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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO


CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS
 

PESQUISA DE CAMPO VERSUS PESQUISA DE LABORATÓRIO

  
 
 

JERÔNIMO MONTEIRO
2011
i

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO


CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS
 

 
DAYVID RODRIGUES COUTO
MARCELO DAN SCARDUA
TESSA CHIMALLI
 

PESQUISA DE CAMPO VERSUS PESQUISA DE LABORATÓRIO

Trabalho realizado como parte do


programa de mestrado em Ciências
Florestais, apresentado à disciplina de
Metodologia Científica ministrada pelo
Professor Wendel Sandro de Paula
Andrade.

  
 
 

JERÔNIMO MONTEIRO
2011
ii

RESUMO

Todos os seres vivos são capazes de possuir alguma forma de conhecimento,


porém o ser humano é capaz de transcender o conhecimento fornecido pelos
sentidos. Não existe um conceito universalmente aceito de ciência, esse
conceito não somente mudou ao longo dos séculos, como ainda foi
profundamente influenciado pelas tradições de pesquisa e de conhecimento
adotadas. A pesquisa, portanto, é uma indagação minuciosa na procura de
fatos e princípios. Pesquisa científica é a realização concreta de uma
investigação planejada, desenvolvida e redigida de acordo com as normas da
metodologia consagrada pela ciência. Inúmeros são os conceitos de pesquisa
científica, mas o que se verifica como o cerne de seu entendimento é que todas
mantêm a idéia do procedimento lógico e racional que utiliza métodos
científicos e que podem ser submetidos à verificação. Documentação direta
constitui-se em geral no levantamento de dados no próprio local, onde os
fenômenos ocorrem, e divide-se em Pesquisa de Campo e de Pesquisa de
laboratório. A pesquisa de campo é aquela efetuada onde ocorrem
espontaneamente os fenômenos, uma vez que não há interferência do
pesquisador sobre eles. A pesquisa de laboratório descreve e analisa o que
será ou ocorrerá em situações controladas, utilizando instrumental específico e
preciso. Seu objetivo deve ser previamente estabelecido e relacionado com
determinada ciência ou ramo de estudo. No presente trabalho, é apresentada
uma revisão de literatura referente à pesquisa de campo versus pesquisa de
laboratório no intuito de aprimoramento de conhecimentos em metodologia
científica e sua aplicação.

Palavras chaves: Pesquisa de campo. Pesquisa de laboratório. Pesquisa


científica.
iii

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 04
1.1 Conhecimento ........................................................................................ 04

1 INTRODUÇÃO ................................................................................ 04
1.1 Conhecimento.................................................................................. 04
1.2 Ciência............................................................................................ 06
1.3 Pesquisa......................................................................................... 07

2 REVISÃO DE LITERATURA........................................................... 09
2.1 Diferentes abordagens sobre tipologias de pesquisa...................... 09
2.2 Pesquisa de Campo......................................................................... 13
2.2.1 Tipos de Pesquisa de Campo.......................................................... 14
2.3 Pesquisas de Laboratório................................................................ 18

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................ 20

4 REFERÊNCIAS............................................................................... 21
iv
1

1 INTRODUÇÃO

Vários são os tipos de pesquisa desenvolvidos na academia para


responder aos diversos questionamentos levantados pelos pesquisadores. Na
área de Ciências Florestais, os tipos de Pesquisa de Campo e Pesquisa de
Laboratório assumem papéis relevantes. Na pesquisa de campo, a coleta de
dados é realizada diretamente na natureza, onde os fenômenos acontecem,
sem contudo haver qualquer inferência no controle das variáveis
independentes, como por exemplo os estudos fitossociológicos. Já a pesquisa
de laboratório, é desenvolvida em ambientes adequados e controlados,
havendo controle das diversas variáveis para testar hipóteses ou responder,
por exemplo, sobre a influência de um determinando elemento no
desenvolvimento de uma espécie florestal. Desta forma, espera-se esclarecer
eventuais dúvidas e dar suporte teórico sobre a aplicabilidade destes dois
importantes tipos de pesquisa apresentados.

