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Município do Salvador

Procuradoria Geral do Município

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA 2ª VARA DA


FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE SALVADOR/BA.

Processo n. 0566812-22.2018.8.05.0001
Parte contrária: N&A CONSULTORES E ASSOCIADOS LTDA

O MUNICÍPIO DO SALVADOR, já qualificado nos autos do processo


indicado acima, vem a Vossa Excelência, por seu procurador, apresentar CONTESTAÇÃO,
nos termos que seguem.

I. Síntese dos fatos

Trata-se de ação ordinária que visa à declaração de nulidade da Notificação Fiscal de


Lançamento (NFL) n. 1109.2011.

A autora aponta as seguintes nulidades do processo administrativo fiscal:

a) Nulidade de intimação da decisão realizada por edital

b) Ausência de fundamentação da decisão administrativa

c) Violação ao princípio da duração razoável do processo.

Há também impugnação relativa ao mérito do lançamento tributário:

a) Decadência do crédito

b) Incompetência do Município de Salvador para cobrar o ISSQN

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Como será demonstrado abaixo, o lançamento tributário ora impugnado não merece reparo.

II. Mérito

II.I. Nulidades do processo administrativo

A autora aponta três nulidades no curso do processo administrativo fiscal.

Primeiro, afirma que sua intimação no PAF via edital é ilegal, sob o fundamento do art. 283-
D do CTRMS.

Com efeito, a autora escolhera o dispositivo legal que melhor lhe convinha para sustentar esta
nulidade. Ocorre que este dispositivo não se subsume ao substrato fático indicado pela própria
contribuinte.

O art. 283-D do Código Tributário Municipal normatiza a intimação do contribuinte na


lavratura da notificação fiscal:

Art. 283-D. O notificado será intimado da lavratura da notificação


fiscal por um dos seguintes meios:

(grifado)

No entanto, a fase processual indicada pela autora refere-se à intimação da Decisão de


Primeira Instância (fls. 11):

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O dispositivo que regula a comunicação do administrado, nesse caso, é o art. 293-B do


CTRMS:

Art. 293-B. As intimações serão realizadas por meio de publicação no


Diário Oficial do Município, ou por meio eletrônico, por edital, de
forma pessoal ou por carta registrada.
§ 1º A intimação será, preferencialmente, feita por meio eletrônico.
§ 2º A intimação realizada por meio de publicação no Diário Oficial
do Município deverá conter o nome do notificado ou do autuado e do
procurador devidamente constituídos nos autos.

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§ 3º A intimação de forma pessoal será feita mediante ciência do


interessado ou de seu representante habilitado.
§ 4º A intimação por carta registrada será expedida para o endereço
indicado pelo interessado, com aviso de recebimento.
§ 5º A intimação por edital será publicada no Diário Oficial do
Município.
§ 6º Considerar-se-á feita a intimação:
I - se por meio eletrônico, na forma prevista no art. 321-A;
II - se por diário oficial ou edital, no primeiro dia útil posterior ao da
data de sua publicação;
III - se pessoal, na data da respectiva ciência;
IV - se por carta registrada, na data constante do aviso de recebimento

Vejamos o que diz o art. 321, que disciplina a comunicação eletrônica dos atos processuais:

Art. 321. A Secretaria Municipal da Fazenda utilizará o Diário


Oficial do Município, em sítio da rede mundial de computadores,
para publicação de atos administrativos, bem como comunicações em
geral.

A intimação da Autora, relativa à decisão de primeira instância, por Diário Oficial do


Município, está prevista em lei.

Chama-se atenção para o fato de que o art. 293-B usa a conjunção “ou” para elencar os meios
de intimação.

A lei não exige que o Fisco se valha da intimação postal antes de usar a publicação em Diário
Oficial.

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Não há, portanto, nenhuma nulidade quanto ao meio utilizado pelo Município para efetuar a
intimação.

De outro lado, observa-se que todos os dados da Contribuinte constam do edital de intimação
publicado do DOM.

A autora sustenta também que a decisão administrativa carece de fundamentação.

