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ARTE ESPÍRITA, ATENDIMENTO ESPIRITUAL E

SEUS PONTOS DE CONVERGÊNCIA


Linha de Pesquisa: Apometria, Terapias Alternativas
dos Corpos Sutis - Arte

Por Ana Laura Lima Gomes

Tendes cem vezes razão em defender a


causa da arte e coloca-la em paralelo
na Terra e no espaço. A arte é de
essência divina, é uma manifestação
do pensamento de Deus, uma radiação
do cérebro e do coração de Deus
transmitida sob a forma artística.

Espírito O Esteta, por León Denis

Embora Kardec já falasse de arte espírita desde 1860, a temática “arte espírita” ainda é
pouco explorada. Contudo, pelo que se depreende da leitura de livros básicos da doutrina
espírita, como O Evangelho segundo o Espiritismo e o Livro dos Espíritos, é possível
verificar que a arte e espiritualidade possuem uma larga relação, pois fazem referência à
música celeste. León Denis, de uma forma mais profunda, trazendo a manifestação do
espírito denominado “O Esteta”, diz que a arte é de essência divina, é uma manifestação
do pensamento de Deus. A Bíblia, por sua vez, relata os efeitos terapêuticos dos acordes
da harpa de Davi sobre Saul.

A partir dessas premissas, o presente trabalho se ocupará de verificar sobre a existência


de pontos de convergência entre a arte espírita e o atendimento espiritual, bem como se é
possível se valer da arte para estabelecer uma relação entre os espíritos a fim de beneficiar
encarnados e desencarnados.

No intuito de responder esses questionamentos, o trabalho será desenvolvido a partir do


estudo teórico sobre a arte espírita e os fundamentos da Apometria como método de
atendimento espiritual. Além disso, abordará casos práticos de utilização da arte e sua
possível interação com o plano astral.

1 ARTE E ESPIRITUALIDADE

A ligação entre a arte e a espiritualidade foi amplamente abordada por León Denis através
de artigos publicados pela Revista Espírita em 1922, e que deram origem ao livro O
Espiritismo na Arte. Nessa obra, o autor discorre sobre o que acontece na espiritualidade
no que se refere à arte, e como a beleza se manifesta através do artista encarnado.

Antes de adentrar no assunto propriamente dito se faz necessário entender os conceitos


de beleza e de arte. Segundo o dicionário de língua portuguesa, beleza é a “perfeição
agradável à vista e que cativa o espírito”. A arte, por sua vez, está ligada a ação, sendo
definida como “maneira de ser ou agir, conduta, habilidade, talento”.[1] Essas definições,
porém, atendem ao caráter raso da expressão e da linguagem na Terra, de modo que o
conceito de ambas as expressões são muito mais profundos no mundo astral, como explica
León Denis:

[1] Disponível em https://priberam.pt. Acesso em 13 ago 2017.


A beleza é um dos atributos divinos.
Deus pôs nos seres e nas coisas esse
encanto misterioso que nos atrai, nos
seduz, nos cativa e enche a alma de
admiração, às vezes de entusiasmo.
A arte é a busca, o estudo, a
manifestação dessa beleza eterna da
qual percebemos, aqui na Terra,
apenas um reflexo. Para contemplá-la
em todo o seu esplendor, em todo o seu
poder, é preciso subir de grau em grau
em direção à fonte de onde ela emana,
e isso é uma tarefa difícil para a
maioria de entre nós. Pelo menos,
podemos conhecê-la pelo espetáculo
que o Universo oferece aos nossos
sentidos e também pelas obras que ela
inspira aos homens de gênio.

DENIS, León. O Espiritismo na Arte.


(arquivo em PDF). p. 8.

Ao que se depreende da leitura acima, o verdadeiro conceito de beleza e arte só será


alcançado pelos espíritos atualmente encarnados se caminharem em direção do
aperfeiçoamento moral, que lhes elevarão até os planos mais sutis, de onde provém a
beleza na sua original acepção do termo. Por outro lado, a comunicação entre encarnados
e desencarnados oportuniza fontes de inspiração, e a busca de Deus através da arte:

O Espiritismo vem abrir para a arte


novas perspectivas, horizontes sem
limites. A comunicação que ele
estabelece entre mundos visível e
invisível, as indicações fornecidas
sobre as condições da vida no Além, a
revelação que ele nos traz das leis da
harmonia e de beleza que regem o
Universo vêm oferecer aos nossos
pensadores, aos nossos artistas,
motivos inesgotáveis de inspiração.
(...) o essencial objetivo da arte é a
procura e a realização da beleza; é, ao
mesmo tempo, a procura de Deus, pois
que Deus é a fonte primeira e a
realização perfeita da beleza física e
moral.

DENIS, León. O Espiritismo na Arte.


(arquivo em PDF). p. 8-9.

Ainda na obra “O Espiritismo na Arte”, tem-se a manifestação do espírito denominado


“O Esteta ” que revela que, apesar do espírito encarnado não poder alcançar muitas
informações dos planos superiores, a arte, sob forma de inspiração estabelece uma
relação entre Deus e as criaturas. Segundo ele, na Terra a arte é uma coisa pouco
importante, mas existe em todos os domínios: no pensamento, no da escultura e no da
música, por exemplo, sendo esse último o mais acessível ao cérebro.

A propósito, ao relacionar a arte e a espiritualidade, o campo da música é o mais


evidenciado. O Livro dos Espíritos dá conta de várias questões acerca de música e
espiritualidade. Na pergunta 251, por exemplo, é questionado se os espíritos são
sensíveis à música:

Aludes à música terrena? Que é ela


comparada à música celeste? A esta
harmonia de que na Terra vos pode dar
idéia? Uma está para a outra como o
canto de um selvagem para uma doce
melodia. Não obstante, Espíritos
vulgares podem experimentar certo
prazer em ouvir a vossa música, por
não ser dado ainda compreenderem
outra mais sublime. A música possui
infinitos encantos para os Espíritos,
por terem eles muito desenvolvidas as
qualidades sensitivas. Refiro-me à
música celeste, que é tudo o que mais
belo e delicado pode a imaginação
espiritual conceber”.
KARDEC, Allan. Livro dos Espíritos.
Rio de Janeiro: FEB, 2011. p. 181.

No Prefácio do Evangelho Segundo Espiritismo, o Espírito da Verdade, ao anunciar a


Revelação positivada através do Espiritismo, utiliza-se de uma alegoria que remonta à
música celeste.

“As grandes vozes do Céu ressoam


como sons de trombetas, e os cânticos
dos anjos se lhes associam. Nós vos
convidamos, a vós homens, para o
divino concerto. Tomai da lira, fazei
uníssonas vossas vozes, e que, num
hino sagrado, elas se estendam e
repercutam de um extremo a outro do
Universo”
KARDEC, Allan. O Evangelho
Segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro:
FEB, 2009. p. 23.
Aqui a figura da melodia serve como metáfora para anunciar o verdadeiro caráter do
espiritismo, complementado pelo mandamento de amar uns aos outros, usando o
potencial da música de levar aos extremos do Universo essa lição. Mas porque a música
como alegoria?

