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versão 2
21 de junho de 2004
ii
7 Controle químico 17
iv SUMÁRIO
12 Pragas do Café 30
13 Pragas da Cana-de-açúcar 32
15 Pragas do Feijão 37
16 Pragas da Soja 40
17 Pragas da Batata 43
19 Pragas da Mandioca 46
23 Formigas Cortadeiras 55
perda de produção
Pragas. São organismos que competem direta ou indireta-
mente com o homem por alimento, matéria prima ou
prejudicam a saúde e o bem-estar do homem e ani-
mais. Um organismo-praga é aquele que incomoda ao
homem, sendo portanto uma atribuição humana subje- C=P
tiva e não uma característica biológica.
Conceito tradicional de praga. Um inseto era consider-
ado praga se ele se alimenta da cultura e se sua pre-
sença é constatada no agrossistema.
Praga direta. Ataca diretamente a parte comercial- 3. Redução da diversidade genética. Monoculturas
izada. Exemplo: broca pequena do tomateiro (Neoleu- baseadas em clones derivados de enxertia apresentam
cinodes elegantalis) que ataca os frutos do tomateiro. diversidade genética zero. Isso significa que todas as
Praga indireta. Ataca uma parte da planta que afeta plantas apresentam a mesma suscetibilidade às pragas.
indiretamente a parte comercializada. Exemplo: la- Mesmo em culturas não baseadas em clones, a diversi-
garta da soja (Anticarsia gemmatalis) que causa des- dade genética é muito mais baixa que em ecossistemas
folha nas plantas da soja. naturais.
2. De acordo a seu lugar de origem 4. Grande concentração de alimento para insetos fitófa-
gos, favorecendo o rápido crescimento populacional.
Pragas introduzidas. São organismos introduzidos na
região onde se estabeleceu a cultura. Geralmente seu 5. Curta distância entre plantas da mesma espécie, fa-
centro de origem coincide com o da planta cultivada e cilitando a dispersão e colonização das plantas. Em
sua introdução na região foi feita durante o estabeleci- ecossistemas naturais os fitófagos necessitam procurar
mento da cultura. a planta hospedeira por longas distâncias, dificultando
Pragas endêmicas. São organismos originários da o crescimento populacional.
região (em geral oligófagos ou polífagos) que podem
passar a se alimentar de uma planta introduzida para 1.3.2 Manejo inadequado dos agrossistemas
cultura.
1. Descaso pelas medidas de controle.
3. De acordo com sua importância
2. Plantio de variedades suscetíveis ao ataque das pragas.
Organismos não-praga. São aqueles cuja densidade
populacional nunca atinge o nível de controle. Corre- 3. Falta de rotação de culturas.
spondem à maioria das espécies fitófagas encontradas
nos agroecossistemas. 4. Plantio em regiões ou estações favoráveis ao ataque de
Pragas secundárias. São aqueles que raramente pragas.
atingem o nível de controle. Exemplo: ácaros na cul- 5. Adoção de plantio direto (geralmente há um aumento
tura do café. de insetos que atacam o sistema radicular das plantas).
Pragas-chave. São aqueles organismos que freqüen-
temente ou sempre atingem o nível de controle. Esta 6. Adubação desequilibrada (as plantas mal nutridas são
praga constitui o ponto chave no estabelecimento de mais suscetíveis ao ataque de pragas)
sistema de manejo das pragas, as quais são geralmente 7. Uso inadequado de praguicidas (uso de dosagem, pro-
controladas quando se combate a praga chave. São duto, época de aplicação e metodologia inadequados).
poucas as espécies nesta categoria nos agroecossis-
temas, em muitas culturas só ocorre uma praga chave.
Podem ser divididos em: 1.3.3 Problemas causados pelo uso
Pragas freqüentes: São organismos que freqüen-
inadequado de praguicidas
temente atingem o nível de controle. Exemplo: 1. Redução das populações de inimigos naturais, com as
cigarrinha-verde (Empoasca kraemeri) em feijoeiro. conseqüências abaixo. Inimigos naturais podem ser
Pragas severas: São organismos cuja posição de equi- mais suscetíveis ao veneno, ou apresentar crescimento
líbrio é maior que o nível de controle. Exemplo: formi- populacional mais lento, não acompanhado o cresci-
gas saúvas (Atta spp.) em pastagens. mento das populações de pragas.
4. Manejo da água. A elevação do teor de umidade do prática é feita para controle do bicudo do algodoeiro
ar no microclima da cultura geralmente provoca o au- (Anthonomus grandis).
mento da mortalidade das pragas pela ação de fungos
entomopatogênicos. O aumento da quantidade de água 5. Modificação da atmosfera: e uma técnica muito uti-
fornecida às plantas, pode reduzir a concentração de lizada para controle de pragas em armazenagens. Em
aminoácidos essenciais na seiva, fato este que pode silos e outros locais pode se modificar a composição
diminuir populações de certos insetos sugadores (pul- normal dos gases da atmosfera gerando assim atmos-
gões, cochonilhas e tripes) e ácaros. A chuva e a feras ricas em CO2 e N2 que podem afetar a sobre-
irrigação por aspersão pode causar mortalidade de vivência dos insetos.
pequenos insetos e ácaros pelo efeito mecânico de
derrubá-los e feri-los. O manejo da agua pode ser im- 3.2.3 Dessincronização entre cultura e ciclo
portante também para controle de insetos subterrâneos vital da praga
ou aquáticos, assim podem se controlar populações do
bicho bolo (Coleoptera: Scarabaeidae) em culturas de 1. Profundidade de Plantio: A profundidade de plantio
arroz de sequeiro mediante a inundação da cultura; por pode afetar a velocidade de germinação das sementes
sua vez a drenagem da agua na cultura do arroz ir- e o vigor das plantas, o que interfere no tempo em que
rigado pode servir para controle da bicheira do arroz a cultura permanece nos estágios iniciais. Nestes está-
(Coleoptera: Curculionidae) gios as culturas são mais suscetíveis ao ataque de pra-
gas causadoras de mortalidade de plantas.
5. Uso de cobertura morta. O uso de cobertura morta
como palha ou casca de arroz pode possibilitar a di- 2. Época de plantio: O plantio em épocas que permi-
ficuldade de localização do hospedeiro por certos in- tam a dessincronização entre a época de suscetibili-
setos, como ocorre com pulgões em brássicas. dade da cultura e a ocorrência de condições climáti-
cas favoráveis à praga. Também o plantio em época
única e antecipada, pode diminuir o ataque de pragas
3.2.2 Modificação do habitat devido a cultura "enfrentar" menor população inicial
1. Espaçamento e Densidade de Plantio: O aumento da de pragas; exemplo disso é o que ocorre com a mosca
densidade de plantio pode "compensar"a mortalidade do sorgo (Contarinia sorghicola).
de plantas causadas por pragas como as lagartas rosca
3. Plantio de variedades precoces: Possibilita menor
(Agrotis ipsilon) e elasmo (Elasmopalpus lignosellus).
tempo de permanência da cultura no campo; dimin-
O espaçamento mais adensado pode aumentar a umi-
uindo assim o tempo de exposição das plantas às pra-
dade do microclima da cultura elevando a mortalidade
gas, o que acarretará em ocorrência de menor número
das pragas causadas por fungos entomopatogênicos
de ciclos de praga, por cultivo; e em menor popu-
como ocorre com o bicho mineiro (Perileucoptera cof-
lação no campo. Tal prática é usada pra controle do
feella) do cafeeiro.
bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis) e mosca
2. Consorciação e manutenção de plantas invasoras: O do sorgo, (Contarinia sorghicola).
Plantio de culturas em consórcio e a manutenção de
4. Época de colheita: A colheita deve ser feita assim
plantas invasoras junto às culturas aumenta a diversi-
que ocorra a maturidade fisiológica dos frutos ou se-
dade hospedeira dos agroecosistemas. Fato esse, que
mentes; para diminuir o tempo de exposição destes à
pode reduzir as populações de pragas "especialistas"
pragas. Tal atitude é recomendada em fruteiras para
e aumentar as populações de certos inimigos naturais
controle de mosca das frutas (Diptera: Tephritidae);
e pragas "generalistas". O controle das pragas "es-
em feijoeiro e cereais para diminuir o ataque de pragas
pecialistas" se deve, por exemplo: à dificuldade de
de armazenamento cujo início da infestação ocorre no
localização da cultura hospedeira, (promovendo uma
campo. Esta técnica também e útil para controle de
diminuição das populações de homópteros e tripes em
pragas diapausantes já que a colheita pode se efetuar
um sistema hortícola diversificado) por sua vez, passa
antes que os insetos alcancem este estagio reduzindo
a facilitar a ação dos predadores.
assim as populações na próxima estação de produção.
3. Rotação de culturas: O plantio alternado de plantas de
espécies diferentes, pode servir de métodos de cont- 3.2.4 Adoção de medidas de Sanidade
role de pragas específicas (soja-trigo; milho-feijão). E
mais efetivo para espécies com distâncias de migração 1. Uso de Sementes ou Propágulos Livres de Pragas:
limitados. Permite o controle de pragas que se disseminam
através de semente, como ocorre com a lagarta rosada
4. Cultura armadilha ou cultura isca: Consiste no uso de (Pectinophora gossypiella, Saund., 1844) em algo-
culturas atrativas à praga, na qual é aplicado defen- doeiro.
sivo em dose geralmente elevada; sendo que, quando
essa cultura está atacada pela praga ela é destruída. Tal 2. Catação de frutos caídos: Pode servir como prática
para diminuição dos focos para futuras infestações de
Métodos Legislativos, Culturais, Mecânicos e Físicos de Controle de Pragas 9
pragas que vivem dentro dos frutos; como ocorre com econômico, ou como complemento de outros métodos.
moscas das frutas (Diptera: Tephritidae) em citros. Usa-se para controlar bandos de gafanhotos, cochonil-
Após a catação dos frutos, pode-se jogá-los em valas has em pastagens (Antonina graminis), cigarrinhas em
cobertas por telado fino que permita a passagem de cana-de-açúcar (Mahanarva sp.) e lagarta rosada em
parasitóides e impeça que o mesmo ocorra com os algodão (Pctinophora gossypiella), através da queima
adultos da praga. A broca do café e o bicudo do al- de restos de cultura e destruição de ramos de plantas
godoeiro podem ter suas populações diminuidas com atacadas por coleobrocas.
a catação de frutos de café e estruturas reprodutivas do
algodão coletadas do chão. 2. Temperatura: alta (50◦ C) ou baixa (−5◦ C), para matar
ou paralisar as atividades de algumas pragas. É um
3. Poda: Permite o controle de larvas broqueadoras de método empregado para o controle de pragas de grãos
caule, como ocorre em citros, onde os galhos ataca- armazenados.
dos por larvas de coleópteros broqueadores devem ser
cortados e queimados. 3. Processos de radiação eletromagnética. As faixas do
espectro que têm sido usadas para controle de inse-
4. Destruição dos restos culturais: Possibilita a destru- tos são as radiações ultravioleta (U.V.), luminosa e in-
ição de pragas que sobrevivem nos restos culturais fravermelha (I.V.). A manifestação da radiação solar
como ocorre com o bicudo do algodoeiro (Anthonomus durante o dia é através da cor do substrato. As reações
grandis), lagarta rosada (Pectinophora gossypiella) e dos insetos às diferentes cores são de atratividade ou
broca da raiz, Eutinobothrus brasiliensis) na cultura repelência, o que permite que sejam usados como meio
algodoeira. de controle.
Controle biológico consiste na utilização de inimigos nat- com a finalidade de Ter um efeito imediato sob a pop-
urais (predadores, parasitas e patógenos) no controle das ulação da praga, ex.: bioinseticidas)
populações de organismos praga.
