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DE
PERFURAÇÃO
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TECNOLOGIA DE FLUIDOS DE PERFURAÇÃO
Fundamentos de Fluidos
Introdução – Histórico
A origem dos fluidos de perfuração coincide com o início da perfuração rotativa, por volta
de 1900, que utilizava uma mistura de água e argila em circulação intermitente no poço,
com o objetivo principal de transportar os cascalhos até a superfície e estabilizar as
paredes do poço.
Os fluidos de perfuração são misturas complexas de sólidos, líquidos e, por vezes, gases,
que podem assumir aspecto de suspensão, dispersão coloidal ou emulsão, a depender da
composição química e do estado físico dos seus componentes.
Conceitos Fundamentais
Sistemas Dispersos
Entende-se por dispersão a distribuição uniforme de uma fase, constituída por uma ou
mais substâncias puras, denominada de disperso ou fase descontínua, em outra fase
conhecida por dispersante ou fase contínua, também composta por uma ou mais
substâncias. Um sistema disperso ficaria bem caracterizado se, ao tomarmos qualquer
porção aleatória, esta representasse as propriedades intrínsecas do sistema, ao menos
em termos médios.
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um ramo tecnológico e industrial, em particular. Por convenção, os sistemas dispersos
são classificados em função das dimensões máximas das partículas dispersas ou do
diâmetro equivalente, ou ainda, do diâmetro de Stokes, da maneira como está ilustrada na
tabela 1.
Sistemas Coloidais
Embora não haja uma separação nítida entre sistemas coloidais e sistemas não coloidais,
a ciência dos colóides se ocupa com sistemas dispersos onde a fase dispersa é composta
de partículas com dimensões dentro do intervalo coloidal, arbitrariamente definido de 1
nm (1 mµ) a 103 nm (1 µ). Se o sistema coloidal for constituído de partículas isométricas,
então a dimensão a considerar é o diâmetro equivalente. Entretanto, para sistemas
constituídos de partículas anisométricas, a menor dimensão é, na maioria das vezes, mais
importante em função da conformação e flexibilidade da partícula.
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A principal maneira de classificar as dispersões coloidais é quanto ao estado físico das
fases contínuas e descontínuas. A tabela 2 mostra os tipos de dispersões coloidais e seus
exemplos.
Tabela 2 - Classificação das dispersões coloidais em relação ao estado físico das fases
Emulsões
Outros grupos de substâncias sintéticas, como os ácidos graxos de cadeia curta e alguns
álcoois são solúveis tanto em água quanto em óleo. Uma cadeia de átomos de carbono
da molécula dessas substâncias é responsável pela solubilidade parcial em óleo,
enquanto os grupamentos polares -COOH (ácido) e -OH (álcool) são responsáveis pela
solubilidade em água. Se as moléculas dessas substâncias se localizarem numa
superfície de separação óleo-água ou vapor-água, elas se orientarão de maneira a manter
os grupos hidrofílicos na fase aquosa e as cadeias lipofílicas ou organofílicas na fase
oleosa ou na fase vapor. Essa situação é energeticamente mais favorável que a
dissolução completa em qualquer uma das duas fases. Algumas substâncias que são
usadas industrialmente para produzir emulsões estáveis são tensoativos sintéticos, como
os sabões e detergentes que estabilizam emulsões de óleo e água.
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Tipos de Emulsões
Embora seja possível produzir uma infinidade de emulsões entre diversos líquidos
imiscíveis, os dois tipos de emulsões mais comuns nas indústrias e nos laboratórios são
de orgânicos ou óleo em água (O/A) e de água em orgânicos ou óleo (A/O). Portanto, em
quase todas as emulsões, uma das fases é aquosa e a outra fase é oleosa. Quando o
óleo é a fase dispersa, a emulsão é chamada de emulsão de óleo em água (O/A), e
quando o meio disperso é aquoso, a emulsão é dita de água em óleo (A/O).
Espuma
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espuma estável, é constituído por celas gasosas poliédricas, separadas por um fino filme
de líquido.
A qualidade (Qu) de uma espuma é definida como a relação entre o volume da fase
gasosa e o volume global do sistema, sob certas condições de temperatura e pressão. A
fração volumétrica da fase líquida é determinada por 1- Qu.
Como fluido consistente que é, e com características reológicas próprias, a espuma chega
a ter uma força de arraste 12 (doze) vezes superior à força de arraste da água, sob uma
velocidade média de fluxo de 125 pés/min. A variável independente principal que afeta as
propriedades de fluxo da espuma é a fração volumétrica da fase líquida (1,0 - Qu). A
viscosidade e capacidade de carreamento aumentam quando a fração volumétrica da
fase líquida diminui.
Fluidos do tipo mistura gás-líquido são normalmente utilizados com a finalidade primária
de redução de densidade frente a determinadas formações. A espuma é preferida em
operações que necessitem de um fluido mais viscoso e consistente.
Sedimentação
Algumas substâncias são consideradas inertes por que não interagem, ou interagem
muito pouco, com o meio de dispersão. Matérias como a baritina ou barita (BaS04), a
calcita ou o calcário (CaCO3), a sílica e os silicatos (SiO2, SiO4), a hematita (Fe203), a
galena (PbS), sob certas condições de temperatura, pressão e dimensão são
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praticamente inertes e se decantam quando adicionados a um meio aquoso. Outros
materiais, no entanto, interagem com o seu meio de dispersão e são chamados de ativos.
As argilas de um modo geral (bentonitas, caulinitas, atapulgitas, ilitas, etc.) formam
dispersões com certos meios aquosos e por isso são considerados ativos. Certos
polímeros, amidos e gomas naturais se hidratam quando em presença de um meio
aquoso, portanto são também considerados ativos.
Um material inerte pode, contudo, se tomar ativo pela redução do tamanho da partícula
dispersa, isto é, pelo aumento do grau de dispersão ou pela geração de carga na sua
superfície.
Inertes Ativos
Baritina Bentonita
Calcita Polímeros (CMC, HEC, CMHEC)
Hematita Biopolímeros (goma xantana)
Galena Amidos
Silicatos Gomas
Algumas funções básicas são comuns aos diversos tipos de fluidos de perfuração
existentes:
• limpar o fundo do poço, transportando os cascalhos gerados pela broca até a superfície;
• exercer pressão hidrostática sobre as formações de modo a evitar o influxo de fluidos
indesejáveis;
• resfriar e lubrificar a coluna de perfuração e a broca.
Além das funções relacionadas, os fluidos de perfuração devem ser projetados de tal
forma que suas propriedades possam ser alteradas, quando necessário, a fim de garantir
uma perfuração rápida e segura e uma completação bem sucedida.
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Classificação dos Fluidos de Perfuração
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e propriedades. A tabela 5 mostra a classificação geral dos fluidos à base de água, à base
de orgânicos e à base de ar.
Massa Específica
Ph= ρgH
Parâmetros Reológicos
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A figura 1 mostra as equações matemáticas dos citados modelos e as suas
representações gráficas.
Tensão de
cisalhamento τ = LE+VPγ
τ = kγ n
τ =µ γ
Taxa de deformação
Figura 1 - Curvas de fluxo dos modelos de fluido mais usuais e suas expressões
matemáticas
Para cada modelo reológico estão associados certos parâmetros. O modelo mais
empregado no tratamento dos fluidos de perfuração é o modelo Binghamiano, cujos
parâmetros são a viscosidade plástica µp, e o limite de escoamento το . A viscosidade
plástica é a medida da resistência ao fluxo devido à ação cisalhante do próprio fluido e do
atrito mecânico entre os sólidos dispersos. O limite de escoamento é a componente que
indica o grau de interação eletrostática entre as partículas, quando o fluido está escoando.
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instrumento a 300 rpm corresponda diretamente à viscosidade de um fluido Newtoniano,
em cP (centipoise). Dessa forma, os parâmetros reológicos dos modelos não-
Newtonianos podem ser calculados pelas relações a seguir.
Modelo de Bingham
VA = θ600/2 cP
VP = θ600 - θ300 cP
LE = 1,066x(θ300 –VP) lbf/100 ft2
Modelo de Potência
n = 3,32 log (θ600/θ300) adimensional
k = 1,066 x θ600/1022n (lbfsn/100ft2)
Forças Géis
Parâmetros de Filtração
Para se formar o reboco é essencial que o fluido tenha uma fração razoável de partículas
com dimensões ligeiramente menores do que as dimensões dos poros das rochas
expostas. Quando existem partículas sólidas com dimensões adequadas, a obstrução dos
poros é rápida e somente a fase líquida do fluido, denominada de filtrado, invade a
formação.
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estáticas e através de um papel de filtro durante 30 minutos. Após este tempo, mede-se o
volume de filtrado acumulado e a espessura do reboco depositado sobre o papel.
O teor de sólidos é medido indiretamente através de uma retorta metálica, que destila as
frações líquidas do fluido (água, fase orgânica ou óleo), recolhendo-as em uma proveta
graduada com capacidade de 10 ml. Os sólidos totais, dispersos e dissolvidos, ficam
retidos em uma câmara metálica também com 10 ml de capacidade. Por diferença do
volume da câmara e do volume de líquidos recolhidos na proveta, chega-se ao teor de
sólidos, expresso geralmente em percentual volumétrico.
O teor de sólidos, cujo valor deve ser mantido no mínimo possível, é uma propriedade que
deve ser controlada com rigor porque o seu aumento implica no aumento de várias outras
propriedades, tais como densidade, viscosidade e forças géis, além de aumentar a
probabilidade da ocorrência de problemas do tipo: desgaste dos equipamentos de
circulação, fratura das formações devido à elevação das pressões de bombeio e/ou
hidrostática, prisão por pressão diferencial e redução da taxa de penetração.
O tratamento do fluido para reduzir o teor de sólidos pode ser preventivo ou corretivo. O
tratamento preventivo consiste em inibir o fluido, física e/ou quimicamente, evitando-se a
dispersão dos sólidos perfurados. No método corretivo pode-se fazer uso de
equipamentos extratores de sólidos, tais como tanques de decantação, peneiras,
hidrociclones e centrífugas, ou diluir o fluido. A diluição é um processo que deve ser
evitado porque onera bastante o custo do fluido devido à necessidade de reposição de
seus componentes.
pH - Concentração Hidrogeniônica
pH = -log[H+]
Para a água pura, [H+] = [OH-] = 107 , ou seja pH = 7. Em qualquer solução aquosa o
produto [H+] x [OH-] permanece constante, isto é, pH + pOH = 14. Portanto, uma solução
cujo pH < 7 ou [H+] > [OH-] é dita ácida, enquanto que aquela cujo pH > 7 ou [H+] < [OH-],
é dita básica ou alcalina. O pH dos fluidos de perfuração é medido através de papéis
indicadores ou de potenciômetros e são, em geral, mantidos no intervalo alcalino baixo,
isto é acima de 7 e abaixo de 10, com o objetivo principal de reduzir a taxa de corrosão
dos equipamentos e evitar a dispersão das formações argilosas.
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Alcalinidades
Se um fluido contiver somente OH-, apenas Pf é determinado, não havendo CO3 2- nem
HCO3-, a viragem ao metilorange ocorre com a primeira gota de solução de H2SO4 N/50.
À medida que o Mf cresce, tomando-se maior do que o Pf, a alcalinidade passa a ser
devida a OH- + CO32-, a C032- + CO3H- e, por fim, somente a HCO3- , quando o Pf = 0.
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Tabela 6 - Interpretação das espécies alcalinas em função dos valores de Pf e Mf
Existem alguns interferentes que precisam ser eliminados, a fim de se obter resultados
mais precisos. Algumas regras básicas para eliminar erros no método volumétrico de
Mohr são:
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pesados. Filtrar e lavar várias vezes com água destilada. No filtrado, dosar os
cloretos, depois de ajustado o pH com HN03;
(iii) o chumbo e o boro formam, com o cromato, precipitados insolúveis;
(iv) cobre, níquel e cobalto, além de redutores, também interferem pela cor que
desenvolvem;
(v) os anions iodeto, tiocianato, fosfato, pirofosfato, arseniato, sulfeto, sulfito,
carbonato e oxalato formam sais de prata insolúveis;
(vi) substâncias orgânicas tanto podem agir como redutores, como através da cor
que possam desenvolver.
Entretanto, quando se deseja um maior rigor nos resultados, deve-se considerar a relação
exata:
Salinidade, mg / l
Salinidade, ppm =
Densidade da solução
A dureza de uma água é expressa, de modo geral, pela concentração de sais solúveis de
cálcio e magnésio. Ambos podem ser determinados tanto por gravimetria como por
volumetria. Na prática de fluido de perfuração, usa-se o processo volumétrico através
complexometria com EDTA, denominado também de método do Versanate.