Ocorre que nas esferas superiores, a música se torna uma das formas habituais da vida do
ser, que se sente mergulhado em ondas de harmonia de uma intensidade e suavidade
inexprimíveis. Denis menciona que por ocasião das grandes festas no espaço, os espíritos
se reúnem a milhões para prestar homenagem ao Criador, e que, na irradiação de sua fé e
de seu amor, delas escapam eflúvios, radiações luminosas, coloridas que se convertem
em vibrações melodiosas, emanando uma sinfonia sublime. Ainda nessa mensagem
recebida, o autor comenta que do Alto descem acordes mais potentes ainda, formando um
hino universal, fazendo céus e terras estremecerem. Ao perceber esses acordes, o espírito
se desenvolve e se expande, sentindo-se em comunhão divina.
DENIS, León. O Espiritismo na Arte. (arquivo em PDF). p. 71

Importante lembrar porém, da resposta da questão 251 do Livro dos Espíritos: a música
celeste é muito mais sutil e bela, a qual o estágio atual dos espíritos habitantes da Terra
não os deixa compreender. Na Terra, a sinfonia e a melodia não são mais que ecos débeis
deformados dos concertos celestes. Denis explica que isso se deve ao fato de que, ainda
os mais perfeitos instrumentos do plano terrestre têm qualquer coisa de mecânico e de
áspero, enquanto os sistemas de emissão no plano astral produzem sons de uma
delicadeza infinita.

Cumpre destacar ainda a arte nas colônias espirituais, como no Nosso Lar. Na obra de
Francisco Cândido Xavier, tem-se a notícia da música acompanhando as preleções. Nas
oficinas onde trabalham os habitantes, após consecutivas observações, notou-se que a
música melhorava o rendimento do trabalho em todos os setores construtivos, sendo um
estímulo de alegria. Além disso, existem ambientes específicos para audições de músicas
inteligíveis a vários graus de despertamento e de apresentações de números de artes,
executados pelos jovens e crianças dos educandários.
LUIZ, André (espírito). Nosso Lar / ditado pelo Espírito André Luiz [psicografado por]
Francisco Cândido Xavier. – 61. ed - 1ª reimpressão – Rio de Janeiro: Federação
Espírita Brasileira, 2010.

Ainda relacionando arte e espiritualidade, o Livro dos médiuns elenca algumas questões
sobre mediunidade e música. Ela dá conta, por exemplo, sobre a existência de médiuns
músicos, que são aqueles que executam, compõem ou escrevem música sob a influência
dos Espíritos. Há médiuns músicos-mecânicos, semi-mecânicos, intuitivos e inspirados,
como para as comunicações literárias.
KARDEC, Allan. Livro dos Médiuns. São Paulo : Editora Ide, 2005. p. 209.

Ao falar sobre a aptidão de certos médiuns ignorantes à música que mesmo assim
apresentam uma aptidão, Kardec menciona que o desenho e a música são também
maneiras de expressar o pensamento e que os espíritos se servem dos instrumentos que
lhe oferecem maior facilidade.
KARDEC, idem. P. 223.
2 A ARTE ESPÍRITA

O termo “arte espírita” foi utilizado pela primeira vez em dezembro de 1860 na Revista
Espírita, quando Kardec publicou o artigo “Arte Pagã, Arte Cristã e Arte Espírita” . Nesse
artigo, a mensagem do espírito Alfred de Musset utiliza a alegoria da lagarta para
estabelecer uma relação de evolução da arte:

O verme é verme, torna-se verme de seda, depois de


borboleta. O que há de mais aéreo, de mais gracioso
do que uma borboleta? Pois bem, a arte pagã, é o
verme; a arte cristã, é o envoltório; a arte espírita
será a borboleta.
Disponível em:
www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/1860/12c-
a-arte.html. Acesso em: 13 abr 2017

Sua ponderação não se trata de rebaixar a arte cristã, e sim de complementá-la. Ocorre
que, conforme ele, a arte cristã inspirava-se nas terríveis provas dos seus mártires, no
sofrimento de seus primeiros adeptos; arquitetura grandiosa, sublime, mas sombria;
música grave, monótona e a própria beatitude por ela evidenciada trazia a marca de um
tédio, típico do século XIX. Faltava agregar à arte o sentimento cristão por excelência: a
caridade. Além disso, a arte espírita traria a luz e a felicidade ao alcance de todos, estando
ela presente entre os encarnados e desencarnados, podendo se estabelecer uma
comunicação, havendo uma solidariedade entre o céu e a Terra. A partir dela, seria
possível transmitir que todas as criaturas poderiam chegar à perfeição, deixando de lado
o dogma de que o mau seria relegado à fornalhas ardentes pela eternidade, de modo que
Deus em sua infinita bondade deixa aberto o caminho do arrependimento e, ao mesmo
tempo, a consolação do infeliz. Assim sendo, o espiritismo abriria para a “arte um campo
novo, imenso, e ainda inexplorado, e quando o artista trabalhar com convicção, como
trabalham os artistas cristãos”, haurindo nessa fonte as mais sublimes inspirações.

Passado o tempo, arte espírita vem se consolidando aos poucos. Como exemplo é possível
citar a experiência brasileira, com a fundação da ABRARTE (Associação Brasileira de
Artistas Espíritas), no ano de 2007, e com o lançamento da Resolução nº 05/2014, na qual
o Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira regulamenta e orienta o
uso da Arte na Atividade Espírita. Tal ato foi lançado considerando a importância da arte
como veículo de educação do espírito e na divulgação da doutrina espírita.

2.1 As diferentes linhas de atuação da Arte Espírita

Estudando os manuais da ABRARTE, tem-se a sugestão sobre como a arte espírita pode
ser aplicada: a) nas reuniões de atendimento espiritual; b) nas reuniões de grupos de
estudo; c) nas palestras públicas; d) na evangelização espírita da juventude; e) na
divulgação da doutrina espírita; e f) na atividade Federativa . Em razão do último item
ser pertinente somente a um segmento do espiritismo no país, o mesmo não será
aprofundado a exemplo dos demais.

A primeira aplicabilidade da arte espírita elencada na bibliografia consultada se dá nas


reuniões de atendimento espiritual. Considerando que essencialmente o frequentador
busca na casa espírita o apoio espiritual por algum desequilíbrio que está enfrentando,
após o atendimento, para auxiliar a manutenção da sensação de bem estar promovida pelo
atendimento, a casa pode oferecer, por doação ou empréstimo algum CD ou DVD com
coletânea de músicas e mensagens, poemas espíritas criteriosamente selecionados, cujo
conteúdo ofereça harmonia, consolo, esperança e fé. Contudo, pela especificidade do
tema do presente trabalho, já é possível lançar o seguinte questionamento: a arte pode
auxiliar somente após o atendimento espiritual? Se a sua ligação com a espiritualidade é
tão intensa, não seria possível utilizá-la no atendimento? Tais indagações não serão
respondidas de plano, mas serão abordadas no último capítulo.

Nas reuniões de grupos de estudo, a arte pode alcançar um cunho pedagógico, através de
peças de teatro, música e outras modalidades artísticas, oportunizando a reflexão e a
confraternização acerca dos temas da espiritualidade. Além disso,

esse mecanismo permite não só um


aprofundamento na temática estudada
como também desenvolvem seus
potenciais sensitivos, a integração e a
socialização das experiências e
reflexões, bem como o auxílio à
sintonia do grupo, do ambiente e com a
espiritualidade que sempre aproveita
de ambientes equilibrados para
tarefas de auxílio e esclarecimento aos
espíritos nos dois planos da vida
ABRARTE. Idem. p. 26 – 27.

Considerando que as palestras públicas possuem um público heterogêneo e sazonal, a arte


pode servir como instrumento de harmonização no acolhimento dos frequentadores.
Geralmente nessa atividade a música é o instrumento mais utilizado, afim de elevar o
padrão vibracional dos presentes nos momentos que antecedem as palestras. Algumas
instituições também têm utilizado pequenas apresentações teatrais nos instantes
anteriores à palestra, apoiando a temática a ser abordada e atraindo o interesse do público.
Em alguns casos foram relatados inclusive a redução no atraso dos frequentadores, bem
como a atração da simpatia dos jovens pela dinâmica diferenciada. O audiovisual também
tem sido proveitoso para apresentar o conteúdo com uma linguagem que facilite o
entendimento do tema a ser estudado naquela noite, em especial para aqueles que
adentram à casa espírita pela primeira vez.