(c) Classe dos Basidiomicetos - Septobasidium de Minas Gerais) com resultados que variam desde o
(d) Classe dos Deuteromicetos - Acrostalagnus, As- sucesso absoluto (60% de controle) até em fracassos (<
chersonia, Aspergillus, Beauveria, Hirsutella, 10% de controle). O processo consiste em se utilizar
Metarrhizium, Penicillium, Nomuraea. (Princi- esporos do fungo produzidos em laboratórios através
pal grupo para o controle biológico). de aplicações em campos via pulverização. Os resulta-
dos contraditórios em relação a eficácia do método se
Mecanismo de penetração e ação: Penetração via devem a alguns aspectos importantes tais como: qual-
cutícula (áreas intersegmentais); colonização do corpo idade do fungo, dosagem aplicada, método de apli-
do inseto, produção de micotoxinas (morte do in- cação, chuvas e umidade por ocasião de aplicação.
seto); mudanças patológicas na hemocele, bloqueio
4. Controle biológico de lagartas desfolhadoras de Eu-
mecânico do aparelho digestivo; crescimento do
calipto com percevejos predadores. O reflorestamento,
micélio e envolvimento externo do inseto.
especialmente com gênero Eucalyptus causou o surgi-
Sintomas externos: mudança de cor do tegumento, mento de dezenas de espécies de lagartas desfolhado-
manchas escuras nas pernas e regiões; perda do apetite; ras que tem causado danos a milhares de hectares ex-
tegumento torna-se rósea (B. bassiana e M. anisopliae) plorados comercialmente. Entre os vários grupos de
e depois esbranquiçado ou amarelado pelo micélio. inimigos naturais, dessas lagartas, destaca-se a pre-
Vantagens de seu uso no controle de pragas: sele- sença de algumas espécies de percevejos predadores,
tividade; persistência no meio; baixa toxicidade a ver- especialmente aqueles do gênero Podisus. No entanto
tebrados; baixo impacto no meio ambiente. as populações desses importantes insetos só atingem o
controle das lagartas quando, normalmente, a desfolha
Desvantagens de seu uso no controle de pragas: de-
já ocorreu. Caso fosse possível a produção, em labo-
pendência do meio ambiente (alta umidade, temper-
ratório, desses insetos provavelmente fosse melhorado
atura, luz); dificuldade na produção e armazenamento;
a sua atuação. Assim, desde 1983 tem sido desen-
efeito não imediato.
volvido, na UFV, um programa de pesquisa, visando o
incremento de tecnologia de produção desses perceve-
4.3 Alguns Programas de Controle jos. Nesta Instituição, tais insetos têm sido produzidos,
em larga escala, com a utilização de presas alternati-
Biológico no Brasil vas como larvas de Musca domestica, de Bombyx mori
e de Tenebrio molitor. Atualmente, após transferência
1. Controle de Anticarsia gemmatalis em soja. A lagarta dessa tecnologia, além do laboratório da UFV, exis-
da soja A. gemmatalis foi alvo de um programa de tem outros na Reflorestadora do Alto Jequitinhonha,
CB desenvolvido pela EMBRAPA/CNPSo que utiliza em Montes Claros; na CAF Florestal, em Bom Despa-
o vírus Baculovirus anticarsia (VPN) para o seu con- cho e na Duraflora, em Lençóis Paulista.
trole. O programa visou estabelecer técnicas de pro-
dução e aplicação do vírus para implementar o controle
de praga e diminuir o uso de inseticidas. Atualmente,
em termos de área atingida, este é o maior programa de
uso de vírus de insetos, em nível mundial. Em termos
econômicos, a safra de 88/89 gerou uma economia de
6,4 milhões de dólares aos agricultores da região sul
do país em função da economia gerada pelo programa
em relação ao tratamento convencional.
2. Controle de Erinnyis ello em mandioca. O vírus de
granulose (VG) do mandrová-da-mandioca pode ser
considerado como o segundo vírus utilizado na prática,
no Brasil. O programa de controle foi desenvolvido
pela EMPASC - Itajaí SC e baseia-se na multipli-
cação do VG em lagartas alimentadas com folhas de
mandioca, para posterior coleta de lagartas mortas,
armazenamento e distribuição ao agricultor. Atual-
mente, este VG vem sendo também produzido pela
IAPAR-PR, sendo que na safra de 1985 foi utilizado
em aproximadamente 2.000 ha cultivados com a cul-
tura.
3. Controle de cigarrinhas-das-pastagens pelo fungo M.
anisopliae. O uso do fungo vem sendo utilizado em
várias regiões do país (Pernambuco, Brasília, Norte
Capítulo 5
Nos organismos vivos, comportamentos de atração, re- (e) Feromônio de território. Substância relacionada
pelência, estimulação ou inibição são normalmente me- com a área de ocupação do inseto. Estes são dos
diados por substâncias químicas conhecidas como semio- poucos feromônios que atuam como repelentes.
químicos (sinais químicos). Os insetos utilizam os semio-
químicos para localização de presas, defesa e agressividade, Do ponto de vista do Manejo de Pragas os feromônios
seleção de plantas, escolha de locais de oviposição, corte e são as substâncias que têm recebido mais atenção, particu-
acasalamento, organização das atividades sociais e diversos larmente os feromônios sexuais.
outros tipos de comportamento.
5.2 Utilização dos feromônios no
5.1 Semioquímicos manejo integrado de pragas
1. Aleloquímicos: Substâncias químicas envolvidas na 1. Detecção de pragas: verificação da presença de pragas.
comunicação entre organismos de espécies diferentes. Utilizado na detecção dos primeiros vôos da traça-das-
(a) Cairomônios. O organismo receptor é favorecido frutas.
(ex. compostos nas fezes de lagartas de mari- 2. Monitoramento de pragas: Verificar se a população
posas que atraem parasitóides). de uma praga atingiu o nível de controle. Utilizado
(b) Alomônios: Organismo que produz a substância para culturas de pessegueiros, para Grapholita mo-
é favorecido (ex. plantas que produzem substan- lesta, com armadilhas de feromônio. Em galpões para
cias repelentes de insetos). secagem de folhas de fumo, utiliza-se a armadilha de
(c) Sinomônios: tanto o organismo receptor como o Serriconin para monitorar besouro escolitídeo praga.
organismo produtor são favorecidos (ex. plan-
3. Controle de pragas
tas injuriadas por insetos fitófagos liberam com-
postos que são atraentes para inimigos naturais (a) Cultura armadilha: uso de feromônio em faixas
desses insetos). de cultura previamente instaladas para atração da
(d) Apneumônios: substância liberada por um objeto praga.
inanimado que beneficia a um organismo. (b) Coleta massal: coleta de indivíduos através de
2. Feromônios. Substâncias químicas ou misturas destas, armadilhas. Esta técnica têm dado melhores re-
envolvidas na comunicação entre indivíduos da mesma sultados quando se usa com feromônios de agre-
espécie. gação, como no caso da utilização para coleta
de bicudo do algodoeiro com feromônio de agre-
(a) Feromônio Sexual. Substância liberada, geral- gação “blockaide” ou nomate PBW.
mente pelas fêmeas, para atração do parceiro sex- (c) Confundimento: saturação da área com o fer-
ual. Ex.: Lepidoptera. omônio sexual, dificultando o acasalamento. Uti-
(b) Feromônio de Agregação: Substância para lizando feromônios sintéticos, reduz-se a proba-
manutenção da sociedade (abelha), colonização bilidade de encontros e/ou agregação dos sexos e
de habitats (Coleoptera: Scolytidae) e agregação. acasalamentos. Em algodão, utiliza-se o “gossy-
(c) Feromônio de Trilha. Substância deixada no solo plure” para confusão de P. gossipiella, com re-
para reconhecimento da “trilha” (formigas e cu- dução de até 64% na aplicação de inseticidas.
pins). Para o bicudo também são utilizadas várias is-
cas embebidas com feromônio “grandllure” para
(d) Feromônio de Alarme. Substância usada pelos
a confusão de machos.
insetos para fuga (pulgões) e agressão (formigas
e abelhas), muito voláteis.
Métodos de Controle por Comportamento 15
Estas técnicas de controle baseiam-se na modificação podem-se obter efeitos opostos isto é: podem-se uti-
genética dos organismos de um agroecossistema visando lizar para “melhorar” organismos de utilidade no con-
o controle das populações de insetos praga. Pode se ma- trole de pragas, por exemplo inimigos naturais.
nipular a população da própria espécie praga ou de outros
componentes do sistema (plantas ou inimigos naturais).
6.2 Organismos Transgênicos
6.1 Controle Autocida Essa é a mais nova técnica para o controle de pragas e
baseia-se nas técnicas do DNA recombinante e na engen-
Com este nome se designa um conjunto de técnicas que haria genética. Mediante seu uso busca-se introduzir nos
utilizam os indivíduos de uma espécie praga modificados organismos genes de outros e que vão conferir alguma van-
geneticamente para reduzir a população de sua própria es- tagem para ser utilizada no beneficio do homem.
pécie. Do ponto de vista do controle de pragas o principal uso
dessas técnicas, até agora, tem visado a transformação de
1. Técnica do inseto estéril: É a mais difundida no con-
plantas para conferir resistência frente ao ataque de inse-
trole autocida. Consiste na criação massal de inse-
tos. Os genes mais utilizados nas plantas já comercializadas
tos de uma espécie praga sua esterilização (por meio
são o da toxina de Bacillus thuringiensis. Também tem se
de radiações γ ou X, ou substâncias químicas) e lib-
experimentado com genes inibidores de enzimas digestivas
eração no campo para competir com os insetos nor-
extraídos de sementes do feijão Vigna unguiculata e genes
mais no acasalamento. Em geral são utilizados ma-
produtores de compostos anti-nutrientes.
chos da espécie praga. As fêmeas acasaladas com os
Outro uso potencial dos organismos geneticamente mod-
machos estéreis não deixam descendência, causando
ificados é a modificação de entomopatógenos. A engen-
redução dos níveis populacionais. O grau de controle
haria genética pode ser uma ferramenta útil para manipular
que se obtém depende muito da relação macho estéril
o genoma de vírus, baterias e fungos patógenos de insetos
: macho normal na população e da eficiência de am-
tentando incrementar sua virulência e o potência de suas
bos os tipos de machos na busca das fêmeas e acasala-
toxinas. Isso pode contribuir para o desenvolvimento de in-
mento. Um dos programas com maior sucesso uti-
seticidas microbianos mais potentes e com maior eficiência
lizando essa técnica têm sido empregado nos Estados
o que poderia torná-los mais atrativos para os produtores e
Unidos para controle da mosca Cochliomia hominivo-
empresas.
rax (Diptera: Calliphoridae), uma praga de grande im-
Por último, as técnicas de engenharia genética pode-
portância veterinária, que foi praticamente erradicada.
riam ser utilizadas para modificar insetos predadores e par-
Também foram bons resultados no controle de moscas-
asitóides com genes que conferem resistência a inseticidas.
das-frutas (Diptera: Tephritidae) em várias regiões do
mundo.
2. As outras técnicas de luta autocida consistem em ma-
nipular a composição do “pool” gênico de uma es-
pécie para reduzir os níveis populacionais. O obje-
tivo fundamental é alterar os processos genéticos nor-
mais para tornar os insetos menos fecundos, menos
lôngevos ou estéreis. Até agora essas técnicas não têm
sido utilizadas na prática, mas vários processos genéti-
cos são conhecidos e o potencial de seu uso demon-
strado. Entre eles podemos mencionar mutações letais
condicionantes, esterilidade herdada, esterilidade de
híbridos, incompatibilidade citoplasmática e incom-
patibilidade cromossômica. Mediante essas técnicas
Capítulo 7
Controle químico
O uso de substancias químicas para combater pragas data • Óleos minerais (derivados do petróleo)
de aproximadamente 3500 anos atrás quando os antigos
egípcios utilizavam enxofre para desinfetar as habitações 2. Sintéticos
dos reis e príncipes. No século XIX os principais produ-
• Organoclorados
tos utilizados para combater as pragas foram sais minerais
(de metil-mercúrio, de arsênico, etc.), produtos derivados • Organofosforados
de plantas (rotenona, nicotina, etc.) e óleos (minerais e • Carbamatos
derivados de plantas). Na inicio do século XX iniciou-se o • Piretróides
desenvolvimento dos produtos sintéticos que mudaram rad-
icalmente a história da luta contra as pragas, sendo esses • Fumigantes (brometo de metila, fosfina , etc.)
produtos os mais utilizados nos agroecossistemas ate hoje. • Reguladores do Crescimento
Os produtos utilizados para combater pragas da agricul- • Inibidores do crescimento
tura e outras são chamados genericamente de agrotóxicos.
• Neonicotinóides
Segundo a lei 7802 do 11 de julho de 1989 os agrotóxicos e
afins são: “produtos e agentes de processos físicos, quími-
cos ou biológicos destinados ao uso no setores de produção, Organoclorados
armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas São compostos caracterizados pela presença de C, H, Cl,
pastagens, na proteção de florestas nativas ou implantadas,
e às vezes O. Possuem várias uniões C-Cl. Muitos possuem
e de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, cadeias carbonadas cíclicas. Fazem parte destes compos-
hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a com-
tos o DDT, BHC, Lindano (formados por anéis de benzeno
posição da flora e da fauna, a fim de preservá-las da ação
clorados) e os compostos chamados de cyclodienos (aldrin,
danosa de seres vivos considerados nocivos, incluindo-se dieldrin, endosulfan, myrex).
as substâncias e produtos empregados como desfolhantes, Os organoclorados são compostos altamente lipofílicos,
dessecantes, estimulantes e inibidores de crescimento”. pouco solúveis em água, que possuem uma alta estabili-
Estes produtos podem ser chamados segundo os organ- dade química. São pouco degradáveis tanto por processos
ismos que controlam sendo assim inseticidas, acaricidas, físico-químicos (fotólise, hidrólise, etc.) como por proces-
fungicidas, nematicidas, herbicidas, etc. sos biológicos (biodegradação) e por isso são facilmente
bio-acumuláveis. Eles acumulam-se no ambiente e de-
Classificação dos inseticidas (segundo a fonte moram décadas para se degradar. Também têm se demon-
de obtenção) strado suas propriedades carcinogênicas. No Brasil seu
uso está totalmente proibido na agricultura há vários anos.
1. Naturais De acordo com a Convenção de Estocolmo, esses produtos
serão banidos no Mundo todo dentro de alguns anos.
