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1 INTRODUGAO: PORQUE ESCREVEMOS ESTE LIVRO JUNTAS Mari Mi Vandana Sie ‘Um liveo de autora conjunta sugere normalmente que 05 cscritores lenham estado envolvidos num continuo didlogo, resultante de letras e discussBes comuns. Quando ambes comegdmos a pensar em ascrever est ivr vemes de enen- taro facto de que tal cooperagiondo seria possvel. Vivemos € tuabalhamee separadas por milhares de quilémetos: uma no hamado Sul ~ India; outra no Norte ~ Alemarha: divididas, fembora também unidas plo sistema de mercado muni, que {Bante privilgioe aos povos do Norte, & cust dos povos do Sule, também, pela sta, pla lingua e pela cultura A nossa formagia e or nests antcedentes tar dferem: Vandana & uma fica trea, do movimento ecoogista; Maria é uma cine tista socal do movimento feminist. Uma abservara o sistema mundial capitalista da perspectiva dos powos exporados e da natureza do Sul; a outa estudara os mesmos processos do ‘modo como estes afectam as mulheres, do ponte de vista de ‘quem vive eno coragio da fers. Poderiam todas estas dferen- (hs er superadas com boa vontade e esforga? Mal era pro priado, na actual conjuntera,tentar sequerescrever um livre fm conjuno, quando todas as pessoas & nossa vlla ‘sta empenhdas em descobrie a sua propria dentdade part ‘ula, perante as diferengassexuais,enics,nacionais, acs, fulturaise eligiosas, come uma base para a autonomia? Seviamos acusadas de tentar rir tm nov intermacinalsmo, sob a bandeira do feminism edo easlogism, mma spc et ‘ques velhosiomss, em particular o internacionaism soca Ist, entravam em colapso? Do masino mode, no Sul estos ‘movimentos de mulheres véem o feminismo cont uma impor tagio do Oeidente/Norte escustm as feministas branes (eto pelas e norie-americanas) de partidhar of prvilegios dos homens nos respectivs pasts. Talvez fos mais sensato ace far estas diferenas, em ver de tentar intgrlas num fcmo 80 universlista como o aecofeminismos ~ ee ver disso, cada tua de ns devesse cancentar-se no seu prio tsbalho, no ‘seu proprio pals e nos respectivos contexte culturtis, ices, politicos eeconémieas etentarefectuae mudanas lvalmente ‘No entanto, pate estas dfereness, partihamce preocupa Bes comuns que emergem de uma politica global invisve na ‘qual, por todo o mundo, as mulheres esto emtbrenhadas no Seu quotidiano; 4 parte uma convergéncia de Teflexdes que resullam da nossa Patilpagso nos eforgos das muleres de ‘mantermes vivos os process que nos sustentn Estes pens ‘mentos e preocupagdesparihados tim por objective demons tar, no uniformidade e homogeneidade, mas antes una transcendlénca clativa das nossa diferengas. Exisern muitos razbes para a nossa colaboragio nests lvra, Ua éforar Wise vel os soutroseprocesosglabals que se tornam cada vez mais Invisiveis 4 medida que uma nova ordem mundial emerge, Dbaseada no controlo das pestons e dos tecursos em todo 9 ‘undo, a bem da scumulagao de capital. Olea én crenca opt ‘mist de que uma procura de identdade ediferenga se tocar ‘mais sgnifiativa come plataforma de resstncla conta as for- ‘8 globus dominantes do paearcado capitalist, que simulta ‘heamente homogenetea e fegmenta Esta perspectva patrars-capialists interpreta a diferenga ‘como hierirquic e tnformidade como um pré-requisito para ‘8 igualdade,O nosso objecivo ¢ i mais alm desta perspectiva tstrla e exprimir a nasa dversdade e, de moves diferentes, sallentar as desigualdadesinerentes i estrturas muna ue permitem ao Norte dominar 0 Sul, a0 home domina a mulher, ¢ a pilhagem frenética de ui ridmero crescente de recursos, na mica te obler proventos econémicoe distbuldos ‘de uma forma cada ver mais desgual, para dominata ase, Provavelmente,chepémos a estas preocupagdescomns porguc as nesas experiencia ¢ release aos gue fo Imulims, cesceram 3 partir doe movimente das mulberes © ‘movimentoreclpicon mais do gue Jo cau das intiages ‘de invesgngo aaemica No sins aos, eee sido cre “entomentecndrontadat com os meemoe wopectos funda tls que dim espe sbrevivgnca © conservagio da vida neste planeta, nfo s6 das mulheres, das cans ed human ‘dade em geral ras tambain da vst dvesdade a fauna eda fora. Ao anlar as causas que condom i endéncns des teuivas que ameagam a vida na Tena, apercebemo-nos de sma forma completamente independeniedagalo a ue cho tame oss cpl ptceal mundial ae sinters forest at cicada © mata através da colonisagio das mulheres, de povossestrangeizss das sas tras eda atures, que val destin goaduainente Como feminists, que prociram actvemente a libertago da mulher do dominio masculino, no podamos, no entant, ignomaro facto de que a modernization e ve processs de seesenvolvimentos eo eprogeson tem sido responses pla Aegradagio do mind natura. Veins que ipato dos dss eclégcos ea deterieago foram maior nas mile res do que nas homens, bem como, em fodoo ado, fore 8s Inulheres as primera «protest conta desta ama {aL Engsant atv dos movimentos esgic ft lca pra nos que acini a