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4º
Rosângela Hammes Rodrigues
Marcos Antonio Rocha Baltar
Nívea Rohling da Silva
Período Vidomar Silva Filho
Florianópolis - 2012
Governo Federal
Presidência da República
Ministério de Educação
Secretaria de Ensino a Distância
Coordenação Nacional da Universidade Aberta do Brasil
Comissão Editorial
Cristiane Lazzarotto-Volcão
Silvia Coneglian
Tânia Regina de Oliveira Ramos
Equipe de Desenvolvimento de Materiais
Design Instrucional
Supervisão do Design Instrucional: Ane Girondi
Designer gráficos: Pedro Augusto Gamba & Raquel Darelli Michelon
Designer Instrucional: Daiana da Rosa Acordi
Inclui bibliografia
UFSC. Licenciatura em Letras-Português na Modalidade a Distância
ISBN 978-85-61482-51-0
C aro aluno,
Este livro tem por objetivo abordar o histórico dos estudos da Linguís-
tica Textual e, principalmente, as diferentes noções de texto e conceitos
correlatos, conhecimentos que julgamos importantes para a formação do
professor. Além disso, objetiva discutir a questão do texto na disciplina
escolar Língua Portuguesa. Para dar conta do objetivo proposto, o livro
está organizado em quatro unidades. Na Unidade A, apresentamos um
breve panorama histórico da Linguística Textual e discutimos as concep-
ções de texto que foram construídas durante o percurso de consolidação
dessa área e que fizeram com que a disciplina fosse adotando, em sua tra-
jetória, um caráter dinâmico e multidisciplinar. Na Unidade B, aborda-
mos a noção de texto a partir dos estudos da textualidade: apresentamos
o conceito de texto nessa perspectiva teórica, o conceito de textualidade
e desenvolvemos os princípios de textualidade.
Nosso objetivo final é que este livro seja um meio eficaz para introduzir os con-
ceitos fundantes desse importante campo de estudo que é a Linguística Textual,
bem como demonstrar a articulação desses conceitos com o ensino e aprendi-
zagem das práticas de linguagema na disciplina escolar Língua Portuguesa.
Ao final do estudo desta Unidade esperamos que você seja capaz de:
1 Panorama histórico da
Linguística Textual
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Linguística Textual
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Panorama histórico da Linguística Textual Capítulo 01
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Linguística Textual
a) a análise transfrástica;
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Panorama histórico da Linguística Textual Capítulo 01
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Linguística Textual
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Panorama histórico da Linguística Textual Capítulo 01
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Linguística Textual
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Concepções de texto Capítulo 02
2 Concepções de texto
Embora tenhamos uma noção intuitiva do que seja um texto, que
saibamos que não se interage do mesmo modo e nem com a mesma
finalidade em uma consulta médica, uma conversa de bar, ou diante de
um romance, de um e-mail de um amigo, de uma bula de remédio, de
um boleto bancário, de uma charge etc., construir uma definição teórica
do que seja um texto depende de uma série de fatores, como, por exem-
plo, o próprio desenvolvimento teórico da disciplina e a concepção de
língua e de sujeito que se tenha como fundamento teórico.
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Linguística Textual
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Concepções de texto Capítulo 02
o texto não é uma unidade virtual e sim concreta e atual; não é uma
simples sequência coerente de sentenças e sim uma ocorrência comu-
nicativa. [...]. Trata-se de uma unidade comunicativa atual realizada tanto
no nível do uso como ao nível do sistema. Tanto o sistema como o uso
têm suas funções essenciais.
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Linguística Textual
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Concepções de texto Capítulo 02
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Linguística Textual
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Concepções de texto Capítulo 02
o texto é visto como um produto – lógico – do pensamento (represen-
tação mental) do autor, nada mais cabendo ao leitor/ouvinte senão ‘cap-
tar’ essa representação mental, juntamente com as intenções (psicoló-
gicas) do produtor, exercendo, pois, um papel essencialmente passivo.
(KOCH, 2002, p. 16).
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Linguística Textual
Leia mais!
Sobre a trajetória da Linguística Textual, indicamos a leitura do artigo
de Ingedore Villaça Koch (2001) intitulado Lingüística Textual - Quo va-
dis?, publicado pela revista DELTA, disponível em: < http://www.scielo.
br/pdf/delta/v17nspe/6708.pdf >. Acesso em: 10/11/2011.
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Unidade B
O texto na ótica dos estudos da
textualidade
3 Noções gerais
Na década de oitenta, no Brasil, os aspectos mais focalizados nas
pesquisas em Linguística Textual foram os princípios de textualidade, a
partir do conceito introduzido por Robert-Alain de Beaugrande e Wol-
fgang Dressler, em 1981, no livro Introduction to text linguistics. Para os
autores, o texto pode ser definido como uma ocorrência comunicativa Dressler e Beaugrande
que reúne/satisfaz sete princípios constitutivos da textualidade, que são:
a) coesão;
b) coerência;
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Noções gerais Capítulo 03
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Linguística Textual
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Noções gerais Capítulo 03
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Linguística Textual
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Noções gerais Capítulo 03
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Linguística Textual
O exemplo da autora é
semelhante ao proposto Um catálogo telefônico, que não apresenta as marcas linguísticas de co-
por Beaugrande (2004 esão responsáveis pela textura, tal como concebem Halliday & Hasan
[1997]), no qual a autora
se baseia. (1976), é analisado por Beaugrande (1997) como produto que se textu-
aliza num rico processo linguístico, cognitivo e cultural, à medida que a
ele aplicamos os sete princípios: com a coesão, conectamos suas formas
e padrões (nomes e números dispostos em lista); com a coerência, co-
nectamos seus significados; considerando a intencionalidade, supomos
que ele tenha algum propósito e interpretamos o que os produtores po-
deriam pretender significar e conseguir com aquela disposição formal
e semântica; atentando para a aceitabilidade, assumimos o que preten-
demos com ele e o que nos dispomos a fazer para tomá-lo como texto;
buscando informatividade, trabalhamos no sentido de interpretar os
conteúdos que ele nos apresenta a partir dos nossos conhecimentos
anteriores; em termos de situacionalidade, relacionamos o evento-texto
às circunstâncias em que interagimos com ele, considerando como sua
configuração pode torná-lo útil e pertinente aos objetivos que temos
em mente; ao interagir com ele, inevitavelmente, recorremos à nossa
experiência anterior com outros textos, processando-o, pois, em função
da rede de intertextualidade em que o situamos. (COSTA VAL, 2000).