(a) Inorgânicos
Modo de ação: os organoclorados possuem vários
• Sais de metil-mercúrio (iodo, nitrato, fos- mecanismos de ação: podem alterar a permeabilidade ao
fato) Na+ na membrana do axônio impedindo a repolarização
• Sais de arsênico (arseniato de Pb, Ca, Na) normal após a descarga de um impulso nervoso (ex. DDT),
• Sais fluorados (criolita Na3 AlF6 ) podem aumentar a liberação de acetilcolina no terminal
pre-sináptico produzindo una hiperexitação do sistema ner-
(b) Orgânicos voso (DDT), podem aumentar a concentração de Ca++ in-
• Botânicos (rotenona, piretro, nicotina) tracelular dos terminais pre-sinápticos que leva a um incre-
• Biopraguicidas produzidos por microrganis- mento na liberação de neurotransmissores e hiperexitação
mos (avermectinas, naturalytes, etc) do sistema nervoso (ciclodienos) e podem inibir a função
do GABA (ácido gamma aminobutírico) que é um inibidor
• Óleos vegetais (derivados de plantas)
da transmissão do impulso nervoso (BHC).
18 Controle químico
A ecologia é geralmente definida como o estudo das re- 3. Umidade. A maioria dos insetos possui de 70-90% de
lações dos seres vivos entre si e com o ambiente. Pode seu peso em água. Essa proporção precisa ser man-
ser dividida em autoecologia (estudo dos fatores que in- tida constante para que as funções fisiológicas operem
fluenciam os indivíduos de uma espécie em particular) e normalmente. Alguns insetos apresentam adaptações
sinecologia (estuda as populações, comunidades e ecossis- especiais que permitem que sobrevivam em ambientes
temas). muito secos sem a disponibilidade de água. É o caso
dos que atacam produtos armazenados como grãos e
farinha, e dos cupins de madeira seca. A umidade rel-
8.1 Autoecologia ativa do ar corresponde à quantidade de vapor de água
presente no ar em relação ao ponto de saturação, e é
Estuda a influência dos fatores ecológicos nos indivíduos expressa em percentagem. O ponto de saturação varia
de uma espécie sendo estes fatores qualquer elemento do em função da temperatura. Os insetos podem ser di-
meio (físico ou biótico). vididos em vários grupos em função da sua tolerân-
cia à umidade: aquáticos (vivem na água), higrófilos
Fatores Físicos (vivem em ambientes muito úmidos), mesófilos (maio-
ria), xerófilos (vivem em ambientes secos). Da mesma
1. Radiação solar. A parte da radiação solar importante maneira que a temperatura, os insetos apresentam uma
aos insetos corresponde ao visível, ultravioleta e in- faixa ótima e os limites superior e inferior de tolerância
fravermelho. A luz pode ser favorável ou desfavorável à umidade.
aos insetos. Alguns são atraídos pela luz (fototropismo
positivo), como abelhas e mariposas, enquanto outros 4. Vento. O vento é o movimento do ar em relação à su-
são repelidos pela luz (fototropismo negativo), como perfície da Terra. É importante na dispersão dos inse-
as baratas. Os insetos também são afetados pela du- tos, que podem ser transportados a grandes distâncias,
ração do dia, chamado de fotoperíodo, que pode regu- tanto adultos alados como formas imaturas. Assim eles
lar os ritmos biológicos como período reprodutivo e di- podem colonizar novos hábitats, e no caso de pragas,
apausa. O espectro visível ao olho dos insetos é difer- atingir novas áreas onde a espécie não ocorria ou onde
ente do visível ao olho humano, se estendendo mais ao havia sido exterminada.
ultravioleta e menos ao vermelho.
2. Temperatura. Os insetos são pecilotérmicos, isto é, Substrato
mantém a temperatura do corpo próxima da temper- O lugar onde o organismo vive pode ter uma grande in-
atura ambiente. Por isso eles são fortemente influen- fluência em diferentes aspectos de sua biologia. A disponi-
ciados pela temperatura. Os insetos tem uma faixa bilidade de um lugar adequado para viver condiciona o
de temperatura ótima para sua atividade (geralmente acesso a refugio, alimento, probabilidade de ataque por
em torno de 25◦ C), e uma faixa subótima ao redor predadores e parasitas, etc. o que finalmente influencia
dessa (15 a 38◦ C). Acima ou abaixo disso suas ativi- aspectos biológicos tais como reprodução ou sobrevivên-
dades ficam limitadas, tendendo a entrar em estivação. cia. Os insetos podem se desenvolver em qualquer um dos
A maioria morre em temperaturas acima de 48◦ C ou três substratos da biosfera atmosfera, hidrosfera ou litos-
abaixo de 0◦ C. Mas existem muitas exceções, como fera, porem 95% dos insetos vivem na litosfera e um grande
algumas moscas que se desenvolvem bem em temper- número deles sobre as plantas.
atura de 55◦ C e alguns besouros que vivem bem em
temperatura abaixo de 0◦ C. A extensão dessa faixa de
tolerância também varia de inseto para inseto; alguns
Alimento
são mais tolerantes (euritérmicos) e outros menos (es- O alimento e um componente ambiental que influencia
tenotérmicos). diretamente diferentes processos biológicos tais como fe-
cundidade, longevidade, velocidade de desenvolvimento,
20 Ecologia dos Insetos
número de insetos
E
se alimentam ex. adultos de Ephemeroptera), monófagos
(sua dieta baseia-se em uma única espécie (específicos),
ex. Broca do café), oligófagos (consumem um número re-
K
duzido de espécies), polífagos (com uma dieta amplia em
relação ao número de espécies que a formam, ex. gafan- L
hotos) e onívoros (consumem diversos tipos de alimentos e
de diferentes origens (vegetal, animal, materiais em decom-
posição,etc.). Com relação tipo de alimento que consomem
os insetos podem ser:
1. Fitófagos. Insetos que se alimentam de plantas vivas.
tempo
Cerda de metade das espécies de insetos incluem-se
nesse grupo. Podem ser divididos em mastigadores de
Figura 8.1: Curvas de crescimento exponencial (E) e logís-
folhas, sugadores de seiva, minadores, broqueadores,
tico (L) de uma população de insetos. K representa a ca-
galhadores, e polinizadores.
pacidade de suporte do ambiente
2. Micetófagos. Insetos que se alimentam de fungos. São
muitas vezes incluídos entre os fitófagos, mas fungos
não são plantas. Vários insetos apresentam simbiose Crescimento exponencial
com fungos, cultivando-os, como as saúvas, alguns
cupins (Macrotermitinae) e alguns besouros (Scolyti- Pode ser formulado de duas maneiras: discreto (em
dae). Larvas de Drosophila alimentam-se de leveduras unidades de tempo definidas, geralmente equivalentes a
em frutos em decomposição. uma geração) e contínuo. A forma discreta seria:
dN
8.2 Sinecologia dt
= r·N
Dinâmica de Populações
Nt = No · ert
Uma população é um grupo de indivíduos da mesma es-
pécie que vivem no mesmo ambiente e onde todos possuem onde:
a mesma probabilidade de intercruzar-se. Cada população r = taxa de crescimento instantâneo = taxa de natalidade
possui uma série de características próprias e não presentes menos taxa de mortalidade.
nos indivíduos que as compõem. Entre elas estão taxas de
reprodução, taxas de mortalidade, distribuição etária, dis- Pode-se demonstrar que ln(λ) = r
persão, forma de crescimento. O estudo de como estás car-
acterísticas podem influenciar o desenvolvimento das popu- Crescimento dependente da densidade
lações no tempo e conhecido como dinâmica de populações. Aproxima-se mais da realidade, já que nenhuma pop-
O número de indivíduos em uma população e a forma ulação pode crescer indefinidamente. Esse modelo uti-
em que este varia no tempo depende de processos naturais, liza um parametro K, que representa o limite máximo
conhecidos como primários ou condicionantes e processos para o tamanho da população. Conforme a população vai
reguladores. En tanto que os processos primários servem crescendo, a taxa de crescimento vai desacelerando em
para entender o número de indivíduos de uma população função da proporção entre K e o tamanho da população N.
os processos reguladores são fundamentais para explicar os A curva resultante tem o formato sigmoide.
mudanças no número de indivíduos no tempo.
Os processos primários são: nascimento, mortalidade e dN (K − N)
= N ·r·
movimentação (migração e dispersão). Estes se relacionam dt K
para dar o tipo de crescimento populacional. A forma em
que se da o crescimento de uma população pode ser expli- K
Nt =
cada por dois modelos básicos. 1 + e(a−rt)
Ecologia dos Insetos 21
3. Predação: interação benéfica para uma espécie e nega- Um agroecossitema é um ecossistema criado e mantido
tiva para a outra. Na predação uma das espécies serve para satisfazer necessidades humanas. Tipicamente é for-
de alimento a outra, e vários indivíduos são capturados mado por uma população de uma espécie de vegetal (cul-
e mortos. tura) (em alguns casos pode ser mais de uma população),
uma comunidade de ervas daninhas, uma comunidade ani-
4. Parasitismo: interação também negativa para um e mal, uma comunidade microbiana e o ambiente físico.
benéfica para outro, em que um indivíduo de uma espé- Os agroecossistemas cumprem as leis gerais que regem
cie (parasita) alimenta-se de um de outra espécie (hos- os ecossistemas naturais. Porém possuem uma série de car-
pedeiro) de forma lenta e ao longo de seu desenvolvi- acterísticas próprias que os diferenciam. Entre elas pode-
mento. Pode ou não resultar na morte do hospedeiro. mos mencionar: falta de continuidade no tempo, os pro-
Pode ser dividido em vários tipos: endo e ecto, etc. dutores primários são plantas selecionadas pelo homem e
muitas vezes introduzidas de outras regiões, possuem uma
5. Comensalismo: interação benéfica para uma espé-
baixa diversidade, os eventos fenológicos (floração, fruti-
cie e indiferente para outra. A espécie beneficiada é
ficação, etc.) ocorrem praticamente ao mesmo tempo em
chamada comensal.
todos os indivíduos, existe uma entrada de matéria e en-
ergia adicionada pelo homem (fertilização, energia fóssil,
Características das comunidades etc.). Essas caraterísticas favorecem o desenvolvimento de
1. Periodicidade: variação nas atividades ao longo do ano populações de alguns organismos (entre eles muitos inse-
(fenologia). tos) e fazem com que normalmente em estes sistemas ocor-
ram explosões populacionais das espécies fitófagas que as
2. Estratificação: distribuição dos vários organismos da convertem em pragas.
comunidade em estratos verticais em relação ao nível
do solo. Alguns vivem sob o solo, outros na superfície,
outros a distâncias variáveis acima do solo, principal-
mente sobre as planta.
Capítulo 9
Resistência é a capacidade de certas espécies ou var- 3. Tolerância. Mecanismo pelo qual as plantas resistentes
iedades de produzir uma maior quantidade de produtos de são capazes de suportar o ataque de pragas, sem danos
boa qualidade sob as mesmas condições de ataque de pra- à produção. A planta é atacada mas tem vigor sufi-
gas. A resistência é relativa: uma variedade ou espécie é ciente para repor a perda e manter a produção. Esse
mais resistente que outra a uma determinada praga. É influ- mecanismo é importante já que não exerce pressão de
enciada por determinadas condições como solo e clima. A seleção sob a população do inseto praga.
resistência surge através da seleção natural e os indivíduos
resistentes ocorrem em populações naturais. 4. Resistência aparente. Não é uma verdadeira resistên-
Planta resistente é aquela que devido ao seu genótipo é cia, já que não tem base genética. Se dá quando certas
capaz de evitar, tolerar ou se recuperar de danos causados características ambientais favorecem a tolerância das
por pragas. Para ser utilizada como estratégia de controle, a plantas ao ataque do inseto. Esse tipo de resistên-
resistência deve ter base genética. cia é então temporal e a planta permanece potencial-
mente suscetível ao ataque dos insetos. Pode se dar por
evasão (dessincronização entre o ciclo vital da planta e
Graus de resistência da praga), disponibilidade de nutrientes para a planta,
1. Imunidade. A planta não sofre nenhum dano sob escape ao ataque.
quaisquer condições (não se conhece, até hoje, nen-
hum caso de imunidade de plantas à pragas). Tipos de Resistência
2. Alta resistência. Sofre “pouco” dano em relação ao 1. Vertical. Uma espécie de planta, variedade ou cultivar
dano médio sofrido pelas variedades em geral. (ou seja um genótipo) é resistente a uma espécie de
inseto.
3. Resistência moderada. Sofre um dano “pouco” menor
que o dano médio sofrido pelas variedades em geral. 2. Horizontal. Uma espécie de planta, variedade ou cul-
tivar é resistente a várias espécies de insetos.
4. Suscetibilidade. Sofre dano semelhante ao dano médio
sofrido pelas variedades em geral.
Causas da Resistência
5. Alta suscetibilidade. Sofre um dano bem maior que o
dano médio sofrido pelas variedades em confronto. 1. Causas físicas. Radiação refletida pelas plantas. A
coloração da folhagem das plantas pode influenciar
na atratividade, desenvolvimento e reprodução dos
Mecanismos Resistência artrópodes pragas.
