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Segurança do paciente e sistematização da assistência de enfermagem no


pós-operatório de transplante cardíaco: uma revisão sistemática

Patient safety and systematization of nursing care in the postoperative


period of cardiac transplantation: a systematic review
Recebimento dos originais: 29/12/2018
Aceitação para publicação: 25/01/2019

Geórgia Freitas Rolim Martins


Enfermeira pelo Centro Universitário Brasileiro- UNIBRA
Endereço: Rua Padre Inglês, 257- Boa Vista, Recife – PE, Brasil
E-mail: geofrmartins@gmail.com

Angélica Xavier da Silva


Residente em Saúde da Família, no Instituto Materno Infantil de Pernambuco
Discente do curso de Mestrado em Engenharia de Sistemas da Escola Politécnica de
Pernambuco
Instituição: Universidade de Pernambuco
Endereço: R. Benfica, 455 - Madalena, Recife - PE, Brasil
E-mail: angelicaxaviersilva@gmail.com

Aílton de Oliveira e Silva Júnior


Enfermeiro pelo Centro Universitário Brasileiro- UNIBRA
Endereço: Rua Padre Inglês, 257- Boa Vista, Recife – PE, Brasil
E-mail: ailtonoliveira921@gmail.com

Jacqueline de Araújo Gomes


Enfermeira pelo Centro Universitário Brasileiro- UNIBRA
Endereço: Rua Padre Inglês, 257- Boa Vista, Recife – PE, Brasil
E-mail: jagomesmaravilha@gmail.com

Thiago José de Souza Gomes


Doutor em Entomologia- UFRPE
Docente do Centro Universitário Brasileiro- Unibra
Endereço: Rua Padre Inglês, 257- Boa Vista, Recife – PE, Brasil

RESUMO

Introdução: As primeiras 24 horas após a realização da cirurgia é considerado como Pós


Operatório Imediato (POI), assim, é imprescindível que o paciente submetido a qualquer
cirurgia permaneça na Sala de Recuperação Pós Anestésica (SRPA), pois este período
necessita de uma atenção especializada da equipe de saúde a fim de evitar e/ou minimizar
riscos ou agravos à saúde. Objetivos: Entender quais são as ações inerentes ao profissional de
enfermagem relativas aos cuidados na segurança do paciente pós-transplante cardíaco.
Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa com ênfase a responder a questão de

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pesquisa “Quais as ações dos profissionais enfermeiros no pós-transplante cardíaco?”. As
bases de dados utilizadas para a coleta de dados foram: MEDLINE, LILACS, BDENF e
SCIELO no período de 2003 a 2015, onde foram selecionados e analisados 12 estudos.
Resultados: A segurança do paciente é um fator crítico e essencial para melhoria da
assistência à saúde no mundo. É considerado globalmente como um problema de saúde
pública visto que as consequências de danos decorrentes da assistência podem ser graves ou
fatais. Conclusão: Realizar a SAE com ênfase na Segurança do Paciente evita que os
pacientes sejam vítimas de falhas na assistência, observa-se que a junção desses elementos
reflete a dimensão do cuidado de enfermagem qualificando a assistência.
Palavras-chave: Assistência de Enfermagem. Segurança do Paciente. Diagnósticos de
Enfermagem.

ABSTRACT

The first 24 hours after surgery is considered Immediate Post Operative (POI), so it is
imperative that the patient undergoing any surgery remain in the Post Anesthesia Recovery
Room (PACU), since this period needs attention health team in order to avoid and / or
minimize risks or health problems. Objectives: To understand what are the actions inherent to
the nursing professional regarding the care of the patient after cardiac transplantation.
Methodology: This is an integrative review with an emphasis on answering the research
question "What are the actions of the professional nurses in the post-transplant heart?". The
databases used for data collection were: MEDLINE, LILACS, BDENF and SCIELO from
2003 to 2015, where 12 studies were selected and analyzed. Results: Patient safety is a critical
and essential factor for improving health care worldwide. It is considered globally as a public
health problem since the consequences of injury resulting from assistance can be serious or
fatal. Conclusion: Carrying out SAE with an emphasis on Patient Safety prevents patients
from being victims of care failures, it is observed that the combination of these elements
reflects the nursing care dimension, qualifying care.

Key words: Nursing Assistance. Patient safety. Nursing Diagnostics.

