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XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção


Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE
AÇÃO A PARTIR DA APLICAÇÃO DA
CURVA ABC VISANDO A OTIMIZAÇÃO
DA GESTÃO DO ESTOQUE: PESQUISA-
AÇÃO EM UMA EMPRESA DO SETOR
METAL-MECÂNICO
BRUNO CONSERVANI (FIEL)
brunoconservani@hotmail.com.br
Lincoln Jose Alvares Irano (FIEL)
lincoln.irano@hotmail.com
Joao Paulo Lopez (FIEL)
jplopez@thales21.com.br
VANESSA MORAES ROCHA DE MUNNO (FIEL)
vanessa.moraes8@hotmail.com

No contexto atual do mercado em busca da redução de custos para


ganho na abrangência de atuação, a gestão de estoques é um dos
pontos importantes para abordagem de melhorias, aplicações de
ferramentas de análise e grande possibilidade de diferencial
competitivo. Dentro da gestão de estoques consolidamos o estoque
como item crítico de alta severidade por apresentar riscos de
sobrevivência perante aos concorrentes diretos, impacta na
lucratividade da organização e onera os capitais investidos, sendo
ainda parte dos custos logísticos. A pesquisa-ação foi realizada em
uma empresa metal-mecânica do estado de São Paulo com base na
ferramenta Curva ABC sem nenhum tipo de investimento financeiro
para a aplicação. A Curva ABC é a análise dos 80/20 (80% dos
resultados advêm de 20% dos esforços), uma ferramenta de gestão com
técnica direta de classificação de informações para análise de
problemas e causas por ordem de importância, podendo instruir a
adequada atenção do administrador da informação. Portanto, o
presente trabalho teve como objetivo otimizar o uso do estoque,
identificar os itens menos significativos e definir critérios para realizar
o descarte. Como resultados foram estabelecidos critérios para
tomadas de decisões entre manter ou descartar modelos menos
representativos para o faturamento e a proposta de um plano de ação
para execução das atividades envolvendo os critérios definidos.

Palavras-chave: plano de ação, gestão de estoque, curva ABC


XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

1. Introdução

No ritmo acelerado e competitivo, as organizações seguem em busca de um espaço fidelizado


entre seus clientes e fornecedores com melhores perspectivas de relacionamento. Em um
ponto de vista holístico, a logística pode marcar o diferencial entre uma organização e seus
concorrentes. As empresas que buscam ter um diferencial em um ambiente de hostilidade e
altamente competitivo devem buscar recursos internos, melhorias em seus processos para
assim vencer a concorrência e ser líder em seu nicho de mercado.

Conforme Bowersox, Closs e Cooper (2013), as tomadas de decisões embasadas aos estoques
são cruciais para a cadeia de suprimentos, intervindo diretamente na satisfação do cliente e na
qualidade dos produtos. Uma decisão tomada de maneira errônea pode ser de alto risco e
impacto para a cadeia de suprimentos e para os custos logísticos.

Para Castiglioni (2012), o estoque utiliza vários recursos, como espaço, pessoas,
equipamentos, entre outros, e a Curva ABC favorece a análise podendo contar com o valor
estocado, espaço utilizado pelo estoque, tempos logísticos desprendido para movimentações, e
despesas geradas a partir de um estoque parado ou mal organizado.

Portanto, o presente trabalho tem como objetivo otimizar o uso do estoque, identificar os itens
menos rentáveis e definir critérios para realizar o descarte. Para isso se realizou uma revisão
bibliográfica sobre o tema para, em seguida, se verificar a possibilidade de aplicação dos
conceitos examinados a situações do mundo real por meio de uma Pesquisa-Ação em uma
empresa de metal-mecânica do interior do estado de São Paulo. Partindo da análise dos dados
históricos referente ao faturamento dos modelos de um período de 7 anos, foi aplicado a curva
ABC para identificar a classe dos itens menos representativos em relação ao faturamento,
posteriormente foram analisadas as restrições envolvidas dos itens menos rentáveis afim de
estabelecer uma redução do estoque destes modelos, finalizou-se com o estabelecimento dos
critérios para a tomada de decisão em manter ou descartar os modelos e a proposta de um
plano de ação para a execução pela empresa.