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Noções gerais Capítulo 03
texto sem coerência e sem coesão, uma vez que os princípios de textua-
lidade estão sempre presentes, então, não há nada mais a fazer com os
textos produzidos por meus alunos?. Veja a resposta de Beaugrande
(2004 [1997]) e Costa Val (2000):
Meu amigo
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Linguística Textual
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Coesão textual Capítulo 04
4 Coesão textual
Beaugrande e Dressler (2002 [1981], cap. 4, §1) afirmam que “co-
esão e coerência são noções centradas no texto, designando operações
dirigidas aos materiais do texto”. À primeira vista, parece que, para os
autores, a coesão é um fenômeno que deve ser analisado no texto de Neste Capítulo apresen-
superfície e explicado a partir dele. Essa impressão, contudo, logo se taremos a coesão textual
sob a perspectiva da Lin-
desfaz quando os autores discutem longamente a relação entre coesão e guística Textual da década
processamento cognitivo do texto. de oitenta. Na Unidade C,
no capítulo sobre referen-
ciação, a coesão será re-
Apesar de a concepção cognitiva de coesão apresentada por Beau- tomada sob a perspectiva
dos estudos mais recentes
grande e Dressler (1981) estar até mais afinada com as tendências cog- da Linguística Textual. Esse
nitivas de abordagem do texto, no restante deste capítulo, adotaremos percurso tem por objetivo
evidenciar a trajetória da
como referência obras de Ingedore Koch, especialmente Koch (1989), Linguística Textual, desde
por serem essas obras seminais que muito contribuíram para populari- sua fase cognitivista até a
fase sociocognitiva.
zar entre nós o conceito de coesão textual e tiveram uma importância
capital para a Linguística Textual no Brasil.
Texto 1
A história original de Pinóquio
foi escrita em 1881, na Itália, por Carlo
Pinóquio às avessas Lorenzini, sob o pseudônimo de Carlo
Collodi. A história versa sobre um bo-
neco de madeira que queria se tornar
Era uma vez um menininho, de carne e osso, igual a tantos que se de- um menino de verdade e alcança seu
leitam nas coisas simples que a vida dá. Ria nos seus mundos de faz de objetivo através da Fada Azul.
conta, voava nas asas dos urubus, assustava os peixes, nariz achatado
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Linguística Textual
nos vidros dos aquários, assobiava para os perus, andava na chuva. To-
das estas coisas que as crianças fazem e os adultos desejam fazer e não
fazem, por vergonha. Sua vida escorria feliz por cima do desejo.
“Que é que ele vai ser quando crescer? Médico? Diplomata? Cientista?”
Até que chegou o dia em que <segunda cor> lhe </segunda cor> foi
dito: “É preciso ir para a escola. Todos os meninos vão. Para se transfor-
marem em gente. Deixar as coisas de criança. Em cada criança brincante
dorme um adulto produtivo. É preciso que o adulto produtivo devore a
criança inútil.”
Sabia que tudo aquilo deveria ter um motivo. Só que ele não entendia.
O desejo permanecia selvagem. E disto eram prova aquelas notas ver-
melhas no boletim, testemunhas de como o menino cavalgava longe
do desejo dos outros, conspiradores secretos, escondidos na monoto-
nia dos currículos que não faziam o seu corpo sorrir...
“Pra que serve tudo isto?”, ele perguntava. E o pai respondia, sábio e
paciente: “Um dia você saberá. Por hora basta de saber que papai sabe o
que é melhor para seu filho...”
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Coesão textual Capítulo 04
O menino cresceu. E aconteceu que, em meio às suas rotinas, veio a
se encontrar com dois cavalheiros bem vestidos e de fala branda, que
se puseram a contar estórias de um mundo encantado sobre o qual
ele nunca ouvira falar. Eles disseram de heróis em aventais brancos ca-
valgando microscópios e telescópios, brandindo máquinas fantásticas
e aparelhos misteriosos, em meio a líquidos mágicos que faziam viver
e morrer, encastelados em templos onde as coisas visíveis ficavam invi-
síveis e as coisas invisíveis ficavam visíveis, e lhe disseram de prodígios
de verdade, e lhe perguntaram se ele não desejava se transformar num
mago, num artista... A recompensa? O Poder, o conhecimento de segre-
dos que ninguém conhece, a glória, ser olhado por todos como um ser
diferente, sublime, superior. Se os seus prodígios fossem maiores que
os de todos, ele poderia aparecer no palco supremo da ciência, em país
distante, onde os mortais se revestem de imortalidade...
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Linguística Textual
Azul, que até então só habitava os seus sonhos, veio de longe e roçou
o seu rosto com suas asas. E a grande transformação aconteceu. Era um
boneco de madeira, inteligência pura, sem coração. E os milhares de
bonecos, iguais, de pé, não paravam de tamanquear os seus aplausos
ao novo irmão, enquanto gritavam o seu nome: “Pinóquio, Pinóquio,
Pinóquio...”.
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Coesão textual Capítulo 04
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Linguística Textual
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Coesão textual Capítulo 04
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Linguística Textual
TEXTO 2
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Coesão textual Capítulo 04
americanas (vide a do próprio Bush...), vai unir um democrata na Casa
Branca com uma sólida maioria democrata no Congresso, contrariando
a tradição, e chega ao poder da maior, ou única, potência, com uma
simpatia internacional poucas vezes vista.
Lá nos EUA, como aqui no Brasil, Obama e Lula têm muitas coisas em
comum. Uma delas é essa: sorte, uma incomensurável sorte. Ótimo.
Que isso reflita positivamente para os EUA, para o Brasil e principal-
mente para o mundo.
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Linguística Textual
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Coesão textual Capítulo 04
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Coesão textual Capítulo 04
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Linguística Textual
Conjunções:
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Coesão textual Capítulo 04
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Coerência Capítulo 05
5 Coerência
Para Beaugrande e Dressler (2002 [1981], cap. I, §6), coerência é
o princípio de textualidade que está relacionado às formas mediante as
quais conceitos e relações subjacentes ao “texto de superfície são mutu-
amente acessíveis e relevantes”. Os autores definem o
texto de superfície como “as
palavras que efetivamente
Os conceitos, por sua vez, são definidos pelos autores como “confi- ouvimos ou vemos” (BEAU-
gurações de conhecimento (conteúdos cognitivos) ativáveis ou recupe- GRANDE; DRESSLER, 2002
[1981], cap. I, §4).
ráveis na mente”, e as relações são “ligações entre conceitos que ocorrem
juntos em um mundo textual”. Assim, a coerência, conforme definida
por Beaugrande e Dressler, não é uma propriedade do texto em si, mas
essencialmente um conjunto de processos cognitivos que constroem a
interpretação do texto. Portanto, em termos gerais, todos os elementos
que colaboram para que um texto se constitua como interpretável para
o interlocutor podem ser analisados como fatores de coerência.