1. Não preferência ou Antixenose. Mecanismo pelo qual 2. Causas químicas
as variedades resistentes são menos “preferidas” para
alimentação, oviposição ou abrigo pelas pragas. Ex. (a) Repelentes. Fazem com que a praga se movi-
presença de repelentes ou ausência de substâncias mente em sentido oposto à planta.
atraentes.
(b) Estimulantes de locomoção. Fazem com que a
2. Antibiose. É um mecanismo pelo qual a planta inter- praga, após estar sobre a planta, inicie ou acelere
fere na fisiologia ou metabolismo do inseto mediante sua movimentação (portanto, a praga não se ali-
algum metabólito com efeito deletério. Esse efeito mentará da planta).
pode alterar o ciclo de vida da praga, afetando assim (c) Supressantes. Inibem a picada, mordida ou pen-
de forma “negativa” a fertilidade, fecundidade, sobre- etração inicial da praga.
vivência, duração do ciclo de vida, etc. Ex.: presença
(d) Deterrentes. Impedem a manutenção da alimen-
de substâncias tóxicas.
tação ou oviposição da praga.
Resistência de Plantas às Pragas 23
3. Causas morfológicas
São estratégias de manejo de pragas empregadas no 3. Mecânico: eliminação direta das pragas como a
sistema de agricultura alternativa (natural, biodinâmica, catação manual, etc.
orgânica, permacultura, etc.).
Uso de compostos orgânicos
Princípios
Compostos orgânicos a base de esterco bovino são re-
1. Não à monocultura: as monoculturas favorecem as latados como tendo efeito nutricional às plantas, efeito
populações das espécies fitófagas “especialistas” e fungistático, bacteriostático, inseticida, nematicida e repe-
diminui as populações dos inimigos naturais das pra- lente.
gas, devido a falta de diversidade do agroecossistema. Receita: Super Magro. Em um tonel de 200 l, colocar
50 kg de esterco de gado e água até 100 l. Uma vez por
2. Diversificação do agroecossistema: semana, adicionar os nutrientes:
(a) Consórcio: o plantio em consórcio aumenta a di- • 1a semana: Sulfato de Zinco (3 kg) + mistura proteica
versidade biológica e de alimento à entomofauna (MP).
benéfica.
(b) Cultivo em faixas: plantio de faixas de outra cul- • 2a semana: Sulfato de Manganês (300 g) + MP.
tura que sirva como atrativo de inimigos naturais. • 3a semana: Sulfato de Magnésio (2 kg) + MP.
1. Manejo da matéria orgânica: melhora das condições • 5a semana: Sulfato de Cobre (200 g) + MP.
físicas do solo e fornecimento complementar de nutri- • 6a semana: Molibidato de Sódio (100 g) + MP.
entes para espécies que se alimentam diretamente da
matéria orgânica; • 7a semana: Sulfato de Cobalto (50 g) + MP.
2. Consórcio e manutenção de plantas invasoras: au- Mistura proteica: 1 l de soro de leite; 100 ml de melado;
menta a diversidade hospedeira dos agroecossistemas; 200 g de calcário; 200 g de farinha de osso; 100 g de fígado
moído; 100 g de peixe moído; 100 ml de sangue.
3. Uso de cobertura morta: controla algumas pragas, re-
Como recomendação, o Super Magro deve: a) ter cheiro
pele outras, torna a planta mais resistente ao ataque de
de fermentado e não cheiro de podre; b) a mistura deve ser
pragas.
homogeinizada toda vez em que se fizer as adições; c) para
4. Rotação de cultura: promeove a quebra do ciclo das frutíferas e café, pulverizar de 15 em 15 dias; d) para hortí-
pragas, melhora das condições físicas e químicas do colas e ornamentais, pulverizar a cada 8 dias.
solo e aumento da microflora e fauna do solo. Completar até 200 l, esperar de 20 a 30 dias, coar, diluir
e pulverizar. Diluição de 1% a 5%: frutíferas, café, orna-
mentais e hortícolas. Diluição de 0,5%: hortícolas de folha
Métodos Comportamental, Físico e Mecânico
sensível.
1. Comportamental: uso de feromônios, atraentes, repe-
lentes e macho estéril com objetivo de modificar o Caldas
comportamento da praga de tal forma a reduzir sua
população e danos; 1. Calda Viçosa: a calda é uma suspensão coloidal, de
cor azul celeste, composta de fertilizantes complexa-
2. Físico: consiste no uso de métodos como drenagem, dos com a cal hidratada. Foi desenvolvida pelo De-
inundação, temperatura e radiação eletromagnética no partamento de Fitopatologia da Universidade Federal
controle de pragas;
Métodos Alternativos de Controle de Pragas 25
de Viçosa para controlar a ferrugem do café, no en- (a) Triona, Citroleo, etc. para cochonilhas
tanto tem se observado além do seu efeito fungicida, (b) Querosene (5-7 l) + sabão de cinza (1 kg) + água
também efeito inseticida e acaricida. A Calda Viçosa (100 l) para cochonilhas
é composta das seguintes substâncias em gramas por
100 l de água: Sufato de Cobre (25% de cobre) 500 g; 4. A base de produtos inorgânicos
Sulfato de Zinco (21,5% de Zinco) 600 g; Sulfato de
Magnésio (16 a 17 % de MgO) 800 g; Ácido Bórico (a) Ácido bórico. Receita 1: ácido bórico em pó (10
(17,5% de boro) 200 g; Uréia (45% de nitrogênio) 400 g) + açúcar moído (90 g) para baratas. Receita 2:
g; Cal hidratada (40 - 50% de CaO) 750 g. ácido bórico em pó (2 partes) + farinha de trigo
(1 parte) + farinha mandioca (1 parte) + açúcar e
2. Sulfocálcica: é uma mistura de uma série de sais, dos cebola amassada (2 partes) para baratas, grilos e
quais uns são solúveis em água e outros não. Esta mis- centopéias.
tura é conhecida quimicamente como polissulfureto de
cálcio e é obtida fervendo-se demoradamente o enx- (b) Bórax (tetraborato de Na) (308 g) + água (20 l)
ofre com a cal em vasilha de ferro, nunca de cobre. É para formigas, ovos e larvas de moscas.
recomendada para tratamento de inverno em plantas de (c) Carbonato de bário (1 parte) + queijo ralado (1
folhas caducas, como pessegueiro, pereiras, macieiras parte) + gordura bovina (graxa) (1 parte) + far-
etc.. Sua recomendação é especificamente para deter- inha de trigo (1 parte) para ratos.
minadas espécies de cochonilhas e outros diaspídeos (d) Metaldeído em pó (60 g) + corante ocre (30 g) +
(Diaspididae) que invadem os troncos ou ramos das farelo fino (1 kg) + açúcar (100 g) para caracóis
fruteiras. e lesmas.
3. Bordaleza: é um excelente fungicida e apresenta pro-
priedades repelentes contra vários insetos, como al-
guns coleópteros: burrinhos da batata (Epicauta spp.),
pulga do fumo (Epitrix spp.), cigarrinhas e psilídeos.
A fórmula mais utilizada é a 1-1-100 : 1kg de sulfato
de cobre + 1kg de cal virgem + 100l de água.
Extratos de plantas
1. Fumo (pulgões, ácaros e cochonilhas): a nicotina é um
alcalóide que se obtém do fumo. É um poderoso in-
seticida. É preparado através da utilização de talos da
planta e nervuras grossas das folhas;
Fórmulas Caseiras
1. A base de óleos animais: óleo de peixe ou baleia (2,8
kg) + KOH (500 g) + água (1,25 l) para percevejos e
vaquinhas.
2. A base de óleo vegetal: óleo vegetal comestível (amen-
doim) (2 l) + sabão de óleo de peixe (1 kg) + água (100
l) para cochonilhas.
3. A base de óleo mineral
Parte II
Pragas do Algodão
sugam seiva, injetando toxinas nas raízes, provocando 4. Bicudo: 10% plantas atacadas (botões florais) ou 1
amarelecimento da planta e posterior secamento. adulto/armadilha (iscas com grandlure)
5. Ácaros. Rajado Tetranychus urticae e vermelho 5. curuquerê: 25% de desfolha
Tetranychus ludeni: Necrose e queda foliar (fol-
has ficam vermelhas). Redução no crescimento. 6. Lagarta da Maçã: ovos: 20% ponteiros; lagartas: 15%
Branco: Polyphagotarsonemus latus: Folhas verde- pont. atacados; ou 10 adultos/armadilha c/ virelure
escuras com bordos enrolados para baixo, tornam-se 7. Lagarta rosada: 5% maçãs atacadas ou 10 adul-
coriáceas e rasgam. tos/armadilha c/ gossyplure.
6. Percevejo-Rajado: Horcias nobilellus (Hemiptera: 8. Percevejos: 20% infestação (rajado e manchador);
Miridae) Os adultos São insetos pequenos (5 mm) de 50% infestação (mosquito)
cor vermelho-brilhante e com listras amarelas e bran-
cas no escutelo e hemiélitro formando um desenho em
forma de V, são insetos de movimentos rápidos. As Controle Cultural
fêmeas colocam os ovos no interior dos tecidos das 1. Variedades Comerciais. IAC-20: mais precoce, ciclo
plantas (ovos endofíticos). As ninfas são vermelhas mais determinado, favorecendo nas pulverizações con-
com manchas pretas e amarelas no corpo. Ciclo vi- tra bicudo e lagarta rosada.
tal aproximadamente 30 dias. Queda de botões florais,
flores e maçãs novas. Sugando maçãs provocam uma 2. Espaçamento, stand e época de plantio. A época de
deformação (bico-de-papagaio), a maçã não se abre, plantio recomendada fará com que as plantas pro-
reduzindo a produção. duzam os botões florais do baixeiro mais cedo, es-
capando da época de maior infestação do bicudo.
7. Manchadores: Dysdercus spp. (Heteroptera: Pyrrho-
coridae). São percevejos pequenos (15 mm) com 3. Cultura armadilha, “cultura soca” ou “soqueira”, e
cabeça e apêndices vermelhos a marrón escuro, os vara-isca. A cultura armadilha atrai e agrega os bicu-
hemiélitros são castanho claro (amarelados) e com dos, remanescentes da safra anterior. Plantar cerca
manchas pretas o abdome e verde claro com manchas de 20 a 30 dias antes do plantio definitivo em faixas
vermelhas e na parte superior escuro. Colocam os ovos perto de riachos, matos ou culturas perenes. Pulver-
no solo e as ninfas são gregárias, n oinicio do desen- izações semanais, evitam o ataque intenso do bicudo
volvimento são rosadas ou vermelhas e durante o de- até 100 dias de idade das plantas. Cultura soca ou so-
senvolvimento adquirem as manchas escuras e bran- queira: deixar faixas de restos de cultura para que o
cas. O ciclo vital dura ao redor de 45 dias e sua ocor- bicudo remanescente da safra anterior fique nessa área,
rência na cultura e no final do ciclo ou seja março- que será pulverizada periodicamente. Vara-isca: haste
abril. Atacam capulhos, manchando-os com dejetos. de madeira impregnada de feromônio sexual, e tratada
Sugam sementes (menor teor de óleo). Sugam maçãs com inseticida.
(deformação e apodrecimento) com queda das mes-
mas. 4. Catação de botões florais e maçãs novas no solo. Para
pequenas áreas, recomenda-se até 100-110 dias da
emergência das plantas, o que vai retardar altas infes-
Amostragem tações na segunda geração da praga. Deve ser feita
Para o monitoramento das pragas do algodão deve-se semanalmente.
fazer amostragens numa área mínima de 10 ha e tomando 5. Reguladores de crescimento. Em solos férteis ou
50 a 100 amostras por ha, caminhando em “zig-zag” ou de- adubações pesadas, utiliza-se produtos anti-giberélicos
marcando cinco pontos de amostragem onde são retirados (Cycocel, Tuval ou Pix) que agem por 25 a 30 dias.
10 ou 20 amostras. O número de levantamentos dependo Após 10 a 12 dias da aplicação, as folhas ficam verde
do estágio fenológico da cultura (até florescimento 1 levan- escuras e coriáceas, com maior lignificação da epi-
tamento por semana, entre florescimento e até a formação derme, observando-se menor ataque de sugadores em
do primeiro capulho 2 levantamentos/semana, após a for- geral (pulgões, tripes e até acaro rajado) e infestações
mação do primeiro capulho e até a coleita 3 levantamen- de lagartas rosada e da maçã de primeiro estádio. Há
tos/semana). ação indireta sobre as pragas que atacam flores e fru-
tos. Há antecipação de 10 a 12 dias do início do flo-
Níveis de controle rescimento e uniformidade de produção de botões do
baixeiro, escapando do ataque de pragas tardias (la-
1. Pulgão: 70% plantas atacadas. garta rosada) e altas infestações do bicudo nas próxi-
2. Tripes: 6 indivíduos/folha. mas gerações.
Controle Biológico
Liberação do parasitóide de ovos, Trichogramma sp.,
para controle do curuquerê e da lagarta da maçã (60 a 90
mil indivíduos/ha).
