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Resumo
A liderança é um tema bastante abrangente e muito estudado nos últimos séculos para formulação
de teorias e técnicas que visam, através de diferentes focos, detectarem o líder eficaz. Ao notar a
importância do fenômeno da liderança no funcionamento de uma organização e a crescente
divulgação de queixas e números de processos jurídicos referentes ao assédio moral, ou seja, às
condutas abusivas relacionadas a humilhações sistemáticas ocorridas no ambiente laboral, o
presente trabalho visa relacionar os estilos de lideranças à percepção do assédio moral dos
próprios líderes. Para tanto foram realizadas dez entrevistas semi-dirigidas com líderes de
diferentes áreas comerciais, e estas foram analisadas por meio de categorizações dos temas
abordados através de tabelas, descrições e discussões, considerando tanto aspectos comuns às
entrevistas como aspectos ímpares de cada colaborador. Através da análise qualitativa, portanto,
pudemos verificar alguns fatores, além do estilo de liderança, que interferem na percepção que o
líder tem do assédio moral, assim como: a relação deste com os funcionários, ou seja, se ele
possui relação direta ou indireta com estes e os diferentes cargos de liderança que exercem
(gerencial e presidencial) dentro da organização. A pesquisa possibilitou, portanto, um
aprofundamento significante do tema e considerações relevantes a respeito dos resultados, no
entanto, devido a importância do enfoque é necessário que se amplie e se dê continuidade a
trabalhos nesta área de comportamento organizacional referentes ao assédio moral e à liderança.
Abstract
Leadership is a topic which can be related to many other subjects, and has been studied vigorously
in the last centuries to the creation of theories and techniques aiming at detecting the efficient
leader in many different ways. It is noticeable the increasing spreading of complaints and numbers
of legal processes referred to the moral harassment (abusive behaviors related to daily systematic
humiliation occurred in the work environment), and that Leadership is very important on the
functioning of any organization. Therefore, this research has the objective of relating types of
leadership to the perception of moral harassment by the leaders. Ten half-directed interviews were
carried through with many leaders from different commercial areas. The interviews were analyzed
by means of distinction of the boarded subjects through tables, descriptions, and discussions,
considering both the common aspects of the interviews and the odd aspects of each collaborator.
Through the qualitative analysis, therefore, we can verify some factors, beyond the style of
leadership, that interfere with the perception that the leader has qualities of moral harassment,
such as: a relationship like this with the employees, or be it, a direct or indirect relationship with
these or other different responsibilities of leadership they carry out (management and presidential)
within the organization. Therefore, the research made possible a deeply significance on the theme
and relevant considerations with respect to the results, however, due to the importance of the
approach, it is necessary to extend and continue work in the area of organizational behavior
referring to moral harassment and leadership.
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I. Introdução
A liderança é um assunto complexo e abrangente que sempre despertou
curiosidade e interesse no homem. No entanto, somente a partir do século XX
este fenômeno vem sendo muito estudado e pesquisado em diferentes focos de
abordagens, refletindo os acontecimentos e necessidades de cada época.
Verificando as falas de diversos estudiosos sobre o assunto, podemos
dizer que a liderança é o processo pelo qual se influencia outras pessoas para
atingir algum objetivo, dirigindo-as para o alcance de suas metas. A partir desta
definição podemos salientar que o fenômeno é de essencial importância dentro de
um ambiente organizacional e que interfere direta e indiretamente no
direcionamento e cumprimento das tarefas a serem realizadas por outras
pessoas. Um líder, portanto, lida com diversas situações cotidianamente, que
devem ser resolvidas de maneira eficaz e, para tanto, é necessário que ele se
relacione positivamente com os membros de sua equipe.