2. Revisão de literatura

2.1. Estoque

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Dentro das organizações de hoje, os estoques se mantêm presentes e podem ser vistos por dois
pontos: negativos e positivos. O ponto negativo pertence, a critério, ao grande capital
investido e sua possibilidade de gerar custos, como os custos de manuseio e de armazenagem.
Entretanto, deve-se analisar o lado positivo, pois os estoques conseguem trazer vantagens
competitivas, como consequência pode-se ter o pronto atendimento à demanda do cliente,
permite economias de escalas além da segurança em um espaço de dubiedade. (SLACK et al.,
2009).

Lustosa et al. (2008), esclarece estoque sendo representante de um valoroso ativo nas
empresas de transformação de bens e, por consequente, deve-se realizar o gerenciamento de
forma eficiente para que não afete os ganhos. Com isso as organizações visam estratégias para
reduzir todos os seus estoques como resultado se tem a redução da importância sobre o ativo
que está representado em forma de estoque.

Para Bowersox, Closs e Cooper (2013), o estoque em uma empresa se reflete em um ativo
atual que deverá fornecer uma restituição do capital investido e esse retorno sobre os
investimentos em estoque é à margem de lucro sobre as vendas que não seriam possíveis sem
o estoque.

Contudo, podem definir-se como estoque quaisquer quantidades, de bens físicos, ativos ou
inativos, que sejam conservados em uma forma improdutiva, ou seja, são guardados sem
utilização, por um período de tempo. A grande âncora da empresa pode ser o estoque, pois
nele se concentra um investimento, e espera-se que o dinheiro investido nesse estoque seja de
rápida liquidez para atender a demanda de produção e o atendimento às vendas programadas
(FRANCISCHINI E GURGEL, 2002).

Entretanto, há quem defenda o estoque zero, como a filosofia do JIT (Just In Time), porém na
realidade há algumas empresas que devem manter seus estoques os menores possíveis, mas
conforme Francischini e Gurgel (2002), independente da razão para se ter estoques, pode-se
eliminar diante de um bom trabalho. Contudo o fator determinante para se ter a ideia de
estoque zero seriam os custos para manter esse estoque, custo de estoque zero pode se tornar
maior do que o custo de manutenção, entretanto mesmo que a empresa mantenha os estoques,
deve-se manter os mais baixos possíveis.

2.2. Objetivo de analisar o estoque

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O grande conceito da administração de estoque é potencializar os investimentos em estoques,


adequando ao uso competente dos meios internos da empresa, reduzindo assim as
necessidades de investimento em estoques. (DIAS, 1995).

Entretanto, hoje a grande preocupação com o estoque está atrelada ao seu custo, por isso há a
necessidade de estar atualizando e melhorando os modelos e as quantidades a estocar. Hoje
um grande diferencial das empresas pode ser como gerenciar os seus custos e como reduzir da
melhor maneira, pois a diferença dos concorrentes pode estar em seus custos logísticos, no
caso, os custos de estoque (LUSTROSA et al., 2008)

Conforme Dias (1995), a grande influência no desenvolvimento das indústrias, faz com que a
concorrência de outras empresas da área impõe a necessidade dos administradores da
empresa, disponham de ações para reduzir ao máximo todos os custos. Entre todos os custos
que podem sensibilizar a rentabilidade de uma empresa, os que mais se sobressaem são os
custos decorrentes de estocagem, que são atividades referentes à movimentação dos materiais
no armazém e o armazenamento dos materiais que são todas as atividades de estocagem desde
a descarga ate a locação em local apropriado, no qual, devem ter extrema atenção de todos os
gestores.

Podendo ser um dos focos nas preocupações, o custo de estoque pode oferecer riscos à
sobrevivência da empresa perante os concorrentes diretos no mercado, devendo manter um
controle de extrema severidade sobre seus itens e utilizar de ferramentas para deixar seus
custos em margens aceitáveis (FRANCISCHINI E GURGEL, 2002).

Os custos de estoques são influenciados por duas variáveis que reduzem esses custos de forma
expressiva, que são a quantidade estocada e o tempo de armazenagem. No caso de pequena
quantidade em estoque e com uma alta rotatividade, influencia diretamente nos resultados dos
custos de estoque. Ao contrário, quando há grandes quantidades de estoque com uma baixa
rotatividade, há a necessidade maior de mão de obra e de equipamentos para a movimentação
dos materiais, como consequência disso a elevação dos custos logísticos. (DIAS, 1995).