Um outro viés da aplicação da arte espírita é na evangelização de jovens e crianças. Isso


porque a criança e o jovem tendem a interagir diretamente com os conteúdos
apresentados. Nesse sentido a arte vem trazer o recurso pedagógico adequado em suas
diversas modalidades, auxiliando no desenvolvimento dos conteúdos, dinamizando as
atividades.

Finalmente, a arte espírita pode ser aplicada na divulgação da doutrina espírita. Trata-se
aqui de um conceito mais amplo, já que todas as atividades relacionadas também
compreendem a divulgação. Contudo, é possível dizer que a arte tem grande
potencialidade de vencer barreiras e aproximar a linguagem dos mais diversos
expectadores, por canais e percepções que às vezes fogem do domínio racional.
Apresentações musicais, exposições de pinturas, gravuras, arte sequenciada, espetáculos
de dança e de teatro são apenas alguns exemplos de possibilidades da conjugação do
binômio arte/divulgação doutrinária.

Considerando todos essas potencialidades de aplicação da arte espírita elencada pela


ABRARTE, nota-se a falta de um elemento que precede todas elas: a arte como
instrumento direto de exercício da caridade, e de amor ao próximo, os grandes pilares da
doutrina moral de Cristo, e base do espiritismo.

2.2 A lei do amor, caridade e a arte espírita

Dentre as leis cósmicas que se encontram no Evangelho, a Lei do Amor é o “pilar de


sustentação de tudo no Universo” , cujo o enunciado é dado por Jesus, quando lhe é
questionado qual o maior mandamento:
RODRIGUES, João Pedro Farias. Introdução aos fundamentos da Apometria. Porto
Alegre: Alcance, 2016. p. 25.

Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu


coração, e de toda a tua alma, e de todo
o teu pensamento.
Este é o primeiro e grande
mandamento.
E o segundo, semelhante a este, é:
Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Ele, porém, querendo justificar-se a si
mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu
próximo?
E, respondendo Jesus, disse: Descia um
homem de Jerusalém para Jericó, e
caiu nas mãos dos salteadores, os quais
o despojaram, e espancando-o, se
retiraram, deixando-o meio morto.
E, ocasionalmente descia pelo mesmo
caminho certo sacerdote; e, vendo-o,
passou de largo.
E de igual modo também um levita,
chegando àquele lugar, e, vendo-o,
passou de largo.
Mas um samaritano, que ia de viagem,
chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se
de íntima compaixão;
E, aproximando-se, atou-lhe as feridas,
deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-
o sobre o seu animal, levou-o para uma
estalagem, e cuidou dele;
E, partindo no outro dia, tirou dois
dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e
disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de
mais gastares eu to pagarei quando
voltar.
Qual, pois, destes três te parece que foi
o próximo daquele que caiu nas mãos
dos salteadores?
E ele disse: O que usou de misericórdia
para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e
faze da mesma maneira.

Mateus, 22:34-40

Nessa parábola, Jesus diz que amar ao próximo é agir conforme o samaritano, ou seja, ser
caridoso para com o outro, sem julgamento do porque o rapaz estava naquela situação,
qual sua religião, qual sua condição de retribuir, etc. Inclusive Ele coloca na parábola as
figuras de um sacerdote (autoridade religiosa) e um levita (trabalhador do templo à
serviço de Deus), e ambos não se compadecem da situação, mas o samaritano,
considerado herético, e portando desprezado, parou e o socorreu. Dessa forma, Jesus
deixa claro que o que importa é o bem que foi feito, a ação, e não a importância desse ou
daquele personagem ante a religião predominante na época.

Tal ensinamento converge com o conceito de caridade segundo Emmanuel, que diz que
“a caridade é o coração no teu gesto" , do que é possível concluir que caridade é o amor
em ação.
XAVIER, Francisco Cândido. Caridade. Disponível em PDF através da pesquisa no sítio
Google.

Após essa breve leitura, o leitor pode questionar: “mas o que isso tudo tem com a arte?”
A resposta é simples. A arte pode ser um instrumento de caridade, um meio de
aproximação e de manifestação de amor ao próximo, buscando o bem estar e a
harmonização das criaturas de Deus. É possível ampliar a aplicabilidade da arte, saindo
do lugar comum, qual seja, a divulgação da doutrina espírita, utilizando-a como um
instrumento ativo do amor ao próximo.

Num primeiro viés, tem-se a notícia de grupos espíritas que levam alegria e carinho ao
próximo através da música, com corais, ou grupos de teatro, como palhaços terapêuticos,
ambos com o cunho evangélico, e tendo como essência doar um pouco de si, em favor do
próximo, utilizando da arte como meio.

Por outro lado, uma das hipóteses do presente trabalho também é de que a arte espírita
possui pontos de convergência com a tarefa de auxílio espiritual, ou sendo utilizada como
apoio nesses atendimentos. Cabe aqui considerar o atendimento espiritual como ato de
caridade, tal como previsto no Evangelho, motivo pelo qual se optará nesse momento em
fazer uma pausa do estudo da arte, para abordar o atendimento espiritual propriamente
dito, algumas considerações sobre Apometria e sua dinâmica de atendimento, para, ao
final, buscar os pontos de convergências entre todos os tópicos abordados.

3. CARIDADE, MEDIUNIDADE E ATENDIMENTO ESPIRITUAL

Considerando que a mediunidade é a faculdade de comunicação entre o plano físico e o


plano espiritual, é sabido que essa comunicação pode ser dar tanto para fins mais nobres
quanto para fins mais vinculados à materialidade ou interesses inferiores. Porém, é
preciso se ter em presente o ensinamento de Cristo: “Restitui a saúde aos doentes,
ressuscitai os mortos, curai os leprosos, expulsai os demônios. Dai gratuitamente o que
gratuitamente haveis recebido” Mateus, 10:8.

A partir dessas palavras, Jesus prescreve que a mediunidade deve ser utilizada para aliviar
o sofrimento do próximo, e que por ela nada deve ser cobrada. Deve ser empregado aqui
tão somente o sentimento de auxílio ao próximo. Além disso, a partir da expressão “o que
gratuitamente haveis recebido”, é possível concluir que a mediunidade é uma outorga.
Nas palavras de Peralva:

O médium que, intrinsecamente, vive


os fatores negativos da Era da matéria
é operário negligente, cuja ferramenta
se enferrujará, será destruída pelas
traças ou roubada pelos ladrões,
consoante a advertência do Evangelho
PERALVA, Martins. Estudando a
Mediunidade: segundo a obra Nos
Domínios da Mediunidade de
Francisco Cândido Xavier. Brasília:
Federação Espírita Brasileira, 2014. p.
17.

Por outro lado, Peralva ainda alerta: Se desejamos sublimar as nossas faculdades
mediúnicas, temos que nos educar, transformando o coração em altar da fraternidade,
onde se abriguem os necessitados do caminho . Ora, dessas duas premissas é possível
concluir que o fim maior da mediunidade é a caridade para com o próximo, seja ele
encarnado ou desencarnado. Como Kardec ressalta, através da mediunidade, Deus quer
que a luz chegue para todos, não podendo o pobre, por exemplo, ser dela privada porque
não pode pagar. Do contrário, estar-se-ia desviando seu objetivo .

No livro “Os Mensageiros”, por exemplo, é citado o caso de Acelino, que partiu do Nosso
Lar para uma vivência no plano terrestre, e aos vinte anos foi chamado à tarefa mediúnica,
com grande amparo de benfeitores invisíveis. Contudo, Acelino, apesar de ter tido lições
maravilhosas de amor evangélico, resolveu transformar suas faculdades em fonte de renda
material. A paisagem espiritual que lhe rodeava se transformou, e a mediunidade se
restringiu em fonte de palpites materiais e baixos avisos. Ao desencarnar, ele se deparou
com uma realidade escura, e estava amarrado a sinistros elos mentais, pelos quais passou
doze anos entre remorsos e amarguras .
LUIZ, André. Os Mensageiros. Ditado pelo espírito André Luiz a Francisco
CandidoXavier. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2012. p. 55.

