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PÓS-GRADUAÇÃO
PRÁTICA DE
ENSINO
INTRODUÇÃO
A prática não é uma cópia da teoria e nem esta é um reflexo daquela. A prática é o
próprio modo como as coisas vão sendo feitas cujo conteúdo é atravessado por uma
teoria. Assim, a realidade é um movimento constituído pela prática e pela teoria como
momentos de um devir mais amplo, consistindo a prática no momento pelo qual se busca
fazer algo, produzir alguma coisa e que a teoria procura conceituar, significar e com isto
administrar o campo e o sentido desta atuação que produz algo no âmbito do ensino. A
prática é um movimento contínuo entre saber e fazer na busca de significados na gestão,
administração e resolução de situações próprias do ambiente da educação escolar.
A todo o momento é preciso repensar perspectivas metodológicas adotando-se
situações de aprendizagem focadas em situações-problema (práticas) que invistam nas
diferentes dimensões: conceitual (teorias e informações), procedimental (saber fazer) e
atitudinal (valores e atitudes da atuação profissional).
Dentre as várias competências exigidas para o novo docente estão as do
conhecimento de processos de investigação que possibilitem o aperfeiçoamento da prática
pedagógica. Ou seja, analisar situações e relações interpessoais que ocorrem na escola;
sistematizar e socializar a reflexão sobre a prática docente, investigando o contexto
educativo e analisando a própria prática profissional; utilizar resultados de pesquisa para o
aprimoramento de sua prática profissional.
Inicialmente os professores tinham a instrução de que o ato de ensinar se reduzia
apenas a um ensino transmissivo, baseado na transferência de conhecimentos, às vezes,
contextualizados e com uma aprendizagem receptiva ou assimilativa. Os professores
passavam pelos cursos de formação inicial sem modificar suas crenças anteriores sobre
ensino.
Os alunos viam o professor como dono da verdade e os alunos “deveriam
obedecer”. Este desenvolvia os conteúdos programáticos de maneira transmissiva, “chegar
a sala de aula, explanar os conteúdos e ir embora”, sendo assim um “mero repassador de
conhecimentos” distantes da realidade e sobrecarregados de nomes científicos.
No contexto atual um dos aspectos mais importantes foi a da necessidade de os
professores assumirem um processo de aprendizagem continuada como requisito
importante para o sucesso em seu trabalho, fundamentados na concepção de que não
existe conhecimento pronto e acabado e “o professor deve estar sempre preparado para
novos conhecimentos”, e que este conhecimento está em constante evolução.
O professor deve “estar sempre pronto a aprender a aprender”. A postura de
permanente aprendiz se refere a ele ser um educador que favorece as relações humanas
na sala de aula e às questões metodológicas e à necessidade de inovar, pois “ser
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professor não requer apenas um diploma, mas sim uma constante vontade de mudar
concepções arcaicas por uma nova concepção de ensino onde alunos e professor
aprendem juntos”. Este professor não deve mais “aceitar os fatos como eles sempre vem
sendo apresentados”, mas assumir a responsabilidade pela sua prática docente.
As mais recentes teorias sobre Educação têm dado ao professor um novo papel: o
de facilitador ou mediador da aprendizagem. O papel não é mais o de transmissor dos
conhecimentos como se entendeu ser durante muitos séculos.
Por isso, hoje há um desafio ainda maior, pois não basta somente conhecer as
teorias, os alunos e escolher diferentes metodologias, mas também de despertar a vontade
de aprender em pessoas que estão praticamente 24h conectadas, recebendo informações
de todos os tipos, mas que precisam de orientação para saber transformá-las em
conhecimentos aplicáveis no seu dia a dia e na construção do seu ser integral.
Atualmente se faz necessário ser um professor-investigador com uma prática de
reflexão sobre a sua ação e referenciada teoricamente por:
a) uma conscientização e de organização de seus sistemas de ideias (modelo
didático pessoal);
b) observação crítica de sua prática e de reconhecimento dos problemas, dilemas e
obstáculos significativos nela, não só do ponto de vista técnico e funcional, mas também de
valorações éticas e ideológicas;
c) contraste, através do estudo e da reflexão, entre suas concepções e experiências
com as de outros profissionais e também com outros saberes, principalmente acadêmicos,
como forma de fazer evoluir o sistema de ideias pessoais e de formular hipóteses de
intervenção em aula mais abrangentes, isto é, em nível explicativo mais complexo;
d) planejamento de práticas inovadoras e pelo estabelecimento de procedimentos
para um acompanhamento e avaliação rigorosos das mesmas (experimentação curricular e
avaliação investigativa), num processo de ação-reflexão-ação;
e) conclusões, sua comunicação, discussão e avaliação coletiva de projetos
curriculares inovadores;
f) detecção, a partir das avaliações, de novos problemas ou também de novos
aspectos de velhos problemas, e reformulação destes projetos.