Em filtrados aquosos, o Ca2+ e o Mg2+ tanto podem ser agentes contaminantes como
agentes de tratamento do fluido, a depender do tipo de fluido considerado. No caso das
águas naturais, os dois íons formam os sais que conferem "dureza" às mesmas. A soma
das concentrações dos sais destes metais, que são capazes de produzir precipitados que
formam incrustações sob determinadas condições de temperatura e pressão, constitui-se
no que se convencionou denominar de Dureza Total.
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desde que se mantenha o pH em torno de 10, bloqueando a ação de outros cátions
porventura presentes. Se o pH for mantido entre 12 e 13, apenas o Ca2+ será
complexado, enquanto o Mg2+ é precipitado na forma de Mg(0H)2. O ponto final da reação
é obtido através de um corante (indicador) específico, escolhido para cada caso. Alguns
íons metálicos podem se constituir em interferentes do método. Alguns deles podem
causar esmaecimento da cor ou provocar ponto final pouco diferençável. Contra este
efeito são utilizados certos inibidores na amostra, antes o início da titulação.
A literatura sobre o método complexométrico apresenta os diversos inibidores usados.
Quer seja coloidal ou não, a matéria orgânica, que confere cor ao meio, interfere no ponto
de viragem da reação de complexometria porque mascara a cor exata. Para eliminar a
matéria orgânica, pode se usar um dos procedimentos seguintes:
(i) incineração;
(ii) destruição da matéria orgânica com oxidantes, tal como H2O2.
O teste do azul de metileno ou MBT é uma análise volumétrica por adsorção de uma
substância corante, de cor azul intenso. O azul de metileno, portanto, serve como
indicador da quantidade de sólidos ativos ou bentoníticos no fluido de perfuração. Este
método fornece uma indicação da Capacidade de Troca de Cátions (CTC) das argilas e
sólidos ativos presentes no fluido.
O método se baseia no poder que certos colóides tem de adsorver diversas substâncias
coloridas. Se a substância adsorvida desenvolver uma cor factível de ser medida, torna-se
possível não apenas identificar, mas quantificar o teor de colóides no sistema. É o caso
do azul de metileno ou cloreto de metiltionina.
O teste de MBT consiste em adicionar, sistematicamente, a solução do corante a uma
amostra de fluido, previamente diluída e acidificada. O corante é, então, adsorvido até um
ponto definido e reprodutível. Quando um pequeno excesso atinge o sistema, o corante
tinge a amostra, definindo o ponto final da reação. O resultado pode ser expresso em
centímetros cúbicos da solução de azul de metileno gastos na titulação ou em quantidade
equivalente de bentonita, em lb/bbl.
Teor de Sulfetos
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orgânica, algumas vezes de despejos industriais, principalmente pela redução
bacteriológica do sulfato. Despejos aquosos contendo sulfetos contaminam a atmosfera
com gás sulfídrico, causando odores desagradáveis. O gás sulfídrico é muito tóxico, ataca
diretamente os metais porque é oxidado biologicamente a ácido sulfúrico nas paredes das
tubulações, provocando uma corrosão localizada, característica do H2S.
A presença do gás sulfídrico nos fluidos de perfuração pode ser confirmada com papel
semi-quantitativo de acetato de chumbo. Na exposição ao vapor, ou no contato da
amostra líquida, ligeiramente acidificada, o papel torna-se enegrecido, pela formação de
sulfeto de chumbo. Outro método semi-quantitativo emprega uma lâmina de prata, que é
mais sensível do que o papel de acetato de chumbo. O método recomenda limpar a
lâmina de prata, mergulhando-a em solução de cianeto de sódio, e enxaguar, antes de
proceder o teste. A prata é particularmente indicada para longo tempo de exposição na
possibilidade de presença de gás sulfídrico porque o sulfeto de prata preto é permanente,
enquanto que o de chumbo oxida-se lentamente. Existem métodos volumétricos mais
precisos. O método, empregado nos campos de petróleo, denominado Garret Gás Train
(GGT), consiste em reduzir o pH do fluido, transformando todo o sulfeto em H2S, e
provoca o arraste deste através de uma corrente de gás inerte (N2, CO2), medindo a
concentração de H2S por adsorção em meio contendo o sal acetato de chumbo.
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Os componentes básicos de um fluido de perfuração à base de água são: viscosificante,
gelificante, alcalinizante, floculante, inibidor físico ou químico, dispersante, redutor de
filtrado e adensante (vide tabela 4). Embora este conjunto represente os componentes
mais usados, alguns deles podem estar ausentes da composição de um certo tipo de
fluido. Outros produtos químicos mais específicos, como anti-corrosivos, traçadores, anti-
espumantes não foram incluídos na tabela 8 devido ao uso esporádico, mas podem
compor o fluido em função de necessidades circunstanciais.
Para fins didáticos, podemos dividir os componentes dos fluidos à base de água em:
água, sólidos e aditivos químicos. A principal função da água é prover o meio de
dispersão para os materiais coloidais. Os materiais coloidais, principalmente argilas e
polímeros, controlam as propriedades reológicas, os valores de géis e filtrado em valores
adequados para conferir ao fluido uma boa capacidade de remoção dos sólidos
perfurados e de estabilização das paredes do poço. A princípio, qualquer tipo de água
pode ser empregado, entretanto a sua qualificação é de suma importância porque, como
influencia o desempenho dos aditivos químicos, as concentrações de aditivos usadas na
composição do fluido, refletirão diretamente no custo final por unidade de volume do
fluido. Os fatores a serem considerados na seleção da água de preparo são:
disponibilidade, custo com transporte e tratamento; tipos de formações geológicas a ser
perfuradas; produtos químicos a ser utilizados na formulação do fluido e equipamentos e
técnicas a ser usadas na avaliação das formações, como, por exemplo, tipos de perfis a
serem corridos no poço.
Os sólidos dispersos no meio aquoso podem ser ativos ou inertes. Os sólidos ativos são
materiais argilosos cuja função principal é aumentar a viscosidade do fluido. A argila mais
utilizada como viscosificante de fluidos de perfuração é a bentonita, usada diretamente na
fabricação dos fluidos de água doce ou pré-hidratada em água doce na preparação dos
fluidos de água salgada. Outra argila usada em menor escala é a atapulgita, que pode ser
adicionada diretamente na água salgada para aumentar sua viscosidade, sem a
necessidade de pré-hidratação.
Os sólidos inertes presentes nos fluidos de perfuração têm duas origens: aditivos
compostos por materiais industrializados e detritos finos das rochas perfuradas. O sulfato
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de bário (baritina) é o sólido inerte mais comum dentre os produtos comercializados,
utilizado para aumentar a massa específica (peso) do fluido de perfuração. Outros
adensantes usados são a calcita e a hematita. Os sólidos inertes oriundos das rochas
perfuradas são areia, silte, e calcáreo fino.
O terceiro grupo de componentes são os produtos químicos. Neste grupo estão incluídos:
5) polímeros de um modo geral como o carboxi metil celulose (CMC), GOMA XANTANA,
POLIACRILAMIDA, usados para viscosificar, deflocular ou reduzir filtrado;
Os fluidos inibidos são programados para perfurar rochas de elevado grau de atividade na
presença de água doce. Uma rocha é dita ativa quando interage quimicamente com a
água, tomando-se plástica, expansível, dispersível ou até mesmo solúvel. Nos fluidos
inibidos são adicionados produtos químicos, tais como eletrólitos e/ou polímeros, que têm
a propriedade de retardar ou diminuir estes efeitos. Estes aditivos são conhecidos por
inibidores. Os inibidores físicos, tais como polímeros, são adsorvidos sobre a superfície
dos materiais das rochas e impedem o contato direto com a água. Outros produtos, como
a cal hidratada, o cloreto de potássio, o cloreto de sódio e o cloreto de cálcio conferem
uma inibição química porque reduzem a atividade química da água, além de poder reagir
com a rocha, alterando-lhe a composição. Um exemplo típico de inibição é usado quando
se perfura uma rocha salina que tem elevado potencial de solubilidade em água doce.
Entretanto, quando se emprega um fluido salgado saturado com cloreto de sódio (NaCl)
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na perfuração de uma formação salina, a solubilidade da rocha no fluido reduz
sensivelmente.
Os fluidos à base de água com baixo teor de sólidos e os emulsionados com óleo são
programados para situações especiais. Os primeiros são usados com a finalidade de
aumentar a taxa de penetração da broca, reduzindo o custo total da perfuração. O fluido
emulsionado com óleo tem o objetivo principal de reduzir a densidade do sistema para
evitar que ocorram perdas de circulação em zonas de baixa pressão de poros e/ou baixo
gradiente de fratura, ou auxiliar na lubrificação da coluna e equipamentos.
Na preparação dos fluidos à base de óleo com teor de água igual ou superior a 10% em
volume é fundamental fornecer uma elevada energia de mistura ao sistema e adicionar
um emulsificante químico específico para proteger as gotículas da fase aquosa, geradas
durante a agitação, evitando a coalescência.
Devido ao alto custo inicial e potencial poluidor, os fluidos à base de óleo merecem
cuidados especiais para o descarte, principalmente em áreas consideradas de
preservação ambiental. Por isso, eles são empregados com menor freqüência do que os
fluidos à base de água. Suas principais características são:
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• arenitos produtores que apresentem elevado potencial de dano por fluidos à base de
água;
• poços direcionais e/ou delgados;
• formações com baixa pressão de poros e/ou de fratura.
Algumas desvantagens dos fluidos à base de óleo em relação aos fluidos à base de água
são apresentadas a seguir:
Mos últimos anos, muitos progressos têm sido alcançados em relação à pesquisa de
novos sistemas à base de óleo. Já são utilizados no mundo inteiro os sistemas à base de
óleos sintéticos, tais como parafinas lineares e ésteres, por exemplo, e de óleos minerais,
menos poluentes que o óleo diesel, na composição do fluido à base de óleo. Os sistemas
com baixo teor de colóides têm sido usados para aumentar a taxa de penetração. Uma
composição média típica dos fluidos à base de óleo está apresentada na tabela 9.
Tabela 9 - Composição Básica de Três Tipos de Sistemas de Fluido Base Óleo, p/ bbl
Composição
Aditivos Típica p/ Alta T (> 350 oF) p/ Alta ROP
Emulsionante, Ib 4-10 6-10 2-4
Cal viva, Ib 2-10 5-10 2
Agente óleo-molhante,lb 2-4 4-6 4-8
Controlador de filtrado, Ib 3-8 3-15 -
Argila organofílica, Ib 2-4 4-10 4-10
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A perfuração com ar puro ou gás utiliza apenas ar comprimido seco como fluido, tendo
aplicação limitada a formações que não produzam elevadas quantidades de água nem
contenham hidrocarbonetos. Esta técnica pode ser aplicada em formações duras,
estáveis ou que apresentem fissuras, onde o objetivo é aumentar a taxa de penetração.
A perfuração com névoa, uma mistura de água dispersa no ar, é empregada quando são
encontradas formações que produzem água em quantidade ou gás suficiente para
comprometer a perfuração com ar puro. Em geral, a perfuração com névoa é executada
em conjunto com a perfuração com ar.
A espuma é uma dispersão de gás em líquido, na qual a fase contínua é constituída por
um filme delgado de uma fase líquida, estabilizado através de um tensoativo específico,
denominado espumante. O emprego da espuma como fluido circulante é justificado
quando se necessita de uma eficiência de carreamento dos sólidos elevada, uma vez que
ela apresenta alta viscosidade.
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Argilominerais e as Formações Argilosas
Introdução
O termo argila é empregado, de modo popular, para definir qualquer material terrígeno
que adquire certa plasticidade quando umedecido com uma quantidade limitada de água.
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esmectita, argila de camada mista ilita-esmectita, clorita, argila de camada mista clorita-
esmectita, caulinita, paligorsquita e sepiolita, em ordem decrescente de abundância
relativa.
Uma das maiores preocupações dos profissionais da área de perfuração diz respeito aos
problemas encontrados quando se perfura uma camada espessa de formação argilosa,
geralmente denominada de folhelho. O folhelho é uma rocha sedimentar, naturalmente
estratificada, composta por grãos muito finos de quartzo, feldspato, calcita e quantidades
apreciáveis de argilas. O teor de material argiloso presente nos folhelhos, em geral
ultrapassa a sessenta por cento e se apresenta sob a forma de uma mistura complexa e
variada de argilominerais, com predominância de ilita, esmectita, argila de camada mista,
clorita e caulinita, nesta ordem.
Alguns tipos de folhelhos possuem uma elevada capacidade de interagir com água.