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Linguística Textual
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Coerência Capítulo 05
Serenata Sintética
Rua
torta.
Lua
morta.
Tua
porta.
Esse poema, que se enquadra dentro da proposta estética do Movimento poético sur-
gido no Brasil, na década
Concretismo, caracteriza-se pela ausência de conectivos (preposições, de 50, cujas característi-
conjunções) e pelo uso de sentenças nominais (sem verbos). A coesão cas incluem “abolição do
verso tradicional, falta de
é criada pelo jogo de repetições próprio do texto poético: métrica re- linearidade, ausência de
gular (versos monossílabos), rimas em versos alternados (AB AB AB), pontuação, ruptura com
a sintaxe; aproveitamento
aliterações (/r/ e /t/), estrofes de mesmo tamanho (dois versos). do espaço – do ‘branco da
página’ – e a disposição
geométrica das palavras
Em termos lexicais e sintáticos, também se dá um jogo de repetições no papel; a exploração do
que contribui para a coesão do texto: em cada estrofe, há um caracteriza- significante quanto aos
seus aspectos sonoros,
dor (torta, morta, tua) e um substantivo caracterizado (rua, lua, porta). visual e semântico [...]”
(JORDÃO, R.; OLIVEIRA, C.
B., 2005. p. 301)
São os elementos linguísticos que, num primeiro momento, garan-
tem a coerência do poema, ao remeter o interlocutor a um ambiente
noturno (serenata, lua) e externo (rua), assim como a um contexto de Algumas possibilidades
de interpretação que o
história de amor (serenata, tua porta). Mas esses elementos também po- léxico oferece só podem
dem remeter o leitor a outros níveis de interpretação do texto. O adjeti- ser rejeitadas a partir de
outros fatores de coerên-
vo sintética corresponde ao caráter minimalista do poema, mas também cia, como a situacionali-
pode referir-se a fabricado, industrial, artificial. Em um plano interpre- dade e a relevância.
tativo, o adjetivo torta refere-se ao formato sinuoso da rua. Mas torto
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Linguística Textual
também pode ser entendido como errado, duvidoso. Daí que a rua torta
possa ser entendida como os próprios descaminhos do eu‑lírico ou de
quem está por trás da porta.
No texto poético, o eu-
-lírico é a voz que se diri-
ge ao leitor; corresponde, O adjetivo morta, em um plano de interpretação, refere-se à ausên-
grosso modo, ao narrador
do texto narrativo. cia de vida. Temos então um sentido trivial: A lua, efetivamente, é um
astro sem vida. Mas morto também evoca o sentido de desaparecido.
Então, nesse plano interpretativo, a lua já se esconde além do horizonte
e se tem uma noite sem lua, escura, portanto, misteriosa. O pronome
tua parece referir-se, num primeiro plano, à amada do eu-lírico. Mas
Considerando que sere- também podemos supor que o eu‑lírico dirige-se ao leitor. Nesse caso,
natas são, normalmente, o pronome tua referir-se-ia à pessoa do leitor. A negação dessa hipó-
feitas por homens para
agradar a mulheres, tese, como veremos adiante, exige a ativação de outros conhecimentos
supõe-se que o eu‑lírico além do sistema linguístico. A palavra porta, que, em um plano inter-
seja um homem e a
amada, uma mulher. pretativo, é apenas a entrada para uma casa, comporta grande variedade
Mas ressalte-se que, do de outros significados, entre os quais acesso. Então, tua porta pode ser
ponto de vista estrita-
mente linguístico, nem interpretado também como acesso a ti, acesso ao teu coração. Por fim,
o sexo da pessoa amada retornando ao título, a expressão serenata sintética tanto pode referir-se
se pode garantir.
ao conteúdo do poema – elementos mínimos de uma serenata – como
ao poema em si, ele próprio bastante sintético.
Uma importante implica-
ção escolar dessa questão Observamos que os elementos linguísticos do texto, ao evocar con-
é a necessidade de os
alunos terem acesso a ceitos e relações variadas, permitem a criação de um mundo textual, nos
conhecimentos variados, termos de Beaugrande e Dressler (2002); ou, mais propriamente, devido
obtidos por meio da in-
teração com documentá- ao caráter ambíguo do texto poético, variados mundos textuais.
rios, filmes, jornais, livros,
visitas a museus, exposi-
ções de arte, parques eco- 5.2 Conhecimento de mundo
lógicos etc. Em escolas
que possuam recursos de
informática, também se
pode acessar uma varie- Um mesmo texto poderá parecer trivial ou impenetrável para dife-
dade de sítios eletrônicos
que permitem acesso rentes interlocutores, dependendo de quanto conhecimento a respeito
a museus e galerias de do assunto do texto eles possuam. Essa situação mostra que a construção
arte virtuais, assim como
a materiais em domínio da coerência de um texto é grandemente determinada pelos conheci-
público (livros e filmes, mentos de mundo prévios do interlocutor. Por isso, pessoas que possuem
por exemplo).
conhecimentos de assuntos variados têm melhor compreensão dos tex-
tos em geral e estabelecem a coerência textual com maior facilidade.
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Coerência Capítulo 05
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Linguística Textual
14 o santo na porta-bandeira
16 então...
5.3 Inferências
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Coerência Capítulo 05
TEXTO 5
Pelos Vinte
Você me deixou pelos vinte
No golpe da sorte
Na mesa da vida
Sinuca de bico
A preta e a rosa
Na noite perdida
E eu disse comigo
A black e a rose
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Linguística Textual
Isso possivelmente se dá
porque quem conhece Finalmente, considerando que, como dizem Beagrande e Dressler,
outras canções gravadas inferir é suprir conhecimento, leitores/ouvintes que possuem conheci-
por Paulinho da Viola
sabe que ele não costu- mentos de mundo mais amplos serão capazes de construir inferências
ma trabalhar com temas mais amplas, que permitirão outras possibilidades de coerência, leituras
banais (como seria a mera
descrição de um jogo mais ricas. Na análise do texto De frente pro crime, por exemplo, mostra-
de bilhar) e que muitas mos como o conhecimento de mundo permitiu elaborar algumas inferên-
de suas músicas têm por
tema o amor. cias que serviram para integrar em um mundo textual coerente itens que
ficariam sem uma explicação plausível, como o verso em vez de rosto uma
foto de um gol. Mas, além dessas inferências, muitas outras podem ser
feitas, de forma a ampliar a compreensão do texto, atribuindo-lhe outros
sentidos. Por exemplo, a partir do fato de que o morto foi coberto com
jornal e não com material mais nobre, pode-se inferir que se trata, prova-
velmente, de alguém pobre. A partir da informação de que os populares,
ao deixar o local do crime, vão pensando em uma mulher ou um time de
futebol, é possível inferir que a morte já não os sensibiliza, banalizou-se.