É preciso então se fazer a retomada da importância de exercer a mediunidade com Jesus,


ou seja, exercer a mediunidade conforme Sua doutrina de amor e caridade.

O auxílio espiritual está alicerçado nos exemplos de Cristo, como o noticiado por Mateus:
“E, chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoniados, e ele com a sua palavra
expulsou deles os espíritos, e curou todos os que estavam enfermos”Mateus 8:16 . Assim
sendo, trata-se de revitalizar os necessitados e encaminhar os espíritos envolvidos em
processos obsessivos (RODRIGUES, João Pedro Farias. Introdução aos fundamentos da
Apometria. Porto Alegre: Alcance, 2016. p 64), contribuindo para o bem estar de
encarnados e desencarnados.

No atendimento mediúnico conta-se com o apoio da equipe espiritual, mas também é


possível contar com energias arrojadas do próprio médium, através do método proposto
pela Apometria, motivo pelo qual, é possível conceituá-la como um método medianímico
de atendimento espiritual, como será visto no próximo capítulo. Resta alertar que, seja o
atendimento procedido pelo método tradicional, seja ele com o uso da apometria, o
exercício da mediunidade deve se dar de forma caridosa e fraterna.

4. APOMETRIA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES E SUA DINAMICA DE


ATENDIMENTO

Etimologicamente, o termo apometria tem origem em duas palavras gregas: apo, que
significa além de; e metron, que corresponde a medida, ou seja, além da medida.
Conforme seu sistematizador, José Lacerda de Azevedo, designa o desdobramento
espiritual ou bilocação, que essencialmente é a separação do corpo astral do corpo físico.
AZEVEDO, José Lacerda de. Espírito/Matéria - Novos horizontes para a medicina. 9.
ed. rev. atual. – Porto Alegre: Nova Prova, 2007. p. 127.

No entanto, esse conceito pode ser aprofundado, considerando que o desdobramento é tão
somente uma das leis da dinâmica de atendimento. De forma mais abrangente, é possível
trazer o enunciado de João Pedro Farias Rodrigues, na obra Introdução aos Fundamentos
da Apometria:

É um método medianímico de
atendimento espiritual que visa à
terapêutica energética e desobsessiva
dos encarnados ou não. É a ciência dos
espíritos aplicada na caridade e
fundamentada na Doutrina Espírita.
Abrange todas as terapias que se
ocupam da natureza psico-energética
do homem-espírito. O atendimento é
espiritual, o método é espírita e a
técnica é apométrica.
RODRIGUES, João Pedro Farias.
Introdução aos fundamentos da
Apometria. Porto Alegre: Alcance,
2016. p.133.

Para que seja possível compreender melhor a extensão do método e o tema proposto, se
faz necessária a abordagem, ainda que rápida de alguns temas como a participação ativa
dos médiuns e o pensamento, dada a utilização de forças anímicas.

4.1 O médium e o pensamento

No atendimento espiritual que utiliza a apometria como método o médium possui uma
participação ativa. Além de servir como ligação entre o plano físico e plano astral,
fazendo o uso de recursos mediúnicos como psicofonia, psicografia e incorporação, por
exemplo, ele pode disponibilizar e utilizar os recursos anímicos que possui, como a
psicometria, a ideoplastia, passes magnéticos, etc., colaborando com a equipe espiritual
diretamente no ambiente destes.
RODRIGUES, João Pedro Farias. Introdução aos fundamentos da Apometria. Porto
Alegre: Alcance, 2016. p. 153.

O trabalho é feito no plano mais denso do astral, onde ele pode dinamizar a sua energia
ectoplásmica, através da formação dos campos de proteção, na formação de redes de
resgate, na higienização do ambiente de atendimento, na desmagnetização e desativação
de campos adversos, na revitalização e na condução dos necessitados desencarnados ou
encarnados.
RODRIGUES, idem. p. 154.

Para a aplicação desse método se faz necessária, então, a utilização das faculdades
mentais do médium a fim de que seja mobilizada e disponibilizada a energia necessária
durante o atendimento. Mas quais são essas faculdades?

José Lacerda de Azevedo esclarece que no Espaço há uma infinita energia cósmica
permanentemente à nossa disposição, constituída de força em estado potencial, altamente
moldável e sensível às forças que atuarem sobre ela. A mente, sob ação da vontade, é a
ferramenta que move, molda e direciona essa energia, esclarecendo ainda:

Se o operador, em consciente ação


volitiva, comandar mentalmente a
aglutinação dessa energia, chegará o
momento em que há de acontecer um
acúmulo ou intensificação dessa
potencialidade (com geração de um
estado de desequilíbrio em relação ao
meio), e a energia estará pronta para
ser projetada, moldada, ou manipulada
da forma que bem se desejar, de modo
a criar as coisas. Se, por exemplo,
desejarmos criar alimento para saciar
um espírito esfomeado, bastará
projetar o pensamento sobre o infinito
oceano de energia e retirar dele
“algo” que, condensado pela vontade,
se transformará nas iguarias que
desejarmos servir.

AZEVEDO, José Lacerda de.


Espírito/Matéria - Novos horizontes
para a medicina. 9. ed. rev. atual. –
Porto Alegre: Nova Prova, 2007.

Francisco Cândido Xavier coloca essa potencialidade da mente da seguinte forma:


Nossa mente é, dessarte, um núcleo de
forças inteligentes, gerando plasma
sutil que a exteriorizar-se
incessantemente de nós, oferece
recursos de objetividade às figuras de
nossa imaginação, sob o comando de
nossos próprios desígnios. A
inteligência emissora, jaz submetida
aos limites e as interpretações dos
pensamentos que é capaz de produzir.
LUIZ, André (espírito). Nos domínios
da mediunidade / ditado pelo Espírito
André Luiz [psicografado por]
Francisco Cândido Xavier. – 4ª
reimpressão – Rio de Janeiro:
Federação Espírita Brasileira, 2010.

Assim sendo, através do pensamento é exteriorizada uma energia, que pode ser colocada
sob o comando do médium, estando limitada à sua compreensão e no alcance da sua
imaginação , o que se pode chamar de lei do comando mental. Naturalmente, é preciso
controle e responsabilidade sobre o comando mental dado e a sua respectiva
exteriorização de energia, regulando a ação e a direção das energias que desloca e sob
pena da lei da ação.
RODRIGUES, João Pedro Farias. Introdução aos fundamentos da Apometria. Porto
Alegre: Alcance, 2016. p. 168.

Segundo João Pedro Farias Rodrigues, a lei do comando mental é a lei fundamental que
rege toda a dinâmica de criação dos fenômenos ideoplásticos, e é dela que derivam as
principais leis do pensamento as quais formam a base em que se apoia a apometria .
RODRIGUES, idem. p. 169

Ainda sobre as leis do pensamento, é possível mencionar rapidamente as leis de comando


verbal, campo mental, exteriorização da energia mental, criação mental e sintonia.

A lei de comando verbal é uma manifestação oral, no plano denso, de uma ordem dada
no plano mental, ou seja, é a verbalização de uma ideia que se deseja plasmar. Logo, ela
só faz sentido se a ela estiver associado o comando mental.

O campo mental é a “região espacial abrangida pela influência mental, consciente ou não,
de um ser pensante” . Dessa forma, o ser pensante fica envolvido nas próprias correntes
mentais que produz, sofrendo os efeitos dela, sejam eles positivo ou não.
RODRIGUES, ibidem. P. 174.

