Como Lidar com Problemas
Quando o Problema
É o Pecado
Nesta série temos tratado, em grande parte,
de problemas dos quais não somos culpados. Ge-
ralmente não temos culpa por ficarmos doentes,
incapacitados ou perder entes queridos para a
morte. Pode ser que nem sejamos culpados por
problemas financeiros ou frustrações com nossos
filhos. Quando somos vítimas de injustiças come-
tidas por outros indivíduos, os culpados são eles
– não nós. Todavia, precisamos olhar, agora, para
algo que está sob nossa total responsabilidade: o
problema do pecado em nossas vidas.
Ninguém nos obriga a pecar. A expressão “o
diabo me fez fazer isto” é uma tentativa de culpar
outro pelo que nós fizemos de errado. Pais, pro-
fessores e amigos podem ter dado maus exem-
plos ou agido mal conosco algumas vezes – mas
nenhum deles nos fez pecar. Nós pecamos por li-
vre vontade. Se tivermos problemas por causa do
pecado, a culpa é exclusivamente nossa.
COMO O PECADO É UM PROBLEMA?
O pecado sempre deixou morte e destruição
no seu rastro. “O salário do pecado é a morte”
(Romanos 6:23a). Devemos avaliar seriamente as
consequências do pecado.
Consequências do Pecado na Bíblia
As Escrituras fornecem provas abundantes de
que o pecado traz consequências dolorosas para
esta vida. 1) Adão e Eva foram expulsos do jardim;
depois os homens passaram a ter que trabalhar
arduamente, as mulheres tiverem que sofrer mais
dores de parto e todos tiveram que experimentar
a morte por causa de seus pecados (Gênesis 3:16–
19). 2) Os israelitas foram libertos do Egito pelo
mar Vermelho, mas depois alguns foram mortos
pela espada (Êxodo 32:27–29), alguns foram mor-
Coy Roper
tos por epidemias (Êxodo 32:35), alguns morreram
picados por cobras venenosas (Números 21:4–9) e
alguns foram mortos por fogo do céu (Números
16:35) ou engolidos pela terra (Números 16:28–33)
– tudo por causa de pecado! De fato, dentre os
homens que foram contados no primeiro recense-
amento dos israelitas, somente dois entraram na
terra prometida (Números 14:22–24, 30). O resto
pereceu no deserto! Por quê? Porque pecaram!
3) Por causa de seus pecados, o povo do reino do
norte de Israel foram levados em cativeiro, sem ja-
mais voltar. Pela mesma razão, o reino do sul de
Judá foi levado para o cativeiro babilônico e ali
permaneceu por setenta anos.
A história foi a mesma para muitos indivíduos.
Nadabe e Abiú pecaram oferecendo “fogo estra-
nho” e foram mortos por um fogo do céu (Levítico
10:1, 2). Uzá pecou tocando na arca quando ela esta-
va prestes a cair, e ele foi destruído (2 Samuel 6:1–7).
A morte do filho de Davi com Bate-Seba e os proble-
mas que surgiram dentro de sua própria casa foram
consequências de seu pecado (2 Samuel 11 e 12).
Até no Novo Testamento, vemos que o pe-
cado trouxe consequências dolorosas. Ananias e
Safira foram mortos quando mentiram para o Es-
pírito Santo (Atos 5:1–11). Por quê? Eles pecaram!
Herodes foi comido por vermes e morreu (Atos
12:21–23) por causa de seu pecado.
Paulo explicou o princípio do pecado e da mor-
te quando disse: “... aquilo que o homem semear,
isso também ceifará. Porque o que semeia para a
sua própria carne da carne colherá corrupção; mas
o que semeia para o Espírito do Espírito colherá
vida eterna” (Gálatas 6:7b, 8). Quando semeamos
para a carne – quando pecamos – podemos esperar
colher consequências dolorosas. Deus não nos cas-
tiga por nossos pecados nesta vida como Ele fazia
1
na época do Antigo Testamento1. Entretanto, o pe-
cado acarreta consequências mesmo para hoje.
As Consequências Espirituais
e Eternas do Pecado
Os efeitos mais devastadores do pecado são
espirituais e eternos. “O salário do pecado é a
morte” – morte espiritual, separação de Deus.
Quando Adão pecou, ele foi separado de Deus.
Esta verdade se perpetuou através dos tempos:
quando as pessoas pecam, são separadas de Deus.
Isaías disse: “Mas as vossas iniquidades fazem se-
paração entre vós e o vosso Deus; e os vossos pe-
cados encobrem o seu rosto de vós, para que vos
não ouça” (Isaías 59:2). Quando nos separamos
de Deus por pecarmos, estamos espiritualmente
mortos. Ser salvo significa passar da morte espiri-
tual para a vida espiritual (Efésios 2:5).