5.4 Focalização
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Coerência Capítulo 05
Os falantes agem como se estivessem focalizados semelhantemente,
quer estejam ou não (princípio da cooperação), e tendem a estabele-
cer um campo comum. Caso não estejam focados semelhantemente,
as diferenças de focalização causam problemas de compreensão que
só são detectados se ocorrerem problemas maiores de compatibili-
dade. (KOCH e TRAVAGLIA, 1999 [1989], p. 82).
Era uma vez um menininho, de carne e osso, igual a tantos que se de-
leitam nas coisas simples que a vida dá. Ria nos seus mundos de faz de
conta, voava nas asas dos urubus, assustava os peixes, nariz achatado
nos vidros dos aquários, assobiava para os perus, andava na chuva. To-
das estas coisas que as crianças fazem e os adultos desejam fazer e não
fazem, por vergonha. Sua vida escorria feliz por cima do desejo.
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Linguística Textual
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Coerência Capítulo 05
Em nota oficial, o clube não especificou qual será a punição, mas deixou
claro que ele realmente se atrasou, confirmando os boatos de que teria
aproveitado a noite da cidade do interior paulista. A polêmica surge às
vésperas da partida que pode colocar o Corinthians na liderança, contra
o Marília, amanhã, às 19h10.
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Linguística Textual
5.5 Relevância
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Coerência Capítulo 05
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Linguística Textual
MATENCIO, M., L. M. Práti- res, se tais informações aparecessem no meio do texto da reportagem
cas discursivas, gêneros do ou da notícia, nos pontos em que se lhes faz referência, representariam
discurso e textualização.
In: Estudos Linguísticos, digressões. Seguindo a mesma linha de raciocínio, podemos considerar
São Paulo, v. XXXV, p. que muitas das notas de rodapé em textos científicos também represen-
138-145, 2006. Disponível
em: <http://www.gel.org. tam digressões, como podemos confirmar no trecho do texto a seguir,
br/estudoslinguisticos/ de autoria de Matencio (2006):
icoesanteriores/4publica-
-estudos-2006/sistema06/
mdlmm.pdf>. Acesso em: TEXTO 8
30 abr. 2009.
Na minha exposição, salientei aquelas que considero serem, de
uma perspectiva bakhtiniana, as contribuições mais relevantes dos
estudos dos gêneros para a reflexão sobre os processos de textu-
alização. Antes de passar às minhas considerações finais, gostaria
de dizer que a imensa popularidade desses estudos parece-me,
também, perigosa, na medida em que pode obscurecer as diferen-
ças nas abordagens 12 e, sobretudo, dar a ilusão de que não há mais
nada de novo a dizer.
NOTAS
[...]
12
A preocupação de “limpar o campo”, de delimitar, de uma vez por to-
das, a questão, parece ter sido, aliás, a preocupação de muitos dos tra-
balhos sobre os gêneros que circularam em fins dos anos 90, quando
se tentava distinguir tipo textual e gênero; mais recentemente, a pre-
ocupação de discussões que procuram identificar as distinções entre
trabalhos que se dedicam ao estudo dos gêneros textuais e aqueles que
tratam dos gêneros do discurso parece responder ao mesmo tipo de
inquietação.
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Coerência Capítulo 05
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Linguística Textual
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Coerência Capítulo 05
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Intencionalidade e aceitabilidade Capítulo 06
6 Intencionalidade e
aceitabilidade
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Linguistica Textual
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Intencionalidade e aceitabilidade Capítulo 06
o cheque), tentativas de dar sentido a palavras ou a expressões opacas. É
um erro comparável aos gols perdidos por Pelé. (POSSENTI, 2007).
77
Linguistica Textual
TEXTO 10
Comunicação
É importante saber o nome das coisas. Ou, pelo menos, saber comuni-
car o que você quer. Imagine-se entrando numa loja para comprar um...
um... como é mesmo o nome?
“Pois não?”
“Sim?”
“Sim senhor.”
“Sim senhor.”
“O quê, cavalheiro?”
Depois vem assim, assim, faz uma volta, aí vem reto de novo, e na outra
ponta tem uma espécie de encaixe, entende? Na ponta tem outra volta,
só que esta é mais fechada. E tem um, um... Uma espécie de, como é
que se diz? De sulco. Um sulco onde encaixa a outra ponta, a pontuda,
de sorte que o, a, o negócio, entende, fica fechado. É isso. Uma coisa
pontuda que fecha. Entende?”
“Infelizmente, cavalheiro...”
“Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo numa ponta,
certo?”
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Intencionalidade e aceitabilidade Capítulo 06
“Se o senhor diz, cavalheiro.”
“Bom, eu preciso saber mais sobre o, a, essa coisa. Tente descrevê-la ou-
tra vez. Quem sabe o senhor desenha para nós?”
“Não. Eu não sei desenhar nem casinha com fumaça saindo da chaminé.
Sou uma negação em desenho.”
“Sinto muito.”
“Chame o gerente.”
“Bem... É mais ou menos assim. Presta atenção nas minhas mãos. É as-
sim, assim, dobra aqui e encaixa na ponta, assim.”
“Francamente...”
“Mas é simples! Uma coisa simples. Olha: assim, assim, uma volta aqui,
vem vindo, vem vindo, outra volta e clique, encaixa.”
79
Linguistica Textual
“Já sei!”
“Ótimo!”
“Serve assim para prender. Entende? Uma coisa pontuda que prende.
Você enfia a ponta pontuda por aqui, encaixa a ponta no sulco e prende
as duas partes de uma coisa.”
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Intencionalidade e aceitabilidade Capítulo 06
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Linguistica Textual
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Informatividade Capítulo 07
7 Informatividade
Como já mencionado brevemente em Capítulo anterior, a in-
formatividade é um dos princípios de textualidade. Ela está relacio-
nada à quantidade de informação nova ou inesperada que um texto
traz ao leitor/ouvinte. Segundo Beaugrande e Dressler (2002[1981]),
ao se avaliar a informatividade de um texto, costuma-se enfatizar o
conteúdo. Isso ocorre porque o fator dominante para a textualidade
parece ser a coerência, uma vez que se aloca mais atenção para a sua
construção. Entretanto, destacam os autores que os textos podem ser
informativos relativamente a qualquer subsistema linguístico (sinta-
xe, fonética etc.).
