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Procuradoria Geral do Município
Processo n. 0566812-22.2018.8.05.0001
Parte contrária: N&A CONSULTORES E ASSOCIADOS LTDA
a) Decadência do crédito
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Travessa da Ajuda, 02, ed. Sulamérica, 1.º andar, Cidade do Salvador/BATelefone: 34968100 / 8103 – Fax: 33213701
Município do Salvador
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Como será demonstrado abaixo, o lançamento tributário ora impugnado não merece reparo.
II. Mérito
Primeiro, afirma que sua intimação no PAF via edital é ilegal, sob o fundamento do art. 283-
D do CTRMS.
Com efeito, a autora escolhera o dispositivo legal que melhor lhe convinha para sustentar esta
nulidade. Ocorre que este dispositivo não se subsume ao substrato fático indicado pela própria
contribuinte.
(grifado)
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Vejamos o que diz o art. 321, que disciplina a comunicação eletrônica dos atos processuais:
Chama-se atenção para o fato de que o art. 293-B usa a conjunção “ou” para elencar os meios
de intimação.
A lei não exige que o Fisco se valha da intimação postal antes de usar a publicação em Diário
Oficial.
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Não há, portanto, nenhuma nulidade quanto ao meio utilizado pelo Município para efetuar a
intimação.
De outro lado, observa-se que todos os dados da Contribuinte constam do edital de intimação
publicado do DOM.
Neste último caso (fundamentação deficiente), cabe ao interessado levar à instância seguinte
sua irresignação.
No presente caso, vislumbra-se uma fundamentação concisa, porém válida. O auditor que
julgara o caso, ao compulsar os autos do PAF, entendera que as provas juntadas pelo
contribuinte foram insuficientes à demonstração do quanto alegado.
Por último, quanto à regularidade do PAF, a Autora aduz que houve violação à duração
razoável do processo
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Há entendimento antigo do Supremo Tribunal Federal (“STF”) que indica que, enquanto o
processo administrativo fiscal está pendente de análise, não correm nem o prazo de decadência
nem o prazo de prescrição. Trata-se de precedente bastante didático. Vejamos:
São muitas as decisões do Superior Tribunal de Justiça (“STJ”) que, ao longo do tempo, vêm
aplicando serenamente esse antigo entendimento do STF. Vejamos algumas delas:
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do prazo prescricional, razão pela qual não há que se cogitar de prescrição intercorrente em
sede de processo administrativo fiscal. (RESP 485738/RO, Relatora Ministra Eliana
Calmon, DJ de 13.09.2004, e RESP 239106/SP, Relatora Ministra Nancy Andrighi, DJ de
24.04.2000) 5. Destarte, salvante os casos em que o crédito tributário origina-se de
informações prestadas pelo próprio contribuinte (GIA e DCTF, por exemplo), a constituição
do mesmo resta definitivamente concluída quando não pode mais o lançamento ser
contestado na esfera administrativa. Conclusão esta que se coaduna com a suspensão de
exigibilidade do crédito tributário pela oposição de recurso administrativo (artigo 151, III,
do CTN).
6. Dessa forma, considerando-se que, no lapso temporal que permeia o lançamento e a
solução administrativa não corre nem o prazo decadencial, nem o prescricional,
ficando suspensa a exigibilidade do crédito até a notificação da decisão administrativa,
que, in casu, ocorreu em 16/07/2002, exsurge, inequivocamente, a inocorrência da
prescrição, porquanto a empresa executada, ora recorrida, foi citada no processo executivo
em 30/12/2002.
7. Ora, "a constituição definitiva do crédito tributário pressupõe a inexistência de discussão
ou possibilidade de alteração do crédito. Ocorrendo a impugnação do crédito tributário na
via administrativa, o prazo prescricional começa a ser contado a partir da apreciação, em
definitivo, do recurso pela autoridade administrativa. Antes de haver ocorrido esse fato, não
existe 'dies a quo' do prazo prescricional, pois, na fase entre a notificação do lançamento
e a solução do processo administrativo, não ocorrem nem a prescrição nem a
decadência (art. 151, III, do CTN)" (cf. RESP 32.843-SP, Min. Adhemar Maciel, in DJ de
26.10.1998). Na mesma senda foi o decidido no RESP n. 190.092-SP, relatado pelo
subscritor deste, in DJ de 1º.7.2002). - Recurso especial não conhecido." (RESP 173284/SP,
Relator Ministro Franciulli Netto, DJ de 31.03.2003).