1 INTRODUÇÃO
O primeiro Transplante Cardíaco (TC) foi realizado pelo Cirurgião Cardiologista
Christiaan Neethling, em 1967, na cidade do Cabo localizada na África do Sul. No Brasil, o
Sistema Nacional de Transplantes (SNT) é a entidade responsável pelo monitoramento e
controle dos transplantes de órgãos realizados no país. Esse sistema gerencia desde a
regulamentação, as equipes e hospitais aptos a realizar tais procedimentos até a logística de
captação de órgãos e também o acompanhamento dos pacientes submetidos à cirurgia de
transplante (MANGINI, et al, 2015; SILVA, 2008; BRASIL, 2016).
Conforme JORGETTO, NORONHA e ARAÚJO (2005), uma cirurgia é composta por
várias fases, entre elas o Pré Operatório, fase composta pelo reconhecimento das condições do
paciente e eliminação de inseguranças do mesmo, a Trans Operatória, fase que se segue a

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entrada do paciente na sala cirúrgica e continua até sua entrada na Sala de Recuperação Pós
Anestésica (SRPA), e a Pós Operatória que inicia-se na entrada do paciente na SRPA até sua
alta hospitalar. As primeiras 24 horas após a realização da cirurgia é considerado como Pós
Operatório Imediato (POI), assim, é imprescindível que o paciente submetido a qualquer
cirurgia permaneça na SRPA, pois este período necessita de uma atenção especializada da
equipe de saúde a fim de evitar e/ou minimizar riscos ou agravos à saúde.
O enfermeiro atuante na SRPA necessita de conhecimentos específicos acerca das
diversas cirurgias para poder atender os pacientes pós-cirúrgicos da melhor maneira possível.
Deve-se planejar o cuidado tendo como objetivo principal a recuperação da homeostasia
fisiológica, com o mínimo de intercorrências ou complicações, individualizando o cuidado e
visando a qualidade de vida do cirurgiado (FREITAS, PIMENTEL, 2014; JORGETTO,
NORONHA, ARAÚJO, 2005). “Para a OMS (Organização Mundial da Saúde), segurança do
paciente corresponde à redução ao mínimo aceitável do risco de dano desnecessário associado
ao cuidado de saúde” (BRASIL, 2017).
O Ministério da Saúde através da Portaria nª 529/2013, instituiu o Programa Nacional
de Segurança do Paciente (PNSP), essa iniciativa emergiu de uma necessidade de qualificação
no cuidado à saúde em todos os níveis de atenção e em todo território nacional. A segurança
do paciente é um fator crítico e essencial para melhoria da assistência à saúde no mundo. É
considerado globalmente como um problema de saúde pública visto que as consequências de
danos decorrentes da assistência podem ser graves ou fatais, além de ter um elevado custo
tanto para suas vítimas quanto para os serviços de saúde. A Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA) preconiza que a direção dos serviços de saúde só, não consegue
organizar os serviços referentes a melhoria na qualidade nos serviços de saúde, sendo
necessária a criação de uma instância responsável, que deverá ser composto por uma equipe
multiprofissional, habilitada em conceitos de melhoria da qualidade e segurança do paciente e
em ferramentas de controle da qualidade (SILVA; CARVALHO, 2016; CARVALHO, 2015;
SCHWONKE, 2016; BRASIL, 2017).

2 METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa integrativa, descritiva, qualitativa com cunho bibliográfico.
O levantamento de dados ocorreu entre os meses de março a novembro, o embasamento
científico serviu como referencial teórico. A fonte das pesquisas se deu por artigos

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disponibilizados na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), Biblioteca Virtual do Ministério da
Saúde e Biblioteca Virtual em Enfermagem (BDENF).
Foram incluídos artigos científicos e documentos, completos e disponíveis, que
possuíam especificidade com o tema proposto e excluídos artigos com a ausência de resumos
nas plataformas de busca, que estivessem com restrição de acesso ou artigos repetidos. Os
artigos foram encontrados a partir de palavras dispostas nos Descritores em Saúde (DECS):
Assistência de Enfermagem, Diagnósticos de Enfermagem e Segurança do Paciente usando os
conectivos AND.

A avaliação dos artigos consistiu na leitura na íntegra e posteriormente realizada uma


análise crítica, após esta etapa ocorreu a elaboração de quadros sinópticos com as informações
mais relevantes da bibliografia utilizada, as demais informações seguiram relatadas de forma
descritiva.
Foi adotado um instrumento estruturado para avaliação do nível de evidência dos
artigos de acordo com a Agency for HealthcareResearchandQuality (AHRQ), ele considera a
produção do conhecimento científico de práticas baseadas em evidências e os enquadram
através dos seguintes níveis hierárquicos: no nível I, onde as evidências são feitas através de
revisão sistemática ou de meta análise de todos os ensaios randomizados relevantes, ou ainda