A lei de exteriorização da energia diz da capacidade que o próprio indivíduo tem de


exteriorizar e de controlar o fluxo de energia do seu pensamento. O alcance da energia
exteriorizada dependerá da força mental que o agente imprimir e da resistência ou não do
meio na qual se propaga. Aqui tem-se a doação e a assimilação das energias circulantes.
RODRIGUES, João Pedro Farias. Introdução aos fundamentos da Apometria. Porto
Alegre: Alcance, 2016. p. 179-180
A lei de criação mental trata da capacidade de produção de fenômenos ideoplásticos, da
qual depende do conhecimento perfeito do que se deseja produzir e do fornecimento de
energia suficiente para manutenção das criações. É comumente utilizada na formação dos
campos de proteção na dinâmica de atendimento, bem como nas revitalizações de órgãos.

Por fim, ainda dentre as leis do pensamento, tem-se a lei de sintonia, que bem explica
Francisco Cândido Xavier: “Onde há pensamentos, há correntes mentais e onde há
correntes mentais existe a associação. E toda associação é interdependência e
influenciação recíproca” . Ou seja, o pensamento é um gerador de ondas mentais que
irradia em todas as direções e é por elas em que se estabelece a comunicação entre os
diversos planos, encontrando ondas afins pelo fenômeno da sintonia mental. Importante
destacar que, se a sintonia decorre da compatibilidade entre ondas de quem transmite e
de quem recebe, se o indivíduo desejar ajuda superior, é necessário um pensamento de
padrão vibratório elevado para alcançá-la . O contrário também é verdadeiro, pois, caso
o indivíduo esteja imerso em pensamentos negativos, encontrará afinidade com entidades
de baixo padrão vibratório.
LUIZ, André (espírito). Nos domínios da mediunidade / ditado pelo Espírito André Luiz
[psicografado por] Francisco Cândido Xavier. – 4ª reimpressão – Rio de Janeiro:
Federação Espírita Brasileira, 2010.
RODRIGUES, idem. p. 183-184.

Importante ter presente ainda, os atributos do pensamento, quais sejam, a imaginação, a


concentração, a vontade e o sentimento, pois eles modulam a onda pensamento. A
imaginação dará modelagem da forma que quer se exteriorizar, a concentração fixará a
ideia criativa no foco ou objetivo a ser alcançado, estando relacionada com a densidade
da energia. A vontade do operador atuará na intensidade, quantidade de energia
dissociada ou assimilada, além do alcance de sua ação. Por fim, o sentimento, que será o
atributo responsável pela qualidade da energia mobilizada.
RODRIGUES, João Pedro Farias. Introdução aos fundamentos da Apometria. Porto
Alegre: Alcance, 2016. p. 200-202.

Toda a dinâmica de atendimento, está relacionada a uma ou outra lei do pensamento, pois,
fundamentalmente, a apometria consiste na utilização da força e das potencialidades do
pensamento.

4.2 As leis da Apometria

As leis da apometria estão diretamente relacionadas às leis do pensamento, e para melhor


compreender a dinâmica de atendimento, se faz necessária uma sucinta abordagem das
leis que a regem, a partir da citação seus enunciados , como segue:

AZEVEDO, José Lacerda de. Espírito/Matéria - Novos horizontes para a medicina. 9.


ed. rev. atual. – Porto Alegre: Nova Prova, 2007. p. 170-194.

1º. Lei do Desdobramento Espiritual: “Toda vez que, em situação experimental ou


normal, dermos uma ordem de comando a qualquer criatura humana, visando à
separação do seu corpo espiritual – corpo astral – de seu corpo físico, e, ao mesmo
tempo, projetarmos sobre ela pulsos energéticos através de uma contagem lenta, dar-se-
á o desdobramento completo dessa criatura, conservando ela sua consciência”.
2º. Lei do Acoplamento Físico: “Toda vez que se der um comando para que se reintegre
no corpo físico o espírito de uma pessoa desdobrada, (o comando se acompanhado de
contagem progressiva) dar-se-á imediato e completo acoplamento no corpo físico”.

3º. Lei da Ação à Distância pelo Espírito Desdobrado: “Toda vez que se ordenar ao
espírito desdobrado do médium uma visita a lugar distante, fazendo com que esse
comando se obedecerá à ordem, conservando sua consciência e tendo percepção
acompanha de pulsos energéticos, através de contagem pausada, o espírito desdobrado
clara e completa do ambiente (espiritual ou não) para onde foi enviada”.

4º. Lei da Formação dos Campos de Força: “Toda vez que mentalizarmos a formação
de uma barreira magnética, por meio de impulsos energéticos, através de contagem,
formar-se-ão campos-de-força de natureza magnética, circunscrevendo a região
espacial visada, na forma que o operador imaginou”.

5º. Lei da Revitalização dos Médiuns: “Toda vez que tocarmos o corpo do médium
(cabeça, mãos), mentalizando a transferência de nossa força vital, acompanhando-a da
contagem de pulsos, essa energia será transferida. O médium começará recebe-la,
sentindo-se revitalizado”.

6º. Lei da Condução do Espírito Desdobrado, de Paciente Encarnado, para Planos Mais
Altos em Hospitais do Astral: “Espíritos desdobrados de pacientes encarnados somente
poderão subir a planos superiores do astral se estiverem livres de peias magnéticas”.

7º. Lei da Ação dos Espíritos Desencarnados Socorristas Sobre os Pacientes


Desdobrados: “Espíritos socorristas agem com muito mais facilidade sobre os enfermos
se estes estiverem desdobrados, pois que uns e outros, desta forma, se encontram na
mesma dimensão espacial”.

8º. Lei do Ajustamento da Sintonia Vibratória dos Espíritos Desencarnados, ou de


Ajustamento da Sintonia Destes com o Ambiente para Onde, Momentaneamente Forem
Enviados: “Pode-se fazer a ligação vibratória de espíritos desencarnados com médium
ou entre espíritos desencarnados, bem como sintonizar esses espíritos com o meio onde
forem colocados, para que percebam e sintam nitidamente a situação vibratória desses
ambientes”.

9º. Lei do Deslocamento de um Espírito no Espaço e no Tempo: “Se ordenarmos a um


espírito incorporado a volta a determinada época do passado, acompanhando-a de
emissão de pulsos energéticos através de contagem, o espírito retorna no tempo à época
do passado que lhe foi determinado”.

10º. Lei da Dissociação do Espaço-Tempo: “Se, por aceleração do fator Tempo,


colocarmos no Futuro um espírito incorporado, sob o comando de pulsos energéticos,
ele sofre um salto quântico, caindo em região astral compatível com seu campo
vibratório e peso específico Karmico (km) negativo – ficando imediatamente sob a ação
de toda a energia km de que é portador”.

11º. Lei da Ação Telúrica Sobre os Espíritos Desencarnados que Evitam a


Reencarnação: “Toda vez que um espírito desencarnado, possuidor de mente e
inteligência bastante fortes, consegue resistir à Lei da Reencarnação, sustando a
aplicação dela nele próprio, por longos períodos de tempo (para atender a interesses
mesquinhos de poder e domínio de seres desencarnados e encarnados), começa a sofrer
a atração da massa planetária, sintonizando-se, em processo lento, mas progressivo, com
o Planeta. Sofre apoucamento do padrão vibratório, porque o Planeta exerce sobre ele
uma ação destrutiva, deformante, que deteriora a forma do espírito e de tudo o que o
cerca, em degradação lenta e inexorável”.

12º. Lei do Choque do Tempo: “Toda vez que levarmos ao Passado espírito
desencarnado e incorporado em médium, fica ele sujeito a outra equação de Tempo.
Nessa situação, cessa o desenrolar da seqüência do Tempo tal qual o conhecemos,
ficando o fenômeno temporal atual (presente) sobreposto ao Passado”.