De antemão, esclarece-se que a nulidade de fundamentação configura-se apenas na hipótese


de ausência completa, na decisão, dos motivos que levaram ao convencimento do julgado,
não se verificando em caso de fundamentação concisa, breve ou deficiente.

Neste último caso (fundamentação deficiente), cabe ao interessado levar à instância seguinte
sua irresignação.

Registra-se: fundamentação deficiente não se confunde com ausência de fundamentação.

No presente caso, vislumbra-se uma fundamentação concisa, porém válida. O auditor que
julgara o caso, ao compulsar os autos do PAF, entendera que as provas juntadas pelo
contribuinte foram insuficientes à demonstração do quanto alegado.

Por último, quanto à regularidade do PAF, a Autora aduz que houve violação à duração
razoável do processo

O argumento utilizado para sustentar a referida nulidade é o decurso de aproximadamente 07


(sete) anos entre a impugnação e a decisão de primeira instância.

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Há entendimento antigo do Supremo Tribunal Federal (“STF”) que indica que, enquanto o
processo administrativo fiscal está pendente de análise, não correm nem o prazo de decadência
nem o prazo de prescrição. Trata-se de precedente bastante didático. Vejamos:

Tributário. Crédito tributário. Extinção. Decadência e prescrição. O Código Tributário


Nacional estabelece três fases inconfundíveis: a que vai até a notificação do lançamento ao
sujeito passivo, em que corre prazo de decadência (art. 173, I e II); a que se estende da
notificação do lançamento até a solução do processo administrativo, em que não
correm nem prazo de decadência, nem de prescrição, por estar suspensa a
exigibilidade do crédito (art. 151, III); a que começa na data da solução final do processo
administrativo, quando corre prazo de prescrição da ação judicial da fazenda (art. 174). (RE
95365, Segunda Turma, rel. Min. Décio Miranda, j. 13/11/1981, DJ 04/12/1981, p. 12.322)
(grifamos)

É importante destacar a passagem segundo a qual, na fase “que se estende da notificação do


lançamento até a solução do processo administrativo”, “não correm nem prazo de decadência, nem de
prescrição, por estar suspensa a exigibilidade do crédito (art. 151, III)”.

São muitas as decisões do Superior Tribunal de Justiça (“STJ”) que, ao longo do tempo, vêm
aplicando serenamente esse antigo entendimento do STF. Vejamos algumas delas:

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. VIOLAÇÃO DO ART.


535, DO CPC. NÃO CONFIGURADA. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE.
ARGÜIÇÃO DE PRESCRIÇÃO. POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL.
CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ARTIGO 174, DO CTN.
1. Inexiste ofensa ao art. 535, do CPC, quando o Tribunal de origem pronuncia-se de forma
clara e suficiente sobre a questão posta nos autos, cujo decisum revela-se devidamente
fundamentado. Ademais, o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos
trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para
embasar a decisão.
2. A exceção de pré-executividade é servil à suscitação de questões que devam ser
conhecidas de ofício pelo juiz, como as atinentes à liquidez do título executivo, os
pressupostos processuais e as condições da ação executiva.
3. O espectro das matérias suscitáveis através da exceção tem sido ampliado por força da
exegese jurisprudencial mais recente, admitindo-se, por exemplo, a argüição de prescrição,
desde que não seja necessária dilação probatória. (Precedentes: EREsp 614272 / PR, 1ª
SEÇÃO, Rel. Min. Castro Meira, DJ 06/06/2005; EREsp 388000 / RS, CORTE
ESPECIAL, Rel. para acórdão Min. José Delgado, DJ 28/11/2005).
4. A exegese do STJ quanto ao artigo 174, caput, do Código Tributário Nacional, é no
sentido de que, enquanto há pendência de recurso administrativo, não se admite aduzir
suspensão da exigibilidade do crédito tributário, mas, sim, um hiato que vai do início do
lançamento, quando desaparece o prazo decadencial, até o julgamento do recurso
administrativo ou a revisão ex-officio. Conseqüentemente, somente a partir da data em que
o contribuinte é notificado do resultado do recurso ou da sua revisão, tem início a contagem