Portanto os cascalhos perfurados dessas formações podem, por dispersão, incorporarem-
se ao fluido de perfuração, alterando de modo drástico as suas propriedades. A
estabilidade das paredes do poço durante a perfuração depende, em grande parte, das
interações entre o fluido de perfuração e a rocha exposta. Portanto, a exposição das
formações argilosas, durante um tempo muito longo, pode causar problemas sérios como:
(1) enceramento da broca; (2) formação de anéis de obstrução no espaço anular; (3)
fechamento e/ou desmoronamento do poço; (4) prisão da coluna de perfuração; (5)
alargamento do poço e (6) deposição de cascalhos no fundo do poço (fundo falso). A
utilização de um fluido apropriado para perfurar formações argilosas pode evitar os
problemas citados.
Os fluidos de perfuração à base de água têm como constituinte coloidal básico uma argila
do tipo esmectita, também conhecida por montmorilonita, e vulgarmente denominada de
bentonita. Outra argila usada, em menor escala, na composição dos fluidos à base de
água salgada pertence ao grupo de paligorsquita, cujo nome vulgar é atapulgita ou argila
magnesiana.
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Estruturas Básicas dos Óxidos de Silício e Alumínio
O silício tem número de coordenação igual a quatro e forma compostos com estruturas
tetraédricas orientadas de forma semelhante ao carbono. Os compostos do silício são
quase todos óxidos, embora recebam a denominação usual de silicatos. A difração de
raios X mostrou que o comportamento destes compostos está mais associado à
geometria do arranjo cristalino do que à composição química. Em todos os silicatos, cada
átomo de silício está localizado no centro de um tetraedro regular coordenado com quatro
átomos de oxigênio orientados para os vértices do tetraedro. O radical tetravalente assim
formado (SiO4)-4 denomina-se ortossilicato. Se as valências do oxigênio são saturadas
com hidrogênio temos o ácido ortossilício, H4SiO4, que dá origem aos ortossilicatos, como
por exemplo, o ortossilicato de zircônio ou zircão - ZrSi04.
Quando dois radicais (SiO4)-4 se ligam entre si através de um átomo de oxigênio, tem-se o
radical metassilicato - (Si2O7)-6 . Se várias unidades se ligam em cadeia infinita, a unidade
estrutural é o (SiO3)-2 que dá origem ao grupo dos minerais denominados de piroxênios.
A ligação de duas cadeias (SiO3)-2 produz uma dupla cadeia de estrutura unitária
(Si4O11)6- , que dá origem a outro grupo de minerais chamado anfibólios, entre os quais
está o amianto. As ligações Si-0 em todos esses compostos são covalentes, porém as
estruturas dos silicatos apresentam antes um caráter iônico do que covalente.
Quando três dos quatro átomos de oxigênio do (SiO4)-4 se ligam a três tetraedros vizinhos,
formando uma estrutura lamelar ou em folha, dão origem aos filosilicatos. Observe que as
ligações ocorrem nos vértices dos tetraedros e, neste caso, forma-se um reticulado
fechado de seis tetraedros, que se prolongam no plano, conhecida por folha tetraédrica
hexagonal. A unidade formada tem a fórmula (Si205)-2. Este arranjo está presente na
estrutura dos argilominerais.
Quando as estruturas octaédricas assim formadas se ligam por uma aresta em comum
para formar uma folha hexagonal octaédrica, tem-se então o mineral gibsita - AI2 (OH)6.
Nesta estrutura, somente duas em três possíveis unidades octaédricas podem estar
preenchidas com o átomo de alumínio, denominando-se de dioctaédrica. Se o átomo
central das estruturas octaédricas é o magnésio, o mineral recebe o nome de brucita,
Mg3(OH)6. Neste caso, todas as três posições estão preenchidas com o magnésio e a
estrutura é denominada trioctaédrica.
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Estrutura e Classificação dos Argilominerais
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Com o passar dos anos, foram surgindo subdivisões com base nas características
estruturais e composições químicas. Os esquemas atuais de classificação dos
argilominerais se fundamentam na composição química, estrutura atômica e
propriedades, tais como morfologia e expansão. Entretanto, a localização de um
argilomineral num certo grupo é determinada, principalmente, pelos detalhes estruturais.
Estrutura da Caulinita
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química representativa dos minerais do grupo da caulinita é Al4Si4010(OH)8, e a cela
unitária possui as seguintes dimensões, conforme determinação por difração de raios X:
ao = 5,139±0,014 Å, bo = 8,932±0,016 Å e Co = 7,371 ±0,019 Å.
Apesar das partículas de caulinita não possuírem carga residual, ou seja serem
eletricamente neutra, elas apresentam cargas negativas localizadas no plano basal (face)
e positivas na região de menor dimensão (aresta). Estas cargas localizadas e o caráter
bipolar da caulinita são facilmente constatados ao se analisar a distribuição atômica
estrutural na cela unitária do mineral. Experimentalmente, comprovou-se o caráter positivo
na "aresta" das partículas anisométricas planares da caulinita por adsorção de partículas
coloidais negativas nessa região.
A estrutura dos argilominerais do grupo da esmectita tem por modelo os minerais pirofilita
e talco, cujas estruturas foram descritas anteriormente. A esmectita constitui-se, portanto
de duas folhas tetraédricas de silicato e uma folha octaédrica de alumina hidratada,
intercalada. Essas folhas estão ligadas por intermédio de oxigênio comum e dão origem a
camadas 2:1 ou T-O-T. Nas folhas tetraédricas pode haver alguma substituição isomórfica
parcial de silício por alumínio, enquanto que nas folhas octaédricas aparecem
regularmente substituição do alumínio por magnésio ou, com menor freqüência, por ferro,
zinco, cromo e outros elementos. Quando em certo argilomineral, um metal de menor
valência aparece no lugar de outro de maior valência, registra-se a falta de cargas
positivas e, conseqüentemente, excesso de cargas negativas. Este excesso de cargas
negativas é compensado naturalmente pela adsorção de enormes cations hidratados, os
quais se fixam na superfície externa e, principalmente, entre as camadas das partículas
cristalinas do argilomineral. Estes cátions reduzem a energia repulsiva e são as espécies
responsáveis pela ligação entre estas camadas estruturais. Na esmectita, entretanto, a
ligação intercristalina é relativamente fraca, permitindo a entrada de água ou de outras
29
substâncias polares e, por conseqüência, o acréscimo da distância interplanar ou basal.
Este fenômeno é conhecido por expansão ou inchamento.
A quantidade total dos cátions pode ser determinada por análise química e, quando
expressa um miliequivalentes por cem gramas de material argiloso seco, é chamada de
capacidade de troca de cátion (CTC) ou capacidade de troca de base (CTB) da argila.
Uma vez que os cátions trocáveis balanceiam a deficiência de carga positiva no interior da
estrutura cristalina do argilomineral, devido às substituições isomórficas, a capacidade de
troca de cátion (CTC) serve como medida do grau de substituição isomórfica da argila.
Devido a uma grande variedade no grau de substituição isomórfica da esmectita, este
argilomineral não pode ser representado por uma única fórmula química. Teoricamente, a
possível formulação da sua cela unitária vai de Al4Si8020(OH)4 a 0,67M+ [Si8(Al3,33Mg0,67)
O20 (OH)4], onde M+ representa um cátion trocável monovalente.
Quando uma argila montmorilonítica entra em contato com vapor d’água, ou quantidade
relativamente pequena de água, o inchamento intercristalino chega a atingir valores de
espaçamento basal da ordem de 12,5 a 20 Å, a depender da sua caracterfetica estrutural
e da capacidade de hidratação do cátion interlamelar. No caso da dispersão da
montmorilonita em água, onde a fração de água é bem maior do que a de argila, as
moléculas polares de água penetram entre as camadas e podem provocar a separação
total quando as distâncias interplanares atingem valores em tomo de 40 Å. Isto esclarece
a fácil clivagem basal em meio líquido aquoso (ou polar) e a forma laminar delgada de
perfil irregular das partículas coloidais de montmorilonita.
Estrutura da Ilita
30
silicatos em camadas 2:1. A principal diferença entre eles está no tipo e grau de
substituição isomórfica. Enquanto na esmectita a substituição, em tomo de 15%,
predomina nas folhas octaédricas, nos citados modelos ela ocorre nas folhas tetraédricas
e em maior grau, pois um em cada quatro átomos de silício está substituído pelo alumínio,
conferindo uma maior carga residual negativa à estrutura. O cátion neutralizante que
predomina entre as camadas cristalinas é o potássio.
Uma distinção fundamental entre a montmorilonita e a ilita é que esta última não
apresenta o fenômeno de inchamento ou expansão interlamelar na presença de água ou
de compostos polares. O espaçamento basal da ilita é fixo, da ordem de 10 Å. Os cátions
compensadores do excesso de cargas negativas das estruturas cristalinas são, como nos
modelos, o potássio. Uma vez que não se observa inchamento da ilita em presença da
água, sugere-se que os íons potássio localizados entre as camadas cristalinas estão
fixos, deixando apenas os íons das faces externas disponíveis para a permuta. Talvez isto
justifique a baixa capacidade de troca de cátion das argilas com alto teor de ilita, a
despeito do alto grau de substituição isomórfica desse argilomineral. O caráter não-
expansível da ilita é atribuído, principalmente, às características do íon potássio. Este
possui: (1) tamanho adequado (2,66 Å) para se encaixar nas dimensões dos espaços
vazios deixados pelas folhas tetraédricas (2,80 Å); (2) grau de coordenação – 12,
favorável ao estabelecimento de interações entre si e os anéis hexagonais de oxigênio;
(3) baixa energia de hidratação; e (4) baixa capacidade de hidratar-se. Compare as
propriedades do íon potássio com outros íons comuns na tabela 11.
Algum comportamento semelhante ao da ilita pode ser encontrado também nas estruturas
da montmorilonita quando o cátion trocável predominante for o potássio. Algumas
experiências têm mostrado que a montmorilonita-K incha menos do que a montmorilonita-
Na. O que não se deve admitir, por razões estruturais muito simples, são comparações
diretas entre a ilita e a montmorilonita-K. Em primeiro lugar, na ilita há um maior numero
de ligações do tipo argila-K, por unidade de área, devido ao maior grau de substituição.
Essa relação vai de uma vez a uma vez e meia a mais nas ilitas. Depois, as ligações
deste tipo nas montmorilonitas devem ser mais fracas, uma vez que as cargas negativas
estão concentradas nas folhas octaédricas, isto é, a uma distância maior dos íons
potássio do que nas ilitas, cujas cargas negativas se concentram nas folhas tetraédricas.
31
ocorrência comum nas rochas metamórficas. Grim definiu a ilita como um mineral de
espaçamento basal igual a 10 Å, de origem sedimentar, para o qual não podem ser
obtidos dados precisos sobre granulometria, pureza e composição química. Micrografias
eletrônicas obtidas com o MEV têm mostrado formas as mais variadas das partículas de
ilita, contudo parece que a forma mais comum é a filamentar ou acicular.
Estrutura da Clorita
Os componentes dos fluidos de perfuração à base de água podem ser agrupados em três
frações básicas (1) fração líquida, composta de uma solução aquosa podendo conter
pequeno teor de óleo; (2) fração coloidal; e (3) fração de sólidos inertes, tendo como
componente principal o adensante baritina. A argila é o componente principal da fração
coloidal e tem por funções básicas viscosificar, gelificar e reduzir o filtrado (ou perda de
água) desses fluidos. As argilas de uso comum nos fluidos de perfuração são a bentonita
e a atapulgita.
Bentonita
A argila comercial mais usada nos fluidos de perfuração é a bentonita. Este nome deriva
da primeira jazida comercial dos EUA, localizada em Wyoming, Texas, cujo nome é forte
Benton, um folhelho do cretáceo. No início, geólogos definiram a bentonita como uma
argila formada pela devitrificação e alteração química de cinzas vulcânicas. Entretanto,
como esta definição excluía depósitos de bentonita de origem não-vulcânica encontrados
em vários países, inclusive nos EUA, a definição proposta por Grim e Nivens parece ser
mais ampla e adequada: "bentonita é qualquer argila composta dominantemente por
esmectita, e cujas propriedades físicas são ditadas por este argilomineral". Alguns autores
consideram ainda que para a argila ser denominada bentonita deve ter no mínimo 85% de
esmectita.
32
As bentonitas podem ser classificadas em função do tipo de cátion trocável predominante.
Assim sendo, as bentonitas podem ser líticas, sódicas, cálcicas, magnesianas, conforme
seja lítio, sódio, cálcio ou magnésio o cátion com maior teor. A bentonita sódica, em meio
aquoso, adsorve uma quantidade elevada de água, expandindo e aumentando de volume.