Controle Químico
1. Tratamento de Sementes. Semente Preta: tratamento
com produtos sistêmicos (dissulfoton 50P e forate 50P,
na base de 2% de i.a. em relação ao peso da semente
e carbofuran 350F e acefato 75 PM a 1 litro por 100
kg de sementes). Poder residual de 40-50 dias após a
germinação do algodão.
2. Granulados sistêmicos no sulco. Para pulgões, tripes,
broca da raiz e percevejo castanho em substituição
às sementes pretas. Granulados como aldicarb 10G
(10 kg/ha), carbofuran 5G, dissulfoton 5G (20 kg/ha).
Poder residual de 50-60 dias após a germinação.
Pragas do Café
2. Broca do Café: Hypothenemus hampei (Coleoptera: (d) Dysmicoccus cryptus (coch. das raízes): co-
Scolytidae). O adulto e um pequeno besouro (2 mm) chonilha com o corpo recoberto por secreção
de coloração preta brilhante. As fêmeas constroe uma branca pulverulenta, com apêndices laterais.
galeria no fruto até atingir a semente, onde abre uma (e) Pinnaspis aspidistrae (escama farinha): Pos-
câmara para colocar os ovos. A larva é pequena, suem uma crapaça que recobre dorsalmente o
branca e ápoda, todo seu desenvolvimento se da no in- corpo o macho e pequeno 1mm de cor amarelo
terior da semente. O ciclo se completa em 30 dias e palido e a fêmea é maior (3 mm) com forma oval
uma espécie que ocorre em todas as regiões produtoras e de cor marrom claro. Vivem em grandes colo-
de café do mundo. A fêmea fecundada perfura a região nia, ocorrem em troncos confirendo um aspeto
da coroa, oviposita em câmaras feitas nas sementes e branco ao local devido a concentração dos dimin-
as larvas passam a broqueá-las. Queda do fruto, perda utos insetos.
de peso, apodrecimento devido a entrada de fungos,
perda na classificação por tipo e bebida. Problemas 3. Ácaros. Oligonychus ilicis (Acari: Tetranychidae)
maiores em plantio adensado. (vermelho-alaranjado com manchas negras). Danos:
Bronzeamento e queda das folhas. Polyphagotar-
sonemus latus (Acari: Tarsonemidae) (ácaro branco).
Pragas secundárias Danos: causam danos em folhas dos ponteiros, im-
1. Cigarras do cafeeiro (Homoptera: Cicadidae): Que- pedindo a sua formação perfeita chegando a ocorrer
sada gigas; Fidicina pronoe; Carineta sp. As cigar- rasgaduras.
ras são insetos de tamanho peuqeno a medio (10 a 50
mm) de corpo robusto e de coloração parda, marrom Amostragem
ou verde. Os machos possuem aparelho produtor de
som bem desenvolvido. As fêmeas fazen posturas end- Para o manejo das pragas do café deve-se dividir a cultura
ofíticas e as ninfas após da eclosão penetram no solo em talhões (2000 covas por talhão). A amostragem para bi-
onde se desenvolvem, se alimentam sugando seiva das cho mineiro se faz tomando 20 plantas por talhão e 5 folhas
raízes. A duração do ciclo e muito longa podendo de cada planta. As folhas devem extrair-se do terço médio
ser de um a vários anos. Depauperamento da planta, da planta. Deve-se avaliar o número de folhas infestadas.
clorose e queda apical das folhas dos ramos, queda da Para broca amostragem de 50 plantas/talhão tomando 100
produção, perda da lavoura. frutos por planta. Contar os frutos infestados e sadios.
Pragas do Café 31
Níveis de controle
1. Bicho mineiro: 30% folhas atacadas. Considerar tam-
bém presencia de inimigos naturais (nível de não ação
60 % de ataque de inimigos naturais).
2. Broca: 5% frutos
3. Cigarras: 35 ninfas/cova
Controle Cultural
- Bicho-mineiro: uso racional de fungicidas cúpricos, não
usar espaçamento maior ao recomendado para cultivar. -
Broca: plantio espaçado que permita a penetração da luz
solar; colheita e repasse, se necessário, de todos os frutos
da safra; a colheita deve se iniciar do talhão mais afastado.
Controle Biológico
Vespinha-de-Uganda - Prorops nasuta: (Hymenoptera:
Bethylidae) parasita larvas e pupas da broca. Introduzida
no Brasil para controlar a broca.
Controle Químico
Evitar o uso de piretróides, que causam desequilíbrio às
populações de ácaros. Para ácaros e cigarras deve ser feito
em reboleiras.
Capítulo 13
Pragas da Cana-de-açúcar
Controle Cultural
Para broca-da-cana: queima de canavial para colheita;
queima do palhiço remanescente ou colheita sem desponte
quando atingir %I.I.; eliminação de plantas infestantes e
culturas hospedeiras remanescentes.
Para lagartas elasmo: não existe controle eficiente para
esta praga. Por se tratar de um inseto que se desenvolve em
ambiente seco, a manutenção do solo umedecido, através de
vinhaça por exemplo, contribui para diminuir os seus pre-
juízos.
Para cupins: bom preparo do solo para desestabilizar as
colônias; plantio de cana inteira com 7 a 10 meses de idade,
sem desponte; concentração do plantio na época chuvosa
para uma rápida germinação.
Variedades resistentes
Há variedades resistentes para broca da cana-de-açúcar,
contudo, na escolha das variedades considera-se outros as-
pectos além da resistência da variedade à praga.
Controle Biológico
Para broca-da-cana
É o principal método de controle para a broca. Os organ-
ismos empregados são parasitóides de lagartas: “vespinha”
Cotesia flavipes (mais eficiente) e as moscas Metagonisty-
lum minense e Paratheresia claripalpis. Existem também
pesquisas para o uso de parasitóides de ovos da broca - Tri-
chogramma spp.
A liberação de parasitóides de lagartas é feita com NC
igual a 10 lagartas por pessoa x hora. Procedimento: 10%
de emergência das “vespinhas” em laboratório; levar para
Capítulo 14
Níveis de controle
Trigo e cevada
1. da fase de emergência ao perfilhamento: 10% de plan-
tas com pulgões.
2. da fase de alongamento ao emborrachamento: 10 pul-
gões/perfilho.
3. da fase reprodutiva (do espigamento a grão em massa):
10 pulgões/espiga.
Aveia
1. Quando destinado para pastagem: 10 pulgões/perfilho,
desde a fase de emergência até o ponto de pastejo.
2. Quando destinado para produção de grãos:
Lagartas
Observar a ocorrência, inicialmente nas áreas acamadas,
e preferencialmente aplicar o inseticida quando as lagartas
estiverem com menos de 2 cm de comprimento.
Capítulo 15
Pragas do Feijão
com duas faixas brancas. As ninfas são de coloração faixa marrom na parte media da asa. Os ovos
branco amareladas. Vivem na face inferior das folhas são colocados nas vagens ou cálices das flores.
novas. Sucção de seiva. Quando o ataque é intenso, as As lagartas inicialmente alimentam-se de flores
folhas tornam-se amareladas e caem. ou vagens novas, depois penetram nas vagens
e se alimentam das sementes. Inicialmente são
4. Ácaros: Tetranychus urticae (ácaro-rajado) (Acari: de coloração amarelada e logo tomam coloração
Tetranychidae); Polyphagotarsonemus latus (ácaro- verde acinzentada com faixas longitudinais mar-
branco) (Acari: Tarsonemidae).Danificam as folhas. rons (15 mm). Ciclo vital 40-45 dias
O ácaro branco pode atacar as vagens tornando-as
prateadas. (b) Thecla jebus (Lepidoptera: Lycaenidae). Adul-
tos de 32 mm de envergadura, com dimorfismo
5. Lagartas das folhas. Alimentam-se do limbo foliar, sexual bem marcado o macho e azul iridescente
sendo a cultura sensível à desfolha da germinação ao com bordos das asas enegrecidos e uma pequena
florescimento. mancha renifrome preta, as fêmeas são azuis
claras. As lagartas alcançam 30 mm e são de cor
(a) Hedylepta indicata (lagarta-enroladeira) (Lepi- verde, vivem dentro das vagens. O ciclo vital se
doptera: Pyralidae) Adulto de 20 mm de enver- completa em 35-50 dias.
gadura com asas amarelo douradas e três faixas
marrons nas asas anteriores, asas posteriores com 7. Lagarta rosca: Agrotis ipsilon (Lepidoptera: Noctu-
duas faixas. Os ovos são colocados nas folhas idae). Os adultos são mariposas de 40 mm de enver-
isoladamente, as lagartas são pequenas (13 mm) gadura, as asas anteriores são marrons e as posteriores
e de coloração verde-amarelada, se alimentam de brancas hialinas com o bordo lateral acinzentado. Nas
folhas e durante o dias permanecem num abrigo, asas anteriores apresentam uma serie de manchas es-
que constroem com folhas unidas com fios de curas. As fêmeas colocam os ovos isolados em solo
seda. O ciclo vital se completa em 20 a 30 dias e úmido ou sob a folhagem. As lagartas, quando com-
sua ocorrência na cultura se da entre novembro a pletamente desenvolvidas, tem 45 mm e são de col-
agosto com picos populacionais em abril. oração marrom acinzentada, robusta e com tubérculos
(b) Urbanus proteus (lagarta cabeça-de-fósforo) pretos em cada segmento. A cápsula cefálica e de cor
(Lepidoptera: Hesperiidae). São mariposas marrom. As pupas se desenvolvem no solo e todo o
grandes (45 mm) de cor marrom com reflexos ciclo vital se completa em 30-60 dias. Ocorre prática-
azulados na base da asa posterior. Asas an- mente o ano todo com picos populacionais nos meses
teriores com manchas brancas de forma quad- mais cálidos (dezembro-Janeiro) Cortam as plântulas
rangular e asas posteriores com prolongamento em início de desenvolvimento, acarretando falhas na
caudal na região anal. Colocam os ovos em cultura. Além do feijoeiro pode atacar um grande
forma isolada nas folhas, as lagartas medem 35 número de plantas, entre elas algodoeiro, amendoim,
quando completam seu desenvolvimento são de arroz, fumo, girassol, milho, soja, tomateiro, sendo
coloração verde com estrias amarelas laterais e também praga de florestais no viveiro.
uma estria marrom dorsal, a cabeça e bem desen-
volvida e de cor marrom-avermelhada, vivem no Controle Cultural
interior de folhas enroladas. Completam o ciclo
em 25 a 30 dias e sua maior incidência na cultura 1. Uso de iscas para vaquinhas: cucurbitáceas “amargas”,
se da entre setembro e maio. conhecidas vulgarmente como “taiuiá” atraem adultos.
A adição de um produto fosforado à isca poderá con-
(c) Pseudoplusia includens (lagarta-falsa- trolar a praga.
medideira) (Lepidoptera: Noctuidae). Adultos
com cerca de 35 mm, asas anteriores de col- 2. Uso de macerado de vaquinhas para controle de adul-
oração escura , com pequeno desenho prateado tos de vaquinhas, atua como repelente (1000 vaquin-
semelhante á letra Y. As lagartas são de col- has/ha)
oração verde e possuem só três pares de pernas
abdominais, caminha “medindo palmos”. O 3. Aumento da densidade de plantio, em regiões e/ou
ciclo vital se completa em 20-30 dias e ocorre épocas de alta incidência de lagartas elasmo.
principalmente desde outubro ate abril. 4. Irrigação: controle de lagartas elasmo em culturas de
feijão irrigado.
6. Lagartas das vagens: atacam as vagens, destruindo os
grãos em formação. 5. Evitar o cultivo de feijoeiro próximo de culturas de
soja, visando prevenir danos de mosca branca.
(a) Etiella zinckenella (Lepidoptera: Pyralidae) Os
adultos são mariposas pequenas (20-35 mm) de 6. Consórcio com milho: redução do ataque de cigarrin-
coloração acinzentada, as asas anteriores pos- has.
suem uma faixa branca na margem costal e uma
Pragas do Feijão 39
Controle Químico
1. Tratamento de sementes (controle de tripes, pulgão da
raiz, cigarrinha e mosca branca).
