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DIREITO AMBIENTAL CONSTITUCIONAL
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essenci-
al à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo
para as presentes e futuras gerações.
“Todos” – São os destinatários da norma ambiental. Conforme interpretação conferida pelo STF, são os brasilei-
ros e estrangeiros residentes no país (art. 5º, caput, CF) – visão antropocêntrica.
“Presentes e futuras gerações” – trata-se de um direito intergeracional que tutela interesses das presentes e
futuras gerações.
“Bem de uso comum do povo”: “Cabe assinalar, Senhora Presidente, que os direitos de terceira geração (ou de
novíssima dimensão), que materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos, genericamente e de modo
difuso, a todos os integrantes dos agrupamentos sociais” (STF – ADIN 4.066).
“Impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê -lo e preservá-lo”: Descumprem a CF
tanto o Poder Público como a coletividade quando permitem ou possibilitam o desequilíbrio do meio ambiente.
Deveres do Poder Público (§1º, art. 225, CF):
a) “Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecos-
sistemas” – Preservar as unidades de conservação;
b) “Preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à
pesquisa e manipulação de material genético” – Organismos Geneticamente Modificados;
c) “Definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmen-
te protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei , vedada qualquer utilização
que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção” – Unidades de Conservação.

e) “controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem


risco para a vida , a qualidade de vida e o meio ambiente” - Organismos geneticamente modificados;
f) “promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação
do meio ambiente”;
g) “proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica,
provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade”.
Deveres da Coletividade (§§2º e 3º, art. 225, CF):
a) “Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo
com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei”;
b) “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos ca u-
sados”;

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Bens ambientais constitucionalmente protegidos:
§4º - “A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona
Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem
a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais’.
Bens ambientais constitucionalmente protegidos:
§5º - “São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, neces-
sárias à proteção dos ecossistemas naturais”.
Regras especiais previstas na CF:
§6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não
poderão ser instaladas.
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas
desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta
Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro,
devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos.
6. Competência em Matéria Ambiental:
Competência Administrativa em Matéria Ambiental:
a) Competência comum:
“Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
III – proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural , os monumentos, as
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor históri-
co, artístico e cultural;
VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
VII – preservar as florestas, a fauna e a flora;
XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos
e minerais em seus territórios”.
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distri-
to Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem -estar em âmbito nacional.
LEI COMPLEMENTAR 140/2011
Art. 5º - O ente federativo poderá delegar, mediante convênio, a execução de ações administrativas a ele atribu-
ídas nesta Lei Complementar, desde que o ente destinatário da delegação disponha de órgão ambiental capa-
citado a executar as ações administrativas a serem delegadas e de conselho de meio ambiente.
Parágrafo único. Considera-se órgão ambiental capacitado, para os efeitos do disposto no caput, aquele que
possui técnicos próprios ou em consórcio, devidamente habilitados e em número compatível com a deman-
da das ações administrativas a serem delegadas.
b) Competência privativa da União:
“Art. 21. Compete à União:
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econô-
mico e social;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos
de seu uso;
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes
urba-nos;
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a
pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e
seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:

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c) Competência privativa dos Municípios:
“Art. 30. Compete aos Municípios:
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do
parcelamento e da ocupação do solo urbano;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora
federal e estadual.
Competência Legislativa em Matéria Ambiental:
a) Competência privativa da União:
“Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal (crimes ambientais, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial
e do trabalho;
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das
matérias relacionadas neste artigo.
“Energia nuclear. Competência legislativa da União. Artigo 22, XXVI, da Constituição Federal. É inconstitucio -nal
norma estadual que dispõe sobre atividades relacionadas ao setor nuclear no âmbito regional, por violação da
competência da União para legislar sobre atividades nucleares, na qual se inclui a competência para fiscalizar a
execução dessas atividades e legislar sobre a referida fiscalização. Ação direta julgada procedente.” ADI 1.575, de
07.04.2010.
Competência Legislativa em Matéria Ambiental:
b) Competência concorrentes:
“Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, prote-
ção do meio ambiente e controle da poluição ;
VII – proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico ;
VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente , ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, esté-
tico, histórico, turístico e paisagístico.
§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos
Estados.
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para
atender a suas peculiaridades.
§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for
contrário.
STF = “o espaço de possibilidade de regramento pela legislação estadual, em casos de competência concorren-
te abre-se: (1) toda vez que não haja legislação federal, quando então, mesmo sobre princípios gerais, poderá a
legislação estadual dispor; e (2) quando, existente legislação federal que fixe os princípios gerais, caiba comple-
mentação ou suplementação para o preenchimento de lacunas, para aquilo que não corresponda à generalidade;
ou ainda, para a definição de peculiaridades regionais”. ADI/MC 2.396, de 26.09.2001.
Princípios Ambientais:
a) Precaução e Prevenção
PREVENÇÃO (risco certo – certeza científica)
PRECAUÇÃO (risco incerto – dúvida científica)
b) Desenvolvimento Sustentável

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c) Poluidor- Pagador
d) Função Sócioambiental da propriedade
Para o STJ, “inexiste direito ilimitado ou absoluto de utilização das potencialidades econômicas de imóvel, pois
antes até ‘da promulgação da Constituição vigente, o legislador já cuidava de impor algumas restrições ao uso da
propriedade com o escopo de preservar o meio ambiente’ (EREsp 628.588/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, Primeira
Seção, DJe 9.2.2009), tarefa essa que, no regime constitucional de 1988, fundamenta-se na função ecológica do
domínio e posse (REsp 1.240.122, de 28/06/2011).

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