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Linguística Textual
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Informatividade Capítulo 07
TEXTO 11
O boi de guia
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Linguística Textual
Ajudava o pai. Desde que nasceu, contava ele. Nunca se lembra de ter
vadiado como os meninos de agora. Quando começou a entender o
pai, a mãe, os irmãos, o cachorro e o mundo do terreiro, já foi fazendo
servicinho. Catava lenha fina, garrancheira pra o fogão, caçava pela sa-
roba os ninhos das botadeiras, ia atrás dos peruzinhos e já quebrava
xerém às chocas de pinto. Do pasto trazia os bois de serviço. Seu gosto
era vir pendurado no chifre do guia barroso — tão grande, tão forte,
tão manso — sempre remoendo seus bolos de capim, nem percebia o
fanico do menino que se pendurava nele e, se percebia, também não se
importava, não dava mostras.
86
Informatividade Capítulo 07
encostava o coice, prendia a cambota. Passava mão na vara, chama-
va. As argolinhas retinham e o carro com sua boiada arrancavam a
caminho das roças.
Não pisou, não esmagou. Virou o guampaço num jeito e passou a crian-
ça pra um lado sem magoar. Aí o velho carreiro viu…, viu o boi pela
primeira vez…
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Linguística Textual
Sentiu uma gastura e pela primeira vez uma coisa nova inchando seu
coração no peito e alimpou uma turvação da vista na manga da camisa.
88
Informatividade Capítulo 07
89
Linguística Textual
Assim, podemos ver O controle da informatividade é também muito importante nos textos
como os gêneros do dis- de divulgação científica jornalística e naqueles dirigidos a especialistas. A
curso interferem no modo
da construção da infor- esse respeito, consideremos o texto a seguir:
matividade do texto.
TEXTO 12
90
Informatividade Capítulo 07
ção cefalométrica da posição do osso hióide em relação ao padrão
respiratório em 28 indivíduos com padrão respiratório predomi-
nantemente nasal e de 25, com padrão respiratório predominante-
mente bucal. Todos eram do gênero feminino, leucodermas e com
Classe I de Angle, cujas idades médias foram de aproximadamente
10 anos. As medidas cefalométricas Ar-Pog, PP-Me, ENP-PM, S-PM,
Ângulo Goníaco, BaN.PM, PTM.PM, PO.PM foram utilizadas como
parâmetro de identificação da morfologia mandibular. As medi-
das cefalométricas horizontais, verticais e angulares, incluindo o
Triângulo Hióideo (Bibby & Preston, 1981) foram utilizadas com a
finalidade de determinar a posição do osso hióide. Estabeleceu-se
uma comparação entre os grupos por meio do teste t de student
com nível de significância de 5%, bem como correlação de Pearson
entre as variáveis. Observou-se que não ocorreram diferenças esta-
tísticas significativas para a posição mandibular e posição do osso
hióide e o tipo do padrão respiratório. O limite ântero-posterior
do espaço aéreo superior representado pelo Atlas-Espinha Nasal
Posterior (AA-ENP) também foi constante para o grupo com respi-
ração predominantemente nasal e bucal, com um valor médio de
32,87mm ± 3,34 e 32,86mm ± 2,18, respectivamente. No Triângulo
Hióideo, o coeficiente de correlação de 0,40 foi significativo entre
AA-ENP e C3-H (distância entre o ponto mais anterior e inferior da
terceira vértebra cervical e o corpo do osso hióide) demonstrando
uma relação positiva entre os limites ósseos do espaço aéreo su-
perior e inferior. Para as medidas cranianas houve uma correlação
significativa de 0,50 e 0,43 entre as medidas Ar-Pog e a distância
horizontal do osso hióide e PP-Me e distância vertical do osso hi-
óide, respectivamente, sugerindo uma relação entre a posição do
osso hióide com a morfologia mandibular. Os resultados permiti-
ram concluir que o osso hióide mantém uma posição estável para
garantir as proporções corretas das vias aéreas e não depende do
padrão respiratório predominante.
91
Linguística Textual
92
Situacionalidade Capítulo 08
8 Situacionalidade
Segundo Beaugrande e Dressler (2002 [1981], cap. I, §19), a situa-
cionalidade “diz respeito aos fatores que fazem um texto relevante para
uma situação de ocorrência”. Consideremos, por exemplo, o seguinte
texto, afixado em um ponto de ônibus e copiado por um dos autores
deste livro em 30 abr. 2009:
TEXTO 14
93
Linguística Textual
94
Situacionalidade Capítulo 08
95
Linguística Textual
96
Situacionalidade Capítulo 08
97
Intertextualidade Capítulo 09
9 Intertextualidade
O conceito de intertextualidade foi introduzido nos estudos lite-
rários por Júlia Kristeva para se referir à relação que um texto mantém
com outros textos: “[...] todo texto se constrói como mosaico de cita-
ções, todo texto é absorção e transformação de um outro texto. Em lugar
da noção de intersubjetividade, instala-se a de intertextualidade.” (KRIS-
TEVA, 1974, p. 64, grifos da autora). Segundo Proença Filho (1990),
esse conceito foi proposto pela autora como substituto do conceito de
dialogismo de Bakhtin.
100
Intertextualidade Capítulo 09
situacional. Tópicos devem ser selecionados, desenvolvidos e muda-
dos. Os textos podem ser usados para monitorar outros textos ou os
papéis e crenças implicados por esses textos. (BEAUGRANDE e DRES-
SLER, 2002 [1981], cap. IX, §13).
TEXTO 15
101
Linguística Textual
lá?
ah!
sabiá...
papá...
maná...
102
Intertextualidade Capítulo 09
sofá...
sinhá...
cá?
bah!
TEXTO 17
Canção do exílio
103
Linguística Textual
DIAS, G. Canção do exílio. In: JORDÃO, R.; OLIVEIRA, C. B. Letras & con-
textos: língua, literatura e redação. São Paulo: Escala Educacional,
2005. p. 75.
104
Intertextualidade Capítulo 09
105
Linguística Textual
São exemplos de esferas Outra razão para preferirmos o conceito de gênero do discurso é
sociais a escola, a ciência, que a noção de gênero compreende, para além dos elementos formais
o jornalismo, a arte etc.
do texto, os parâmetros da interação: em que esfera social o texto foi
produzido, quem são os interlocutores, qual a relação entre eles, qual
a modalidade (oral, escrita, mista) etc. Portanto, quando o autor pro-
duz um texto, faz isso situado não apenas nas características formais
do gênero de seu texto, mas também com base em seu conhecimento
daquela forma de interação. Já o leitor/ouvinte também precisa identifi-
car o gênero discursivo para, a partir das condições gerais da interação,
interpretar e atribuir sentido aos dados linguísticos. Por exemplo, para
a compreensão adequada do poema de Drummond (1967) a seguir, é
ANDRADE, C. D. de. Obra necessário que o leitor tenha conhecimento dos gêneros do discurso so-
completa. Rio de Janeiro: neto e carta pessoal:
Aguilar, 1967. p. 349.