Pragas da Soja
Pragas-chave por uma faixa escura que atinge o ápice das asas. Colo-
cam os ovos na face inferior das folhas, isolados ou
1. Percevejo-verde (Hemiptera: Pentatomidae): Nezara
em pequenos grupos (5 a 7 ovos). As lagartas, quando
viridula. Os adultos medem 15 mm e são de coloração
completamente desenvolvidas medem 40 mm, a col-
verde uniforme, com antenas marrons. Colocam os
oração e variável podendo ser verde ou preta, apresenta
ovos em grupos (até 100) nas folhas, no inicio estes
faixas esbranquiçadas longitudinais pelo corpo. Com-
são de cor amarelado e próximos a eclosão são rosa-
pletam o ciclo em 30 dias, e sua ocorrência no campo é
dos. Escuras com manchas vermelhas, a coloração e
desde outubro ate junho, em geral completam três ger-
varia em cada instar as ninfas I e II são gregarias. São
ações durante este período. Além da soja pode atacar
insetos polífagos se alimentam de soja, feijão, alfafa,
alfalfa, amendoim, ervilha e feijão. Alimentam-se de
cucurbitáceas, solanáceas, algodão, alface, laranjeira,
folhas e hastes. Quando ocorrem surtos podem causar
mamona, etc. O ciclo se completa em 30 dias, esta
desfolha completa.
espécie possui níveis populacionais mais elevados en-
tre dezembro e março Sugam a seiva das hastes, ramos
e vagens (“chochas”). Causam retenção foliar (prob- Pragas secundárias
lema na colheita mecânica) e “soja louca” (vegetação 1. Lagartas desfolhadoras (“plusias” ou falsas me-
anormal da planta, sem produzir vagens) devido a in- dideiras): Pseudoplusia includens; Rachiplusia nu;
jeção de toxinas. Causam mancha de levedura nos Trichoplusia ni (Lepidoptera: Noctuidae). Pseudoplu-
grãos. sia includens (vide feijão). As outras duas espécies
2. Percevejo verde pequeno: Piezodorus guildinii. possuem características similares a P. includens as la-
Adulto de 10 mm, verde uniforme com uma faixa gartas são em geral verdes e se movimentam medindo
transversal avermelhada no pronoto. Ovos pretos colo- palmo, os adultos são mariposas de cor predominante-
cados em duas fileiras (30 a 40 ovos) nas folhas ou mente marrom com asas anteriores manchadas de pon-
vagens. As ninfas são de coloração variável, verde tos claros. Destroem o limbo foliar, deixando apenas
(ninfa I e II), verde clara com manchas vermelhas as nervuras principais.
(ninfa III), e verde clara com manchas vermelhas, pre- 2. Broca das axilas ou broca dos ponteiros: Epinotia
tas e brancas no dorso do abdome (ninfa IV e V). As aporema (Lepidoptera: Olethreutidae). Descrição
ninfas I são gregárias. O ciclo se desenvolve em 40 e Biologia: Mariposas pequenas (10 mm de enver-
dias e o período de maior ocorrência e de dezembro a gadura), asa anterior cinza com manchas claras nos
abril. Dano: idem Nezara viridula. bordos, asas posteriores mais claras do que a anterior.
3. Percevejo marrom: Euschistus heros. Os adultos pos- Colocam os ovos nas brotações novas, as lagartas são
suem cor marrom uniforme, dois espinhos laterais no pequenas (8 mm) de coloração esverdeada. Vivem no
protórax e uma mancha amarela em forma de meia interior de galerias nas hastes das plantas. O ciclo vital
lua no ápice do escutelo, medem 13 mm. Os ovos se completa em 35-40 dias; este inseto também pode
são amarelos colocados em posturas em coluna dupla atacar feijão, alfalfa e trevo. Ataca as folhas dos pon-
(15-20 ovos/postura) nas vagens ou folhas. As ninfas teiros e broqueia as hastes das plantas, abrindo galeria
são esverdeadas no inicio de seu desenvolvimento, po- e provocando o secamento dos ramos.
dendo apresentar formas de cor verde, castanho ou ac- 3. Lagarta elasmo ou broca do colo: Elasmopalpus
inzentado. Ocorre principalmente de dezembro a abril. lignosellus (Lepidoptera: Pyralidae) (vide Feijão).
Ciclo vital 40 dias. Atacam vagens e grãos e provoca Causam o secamento das plantas novas (até 30 dias de
a retenção foliar. idade). Importante em regiões de Cerrado.
4. Lagarta da Soja: Anticarsia gemmatalis (Lepidoptera: 4. Lagartas das vagens: Spodoptera latifascia (Lepi-
Noctuidae). Adultos de 40 mm de envergadura alar, de doptera: Noctuidae) e Spodoptera eridania (Lepi-
cor marrom, com asas anteriores e posteriores cortadas doptera: Noctuidae). Os adultos de estas espécies São
Pragas da Soja 41
6. Lagarta cabeça de fósforo: Urbanus proteus (Lepi- 3. Broca das vagens (formação e enchimento de vagens):
doptera: Hesperiidae). Descricão e biologia: vide fei- 10% de vagens atacadas ou 20 lag. por amostragem
jão. Unem folíolos através de teias, onde a lagarta vive
4. Percevejos (formação de vagens até a maturação fisi-
no interior deste abrigo, raspando o parênquima das
ológica): 4 perc. > que 5 mm por amostragem (grãos)
folhas.
ou 2 perc. > que 5 mm em prod. de sementes
7. Lagarta das vagens: Etiella zinckenella (Lepidoptera:
Pyralidae). (vide feijão). Destroem as sementes no Controle Cultural
interior das vagens, próximas à maturação.
1. Uso de variedades de ciclo curto (escapam da época de
8. Percevejos de grãos (Heteroptera: Pentatomi- maior população de percevejos)
dae): Acrosternum asseadum, Edessa meditabunda;
Percevejo barriga verde: Dichelops furcatus e D. mela- 2. Plantio em épocas diferentes (influencia na dinâmica
canthus.Sugam os grãos da soja, porém raramente dos percevejos)
atingem o nível de dano econômico.
3. Uso de cultivares armadilhas (pequena área - 10% do
9. Percevejo castanho: Scaptocoris castanea (Het- total) nas margens, com variedade mais precoce do que
eroptera: Cydnidae). Os adultos são insetos pequenos a ser plantada para atrair os percevejos, que serão elim-
(8 mm) de cor marrom, pernas anteriores fossoriais inados com o uso de inseticidas. O caupi (Vigna un-
(adaptadas para cavar). Em épocas secas se aprofun- guiculata) pode melhorar a atração.
dam no solo e saem a superfície no inicio das chuvas,
4. Espaçamento: a época de semeadura e o uso de difer-
podem ocorrer revoadas destes insetos ao entardecer
entes espaçamentos entre linhas pode influenciar nas
formando nuvens. As ninfas são esbranquiçadas, e
populações de insetos desfolhadores. Menores densi-
vivem fixas nas raízes da planta, passam por cinco in-
dades de A. gemmatalis e plusias foram observadas em
stares durante seu desenvolvimento. Adultos e ninfas
soja com espaçamento maior e plantadas mais tardia-
sugam seiva das raízes, provocando amarelecimento
mente.
da planta e posterior secamento. Maiores problemas
em solos de textura arenosa. 5. Preparo do solo para exposição das larvas de besouros
e percevejos à radiação solar e ação de pássaros in-
10. Vaquinhas (Coleoptera: Chrysomelidae): Megascelis
setívoros.
sp.; Diabrotica speciosa; Cerotoma spp.; Myochorus
sp. Atacam folhas mais tenras abrindo pequenos bu-
racos. As larvas se alimentam das raízes, causando Resistência de plantas
o murchamento das plantas. As espécies mais impor-
Variedade IAC-100: resistência e/ou tolerância ao ataque
tantes são Megascelis sp. (no MT) e Myocorus sp. (no
de percevejos. Genótipo em estudo: IAC 78-2318: resistên-
MS).
cia múltipla à várias pragas da soja, incluindo lagartas des-
folhadoras.
Amostragem
Método do pano de batida: utilizar um pano de 1 m de Controle por Comportamento
comprimento e de largura igual ao espaçamento entre as
O uso do sal de cozinha, permite o controle de percevejos
fileiras). Usar 6 pontos de amostragem para áreas menores
via inseticidas, com redução na quantidade empregada. A
de 10 ha, 8 pontos para áreas de até 30 ha e 10 pontos para
ação do sal de cozinha não é de um atraente, mas sim de um
áreas de mais de 30 ha Para lagartas desfolhadoras pode-se
estimulante alimentar, que faz com que haja maior contato
utilizar um método de amostragem indireto como avaliar a
entre o inseticida e o percevejo. Fazer salmoura separada,
porcentagem de desfolha.
diluindo o sal com um pouco de água, depois misturar à
água do pulverizador, colocando por último, o inseticida.
Dose recomendada: a) para equipamentos terrestres (0,5%)
42 Pragas da Soja
Controle Biológico
1. Baculovirus anticarsia: Pelo menos 80% das lagar-
tas tem que ter tamanho menor que 1,5 cm. Se es-
tiverem maiores aplica-se controle químico. O vírus
demora até 10 dias para matar as lagartas, mas param
de comer após quatro dias da aplicação; quando fi-
cam doentes, vão para os ponteiros.. Receita caseira:
50 lagartas doentes (± 16 g) maceradas, coadas e
diluídas em 100-200 l de água/ha. Existe também
disponível para os produtores o vírus na formulação
pó molhável comercializado por algumas unidades da
EMBRAPA/CNPSo (Londrina/PR; UEPAE (Doura-
dos/MS), cooperativas credenciadas e empresas como
NOVA ERA: Biotecnologia Agrícola (Apucarana/PR),
TECNIVITA (Mal. Cândido Rondon/ PR) e GER-
ATEC (Porto Alegre/RS).
2. Trissolcus basalis (Hymenoptera: Scelionidae): Cada
fêmea parasita, em média 250 ovos de Nezara viridula.
Na EMBRAPA/CNPSo, há criação massal deste mi-
crohimenóptero para liberação no campo. Liberação
nos períodos de menor insolação, em número de duas,
no final da floração, em diferentes locais, num total de
15 mil adultos/ ha. Evitar aplicações de defensivos na
época de liberação. Outras espécies de Scelionidae (T.
brachiminae, T. teretis, T. urichi e Telenomus podisi
também são inimigos naturais eficientes dos perceve-
jos. Para lagartas desfolhadoras, broca das axilas e
lagartas das vagens recomenda-se o uso de Bacillus
thuringiensis.
Controle Químico
Utilizar inseticidas seletivos aos inimigos naturais. Para
A. gemmatalis são indicados o uso de Baculovirus, B.
thuringiensis, carbaril (carbamato), diflubenzuron (inibidor
da síntese de quitina), endossulfan (organoclorado), en-
tre outros. Para percevejos se indicam endossulfan, fen-
itrotion (organofosforado), fosfamidom (organofosforado,
metamidofós (organofosforado) e para vaquinhas carbaril.
Capítulo 17
Pragas da Batata
Controle Cultural
Para evitar alta percentagem de viroses, no campo des-
tinado à produção de batata-semente, recomenda-se que o
Capítulo 18
quase exclusivamente em gramíneas (capins, cana-de- 2. gramíneas com média resistência: Brachiaria brizan-
açúcar, sorgo e arroz silvestre). Causa morte de plan- tha (Brizantha); Cenchrus ciliaris 465 (Buffel);
tas, ocasionando falhas na pastagem denominadas de Brachiaria humidicola (Humidícola).
“geadas”. Principais fatores favoráveis ao ataque da
praga: a) adoção de práticas que desfavoreçam a ação 3. gramíneas suscetíveis: Panicum maximum (Colonião);
do seu principal inimigo natural, o parasitóide Neodus- Panicum maximum (Guinezinho); Brachiaria sp.
metia sangwani (Hymenoptera: Encyrtidae); b) baixa (Braquiária); Cenchrus ciliaris 505 (Buffel); Panicum
umidade; c) plantio de gramíneas suscetíveis (princi- maximum (Green Panic); Cenchrus ciliaris 2953 (Buf-
palmente capim gordura, angola e pangola). fel); Cenchrus ciliaris cv. Biloela (Buffel); Brachiaria
dyctioneura (Braquiária).
4. Percevejos das gramíneas: Blissus leucopterus (Het-
eroptera: Lygaeidae). Adultos pequenos (5 mm), 4. gramíneas muito suscetíveis: Digitaria umfolosi;
apêndices marrons ou avermelhados, podem existir Brachiaria decumbens cv. Australiana (Braquiária);
formas com asas bem desenvolvidas (neste caso as Brachiaria decumbens cv. IPEAN (Braquiária);
asas são hialinas e brancas com uma mancha trian- Cenchrus ciliaris cv. Texas (Buffel); Brachiaria ruz-
gular preta na margem anterior do primeiro para de iziensis (Braquiária).
asas) e formas braquípteras (com asas curtas). Os ovos
são colocados no chão e as ninfas inicialmente ver- Controle Biológico
melhas vão escurecendo em cada muda até tornar-se
marrom-escura ou quase preta, mantendo a faixa clara 1. Neodusmetia sangwani (Hymenoptera: Encyrtidae).
das asas em formação. Ataca principalmente o capim Controle biológico clássico de cochonilha dos capins
Brachiaria radicans (“tanner grass”). Suga a seiva da (parasitóide introduzido no Brasil em 1967).
planta, causando secamento e morte. Introduzido no 2. Metarhizium anisopliae (fungo entomopatogênico).
Brasil em 1976 e de ocorrência esporádica, atacando Controle biológico natural de ninfas de cigarrin-
principalmente Brachiaria radicans. has. Recomendado até há pouco tempo como con-
trole biológico aplicado, na dosagem de 2,0 x 1012
Controle Cultural conídeos/ha a uma vazão de 200 l de calda/ha.
1. Adubação de formação das pastagens (possibilitando a
gramínea suportar maior ataque das pragas). Controle Químico
2. Divisão das pastagens (para possibilitar o manejo da Aplicação em pequenas reboleiras. Observar custo,
altura de pastejo). período de carência do produto e compatibilidade a M.
anisopliae.
3. Plantio diversificado de gramíneas (uso de diversas es-
pécies).