Essa adsorção de modo contínuo provoca uma separação individualizada das camadas
cristalinas e dispersa a argila em partículas de espessura tão pequena quanto o próprio
espaçamento basal do argilomineral. Por isso, o amplo emprego da bentonita sódica na
formulação dos fluidos de perfuração à base de água doce tem suporte nas suas
características tecnológicas peculiares: (1) dispersa facilmente e a dispersão formada é
relativamente estável; (2) apresenta viscosidade e força gel relativamente alta, em
concentrações inferiores a 8% em peso; (3) forma um reboco plástico, compressível e de
baixa permeabilidade (<1,0 mD) sobre substrato poroso e permeável; (4) tem alto valor de
CTC, entre 70 a 130 meq/100g, o que toma possível modificar as propriedades físicas da
dispersão alterando a composição do meio aquoso, sem, contudo comprometer a
estabilidade do sistema; e (5) tem área específica elevadíssima, cerca de 100-800 m2/g,
implicando em reações rápidas e modificação quase instantânea das propriedades físicas
da dispersão coloidal de bentonita-água.
33
centipoise define a concentração (C), cujo valor em % peso é utilizado para o cálculo do
rendimento da bentonita em água doce, conforme expressão seguinte. Essa expressão é
deduzida considerando a massa específica média da argila seca igual a 2,4 g/cm3 e da
água igual a 1,0 g/cm3.
R = 100/ C - 0,583
Sob esse aspecto, as argilas podem ser classificadas como de alto, médio ou baixo
rendimento. O intervalo de rendimento para essa classificação é:
Argila R, m3/t
Baixo rendimento <16,0
Médio rendimento 16,0-21,0
Alto rendimento >21,0
Convém ressaltar que o rendimento somente não qualifica nem desqualifica o emprego da
argila. É de fundamental importância controlar também as outras propriedades da
especificação. Existem bentonitas, por exemplo, que tem um rendimento altíssimo devido
ao seu grau de floculação natural e/ou processo de beneficiamento incompleto ou
inadequado. Nesse caso, é imprescindível definir o pH das suspensões usadas para o
cálculo do rendimento e fixar a relação máxima entre o limite de escoamento (LE) e a
viscosidade plástica (VP) em LE = 3 X VP.
Atapulgita
Atapulgita é o nome vulgar da argila que tem elevado teor do argilomineral paligorsquita,
cerca de 80 a 90%. O nome atapulgita vem de Attapulgus, Georgia, EUA, fonte das
primeiras amostras analisadas em 1935. O termo paligorsquita é oriundo da região
Polygorsk, nos montes Urais, onde em 1861 foi descoberta uma argila com propriedades
semelhantes à argila de Attapulgus. Essas argilas são também conhecidas como principal
membro de um grupo de argilas absorventes, denominadas de 'Terra Fuller's’,
empregadas no início para remover graxas de tecidos de lã.
34
podem ser dispersas por forte agitação mecânica. A dispersão formada, relativamente
estável, é resultado da associação de água nos canais estruturais e da elevada área
específica (50-300 m2/g), onde também ocorre adsorção das moléculas polares de água.
A baixa capacidade de troca de cátion (CTC) dessa argila é, talvez, a maior responsável
pela alteração pouco significativa das propriedades físicas de suas dispersões aquosas
com a mudança da concentração de eletrólitos. O elevado filtrado (em torno de 200 cm3)
das dispersões aquosas de atapulgita pode ser reduzido a valores algumas dezenas de
vezes mais baixos (5 a 15 cm3) com adição de amido e derivados celulósicos (CMC, por
ex). Devido à sua elevada perda de água, as suspensões de atapulgita são indicadas no
preparo de "tampões" para combater perda de circulação.
Sedimentos argilosos
A motivação para o estudo das rochas sedimentares com apreciável teor de argila vai
desde o indício da geração de hidrocarbonetos, objeto da exploração de petróleo, até a
própria qualidade e custo do poço, passando pela escolha do fluido apropriado para
perfurar esses sedimentos, visando minimizar os problemas relativos à instabilidade das
paredes do poço. Podemos concentrar nossa atenção em um tipo básico de sedimento
argiloso: o folhelho.
O folhelho é uma rocha de textura fina, com estrutura sedimentar plano-paralela, também
conhecida por folheação ou laminação, composta de elevadas quantidades de
argilominerais e quartzo. Apenas por motivo de simplificação, o termo folhelho (shale) é,
muitas vezes, erroneamente empregado na literatura de perfuração, quando se deseja
referir a sedimentos do tipo argilito ou marga. A elevada quantidade de água é ponto
comum, cujo teor se situa entre 15 a 70% em peso. Antes da perfuração de uma
formação rochosa, existe um estado de equilíbrio entre as forças que atuam sobre as
rochas e os fluidos nelas contidos. Durante a perfuração, este estado de equilíbrio é
alterado e as rochas podem experimentar profundas alterações. Estas podem ser de
natureza física, química ou de ambas, sendo conhecidas por instabilidade de poço, na
terminologia de perfuração.
A instabilidade física pode ter origem nas forças: 1) de arraste devido ao fluxo do fluido; 2)
de choque, entre a coluna e a parede do poço; 3) resultantes do alívio das tensões
localizadas nas adjacências do poço, e 4) resultantes das pressões de poros
anormalmente altas. A instabilidade é agravada se as formações têm ângulo de mergulho
elevado em relação a um plano horizontal imaginário. As conseqüências podem ser a
erosão e desmoronamento das paredes do poço e o aumento da dispersão e
incorporação de sólidos ao fluido, alterando rápida e drasticamente as suas propriedades.
Na ausência de fenômenos químicos, a instabilidade do poço pode ser minimizada com o
aumento da densidade do fluido de perfuração, através da adição de produtos adensantes
como barita (BaSO4), calcita (CaCO3) e hematita (Fe2O3), por exemplo.
Enquanto a instabilidade física pode ocorrer com qualquer tipo de rocha, a de natureza
química só ocorre com rochas reativas, como os evaporitos, domos salinos e os
sedimentos argilosos. Vimos anteriormente que os argilominerais são diferentes em
composição elementar e estrutura cristalina. Conseqüentemente, suas capacidades de
troca de base, hidratação e expansão (inchamento) também são diferentes. Essas
diferenças, associadas à variedade na composição mineralógica, são responsáveis pelos
diferentes graus de reatividade que os sedimentos argilosos apresentam quando em
35
contato com os fluidos aquosos. Os principais fatores que influenciam na reatividade do
sedimento são: teor de argila, tipo e teor de cada argilomineral, grau de compactação e
tempo de exposição rocha-fluido. Os argilominerais mais encontrados nos sedimentos
argilosos são: ilita, esmectita, de camada mista esmectita-ilita (E-I), clorita e caulita, em
ordem decrescente de abundância. Como regra geral, pode-se dizer que a ilita é o
argilomineral predominante dos folhelhos e a esmectita e esmectita-ilita são os
argilominerais mais freqüentes dos argilitos. Sob o ponto de vista químico, a estabilidade
das paredes do poço é função das interações que ocorrem na interface rocha-fluido. A
hidratação da formação argilosa além de causar a expansão e/ou dispersão também
altera o estado de equilíbrio das tensões nas adjacências do poço, desestabilizando-o.
Como conseqüência, os problemas de poço mais freqüentes são: enceramento,
desmoronamento, obstrução do espaço anular, deslizamento plástico, fechamento do
poço, redução de taxa de penetração e prisão da coluna de perfuração.
A adição de eletrólitos reduz a atividade química da fase aquosa. As fontes mais usuais
desses eletrólitos são os produtos: NaCl, KCl e CaCl2. O cloreto de amônio (NH4Cl)
também pode ser usado. Alguns trabalhos concluíram que os íons potássio (K+) e amônio
(NH4+) conferem uma maior capacidade de inibição em relação a outros cátions, como
Na+, Ca++, Mg++ e Fe++. A concentração a ser usada vai depender do eletrólito e da
reatividade da formação argilosa.
36
Filtração
Introdução
Para evitar a invasão dos fluidos da formação para o interior do poço, a pressão
hidrostática relativa à coluna de fluido dentro do poço deve ser maior que a pressão dos
fluidos nos poros da formação. Conseqüentemente, existe uma tendência à invasão dos
fluidos de perfuração ou completação para as formações permeáveis. A perda de fluido
para a formação pode ser controlada pela adição de sólidos apropriados para formar um
substrato poroso e permeável, denominado reboco, de permeabilidade relativamente
baixa, através do qual somente a fase dispersante pode passar. A este processo
denominamos de filtração. Os sólidos depositados sobre a parede porosa e permeável
são denominados "reboco" e a fase líquida que invade a formação é conhecida por
"filtrado".
Define-se ainda “poder de retenção" de um fluido como a relação entre o volume total de
fase dispersante contido na unidade de volume do fluido, preparado segundo
especificações padronizadas e condições normais de pressão e temperatura, e o volume
de fase dispersante cedido (filtrado) pela mesma unidade de fluido quando sujeito a
determinadas condições de pressão e temperatura, durante o tempo necessário para que
o fluido praticamente deixe de perder a fase dispersante. Ou seja:
QL
R=
Qf
Exemplo 01:
Solução:
Como os parâmetros do teste foram mantidos ccnstantes, os resultados podem ser
comparados. Sendo a concentração volumétrica a mesma, o volume de fase líquida por
unidade volumétrica de fluido também é igual para as duas dispersões. O poder de
retenção é dado pela relação: QL/Qf e como QL é o mesmo para os dois sistemas, aquele
que possui menor volume de filtrado acumulado (Qf) é o que apresentará maior poder de
retenção. Portanto a argila B tem maior poder em reter a fase líquida.
37
Os fluidos de perfuração e de completação devem ser tratados para manter a
permeabilidade do reboco tão baixa quanto possível de modo a estabilizar as paredes do
poço e reduzir a invasão de filtrado. Além disso, altas permeabilidades resultam em
reboco com espessura elevada, o qual reduz o diâmetro efetivo do poço causando vários
problemas durante a perfuração, como torque e drag excessivos, pistoneio durante a
retirada da coluna e prisão da coluna por diferencial de pressão. Do ponto de vista da
rocha, a invasão da fase líquida do fluido pode causar sensíveis alterações nas suas
propriedades (permeabilidade, porosidade, plasticidade, etc). Sob esse aspecto, se a
rocha é portadora de hidrocarbonetos e for danificada, com redução de sua
permeabilidade, sua capacidade produtiva será reduzida.
Figura 3 - Célula de pressão e esquema para teste de uma filtração estática axial
(after Applied Drilling Engineering)
38
KA∆P
q= (1)
µε
Qr α Q f (2)
Qr = CQ f (3)
Q r = εA (4)
Qf
ε =c (5)
A
dQ f KA∆P
q= = (6)
dt Q
µc f A
dQ f KA 2 ∆P
= (7)
dt µcQ f
Qf
KA 2 ∆P
t
∫ Q f dQ f =
0
µc ∫0
dt (8)
Q 2f KA 2 ∆P
= t
2 µc
39
2 A 2 ∆P
Q 2f = K t (9)
µc
A expressão (9) é conhecida como a equação fundamental que governa a filtração com
fluxo axial, sob condições estáticas, considerando um reboco já formado.
Consideremos que os valores dos parâmetros entre parênteses da expressão (9) possam
ser fixados e que o reboco formado seja incompressível (ou praticamente incompressível)
para pressões relativamente pequenas. Dessa forma, a expressão (9) pode ser reescrita
como:
Qf = a t (10)
Como a expressão (9) foi determinada sem considerar os "efeitos iniciais'" da filtração
estática, isto é, a obstrução do meio poroso por partículas sólidas do fluido e a variação
da espessura e características do reboco nos instantes iniciais, conclui-se que a
expressão (10) carece de um ajuste. Após determinações experimentais foi proposta uma
equação linear para a filtração estática, sob condições de pressão e temperatura
constantes semelhantes à equação (10), acrescida de um termo corretivo denominado de
"filtrado inicial" (spurt loss), cujo valor reúne o volume de filtrado acumulado durante as
etapas iniciais da filtração (vide Figura 4).
Q f = a t + Qo (11)
40
A filtração vista dessa maneira distingue duas fases. A primeira fase, denominada de fase
inicial, reúne dois estágios: o primeiro estágio, conhecido por “surge loss”, é definido pela
invasão de partículas sólidas no meio poroso, com a formação de um reboco interno,
sem, no entanto, ocorrer deposição de sólidos sobre a superfície porosa, isto é, a
espessura do reboco externo é nula; o segundo estágio, conhecido por “transition loss” se
inicia com o depósito de partículas sólidas sobre a superfície porosa e dura até o reboco
se tomar uniforme, isto é, a partir do momento em que a influencia do depósito de
partículas sobre o processo de filtração passa a ser negligenciável. A segunda e última
fase da filtração, denominada de filtração propriamente dita, é reconhecida a partir do
momento em que o volume acumulado de filtrado varia linearmente com a raiz quadrada
do intervalo de tempo e durante esse período o reboco se toma uniforme, isto é, o
gradiente de pressão através do reboco se toma essencialmente constante.