13º. Lei da Influência dos Espíritos Desencarnados, em Sofrimento, Vivendo Ainda no


Passado, Sobre o Presente dos Doentes Obsidiados: “Enquanto houver espíritos em
sofrimento no Passado de um obsidiado, tratamentos de desobsessão não alcançarão
pleno êxito, continuando o enfermo encarnado com períodos de melhora, seguidos por
outros de profunda depressão ou de agitação psicomotora”.

Naturalmente, cada lei possui seus meandros, e muitas vezes alcance mais amplo daquele
citado no enunciado. Contudo, tais desdobramentos não serão abordados considerando
não ser o seu aprofundamento o intuito do presente trabalho.

5 ARTE ESPÍRITA, ATENDIMENTO ESPIRITUAL E SEUS PONTOS DE


CONVERGÊNCIA
A arte espírita, assim entendida como aquela que guarda comprometimento com o
Evangelho, possui vários pontos de convergência com o auxílio espiritual, graças à sua
peculiaridade de interagir com a sensibilidade dos seres:

A arte tem como meta materializar a


beleza invisível de todas as coisas,
despertando a sensibilidade e
aprofundando o senso de
contemplação, promovendo o ser
humano aos paramos da
Espiritualidade. Graças à sua
contribuição, o bruto se acalma, o
primitivo se comove, o agressivo se
apazigua, o enfermo se renova, o infeliz
se redescobre, e todos os outros
indivíduos ascendem na direção dos
Grandes Cimos.
FRANCO, Divaldo Pereira. Atualidade
do Pensamento Espírita. Ditado pelo
Espírito Vianna de Carvalho. 3ª Ed.
Salvador: Leal, 2002. p. 126

As palavras do espírito Vianna de Carvalho, ditadas à Divaldo Franco resumem a ação da


arte sobre o espírito, inclusive a sua capacidade de “renovar os enfermos”. Sobre isso, o
primeiro ponto a ser estudado, será a ação da música como instrumento adjuvante no
auxílio espiritual.

5.1 Música e atendimento espiritual

A musicoterapia é um campo da medicina que estuda complexo som-ser humano-som ,


utilizando a música e seus elementos para reabilitação física, mental e social de indivíduos
ou grupos. No atendimento espiritual, ela pode ser utilizada como um elemento auxiliar
na mudança do padrão vibratório do consulente.
BENENZON, Rolando. Teoria da Musicoterapia: contribuição ao conhecimento do
contexto não-verbal. São Paulo: Summus, 1988. p. 11.

Um dos primeiros relatos nesse prisma é a notícia bíblica dos efeitos da harpa de Davi
sobre Saul, no Antigo Testamento. Saul, que na própria encarnação relatada na Bíblia
contraíra vários débitos em razão da sua obsessão pela guerra, estava sendo acometido de
perturbações espirituais, tendo sido alertado por seus servos:

Que nosso senhor ordene, e teus servos


aqui presentes procurarão um homem
que saiba tocar harpa e, quando o mau
espírito de Deus estiver sobre ti, ele
tocará o instrumento para acalmar-te.
Está bem, respondeu Saul, procurai-me
um bom músico e trazei-mo.
Um dos servos declarou: conheço um
filho de Isaí de Belém que sabe tocar
muito bem: é valente e forte, fala bem,
tem um belo rosto e o Senhor está com
ele.
Saul mandou mensageiros a Isaí, para
dizer-lhe: manda-me o teu filho Davi, o
pastor.
Isai tomou um jumento carregado com
pão, um odre de vinho e um cabrito, e
mandou esses presentes a Saul por seu
filho.
Davi chegou à casa do rei e
apresentou-se a ele. Saul afeiçoou-se a
Davi e o fez seu escudeiro.
Mandou então dizer a Isaí: Peço-te que
deixes Davi a meu serviço, porque ele
me é simpático.
E sempre que o espírito mau de Deus
acometia o rei, Davi tomava a harpa e
toava. Saul acalmava-se, sentia-se
aliviado e o espírito mau o deixava.
BÍBLIA SAGRADA

Saul escolheu Davi, que havia passado por um processo de unção junto à Samuel, no qual
“o Espírito do Senhor apoderou-se” dele. Davi havia sido preparado pelo plano espiritual
para servir de seu instrumento, e, através de sua arte, a música, auxiliava no processo de
afastamento do “mau espírito” do Rei Saul. Conforme Millecco, isso ocorria porque, ao
ouvir a música de Davi, Saul elevava sua frequência vibratória, perdendo a afinidade com
o desafeto, que, for falta de aclimatação psíquica , este se afastava.
Aclimatar é o ato de habituar-se a um clima, a um meio, ou a um ambiente.
MILLECCO, Luiz Antonio. Música e Musicoterapia. Rio de Janeiro: Lachâtre, 2002. p.
52.

Avaliando o ocorrido à luz do que foi estudado sobre as leis do pensamento, o fato
decorreu da lei da sintonia. A música se dá pela propagação do som, e este se dá por onda
e possui determinada frequência que vibra conforme as notas musicais entoadas. O
pensamento também se propaga em ondas e é transportado a grandes distâncias
independente de espaço e tempo, e possui uma frequência que pode vibrar
harmonicamente ou não com o pensamento de outro espírito (encarnado ou não). No caso
de Saul, havia uma afinidade entre ele e o “mau espírito”, muito provavelmente pela
qualidade de seu pensamento, aderente à guerra e ao poder, que pela lei das afinidades o
atraía. Considerando que a notícia bíblica traz a informação de que era um “mau espírito”
que veio sobre ele, e que ele “se acalmava” ao som da harpa, é possível dizer que a música
alterava a frequência de seus pensamentos, lhe trazendo uma sensação de calma, perdendo
a ressonância que de alguma forma havia estabelecido com o “demônio”. Assim, a música
fez romper a “aclimatação”, ou seja, a sintonia entre ambos.

Naturalmente, essa perda de afinidade era temporária, já que, dada a situação proposta
pelo enunciado bíblico, ele voltava e toda a vez que isso ocorria era necessário a busca
música para que ele voltasse a se harmonizar. Muito provavelmente nesse caso a música
era útil naquele momento, mas em situações como essa se faz necessário o ajuste em
ambos os espíritos, para que a situação se resolva e não volte a acontecer.

Num atendimento espiritual, num caso similar ao citado, é possível se aproveitar elevação
do padrão vibratório do consulente (Lei da Sintonia) para revitalizá-lo (Lei da
Revitalização) e resgatar o desafeto, lhe encaminhando para esclarecimento e tratamento
em hospitais do astral, com o auxílio de espíritos socorristas (Lei da Ação dos Espíritos
Socorristas).

Importante considerar que a utilização da música nos atendimentos espirituais tem larga
aplicação desde a antiguidade. É possível utilizá-la como instrumento auxiliar para a
sintonia do grupo de atendimento, para elevação do padrão vibratório do consulente, para
potencializar a afinidade com o plano astral e até mesmo para desviar a atenção do
consulente, quando ocorre alguma manifestação durante o atendimento que não lhe trará
proveito. Contudo, tendo-se a apometria como método de atendimento espiritual, é
preciso ter o cuidado para não ritualizar o ato volitivo, pois a técnica preconiza o comando
mental, simples e disciplinado.

5.2 Música e Pneumiatria

A pneumiatria é uma das técnicas operacionais que podem ser utilizadas em um


atendimento espiritual que tenha como base a apometria. Consiste em elevar altamente o
padrão vibratório de um espírito desencarnado, até que ele entre em contato com a Chama
Crística dentro de si.

