mediar o processo de construções/ produção do conhecimento de seus pares;
assumir responsabilidades sociopolíticas na construção do mundo democrático;
utilizar/ produzir tecnologias como metodologias/ instrumentos de trabalho;
atuar multi/interdisciplinarmente no sentido de desvelar/ revelar a
pluridimensionalidade do conhecimento;
utilizar metodologias desencadeadoras de postura crítica de atores- pedagogos
frente ao cenário científico, político-educacional brasileiro/mundial;
aprender a conhecer, a fazer, a conviver, a ser.
4 – Os propósitos da formação
Concepções diferentes sobre formação confrontam-se no âmbito
educacional, originados em diferentes pressupostos filosóficos e epistemo-metodológicos
priorizados por quem os assume. De forma geral, essas concepções podem ser reunidas em
duas grandes tendências. A primeira, identificada como estruturante: formação tradicional,
comportamentalista, tecnicista, define previamente programas/procedimentos/recursos a
partir de uma lógica de racionalidade científica e técnica, aplicados aos diversos grupos
(Nóvoa, 1992:21). A segunda, interativo- construtivista: dialética, reflexiva, crítica,
investigativa, organiza-se a partir dos contextos educativos e das necessidades dos sujeitos
a quem se destina. Nesta última posição situamos os propósitos formativos do Pedagogo,
mesmo compreendendo que essas concepções não se excluem totalmente no processo de
formação dos profissionais da educação.
Entre os significados do vocábulo formação, registrado no Dicionário Caldas Aulete
(1985), destacam-se ação e efeito de formar: constituição, caráter, ato de tomar forma,
desenvolver-se – idéias que mantêm relação com um estado de incompletude.
Nessa perspectiva, associa-se o conceito de formação do Pedagogo a idéias de
inconclusão do ser humano, identifica-se a formação com percurso, processo – trajetória de
vida pessoal e profissional, que implica opções, remete à necessidade de construção de
patamares cada vez mais avançados de saber ser, saber fazer, fazendo-se. Portanto, torna-se
possível, a partir dessa lógica, relacionar a formação do Pedagogo com o desenvolvimento
pessoal – produzir a vida – e com o desenvolvimento profissional – produzir a profissão
(Nóvoa, 1995:15). Entendemos, em decorrência, que a formação acontece de maneira
indissociável da experiência de vida. Do mesmo modo, consideramos que a formação do
Pedagogo é processo que não se finaliza com a formação inicial; ao contrário, impõe-se,
como indispensável, a formação continuada em que as práticas profissionais se tornem o
terreno da formação ( Marques, 1992:194).
Nesse sentido, o Curso de Pedagogia tem como propósitos:
a formação de Pedagogos para a docência e a gestão educacional;
a formulação, o desenvolvimento e a avaliação de projeto pedagógico próprio
que:
garanta a participação de todos os atores educativos, viabilizando o
trabalho coletivo e cooperativo;
promova a atitude de responsabilidade compartilhada quanto à proposta
formativa do Pedagogo;
a auto- organização de docentes e acadêmicos no sentido da construção da
identidade pessoal/ profissional;
a prática pedagógica/ docente compreendida em sua dimensão coletiva e
pessoal, implicando, simultaneamente, em autonomia e responsabilidade;
desenvolvimento de competências profissionais exigentes, de metodologias
pautadas na articulação teoria- prática, na resolução de situações- problema e na
reflexão sobre os processos de formação e de atuação profissional;
fortalecimento da investigação científica, possibilitando:
o desvelamento de realidades;
o desenvolvimento da ciência e da tecnologia;
a criação e a difusão da cultura;
a produção e a socialização do conhecimento;
a vivência crítica da realidade socioeducacional bem como a experimentação de
propostas inovadoras de formação/ prática educativa;
a formação continuada de docentes e discentes como necessidade intrínseca à
sua função/ação pela evolução constante da ciência, da cultura, da arte, da
tecnologia;
o estreitamento de relações entre formadores/formandos do Curso e
escolas/espaços educativos.
PEDAGOGIA E PEDAGOGOS
na rede curricular, a teia da formação
1 – A rede curricular
Proposta/organização curriculares caracterizam-se com uma REDE (anexo l), cuja
tessitura considera os sistemas vivos que possibilitam/efetivam a formação do Pedagogo.
Conseqüentemente, cada espaço-tempo curricular constitui-se como
perplexidade/desafio/oportunidade para reflexões/decisões acerca da Pedagogia e do
Pedagogo, de forma a transcender ao posto/imposto, ampliando/fortalecendo a rede pela
ação coletiva/solidária/emancipatória dos sujeitos constitutivos/construtivos do projeto
político- pedagógico.
Para tanto, organiza-se a rede curricular a partir de núcleos temáticos que procuram
contemplar as opções teórico-conceituais indicadas no projeto político-pedagógico e estão
distribuídos ao longo da rede curricular:
privilegiando pontos/focos centrais da formação do Pedagogo,
extraídos/decorrentes do universo de conhecimentos valorizados/assumidos pelo
Curso, reunidos por afinidades/inter- relações mais próximas aos propósitos da
formação em cada semestre e desvelados/explicitados no conjunto das
disciplinas acadêmicas;
definindo-se a partir de idéias- força, transcendendo as disciplinas, tendo, no
entanto, no conhecimento específico dessas, suas abordagens fundantes;
demarcando interesses/necessidades de grupos/turma que se
especificam/explicitam nos conhecimentos/conceitos impulsionadores do
próprio núcleo temático.