Uma aproximação prática e operacional consiste em aplicar a equação (11) para estimar
o volume de filtrado para um tempo t2 quando se conhece o volume acumulado durante o
tempo t1, através da relação de proporcionalidade:
Qf1 t1
= (12)
Qf 2 t2
O resultado obtido aplicando a equação (12) estará mais próximo do real se os efeitos
iniciais da filtração forem desprezíveis, isto é, se houver uma rápida formação e
uniformização do reboco, ou seja, se o spurt loss (Qo) for relativamente baixo.
De acordo com a equação (9), Qf deveria ser proporcional à raiz quadrada de ∆P,
considerando-se todos os demais fatores constantes, ou seja:
Q f α ∆P 0,5 (13)
Q f α ∆P x (14)
Onde o expoente x varia de fluido para fluido, sendo, contudo sempre menor do que 0,5
para o caso dos fiuidos de perfuração contendo argilas.
41
acréscimo da pressão. Então a permeabilidade do reboco é reduzida a um grau muito
mais elevado do que o seria no caso de um reboco constituído por partículas
corpusculares e rígidas como, por exemplo, reboco composto de arenito, sílica, calcita,
barita.
1
Qf α (15)
µ 0,5
Exemplo 02:
Um fluido de perfuração, cuja fase contínua é água doce, apresentou 4,0 cm3 de filtrado
acumulado durante 30 min., a 30oC. Estimar o valor do filtrado acumulado a temperatura
de 80oC.
Solução:
Da tabela: µ da água a 30 oC = 0,801 cP e µ da água a 80 oC = 0,356 cP
Qf 2 µ1 0,801
= =
Qf1 µ2 0,356
42
0,801
Q f 2 = 4,0
0,356
Dois testes de filtração estática são amplamente aplicados para se avaliar, em campo, as
propriedades de filtração de um sistema disperso.
Os parâmetros que podem ser medidos diretamente, ou determinados a partir dos dois
testes mencionados anteriormente são:
• Filtrado API-BTBP (ou ATAP), QAPI em cm3
• Filtrado Inicial (spurt loss), Qo em cm3
• Filtrado API corrigido, (QAPI)corr em cm3
• Espessura do reboco, em (1/32) pol ou em mm
• Permeabilidade do reboco, em mD
43
Espessura do Reboco
A quantidade de água retida no reboco depende dos sólidos contidos nos fluidos, ou seja,
depende da interação sólido-água. No caso das argilas bentoníticas que podem associar
uma elevada quantidade de água, o reboco formado apresenta valores de Qf/Qr
relativamente baixos. A espessura do reboco é, portanto regida pelo tamanho e forma dos
sólidos, interação entre os sólidos e o líquido de dispersão e a própria interação sólido-
sólido. A sua determinação pode ser efetuada com um paquímetro ou com uma régua
metálica.
Permeabilidade do Reboco
µ
K = Q f Qr (16)
2t∆PA 2
44
Q f εµ
K= (18)
2t∆PA
Quanto maior for o grau de dispersão de um determinado fluido, menor será o volume de
filtrado e, consequentemente, seu reboco apresentará espessura e permeabilidade
relativamente baixas.
45
Mecanismo de Obstrução
Quando certo fluido contendo sólidos entra em contato com uma formação porosa e
permeável ocorre uma “perda inicial" do fluido (fases líquida e sólida) antes da "filtração
propriamente dita", isto é, antes do volume do filtrado ser regido pela equação (6), se
tornando proporcional a raiz quadrada do intervalo de tempo. Durante a perfuração de
poços, a perda inicial de fiuido pode ser elevada caso a filtração ocorra em rochas de
permeabilidade elevada. Porém, se o fluido contém sólidos de tamanho apropriado para
obstruir os poros da rocha, estabelece-se a base para a formação do reboco. Apenas
partículas de certo tamanho relativo podem obstruir os poros da rocha. Partículas maiores
que a abertura do poro não conseguem penetrá-lo e permanecem no fluido, enquanto que
partículas bem menores invadem continuamente a rocha até encontrar um estreitamento.
Segundo Coberly, é necessário que o fluido contenha partículas de tamanhos iguais e
inferior a 1/3 do tamanho das aberturas dos poros para que a obstrução seja efetiva, ou
seja:
( 3) d
dc = 1 p (20)
Figura 5 — Invasão de uma formação permeável pelos sólidos dos fluidos de perfuração
ou completação
Uma vez que as partículas de diâmetro aproximadamente igual a 1/3 do diâmetro do poro
formam um arco de obstrução primária, denominado por “arco romano”, as partículas
menores juntamente com as partículas coloidais tendem a completar rapidamente a
obstrução. Como resultado desse processo, estabelece-se três zonas distintas durante a
filtração: (i) o reboco; (ii) a zona de obstrução; e (iii) a zona invadida pelo filtrado,
conforme ilustra a Figura 5.
De acordo com o que foi apresentado anteriormente, um fluido pode fornecer um baixo
volume de filtrado em papel de filtro, especificado no teste padronizado pelo API, porém
46
gerar um elevado volume de filtrado na filtração através de uma formação de
permeabilidade elevada no poço. A melhor maneira de determinar o tamanho ideal das
partículas para o processo de obstrução é através da realização de ensaios utilizando
amostras da rocha de interesse. Quando isto não é possível, um bom guia prático pode
ser obtido a partir de trabalhos publicados sobre o assunto, conforme exemplifica a tabela
2. Segundo um desses trabalhos, uma boa regra prática é considerar o diâmetro médio do
poro igual à raiz quadrada da permeabilidade, isto é:
_
dp = K (21)
1 _ 1
dc = d p = K (22)
3 3
47
Controle da Filtração
A taxa de filtração é geralmente controlada com dois objetivos principais: (i) controlar a
espessura e as características do reboco que se deposita sobre as formações permeáveis
e (ii) limitar o volume de filtrado que invade as formações de subsuperfície.
(1) Filtrado API, (QAPI como o volume de fase líquida acumulada durante 30 min);
(2) Filtrado inicial, (Qo como o volume de filtrado acumulado durante a fase inicial da
filtração (interseção do prolongamento da reta com o eixo vertical (Qf), ou seja, o valor de
Qf para t = 0));
(3) Filtrado API corrigido, ((QAPI)corr como a diferença QAPI = QAPI - Qo);
(4) A espessura do reboco (e em 1/32" ) após retirar o papel de filtro da célula de filtração e
lavar o excesso de sólidos não aderentes sobre o reboco depositado;
48
Os aditivos insolúveis, assim denominados por serem insolúveis ou pouco solúveis nos
ácidos inorgânicos comuns (HCl, HF, por exemplo), são amplamente usados na
composição dos fluidos de perfuração (vide tabela 14) e podem danificar
permanentemente as formações produtoras se o raio de invasão desses sólidos for
elevado.
49
canais dos poros da rocha permeável. Os demais aditivos solúveis em óleo (resinas e
ácido benzóico) e em água (sais) reduzem a taxa de filtração de modo semelhante aos
sólidos solúveis em ácidos, isto é, por obstrução.
50
Fluidos de Perfuração à Base de Água
Introdução e Classificação
São denominados “fluidos de perfuração à base de água" aqueles que têm por fase
contínua ou dispersante um meio aquoso. Este meio pode conter sólidos e óleos
dispersos e eletrólitos dissolvidos.
A água, que é a fase contínua e o principal componente de qualquer fiuido de base água,
pode ser doce, dura ou salgada. A água doce, por definição, tem salinidade igual ou
inferior a 1.000 de NaCl ou equivalente e, com esta salinidade, as suas propriedades são
próximas das propriedades da água pura. Portanto, do ponto de vista industrial para
aplicação em fluidos de perfuração, a água doce não necessita de pré-tratamento químico
porque praticamente não afeta o desempenho dos aditivos empregados no preparo do
fluido. A água dura tem como característíca principal a presença dos íons Cálcio (Ca++) e
magnésio (Mg++) em concentração suficiente para alterar o desempenho dos aditivos
químicos. A água salgada apresenta salinidade superior a 1.000 ppm de NaCl ou
equivalente e pode ser natural, como a água do mar por exemplo, ou pode ser salgada
artificialmente com a adição de sais como o NaCl, KCl ou CaCl2. A principal função do
meio aquoso é manter os materiais coloidais dispersos.
51
alguns tipos de surfactantes (sabões, por exemplo). Em geral, o Ca2+ e Mg2+ formam
compostos insolúveis (ou precipitados) quando em contato com estes produtos.
A eliminação de Ca2+ e Mg2+ das águas duras pode ser conseguida, parcial ou
integralmente, através da adição de soda cáustica, soda ash ou bicarbonato de sódio,
antes da adição dos produtos químicos de composição do fluido. O carbonato e
bicarbonato de sódio são mais eficientes na eliminação do cálcio e magnésio porque os
produtos formados nas reações são praticamente insolúveis em água (carbonato de cálcio
e carbonato de magnésio). A soda cáustica é menos eficiente, ou seja, elimina apenas
parcialmente Ca2+ e Mg2+ , pois os produtos formados na reação, hidróxido de cálcio e
hidróxido de magnésio, são parcialmente solúveis, e conseqüentemente, provocam o
aumento do pH e da alcalinidade da água. Apesar do bicarbonato de sódio precipitar
integralmente o Ca2+ e o Mg2+ é necessário um ambiente alcalino para que a reação
ocorra. Em resumo, o carbonato de sódio (soda ash) é o reagente mais eficiente e
indicado para eliminar a dureza das águas naturais.
A princípio, qualquer tipo de água pode ser empregada no preparo do fluido, entretanto a
sua qualificação é de suma importância. A qualidade da água influencia o desempenho
dos aditivos químicos usados na composição do fluido, influenciando também, as
concentrações empregadas e, conseqüentemente, o custo final por unidade de volume do
fluido. Portanto, os fatores principais a serem considerados na seleção da água de
preparo são:
1) disponibilidade e custo (transporte, tratamento, etc.);
2) tipos de formações geológicas a serem perfuradas;
3) produtos químicos a serem usados na composição do fluido;
4) equipamentos e técnicas a serem empregadas para avaliar as formações, como, por
exemplo, tipos de perfis a serem corridos no poço.
Os sólidos dispersos no meio aquoso podem ser ativos e inertes. Os sólidos ativos
empregados são materiais argilosos cuja função principal é viscosificar o fluido. O material
mais usual é a bentonita que possui como componente principal o argilomineral esmectita
sódica também conhecida por montmorilonita sódica. A bentonita é usada na fabricação
de fluidos de base água doce ou, pré-hidratada em água doce, nos fluidos de base água
salgada. Outra argila empregada é a atapulgita que tem como componente principal o
argilomineral paligorsquita. A atapulgita é usada para aumentar a viscosidade de fluidos
de base água salgada por adição direta, isto é, sem a necessidade de pré-hidratação em
água doce. As argilas, de um modo geral, são materiais de dimensões coloidais, ou seja,
apresentam diâmetro equivalente de Stokes inferiores a 2 µm. A bentonita e a atapulgita,
em particular, são argilas de elevada área específica, portanto apresentam elevada
capacidade reativa em meio aquoso. Alguma argila sedimentar pode se incorporar ao
fluido durante a perfuração de camadas argilosas ou intercalações de argila. Portanto, são
duas as fontes possíveis de sólidos ativos nos fluidos de base água: as argilas
industrializadas (bentonita e/ou atapulgita) e as argilas naturais oriundas de formações
argilosas.
52
O adensante mais comum é a baritina que tem como substância básica o sulfato de bário.
Entretanto, outros materiais inertes usados como adensantes são calcita e hematita. Os
sólidos inertes oriundos das rochas sedimentares podem ser areia, silte e calcáreo fino.
A terceira classe de componentes dos fluidos de base água são os produtos químicos,
adicionados com fins específicos. Nesta classe estão incluídos:
1) alcalinizantes e controladores de pH como a soda cáustica, potassa cáustica e cal
hidratada;
2) dispersantes ou defloculantes como lignosulfonatos, taninos, lignitos e fosfatos;
3) redutores de filtrado como o amido e CMC;
4) floculantes como o cloreto de sódio, a cal, o gesso e a soda cáustica;
5) polímeros de um modo geral, como o CMC (carboximetilcelulose), HEC
(hidroxietilcelulose), biopolímero XC (Xanthomonas Campestris) (goma xantana),
poliacrilamida, que são empregados para viscosificar, deflocular ou reduzir filtrado;
6) surfactantes empregados como emulsificantes e redutores da tensão interfacial;
7) removedores de cálcio como a soda ash e o bicarbonato de sódio;
8) inibidores de folhelho como o cloreto de potássio, cloreto de sódio ou cloreto de cálcio
e certos tipos de polímeros;
9) inibidores de corrosão como os sais de amina;
10) bactericidas como o glutaraldeído.