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do prazo prescricional, razão pela qual não há que se cogitar de prescrição intercorrente em
sede de processo administrativo fiscal. (RESP 485738/RO, Relatora Ministra Eliana
Calmon, DJ de 13.09.2004, e RESP 239106/SP, Relatora Ministra Nancy Andrighi, DJ de
24.04.2000) 5. Destarte, salvante os casos em que o crédito tributário origina-se de
informações prestadas pelo próprio contribuinte (GIA e DCTF, por exemplo), a constituição
do mesmo resta definitivamente concluída quando não pode mais o lançamento ser
contestado na esfera administrativa. Conclusão esta que se coaduna com a suspensão de
exigibilidade do crédito tributário pela oposição de recurso administrativo (artigo 151, III,
do CTN).
6. Dessa forma, considerando-se que, no lapso temporal que permeia o lançamento e a
solução administrativa não corre nem o prazo decadencial, nem o prescricional,
ficando suspensa a exigibilidade do crédito até a notificação da decisão administrativa,
que, in casu, ocorreu em 16/07/2002, exsurge, inequivocamente, a inocorrência da
prescrição, porquanto a empresa executada, ora recorrida, foi citada no processo executivo
em 30/12/2002.
7. Ora, "a constituição definitiva do crédito tributário pressupõe a inexistência de discussão
ou possibilidade de alteração do crédito. Ocorrendo a impugnação do crédito tributário na
via administrativa, o prazo prescricional começa a ser contado a partir da apreciação, em
definitivo, do recurso pela autoridade administrativa. Antes de haver ocorrido esse fato, não
existe 'dies a quo' do prazo prescricional, pois, na fase entre a notificação do lançamento
e a solução do processo administrativo, não ocorrem nem a prescrição nem a
decadência (art. 151, III, do CTN)" (cf. RESP 32.843-SP, Min. Adhemar Maciel, in DJ de
26.10.1998). Na mesma senda foi o decidido no RESP n. 190.092-SP, relatado pelo
subscritor deste, in DJ de 1º.7.2002). - Recurso especial não conhecido." (RESP 173284/SP,
Relator Ministro Franciulli Netto, DJ de 31.03.2003).
8. Recurso especial provido.
(REsp 734.680/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em
20/06/2006, DJ 01/08/2006, p. 376) (grifamos)

PROCESSO CIVIL. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO. CITAÇÃO


POR EDITAL. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL. PROCESSO
ADMINISTRATIVO PENDENTE DE JULGAMENTO.
1. A citação por edital, realizada após tentativa frustrada de localização da executada por
meio de oficial de justiça, tem o condão de interromper o prazo prescricional, até mesmo
porque se enquadra no conceito de ato judicial que constitui o devedor em mora, nos termos
do art. 174, III, do Código Tributário Nacional.
2. 'Estabelece o art. 174 do CTN que o prazo prescricional do crédito tributário começa a
ser contado 'da data da sua constituição definitiva'. Ora, a constituição definitiva do crédito
tributário pressupõe a inexistência de discussão ou possibilidade de alteração do crédito.
Ocorrendo a impugnação do crédito tributário na via administrativa, o prazo prescricional
começa a ser contado a partir da apreciação, em definitivo, do recurso pela autoridade
administrativa. Antes de haver ocorrido esse fato, não existe 'dies a quo' do prazo
prescricional, pois, na fase entre a notificação do lançamento e a solução do processo
administrativo, não ocorrem nem a prescrição nem a decadência (art. 151, III, do
CTN)" (cf. REsp 32.843-SP, Min. Adhemar Maciel, in DJ de 26.10.1998).
3. Recurso especial provido.
(REsp 822.705/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em
20/04/2006, DJ 02/05/2006, p. 297) (grifamos)

TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. PRINCÍPIO DA
FUNGIBILIDADE RECURSAL. APLICAÇÃO. IPTU. PRESCRIÇÃO. NÃO