Contudo os custos de estoques e armazenamento são apenas partes de todos os custos


logísticos, onde as organizações devem manter conhecimento. Os custos de armazenamento
devem ser mantidos os mais baixos, conforme os custos de estoques, pois são critérios de
grande impacto na lucratividade e ajudam no desempenho das organizações. Torna-se uma
obrigatoriedade deixar este custo o mais baixo possível, pois trata-se de um item crítico e

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oneroso para a empresa e apontado como de impacto em sua lucratividade. Pode ser calculado
como resultado da multiplicação entre estoque médio, preço médio unitário, tempo de estoque
e custo de armazenamento unitário (FRANCISCHINI E GURGEL, 2002).

2.3. Conceito de controle de estoques

Conforme Dias (1995), para que as organizações possam descrever suas principais funções no
controle de estoque algumas diretrizes devem ser respondidas, como o que será armazenado,
quando isso deve ser feito e quanto deste item. Seguindo a linha de raciocínio, o domínio
sobre o número de itens estocados, a periodicidade de abastecimento e a quantidade comprada
em um período serão dados de controle eminentes do administrador.

Para Francischini e Gurgel (2002), o conceito de estoque passa por uma ideia de fluxo de
informações que permitem uma avaliação entre o real e o planejado, e que exista um fácil
acesso aos itens estocados para as eventuais utilidades. Este estoque deve ser elaborado de
modo a obedecer às restrições da empresa, atender as necessidades geradas pelos usuários e
clientes e que não seja de grande volume a ponto de prejudicar a rentabilidade da empresa.

Viana (2009) resguarda que políticas de estoques auxiliam no conjunto de atividades que são
responsáveis pela gestão de estoques, levando em conta o total atendimento das necessidades,
com redução de custos e grande eficiência, fazendo o maior giro possível para recuperar o
capital investido em materiais.

Wankee (2006) entrega grande importância à gestão de estoques, pois auxilia


fundamentalmente a redução e o controle dos custos de estoques e auxilia e realiza melhorias
no nível de serviço prestado pela empresa.

2.4. Curva ABC

Castiglioni (2012) entendem que, para uma análise, alguns itens devem ser tratados de modo
diferenciado e consiste no uso para classificar estes itens a Curva ABC, que utiliza o princípio
de Pareto.

Destro (2015) apresenta que a análise de Pareto é baseada no fenômeno que ocorre
frequentemente de poucas causas explicarem a maioria dos efeitos, relacionada no conceito
80/20 (80% dos resultados advêm de 20% dos esforços). Slack (1997) e Werkema (1995)

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expõem que é uma técnica relativamente direta, que envolve classificar os itens de informação
nos tipos de problemas ou causas de problemas por ordem de importância, o que permitir a
concentração dos esforços para melhoria nas áreas onde os maiores ganhos podem ser
obtidos, tornando evidente e visual a priorização de problemas e projetos.

Dias (1995) afirma que a análise ABC, empregada na análise de estoque, é uma ferramenta
que permite instruir os administradores a identificar os itens do estoque que necessitam de
uma atenção mais ponderada e um tratamento adequado quanto a sua administração. Para se
obter a curva ABC, devem-se ordenar os itens conforme a sua importância dentro da cadeia
produtiva.

Martins e Laugeni (2005) definem a classificação ABC como uma ordenação de itens que são
empregáveis através de uma função de valor financeiro e são classificados como:

 Classe A: é formada por poucos itens (de 10% a 20% dos itens) o valor desses itens
devem ser alto (acima de 50% a 80% normalmente);
 Classe B: é formado por uma quantidade mediana de itens (20% a 30% normalmente)
o valor desses itens gira ao redor de 20% a 30%;
 Classe C: é formada por uma grande parte dos itens (acima de 50%), porém o
contraponto nessa parte é que os itens têm um valor agregado muito baixo que fica
entre 5% a 10%.

Já Slack (2009) faz a classificação dos itens que constituem a curva ABC conforme a seguinte
configuração:

 Itens da classe A correspondem a 20% de itens com grande valor agregado e que
representam cerca de 80 % do valor total de estoque, ou de qualquer outro item em
análise;
 Itens da classe B correspondem ao valor mediano, geralmente em torno de 30 % dos
itens e isso representa por volta de 10 % dos itens em estoque, ou qualquer outro item
em análise;
 Itens classe C correspondem ao valor mais baixo em análise, porém correspondem à
maior parte do estoque total, sendo por volta de 50% dos itens, porém o valor é de
10% dos itens totais.