Pragas da Mandioca
Amostragem
O uso de armadilhas luminosas para o monitoramento do
mandrová fornece uma noção preciosa de quando ocorrerá
o ataque das lagartas. Os adultos têm hábitos noturnos e são
atraídos eficientemente pela luz.
Capítulo 20
20.1 Pragas das Cucurbitáceas outras espécies vivem no solo e não têm importância
econômica no cultivo de cucurbitáceas.
Praga-chave
(a) Diabrotica speciosa (Chrysomelidae): (vide fei-
Broca das cucurbitáceas. Diaphania nitidalis e D. hyali- jão);
nata (Lepidoptera: Pyralidae). Os adultos das duas espécies (b) Cerotoma spp. (Chrysomelidae): vide feijão;
são insetos muito semelhantes. Em D. nitidalis a mariposa
(c) Alcalina bivitula (Chrysomelidae): os adultos
possui 30 mm de envergadura, de coloração marrom vio-
são pequenos besourinhos (5 a 6 mm de com-
lácea, com assas apresentando uma área central amarelada
primento), de coloração geral preta com listras
(semi-transparente) e bordas marrons violáceos; D. hyali-
amarelas no élitros.
nata possui as mesmas características porém apresenta asas
com áreas semi-transparentes de cor branco. As lagartas das (d) Epilachna cacica (Coccinellidae): Besouros de
duas espécies são de coloração esverdeada e alcançam 20 10 mm de comprimento de forma esférica e
mm quando completam seu desenvolvimento. O ciclo vital coloração marrom com uma faixa preta estreita
e de 25 dias. As lagartas atacam as folhas, brotos novos, na base dos élitros. Suas larvas têm o corpo
ramos e principalmente os frutos. Nos frutos, abrem gale- revestido de espinhos pretos e longos, alcançam
rias e destroem a polpa (apodrecimento do fruto). As lagar- 10 mm.
tas de D. nitidalis concentram o seu ataque às flores e frutos 4. Lagarta rosca: Agrotis ipsilon (Lepidoptera: Noctu-
onde penetram rapidamente, enquanto que as lagartas de D. idae): vide feijão. Corta as plantas novas.
hyalinata atacam também as folhas.
5. Percevejo-do-melão: Leptoglosus gonagra
(Hemiptera: Coreidae). O adulto e um percevejo
Pragas secundárias
de 20 mm de comprimento de cor marrom-escuro com
1. Mosca-das-frutas: Anastrepha grandis (Diptera: listras alaranjadas na cabeça e uma linha transversal
Tephritidae) O adulto desta mosca alcança 10 a 11 mm amarela no pronoto. As antenas são marrons com
de comprimento e de cor amarelado e nas asas apre- manchas amareladas. Tíbias das pernas posteriores
senta faixas de cor escuro. As fêmeas possuem um com expansão lateral estreita e com uma mancha
ovipositor bem desenvolvido com o qual colocam os branca do lado interno. Durante seu desenvolvimento
ovos no interior dos frutos (geralmente em frutos na passam por cinco ínstares ninfais, sendo que os
fase de amadurecimento). As larvas são pequenas (8 primeiros ínstares são gregários, o ciclo se completa
mm), cabeça pequena e abdome truncado posterior- em 20 a 30 dias. Ataca ramos prejudicando a planta
mente, quando completa seu desenvolvimento aban- que fica depauperada. Atacando frutos deixam o local
dona o fruto para empupar no solo. As larvas destroem da picada “empedrado”. É de maior importância na
a polpa culminando com apodrecimento dos frutos. cultura do melão.
Maiores problemas nas regiões onde se cultiva melão
para exportação. Controle Cultural
2. Pulgão: Aphis gossypii (Homoptera: Aphididae): vide Para brocas e vaquinhas: Rotação de culturas; aração e
algodão. Atacam os brotos e ramos novos, tornando-os gradagem do solo; planta isca - cultivo intercalar com abo-
engruvinhados e prejudicando o desenvolvimento das brinha italiana (C.V. Caserta), que funciona como planta
plantas. Podem transmitir virose. isca, e sobre a qual aplica-se o inseticida (brocas).
3. Vaquinhas (Coleoptera): Os adultos alimentam-se de
folhas, deixando orifícios bem típicos de seu ataque. Controle Biológico
A. bivitula pode transmitir viroses. As larvas de E.
Bacillus thuringiensis em pulverização dirigida às flores
cacica atacam as folhas enquanto que as larvas das
e frutos novos para controle de brocas
48 Pragas das Hortícolas
(a) Traça das brássicas: Plutella xylostella (Lepi- 20.3 Pragas do Tomate
doptera: Plutellidae). São pequenas mariposas
de coloração parda. As fêmeas colocam os ovos Pragas-chave
nas folhas em grupos de até 100 ovos. As larvas
do primeiro ínstar se alimentam no interior de ga- 1. Traça-do-tomateiro: Tuta absoluta (Lepidoptera:
lerias nas folhas, os outros ínstares vivem na face Gelechiidae). O adulto é uma mariposa pequena (7
inferior das folhas. Quando completamente de- mm de envergadura) com asas de cor acinzentada e
senvolvidas a lagartas alcançam 10 mm são de franjadas. As fêmeas colocam os ovos em folhas
cor verde claro com a cabeça parda. As pupas e ramos, as lagartas são pardacentas com a cabeça
se desenvolvem no interior de casulos de seda na marrom-clara (7 mm) vivem em galerias nas folhas,
face inferior das folhas. ramos e gemas e frutos. Atacam toda a planta em qual-
quer estágio de desenvolvimento, abrem galerias nas
(b) Curuquerê da couve: Ascia monuste orseis (Lep-
folhas, ramos, gemas e frutos causando diminuição e
idoptera: Pieridae). Os adultos são borboletas de
perda de produção.
ate 50 mm de envergadura com as asas amare-
ladas e com bordes marrons escuros. As lagartas 2. Broca-pequena-do-tomateiro: Neoleucinodes elegan-
medem 30 a 35 mm e são de coloração cinza es- talis (Lepidoptera: Pyralidae). O adulto é uma mari-
verdeada. posa de 25 mm de envergadura, de coloração geral
(c) Falsa medideira: Trichoplusia ni (Lepidoptera: branca, com asas transparentes, as anteriores man-
Noctuidae): vide soja. chadas de marrom-avermelhado na base e na lateral e
as posteriores com pequenas manchas esparsas de cor
marrom. As lagartas são rosadas com o primeiro seg-
Amostragem mento torácico amarelado (13 mm). O ciclo se com-
Até o momento só estabelecido para repolho. pleta em 50 dias, esta espécie ataca principalmente fru-
Amostragem de 15% das plantas do talhão. tos de solanáceas (tomate, berinjela, pimentão-doce,
jiló, etc.). Praga muito importante, podendo causar
grande destruição dos frutos, que ficam imprestáveis.
Níveis de controle
1. Pulgões: 15% das plantas colonizadas
2. Lagartas: pré-formação da cabeça: 20% das plantas
com lagartas > 1,3 cm formação da cabeça: 10% das
plantas com lagartas > 1,3 cm
Pragas das Hortícolas 49
Amostragem
Devem-se amostrar 20 pontos por talhão avaliando 5
plantas/ponto. Para vetores de virose a amostragem se faz
em ponteiros das plantas, para minadores de folhas na ter-
ceira folha a partir do ápice e para broqueadores de frutos
em 1 penca de frutos/planta
Níveis de controle
1. Sugadores: 1 adulto por ponteiro
2. Minadores de folhas: 20% de folhas minadas
Capítulo 21
Pragas secundárias
Controle por Comportamento
1. Broca do pseudocaule ou falso moleque da bananeira:
Metamasius spp. (Coleoptera: Curculionidae). São 1. Pedaços do pseudocaule da bananeira ± 50 cm partido
muito semelhantes ao moleque, sendo que possuem ao meio, pulverizado na parte cortada com uma calda
coloração preta com manchas avermelhadas nos él- inseticida, parte cortada virada para baixo.
itros. As larvas broqueiam o pseudocaule, e seu ataque 2. Uso de isca tipo queijo ou telha (150/ha) contendo in-
ocorre mais no final de ciclo. seticida (para controle do moleque e falso moleque da
2. Tripes: Caliothrips bicinctus (Thysanoptera: Thripi- bananeira).
dae). Biologia similar a C. brasiliensis (ver feijão).
Suga seiva, provocando depreciação dos frutos, que fi- Controle Biológico
cam manchados (”ferrugem dos frutos”).
Uso de fungos entomopatogênicos Beauveria bassiana e
3. Traça-da-bananeira: Opogona sacchari (Lepidoptera: Metharizium anisopliae nas iscas usadas para controle do
Oinophilidae). Os adultos são pequenas mariposas moleque da bananeira.
(máxima envergadura 25 mm) de coloração castanho
claro. Colocam os ovos nos frutos ou outras partes Resistência ao Moleque
da planta. As larvas são de coloração branco sujo ou
amareladas com um matriz verde devido ao alimento Variedades mais suscetíveis: maçã, terra, São Domingos,
ingerido. Atacam bananas verdes, principalmente as e ouro. Variedades mais resistentes: nanica e nanicão.
extremidades, causando seu apodrecimento.
Controle Químico
Amostragem 1. Moleque da bananeira. Tratamento das mudas
Amostragem do moleque da bananeira: uso de iscas de com calda inseticida (água mais inseticida granulado
pedaços de pseudocaule. Tipos de iscas: a) isca tipo queijo: sistêmico durante 5 minutos. Aplicação de inseticida
5 cm de espessura (colocada sobre a base do pseudocaule); granulado sistêmico na cova aos 30 dias e 6 meses após
Pragas das Frutíferas 51
1. Ácaro da leprose: Brevipalpus phoencis (Acari: 3. Mosca da frutas: usar frasco caça mosca, 1 frasco a
Tenuipalpidae). Danos: atacam folhas, ramos e fru- cada 50 m na periferia. NC= presença de 1 adulto, em
tos, acarretando um sintoma conhecido como leprose média, por frasco.
dos citros, devido à inoculação de vírus. As folhas e
os frutos atacados caem da planta. Os ramos passam a Controle Cultural
apresentar rachaduras.
1. Uso de quebra-vento (controle de ácaros).
2. Ácaro da ferrugem: Phyllocoptruta oleivora (Acari:
Eriophyidae). Danos: atacam folhas, hastes e frutos 2. Catação e destruição de frutos ou colheita profilática
novos. Nas folhas provocam a “mancha de graxa” (controle de ácaro de leprose e moscas das frutas).
(manchas escuras visíveis através da epiderme, semel-
3. Catação e destruição de ramos com sintomas de ataque
hante à mancha de graxa sobre papel). Nos frutos,
de coleobrocas.
quando da alimentação, ocorre o rompimento de glân-
dulas de óleo e este óleo extravasado em contato com 4. Isca: plantio de “maria-preta” (Cordia verbenacea)
os raios solares oxida-se, escurecendo os frutos (estes para atração de Cratosomus.
sintomas são conhecidos como: falsa ferrugem, fer-
rugem ou mulata). Os frutos de lima, tangerina, limão, 5. Deixar plantas de mentrasto (Ageratum conizoides) no
etc., ficam com coloração prateada. Os prejuízos são pomar; o pólen destas plantas servem de alimento para
consideráveis apenas quando a produção se destina ao ácaros predadores.
mercado de frutas frescas. Pode ocorrer perda de de
6. Uso de cobertura verde na rua; herbicida na linha;
peso em até 4 g/fruto atacado
manejo das plantas invasoras com roçadeira; adubação
3. Moscas das frutas (Diptera: Tephritidae): Ceratitis química equilibrada e adubação orgânica.
capitata e Anastrepha spp.. Danos: as larvas danificam
a polpa dos frutos, os quais apresentam externamente Controle Biológico
um pequeno orifício no centro de uma mancha de col-
oração marrom. Neste orifício (feito pelo oviposi- Uso do fungo Metarhizium anisopliae injetado nos orifí-
tor), ocorre o apodrecimento, resultando em queda do cios, através de “Bomba para formicida em pó”, modifi-
fruto. C. capitata apresenta o ovipositor mais curto e cada, para controle de coleobrocas.
ataca apenas as laranjas que se encontram num estágio
de maturação mais avançado. As moscas do gênero Controle Químico
Anastrepha (ovipositor mais longo) podem atacar fru-
tos verdes ou maduros. 1. Para ácaros: uso de acaricidas específicos; rotação
de ingredientes ativos (repetir somente após 1 ano);
aplicação seletiva, isto é, apenas nos talhões onde foi
Pragas secundárias atingido o NC ou em reboleiras, quando possível (para
1. Cochonilhas (Homoptera: Coccoidea). Orthezia prae- ácaro da leprose fazer repasse).
longa (Ortheziidae): sem carapaça, com lâminas de 2. Para moscas das frutas: a aplicação seletiva de inseti-
cera. Selenaspidus articulatus (Diaspididae): com cida é feita misturando o produto com melaço a 10 %
carapaça (“pardinha”). Parlatoria cinerea (Diaspidi- ou proteína hidrolizada de milho a 2% ou, ainda, açú-
dae): com carapaça Danos: sucção de seiva; mal as- car a 5 %. Aplicar 150 a 200 ml da mistura por planta,
pecto dos frutos; presença de fumagina, definhamento em “benzedura”, na periferia do pomar (primeiras 15
das plantas. ruas), na face da planta voltada para o sol.