TEXTO 18
Carta
Há muito tempo, sim, que não te escrevo.
106
Intertextualidade Capítulo 09
A falta que me fazes não é tanto
b) Subjetividade;
c) Lirismo;
107
Linguística Textual
108
Intertextualidade Capítulo 09
osteointegração e subseqüente ocorrência de uma estreita zona
periimplantar de tecido conjuntivo de cicatrização. Isto se aplica
especialmente aos efeitos do trauma térmico.
109
Linguística Textual
110
Intertextualidade Capítulo 09
cisa dizer que faz remissão a outro texto e a qual texto, nos textos cien-
tíficos essa relação precisa ser explicitada. Como podemos ver no Texto
19, o autor da monografia explicita os textos a que se refere, e o faz por
ser uma condição dada pelo gênero: marcar as fronteiras entre o seu
discurso e o do outro, atribuindo a autoria desse outro discurso citado.
Leia mais!
Para um aprofundamento sobre o conceito de textualidade indicamos a
leitura do texto: Texto, textualidade, textualização, de autoria de Maria da
Graça Costa Val. In: FERRARO, Maria Luiza et al. (Org.). Experiência e
prática de redação. Florianópolis: Editora da UFSC, 2008, p. 63-86.
111
Unidade C
O texto na ótica dos estudos da
enunciação
Ao discutirmos o histórico da Linguística Textual na Unidade A, regis-
tramos que, atualmente, os estudos da área estão voltados para dois campos
de investigação: o da sociocognição e o da enunciação. Vimos que, no cam-
po da enunciação, as pesquisas têm abordado temáticas de ordem intera-
cional, tais como: gêneros do discurso/textuais, multimodalidade, hipertex-
to e a relação entre oralidade e escrita; e que, no campo da sociocognição,
abordam-se questões relativas ao processo de referenciação e inferenciação.
Nesta Unidade focalizaremos algumas dessas temáticas atuais de pes-
quisa e que consideramos relevantes para a formação do professor de
Língua Portuguesa, visto que olham o texto sob a ótica dos estudos da
Esses conceitos serão enunciação, o que vai ao encontro dos documentos oficiais de ensino
estudados nas disciplinas no que se refere ao texto como unidade de ensino nas práticas de leitu-
de Linguística Aplicada.
ra, escuta, produção textual e análise linguística. Acerca das temáticas
focalizadas na vertente enunciativa da Linguística Textual, abordaremos
a noção de texto à luz dos estudos do discurso e dos gêneros do discur-
so/textuais, do hipertexto e da multimodalidade. Outrossim, vale regis-
trar que os estudos acerca dos gêneros do discurso/textuais são objeto
de estudo no campo da Linguística Aplicada. Por essa razão, eles serão
abordados de modo mais sistemático nas disciplinas desse campo de
conhecimento. Da vertente sociocognitiva dos estudos do texto apre-
sentaremos o conceito de referenciação.
Ao final do estudo desta Unidade esperamos que você seja capaz de:
115
Linguística Textual
vas específicas. A autora defende o estudo dos gêneros a partir das lentes
de uma retórica crítica que os concebe como chaves para a compreensão
de como é possível participar de uma ação exigida e motivada em uma
Esse conceito será dis-
cutido nas disciplinas de determinada comunidade (MILLER, 1984).
Linguística Aplicada. Por
hora, antecipamos que
entendemos por letra- No ano de 1990, o linguista americano Swales escreve Genre analy-
mento os usos sociais da sis: English in academic and research settings numa perspectiva sociorre-
escrita.
tórica próxima à de eventos de letramento, associando gênero às práticas
de falantes em uma comunidade, com ênfase nos propósitos comunica-
tivos e nas ações sociais. Para Swales (1990) gêneros são
116
Texto, gênero, discurso: três conceitos indissociáveis Capítulo 10
117
Linguística Textual
118
Texto, gênero, discurso: três conceitos indissociáveis Capítulo 10
de conceber a realidade. Além disso, todo discurso também é reflexo de
uma certa hegemonia, isto é, exercício de poder e domínio de uns sobre
os outros. A partir dessas características, o discurso organiza o texto e até
mesmo estabelece como o texto poderá ser, quais tópicos, objetos ou pro-
cessos serão abordados e de que maneira o texto deverá ser organizado
(KRESS, 1989). Assim, por exemplo, serão muito diferentes os textos cria-
dos dentro do discurso da igreja, da escola, da indústria, da ciência, dos
diferentes partidos políticos, da prostituição, etc. Cada instituição tem seus
discursos, sempre investidos de determinadas ideologias, determinadas
maneiras de ver, definir e lidar com a‘realidade’. Isso se reflete nos textos,
através dos quais nos comunicamos e executamos ações sociais. [...] Pense-
mos, por exemplo, nos textos usados nas escolas. Quais são eles, quem os
escolhe ou determina? Não são apenas os professores (principalmente) e
alunos, mas também determinações que vêm de práticas discursivas mais
amplas, pertencentes ao discurso que engloba, por exemplo, o programa
da escola, as normas da secretaria, da prefeitura, ou do estado, os PCN, ou o
MEC. A escolha de textos pode envolver ainda pressões da sociedade; por
exemplo, usar ou não usar textos que tratem de drogas, de relacionamento
ou identidade sexual etc. Fairclough (1989) fala em poder no discurso e
poder por trás do discurso. O primeiro é mais visível e pode ser exercido
in presentia, explicitamente, através de palavras ou textos específicos. O
poder por trás do discurso deriva de ordens do discurso não tão visíveis,
como é o caso dos discursos por trás da escolha do livro que a escola vai
adotar ou dos discursos que determinam o que significa ser professor e
consequentes formas de comportamento ou posicionamento diante da
profissão. São os poderes por trás do discurso que determinam qual gêne-
ro é mais apropriado para determinadas situações. Isto não significa que as
práticas discursivas não possam ser alteradas. Conforme aponta Giddens –
e Fairclough adota a mesma perspectiva –, cada situação de prática social
é simultaneamente coercitiva ou coibidora e capacitadora. Isto quer dizer
que ao mesmo tempo em que uma prática social pode repetir ou reforçar
práticas anteriores, pode também questionar, desafiar e mudar práticas
anteriores. Portanto, ao mesmo tempo em que os aspectos coercitivos ou
coibidores em princípio promovem a repetição, os aspectos capacitadores
permitem a mudança. Ter conhecimento sobre o envolvimento da lingua-
gem nas questões de poder pode cooperar para mudanças no exercício
de formas de poder. (MEURER apud MENEZES, 2010, p. 480).