1.1 Conhecimento

Etimologicamente, a palavra "conhecimento" deriva do latim cognitio (o


termo grego correspondente é ghnosis). Segundo Abbagnano (1992),
conhecimento é a técnica para comprovação de um objeto (seja ele uma
entidade, um fato, uma coisa, uma realidade ou uma propriedade). O termo
"comprovação" deve ser entendido como um procedimento que possibilita a
descrição, o cálculo ou a previsão do objeto. É preciso mencionar,
adicionalmente, que essa comprovação não é infalível.
Todos os seres vivos são capazes de possuir alguma forma de
conhecimento, porém o ser humano é capaz de transcender o conhecimento
fornecido pelos sentidos O conhecimento humano é intelectual, ou seja, o
homem é capaz de conhecer as realidades materiais não somente na sua
singularidade, mas ele pode comparar, analisar e fazer relações entre os
objetos.
Conforme Ruiz (1995), a tipologia de conhecimentos, grosso modo, se
divide em conhecimentos vulgar, intuitivo, teológico, filosófico e científico.
2

● Conhecimento vulgar: é uma forma empírica de conhecer as coisas,


baseada nas experiências e vivências de cada pessoa, que é capaz de atingir
os fatos, mas não de discutir-lhes as causas.
Ex.: por experiência própria ou transmitida pelos parentes e amigos,
todas as pessoas sabem receitas caseiras de remédios para algumas doenças;
entretanto, não sabem explicar o porquê dessas receitas funcionarem, nem
tampouco a forma pela qual elas fazem efeito.
● Conhecimento intuitivo: Ruiz (1995) observa que a intuição é uma
forma de conhecimento que, pela sua característica de atingir o objeto sem
"meio" ou intermediários de comparação, assemelha-se ao fenômeno do
conhecimento sensorial, em particular da visão. Há duas formas de
conhecimento intuitivo, o sensorial e o intelectual.
Ex.: a) Sensorial: conhecimento obtido por meio dos sentidos; b)
Intelectual: conhecimento obtido por meio de determinados princípios lógicos
("nada pode ser e não ser ao mesmo tempo sob o mesmo aspecto"), éticos
("faça o bem, evite o mal") e estéticos (conceito do belo ou esteticamente
agradável).
● Conhecimento teológico: o qual pressupõe a existência de uma
autoridade divina, suprema e soberana acima dos homens. Exige também a fé,
e se baseia na revelação divina. Os livros sagrados, revelados por Deus aos
homens são as fontes dos conhecimentos divinos.
Ex.: Enquanto o teólogo sustenta que o mundo é uma criação de Deus,
pois assim está escrito nos livros sagrados, o cientista se esforça por explicar
as leis físicas que deram origem ao mundo.
● Conhecimento filosófico: objetiva as idéias, as relações conceituais e
as causas mais remotas do objeto, embora ela tenha o mesmo objeto material
das ciências particulares, estas não podem se pronunciar sobre as finalidades
supremas de tal objeto, ao passo que a filosofia sim (RUIZ, 1995).
Ex.: o cientista estuda os mecanismos da vida humana, ao passo que o
filósofo indaga o porquê do homem estar vivo, o cientista estuda o papel do
cérebro no conhecimento, enquanto que o filósofo se concentra nos
mecanismos utilizados pela mente para o raciocínio, e assim por diante.
● Conhecimento científico: o conhecimento científico aspira à
objetividade, pois o cientista deve se despir de suas emoções e preconceitos,
3

de forma que suas experiências possam ser repetidas e suas conclusões,


verificadas por outros. O conhecimento científico se caracteriza ainda por ser
sistemático, metódico, preciso, e por estudar fatos abstratos, isolados do todo
aonde se inserem. O conhecimento científico é conhecimento confiável porque
é conhecimento provado objetivamente (CHALMERS, 1995).
Ex.: O cientista está interessado em descobrir regularidades que lhe
permitam enunciar generalidades sobre os fenômenos na forma de leis; assim,
ele busca descobrir relações universais e necessárias sobre os fenômenos
estudados e, ao encontrá-las, prever acontecimentos e agir sobre a natureza.