Neste modelo, os principais enfoques na formação inicial dos professores para a
investigação na escola são: problemas práticos profissionais, concepções e experiências
didático-pedagógicas; contribuições de fontes acadêmicas (disciplinas científicas, modelos
didáticos, técnicas concretas, outras experiências, etc.) e as interações que se podem
estabelecer entre elas.
O professor deve ser espontâneo e coerente, inovador, criativo e crítico, observador
do cotidiano e formador de opinião, com capacidade para resolver problemas e de
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“modificar o sistema de ensino”, sendo “uma pessoa que tem a sua realidade e que precisa
entender que não sabe tudo e que seus alunos também têm a sua própria realidade e seus
interesses e isto precisa ser respeitado”.
Cabe ao professor fazer com que o aluno tenha prazer de ir para a aula,
estimulando-os e tentando “fugir da monotonia das aulas e inovar. Inovar não exige muitos
recursos físicos mas criatividade. Inovar é permitir que o aluno possa opinar e ter escolhas
em sala de aula. É tornar a sala de aula um ambiente agradável”. (Motivação)
O ensino pode ter um enfoque do cotidiano dos alunos (realidade e interesse dos
meus alunos). Deve-se ter a sensibilidade de captar o que o aluno quer e precisa saber
adaptando os conteúdos à realidade vivida pelo aluno.
Como os alunos formam grupos heterogêneos, cada turma é um ambiente único.
Por isso, o professor deve conhecer a realidade da turma, pois uma turma nunca vai ser
igual à outra e organizar as atividades de acordo com esta realidade, ou seja, avaliar quais
são os métodos mais adequados para aquela turma, pois o ensino deve ser flexível para
que haja aprendizagem.
Essas mudanças na educação refletem o contexto dinâmico em que vivemos,
marcado pela revolução tecnológica e pela globalização. Aprender a aprender torna-se
uma pilar da educação muito relevante, diante das transformações nos papéis dos
educadores e dos educandos. Alguns pilares da educação tornam-se muito debatidos no
cenário atual: aprender a ser, aprender a conhecer, aprender a fazer e aprender a
viver com o outro.
Revista Nova Escola: Uma boa aula começaria, então, com um enigma?
Rubem Alves: Antes de mais nada é preciso seduzir. Eu posso iniciar uma aula
mostrando uma casca vazia de caramujo. Normalmente ninguém presta atenção nela, mas
é um assombro de engenharia. Minha função é fazer com que os alunos notem isso. Os
gregos diziam que o pensamento começa quando a gente fica meio abobalhado diante de
um objeto. Eles tinham até uma palavra para isso thaumazein. Nesse sentido, a resposta é
sim, pois aquele objeto representa um enigma. Você tem a mesma sensação de quando
está diante de um mágico, ele faz uma coisa absurda e você quer saber como ele
conseguiu aquilo. Com as coisas da vida é o mesmo. Ficamos curiosos para entender a
geometria de um ovo ou como a aranha faz a teia. Estou me lembrando da Adélia Prado,
que diz assim: “Não quero faca nem queijo, eu quero fome”. É isso: a educação começa
com a fome. Acontece que nossas escolas dão a faca e o queijo, mas não dão a fome para
as crianças.
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0152/aberto/mt_244447.shtml
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3 METODOLOGIAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM
recursos para suas aulas. Estes recursos são importantes sim, mas não são exclusivo, o
importante que o docente procure diversificar suas aulas com a utilização de outros
recursos, como o uso de objetos; uso e não abuso do data show, principalmente para
trabalhar com imagens; uso de periódicos, no caso de revistas especializadas em História;
dentre outros que dependem da criatividade e da disposição do professor em melhorar a
qualidade de suas aulas ;“ Participação” - a sala de aula é um dos ambientes de
construção do conhecimento, portanto para que esta construção aconteça, é necessário a
participação do aluno. Quando o aluno se sente estimulado, ele participa da aula e a aula
torna-se mais produtiva, ele aprende mais e percebe que faz parte da construção como
sujeito histórico.
Outra metodologia é o da aula expositiva. O método considerado tradicional (aula
desde o trabalho dos jesuítas, passando pela década de 30, a Pedagogia Nova e a
Tecnicista, até a década de 80) pode ser redescoberto e reelaborado pelos professores
que estão dispostos a dinamizar suas atividades. Essa forma de aula expositiva utiliza o
diálogo entre professor e aluno para estabelecer uma relação de intercâmbio de
conhecimentos e experiências. Essa técnica trabalhada pelo professor com
responsabilidade estimula a participação do aluno e desenvolve neste a curiosidade
científica, o pensamento crítico, criativo e reflexivo, atributos essenciais para uma
educação transformadora.