tecnologia nto era de gener ew tre, de comum com oxtas mulheres, comegsmos 9 vere {que oraconamenta do dominio exploradr ene ose © ‘Traturesn(moldado, desde o ssl pia moderna cna Teduconst) eo relacionamentoexploredor presi ene hhomem e mulher gue prevlece ha mar parte das coded dls patra, mestno se sodenas inti, eta in ‘mamenteligadoe Descobimes que o nosto prio envavimento activ nos ‘movimentos ecloycot ede mulheres nos condita, por cl {idinca a ua perspectvae ante prthadss. A pcr de resposias aproxmar-noe de torassetnlhante, Ge autores semelhantes, pars a lasfcago econsequentement, una da fa Relendo textos que apreentramos em diverse ccs diferentes audincn, evlouae uma convergeciaespore ‘nea de pensamento resultante de condigbes objectvas a que ‘ada uma hava correspondido como mulher ‘Seo resultada final do actal sistema mundial constiui uma ameagageral vida no nosso planeta, eno cri re suscitare estimula o impulse a determinasio para sobrevives, Inerentes a fdas as coisas vivas. Examinando de perto asin rmeraslutas locals conta a destrigso e deteriorago ecole, por exemple: contra as cntrals atémicas, aa Alemanh, conten fas mins decalciio eo abate de Srvores io Himalalas?; sac videdes do Movimento Green Bel, no Quéniae as inicativas das mulheres japonesas conta 2 polugloalimentar, provocnda, pela agriculture comercial estmilada pela wtlizagio de produ fos qulmiens, com vista cxagio de redes de autoconfianga produtor-consumidort os esforgos das mulheres pobres do Equador para imped a tansformagio das forestas de mangue em viveios de pee ecamarao a uta de mlhares de mulheres fe Sul por uma melhor gestio da 4gua, pei concervagio dos solos, pela utlizagto da trae pela martencso a rua base de Scbrevivéncia(Norestas, combustve,forragen) contin oie reste indusrias;eonfimou-se que multas mulheres, por todo mundo, sentiam a mesma friaearsedade, meso sentido de responsabilidade em preservar as bases da vida e de pot termo sua destruigao, Independentemente das diferengas rachis, tics, culturis ou dos atecedenes de ace, sta peo ‘cupugdocomum uu as mulheres com vista a eri Igor de sol dariedade com outras mulheres, povos e mesmo nagbes. Nests rocessos de acja0 e reflexo, também emerpiam, por vez=s, Anilisescanceitos evisdessemelhantes, [No Sudoeste da Alemaaha, a camponesas do Movimento ‘Why foram as mais activas num des pezeiee movimentos ant rudeares daguele pas. Estabeleceram lagostranceonteges ‘com movimantos semelhantes na Suiga em Francs, bem como com outros movimentos na Alemanha, com intlecunis, om ‘studantes¢ com feministas ctadinas. Neste proceso, tomaram, consciéncia da relagdo patiarcal homem-miier, para inulas mulheres, este fio primero pass paraa sua propria ibertagSoF ‘Quando, apés agus anos, dua drgents do movimento foram, entrevistadas,artiularam claramente a visio que tém de uma Seciedade baseada no num malo de industrialist © cond mismo orientado para ocrescimento, mas mals présimo dagulo aque chamamos perspaciva de subsistini” Outros xemplos Se esforgcs de mulheres para superar a fragmenta socal © pra cia solidariedade 4 oposigio de Laie Gibte ao despaj de "eiduosticos ea de Meda Paar 8 constragSo ds baragens de Narmada As activists amerianas conduaiam a campaaha contra 0 despejo de rsiduos txicos « a eforgos vigorosos © petsistontes de Lois Gibb na oposigo no despeo de fesiduoe toxics na afronta, agora eldente, de Love Canal sso bem cone ‘idos. Como escreveu Murray Levin, «Se Love Canal ersinos alguma coisa a Lis Gibbs ~e a todas née = foi que o cidadto ‘comm foma-t rapidamente activo quando a sua vida est em perigo. Tornavse perspiens em detectaro absurdo, mesmo ‘quando este se apresnfa camullado por uma linguagem buro- ‘tea ecentifca» Na déeada de 1980, comegaram a Ser construida lteiras ‘de residuos teas em sreashabitadas por populagbes pobres de cor; oe em dia, énestasdreas que se verficam ae mais for tes ressténcias a essas prea. Para ne mulheres que lular contra os despejos tcc, assunto io te limita 39 NNMQ. (Mio No Met Quinta"), mas 20 «quintal de toda a gentes (stlo de um belotim solve a acgzo do edad). Joan Sharp, que trabathava na Companhia Schlage Lock, na Carolina do Norte, BUA, até a fecho da Tdbrics, que se transfers para ‘Tecate, México, como magiiladora™, bem o exemplo desta soli- daviedade. Em Margo de 1992, entio desempregada, parti pra 0 México como repreentante dos Tiabalhadores Negees raza a Justia, para dar eos abalhadores mexicanos informa: {005 sobre a Companhia eos produtos quimicos prejudiiais Que ela crt haverem causado a morte por cancro a 30 ds seus Colegas. As duzentns pginas de docuamentagzo que levara des ‘reviam o uso dos produtosquimicostxcos da Sehlage, a com taminagio dos lengSis de dgua e a auséncia do pagamento de indemrizasSes aos trabalhadores da produgio. Nenhum dos NIMBY on my aed no xg NE) ‘Nome dado te aes nriamerana stds no Moco © tno de prow sna mre maior = ure eis

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