1.2 Ciência

Não existe um conceito universalmente aceito de ciência, esse conceito


não somente mudou ao longo dos séculos, como ainda foi profundamente
influenciado pelas tradições de pesquisa e de conhecimento adotadas.
Etimologicamente, a palavra "ciência" deriva do termo latino scientia,
cujo sentido original é aprendizado, conhecimento, saber que se adquire pela
leitura e meditação, instrução, erudição e sabedoria. Consiste em um conjunto
organizado de conhecimentos relativos a um determinado objeto,
especialmente os obtidos mediante a observação, a experiência dos fatos e um
método próprio. Reflete a soma de conhecimentos práticos que servem a um
determinado fim, que pode ser o entendimento de como o homem se relaciona
com a natureza visando à dominação dela em seu próprio benefício.
Como descrito por Ferreira (1986), ciência significa um conjunto de
conhecimentos socialmente adquiridos ou produzidos, historicamente
acumulados, dotados de universalidade e objetividade que permitem sua
transmissão, sendo estruturados com métodos, teorias e linguagens próprias,
que visam compreender e orientar a natureza e as atividades humanas.
Entre diversos autores que abordam a temática, são apresentadas
algumas definições que melhor relacionam a ciência com a pesquisa. .
A ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigido
ao sistemático conhecimento com objetivo limitado, capaz de ser submetido à
verificação (FERRARI, 1982).
4

Medeiros (2007) afirma que a ciência se identifica como um conjunto de


procedimentos que permite a distinção entre aparência e essência dos
fenômenos perceptíveis pela inteligência humana. É tida como um campo do
conhecimento que apresenta técnicas especializadas de verificação,
interpretação e inferência da realidade, compreendendo a teoria, a análise e a
política.
Assim, tem-se que a ciência pode ser definida como uma proposta de
aquisição sistemática de conhecimentos sobre a natureza biológica, social e
tecnológica, utilizando-se de ferramentas para aquisição e construção do
conhecimento. A ciência é o conhecimento racional, sistemático, e verificável
da realidade, que direciona o homem em busca de respostas para a
compreensão do mundo em que faz parte.

1.3 Pesquisa

Antes de serem definidas as diferentes "espécies" de pesquisa


científicas e seus métodos de coleta, organização e descrição das informações,
tem-se a definição do que consiste uma pesquisa. Entre diversos autores que
também estudam e apresentam o que é pesquisa e como fazê-la, serão
indicadas suas definições numa seqüência cronológica, afim de o leitor poder
perceber as algumas possíveis evoluções que vem ocorrendo ao longo dos
anos.
Segundo Asti Vera (1974 citado por MARCONI; LAKATOS, 1999) o
significado da palavra não parece ser muito claro ou, pelo menos, não é
unívoco. Para o autor, o ponto de partida da pesquisa encontra-se no problema
que se deverá definir, examinar, avaliar, analisar criticamente, para depois ser
tomada uma solução. A pesquisa é uma indagação minuciosa na procura de
fatos e princípios. Pesquisar não é apenas procurar a verdade, é encontrar
respostas para questões propostas, utilizando métodos científicos.
Para Ander-Egg (1978 citado por MARCONI; LAKATOS, 1999) a
pesquisa é um procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico, que
permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo
do conhecimento. Segundo Ferrari (1982), é uma atividade humana, honesta,
5