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que provenientes de diretrizes clínicas baseadas em revisões sistemáticas de ensaios clínicos
randomizados controlados; no nível II, as evidências são provenientes de pelo menos um
ensaio clínico randomizado controlado e bem delineado; no nível III, são obtidas através de
ensaios clínicos bem delineados e sem a randomização. O nível IV dispõe de evidências de
estudos de coorte e de casos controles bem definidos. Já o nível V corresponde às ditas
revisões sistemáticas de estudos descritivos e também qualitativos; o nível VI apresenta
apenas um único estudo descritivo ou qualitativo, sendo o nível VII o qual possui evidências
de opinião de autoridades e/ou relatório de comitê de especialistas. Sendo assim, os estudos
selecionados possuíram Nível de Evidência (NE) VI por se referirem aos estudos descritivos
com baixo poder inferencial e de associação (MELNYK; FINEOUT, 2010).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Criar uma cultura de segurança significa vencer as barreiras e desenvolver um
ambiente de trabalho colaborativo, no qual os membros da equipe assistencial, pacientes e
seus familiares tratam um ao outro como iguais, independente da função ou título. Devem
possuir respeito mútuo e confiança em cada membro, com o objetivo de garantir não só a
qualidade da assistência, mas também a segurança ao paciente. O conceito é simples, mas a
sua implementação não é, pois envolve mudanças na filosofia, atitude e comportamento.
Planejamento e ações em todos os níveis da organização e o comprometimento da liderança
são necessários para criar a cultura de segurança (BRASIL, 2017).
O primeiro transplante cardíaco foi realizado com sucesso tendo o receptor do órgão
saído vivo da Sala de Operações (SO), porém com a presença de um bloqueio atrioventricular
que foi controlado pelo uso de um marca-passo. Em sua segunda tentativa, Neethling fez uma
modificação decisiva, modificação esta que é utilizada ainda atualmente, a alteração consistia
na forma de incisar a parte posterior do átrio direito do coração a ser transplantado evitando
assim o bloqueio atrioventricular. Em 1968, o professor E. J. Zerbini, foi o pioneiro em TC no
Brasil e na América do Sul, tendo realizado o primeiro TC com sucesso.
Zerbini também foi pioneiro no TC em pacientes com miocardiopatia chagásica,
entretanto, os resultados foram insatisfatórios com uma taxa de mortalidade elevada. Tal
cenário foi modificado com o aparecimento do fármaco ciclosporina, medicamento este que
aumentou o controle sobre as rejeições de órgãos, dando início a um novo desenvolvimento
na realização de TC's (MANGINI, et al, 2015; SILVA, 2008).

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3.1 O CENTRO CIRÚRGICO (CC)
É o local onde acontece grande parte dos eventos adversos a saúde do paciente. Sua
causa é atribuída a complexidade dos procedimentos, a interação das equipes
interdisciplinares e ao trabalho sob pressão, pois apesar das intervenções cirúrgicas
integrarem assistência à saúde, contribuindo para a prevenção de agravos à integridade física
e à perda de vidas estão associadas consideravelmente aos riscos de complicações e morte. As
atividades do enfermeiro envolvem tarefas complexas, plenas de variação e incertezas
exercidas em condições ambientais dominadas pela agilidade, precisão e pelo estresse, tais
atividades requerem atenção redobrada em cada etapa do processo, em especial em relação ao
enfermeiro pelo contato próximo em suas ações assistenciais ao cliente (HENRIQUES, et al.
2016; LIMA et al, 2013).
É de suma importância a contribuição da enfermagem no início, durante e após o
término da cirurgia, por exemplo: Certificando a identidade do paciente, o consentimento, o
local, o procedimento, verificando os sinais vitais, monitorização, acesso venoso pérvio,
eliminando a presença de qualquer risco como a perda sanguínea , dificuldade das vias aéreas,
reações alérgicas e complicações no pós-operatório. Sendo assim, implementar a cultura de
segurança nas instituições de saúde , especificamente no CC pode ter associação direta com a
diminuição dos eventos adversos e da mortalidade, implicando melhorias na qualidade da
assistência à saúde dos pacientes (HENRIQUES, et al. 2016; LIMA et al, 2013).

3.2 PROGRAMA NACIONAL DE SEGURANÇA DO PACIENTE


O National Quality Forum (NQF), descreveu algumas práticas para realização de uma
assistência segura e entre elas estão o desenvolvimento e a manutenção da Cultura de
Segurança e também a implementação das medidas para prevenção contra Infecções
Relacionasdas a Assistência em Saúde:
Segundo o NQF (Fórum Nacional de Qualidade), é preciso promover uma
cultura de segurança em todos os âmbitos de serviços de saúde – um
componente estrutural básico das organizações que reflete uma consciência
coletiva relacionada a valores, atitudes, competências e comportamentos que
determinam o comprometimento com a gestão da saúde e da segurança
(BRASIL, 2017, p.37).