Talvez o pior aspecto da morte espiritual seja ela
não poder ser vista (veja Apocalipse 3:1). Geralmen-
te, quando há algo fisicamente errado com alguém,
a pessoa e outros sabem que há um problema por
causa da própria aparência dela. Ao contrário dis-
so, uma pessoa pode estar espiritualmente morta e
parecer estar bem viva. Pode ter boa saúde física,
prosperar financeiramente e fazer o bem socialmen-
te, mas ainda estar morta – morta no pecado!
A maior tragédia para quem está separado de
Deus e morto no pecado é que, a menos que se ar-
rependa e se converta a Deus, essa pessoa por fim
enfrentará consequências eternas. “O salário do
pecado é a morte” – morte eterna, ou separação
eterna de Deus (2 Tessalonicenses 1:7–9). Por toda
a eternidade, pecadores não arrependidos expe-
rimentarão a justa, porém dolorosa retribuição
por seus pecados no inferno, a “segunda morte”
(Apocalipse 20:14, 15; 21:8).
Por que o pecado é um problema? 1) Ele separa as
pessoas de Deus, e 2) a menos que alguém intervenha, o
pecado causará a perdição do pecador para sempre.
As Consequências do Pecado para Hoje
Além das consequências espirituais e eternas,
o pecado pode ter efeitos terríveis já nesta vida.
Os efeitos negativos do pecado estão todos à nos-
1 
Deus continua envolvido nos negócios do homem. Ele
estabeleceu o Seu universo para que quem segue Suas regras
seja mais suscetível a sobreviver e prosperar do que quem
não age assim. Além disso, Deus pode usar desastres natu-
rais e pessoais para realizar os Seus propósitos. Embora não
saibamos o que realmente Deus está fazendo, podemos crer
que Ele está envolvido no que está acontecendo.
2
sa volta e são evidentes. A sociedade humana está
repleta dos efeitos do pecado. Guerra, violência, as-
sassinato e roubo são alguns resultados do pecado.
O mais relevante para esta exposição é o fato de
que o pecado gera problemas para o pecador indi-
vidualmente. A imoralidade sexual pode destruir
casamentos e vidas. O vício em bebidas alcoólicas
e drogas produz desgraças. A jogatina cria proble-
mas tanto para quem joga como para a sociedade.
Crimes violentos prejudicam tanto a vítima quanto
o criminoso. Pessoas que furtam podem ser pegas
e penalizadas, e quem mente experimenta conse-
quências negativas decorrentes de seus abusos de
confiança. Quem se deixa levar pela preguiça está
suscetível a experimentar pobreza.
Além dos efeitos evidentes, o pecado pode des-
truir indivíduos de outras maneiras. A maioria das
pessoas se sente culpada quando peca2. Esse senti-
mento de culpa3, se continuar não resolvido, pode
resultar em conflitos interiores, noites sem sono, an-
siedade, depressão e até doenças mentais4 e físicas.
No Salmo 32, Davi desenhou um retrato vívido de
alguém que sofreu mental e fisicamente por culpa:
Enquanto calei os meus pecados, envelheceram
os meus ossos
pelos meus constantes gemidos todo o dia.
Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim,
e o meu vigor se tornou em sequidão de estio
(Salmos 32:3, 4).
Hoje, muitas pessoas têm problemas semelhan-
tes, embora talvez não admitam o fato de que a
causa de seus sintomas seja a culpa por pecados
não perdoados.
O QUE FAZER EM RELAÇÃO AO
PROBLEMA DO PECADO?
Se, de fato, o pecado for o problema, ou a cau-
2 
Exceções a essa regra são sociopatas e pessoas com
certos distúrbios de personalidade. Um sociopata não tem
consciência, e outros com sérios desvios de personalidade
podem não sentir verdadeiro remorso. Numa categoria di-
ferente estão aqueles cujas consciências foram cauterizadas
(1 Timóteo 4:2) e os corações, endurecidos (Hebreus 3:13).
Ou seja, fizeram o mal por tanto tempo que suas consciên-
cias já não os acusam.
Alguns até sentem culpa quando não são culpados. Por
3 
exemplo, uma mãe cujo filo morre pode sentir muita culpa,
mesmo não tendo feito nada errado. Essa “falsa culpa” gera
problemas e precisa ser tratada. Aqui, porém, estamos falan-
do de pecadores realmente culpados.