cujo propósito é descobrir respostas para as indagações ou questões


significantes que são propostas. Para tanto, o investigador utiliza-se do
conhecimento anterior e manipula cuidadosamente métodos, técnicas e outros
procedimentos, a fim de obter resultados pertinentes à sua indagação.
Minayo (1993), observando por um prisma mais filosófico, considera a
pesquisa como atividade básica das ciências na sua indagação e descoberta
da realidade. É uma atividade de aproximação sucessiva da realidade que
nunca se esgota, fazendo uma combinação particular entre teoria e dados.
Para Gil (1999), a pesquisa tem um caráter pragmático, é um processo
formal e sistemático de desenvolvimento do método científico, cujo objetivo
fundamental é descobrir respostas para problemas mediante o emprego de
procedimentos científicos, o que também é apresentado por Andrade (2007),
quando a define como um conjunto de procedimentos sistemáticos, baseado no
raciocínio lógico e com objetivo de encontrar soluções para problemas
propostos, mediante a utilização de métodos científicos.
Ruiz (1986) apresenta a pesquisa científica como sendo a realização
concreta de uma investigação planejada, desenvolvida e redigida de acordo
com as normas da metodologia consagrada pela ciência e aponta que é o
método de abordagem do problema de estudo que caracteriza a pesquisa
como científica. Segundo Ferrari (1982), a pesquisa científica é uma atividade
humana, cujo propósito é descobrir respostas para as indagações significativas
que são propostas. Para tanto, o investigador deve estar ciente de quais são as
finalidades da pesquisa, da caracterização formal sob a qual a opera, de suas
sucessivas etapas, das disposições pessoais e atitudes de trabalho científico
que o pesquisador deve desenvolver.
O trabalho científico passa a designar a concreção da atividade
científica, ou seja, a investigação e o tratamento por escrito de questões
abordadas metodologicamente (ANDRADE, 2007).
Assim, conclui-se que inúmeros são os conceitos de pesquisa científica,
mas o que se verifica como o cerne de seu entendimento é que todas mantêm
a idéia do procedimento lógico e racional que utiliza métodos científicos e que
podem ser submetidos à verificação.
 
6

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Diferentes abordagens sobre tipologias de pesquisa

No intuito de identificar diferenças entre pesquisa de campo e pesquisa


de laboratório, observou-se, conforme descrito nos Quadros 1 e 2, diversos
padrões de classificações das tipologias de pesquisas, utilizadas por diferentes
autores.
Conforme apresentado no Quadro 2, os autores classificam distintas
técnicas de pesquisa, e dentre estas, os assuntos objetos desse estudo,
pesquisas de campo e de laboratório, encontram-se na subdivisão de
documentação direta descrita por Markoni e Lakatos (2009), os quais foram
adotados como referência para comparação e explanação das tipologias de
pesquisas científicas. A documentação direta constitui-se em geral no
levantamento de dados no próprio local, onde os fenômenos ocorrem,
divindindo-se em Pesquisa de Campo e Pesquisa de laboratório.
7

QUADRO 1 - Tipologias de delineamentos de pesquisa sem agrupamentos.


Fonte: Adaptado e modificado de Bauren (2006).
Hymann Rummel Bryne et al. Ander-Egg Ferrari Cervo e Demo (1985) Ruiz (1986) Triviños (1987) Gil (1999)
(1967) (1972) (1977) (1978) (1982) Bervian
(1983)

-pesquisa -pesquisa - estudo de caso -pesquisa -pesquisa -pesquisa -pesquisa -pesquisa de -estudos -pesquisa
descritiva bibliográfica - comparação básica pura ou bibliográfica bibliográfica teórica campo exploratórios bibliográfica
-pesquisa -pesquisa - experimentação fundamental -pesquisa -pesquisa -pesquisa -pesquisa de -estudos -pesquisa
experimental experimental - simulação -pesquisa documental descritiva metodológica laboratório descritivos documental
-pesquisa aplicada -pesquisa de -pesquisa -pesquisa -pesquisa -estudos -pesquisa
social campo experimental empírica bibliográfica experimentais experimental
-pesquisa -pesquisa de -pesquisa -pesquisa ex-
prática laboratório prática post-facto
-levantamento
-estudo de
campo
-estudo de caso

QUADRO 2 - Tipologias de delineamentos de pesquisa com agrupamentos.


