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0. Introdução
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Processo FAPESP 02/12649-7; projeto de mestrado integrado ao projeto temático
História das Idéias Lingüísticas no Brasil: Ética e Política das Línguas, o qual tem o
apoio do acordo Capes/COFECUB.
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Uma primeira versão deste trabalho foi apresentada no 51° Seminário do GEL.
Posteriormente, resultou num artigo que foi publicado no número 11 da revista Línguas
e Instrumentos Lingüísticos. Sobre isso, ver Ferreira (2003).
A partir de nosso levantamento, pudemos observar que semântica lingüística é a
primeira designação usada por O. Ducrot, para a definição de seu campo de estudos. Ela
já aparece, por exemplo, em Ducrot (1969). Na metade da década de 70, a pragmática
também entra como uma designação: pragmática integrada. E ainda nesta década, a
designação semântica argumentativa também aparecerá, de uma maneira muito
particular. Esta última terá um uso mais freqüente nos trabalhos mais recentes do autor,
como, por exemplo, Ducrot (1995), Ducrot & Carel (1999) e Ducrot (2000).
O primeiro texto do autor que se dedica à questão da argumentação, (Ducrot,
1973), inicia-se do seguinte modo:
“De fato, ela (a pragmática) deve trabalhar diretamente sobre a estrutura sintática do
enunciado. Retomando uma expressão de A. Culioli, diremos que ela deve estar
“integrada” e não justaposta à descrição semântica.
Introduzir nesta pragmática integrada uma espécie de retórica integrada, este é o
objeto da teoria das escalas argumentativas e o tema do presente artigo” (p. 8)
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Estes grifos e os posteriores são nossos; e algumas traduções das citações também.
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(www.ehess.fr/centres/celith/CarelDucrotParadox.html)
2. Designações nos estudos de Carlos Vogt
Mais adiante:
“A fluidez nos limites do objeto a que nos referimos pode ser interna: como se
estabelecem os limites entre as diversas disciplinas lingüísticas; ou externa: referente às
diferenças entre as diversas semânticas lingüísticas, ou semânticas lingüísticas e
outras semânticas” (idem, p. 1 e 2)
“De um lado, a semântica lingüística deve ser estrutural. E, de outro, o que fundamenta
o estruturalismo em matéria de significação deve levar em conta a enunciação”
(Ducrot: 1977, p. 294)
Pelas observações anteriores, não há como não notar que os trabalhos do autor se
inscrevem neste “entre outros”. Também notamos anteriormente, que o semântico inclui
o pragmático. No caso deste último trecho, o pragmático inclui o semântico. Neste
domínio em que o autor procura não distinguir o que é pragmático e o que é semântico,
tem-se, uma pragmática nomeada de semântica. A esta pragmática específica,
poderíamos chamá-la pragmática lingüística, para usar uma designação formulada pelo
autor, (Guimarães, 1976a) ou, então, de pragmática integrada, para usar as designações
que encontramos nos textos de Vogt (1974) e de Anscombre & Ducrot (1976).
A relação entre semântica da enunciação e semântica argumentativa pode ser
observada em Guimarães (1995):
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Sobre a questão da resignificação, nos inspiramos nas aulas ministradas pelo professor
Eduardo Guimarães, durante a disciplina Seminário Avançado em Semântica (disciplina
de pós-graduação do IEL, na Unicamp). Sobre esta questão, ver Guimarães (2002).
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Sobre a disciplinarização da Semântica Argumentativa, ver Ferreira (2003).
No caso dos estudos de E. Guimarães, também pudemos observar uma
preocupação em integrar a pragmática à semântica. As indagações sobre o discurso, a
pragmática e a enunciação estão presentes em seus primeiros trabalhos, sendo que neles
já há designações relacionadas com tais questões. A semântica argumentativa aparecerá
em seu sentido mais geral, abrangendo os trabalhos de autores brasileiros e franceses. O
interesse na questão do discurso para seus estudos semânticos levará a semântica
argumentativa a uma configuração específica, que leva em conta a historicidade.
No presente estudo, procuramos relacionar a semântica argumentativa e outras
designações de um modo bem geral. Será necessário, posteriormente, estudarmos estas
relações com mais detalhes. Para nós, o estudo dos diferentes modos de designar é uma
pista, um indício, para um trabalho teórico e metodológico mais aprofundado. Ele é a
nossa entrada para a realização deste trabalho. E através da realização deste trabalho
mais aprofundado, pensamos poder fazer um retorno mais produtivo para a questão
destas designações.
5. Referências bibliográficas