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OCORRÊNCIA. INICIO DO PRAZO. NOTIFICAÇÃO DO CONTRIBUINTE DO


RESULTADO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. PRECEDENTES DO STJ.
AGRAVO NÃO PROVIDO.
1. Embargos declaratórios recebidos como agravo regimental, dado o seu caráter
manifestamente infringente, em observância aos princípios da fungibilidade recursal.
Precedentes do STJ.
2. "Estabelece o art. 174 do CTN que o prazo prescricional do crédito tributário começa a
ser contado da data da sua constituição definitiva. Ora, a constituição definitiva do crédito
tributário pressupõe a inexistência de discussão ou possibilidade de sua alteração.
Ocorrendo a impugnação do crédito tributário na via administrativa, o prazo prescricional
começa a ser contado a partir da apreciação, em definitivo, do recurso pela autoridade
administrativa. Antes de haver ocorrido esse fato, não existe dies a quo do prazo
prescricional, pois, na fase entre a notificação do lançamento e a solução do processo
administrativo, não ocorrem nem a prescrição nem a decadência" (EDcl nos EDcl no
AREsp 269.635/SP, Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Primeira Turma, DJe
9/5/13).
3. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental, ao qual se nega provimento.
(EDcl no AREsp 197.022/RS, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 11/03/2014, DJe 20/03/2014) (grifamos)

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO


AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PRETENSÃO DE EFEITOS INFRINGENTES.
INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE RECURSAL. RECEBIMENTO
COMO AGRAVO REGIMENTAL. PRECEDENTES DO STJ. TRIBUTÁRIO.
SUSPENSÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL DE CINCO ANOS ATÉ A DECISÃO
DEFINITIVA DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. RESP 1.112.577/SP, REL. MIN.
CASTRO MEIRA. JULGADO SOB O REGIME DO ART. 543-C DO CPC E DA RES.
8/STJ. EMBARGOS DECLARATÓRIOS RECEBIDOS COMO AGRAVO
REGIMENTAL. AGRAVO DESPROVIDO.
1. Aplicado o princípio da fungibilidade recursal, para receber os Embargos de Declaração
como Agravo Regimental, nos termos da jurisprudência desta Corte, tendo em vista a
pretensão de efeitos infringentes. Precedentes: EDcl no AREsp 175.781/RS, Rel. Min.
BENEDITO GONÇALVES, DJe 22.08.2012; EDcl no AREsp 101.112/MG, Rel. Min.
FRANCISCO FALCÃO, DJe 24.08.2012; EDcl no AREsp 102.413/SP, Rel. Min.
ARNALDO ESTEVES LIMA, DJe 20.08.2012.
2. Estabelece o art. 174 do CTN que o prazo prescricional do crédito tributário começa a ser
contado da data da sua constituição definitiva. Ora, a constituição definitiva do crédito
tributário pressupõe a inexistência de discussão ou possibilidade de sua alteração.
Ocorrendo a impugnação do crédito tributário na via administrativa, o prazo prescricional
começa a ser contado a partir da apreciação, em definitivo, do recurso pela autoridade
administrativa. Antes de haver ocorrido esse fato, não existe dies a quo do prazo
prescricional, pois, na fase entre a notificação do lançamento e a solução do processo
administrativo, não ocorrem nem a prescrição nem a decadência (REsp. 32.843/SP,
Rel. Min. ADHEMAR MACIEL, DJ 26.10.1998, AgRg no AgRg no REsp. 973.808/SP,
Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, DJe 17.11.2010, REsp. 1.113.959/RJ, Rel. Min. LUIZ
FUX, DJe 11.03.2010, REsp. 1.141.562/SP, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES,
DJe 04/03/2011). RESP 1.112.577/SP, Rel. Min. CASTRO MEIRA, julgado sob o regime
do art. 543-c do CPC e da Res. 8/STJ.
3. Embargos Declaratórios recebidos como Agravo Regimental. Agravo Regimental
desprovido, por se excluir do cômputo prescricional o lapso de tempo correspondente à
suspensão própria do processo administrativo fiscal.