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Figura 1 - Contribuições da segurança do paciente para a qualidade do cuidado de saúde

Em 2011, a OMS lançou seis metas internacionais, objetivando a promoção da


segurança do paciente, tendo como alvo proporcionar melhorias destinadas às áreas
problemáticas da saúde, produzindo soluções baseadas em provas e com profissionais da área.
Sendo elas: 1. Identificar corretamente pacientes; 2. Favorecer e melhorar a comunicação
entre os profissionais da saúde; 3. Aumentar o cuidado das medicações de elevada vigilância;
4. Garantir cirurgias com sítio de intervenção exata, procedimento e paciente correto; 5.
Diminuir o risco de infecções relacionadas à assistência de saúde e 6. Conter o risco de lesões
aos clientes, provenientes de quedas (JOINT COMMISSION INTERNATIONAL, 2013).
Para um procedimento cirúrgico seguro e de maior qualidade, foi criado um checklist
composto de três etapas: Identificação (pré-anestésica), Confirmação (antes da fissura do
sítio) e Registro (antes do paciente ser retirado do centro cirúrgico) (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2009). Precauções simples como a checagem de dados do cliente, conhecimentos
clínicos sobre o paciente e o órgão, disponibilidade e apropriado funcionamento dos
instrumentos e equipamentos trazem grande diferencial acerca do sucesso ou fracasso de um
procedimento cirúrgico. Este simples gesto pode dificultar o princípio de sucessão de
problemas para o cliente (FERRAZ, 2009).

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A Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica não é um instrumento


regulatório ou um componente da política pública oficial. Apenas intenciona
ser uma ferramenta prática e de fácil utilização por profissionais de saúde
interessados na melhoria da segurança cirúrgica e na redução de óbitos e
complicações cirúrgicas evitáveis (BRASIL, 2017, p. 127).

O nascimento do check list de cirurgia segura se deu através de 3 (três) princípios:


simplicidade, aplicabilidade, possibilidade de mensuração. Durante a execução são feitas
verificações em três etapas: SIGN IN, TIME OUT e SIGN OUT, respectivamente, antes da
indução anestésica, antes da incisão e antes do paciente sair da sala de operação (BRASIL,
2017).

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3.3 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM


Com a modernização das práticas de enfermagem surgiu a Sistematização da
Assistência de Enfermagem (SAE) fundamentada através de teorias experimentais moldadas
nos princípios da integralidade e universalidade. Sendo obrigatória sua implementação nos
variados níveis de atenção à saúde que dispuserem do serviço de enfermagem, de acordo com
a Resolução COFEN 358/2009. A SAE é constituída por etapas interligadas que se
caracterizam no Processo de Enfermagem (PE) que enquadra: a Investigação de dados e o
exame físico, o Diagnóstico de enfermagem, o Planejamento do cuidado, a Implementação da
assistência de enfermagem por intermédio das prescrições de enfermagem e por fim a
Avaliação da assistência (ALVIM, 2013; GIEHL, COSTA, PISSAIA, 2016).
Durante a análise dos resultados foram identificados diagnósticos de enfermagem e os
que mais se repetiam eram aqueles relacionados à clínica do paciente. As unidades
hospitalares estão cada vez mais empenhadas em assegurar uma assistência de qualidade,
nesse contexto, o tema "segurança do paciente" ganha ênfase, por reduzir e/ou prevenir a
exposição do paciente aos riscos inerentes ao serviço prestado. As atividades no CC envolve
tarefas complicadas que necessitam de plena atenção e várias confirmações sobre os
procedimentos para que os erros não ocorram.

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Entretanto vários aspectos não foram abordados ou não foram dadas a devida
importância na literatura encontrada, como por exemplo, os aspectos psicossociais e
referentes a segurança do paciente, como foi observado na tabela 1.

Tabela 1 - Diagnósticos de Enfermagem que mais se repetiam na literatura.


AUTORES DIAGNÓSTICO RELACIONADO A CARACTERIZADO
POR
(MATOS, 2009. Constipação Hábitos alimentares Mudança no padrão
(CRUZ; LOPES, deficientes, intestinal
2010) (MATOS et desnutrição e
al., 2015) desidratação prévios
(NAKASATO et al., e imobilidade física
2015).