4 
Doenças mentais às vezes são causadas por sentimento
de culpa. Esses pacientes só melhoram quando tratam desse
sentimento. Obviamente, nem toda doença mental pode ser
atribuída ao pecado ou ao sentimento de culpa.
sa do problema, o que fazer? Três coisas são ne-
cessárias.
Fazer as Pazes com Deus
Em primeiro lugar, qualquer um que tenha um
problema de pecado precisa fazer as pazes com
Deus. Como o pecado aliena a pessoa de Deus
(Efésios 2:12), os pecadores se tornam inimigos de
Deus (Romanos 5:10). Se estivermos nessa condi-
ção, precisamos fazer as pazes com Ele. Como?
Não ficamos bem com Deus tomando por base
nosso próprio mérito ou bondade. Afirmamos,
anteriormente, que o pecado separa as pessoas
de Deus e pode fazer o pecador perder-se para
sempre “a menos que alguém intervenha”. A boa
notícia é que alguém interveio! Deus interveio
mandando Seu filho para morrer por nós para
que não tenhamos que experimentar o castigo
merecido por nossos pecados (João 3:16)! Através
do Filho de Deus, com base na Sua morte na cruz
e pela graça de Deus, nossos pecados podem ser
perdoados. Podemos nos reconciliar com Deus e
ficar em paz com Ele (Romanos 5:8–10)!
O que é necessário para obter esse perdão?
Quem ainda não é um cristão precisa crer em
Cristo (João 8:24), arrepender-se de seus pecados
(Lucas 13:3), confessar sua fé em que Cristo é o Fi-
lho de Deus (Mateus 10:32; Romanos 10:10) e ser
batizado para o perdão dos pecados (Atos 2:38).
Dar esses passos não consiste em tentar “ganhar”
ou “merecer” a salvação; eles são o meio prescri-
to por Deus para aceitarmos o dom da salvação
que Ele nos concede gratuitamente. Aqueles que
obedeceram a Deus são chamados “cristãos”. Os
filhos de Deus são membros da igreja do Senhor.
Sendo cristãos, estamos livres de culpa, pois todos
os nossos pecados foram lavados (Atos 22:16)!
O cristão que deixou seu primeiro amor e voltou
para o mundo – que tem sido infiel – precisa voltar
para o Senhor. Como ele já foi batizado, seguirá
passos um pouco diferentes para ser restaurado ao
serviço cristão fiel. Quer as outras pessoas saibam
disso, quer não, ele pecou e não tem paz de mente
enquanto não se arrepender de seus pecados, con-
fessá-los5 e orar a Deus por perdão (Atos 8:22; Tiago
5:16; 1 João 1:9). Quando ele orar, será perdoado e
mais uma vez estará justificado perante Deus.
Confessar publicamente os pecados nem sempre é neces-
5 
sário. Se o pecado foi público, provavelmente a confissão tam-
bém deve ser pública. Todavia, nunca é errado cristãos pedirem
que outros orem pelo perdão de seus pecados, mesmo quando
seus pecados específicos não são publicamente conhecidos.
Podemos ter certeza de que, se seguirmos os
mandamentos de Deus, Ele nos perdoará e nos li-
vrará da culpa. Todavia, precisamos estar cientes
de que as consequências físicas do pecado podem
se prolongar. O assassino pode ser perdoado pelo
crime, mas seu perdão não trará a vítima de volta
à vida nem cancelará sua dívida com a socieda-
de. O alcoólico pode se arrepender de seu vício,
ser perdoado, e nunca tocar numa gota de álcool;
porém o perdão não vai restaurar o fígado danifi-
cado. O filho pródigo em Lucas 15 foi perdoado,
mas o dinheiro e os anos desperdiçados não fo-
ram recuperados. As marcas da libertinagem não
foram apagadas de sua vida pelo perdão.
Fazer as Pazes com Pessoas
Além de fazer as pazes com Deus, o pecador deve
fazer as pazes com pessoas. De fato, fazer as pazes
com Deus – ser reconciliado com Ele – requer que o
pecador arrependido faça o máximo possível para
estar bem com as pessoas a quem ele prejudicou. O
verdadeiro arrependimento tem quatro requisitos:
• Arrependimento – lamentar-se pelo peca-
do (2 Coríntios 7:10).
• Decisão – determinar não cometer mais o
pecado.
• Mudança – fazer um esforço sincero para
mudar os atos pecaminosos,
• Restauração – tentar corrigir qualquer
erro que tenha cometido.6
Quem verdadeiramente se arrepende tenta agir
corretamente com aqueles contra os quais pecou.