Fonte: Adaptado e modificado de Beuren (2006).
8

Silva e Menezes Andrade Marconi e Lakatos


Koche (1997) Vergara (1997) Santos (1999) Vergara (2000) Andrade (2002) Gil (2002)
(2001) (2007) (2009)

Quanto o Quanto aos fins Quanto aos Quanto aos fins: Quanto aos Quanto à natureza Quanto aos Quanto à Documentação
procedimento da - exploratória objetivos - exploratória, objetivos - trabalho científico objetivos gerais natureza Indireta
investigação do - descritiva - exploratórios - descritiva, - exploratória original - exploratórias - trabalho - pesquisa
problema - explicativa - descritivos - explicativa, - descritiva - resumo de - descritivas científico documental
- pesquisa - metodológica - explicativos - metodológica, - explicativa assunto - explicativas original - pesquisa
bibliográfica - aplicada - aplicada, - resumo de bibliográfica
- pesquisa - intervencionista - intervencionista assunto
experimental
- pesquisa
descritiva
- pesquisa
exploratória

Quanto aos meios Quanto Quanto aos meios: Quanto à fonte de Quanto aos Quanto à coleta Quanto aos Documentação
- pesquisa de campo aos procedimentos -pesquisas de dados objetivos de dados objetivos direta
- pesquisa de de coleta campo - pesquisa de - pesquisa - fontes de papel - exploratória - pesquisa de
laboratório - experimento - de laboratório campo exploratória (pesquisa - descritiva campo
- telematizada - levantamento - documental - pesquisa de - pesquisa bibliográfica e a - explicativa - pesquisa de
- documental - estudo de caso - bibliográfica laboratório descritiva documental) laboratório
- bibliográfica - pesquisa - experimental - pesquisa - pesquisa
- experimental bibliográfica - ex-post-facto bibliográfica explicativa
- ex-post-facto - pesquisa - participante
documental - pesquisa-ação
Quadro 2 – Cont. - estudo de caso

Silva e Menezes Andrade Marconi e Lakatos


Koche (1997) Vergara (1997) Santos (1999) Vergara (2000) Andrade (2002) Gil (2002) Continua...
(2001) (2007) (2009)
9

- participante - pesquisa-ação Quanto aos Quanto aos - dados Observação direta


- pesquisa-ação - pesquisa procedimentos de procedimentos fornecidos por intensiva
- estudo de caso participante coleta de dados - pesquisa de pessoas - observação
- pesquisa ex-post- - pesquisa campo (pesquisa - entrevista
facto experimental - pesquisas de experimental, ex-
- pesquisa - levantamento fonte de papel post-facto,
quantitativa - estudo de caso levantamento e
- pesquisa - pesquisa estudo de caso,
qualitativa bibliográfica pesquisa-ação,
- pesquisa pesquisa
documental  participante)

    Quanto às fontes   Quanto ao objeto      


de informação - pesquisa Observação direta
- campo bibliográfica extensiva
- laboratório - pesquisa de - questionário
- bibliográfica laboratório -
- pesquisa de formulário 
campo
10

2.2 Pesquisas de Campo

De acordo com Marconi e Lakatos (2009), a pesquisa de campo


caracteriza-se como aquela que objetiva conseguir informações e/ou
conhecimentos acerca de um problema ou de uma hipótese, que se queira
comprovar, ou ainda, descobrir novos fenômenos ou relações entre eles.
Consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem
espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de
variáveis que se presumem relevantes para analisá-los. Outros autores
apresentam a mesma forma de pesquisa sob outros enfoques, sendo alguns
também semelhantes.
A pesquisa de campo é aquela efetuada "em campo", onde ocorrem
espontaneamente os fenômenos, uma vez que não há interferência do
pesquisador sobre eles (FERRARI, 1982; ANDRADE, 2003; MORESI, 2003;
BONAT, 2009). No entanto, Trujillo (1982 citado por MARCONI; LAKATOS,
2009; BONAT, 2009) adverte que a pesquisa de campo não deve ser
confundida com "coleta de dados", pois esta é inerente à segunda fase de
qualquer pesquisa. Na pesquisa de campo, o pesquisador conta com controles
adequados e com objetivos preestabelecidos que descriminam suficientemente
o que deve ser coletado.
Ferrari (1982) propõe que estas pesquisas correspondem às que
possuem coleta direta de informação no local dos acontecimentos, constituindo
as pesquisas que são a segunda fase de uma pesquisa em geral ("coleta de
dados") ou as que se realizam (estudo de campo) como um empreendimento,
independente, com objetivo pré-determinado; e Marconi (1990 citado
ANDRADE, 2003) a classifica por seu objetivo de conseguir informações e/ou
conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta,
ou de uma hipótese, que se queira comprovar ou, ainda, descobrir novos
fenômenos ou as relações entre eles.
Para Gil (2002), o estudo de campo procura muito mais o
aprofundamento das questões propostas do que a distribuição das
características da população conforme determinadas variáveis,
estudando/focalizando um único grupo ou comunidade em termos de sua
estrutura social. Nessa pesquisa, o pesquisador realiza a maior parte do
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trabalho pessoalmente (experiência direta com a situação em estudo). Hair