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Segundo Santos et al. (2012), afirmam que a utilização de ferramentas da gestão de estoques
dentro de uma organização traz benefícios a todos departamentos da empresa. A curva ABC
teve influência na qualificação dos fornecedores, após a aplicação da curva o padrão e a
qualidade dos fornecedores melhoraram cerca de 30%, no qual comprova a aplicabilidade da
curva e das ferramentas de gestão.

Segundo Estivallet et. al (2005), dizem que a ferramenta da curva ABC é de fácil aplicação e
com grandes benefícios para as empresas, pois permite o maior e mais fácil entendimento
sobre questões estratégicas relacionadas a gestão de estoques. Complementam que as
empresas para seguir em um processo de modernização devem se aprofundar e investigar
mais sobre a área de estoques, excluindo-se um pensando de estoque como almoxarifado
aonde se aloca peças e dispositivos para operação, mas sim visualizando de forma estratégica
uma gestão de estoque com oportunidades de redução de custos.

Contudo a aplicação da curva ABC abrange a todos os tipos de nichos que seja necessário a
gestão de estoques, conforme Silva (2010) a análise ABC para a seleção de medicamentos
pode ser uma nova perspectiva para desenvolver uma administração de estoques em farmácias
hospitalares. Também ressalta a importância da curva ABC dizendo que a eficiência dessa
ferramenta é capaz de reduzir as despesas internas de um hospital com a redução dos estoques
de medicamento, sendo que a receita de medicamento para um hospital é de 10% a 20% do
orçamento.

3. Metodologia do desenvolvimento da pesquisa

A aplicação desse artigo foi realizada em situação encontrada em um armazém com 3.707
unidades de modelos para fundição de uma empresa metal-mecânica do estado de São Paulo e
que tem como um dos seus segmentos peças fundidas. A aplicação da curva ABC foi
estrategicamente utilizada para estudo do problema encontrado baseando-se em uma análise
que não demandaria investimento financeiro da empresa que sediou o trabalho e que seriam
utilizados somente recursos de informações, alcançando o ponto crucial de maior impacto nos
resultados com o menor custo na aplicação.

Os dados fornecidos pela empresa são faturamentos nos anos de 2005 a 2011 adquirido por
um relatório de sistema chamado Curva ABC de Vendas Produto por Valor obtido via ERP
TOTVS. Supondo que a aplicação da ferramenta na situação gerada seria no ano de 2012,

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cria-se um ambiente de dados reais e evidenciando o método e resultado da ferramenta curva


ABC. O relatório menciona faturamento versus moldes utilizados no período, podendo chegar
nos 20% dos modelos que correspondem 80% do faturamento e dados subsequentes.

3.1 Situação encontrada

A organização identificou necessidades de um investimento no armazém de modelos para


ampliação do espaço de armazenamento, hoje modelos são armazenados dentro do armazém,
mas fora das prateleiras, caracterizando a saturação dá área disposta para armazenagem.

O planejamento prevê a solução do problema criando mais localizações na vertical e


aumentando espaços disponíveis. Porém, necessita-se de investimento civil previsto em R$
200 mil, mais custos paralelos como os armazenamentos, tempos de processos, controles de
estoques, movimentações, todos não previstos pela organização.

3.2 Aplicação da ferramenta

Inicialmente, dados foram coletados pelo TI por relatórios dispostos ao comercial levando
como filtro os produtos fundidos faturados no período definido. Os relatórios foram
fornecidos em PDF e precisaram ser convertidos e unidos no Excel em uma tabela dinâmica,
chegando a informações como valor vendido acumulado, porcentagem do valor vendido,
porcentagem do valor vendido acumulado e alguns outros, logo após os dados foram
ordenados a partir do maior valor faturado para ser visto a rentabilidade dos modelos no
período e outras demais diretrizes sucessivamente, conforme figura 1.