2. Coleobrocas (Coleoptera). Diploschema rotundi- 3. Para parlatória aplicação seletiva de aldicarb ou dissul-
colle, Macropophora accentifer, Trachyderes thoraci- foton (granulados) no solo, ou methidation, vamidoth-
cus (Cerambycidae), Cratosomus reidii (Curculion- ion, dimetoato, ethion ou calda sulfocálcica no tronco.
idae). As larvas constroem galerias nos ramos e tron-
cos, podendo destruir parcial ou totalmente as plantas.
52 Pragas das Frutíferas
Conceitos 5. Café
Pragas primárias: Aquelas capazes de romper os grãos (a) Caruncho das tulhas: Araecerus fasciculatus
intactos. Ex.: Sitophilus zeamais; Lasioderma serri- (Coleoptera: Anthribidae)
corne.
(b) Traça: Corcyra cephalonica (Lepidoptera:
Pragas secundárias: São incapazes de romper os grãos in- Pyralidae)
tactos; ação comumente associada às primárias. Ex.:
Tribolium castaneum, T. confusum. Amostragem
Principais Pragas 1. Peneiramento do produto.
Controle Químico
1. Inseticidas de contato: devem ser usados como meio
preventivo. São empregados piretróides e fosforados
em pulverização de superfícies ou nebulização.
Atmosferas modificadas
Em armazéns herméticos, é mantida uma “atmosfera”
modificada com baixa concentração de oxigênio, que im-
pede o desenvolvimento dos insetos. A atmosfera pode ser
rica em nitrogênio ou dióxido de carbono, por exemplo.
Capítulo 23
Formigas Cortadeiras
Controle Químico
1. Gases liquefeitos: brometo de metila, usado como fu-
migante, não é inflamável nem explosivo, mas é al-
tamente tóxico ao homem. O custo do produto e da
aplicação é elevado.
2. Termonebulização: consiste na produção de uma fu-
maça tóxica a partir de inseticidas veiculados em óleo
diesel ou mineral, que é injetada no formigueiro. São
empregados inseticidas fosforados ou piretróides. Esse
método também é caro e requer equipamentos especi-
ais (termonebulizador) e inseticidas especialmente for-
mulados.
3. Iscas granuladas: É o método mais eficiente e prático,
e o mais usado atualmente. A primeira isca a apare-
cer no mercado brasileiro foi o Mirex, contendo do-
decacloro (organoclorado) como princípio ativo. Foi
empregada com sucesso até 1993, quando seu uso foi
proibido devido aos problemas ambientais causados
pelos clorados. Atualmente existem outros produtos
no mercado, com outros princípios ativos como o di-
flubenzuron, a sulfluramida e o clorpirifós. Algumas
dessas iscas contém inibidores de síntese de quitina
e/ou substâncias que agem sobre o fungo. A maneira
de aplicação mais eficiente é em porta-iscas de plás-
tico. Devem ser aplicadas no período seco. São pouco
eficientes para Atta bisphaerica.
Bibliografia
Della Lucia, T.M.C. (ed.) 1993. As formigas cortadeiras.
Viçosa: Sociedade de Investigações Florestais.
Capítulo 24
Os cupins constituem a ordem Isoptera, que contém cerca e fundar uma nova colônia. Os pares se formam no chão,
de 2800 espécies conhecidas no mundo e cerca de 280 no quebram as asas na linha basal e procuram um local apro-
Brasil. Mais conhecidos como pragas de madeira, os cupins priado para iniciar o ninho, seja uma fresta em madeira ou
também atraem a atenção dos cientistas pelo seu sistema so- um buraco no solo.
cial e pela sua importância como membros da fauna de solo De modo geral os cupins são considerados saprófagos
de florestas e savanas tropicais. Em regiões tropicais al- ou detritívoros e se alimentam principalmente de material
gumas espécies de cupins também são consideradas pragas vegetal morto, como madeira e folhas. Eles estão entre os
agrícolas. poucos organismos capazes de digerir celulose. Algumas
espécies dependem de protozoários simbiontes intestinais
Biologia para digestão da celulose, mas os cupins da família Ter-
mitidae são capazes de produzir as próprias enzimas e não
Todos os cupins são sociais, vivendo em colônias com dependem de simbiontes. O cupins da subfamília Macroter-
castas estéreis (soldados e operários). Não existem cupins mitinae apresentam simbiose com fungos, que eles cultivam
solitários. Uma colônia típica contém um casal reprodu- dentro dos ninhos, mas esse grupo só ocorre na África e na
tor, rei e rainha, que se ocupa apenas de produzir ovos; Ásia. Cupins também podem se alimentar de várias partes
de inúmeros operários, que executam todo o trabalho e al- de plantas vivas, como o caule, raízes e folhas. Muitos
imentam as outras castas; e de soldados, que são respon- cupins, por outro lado, se alimentam de material vegetal
sáveis pela defesa da colônia (Figura 24.1). Os reprodu- em avançado estado de decomposição, ingerindo grandes
tores que fundam a colônia são chamados de primáros. quantidades de solo. Esses são chamados de humívoros ou
A maioria das espécies de cupins pode formar reprodu- geófagos e são importantes elementos da fauna de solo.
tores secundários dentro da colônia, que podem substi- Os cupins são importante componente da fauna de solo,
tuir rei ou rainha quando eles morrem. Em colônias atuando na decomposição de celulose e na reciclagem de
grandes podem surgir também reprodutores secundários su- nutrientes minerais. Os termiteiros são elementos estru-
plementares, que convivem com os reprodutores primários. turais importantes em muitos ecossistemas, servindo de
Os membros da família Kalotermitidae não possuem op- abrigo a uma fauna muito diversificada. A construção dos
erários verdadeiros, mas esse papel é desempenhado por termiteiros (montículos) também envolve grande movimen-
ninfas (falsos operários) que retêm a capacidade de se trans- tação do solo, com conseqüente aeração, movimentação
formar em alados ou soldados. Por outro lado, os membros vertical de partículas e modificação de sua estrutura.
da subfamília Apicotermitinae não possuem soldados, e a
defesa também é desempenhada pelos operários.
Classificação dos Cupins
A morfologia de reprodutores e operários varia muito
pouco entre espécies diferentes de cupins, e até a diferen- Os cupins estão agrupados em sete famílias, das quais
ciação de famílias pode se difícil. Os soldados, por outro apenas quatro ocorrem no Brasil. A fauna da América do
lado, variam muito em função dos vários mecanismos de Sul é dominada pelos cupins nasutos, subfamília Nasutiter-
defesa adotados e muitos apresentam formas bizarras, com mitinae, que compõem mais da metade das espécies.
cabeças e mandíbulas grandes ou armas químicas. Por essa
razão os soldados são a casta mais importante para identifi- Kalotermitidae são cupins de madeira seca, como por ex-
cação. Amostras para identificação devem ser preservadas emplo Cryptotermes brevis, uma praga comum em
em álcool 80% e devem incluir todas as castas presentes, áreas urbanas em boa parte do mundo. Vivem somente
especialmente os soldados. dentro da madeira, que serve de alimento e abrigo ao
A dispersão e fundação de novas colônias geralmente mesmo tempo. Suas fezes são secas e granuladas. As
ocorre num determinado período do ano, coincidindo com colônias são pequenas e de crescimento lento, mas sua
o início da estação chuvosa. Nessa época ocorrem as presença é difícil de detectar. O primeiro sinal é o
revoadas de alados (chamados popularmente de siriris ou aparecimento de fezes.
aleluias), dos quais alguns poucos conseguem se acasalar
58 Biologia e Controle de Cupins
Figura 24.1: Esquema simplificado e generalizado do ciclo de vida dos cupins. Os reprodutores primários são aqueles
que fundam a colônia depois da revoada. Reprodutores secundários são formados dentro da colônia e podem substituir
os primários. Operários são estéreis e se ocupam de coleta de alimento, construção de ninho, limpeza, e alimentação das
outras castas. Os soldados são também estéreis e se ocupam da defesa da colônia. A morfologia dos soldados varia muito
entre espécies.
Cupins Pragas
Apenas cerca de 10% das espécies de cupins podem ser
consideradas pragas, sendo que apenas algumas poucas são
pragas realmente importantes. Várias dessas espécies foram
introduzidas pelo homem em várias localidades do globo.
As pragas podem ser divididas em dois tipos: pragas de
madeira e pragas agrícolas.
é possível empregar controle biológico (patógenos) da e não tratadas e contato direto de madeiras com o solo.
mesma maneira, mas ainda não existe nada concreto O uso planejado de madeiras resistentes ou tratadas é
disponível. uma medida preventiva importante. Além disso, pode-
se usar barreiras físicas ou químicas durante a con-
3. Ataque causado por Nasutitermes (Termitidae, Nasu- strução, prevenindo o ataque por muitos anos.
titermitinae). São cupins que normalmente constroem
ninhos de cartão sobre árvores. Os túneis são externos
Controle Agrícola
e visíveis. Embora eles possam causar dano consid-
erável, são fáceis de detectar e pode ser possível elim- É bem mais complicado devido a particularidades de
inar a colônia. É preciso cuidado com ninhos múlti- cada cultura, maior número de espécies de cupins envolvi-
plos da mesma colônia (destruir um não acaba com dos e falta de investimento em pesquisas nessa área. Pouco
a colônia), e com ninhos sob o madeiramento do tel- se sabe sobre quais espécies causam problemas em cada
hado. Fora isso, os métodos de controle são os mesmos cultura e em cada região. Níveis de dano econômico
que os usados para os Rhinotermitidae. foram estudados apenas para a cana-de-açúcar em algumas
regiões. Em muitos casos o dano causado pelos cupins é
pouco significativo e não justifica a adoção de medidas de
controle. Danos significativos foram registrados em cana-
de-açúcar, eucalipto (plantas jovens) e arroz-de-sequeiro.
No caso do amendoim pode ocorrer ataque à vagem, cau-
sando dano direto.
Os cupins subterrâneos são particularmente difíceis de
controlar. O uso de inseticidas na superfície não resolve
muito, porque as colônias podem estar a vários metros de
profundidade. Inseticidas de ação rápida e repelentes como
os piretróides apenas afastam os cupins por algum tempo.
Eles se recolhem aos ninhos e retornam assim que o efeito
passar. O inseticida ideal tem ação lenta, algum poder resid-
ual e não é repelente, de modo que pode ser levado pelos
operários para dentro do ninho. Existe também potencial de
uso de controle biológico com fungos (Beauveria bassiana
Figura 24.7: Cornitermes cumulans – cabeça do soldado. e Metarhizium anisopliae).
O revolvimento do solo destrói ninhos superficiais, e ex-
põe os cupins à ação do sol e dos predadores, reduzindo sua
4. Barreira de partículas de tamanho uniforme. É um densidade. Por essa razão, o problema com cupins pode
tipo de barreira física que pode ser empregado con- se agravar em plantio direto. Culturas irrigadas também
tra cupins subterrâneos. Os operários de cupins cavam sofrem menos com os cupins. Existe também a crença de
com as mandíbulas, e se as partículas forem maiores que a calagem pode ajudar a controlar os cupins, mas exper-
que a abertura das mesmas, eles não conseguem pas- imentos controlados não mostraram nenhum efeito mensu-
sar. Se as partículas forem muito grandes, os cu- rável.
pins conseguem passar pelos espaços vazios. A faixa No caso dos cupins de montículo, o controle é bem mais
de tamanho apropriada das partículas depende do fácil. Faz-se um pequeno corte no topo do montículo.
tamanho dos cupins, mas está entre 1 e 3 mm. Essa Perfura-se o montículo com um alavanca até atingir a câ-
barreira pode ser produzida com areia peneirada dis- mara central. O controle pode ser feito por termonebuliza-
tribuída numa vala ao redor da da área a ser prote- ção, por fumigação com fosfina (3-4 pastilhas) ou intro-
gida. A areia deve permanecer descoberta e ser mon- duzindo inseticida líquido ou granulado pelo furo. Fecha-se
itorada constantemente. Esse método não foi testado o furo e verifica-se depois de alguns dias. Entretanto, é pre-
no Brasil. ciso estar atento ao fato de que o ninho varia muito entre
espécies, e em algumas não existe uma câmara central bem
5. Barreira física com Termimesh. Produto desenvolvido definida. Em outras a maior parte do ninho pode ser subter-
na Austrália, consiste de uma tela fina de aço inox rânea. A destruição mecânica dos ninhos pode não resolver
que deve ser colocada sob a construção toda, formando o problema, mesmo matando a rainha, já que pode induzir
uma barreira contínua. É uma barreira eficiente, per- a formação de reprodutores secundários.
manente e sem problemas ambientais, mas o custo é
alto e só pode ser empregada durante a construção.
6. Medidas preventivas. Vários erros comuns durante a
construção favorecem o surgimento de ataque de cu-
pins, como o uso de restos de madeira, papelão e papel
em aterros, uso indiscriminado de madeiras suscetíveis