(2005 citado por ZAPELINI, 2007) acrescenta que em relação à pesquisa de
laboratório, a pesquisa de campo é mais realista, menos limitada em termos de
resultados plausíveis e apresenta maior flexibilidade. Bonat (2009), por sua
vez, aponta como uma desvantagem que a pesquisa de campo encerra um
pequeno grau de controle na coleta de dados, uma vez que é baseada em
comportamentos de pouca confiança, seja verbal, seja visual.
Em relação às fases da pesquisa de campo, Markoni e Lakatos (2009)
apresentam as etapas seguintes. Em primeiro lugar, deve-se realizar uma boa
pesquisa bibliográfica do tema a ser estudado, o que permitirá ao pesquisador
estabelecer um modelo teórico inicial de referência e o auxiliará na
determinação das variáveis e elaboração do plano geral da pesquisa.
Posteriormente, de acordo com a natureza da pesquisa, deve-se determinar as
técnicas que serão empregadas na coleta de dados e na determinação da
amostra, que deverá ser representativa e suficiente para apoiar as conclusões
e por último, anteriormente às coletas de dados, é preciso estabelecer tanto as
técnicas de registro desses dados como as técnicas que serão utilizadas em
sua análise posterior.
Se por outro lado, a pesquisa de campo envolver um experimento, após
a pesquisa bibliográfica deve-se: 1) selecionar e enunciar um problema; 2)
apresentar os objetivos da pesquisa; 3) estabelecer a amostra correlacionada
com a área de pesquisa e o universo de seus componentes; 4) estabelecer os
grupos experimentais e de controle; 5) introduzir os estímulos (tratamentos); e
6) controlar e medir os efeitos.

2.2.1 Tipos de Pesquisa de Campo

Segundo Tropodi et al. (1975 citado por MARCONI; LAKATOS, 2009), as


pesquisas de campo são divididas em três grupos, como apresentado na
Figura 1.
12

Figura 1 – Organograma da classificação das pesquisas de campo e de laboratório.


Fonte: autores.

Dentre essas subdivisões, os diferentes grupos de pesquisas que se


enquadram dentro da documentação direta são elucidados nas descrições a
seguir.
 Quantitativo descritivos – consistem em investigações de pesquisa
empírica cuja principal finalidade é o delineamento ou análise das
características de fatos ou fenômenos, a avaliação de programas, ou o
isolamento de variáveis principais ou chave. Todos eles empregam
artifícios quantitativos tendo por objetivo a coleta sistemática de dados
sobre populações, programas, ou amostras de populações e programas
e utilizam como técnicas para coleta de dados entrevistas, questionários
e formulários, e empregam procedimentos de amostragem. Qualquer um
desses estudos pode utilizar métodos formais, que se aproximam dos
projetos experimentais, caracterizados pela precisão e controle
estatísticos, com finalidade de fornecer dados para a verificação de
hipóteses. Eles subdividem-se em:
- Estudos de verificação de hipótese: são os que contêm hipóteses
explícitas que devem ser verificadas. Essas hipóteses são derivadas da
13