Figura 1 – Dados iniciais

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Fonte: Os autores (2015)

Então, pode-se aplicar a primeira parte conceitual, onde 80% do faturamento devem
representar cerca de 20% dos modelos, e consequentemente, 15% do faturamento relacionado
aos 30% e 5% do faturamento os demais 50%.

O primeiro parâmetro de análise onde a classe A é representada pelo maior faturamento


identificou-se 16,2% dos modelos, ou 601 itens e R$ 237,6 milhões, a classe B 25,7% dos
modelos respondendo por 954 itens e R$ 44,6 milhões, e a classe C R$ 14,9 milhões e
representada por 2.152 itens ou 58,1% da totalidade, como mostra a tabela 1.

Tabela1 – Dados da Curva ABC no armazém de modelos (2005 – 2011)

Fonte: Os autores (2015)

O indicador Margem de Contribuição impacta diretamente na decisão sobre os itens


estudados, devida meta mínima estipulada em 46% das vendas para alcançar objetivos da
organização. Dentro dos 46% a organização descriminou que existem ainda 38,9% de débitos

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acertados pós vendas como comissões, representações, e acertos comerciais. Atendendo a


meta supõe-se que o lucro líquido das vendas fixa-se em 12,1% identificando a seguinte
situação exibida na tabela 2.

Tabela 2 – Porcentagem dos resultados

Fonte: Os autores (2015)

A situação evidenciada na tabela 2 consiste na atenção que a classe A deve receber por sua
lucratividade e a atenção que a classe C deve ter devido sua baixa lucratividade resultada de
uma grande e custosa gestão. Especificamente, a classe C representa 6,3% do faturamento da
classe A e por sua vez tem 27% dos modelos da classe C, tornando-se uma gestão menos
custosa e de maiores resultados. Assim, a classe C aprimora o entendimento que seu
faturamento é pouco significativo relacionado aos demais, além da demanda de esforços
empenhados em grandes quantidades de modelos.

Supondo-se que a organização deixasse de vender os itens da classe C a baixa de faturamento


líquido destes 7 anos analisados seriam de R$ 827,21 mil, distribuído em média pelos anos
resultaria em R$ 118,17 mil. No mesmo período a classe A deixaria de gerar um faturamento
líquido de R$ 13,2 milhões em 7 anos ou R$ 1,9 milhões por ano, mais uma vez sendo
contestada a pertinência dos esforços direcionados para a classe C de tão baixo impacto no
faturamento, e consequentemente a priorização dos itens mais lucrativos.

4. Resultados e discussões

Identificou-se então a possibilidade da classe C ser avaliada quanto a sua pertinência e


importância para que mantêm-se existentes os itens armazenados, antes de quaisquer decisões
alguns critérios identificados podem ponderar a permanência dos modelos no armazém.

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A organização deteve um primeiro critério crucial para priorização das necessidades de


existência no estoque, e este critério é visto como um tempo mínimo de permanência em
armazenamento sem que o modelo seja utilizado, julga-se 5 anos o maior período que o
modelo pode ficar sem utilidade e permanecer estocado antes de passar pelas demais
avaliações ou o tempo máximo que o modelo pode ficar estocado sem que seja aproveitada
sua disponibilidade. A partir desta orientação, outros demais decisivos critérios foram
levantados para que se possa chegar ao consenso da oportunidade de aproveitamento dos itens
menos significativos e do espaço saturado do armazém. Analisado o critério de 5 anos sem
utilização, os demais critérios mencionados e considerados impactantes para a decisão são os
que seguem no quadro 1.

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Quadro 1 – Critérios e descrições

Fonte: Os autores (2015)

Uma das oportunidades de abordagem deste assunto é a confecção de um plano de ação para
uma possível resolução do problema e análise de todas as variáveis contidas nesta pesquisa
com base nos dados evidenciados, o plano deve ser montado com algumas premissas iniciais
onde devem ser definidas diretrizes.

Para que o plano de ação seja bem estruturado e possa atender todas as expectativas ele deve
iniciar-se com a definição do objetivo de estar realizando este plano. Com o objetivo
determinado, alguns tópicos devem ser abordados para um ótimo resultado deste
planejamento, tais como, o que será feito ou quais são as etapas que devem ser seguidas para
o alcance do objetivo determinado, qual a justificativa deste planejamento ou porque isso será

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feito, qual o local da aplicação do plano de ação, qual o período que será desenvolvido ou
quanto tempo ele permanecerá em andamento, quem terá a responsabilidade e quais os
envolvidos, qual o método que será utilizado para chegar ao objetivo e por fim o quanto tudo
isto custará para que seja realizado, se necessário investimentos.