A definição/localização dos núcleos temáticos atendem as perspectivas de
especificidade e totalidade da proposta formativa. Na perspectiva de especificidade, cada
semestre assume reflexão/ação/intervenção prevalentes em relação a um núcleo temático;
na perspectiva de totalidade, acontece a intercomunicação entre os múltiplos núcleos no
sentido de ampliá-los e aprofundá-los no processo de formação inicial e continuada do
Pedagogo, ao longo de Curso ( anexo 2).
As disciplinas escolares constituem as unidades básicas da rede, suas células
configuradoras, mobilizadoras e produtoras do processo formativo. A intercomunicação
entre as diferentes células curriculares possibilitam a realização de fluxos permanentes de
construção de conhecimentos, valores e competências, assegurando a expansão e o
aprimoramento da rede curricular como um todo.
Por isso, a rede curricular apoia-se em dois princípios: a diversidade e a
integralidade. Assim, para fortalecer e expandir o processo formativo, a rede deve tender a
diversificar suas células e os produtos nela elaborados, de modo a atender as mais
diversas demandas ( Mance, 1999:49).
Nesse sentido, as disciplinas acadêmicas configuram-se como:
expressões configuradoras e definidoras das matérias/saberes;
espaços- tempos para desvelar/conhecer realidades;
processos de emergências/sistematização de conhecimentos;
constructos orientadores da formação do Pedagogo.
As ementas constituem-se em resumos das intencionalidades em termos de
conhecimentos e competências indispensáveis à formação da identidade do Pedagogo.
Possibilitam/orientam a escolha de abordagens constituídas por unidades- foco, cujas
especificidades emergem do/ no processo dialético de (re) construção do sujeito- formando
e do sujeito- formador historicamente situados ( anexo3).
Desse modo, o projeto político- pedagógico do Curso prevê que as células
constitutivas/construtivas da rede curricular originem/mantenham intensos momentos-
movimentos marcados pela interdependência/intercomunicação entre o específico e o
complexo ( Morin, 2000) na formação do Pedagogo.
2 – Metodologias pedagógicas
A teia da formação do Pedagogo constrói-se de múltiplos momentos- movimentos
curriculares, promotores/articuladores de metodologias pedagógicas coletivamente
assumidas/executadas/acompanhadas/avaliadas pelos sujeitos – formandos/ formadores –
ao longo do Curso:
investigação que privilegia a pesquisa como princípio educativo e científico,
entendida como movimento fundante da formação, significando o diálogo
crítico e criativo com a realidade, culminando na elaboração própria e na
capacidade de intervenção (Demo, 2000:128). Nesse sentido, a pesquisa é
percebida como a atitude de aprender a aprender, fazendo parte, assim, de todo
processo educativo de auto- organização. Intenta o desvelamento/interpretação
da teia de relações sócio-políticas e científico-educacionais, inserindo
formando/formadores no processo de (re) construção/produção contínua do
conhecimento;
seminário que possibilita aos sujeitos a vivência do processo de
investigação/análise/interpretação crítico-reflexiva de
fatos/situações/informações decorrentes de/situados em temática articuladora.
Constitui-se como procedimento didático- metodológico interdisciplinar
apropriado a pequenos e grandes grupos de trabalho. Caracteriza-se como
espaço identificado/proposto/organizado no processo curricular, atendendo a
necessidade/interesses revelados por grupos/turmas de acadêmicos. Requer
predisposição dos participantes ao diálogo/dialética, capacidade de
argumentação em bases científicas, auto- organização; solidariedade e
cooperação; competência em auto- avaliar-se e avaliar
concepções/argumentos/competências. Objetiva ampliação/ aprofundamento de
conhecimento pela efetivação de aprendizagens, questionamento de
conceitos/concepções/ práticas, (re) construção de alternativas de trabalho;
processofólio que tem como propósito básico identificar/redimensionar a
qualidade cognitiva/atitudinal/profissional do processo de formação. Revela a
lógica/competência da auto- organização em que o formando- pedagogo registra,
documenta, avalia os momentos – movimento que realiza como processo de
formação inicial/continuada. Utiliza como instrumento o portifólio, contendo
registro/avaliação do processo de construção/produção do conhecimento de cada
acadêmico.
O portifólio organiza-se basicamente por meio de:
memorial crítico- apreciativo da trajetória acadêmica contendo, entre outros,
registro de sínteses/aprendizagens, tópicos/pontos referenciais decorrente de
estudos independentes; avaliação de experiências educativo- pedagógicas;
identificação de alternativas/possibilidades de auto- organização;
dossiê reunindo, entre outros, documentos referentes aos focos privilegiados na
experiência formativa;
bibliografia, registrando fontes bibliográficas indicadas/consultadas;
glossário, valorizando/ampliando informações/ conceitos que se
intercruzam/interinfluenciam no processo formativo, possibilitando ao
acadêmico pensar em forma de rede, mais coerente com a teia da vida
(Assmann, 1998:13).
3 – Práticas educativas
Caracterizam-se como espaços-tempos educativo-
pedagógicos/identificados/organizados, individual e/ou coletivamente, pelos acadêmicos,
constituindo- se em conjunto de experiências promotor de sua formação inicial e
continuada.
As práticas educativas fundamentam-se na:
vivência da relação teoria- prática;
valorização de múltiplos/singulares conhecimentos/experiências de formação/
vinculação entre formação e experiências profissionais;
identificação de demandas diferenciadas quanto ao contingente escolarizável de
crianças, jovens e adultos;
aproximação entre a instituição formadora e os espaços que promovem a
Educação Infantil, Básica, Média.