teoria e, por esse motivo, podem consistir em declarações de


associações entre duas ou mais variáveis;
- Estudos de avaliação de programa: dizem respeito à procura dos
efeitos e resultados de todo um programa ou método específico de
atividades de serviços ou auxílio, que podem dizer respeito à grande
variedade de objetivos, relativos à educação, saúde e outros.
- Estudo de descrição de população: objetivam a exata descrição de
certas características quantitativas de populações como um todo,
organizações ou outras coletividades específicas. Geralmente contêm
um grande número de variáveis e utilizam técnicas de amostragem.
Quando pesquisam aspectos qualitativos como atitudes e opiniões,
empregam escalas que permitem a quantificação;
- Estudos de relações de variáveis: se referem à descoberta de variáveis
pertinentes a determinada questão ou situação, ou relações relevantes
entre variáveis.

 Exploratórios – são investigações de pesquisa empírica cujo


objetivo é a formulação de uma questão ou de um problema, com tripla
finalidade: desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do
pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno para a realização de
uma pesquisa futura mais precisa, e modificar e clarificar conceitos.
Obtêm-se freqüentemente descrições tanto quantitativas quanto
qualitativas do objeto de estudo, e o investigador deve conceituar as
inter-relações entre as propriedades do fenômeno, fato ou ambiente
observado. Dentre os procedimentos de coletas de dados podem ser
utilizados entrevistas, observações participante, análise de conteúdo
etc., no intuito de realizar um estudo relativamente intensivo de um
pequeno número de unidades, mas geralmente sem o emprego técnicas
probabilísticas de amostragem. Também pode ocorrer a manipulação de
uma variável independente com a finalidade de descobrir seus efeitos
potenciais. As pesquisas exploratórias dividem-se em:
- Estudos exploratório-descritivos combinados – têm por objetivo
descrever completamente determinado fenômeno, de forma tanto
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quantitativa e/ou qualitativa, quanto acumular informações detalhadas,


como as obtidas por intermédio da observação participante;
- Estudos usando procedimentos específicos para coleta de dados –
utilizam exclusivamente um dado procedimento para extrair
generalizações com propósito de produzir categorias conceituais que
possam vir a ser operacionalizadas em um estudo subseqüente. Dessa
forma, não apresentam descrições quantitativas exatas entre as
variáveis determinadas;
- Estudo de manipulação experimental – consistem nos estudos
exploratórios que têm finalidade de manipular uma variável
independente, a fim de localizar variáveis dependentes que
potencialmente estejam associadas a elas, estudando-se o fenômeno
em seu meio natural. Esses estudos demonstram a viabilidade de
determinada técnica ou programa como uma solução, potencial e viável,
para determinados programas práticos.

 Experimentais – constituem as investigações de pesquisa empírica,


cujo objetivo principal é o teste de hipóteses que dizem respeito a
ralações de causa e efeito. Todos os estudos desse tipo utilizam projetos
experimentais que incluem os fatores: grupos de controle (além do
experimento), seleção da amostra por técnica probabilística e
manipulação das variáveis independentes com a finalidade de controlar
ao máximo os fatores pertinentes. As técnicas rigorosas de amostragem
têm o objetivo de possibilitar a generalização das descobertas a que se
chega pela experiência. Por sua vez, para que possam ser descritas
continuamente, as variáveis relevantes são especificadas. Os diversos
tipos de estudos experimentais podem ser desenvolvidos tanto "em
campo", ou seja, no ambiente natural, quanto em laboratório, onde o
ambiente é rigorosamente controlado.

As pesquisas de campo, como todas as demais, apresentam suas


vantagens e também suas desvantagens. As vantagens seriam: a) acumulo de
informações sobre determinado fenômeno, que também podem ser analisadas
por outros pesquisadores com objetivos diferentes, e b) facilidade na obtenção
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de uma amostragem de indivíduos, sobre determinada população ou classe de


fenômeno. Nas desvantagens tem-se: a) pequeno grau de controle sobre a
situação de coleta de dados e a possibilidade de que fatores, desconhecidos
para o investigador, possam interferir nos resultados, e b) o comportamento
verbal ser relativamente de pouco confiança, pelo fato de os indivíduos
poderem falsear suas respostas.
Dentre as diversas ciências e ramos de estudo que utilizam a pesquisa
de campo para levantamento de dados, estão a Sociologia, a Antropologia
Cultural e Social, a Psicologia Social, a Política, o Serviço Social, as Ciências
Naturais e outras.
 