8. Recurso especial provido.
(REsp 734.680/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em
20/06/2006, DJ 01/08/2006, p. 376) (grifamos)
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(EDcl nos EDcl no AREsp 269.635/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 02/05/2013, DJe 09/05/2013) (grifamos)
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em que não se cogita do prazo decadencial, até o seu julgamento ou a revisão de ofício,
sendo certo que somente a partir da notificação do resultado do recurso ou da sua
revisão deflagra-se a fluência do prazo prescricional, não havendo falar-se, ainda, em
prescrição intercorrente em processo administrativo fiscal, porquanto ausente
previsão legal específica.
III – A Agravante não apresenta, no agravo, argumentos suficientes para desconstituir a
decisão recorrida.
IV – Agravo Interno improvido. (AgInt no REsp 1587540/PE, Rel. Ministra REGINA
HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 18/08/2016, DJe 29/08/2016) (grifou-
se)
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Inclusive, não se vislumbra nenhum prejuízo ao administrado no curso do PAF, pois o crédito
tributário ainda não se encontra definitivamente constituído, não havendo restrição à emissão
de certidões.
A fazenda tem cinco anos para efetuar o ato jurídico-administrativo de lançamento (CTN, art.
173, caput). Não o praticando, nesse período, decai o direito de celebrá-lo.
O termo a quo para a fazenda lançar o tributo, segundo o art. 173, I do CTN, é o primeiro dia
do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
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O único exercício que poder-se-ia arguir decadência é o de 2006. Ocorre que o prazo
quinquenal para que a fazenda fizesse o lançamento iniciara em 2007 (exercício seguinte
àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado). Assim, a decadência só ocorreria em
2012, pelo prazo quinquenal previsto no art. 173, I do CTN.
Não há que se falar em decadência dos demais exercícios, já que o lançamento ocorrera
em 25/04/2011.
Por fim, deve-se refutar a tese de que o Município de Salvador é incompetente para cobrar o
ISSQN nesse caso.
Nesse tópico a autora faz afirmações abstratas de que o Município de Salvador não teria
competência para cobrar o ISSQN no caso concreto.
Ocorre que a Autora não traz nenhum dado concreto sobre essa alegação, como por exemplo,
qual é o tipo de serviço prestado (para saber qual a regra matriz espacial do ISSQN que deve
incidir), quais os locais onde foram prestados os serviços, onde está situado o estabelecimento
prestador, etc.
Ainda que o ônus da prova esteja com a Autora, tanto pela presunção de certeza e liquidez da
CDA (LEF, art. 3º, CTN, art. 204), quanto pela distribuição estática do ônus prevista no CPC
(Art. 373, I). pelo princípio da eventualidade, convém refutar esta alegação.
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Esse tipo de serviço não está previsto nas exceções do art. 3º da LC 116/2003.
Assim, incide aqui a regra geral do local do estabelecimento prestador (LC 116/2003, art.
3º, caput). Por esta regra, o Município competente para cobrar o ISSQN será o do local do
estabelecimento prestador.
Reitera-se que nada disso fora abordado pelo Autor. Não há nenhuma referência ao local onde
está situado seu estabelecimento empresarial. Trata-se de elemento indispensável à análise da
competência tributária para cobrar o ISSQN.
Pelo contrato social juntado pela Autora (fls. 32), nota-se que o estabelecimento empresarial
da Autora está situada em Salvador:
Com efeito, pela distribuição do ônus da prova e pelos elementos colhidos dos autos, conclui-
se que o lançamento tributário, no que toca ao aspecto espacial do imposto, não merece
nenhum reparo.
III. Conclusão
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Por todo o exposto, requer a improcedência total desta ação, com a condenação da Autora
ao pagamento de honorários advocatícios em patamar a ser razoavelmente fixado por esse
douto Juízo, tudo por imperativo de Direito e de Justiça.
Pugna pela produção de todos os meios de prova em Direito admitidos, especialmente pela
juntada de
Pede deferimento.
Cidade do Salvador/BA, 21 de março de 2019.
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