Com a globalização e, consequentemente a instabilidade do mercado de
trabalho, as relações existentes neste se desestabilizaram ainda mais, pois os
líderes e empregados começaram a sofrer pressões internas e externas intensas,
o tempo de entregas de trabalhos diminuiu, a competição aumentou e as
empresas necessitaram fabricar mais produtos por menos custo. A partir desta
nova estrutura de trabalho houve alta nos índices de comportamentos abusivos,
sendo estes praticados tanto na vertical (de superior para subordinado) quanto na
horizontal (de colega para colega), influenciando no aumento de casos de assédio
moral no trabalho, o qual caracteriza-se por comportamentos sutis, repetitivos e
agressivos que expõem pessoas a situações ofensivas, humilhantes e vexatórias
no ambiente de trabalho e que com isso pode ocasionar danos à integridade
física, emocional e psicológica das mesmas.
A partir da percepção deste aumento de casos de comportamentos
abusivos no ambiente de trabalho, muitas pesquisas vêm tentando desvelar o
fenômeno, procurando justificativas, características de vítimas e de agressores,
estudando as relações de trabalho existentes na atualidade, assim como as
estruturas organizacionais hierárquicas.
Deste modo, este trabalho pretende contribuir para o desenvolvimento das
pesquisas realizadas sobre o assunto, focando no aspecto de liderança para
verificar se há alguma relação entre a percepção de assédio moral de líderes e o
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estilo de liderança dos mesmos. Portanto, a pesquisa tem como objetivos abordar
e caracterizar os temas propostos, verificar a percepção que diferentes estilos de
líderes possuem em relação ao fenômeno do assédio moral, analisar e relaciona-
las às teorias estudadas.
2.1. Liderança
A liderança refere-se à habilidade da pessoa de guiar, modificar e dirigir
ações a outros de modo que obtenham destes a cooperação para a realização do
trabalho. No processo são envolvidos traços pessoais, atitudes, valores e as
experiências anteriores, o que influencia o desempenho e o estilo de liderança de
cada individuo (KAO, 2007).
A liderança é um fenômeno complexo e chama a atenção de estudiosos e
pesquisadores desde o início do século XX, quando se iniciaram diversas
pesquisas a respeito do assunto (LIANG, 2007). Os estudos acerca do tema
refletem a sociedade e a necessidade apresentadas em cada época, por este
motivo, desde a primeira pesquisa realizada, houve muitas alterações e diferentes
enfoques de teorias (KAO, 2007).
A partir de pesquisas e estudos realizados, cientistas procuravam traçar
mais claramente quais traços, habilidades, comportamentos ou aspectos
situacionais determinariam como um líder poderia influenciar e concluir os
objetivos de um grupo de forma eficiente (ARONSON, 2001).
Focando aspectos de características natas, no inicio do século XX, mais
precisamente na década de 30, foram apresentadas teorias de traços de
liderança. Estas buscavam traços físicos, intelectuais, de personalidade e
habilidades individuais que caracterizariam os líderes (ROBBINS, 2002).
No entanto, foram encontradas muitas limitações e poucas informações
claras que explicassem e diferenciassem efetivamente os traços de líderes. Por
este motivo, pesquisadores viram a necessidade de modificar o foco de estudo,
partindo então, no final da década de 40, para o que os líderes faziam, quais eram
os comportamentos realizados por estes. A principal diferença entre estas duas
teorias se dá ao fato de que as teorias comportamentais acreditavam que o
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III. Metodologia
O presente trabalho visa um enfoque de pesquisa qualitativa, destacando
aspectos subjetivos das falas dos profissionais entrevistados, sem deixar de
utilizar alguns dados e referenciais quantitativos para a complementação do
mesmo, assim como dados matemáticos e tabelas.
A pesquisa utiliza da análise qualitativa dos dados já que analisará materiais
narrativos e, portanto, mais subjetivos devido a pouca estruturação dos mesmos.