Obviamente, existe um limite para o que pode
ser remediado ou compensado. Quem foi res-
ponsabilizado pela perda de uma vida não pode
restaurar essa vida. Todavia, um ladrão pode
devolver o que roubou. Qualquer um pode sin-
ceramente se desculpar por erros cometidos. Se
tivermos ofendido um irmão ou irmã em Cristo,
podemos confessar nossa falta e tentar compen-
sar o erro (veja Mateus 5:23, 24).
Fazer as Pazes Consigo Mesmo
Depois de fazer as pazes com Deus e com o
próximo, o pecador arrependido precisa fazer
as pazes consigo mesmo. Perdoar a si mesmo é
6 
Restaurar ou recuperar o que pudermos faz parte dos
“frutos dignos de arrependimento” comentados por João
Batista em Lucas 3:8.
3
livrar-se da culpa que tanto nos debilita.
É realmente possível alguém que cometeu
pecados terríveis achar paz interior? Antes de ser
cristão, Paulo perseguiu a igreja (Atos 26:10, 11;
1 Timóteo 1:13–15); e depois pôde aconselhar os
irmãos: “Não andeis ansiosos de coisa alguma”
(Filipenses 4:6a). Ele sentiu-se muito seguro quan-
do enfrentou a aproximação da morte (2 Timóteo
4:7, 8a). Davi, que escreveu sobre a ansiedade
que sentiu por sua imensa culpa, disse mais no
Salmo 32: “Confessei-te o meu pecado e a minha
iniquidade não mais ocultei. Disse: confessarei ao
Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a
iniquidade do meu pecado” (v. 5). Consequente-
mente, ele estava apto a escrever estas palavras:
“Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é per-
doada, cujo pecado é coberto” (v. 1).
Hoje, como um cristão pode perdoar a si mes-
mo quando peca? Na verdade, podemos achar
mais difícil perdoar a nós mesmos do que a ou-
tros. Para isso, precisamos fazer três coisas:
1. Precisamos reconhecer que todos os seres humanos
pecam. Embora não haja desculpas para o pecado,
é irrealista e também psicologicamente prejudicial
nos julgarmos supercristãos que não pecam. Quan-
do aceitamos que somos humanos, podemos per-
doar a nós mesmos assim como a outras pessoas.
2. Precisamos confiar na graça de Deus. Quem não
perdoa a si mesmo enquanto Deus já o perdoou
está sinalizando uma crença ou no fato de que
Deus realmente não o perdoou ou que ele deve
ser mais rígido consigo mesmo do que o próprio
Deus é. Essa pessoa está usurpando a posição de
Deus ao determinar que, independentemente do
que Deus pensa, ela não merece ser perdoada.
3. Podemos ter certeza de que Deus é capaz de rever-
ter em bem o mal que cometemos. Deus não peca, nem
Ele faz as pessoas pecarem. Todavia, Ele pode usar
pecadores para executar a Sua vontade. Talvez,
© A Verdade para Hoje, 2014
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
quando um cristão é perdoado de seus pecados, ele
alcance uma posição favorável para ganhar outros
pecadores para Cristo. Talvez, por causa do que ele
fez, ele seja capaz de dar testemunho das terríveis
consequências desse pecado específico. Pensar no
possível benefício decorrente de uma experiência
de pecado e arrependimento pode ajudar um cris-
tão cheio de remorso a perdoar a si mesmo.
Buscando paz com Deus, com outras pessoas e
consigo mesmo, o cristão pode vencer a culpa que
o pecado traz e os problemas que ele gera. Além
disso, ele descobrirá a paz que Cristo deseja que
Seus seguidores tenham (João 14:1, 27) – “a paz
que excede todo entendimento” (Filipenses 4:7).
CONCLUSÃO
Qual é o maior problema do pecado? O fato de
muitos não admitirem ter esse problema!7 Se esti-
vessem fisicamente doentes e soubessem, iriam
consultar um médico. No entanto, mesmo tendo
pecado e estando separados de Deus e talvez até
experimentando dor de consciência, certos indi-
víduos costumam não enxergar as evidências do
problema do pecado. Para vencer o problema do
pecado, o pecador precisa primeiramente reco-
nhecer que o pecado é o problema.
Cada um de nós deve se perguntar: “Tenho
um problema de pecado?” Se a reposta for “sim”,
será preciso buscar as Escrituras e aprender o que
fazer em relação a isto. É preciso tomar a deci-
são de fazer o que for necessário para obedecer a
Deus, e depois tomar uma atitude imediata!
Aquele que pecou pode ser como uma pessoa que tem
7 
uma doença terminal, mas não consegue aceitá-la; essa pes-
soa está numa atitude de negação. Muitas pessoas sabem no
íntimo que têm um problema de pecado; porém, em vez de
admiti-lo, vivem num estado de negação.