Texto extraído de entrevista póstuma com José Luiz Meurer para o nú-
mero especial da Revista Brasileira de Linguística Aplicada, Belo
Horizonte, v. 10, n. 2, p. 479-494, 2010. Para ler a entrevista na íntegra
acessar: http://wac.colostate.edu/siget/rbla/meurer.pdf
119
Linguística Textual
Horizontes de valores Nesse enquadre teórico, a situação social de interação, com seus
sócio-ideológicos. horizontes axiológicos, não é apenas o espaço-tempo onde o texto é
produzido e interpretado, um contorno do texto, mas uma dimensão
120
Texto, gênero, discurso: três conceitos indissociáveis Capítulo 10
121
Linguística Textual
122
Texto, gênero, discurso: três conceitos indissociáveis Capítulo 10
123
Texto, hipertexto, hiperlink, novas formas de interação Capítulo 11
126
Texto, hipertexto, hiperlink, novas formas de interação Capítulo 11
127
Liguística Textual
128
Texto, hipertexto, hiperlink, novas formas de interação Capítulo 11
129
Multimodalidade Capítulo 12
12 Multimodalidade
No que se refere à produção, à circulação e à recepção de textos,
nos estudos de Linguística Textual atuais não é mais possível desconsi-
derar o caráter multimodal dos textos.
131
Linguística Textual
132
Multimodalidade Capítulo 12
133
Linguística Textual
134
Multimodalidade Capítulo 12
Vamos a outro exemplo de texto multimodal, mas agora do jor- A expressão entrevista
pingue-pongue é o nome
nalismo de revista impresso. Vejamos a seguir um texto do gênero entre- atribuído ao gênero pela
vista pingue-pongue com a atriz Carol Castro. empresa jornalística.
135
Linguística Textual
Texto 20
136
Multimodalidade Capítulo 12
137
Linguística Textual
tagem, pois ela não tem por objetivo capturar uma cena ou valorar um
fato propriamente dito, mas apresentar o entrevistado (a). A fotogra-
fia do entrevistado é um elemento constitutivo do gênero. Isso ocorre
porque é ela (a fotografia) que impulsiona o leitor para a leitura das
entrevistas, uma vez que, ao visualizar a fotografia o leitor pode se
sentir impelido a ler (ou não) a entrevista.
138
Multimodalidade Capítulo 12
139
Referenciação Capítulo 13
13 Referenciação
A relação entre língua, mundo e significação caracteriza uma
questão teórica que há muito tem sido foco de interesse dos estudos lin-
guísticos. Essa questão tem como principal objetivo saber como a língua
refere (ou representa) as coisas do mundo. Sobre isso Blikstein (apud Estamos nos referindo à
KOCH, 2004, p. 51) questiona: “Até que ponto o universo dos signos idéia segundo a qual a
língua é um sistema de
linguísticos coincide com a realidade ‘extralinguística’? Como é possível etiquetas que se ajustam
conhecer tal realidade por meio dos signos linguísticos? Qual o alcance mais ou menos bem às
coisas, concepção que
da língua sobre o pensamento e a cognição?”. caracteriza a história do
pensamento ocidental
(MONDADA; BUBOIS,
Nos estudos linguísticos, há, no mínimo, duas perspectivas que 2003) e que remete à te-
enfocam tal problemática. Uma delas é a noção clássica de referência, oria do mundo na mente
(SMITH, 1980).
propostas pelos estudiosos racionalistas. A outra é a proposta nomeada
referenciação, que, nos últimos anos, vem se opondo à primeira cor-
rente. As teorizações sobre referenciação têm sido desenvolvidas princi-
palmente por Apothéloz e Reichler-Bégueli (1995); Dubois e Mondada
(1995); Koch (2002); e Koch e Marcuschi (1998).
142
Referenciação Capítulo 13
143
Linguística Textual
144
Referenciação Capítulo 13
145
Linguística Textual
146
Referenciação Capítulo 13
147
Linguística Textual
mente havia no texto, mas não era assim categorizado. Podemos perceber
que o conceito de anáfora foi ampliado, passando a ser concebido tam-
bém como elemento responsável pelas recategorizações de referentes no
texto. Os estudos mais recentes sobre o processo anafórico mostram que
há casos de anáforas em que não são ativados elementos já textualizados.
O que se dá é um processo de ativação de referentes novos.
filho
extensão do pai
148
Referenciação Capítulo 13
o menino
o menino grande
o menino de outrora
boneco de madeira
inteligência pura
sem coração
novo irmão
149
Linguística Textual
150
Referenciação Capítulo 13
A expressão formas nominais ou expressões nominais referen- Veja como a noção de re-
ciais tem sido atribuída às formas linguísticas constituídas, basicamen- troação relaciona-se com
a coesão referencial (re-
te, de um determinante (definido ou demonstrativo), seguido de nome corrência) e a prospecção
(KOCH, 2002). Essas formas nominais referenciais são responsáveis por com a idéia de sequencia-
ção, conforme estudamos
dois grandes processos de construção do texto (e, consequentemente, no capítulo sobre coesão
do estabelecimento de sentidos no texto): retroação e prospecção textual.
151
Linguística Textual
Os exemplos de formas
nominais anafóricas 1) Anáforas co-referenciais sem recategorização:
expostas neste capítu-
lo foram extraídos de
Koch (2006). ӲӲ Por repetição: Durante a conferência, o Professor Doutor José
Mendonça pediu a palavra. O professor insinuou que o confe-
rencista estava cometendo um sério engano. Ou: Durante a con-
ferência, o Professor Doutor José Mendonça pediu a palavra.
Mendoncinha insinuou que o conferencista estava cometendo
um sério engano. Ocorre quando o núcleo da forma nominal
repete o antecedente que está sendo retomado, seja de forma
parcial ou na íntegra.
ӲӲ Por sinonímia: A polêmica parecia não ter fim. Pelo jeito, aquele
bate-boca entraria pela noite a dentro, sem perspectivas de solu-
ção. Nesse caso, a retomada de um antecedente ocorre através
de expressões sinônimas ou parassinônimas (quase-sinôni-
mas).