A técnica se dá da seguinte forma: uma vez preparado o desencarnado e constatada a


sua disposição para tal, projeta-se sobre ele um campo intenso de energias luminosas, em
especial na cabeça, com contagem pausada e prolongada, para que ele seja arrebatado por
planos crísticos dentro dele próprio. O espírito costuma entrar em êxtase, experimentando
uma sensação de paz e de bem estar não ainda experimentado. Nesse momento é possível
doutriná-lo, já que as palavras passam a ter um significado mais claro e elevado. Porém,
trata-se de uma mudança de estado vibracional artificial e perdura somente até o limite
da energia sustentadora, voltando o espírito ao seu estado natural. Contudo, a lembrança
do sentimento experimentado no êxtase será uma lembrança duradoura.

Lançando o olhar sobre a música, é importante considerar seus efeitos sobre o homem
ventilados já pelos filósofos gregos. Aristóteles afirmava que a música poderia levar o
indivíduo na direção da melancolia, da renúncia, do domínio de si e do entusiasmo. Platão
associava tons e ritmos às várias oscilações do caráter humano, e Hipócrates, pai da
medicina, não descartava seus “poderes curativos”.
MILLECCO, Luiz Antonio. Música e Musicoterapia. Rio de Janeiro: Lachâtre, 2002. p.
41 - 42.

Tal afirmação é complementada por León Denis, quando fala de músicas cantadas, posto
que, quando a música é sustentada por palavras nobres, a harmonia musical pode elevar
as almas até regiões celestes. Além disso, o cântico produz uma dilatação salutar da alma,
uma emissão fluídica que facilita a ação de potências invisíveis. Um exemplo prático
disso é o que ocorreu nas apresentações do músico Vansan Costa na espírita, em agosto
de 2016 e setembro de 2017. A “palestra musical” foi integramente sustentada por
melodias delicadas, acompanhadas de letras que falavam de amor, família, otimismo e fé,
conduzindo boa parte dos ouvintes ao seu interior, fortalecendo em si os sentimentos ora
citados, ao ponto da participante R.F. citar que era como se uma luz se fortalecesse dentro
dela e fosse se expandindo a medida que ele continuava a cantar.
DENIS, León. O Espiritismo na Arte. (arquivo em PDF). p. 80.

Nesse ínterim, é possível dizer que a música possui o potencial de elevar altamente o
padrão vibratório do consulente, o que ocorre de forma semelhante na pneumiatria. A
diferença entre ambas reside no fato de que a última se dá pelo comando mental claro
para esse fim, e pela exteriorização dos pulsos energéticos (dirigente e médiuns),
enquanto na primeira, a condução se dá pela melodia e palavras que sustentam a canção.

É possível ainda supor que ambas as técnicas podem ser complementares, desde que,
relembremos, não haja a ritualização com o canto, e sim o comando mental associado,
exteriorizado através da música, e não por estalar de dedos, por exemplo.

5.3 O teatro espírita a serviço do auxílio espiritual

A interface entre a arte e o auxílio espiritual pode ser dada sob um outro viés: o teatro
espírita. Conforme foi abordado no segundo capítulo, o teatro pode ser o “cartão de
visitas” de uma Casa Espírita, aproximando a comunidade da doutrina, através da
facilidade de sua linguagem, divulgando o espiritismo, e até mesmo, pedagogicamente na
evangelização de jovens e crianças. Porém, uma nova prática experenciada por alunos da
Escola de Educação Mediúnica, acrescentou ao teatro espírita os elementos basilares do
Evangelho: o amor e a caridade na prática.

Travestidos de médicos palhaços, o grupo de alunos atua, em geral, em locais onde há


uma grande vulnerabilidade social e emocional, e tem como princípio a atuação com
alegria, através da máscara do palhaço e da música. Aqui, a distância entre público e
plateia é altamente reduzida, dada a interatividade entre ambos. Essa experiência tem
demonstrado que a ação do grupo, além do acolhimento dos assistidos através de seus
esquetes e terapias alternativas (como a terapia do abraço, por exemplo), possui um papel
de auxílio espiritual daqueles que estão sob sua atuação. Para melhor entender como isso
é possível, se faz necessário relatar a dinâmica de trabalho do grupo.

Partindo-se da prerrogativa “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome,
aí estou no meio deles” Mateus, 18:20 , o grupo inicia seu trabalho se conectando com a
espiritualidade maior, através de seu pensamento e oração, requisitando o amparo
espiritual para aquela atividade. O fim a que se presta o encontro, a intenção de fazer o
bem e o sentimento de amor ao próximo, qualifica o pensamento dos trabalhadores, que
pela lei das afinidades entram, em sintonia com entidades imbuídas do mesmo propósito.
Não obstante o trabalho resida na arte, com música e palhaçaria, o sentimento de servir
ao Cristo permite a referida conexão:

A experiência demonstra que aqueles


que se dedicam amorosamente, a
serviço do Cristo, recebem proteção
especial e avançada. (...) o amor ao
próximo que você manifesta
trabalhando, é o fundamento que lhe
dará a proteção e a segurança que
precisa se realmente quiser servir. (...)
somente contarão com assistência
superior àqueles grupos que tenham,
na caridade desinteressada, o objetivo
maior de seus esforços.
RODRIGUES, João Pedro Farias.
Introdução aos fundamentos da
Apometria. Porto Alegre: Alcance,
2016. p. 67-68.

Naturalmente, o autor falava aqui na proteção espiritual quando dos atendimentos


mediúnicos ou medianímicos, mas pela sua essência, é possível expandir o seu conceito
à todas as atividades que se proponham ao mesmo fim.

Na prática, é estabelecida a sintonia a região astral da Cachoeira do Pai Bernardino, e,


conforme o relato de médiuns videntes, alheios ao grupo, a intenção de alegria, caridade
e amor dos integrantes do grupo, forma um campo mental, pela ressonância de seus
pensamentos, que permite a formação de uma egrégora de luz que facilita o deslocamento
de espíritos socorridas do hospital do astral Alvorada Redenção.

Feita a abertura do trabalho o grupo inicia o processo de visitação, com música,


brincadeiras que levam os assistidos ao riso, sempre buscando a elevação de seu padrão
vibratório. Muitas vezes, em especial em recinto de idosos, no momento da chegada,
muitos se encontram introspectivos, com muitas dores físicas e emocionais. Á medida
que o grupo segue cantando, conversando, desenvolvendo seus esquetes, abraçando, é
comum as dores “irem embora”, e um rastro de alegria ficar no ambiente.
É sabido que, pela Lei da Sintonia, quanto mais o indivíduo baixa seu padrão vibratório,
mais se abre a oportunidade para a influência de espíritos parasitas, vampiros, desafetos
de modo geral. Ao elevar o padrão vibratório, está se fazendo um ajuste de sintonia do
assistido que, por perda de aclimatação, rompe o vínculo com as referidas entidades, que
aí podem ser recolhidas e encaminhadas pelos assistentes do astral, com maior
facilidade.

Além disso, a tristeza, o ato de ficar remoendo os motivos pelos quais chegaram nessa ou
naquela situação, podem provocar correntes mentais parasitas auto-induzidas,
desencadeando processos auto-obsessivos. Quando o grupo muda o foco dos
pensamentos dos assistidos, oportuniza o início de uma higiene mental, mas que claro,
deve ter sequencia pela associação de outros métodos, como passes magnéticos
sistemáticos, culto do Evangelho , etc. Uma das “receitas” mais comuns indicadas pelo
grupo é a fórmula das “três gargalhadas por dia”, tal como se faz com medicamentos em
geral. Isso nada mais é do que o incentivo ao interlocutor em nutrir bons pensamentos, e
exercitar o bom humor, o que também auxiliará nesse processo.
AZEVEDO, José Lacerda de. Espírito/Matéria - Novos horizontes para a medicina. 9.
ed. rev. atual. – Porto Alegre: Nova Prova, 2007. p. 293-295

Outra abordagem é a abraçoterapia. Abraços longos, cheios de afeto, possuem um cunho


de revitalização, à medida que naquele momento, os trabalhadores transferem sua energia
anímica e magnética aos assistidos, o que, estando sob seu comando mental, pode
suprimir e dispersar energias adversas aderidas ao duplo etérico do encarnado,
desintegrando formas-pensamentos, etc. Nem todos os trabalhadores possuem a
consciência do que está ocorrendo, mas o seu pensamento focado no afeto e sua vontade
de fazer o bem são a mola propulsora da revitalização.