53
Fluido Inicial ou Convencional, não-inibidos
Como a maioria das rochas superficiais são praticamente inertes em relação a água doce,
não é necessário usar aditivos específicos para reduzir a atividade da fase aquosa nem
para o controle do filtrado. No decorrer da perfuração, algum tratamento químico corretivo
pode ser efetuado. Pode-se, por exemplo, acionar lignosulfonato para controlar os
parâmetros reológicos do fluido quando uma camada espessa de formação argilosa com
alto teor de esmectita é atravessada. Neste caso, a outra alternativa seria a diluição do
fluido.
A composição básica de um fluido inicial, que na maioria dos casos se emprega do tipo
floculado ou não-disperso (veja classificação), pode ser resumida conforme a tabela 16.
Quando a fase inicial do poço tem diâmetros elevados (17 ½ a 36 pol), o que implica em
baixas velocidades de retomo no anular, a adição de um floculante das partículas de
argila é fundamental. Os floculantes mais empregados são a soda cáustica e a cal
hidratada, em concentrações pré-determinadas em teste piloto. É oportuno lembrar que
estes aditivos em concentrações elevadas podem atuar defloculando o sistema. O
parâmetro usado no campo para controlar a concentração do floculante é o pH. Como
regra geral, a concentração de cal hidratada deve ser tal que o pH se situe entre 9,0 a 9,5,
para que a dispersão de bentonita em água doce, com 30 Ib/bbl de concentração, atinja
uma floculação ótima. Por outro lado, se soda cáustica for utilizada, o pH não deve
54
ultrapassar 10,0. Se estes valores forem ultrapassados, o excesso de soda cáustica ou
cal pode reduzir bastante a força gel. Se, além do controle da reologia for intenção
também reduzir o inchamento e dispersão das formações argilosas perfuradas, a adição
de soda cáustica deve ser controlada para um pH equivalente não superior a 8,5.
Em alguns casos, a água doce ou salgada pode ser empregada na perfuração durante a
fase inicial. Os casos mais usuais são as perfurações de:
(1) formações consolidadas de baixa permeabilidade e inertes, tais como calcáreo,
basalto e diabásio;
(2) cimento que fica no interior do condutor ou revestimento após a cimentação; (3) zonas
com perda de circulação total;
(4) formações superficiais do fundo do mar. Neste caso, como a perfuração ocorre através
de formações inconsolidadas (areias, conglomerados, recifes de corais, etc.), é preciso
deslocar volumes de fluido viscoso, isto é, água mais bentonita floculada,
intermitentemente, a cada 30 metros perfurados, por exemplo, para limpar o poço,
consolidar e estabilizar suas paredes, até que o revestimento inicial ou condutor seja
fixado.
Por outro lado, a água apresenta desvantagens que podem comprometer ou dificultar a
perfuração:
(1) não mantém os sólidos em suspensão;
(2) não consolida as paredes do poço;
(3) a velocidade de retomo elevada pode erodir as paredes do poço;
(4) provoca a hidratação das argilas.
55
A fase inicial do poço é caracterizada por grandes espaços anulares e velocidades de
retorno reduzidas. Em geral, o escoamento do fluido inicial (exceto água) ao redor dos
comandos e dos tubos é laminar. A velocidade de queda das partículas de cascalhos
pode ser calculada através de uma expressão derivada da lei de Stokes, válida para
partículas esféricas em queda muito lenta:
_
− 53,5(ρ s − ρ ) v a de p
vs = _
(1)
6,65 xτ 0 (D0 − Di ) + v a µ p
A equação (1) foi derivada considerando ainda o modelo de fluxo plástico ideal ou de
Bingham, onde: ρs é a massa específica do cascalho, Ibm/gal; ρ é a massa específica do
fluido, Ibm/gal; va é a velocidade média no anular, pé/s; dep é o diâmetro equivalente das
partículas, pol; τ0 é o limite de escoamento plástico, Ibf/100 pé2; Do é o diâmetro do poço
ou da broca, pol; Di é o diâmetro externo da tubulação, pol; µp - é a viscosidade plástica,
cP.
_
− 8,05(ρ s − ρ ) v a de p
vs = (2)
τ 0 (D0 − Di )
− C
vs = (3)
τ0
De acordo com a expressão (3), a velocidade de queda dos cascalhos no espaço anular é
inversamente proporcional ao limite de escoamento. A literatura mostra que, de fato, a
velocidade de queda de partículas decresce com o aumento do limite de escoamento,
porém esta relação não é linear como preceitua a equação (3). Estes trabalhos,
associados à prática de campo, sugerem que o limite de escoamento deve ser controlado
na faixa de 25 a 45 lbf/100 pé2, na fase inicial da perfuração. Outro parâmetro reológico
que deve ser considerado na avaliação do carreamento dos sólidos no anular é a força
gel inicial. Esta deve ser mantida em torno de 10 Ibf/100 pé2 a fim de se obter uma boa
capacidade de carreamento.
Como a velocidade de transporte das partículas de cascalho, vr, pode ser avaliada pela
diferença:
56
_ _ _
vr = va − vs (4)
_
vr vs
Rt = _
= 1 − (5)
va
va
Então, é conveniente reduzir o valor da velocidade de queda (vs), isto é, aumentar a razão
de transporte (Rt). Isto se consegue floculando as partículas de argila do fluido inicial, ou
seja, aumentando a força gel inicial e/ou o limite de escoamento de Bingham. Em
princípio, tanto a força gel inicial quanto o limite de escoamento de Bingham são medidas
correspondentes às forças eletro-viscosas do sistema devido às cargas elétricas
superficiais das partículas de argilas. Outra propriedade do fluido que pode ser usada
para controlar o grau de floculação do sistema é o pH. Os valores de pH adequados para
a floculação já foram definidos anteriormente.
O valor do filtrado dos fluidos iniciais pode ser controlado em função da natureza da
formação a ser perfurada. As formações consolidadas, inertes e de baixa permeabilidade,
como basalto, calcário e alguns arenitos, podem ser perfuradas com água ou com fluidos
sem filtrado controlado. Em formações inconsolidadas, como areia grossa,
conglomerados, por exemplo, não é possível, às vezes, perfurar com água, devido à
infiltração e perda de circulação. Neste caso, pode-se usar um fluido floculado com filtrado
alto, que permite a formação de um reboco muito espesso, facilitando a consolidação das
paredes do poço. Se a perda de circulação for total e comprometer o avanço da
perfuração, pode-se adicionar ao fluido alguns materiais obturantes para o seu controle.
Em formações argilosas, é necessário algum controle do filtrado, em função do tipo de
argila predominante. Em geral, a experiência em cada área é que define o valor máximo
de filtrado permissível.
Qρ + Qcρc=(Q+Qc) ρa (6)
Na equação (6) , a vazão dos sólidos perfurados (Qc ) pode ser calculada por:
Qc=fa Cp Tx - (7)
57
Substituindo a equação (7) em (6) temos:
Q(ρ a − ρ )
Tx = (8)
f a C p (ρ c − ρ a )
A expressão (8) pode ser usada no controle da taxa de penetração na perfuração da fase
inicial do poço, com o objetivo principal de evitar perda de circulação induzida.
Tabela 17 - Valores típicos das propriedades programadas para fluido inicial do tipo água
+ argila + floculante
Tabela 18 - Tipos de fluidos iniciais em relação aos tipos de formações a ser perfuradas
Formação Fluido
Consolidada, inerte e de baixa permeabilidade Água
(calcário, diabásico, basalto, arenito) Água + argila (ou polímero)
Argilas ou folhelhos Água + argila + amido (ou
CMC) + dispersante
Inconsolidada (areia, conglomerados) Água + argila + floculante
Formação com fraturas naturais Água + polímeros + LCM
Fluidos aerados ou ar
58
Água do Mar nos Fluidos Iniciais
Trata-se de fluido de perfuração à base de água doce apresentando alta reologia, baixo
poder de inibição e constituído de argila ativada em alta concentração e material contra
perda de circulação.
59
Soda cáustica......................... 0,5 Ib/bbl
Lignossulfonato..................... 0,5 lb/bbl (opcional)
As propriedades mais controladas são: massa específica de 8,6 a 9,1 Ib/gal; viscosidade
Marsh > 200 s; limite de escoamento 45 lbf/100pés2 (aprox.)
As limitações e cuidados com o sistema incluem evitar a utilização deste fluido para a
perfuração de: (a) calcário fraturado; (b) zonas de interesse ou produtora; (c) grandes
extensões de formações argilosas.
Ao perfurar zonas de alta argilosidade com este fluido, verifica-se redução da taxa de
penetração e enceramento.
Contaminação e Tratamento
60
O segundo tipo de tratamento consiste em adicionar produtos químicos que reajam com o
contaminante ou produzam efeitos contrários. Este tratamento, denominado de corretivo,
combate a contaminação após a sua ocorrência ter sido constatada.
61
O tratamento básico e prático para eliminar os sólidos perfurados é a sua remoção nos
equipamentos extratores de sólidos: peneiras, tanques de decantação, conjunto de
hidrociclones (desareiador e dessiltador), associação de hidrociclones-peneira ("mud-
cleaner') e centrifugadoras. Quanto mais eficiente for o sistema de remoção de sólidos de
uma sonda, tanto menor será o teor de sólidos incorporados e recirculados para o poço.
A diluição dos fluidos iniciais é o tratamento corretivo mais usual e o de mais baixo custo,
pois em geral os seus constituintes são simples e baratos. Portanto, se for necessário
repor alguns aditivos químicos, isto não irá onerar o tratamento. Entretanto, o que muitas
vezes limita a diluição é a capacidade volumétrica da sonda, seja de circulação e/ou
estocagem do fluido de perfuração.
O quarto e último método é a conversão do fluido para um fluido inibido. Este método
pode ser classificado como preventivo ou corretivo, a depender do instante em que ele é
empregado. Se a contaminação é esperada e se converte o fluido antes da sua
ocorrência, o método é preventivo, caso contrário é corretivo. Em geral a conversão é
processada na transição entre duas fases da perfuração do poço. É muito comum
converter um fluido não inibido, ao final da fase inicial ou fase I, para um fluido inibido que
será empregado na(s) fase(s) seguinte(s).
62
Nas perfurações na plataforma continental marítima (offshore) a água do mar pode ser
usada na diluição a depender dos aditivos químicos disponíveis e da limitação de peso
específico do fluido.
63
definidas através de um teste piloto com uma amostra do fluido contaminado, a fim de
garantir o sucesso do tratamento ao menor custo possível. A ordem de adição dos
produtos químicos também deve ser estabelecida. Outros dispersantes disponíveis no
mercado são os fosfatos, taninos e lignitos. Os fosfatos e taninos podem ser usados
quando a concentração de sal é baixa, ou seja, inferior a 2% em peso. O uso dos fosfatos
está limitado a temperaturas inferiores a 175 oF e sua eficiência está condicionada a
ambientes de baixo pH (<8,0). Como a contaminação por sal reduz o pH do fluido, o
tratamento com fosfato pode agravar ainda mais os problemas relacionados aos fluidos
de pH ácido, ou seja o desgaste por corrosão da coluna de perfuração e acessórios e
degradação das partes de borracha do sistema de circulação. O uso dos taninos está
limitado a temperatura máxima de 275 oF e em meios alcalinos com pH superior a 9. Os
lignitos podem ser usados em conjunto com os taninos ou com os lignosulfonatos, em
relações em peso de até 1:1, para combater contaminações com concentrações
superiores a 2% em peso de sal. Neste caso, é necessário adicionar também a soda
cáustica para elevar o pH e aumentar a eficiência das misturas dispersantes.
Os efeitos dos cátions divalentes sobre as propriedades dos fluidos iniciais, do tipo água-
bentonita, são semelhantes ao dos cátions monovalentes. Eles provocam aumento da
viscosidade aparente, do limite de escoamento, da força gel e do filtrado e um decréscimo
na viscosidade plástica desses sistemas. Os cátions Ca2+ e Mg2+ são os representantes
mais comuns, presentes na água do mar, nas águas de formação, nas águas de rios, em
formações de carnalita (K2CI2. 2 MgCl2).(10 H2O) e taquidrita (2MgCl2. CaCl2 . 12 H2O),
em camadas de gesso e anidrita e nas pastas de cimento.
64
Quando a contaminação por Ca2+ e Mg2+ se dá em pequena escala, a diluição pode ser
aplicada eficientemente a um baixo custo. O tratamento químico com soda cáustica,
bicarbonato de sódio, carbonato de sódio ou dispersantes orgânicos pode ser empregado
com sucesso, quando a contaminação não é oriunda da perfuração de camadas espessas
de anidrita, gesso e até mesmo de evaporitos contendo carnalita ou taquidrita. Nestes
casos, a conversão do fluido para salgado ou saturado é o método mais indicado se a
idéia é continuar perfurando com fluido de base água. A última alternativa é trocar o fluido
de base água por um fluido de base óleo.