(MATOS, 2009). Integridade Hipovolemia Pressão sanguínea


(GALDEANO et al., tissular alterada, fora dos
2006), (CRUZ; prejudicada parâmetros aceitáveis
LOPES, 2010)
(NAKASATO et al.,
2015).

(MATOS, 2009) Débito cardíaco Frequência cardíaca Fadiga, oligúria, edema,


(CRUZ; LOPES, diminuído alterada arritmias
2010)
(MATOS et al.,
2015)
(NAKASATO et al.,
2015).

(BERTONCELLOA Nutrição Incapacidade para Peso corporal 20% ou


et al., 2014) desequilibrada: ingerir ou digerir mais abaixo do ideal.
(MATOS, 2009). inferiores às comida ou absorver Relato da ingestão de
(MATOS et al., necessidades nutrientes, causada alimentos menor que a

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2015) corporais por insuficiência porção diária
(NAKASATO et al., cardíaca congestiva recomendada; falta de
2015). prévia, dor, ansiedade interesse por comida
ou náusea
(MATOS, 2009). Risco de Fatores de risco: taxa Risco não se caracteriza
(GALDEANO et al., desequilíbrio na metabólica alterada, (DOENGES,2015)
2003). temperatura procedimentos
(GALDEANO et al., corporal invasivos
2006).
(NAKASATO et al.,
2015).

(BERTONCELLOA Padrão do sono Preocupação com o Despertares prolongados


et al., 2014) perturbado lar, ansiedade e dor
(MATOS, 2009).
(GALDEANO et al.,
2006).
(NAKASATO et al.,
2015).

Se faz necessário organizar a equipe multidisciplinar e habilitá-la em conceitos de


melhoria da assistência e qualidade na segurança do paciente, quando não se enxerga o
paciente de forma holística, os expõe a riscos que poderiam ser prevenidos/evitados. Faz-se
necessário também, implementar a SAE de forma única e em especial que atenda as demandas
de cada caso em particular.
Ao incluir as metas internacionais de segurança do paciente, estamos seguindo
protocolos criados em prol do usuário, que muitas vezes já chega com uma série de problemas
que são agravados durante seu internamento. Fatores como estresse, falhas na infraestrutura,
brechas na assistência, são danosos aos pacientes que estão em processo de recuperação, por
isso, deve-se introduzir a cultura de segurança em todo ambiente hospitalar, a mudança de
hábitos rotineiros como o melhor uso e manuseio de medicamentos garante uma economia
hospitalocêntrica, bem como a utilização de check-list’s garante uma assistência contínua e
mais segura.

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As evidências encontradas contribuem para a elaboração de protocolos, normas e
procedimentos pelos enfermeiros em conjunto com a equipe multidisciplinar. Tais aspectos
objetivam melhorias na assistência de enfermagem em prol da segurança do paciente em
processo cirúrgico, porém, cada serviço de saúde deve levar em consideração suas
peculiaridades em relação aos recursos humanos e recursos materiais disponíveis. Medidas
simples e eficazes podem evitar e diminuir grande parte dos danos nestes serviços auxiliando
assim na recuperação do usuário.

4 CONCLUSÃO
Ao decorrer desta pesquisa, identificamos que o transplante cardíaco envolve
processos complexos que podem levar o paciente a vários eventos adversos. Ao utilizarmos
de métodos que incluam as metas internacionais de segurança do paciente adquirimos um
serviço de saúde com maiores barreiras que irão impedir as falhas e erros de ocorrerem e de
chegarem ao usuário e que tais eventos agrave sua condição de saúde. A utilização de uma
administração segura de medicamentos, protocolos de quedas e de prevenção de lesões por
pressão diminuem a estadia do paciente aumentando seu conforto e a confiança que o mesmo
e sua família (ou responsável) têm para com a equipe e para com o serviço oferecido.
A gestão dos riscos no âmbito da enfermagem é bastante ampla, e deve seguir
uma linha lógica e contínua que vai desde a entrada do paciente no serviço de saúde com sua
devida identificação, até sua saída com o número mínimo, ou nenhum, de agravos possíveis.
Métodos simples que ainda hoje não são completamente adotados como a
higienização das mãos podem garantir uma assistência livre de infecções e para que isso
ocorra os profissionais devem ter em mente que sua atualização também deve ser contínua.
Um profissional habilitado para operar a SAE com excelência e capacitado em
segurança do paciente tende a observar e prevenir eventos prejudiciais ao paciente, ficando
assim a necessidade da educação continuada agir piamente em todos os setores que lhes é
cabível e principalmente naqueles que incluam pacientes graves e com maiores riscos de
agravos como nos casos dos pacientes submetidos a transplantes cardíacos.

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