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Trabalho de Antropologia II

Prof. Marcelo Natividade


"Violência contra a mulher nos centros urbanos brasileiros"

(Entregue originalmente em 22/08/2018)


As tristes e estarrecedoras estatísticas de violência contra a mulher nos médios e
grandes centros urbanos no Brasil, na qual há prejuízo à sua integridade física,
psicológica e moral, denotam a escalada do irracionalismo e do obscurantismo em nosso
país, notadamente na esteira do Golpe de 2016.

Não obstante, é de amplo conhecimento social a subnotificação dessa ocorrência


por parte das vítimas, muitas vezes por medo ou descrença nos sistemas policiais e
judiciários brasileiro, o que nos leva a inferir que os números são, com efeito, bem
maiores do que os anunciados pelas autoridades.

Ademais, há que se notar que desde março de 2015 o Código Penal foi alterado
para incluir o feminicídio como crime hediondo, e são considerados feminicídios os
homicídios que têm como motivação a condição feminina da vítima, mas nem sempre o
registro da ocorrência é corretamente tipificado nas instâncias policiais e judiciais, o que
contribui para a subestimação dessa grave opressão enfrentada pelas mulheres
brasileiras.

Uma proporção expressiva dos feminicídios tem envolvimento de parceiros ou


ex-parceiros (os parceiros íntimos são os principais assassinos de mulheres) e decorre de
situações de abuso no domicílio, de ameaças, de intimidação, de violência sexual ou de
situações em que a mulher tem menos poder ou recursos do que o homem.

Os sofrimentos e as agressões dirigidas especificamente às mulheres pelo fato de


elas serem mulheres atestam inequivocamente a diferença de estatuto social da condição
feminina em nossa sociedade, o que leva à invisibilidade social dessa grave violência de
gênero, oriunda do sistema de dominação patriarcal, racista e capitalista. Podemos, para
deixar mais clara ainda a gritante desigualdade de gênero existente no Brasil, lembrar
que de acordo com o Censo 2010, do IBGE, as mulheres, não obstante representarem
51% da população brasileira, auferem uma renda média equivalente a pouco mais da
metade do rendimento médio dos homens.

Portanto, a violência contra a mulher representa uma questão complexa, cujas


origens encontram-se na organização social, nas estruturas econômicas e nas relações de
poder, sendo necessária a implantação de políticas públicas voltadas não somente para
ações de repressão e punição, mas também para a educação e o esclarecimento sobre o
respeito e a igualdade nas relações de gênero.

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