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(EDcl nos EDcl no AREsp 269.635/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 02/05/2013, DJe 09/05/2013) (grifamos)

Há inclusive decisões bem recentes do STJ no mesmo sentido:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO. RECURSO ESPECIAL.


VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. VIOLAÇÃO DE
DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRESCRIÇÃO
INTERCORRENTE. NÃO OCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE AUTORIZATIVO
LEGAL. IMPOSTO DE RENDA. ARBITRAMENTO. DEPÓSITOS BANCÁRIO DE
ORIGEM NÃO COMPROVADA. POSSIBILIDADE. REVISÃO DA COMPROVAÇÃO
DA ORIGEM. INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 7 DO STJ. JUROS DE MORA DEVIDOS
DURANTE O TRÂMITE DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. AUSÊNCIA DE
DEPÓSITO DO MONTANTE INTEGRAL. INCIDÊNCIA. ARTS. 161 DO CTN E 5º DO
DECRETO-LEI Nº 1.736/1979.
[...]
3. O acórdão recorrido se manifestou no mesmo sentido da jurisprudência desta Corte
adotada em sede de recurso especial repetitivo, na sistemática do art. 543-C, do CPC,
(REsp nº 1.113.959/RJ), quanto à inexistência de dispositivo legal a autorizar a
prescrição intercorrente na pendência de julgamento de impugnação administrativo
após notificação de lançamento do crédito tributário através de auto de infração, uma
vez que o recurso administrativo suspende a exigibilidade do crédito tributário
enquanto perdurar o contencioso administrativo, nos termos do art. 151, III, do CTN.
4. A jurisprudência deste STJ já se manifestou no sentido da inaplicabilidade da Súmula
182/TFR e da possibilidade de autuação do Fisco com base em demonstrativos de
movimentação bancária, em decorrência da aplicação imediata da Lei n. 8.021/90 e Lei
Complementar n. 105/2001. É que a Lei n. 8.021/90 já albergava a hipótese de lançamento
do imposto de renda por arbitramento com base em depósitos ou aplicações bancárias,
quando o contribuinte não comprovar a origem dos recursos utilizados nessas operações.
Outrossim, revisar a ocorrência ou não de comprovação da origem dos recursos em questão
é providência incompatível com este apelo extremo, haja vista o óbice da Súmula nº 7 do
STJ.
5. Agravo interno não provido. (AgInt no REsp 1638268/MG, Rel. Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 21/02/2017, DJe 01/03/2017)
(grifamos)

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.


CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. APLICABILIDADE. RECURSO ESPECIAL
PARCIALMENTE PROVIDO. ARGUMENTOS INSUFICIENTES PARA
DESCONSTITUIR A DECISÃO ATACADA. EXECUÇÃO FISCAL. EMBARGOS.
PRAZO PRESCRICIONAL. SUSPENSÃO. PROCESSO ADMINISTRATIVO VIGENTE.
PRESCRIÇÃO AFASTADA.
I – Consoante o decidido pelo Plenário desta Corte na sessão realizada em 09.03.2016, o
regime recursal será determinado pela data da publicação do provimento jurisdicional
impugnado. Assim sendo, in casu, aplica-se o Código de Processo Civil de 2015.
II – O acórdão recorrido está em confronto com o entendimento desta Corte, segundo
o qual o recurso administrativo suspende a exigibilidade do crédito tributário
enquanto perdurar o contencioso administrativo, nos termos do art. 151, III, do CTN,
desde o lançamento (efetuado concomitantemente com o auto de infração), momento

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em que não se cogita do prazo decadencial, até o seu julgamento ou a revisão de ofício,
sendo certo que somente a partir da notificação do resultado do recurso ou da sua
revisão deflagra-se a fluência do prazo prescricional, não havendo falar-se, ainda, em
prescrição intercorrente em processo administrativo fiscal, porquanto ausente
previsão legal específica.
III – A Agravante não apresenta, no agravo, argumentos suficientes para desconstituir a
decisão recorrida.
IV – Agravo Interno improvido. (AgInt no REsp 1587540/PE, Rel. Ministra REGINA
HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 18/08/2016, DJe 29/08/2016) (grifou-
se)