Sabe-se que as quatro paredes da escola ou da universidade, não são lugares
exclusivos para a construção do conhecimento e da experiência, ambos, podem ser
compartilhados em outros lugares como: visitas a museus; aulas de campo dentro da
comunidade; no pátio da escola; na biblioteca; pontos turísticos da cidade; teatro;
anfiteatros; cinema, etc. A própria escola poderá proporcionar lugares acolhedores e
alegres para que seus alunos possam desfrutar melhor do ambiente escolar, como: sala de
leitura (decorada e aconchegante); sala de aula colorida e com as produções dos alunos;
hortas comunitárias; salas de artesanato, dentre outras.
Vivemos atualmente a Era da cibercultura onde há um contexto dinâmico marcado
pela interconexão mundial de computadores, pela interatividade e pela inteligência
coletiva. Nesse processo dinâmico, as novas tecnologias vêm atuando na mediação do
homem com o mundo, despertando o interesse pela cultura de imagens e pela
interatividade dos meios eletrônicos.
As novas tecnologias da informação e da comunicação exigem o repensar de
métodos e técnicas de ensino, tendo em vista os novos paradigmas da educação. Do
modelo presencial de ensino passamos para a modalidade a distância, enfrentando novos
dilemas e desafios no campo da educação. Também no âmbito presencial, novas formas
de ensinar e aprender começam a reforçar a importância de se discutir a educação no
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Nova Escola: O que o professor deve fazer para modificar sua prática?
Perrenoud: Para desenvolver competências é preciso, antes de tudo, trabalhar por
problemas e por projetos, propor tarefas complexas e desafios que incitem os alunos a
mobilizar seus conhecimentos e, em certa medida, completá-los. Isso pressupõe uma
pedagogia ativa, cooperativa, aberta para a cidade ou para o bairro, seja na zona urbana
ou rural. Os professores devem parar de pensar que dar o curso é o cerne da profissão.
Ensinar, hoje, deveria consistir em conceber, encaixar e regular situações de
aprendizagem, seguindo os princípios pedagógicos ativos construtivistas. Para os adeptos
da visão construtivista e interativa da aprendizagem, trabalhar no desenvolvimento de
competências não é uma ruptura. O obstáculo está mais em cima: como levar os
professores habituados a cumprir rotinas a repensar sua profissão? Eles não
desenvolverão competências se não se perceberem como organizadores de situações
didáticas e de atividades que têm sentido para os alunos, envolvendo-os, e, ao mesmo
tempo, gerando aprendizagens fundamentais.
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0135/aberto/mt_247407.shtml
Você já parou para pensar a respeito das razões que motivaram a escolha de um
curso de licenciatura?
Por que estou fazendo um curso de licenciatura?
Que tipo de professor pretendo ser?
Quando refletimos sobre tais questionamentos, estamos pensando na identidade
profissional do docente. De modo geral, exercemos a docência a partir do que já
vivenciamos na condição de alunos, refletindo sobre nossas experiências na condição de
discente e na interação com os docentes que contribuíram para nossa formação
profissional. A partir de nossas leituras prévias sobre o exercício da docência, bem como
considerando as experiências que já tivemos com a prática docente, seja no papel de
aluno ou no papel de professor, vamos construindo nossa identidade profissional.
De acordo com Nóvoa, a identidade profissional do professor é um espaço de
construção das maneiras de ser e de estar na profissão. A exemplo de outras profissões,
ela se constitui tanto em relação a uma definição mais geral do trabalho e do trabalhador
quanto em relação às dimensões mais particulares que definem o âmbito e a
especificidade da função docente. Cada professor, ao interagir com as diversas
dimensões profissionais e pessoais da profissão, acaba compondo um modo individual de
ser professor.
A reflexão sobre a identidade profissional do professor envolve dimensões
profissionais e pessoais, por isso precisamos considerar as articulações entre teoria e
prática, refletindo sobre as concepções teóricas norteadoras da prática pedagógica do
docente.
Quando estamos no exercício da docência, ativamos nossos conhecimentos
prévios e experiências, refletimos sobre os professores que tivemos, planejamos sobre o
perfil de profissional que pretendemos ser, revisitamos nossas leituras sobre a prática
pedagógica, selecionamos estratégias de ensino, pensamos nos estilos de aprendizagem
dos alunos, consideramos as relações entre docentes e discentes, enfim, vamos aos
poucos nos apropriando do fazer pedagógico, articulando-o às concepções teóricas
construídas, elaboradas e reelaboradas em nossa formação docente.
Há diferentes perfis de docentes, tais como:
Professor-aprendiz
O professor é um eterno aprendiz e precisa estar sempre disposto a aprender a
aprender. O professor precisa acompanhar as mudanças sociais e a evolução do
conhecimento, a fim de se manter constantemente atualizado.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
7 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
BAIBICH-FARIA, Tânia Maria; MENEGUETTO, Francis Kanashiro. Metodologia do
ensino superior ou ética da ação do Professor. Curitiba: UFPR/GT: Didática, 2004.