Entende-se que as definições podem ser guiadas da seguinte forma, serão feitas análises em
etapas para o objetivo de eliminar modelos inviáveis, a justificativa deste plano de ação são os
benefícios identificados e mencionados na pesquisa, o local onde será aplicado é o espaço
físico do armazém de modelos, o período ou prazo deve ser em tempo hábil para o
desenvolvimento e para que as informações não se tornem inválidas, a responsabilidade deve
ser delegada a um líder de uma equipe multifuncional para que se possa agregar maior valor
com os diversos tipos de conhecimentos, o método da abordagem é à avaliação dos critérios
determinados e, por fim, os investimentos devem ser previstos antes do início do projeto para
identificar o custo do plano de ação.

Após todos estes esforços para eliminar as perdas deste processo de armazenagem, gerou-se
um saving financeiro como retorno do desenvolvimento de uma ferramenta de gestão e
análise estatística, dentro destes ganhos podemos visualizar o especo de espaço de
armazenamento, com ganho de espaço podemos melhorar as localizações dos demais itens
aproveitados priorizando os da classe A, será refletido em menores custos logísticos de
transportes internos e no tempo de disponibilidade dos itens para a fabricação, que por sua vez
afeta os prazos de produção, os clientes, e possíveis novos parceiros interessados em
processos consistentes e com melhorias contínuas, gerando novas oportunidades no mercado.
Quanto aos investimentos já previstos, o saving principal fica em R$ 200 mil que não
precisará mais ser gasto, ao invés, pode ser aplicado junto ao espaço economizado no
armazém para gerar uma nova área fabril, aumentando a capacidade de produção da
organização, ou em outras diversas necessidades e investimentos planejados.

5. Considerações finais

A ferramenta de análise ABC possibilitou a diminuição de perdas em processos internos, esta


redução projeta um reflexo do menor custo de armazenagem e maximização dos lucros nas
vendas podendo ser visto como diferencial para preços mais competitivos, consequentemente
chegando a atingir uma maior parcela do mercado alvo e novos vínculos ou parcerias.

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Esta ferramenta conseguiu atingir sua previsível facilidade de aplicação devido ao seu alto
impacto nos resultados e baixo custo de investimentos, consagrando assim ganhos não
mensuráveis perante a abordagem da pesquisa, como no espaço de armazenamento
disponibilizado, na otimização das localizações, nas disponibilidades dos modelos absorvidos,
nos custos gerais de armazenamento, em recursos financeiros retidos, na diminuição da
quantidade de modelos a serem gerenciados, nos transportes internos, no tempo de produção,
no prazo de entrega, na satisfação do cliente, na disposição para aumento da área fabril e por
fim o ganho mensurável de um investimento mal planejado que poderia ter sido viabilizado de
maneira errônea comprometendo R$ 200 mil dos ativos da organização, e dispensando todas
as melhorias citadas acima.

Antes de quaisquer ações de contenção nos modelos da classe C todos os critérios levantados
devem ser fielmente analisados para que não comprometam os ganhos estimados pela retirada
dos inviáveis, estes que analisados como passíveis de desligamento das operações sugere-se
que devam ser reciclados ou dados os devidos caminhos para o reaproveitamento ecológico da
madeira proveniente de 100% dos modelos.

REFERÊNCIAS
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CASTIGLIONI, José Antônio de Mattos. Logística Operacional: Guia Prático. 2. ed. São Paulo: Érica, 2009.

DESTRO, Iuri. Inventario geral versus inventario cíclico: Qual a melhor opção para combater divergência de
inventário e melhorar os indicadores de estoque e de atendimento ao cliente?. Mundo Logística, Curitiba, v. 8, n.
44, p.33-35, jan. 2015. Bimestral.

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LUSTOSA, L. et al. Planejamento e Controle da Produção. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

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SANTOS, Eduardo Bezerra dos et al. Análise da Utilização de Ferramentas de Gestão de Estoque em uma
Empresa Produtora de Bebidas, Como Auxílio à Gestão da Logística de Materiais em um Cenário de
Demanda Variável. 2012. Disponível em:
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