Em síntese, o posicionamento do STJ sobre o assunto é o seguinte:

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. MANDADO DE


SEGURANÇA. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DE VALORES RELATIVOS A
PEDIDO ADMINISTRATIVO ATÉ EXAURIMENTO DA INSTÂNCIA
ADMINISTRATIVA.
POSSIBILIDADE. PRECEDENTES.
1. Agravo regimental contra decisão que negou seguimento ao recurso especial da
agravante.
2. O acórdão a quo determinou a suspensão da exigibilidade dos valores relativos a
processo administrativo até que seja exaurida a instância administrativa.
3. Além das condições necessárias em todas as ações, quais sejam, a possibilidade jurídica,
o interesse e a legitimatio ad causam, a mandado de segurança subordina-se a elementos
extraordinários ou específicos.
4. Com o objetivo de conferir à parte interessada a segurança e garantia para o eficaz
desenvolvimento e profícuo resultado da ação, é indispensável, para o provimento
mandamental, a visualização de um dano potencial, um risco que deve ser obstaculizado
incontinenti, ou seja, o direito líquido e certo, através do fumus boni iuris e do periculum in
mora, sob pena de, enquanto aguarda a parte o trâmite normal da ação, sofrer no seu direito
dano irreparável.
5. Possibilidade da suspensão da exigibilidade do tributo em questão, não estando o Fisco
impedido de aferir a exatidão do quantum dos créditos de que se diz titular a recorrida.
6. A respeito da suspensão debatida, nos casos em que pendente procedimento
administrativo fiscal, ocorrido após a notificação do contribuinte, a jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça, de forma vasta, tem se pronunciado nos seguintes
termos:
- “'O Código Tributário Nacional estabelece três fases inconfundíveis: a que vai até a
notificação do lançamento ao sujeito passivo, em que corre prazo de decadência (art. 173, I
e II); a que se estende da notificação do lançamento até a solução do processo
administrativo, em que não correm nem prazo de decadência, nem de prescrição, por
estar suspensa a exigibilidade do crédito (art. 151, III); a que começa na data da solução
final do processo administrativo, quando corre prazo de prescrição da ação judicial da
fazenda (art. 174)' (RE 95365/MG, Rel. Ministro Décio Miranda, in DJ 03.12.81).” (REsp
nº 190092/SP)
- “A constituição definitiva do crédito tributário se dá quando não mais cabível recurso ou
após o transcurso do prazo para sua interposição, na via administrativa.” (REsp nº
239106/SP)
- “Com a notificação do auto de infração consuma-se o lançamento tributário. Após
efetuado este ato, não mais se cogita em decadência. O recurso interposto contra a

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autuação apenas suspendem a eficácia do lançamento já efetivado.” (REsp nº


118158/SP)
7. O fato de não se tratar de “reclamação ou recurso administrativo”, mas de petição
dirigida à autoridade lançadora, assim como não ter ocorrido depósito do montante integral
ou qualquer outra causa suspensiva da exigibilidade do crédito, não descaracteriza a
possibilidade de concessão do benefício.
8. Agravo regimental não provido.
(AgRg no REsp 678.081/RJ, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 08/03/2005, DJ 02/05/2005, p. 212) (grifamos)

Com efeito, o decurso de tempo entre a notificação do lançamento e a solução do processo


administrativo não repercute na exigibilidade do crédito tributário.

O fato de o processo administrativo em análise ter se estendido por aproximadamente 07


(sete) anos não macula o crédito tributário.

Inclusive, não se vislumbra nenhum prejuízo ao administrado no curso do PAF, pois o crédito
tributário ainda não se encontra definitivamente constituído, não havendo restrição à emissão
de certidões.

O argumento relativo à duração do processo não se sustenta, tendo em vista a realidade


administrativa do Município de Salvador, além da complexidade do caso colocado sob
análise.