 
2.3 Pesquisas de Laboratório

Segundo Marconi e Lakatos (2009) a pesquisa de laboratório descreve e


analisa o que será ou ocorrerá em situações controladas, devendo ocorrer em
ambientes controlados e utilizando instrumental específico e preciso. Seu
objetivo deve ser previamente estabelecido e relacionado com determinada
ciência ou ramo de estudo. As técnicas utilizadas também variam de acordo
com o estudo a ser feito, ou seja, o que se propõe alcançar. É um
procedimento de investigação mais difícil, entretanto, mais exato. Quatro
aspectos devem ser levados em consideração: objeto, objetivo, instrumental e
técnicas.
As experiências podem ser efetuadas em recintos fechados (casas,
laboratórios, salas) ou ao ar livre, em ambientes artificiais ou reais, de acordo
com o campo da ciência que está realizando-as. Pode ser realizada com
pessoas, animais, vegetais etc. No laboratório, o cientista observa, mede e
pode chegar a certos resultados, esperados ou inesperados. No caso de
pessoas, estas podem ser colocadas em ambiente controlado pelo
pesquisador, que efetua observação sem tomar parte pessoalmente. Porém
muitos aspectos importantes da conduta humana não podem ser observados
em condições idealizadas em laboratórios, o que está mais relacionada ao
campo da Psicologia Social e da Sociologia (MARCONI; LAKATOS, 2009).
16

Ferreira (1982) aponta que a pesquisa de laboratório realiza-se


geralmente em recinto fechado e pelo menos apresenta três exigências, que
são a instrumentação, os objetivos e a manipulação dos instrumentos para
alcançar os objetivos. Ruiz (1991 citado por ANDRADE, 2003) coloca o
laboratório como o ambiente no qual o pesquisador tem condições de provocar,
produzir e reproduzir fenômenos, em condições de controle. Hair (2005 citado
por ZAPELINI, 2007) afirma que a pesquisa de laboratório pode ser
considerada como a manipulação de uma variável em ambiente artificial.
Permite maior controle sobre as variáveis, redução das influências exteriores e
permite projetos de menor escala, assim, em termos científicos, este
delineamento é o mais preciso de todos.
Bonat (2009) também relata que a pesquisa de Laboratório é a mais
precisa, preocupando-se em descrever, analisar situações que são controladas.
Essas situações poderão ocorrer tanto em um recinto fechado (laboratório) com
em um recinto aberto, e terão como característica básica o controle sobre os
dados e efeitos.
 

 
17

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como apresentado, existem diferenças entre Pesquisa de Campo e


Pesquisa de Laboratório, principalmente no que tange a área a ser estudada.
A aplicabilidade de cada tipo de pesquisa está voltada principalmente
para os objetos e objetivos a serem investigados. Desta forma, os locais a
serem realizados os estudos, tão quanto os instrumentos a serem utilizados,
deverão ser pertinentes ao tema da pesquisa.
Portanto, o ponto crucial para um êxito de qualquer pesquisa é seu
planejamento como forma de aplicar a correta metodologia e instrumentos para
responder aos questionamentos levantados pelo pesquisador. 
Enquanto a pesquisa de campo está sujeita a influência de diversas
variáveis, uma vez que a mesma é aplicada em ambientes naturais, na
pesquisa de laboratório, o controle das variáveis permite a obtenção de
resultados sob influência de determinada variável, analisada isoladamente por
meio de condições de controle.
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4 REFERÊNCIAS

ABBAGNANO, N. Diccionario de filosofia. 2. ed., 9. reimp. México: Fondo de Cultura


Económica, 1992.

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