Esta análise será utilizada, pois é rica, nos permite uma compreensão mais
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pessoas capacitadas
2 É composto por Desavenças, Não aprofunda Pode acarretar
uma série de desrespeito, prejuízos ara
ações, assim intransigências, um empresa, inclusive
como: simples em termos de
desrespeito, desentendimento jurisprudência o que
humilhação e ou agressão aos preocupa as
práticas ilegais princípios morais empresas, que devem
dentro da tomar cuidado com
organização respeito, educação e
intransigências
3 É complicado; Assédio sexual Não comenta “A pessoa tem que
não teve nenhum saber separar o que é
problema com trabalho do que é
isso mesmo tendo lazer” (sic)
mulheres na
equipe
4 Situações entre Desavenças, “O líder trata o Investir em
líder e liderados “santos que não liderado com treinamento,
que acabam batem” e conversas casca e tudo” crescimento dos
gerando fofocas, paralelas funcionários e manter
desagrados e uma liderança
todos acabam moderna e
perdendo; pratica participativa para que
que acaba se a equipe confie na
tornando normal liderança
nas empresas
5 Qualquer forma A pessoa sofre O líder utiliza da Não aprofunda
de assédio que humilhações diárias autoridade do
um superior faça cargo para obter
com um vantagem ou
subordinado; é humilhar uma
uma forma de pessoa
pressão que o
superior faz no
liderado
6 Maus tratos que Maus tratos Quando o chefe Não comenta
superiores fazem acredita que seja
a subordinados certo humilhar
seu funcionário
7 Quando você Fofocas, Não comenta Abala produção,
ataca os humilhações, família e a pessoa
princípios e as calúnias atingida
idéias de uma
pessoa; ocorre
mais em
empresas que há
muita
rotatividade e
concorrência por
cargos
8 É um problema; Por meio de Para tomar Queixas e
sabe que existe, palavras e ofensas alguma decisão é desligamentos das
mas é mais difícil necessário que se pessoas envolvidas da
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expresse o que está ocorrendo entre seus colegas de trabalho e também pela
relação que fazem aos níveis hierárquicos e ao poder que os chefes têm sob seus
liderados.
Outros dados, assim como o tempo de trabalho, o número de pessoas que
são lideradas, a profissão e os cargos ocupados pelos colaboradores também
foram levantados e avaliados, mostrando-nos algumas relações relevantes como
a atualização e a prática que líderes com mais de 20 anos de profissão possuem
em relação a costumes e comportamentos suspeitos de funcionários, no entanto,
por ser uma pesquisa qualitativa, tais dados são insuficientes para afirmar que
haja tal relação, pois a amostra é de apenas dez pessoas.
V. Conclusão
Visando o objetivo de verificar a percepção de assédio moral de diferentes
líderes e relaciona-las aos estilos de liderança, a presente pesquisa, por meio de
análises qualitativas de dez entrevistas semi-dirigidas, obteve resultados
importantes para a continuidade de trabalhos nesta área.
Da amostra pesquisada foi possível concluir que outros dados, além da
liderança, também podem influenciar na percepção de assédio moral dos líderes,
no entanto, o que se evidenciou notoriamente, respondendo à pergunta realizada
a priori, foi o fato de que líderes que se preocupam mais com as relações
interpessoais dentro do ambiente de trabalho, possuem uma percepção mais
ampla, contrária e ética ao fenômeno de assédio moral e à humilhação,
enfatizando em suas entrevistas como prevenir e como agir em situações que é
necessário perceber, compreender e intervir.
É de extrema importância salientar que este assunto, apesar de ser
menosprezado e desacreditado por alguns líderes, deve ser mais divulgado, pois
muitos dos entrevistados confundiram-no com assédio sexual ou com uma
agressão pontual.
O assunto é amplo e necessita de uma exploração para que se conscientize
as empresas e os funcionários das mesmas da importância de expor problemas
que ocorrem dentro do ambiente de trabalho para que, deste modo, ambos,
líderes e liderados, possam detectar, compreender, intervir e prevenir casos de
assédio moral. Para tanto é preciso que se amplie e se dê continuidade a
trabalhos na área de comportamento organizacional focados no tema exposto,
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HANNABUSS, S. Bullying at work. Library Managemente. Bradford: 1998. Vol. 19, p. 304-
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