Mistério no zôo
152
Referenciação Capítulo 13
uma loja de São Paulo frascos de um veneno cuja fabricação e venda
estão proibidos no Brasil. O material apreendido contém a mesma
substância encontrada nas vísceras dos animais mortos, o fluoracetato
de sódio. (Época, 16/02/04)
153
Linguística Textual
TEXTO 21
Só dá Obama
Se a eleição para presidente dos Estados Unidos fosse apenas na Califór-
nia, mais precisamente em San Francisco, o democrata Barack Oba-
ma poderia dormir tranquilo nessa terça-feira, dia quatro de novembro,
já montando sua equipe de governo e delineando suas primeiras me-
didas. Por aqui, aonde quer que você vá, praticamente todo mundo diz
que vai votar ou já até votou no candidato democrata. Por sinal, os
eleitores de Obama estão votando em peso antecipadamente. Na se-
ção de votação aqui de San Francisco, filas enormes estão se formando,
avançando até para fora do prédio. Tem gente que fica até na chuva
aguardando sua hora de votar. E se você começa a perguntar, de dez
eleitores nas filas na última segunda-feira, nove afirmavam que votariam
em Barack Obama. Não é nenhuma surpresa. A Califórnia, governada
pelo republicano Arnold Schwarzenegger, é dada como Estado definido
a favor de Barack Obama.
154
Referenciação Capítulo 13
E-mail: valdo@folhasp.com.br
155
Linguística Textual
156
Referenciação Capítulo 13
157
Linguística Textual
O fim da mentira
158
Referenciação Capítulo 13
em que ela ocorre. Há vários motivos que podem levar uma pes-
soa a mentir, porém devemos analisar as circunstâncias que le-
vam a tal atitude e as consequências que dela advêm.
159
Linguística Textual
160
Referenciação Capítulo 13
161
Linguística Textual
162
Referenciação Capítulo 13
Leia mais!
Para aprofundamento dos estudos sobre gêneros do discurso/textuais,
recomendamos a leitura dos textos:
163
Unidade D
O texto na sala de aula
Ao final do estudo desta Unidade esperamos que você seja capaz de:
167
Linguística textual
Geraldi (1993 [1991]) lembra que, mesmo o texto não tendo a cen-
tralidade nas aulas de Língua Portuguesa, nem por isso ele deixou de es-
tar presente, embora de modo mais marginal, como já dito, e com uma
forma de inserção muito particular, à qual se opõe essa nova proposta
de ensino da disciplina de Língua Portuguesa. Vejamos, então, como era
essa presença do texto na sala de aula.
168
O texto nas aulas de Língua Portuguesa Capítulo 14
169
Linguística textual
Embora, muitas vezes, a) a prevalência dos estudos gramaticais, que sempre foram vistos
o professor justifique
que ensina categorias como os “verdadeiros conteúdos da disciplina de Língua Por-
gramaticais para que o tuguesa”: Essa prevalência pôs o ensino da produção de textos
aluno aprenda a escre-
ver melhor. como uma atividade menos importante na escola, logo, muito
menos focada pelo professor;
Não estamos defendo a b) os limites dos estudos gramaticais: De modo resumido, podemos
desconsideração dessas dizer que as unidades de trabalho da gramática são a palavra e a
questões; o que que-
remos mostrar como oração. Esse limite imposto pelo objeto fez com que o olhar do
equivocada é a cen- professor também se voltasse para o limite da oração no texto
tralização do processo
ensino e aprendizagem do aluno, o que produziu certos modos de orientar e avaliar
de produção textual os textos, com enfoque prevalente para a correção da norma
nesses aspectos.
padrão, da concordância, da regência e da ortografia, e com a
quase desconsideração dos aspetos ligados à interação e à tex-
tualidade, como progressão temática, adequação do estilo e do
conteúdo do texto ao interlocutor etc.;
170
O texto nas aulas de Língua Portuguesa Capítulo 14
171
Linguística textual
172
O texto nas aulas de Língua Portuguesa Capítulo 14
173
O que é texto para o aluno? Capítulo 15
Texto 22
Transcrição do texto:
175
Linguística Textual
Texto 23
Transcrição do texto:
176
O que é texto para o aluno? Capítulo 15
O rato e o menino
177
Linguística Textual
leva o leitor a ter de inferir que o rato esteja vivo. Ou seja, a leitura do texto
não permite que o leitor construa um mundo textual coerente e o resulta-
do é cômico (ainda que não pareça ter sido essa a intenção do autor).
ӲӲ a metarregra de repetição;
ӲӲ a metarregra de progressão;
ӲӲ a metarregra de não-contradição;
ӲӲ a metarregra de relação.
Assim, para que um texto seja coerente para o leitor, é preciso que,
no seu desenvolvimento, não se introduza nenhum elemento semântico
que contradiga um conteúdo posto ou pressuposto por uma ocorrência
anterior, ou dedutível desta por inferência (metarregra da não-contra-
dição). Se essa contradição não for intencional e não sinalizada para o
leitor, ela acarreta problemas de coerência interna no texto, como esta
que se apresenta no texto da criança, pois o rato está morto e vivo ao
mesmo tempo. Esse problema de contradição afeta o levantamento das
inferências no texto, bem como a focalização, que, como vimos na Uni-
dade B deste livro, são elementos importantes para que o interlocutor
construa a coerência do texto.
178
O que é texto para o aluno? Capítulo 15
180
O que é texto para o aluno? Capítulo 15
G1
“Uma redação.”
G2
“Um conjunto de frases que sempre trazem algo de bom para nós.”
181
Linguística Textual
182
O que é texto para o aluno? Capítulo 15
Leia mais!
Para aprofundamento dos conteúdos tratados nesta Unidade, indica-
mos duas obras seminais que tratam das questões do texto nas aulas
de Língua Portuguesa,ambas de autoria de João Wanderley Geraldi.
183
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste livro, aprofundamo-nos nos estudos da disciplina de
Linguística Textual: conhecemos o histórico da disciplina, os conceitos
de texto que emergiram em suas diferentes fases e vertentes, apropria-
mo-nos do conceito de textualidade, correlacionamo-no ao conceito de
gêneros do discurso e abordamos cada um dos princípios de textualidade
para entender o texto à luz desses princípios. Vimos o funcionamento
de todos esses conceitos por meio da análise de textos, momento em
que pudemos observar e apreender o modo de textualização de cada um
dos princípios. Além disso, pudemos compreender a importância desses
conceitos para a formação teórico-metodológica do professor de Língua
Portuguesa. A correlação entre conhecimento teórico e conhecimento
didático foi estabelecida na leitura e discussão das implicações pedagó-
gicas apresentadas ao final dos capítulos.
Assim, esperamos que, por meio deste livro, tenhamos tido a opor-
tunidade de estabelecer uma interação prazerosa e proveitosa e que o
diálogo aqui iniciado tenha continuidade em muitos outros momentos.
Os autores
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