65
(2) adição de dispersantes orgânicos (lignosulfonato, lignito ou tanino) ou inorgânicos
(fosfato e pirofosfato de sódio, por exemplo), para restaurar as propriedades do fluido;
(3) conversão do fluido contaminado para fluido tratado com cal hidratada ou outro fluido
resistente à contaminação por cimento.
O bicarbonato de sódio (NaHCO3) e a soda ash (Na2C03) são os aditivos químicos mais
empregados no tratamento do fluido contaminado por cimento. O bicarbonato de sódio em
quantidade estequiométrica, remove o Ca2+ sob a forma de CaC03 , de acordo com a
reação.
Forma-se o carbonato de cálcio CaC03, inerte e insolúvel, que fica disperso no fluido de
perfiuação como sólido fino sem afetar as suas propriedades. A formação de soda
cáustica eleva bastante o pH do fluido. Se o tratamento for executado, com bicarbonato
em excesso, além da reação anterior ocorre a seguinte:
O tratamento excessivo com NaHCO3, deve ser evitado porque o excesso de íons Na+,
oriundo do Na2C03 e do NaOH, tende a aumentar bastante o limite de escoamento e as
forças géis do fluido. Além disto, o tratamento com bicarbonato é mais eficiente se o fluido
não foi pré-tratado com afinantes (lignosulfonato, tanino ou fosfato) e se o pH estiver
acima de 8,0, para se obter uma completa dissociação do NaHC03. Em geral, esta última
condição ocorre sempre, uma vez que o cimento eleva o pH do fluido acima deste valor.
O carbonato de sódio (Na2C03) também pode ser usado para tratar o fluido contaminado
pelo cimento. A reação do Na2C03 com a cal do cimento é direta e não apresenta
limitação relativa ao pH pois o Na2CO3 é completamente solúvel e dissociável em água.
Entretanto, para cada íon de Ca2+, precipitado sob a forma de CaC03, liberam-se dois íons
de sódio, segundo a equação:
Uma prática usual de campo, consiste em pré-tratar o fluido com afinantes químicos na
superffcie, antes de cortar a sapata do revestimento ou um tampão de cimento executado
no poço. O dispersante orgânico mais usado é o lignosulfonato, porém o lignito e o tanino
também podem ser empregados. Os dispersantes inorgânicos mais comuns pertencem à
66
classe dos fosfatos: pirofosfato ácido de sódio, tetrafosfato de sódio, hexametafosfato de
sódio e pirofosfato tetra-sódico. O uso destes aditivos requer um pH entre 8,0 e 9,5, valor
este facilmente alcançado quando da contaminação por cimento. Durante o tratamento
com fosfato monosódico, o Ca2+ pode formar o fosfato de cálcio insolúvel, segundo a
equação:
Os sulfatos de cálcio naturais são encontrados sob duas formas cristalinas nas bacias
sedimentares, dihidratada, denominado por gesso (CaS04.2H20), ou monohidratada,
denominado de anidrita (CaS04.H20). As suas formas ocorrem como:
(1) capa de domo salino;
(2) camada espessa;
(3) íons solúveis em águas de formação;
(4) cristais depositados sobre outros sedimentos, tais como arenito e folhelho.
A precipitação química pode ser efetuada com soda ash (Na2C03) ou carbonato de bário
(BaCO3). A primeira é menos onerosa e, portanto, mais usual. As reações de precipitação
com estes sais podem ser representadas por:
67
Na2C03 +CaS04 CaC03 +Na2S04
BaC03 + CaS04 CaC03 + BaS04
Como todos os sais formados são praticamente insolúveis e inertes, não causam qualquer
tipo de alteração nas propriedades do fluido. O tratamento com dispersantes é
semelhante ao da contaminação por cimento. Quando se está perfurando uma camada de
gesso e anidrita com espessura superior a 10 m, a melhor opção é converter o fluido para
um fluido tratado por cal ou gesso, uma vez que estes são completamente indiferentes à
contaminação por gesso e anidrita.
Os contaminantes gasosos mais comuns são: oxigênio (O2), hidrocarbonetos (CnHm), gás
carbônico (CO2) e gás sulfídrico (H2S). A fonte principal de O2 e CO2 é o ar atmosférico,
que se incorpora por ocasião da agitação nos tanques, no preparo, tratamento ou
homogeneização do fluido. O CO2 pode também ser produzido através de reações
químicas entre fluidos ácidos e formações ou águas carbonáticas (equação seguinte) ou
por fermentação de produtos orgânicos naturais, como amidos e gomas. Alguns fluidos
conseguem "trapear” e manter o CO2 disperso.
68
Um método empregado na detecção de H2S no campo consiste em emergir um papel
analítico, impregnado com acetato de chumbo, no filtrado de perfuração e depois
comparar sua tonalidade de cor com uma fita padrão, cujas tonalidades estão associadas
a uma concentração equivalente de H2S. Outro método emprega o aparelho denominado
Garrett Gas Train.
O gás sulfídrico provoca uma corrosão eletroquímica sobre o aço, característica dos
meios ácidos. O aço, enfraquecido pelo hidrogênio (hydrogen embrittlement), torna-se
menos resistente às tensões aplicadas, além de apresentar um desgaste do tipo
puntiforme, denominado de corrosão por "pit".
O gás sulfídrico, quando respirado junto com o ar, apresenta também efeitos bastante
nocivos sobre o homem. Em concentrações iguais ou superiores a 100 ppm, o gás
sulfídrico provoca efeitos que vão desde pequenas irritações nos olhos e garganta,
desmaios, até trauma cerebral irreversível e morte.
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Os efeitos da contaminação dos gases corrosivos são combatidos através da adição de
produtos químicos cuja ação pode ser neutralizante, sequestrante, inibidora ou protetora
da superfície metálica. Para eliminar o oxigênio do fluido de perfuração é comum
empregar compostos com baixo grau de oxidação, como o sulfito de sódio (Na2S03) e
bissulfito de amônio (NH4HSO3) que se oxidam em presença de O2 e, por isso, são
também denominados de "seqüestradores de oxigênio". O gás carbônico, por ser um gás
de reação ácida, pode ser neutralizado com a adição de soda cáustica ou de outra base
que reduza o pH do fluido. Além destes, os inibidores formadores de filme, como os sais
de amina de alto peso molecular podem ser usados para minimizar os efeitos corrosivos
do CO2.
O H2S é um gás estudado com maior rigor porque além de muito corrosivo ele pode ser
fatal à vida humana. Nas sondas de perfuração existe uma série de equipamentos
instalados para detectar a presença do H2S em concentrações inferiores a 100 ppm no ar
atmosférico. A eliminação do H2S pode ser atingida de três maneiras:
(1) neutralização;
(2) seqüestro por oxidação;
(3) seqüestro por metais.
o seqüestro do H2S por oxidação pode ser conseguido por adição de um agente oxidante.
O próprio oxigênio do ar pode oxidar o H2S, com menor intensidade. Geralmente, as
reações de oxidação desprendem alto conteúdo energético.
O seqüestrador ideal para o gás sulfidrico nos fluidos deve atender aos seguintes
requisitos:
(1) gerar compostos estáveis, não corrosivos e não nocivos;
(2) reagir completa e rapidamente;
(3) não alterar substancialmente as propriedades do fluido;
(4) permitir descarte do efluente sem causar desequilíbrio ao meio ambiente;
(5) ter custo competitivo.
Os inibidores orgânicos, formadores de filme sobre a superfície do aço, podem ser usados
com o objetivo de reduzir a corrosão do H2S. Os produtos mais usuais são substâncias
orgânicas catiônicas e óleos solúveis. A substância orgânica catiônica é adsorvida na
superfície metálica e interage com o sulfeto de ferro, formando uma película protetora de
um composto complexo. Os inibidores mais utilizados são: octadecilamina, acetato de
70
octadecilamina, éster de ácido sulfônico, cloreto de dimetilamina, sais de fosfonatos
orgânicos e sais de aminas.
A contaminação por água doce, por exemplo, em geral reduz as propriedades reológicas,
como viscosidade aparente, limite de escoamento e forças géis, e a salinidade do fluido,
além de provocar as alterações descritas no parágrafo anterior. Contudo, a contaminação
por água salgada reduzirá a densidade do fluido se a sua densidade for inferior a dele;
aumentará a salinidade, quando a sua for superior a do fluido, provocará o aumento das
propriedades reológicas e do filtrado, quando sua concentração de eletrólitos (Na+, Ca2+,
Mg2+) for tal que proporcione a floculação do fluido. Em situações contrárias, a tendência
é a água salgada alterar essas propriedades no sentido inverso.
Fluidos Dispersos
71
do fluido aumenta demasiadamente, sendo necessário executar tratamentos, como a
diluição, remoção dos sólidos ou adição de dispersantes.
Outro componente importante em alguns fluidos dispersos é o lignito. Este produto pode
ser encontrado sob a forma sódica precausticizado, potássica ou crômica. O lignito é um
dispersante bem menos poderoso do que os polifosfatos e o lignosulfonato, sendo mais
empregado no controle do filtrado na perfuração de poços com temperatura elevada. Os
fluidos dispersos com Íignosulfonato/lignito resistem a temperaturas da ordem de 350 oF,
principalmente quando o cromo está presente nestes compostos. Outros materiais que
podem compor os fluidos dispersos são:
(1) os controladores de filtrado, como amido e carboximetilcelulose (CMC);
(2) os estabilizadores de folhelho;
72
(3) os polímeros floculantes, como a poliacrilamida e o copolímero acrilamida-acrilato.
A tendência atual é empregar fluidos com o menor teor de sólidos possível uma vez que o
teor excessivo de sólidos, principalmente os de dimensão coloidal, reduz bastante a taxa
de penetração. Nesse sentido, os avanços tecnológicos relativos aos equipamentos e
sistema de remoção dos sólidos têm contribuído significativamente para a eliminação dos
sólidos nos fluidos de perfuração. A pesquisa de polímeros floculantes e resistentes a
temperaturas acima de 250°F, que dificultam a incor poração de sólidos coloidais ao fluido
registrou também avanços significativos na última década.
Outras características marcantes nos fluidos dispersos com lignosulfonato são: (1) o
filtrado reduzido, isto é, abaixo de 10 cc/30 min, devido à ação dispersante;
(2) a força gel inicial inferior a 10 Ibf/100 pé2 porém uma gelificação progressiva, isto é,
força gel final superior a força gel inicial somada de cinco unidades, em Ibf/100 pé2 ;
(3) o pH entre 8,0 e10,0, controlado com soda cáustica, uma vez que o lignosulfonato
possui caráter de ácido fraco;
(4) o valor da alcalinidade à fenolftaleína do fluido (Pm) próximo da alcalinidade do filtrado
(Pf), isto é Pm = Pf.
73
A conversão de um fluido inicial para fluido disperso também é uma tarefa relativamente
simples. A adição do dispersante pode ser processada diretamente no fluido inicial,
juntamente com a soda cáustica, de acordo com tipo de fluido disperso que se deseja
obter. Quando o teor de sólidos está muito elevado, isto é acima de 15% em volume,
obtém-se melhores resultados com a conversão, quando se reduz o teor de sólidos
através de diluição. A adição dos demais aditivos está relacionada com os valores das
propriedades a ser controladas. Assim, se após um teste piloto for verificado que o filtrado
está elevado, adiciona-se amido ou CMC para controlá-lo. Se o pH ainda estiver abaixo
do valor desejado, adiciona-se soda cáustica, se o limite de escoamento e forças géis
estiverem baixo, adiciona-se bentonita, preferencialmente pré-hidratada. Por fim,
adiciona-se baritina, ou outro adensante, para adequar a massa específica do fluido.
Fluidos Inibidos
Fluidos inibidos são aqueles programados para a perfuração de formações ativas, isto é
hidratáveis, dispersíveis e até mesmo solúveis, tais como argilas, folhelhos, margas e sal.
A inibição destes sistemas se refere à redução da atividade química da fase dispersante e
à adsorção de materiais que possam reduzir a taxa de hidratação das formações. Os
principais inibidores químicos são os sais ou eletrólitos, enquanto os principais inibidores
físicos são os polímeros.