II.2. Mérito do lançamento

Não houve decadência

A fazenda tem cinco anos para efetuar o ato jurídico-administrativo de lançamento (CTN, art.
173, caput). Não o praticando, nesse período, decai o direito de celebrá-lo.

O termo a quo para a fazenda lançar o tributo, segundo o art. 173, I do CTN, é o primeiro dia
do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.

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Travessa da Ajuda, 02, ed. Sulamérica, 1.º andar, Cidade do Salvador/BATelefone: 3496­8100 / 8103 – Fax: 3321­3701
Município do Salvador
Procuradoria Geral do Município

O período objeto de apuração e lançamento foram 01/2006 a 02/2011. O lançamento ocorreu


em 25/04/2011.

O único exercício que poder-se-ia arguir decadência é o de 2006. Ocorre que o prazo
quinquenal para que a fazenda fizesse o lançamento iniciara em 2007 (exercício seguinte
àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado). Assim, a decadência só ocorreria em
2012, pelo prazo quinquenal previsto no art. 173, I do CTN.

Não há que se falar em decadência dos demais exercícios, já que o lançamento ocorrera
em 25/04/2011.

O Município de Salvador é competente para cobrar o ISSQN

Por fim, deve-se refutar a tese de que o Município de Salvador é incompetente para cobrar o
ISSQN nesse caso.

Nesse tópico a autora faz afirmações abstratas de que o Município de Salvador não teria
competência para cobrar o ISSQN no caso concreto.

Ocorre que a Autora não traz nenhum dado concreto sobre essa alegação, como por exemplo,
qual é o tipo de serviço prestado (para saber qual a regra matriz espacial do ISSQN que deve
incidir), quais os locais onde foram prestados os serviços, onde está situado o estabelecimento
prestador, etc.

Em síntese, não há substrato fático dentro desse tópico.

Ainda que o ônus da prova esteja com a Autora, tanto pela presunção de certeza e liquidez da
CDA (LEF, art. 3º, CTN, art. 204), quanto pela distribuição estática do ônus prevista no CPC
(Art. 373, I). pelo princípio da eventualidade, convém refutar esta alegação.

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Município do Salvador
Procuradoria Geral do Município

A autora presta serviço de consultoria empresarial nas áreas de organização, desenvolvimento


de negócios, gerenciamento, implantação de projetos, gestão de empresa e representação em
geral.

Esse tipo de serviço não está previsto nas exceções do art. 3º da LC 116/2003.

Assim, incide aqui a regra geral do local do estabelecimento prestador (LC 116/2003, art.
3º, caput). Por esta regra, o Município competente para cobrar o ISSQN será o do local do
estabelecimento prestador.

Reitera-se que nada disso fora abordado pelo Autor. Não há nenhuma referência ao local onde
está situado seu estabelecimento empresarial. Trata-se de elemento indispensável à análise da
competência tributária para cobrar o ISSQN.

Pelo contrato social juntado pela Autora (fls. 32), nota-se que o estabelecimento empresarial
da Autora está situada em Salvador:

Com efeito, pela distribuição do ônus da prova e pelos elementos colhidos dos autos, conclui-
se que o lançamento tributário, no que toca ao aspecto espacial do imposto, não merece
nenhum reparo.

O Município de Salvador é o ente competente para cobrar o ISSQN neste caso.

III. Conclusão

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Município do Salvador
Procuradoria Geral do Município

Por todo o exposto, requer a improcedência total desta ação, com a condenação da Autora
ao pagamento de honorários advocatícios em patamar a ser razoavelmente fixado por esse
douto Juízo, tudo por imperativo de Direito e de Justiça.
Pugna pela produção de todos os meios de prova em Direito admitidos, especialmente pela
juntada de

Pede deferimento.
Cidade do Salvador/BA, 21 de março de 2019.

Rafael Alexandria de Oliveira


Procurador do Município – PROFI/PGMS
OAB/BA n. 18.676 | Matrícula n. 810801

Tomás de Britto Vitória


Analista Jurídico – PROFI/PGMS

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