Ao cabo das atividades, o grupo torna a se reunir, refazendo a sintonia com a Cachoeira
do Pai Bernardino, a fim de requisitar auxílio para a limpeza e revitalização dos
trabalhadores, agradecendo pela oportunidade de servir.

5.3.1 Casos e depoimentos

Ao longo de quase três anos de atividades do grupo, foi possível colher algumas
experiências que poderão ilustrar o que fora acima mencionado.

Um caso que demonstra a doação de energia e revitalização, foi o ocorrido com uma
voluntária, L.F., que prestava auxílio num dos locais visitados, e relatou uma dor no
ombro que estava lhe acompanhando à alguns dias. Um dos “palhaços” utilizou de uma
luva em formato de joaninha, para fazer uma “massagem” no local, enquanto os demais
cercaram a assistida. Ao final, todos lhe deram um abraço coletivo, e ela começou a rir,
pois sua dor realmente tinha “ido embora”. Apesar do instrumento atípico, o pensamento
e a vontade dos presentes para que a dor fosse aliviada, e muito provavelmente a
manipulação de suas energias pela espiritualidade, fez o resultado positivo.

Após a visita a uma jovem que estava acamada por ter sofrido um acidente
automobilístico, foi recebido o seguinte depoimento: “conforme eles foram se
apresentando, fui me dando conta sobre o que realmente estava acontecendo, e
mentalmente me perguntava se tudo aquilo era pra mim. Foi então que, de
impossibilitada, passei a me sentir importante. Algo que me marcou muito foi a música,
pois a vibração trazida por ela se manteve naquele ambiente até muito tempo depois que
eles foram embora”. Neste caso, a apresentação dos palhaços fez com que a paciente
mudasse o foco de seu pensamento, que circundava sobre as lesões do acidente. A música,
elevou o padrão seu vibratório e do ambiente onde estava, o que, por si só, já seria um
ganho, mas ainda é possível contar com a ação do plano espiritual, que, com a elevação
da vibração, tem maior facilidade de executar seu trabalho.

Um relato bastante interessante é o da Sra. D.T., coordenadora de uma casa de idosos que
o grupo visita com maior frequência. Um de seus relatos consiste na ação do grupo em
uma área em construção, cuja inauguração já havia sido adiada por várias vezes, por um
motivo ou outro. O grupo fez sua passagem pelo salão, entoando suas canções e com
muita alegria, o que levou ao seguinte depoimento: “após a passagem deles a casa ficou
com um perfume suave e na semana seguinte conseguimos resolver os problemas e ocupar
as suas dependências. Algumas pessoas dizem que foi casualidade, mas eu acredito que
foram renovadas as energias que estavam ali de alguma forma estagnadas”.

Uma das técnicas desenvolvidas na apometria é a da higienização de ambientes, que pode


se dar na instalação de cone exaustor, na projeção de luz verde, vento solar ou água do
mar, a fim de remover energias densas. Nesse caso, não foi aplicada nenhuma das técnicas
elencadas, mas o processo desenvolvido pela música foi semelhante, dado o depoimento
de D.T..

Ainda sobre esse mesmo local, o efeito terapêutico é demonstrado através da sequência
do depoimento: “O grupo tem se adaptado às nossas necessidades, isto é, a cada encontro
trás novas técnicas de aproximação, um olhar precioso para o dia a dia dos idosos, pois
via muito além do dia do evento. Vejo as reações se dando ao longo dos dias, até porque
nem todos participam ativamente mas mesmo aqueles que ficam mais afastados ou são
mais resistentes aproveitam de forma generosa essa energia e principalmente a harmonia
que o grupo deixa pela casa. Esses encontros, mesmo que esporádicos, têm nos ajudado
no processo de diminuição da depressão que é tão pertinente na população idosa e um
pouco mais agravado nos nossos moradores, visto que muitos vêm de quadro de abandono
e negligência. Quando trabalhamos com alegria e amor, as dificuldades se tornam
menores”.

Com isso, é possível concluir que o trabalho desenvolvido vai muito além da arte em si,
residindo numa função terapêutica, energética e espiritual, consubstanciada na caridade.

Cada pessoa que vivencia o amor ao próximo e dedica seu tempo para outrem, está
trilhando seu caminho rumo ao seu aprimoramento como espírito. Cada pessoa assistida
é uma oportunidade para esse exercício.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O servidor que deseja trabalhar na ceara do Cristo sempre encontrará uma maneira de
auxiliar desinteressadamente seus irmãos, e a arte pode ser um desses caminhos. Quando
a arte é desenvolvida de forma comprometida com a espiritualidade maior, seus atos
passam a contar com o seu amparo.
O médium artista, educado à luz do conhecimento espírita, possui maior consciência de
suas faculdades mentais, e naturalmente sobre as consequências da ação de seu
pensamento. Arrojando suas forças anímicas, associadas com a sintonia com o plano
espiritual, e somada a sua intenção de caridade, pode conferir à arte espírita uma função
terapêutica espiritual.

A arte espírita não foi revelada para somente para dar conhecimento da doutrina espírita
a quem se interessar, mas sim para colocar em ação os princípios basilares do Evangelho,
promovendo o amor, a alegria e a vida!

Paz e bem!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRARTE. Arte no Centro Espírita. Belo Horizonte : Educere, 2015.


AZEVEDO, José Lacerda de. Energia e Espírito – Teoria e prática da Apometria. – 5. ed.
– Porto Alegre: Pallotti, 2009.
AZEVEDO, José Lacerda de. Espírito/Matéria - Novos horizontes para a medicina. 9. ed.
rev. atual. – Porto Alegre: Nova Prova, 2007.
BENENZON, Rolando. Teoria da Musicoterapia: contribuição ao conhecimento do
contexto não-verbal. São Paulo: Summus, 1988.
BÍBLIA SAGRADA.
DENIS, León. O Espiritismo na Arte. (arquivo em PDF).
FRANCO, Divaldo Pereira. Atualidade do Pensamento Espírita. Ditado pelo Espírito
Vianna de Carvalho. 3ª Ed. Salvador: Leal, 2002. p. 126.
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KARDEC, Allan. Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro: FEB, 2011.
KARDEC, Allan. Livro dos Médiuns. São Paulo : Editora Ide, 2005.
KARDEC, Allan. Obras Póstumas. (arquivo em PDF).
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 2009.
LUIZ, André (espírito). Nosso Lar / ditado pelo Espírito André Luiz [psicografado por]
Francisco Cândido Xavier. – 61. ed - 1ª reimpressão – Rio de Janeiro: Federação Espírita
Brasileira, 2010.
LUIZ, André (espírito). Nos domínios da mediunidade / ditado pelo Espírito André Luiz
[psicografado por] Francisco Cândido Xavier. – 4ª reimpressão – Rio de Janeiro:
Federação Espírita Brasileira, 2010.
LUIZ, André. Os Mensageiros. ditado pelo Espírito André Luiz [psicografado por]
Francisco Cândido Xavier. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2012.
PASTORINO, Carlos Torres. Técnica da Mediunidade.
PERALVA, Martins. Estudando a Mediunidade: segundo a obra Nos Domínios da
Mediunidade de Francisco Cândido Xavier. Brasília: Federação Espírita Brasileira, 2014.
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RODRIGUES, João Pedro Farias. Introdução aos fundamentos da Apometria. Porto
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TOLEDO, Wenefledo de. Passes e Curas Espirituais. São Paulo: Pensamento, 2014.

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