São fluidos cuja salinidade está entre 10.000 e 311.300 mg/l e que possuem em sua
composição polímeros viscosificantes e redutores de filtrado. São classificados como :
(1) baixa salinidade (10.000-40.000 mg/l)
(2) média salinidade (40.000-70.000 mg/l)
(3) alta salinidade (70.000-311.300 mg/I)
Água....................... QSP
Argila ativada........ 5,0 a 10,0 lb/bbl
Soda cáustica......... QSP para pH 8,5-9,5
CMC AV-AS......... 0,5 a 1.0 lb/bbl
CMC BV-AS......... 0,8 a 1,5 Ib/bbl
74
Amido.................... 0,0 a 6,0 Ib/bbl (opcional)
Bactericida......... 0,5 a 0,7 Ib/bbl (p/preservar o amido)
Sal.......................... QSP salinidade desejada
Baritina.................. QSP peso desejado
75
CMC BV-AS.......................... 1,5 a 2,0 lb/bbl
Amido pré-gelatinizado...........6,0 a 8,0 Ib/bbl
Bactericida............................. 0,5 a 0,7 lb/bbl
76
(b) não é recomendado para densidades acima de 10,0 lb/gal, por ser um fluido de
polímeros com baixo teor de argilas, e, portanto, de baixa tixotropia;
(c) não é recomendado para áreas onde as temperaturas de fundo de poço são elevadas;
(d) não é resistente ao corte de cimento, pois o aumento do pH e do teor de Ca2+
prejudica os polímeros. Em caso de necessidade, tratar previamente com barrilha.
Obs.: no caso do uso de cal, adicionar 2,0 - 3,0 Ib/bbl e reduzir a concentração de soda
cáustica.
77
Fluidos de Baixo Teor de Sólidos
78
As emulsões de óleo em água são também conhecidas por emulsões diretas, na
terminologia técnica dos fluidos de perfuração. Os detergentes comerciais, a argila
ativada e o lignosulfonato são bons emulsificantes do óleo na água. Entretanto, existem
surfactantes específicos, do tipo nonilfenol etoxilado, que conferem excelente
estabilização a este tipo de emulsão, os quais são empregados na concentração de 1,0 a
2,0 % vol da fase óleo.
Fluidos Drill in
79
Os sistemas de fluidos drill-in são projetados para proteger a zona de interesse durante a
construção do poço, prevenindo a ocorrência de dano e melhorando os índices de
produtividade de um poço. Apresentam alto poder de carreamento de cascalhos, boa
lubricidade, bom poder de inibição de argilas e baixo potencial de dano às formações
produtoras. Devido à sua capacidade de tamponamento das gargantas de poros, a
invasão de fluido para formação é reduzida, mediante a formação de um reboco
consistente e de baixa permeabilidade que pode ser facilmente removido pela produção
de hidrocarbonetos.
80
Fluido de perfuração à Base de Orgânicos
Conceituação
Os fluidos são ditos de base óleo quando a fase contínua ou dispersante é constituída por
uma fase óleo, composta de uma mistura de hidrocarbonetos líquidos. Os materiais
usuais na composição da fase contínua são: óleo sintético, óleo mineral, óleo diesel ou
óleo cru. É comum o uso de misturas destes e outros materiais para se obter a fase
contínua destes fluidos. Os exemplos mais usuais são a mistura de óleo diesel com óleo
ou resinas asfálticas e a mistura de óleo mineral com querosene.
O outro constituinte básico dos fluidos de base óleo é a fase aquosa, dispersa sob a
forma de minúsculas gotículas, emulsionada pela ação tensoativa superficial de um
surfactante específico. Sob esta ótica, eles são defínidos como emulsão do tipo de água
em óleo. Distinguem-se duas classes de fluidos de base óleo, em função do teor da fase
aquosa: as emulsões verdadeiras ou fiuidos de base óleo propriamente ditos, cujo teor é
inferior 10% vol, e as emulsões inversas, com 10% vol ou mais de fase aquosa. As
seguintes classes de produtos químicos, por função, completam a composição básica dos
fluidos de base óleo: emulsionantes, saponificantes, redutores de filtração, gelificantes,
agentes óleo-molhantes, dispersantes, alcalinizantes e adensantes.
Características Principais
(a) baixíssima solubilidade das formações de sal, como halita, silvita, taquidrita,
carnalita e anidrita;
(b) atividade química controlada pela natureza e concentração do eletrólito dissolvido
na fase aquosa;
(c) alta capacidade de inibição em relação às formações argilosas hidratáveis;
(d) resistência a temperaturas elevadas, apresentando propriedades reológicas e de
filtração controláveis até 500 oF;
(e) alto índice de lubricidade ou baixo coeficiente de atrito;
(f) baixa taxa de corrosão, sem empregar inibidores químicos específicos;
(g) intervalo amplo para variação da massa específica, isto é, desde 7,0 Ib/gal, até
cerca de 20,0 lb/gal, nos sistemas adensados com baritina.
Aplicação
(a) poços profundos e/ou com elevados gradientes geotérmicos, cujas tempaturas
superem a 350°F;
(b) rochas solúveis em água, como os evaporitos e domos salinos;
81
(c) poços direcionais e/ou de diâmetro reduzido ou delgado;
(d) rochas hidratáveis e plásticas, como os folhelhos e argilitos por exemplo;
(e) formações produtoras danificáveis por fluidos de base água;
(f) poços com baixa pressão de poros, baixo gradiente de fratura ou através de
reservatórios depletados;
(g) poços que gerem ambientes corrosivos.
Os fluidos de base óleo podem ainda ser aplicados para liberar coluna de perfuração
presa por diferencial de pressão e na completação de poços.
Limitações
A tecnologia dos fluidos de base óleo evoluiu bastante nas duas últimas décadas, a ponto
de quase eliminar o número de restrições antes atribuídas a estes sistemas. O
desenvolvimento de novos aditivos e novos equipamentos foi fundamental para se atingir
este estágio. Algumas considerações em relação à aplicação destes fluidos são:
(a) evitá-los em região de interesse ecológico;
(b) usá-los em sondas com excelente sistema de separação de sólidos e lavagem dos
cascalhos;
(c) evitá-los em regiões com registros de perdas de circulação severas;
(d) não executar a perfilagem com perfis que necessitem de meios condutivos, como o
potencial espontâneo (SP) e o de resistividade normal;
(e) somente efetuar seu descarte em ambientes projetados especificamente para tal fim.
Composição Básica
Os componentes básicos dos fluidos de base óleo estão listados a seguir, por classe
funcional e componente químico predominante.
A saponificação dos ácidos graxos é processada com a adição de cal viva (CaO) ou cal
hidratada (Ca(OH)2), formando-se os respectivos sabões de cálcio.
A composição de cada sistema de fluido à base de óleo varia em função dos produtos
químicos empregados, da razão óleo/água, densidade e atividade química da fase aquosa
do fluido. A concentração de cada produto químico dependerá do tipo e da natureza das
formações geológicas a ser perfuradas, bem como de condições operacionais como
temperatura e pressão. Os intervalos de concentrações praticadas estão registrados na
tabela 20.
82
Tabela 20 - Composição Básica de Três Tipos de Sistemas de Fluido Base Óleo
Composição
Aditivos Típica p/ Alta T (> 350 oF) p/ Alta taxa
de penetração
Emulsionante, Ib 4-10 6-10 2-4
Cal viva, Ib 2-10 5-10 2
Agente óleo-molhante,lb 2-4 4-6 4-8
Controlador de filtrado, Ib 3-8 3-15 -
Argila organofílica, Ib 2-4 4-10 4-10
Contaminação e Tratamento
Os fluidos de base óleo são mais resistentes aos contaminantes encontrados durante a
perfuração, como sal, cimento, anidrita, sólidos, água e gases, que os fluidos de base
água. Destes, a água, os sólidos e os gases são os que mais afetam as propriedades dos
fluidos de base óleo. A contaminação por água requer maior atenção, pois pode provocar
desde a alteração drástica das propriedades do fluido até a quebra completa da emulsão.
Um dos parâmetros mais importantes no controle dos fluidos de base óleo é a relação
volumétrica entre a fase óleo e a fase aquosa, contida na fração líquida. O volume de fase
óleo em cem partes volumétrica da fase líquida, isto é, exceto o volume de sólidos, é
definido por razão de óleo (RO) e pode ser determinado a partir dos resultados corrigidos
do teste de retorta pela relação:
(%óleo) corr
RO = x100
(%óleo) corr + (%água) corr
RA=100-RO
E a razão óleo-água (ROA) é, portanto definida por:
ROA = RO/RA
83
A percentagem de fase água ou de fase óleo corrigida é obtida multiplicando a
percentagem de água ou de óleo, determinada diretamente com o teste da retorta, pelo
fator de correção volumétrica (Cv) adequado para cada caso. Equacionando, teremos:
84
Testes de Laboratório
Métodos Físicos
Procedimento
* Segure o funil em posição vertical, obstruindo o orifício de descarga com o dedo
indicador;
* Verta através da peneira a amostra de fluido, previamente agitada e homogeneizada até
que o nível da mesma fique rente à parte inferior da tela da peneira;
Resultados
Calibração
85
* Verifique a precisão do funil Marsh com 1500 cm3 de água doce a 21 oC. O tempo de
escoamento de 1.000 cm3 de água deve ser de 28 ± 0,5 segundos. Caso este valor não
seja observado, desobstrua o tubo ou troque o equipamento.
Cuidados
* Lave e seque todo o equipamento após cada operação.
Procedimento
* Verta o fluido, previamente passado através da peneira do funil Marsh, no tubo de vidro
graduado até a marca indicada e depois adicione água até a referência superior;
* Coloque o funil sobre a peneira e inverta o conjunto lentamente. Faça retomar a areia da
peneira para o interior do tubo, através de jatos d’água;
Resultados
* Registre o conteúdo de areia em percentagem volumétrica.
Cuidado
* Lave e seque o equipamento após cada operação.
86
(3) Massa Específica
Equipamento: Balança densimétrica
Descrição
O equipamento consiste de uma base e braço graduado com copo para amostra, tampa,
fiel, cursor e medidor de nível (veja figura 3). Possui quatro escalas de leituras com os
seguintes intervalos de medida:
Densidade 0,72-2,88
Massa Específica 6-24 lbm/gal
Massa Específica 45-180 lbm/pé3
Gradiente Hidrostático 310-1250 psi/1000 pé
Procedimento
* Encha totalmente o copo da balança com o fluido a ser testado. Se o copo inicialmente
estiver molhado, despeje a primeira porção de fluido e volte a enchê-lo. Deve-se eliminar
bolhas de ar trapeadas no fluido. Para tanto, aplicar alguns golpes no copo, até que as
bolhas desapareçam;
* Coloque a tampa e faça um ligeiro movimento de rotação, até que fique firmemente
assentada no copo, certificando-se que uma pequena quantidade de fluido escape pelo
orifício de purgação;
* Coloque a balança sobre a base e mova o cursor até que a bolha do nível fique
centralizada;
*Leia a massa específica e/ou densidade no lado do cursor que estiver mais próximo do
copo coletor.
Resultados
87
* Registre a leitura da massa específica em Ibm/gal ou de densidade com precisão de
0,05 ou 0,005, respectivamente.
Calibração
* A balança deve ser calibrada freqüentemente com água doce a 21 oC, correspondendo
a uma leitura de densidade igual a 1,00. A aferição se faz retirando ou colocando esferas
ou limalhas de chumbo no depósito especial que existe na extremidade do braço da
balança.
Cuidado
*Lave e seque a balança após cada determinação.
O reservatório é constituído por uma célula cilíndrica com tampa superior, móvel, fixada
através de parafuso tipo prensa, vedada com gaxeta de borracha, e uma base com tela,
também móveis, fixadas e apoiadas na estrutura metálica, vedadas com gaxeta de
borracha (veja figura 4). A área exposta a filtração é de 7 pol2 . O controle de pressão é
efetuado por uma válvula com registro (manômetro). A despressurização é feita através
de uma válvula de escape ou dreno.
Procedimento
* Assegure-se que todas as partes do filtro estejam limpas e secas e que as gaxetas não
estejam gastas ou deformadas;
*Arme todas as peças da célula: a base, uma gaxeta, a tela, o papel-filtro, outra gaxeta e
o corpo da célula;
* Encha com fluido até um centímetro da borda superior da célula. Coloque o conjunto
sobre o suporte central. Assegure-se que a tampa superior da célula tenha sua gaxeta e
tampe a célula, apertando-a com o parafuso;
* Coloque a proveta graduada, limpa e seca, sob o tubo de saída da célula, a fim de
receber o filtrado;
* Feche a válvula de escape e ajuste o regulador de pressão até obter 100 psi em 30
segundos no máximo. Comece a contar o tempo;
* Retire a célula do suporte. Despeje o fluido. Desarme a célula e obtenha o papel de filtro
com o reboco. Lave este com um leve jato de água. Meça a sua espessura em 1/32".
88
Figura 4 - Filtro Prensa Baixa Temperatura e Baixa Pressão
Resultados
Calibração
* Verifique com freqüência a exatidão dos manômetros.
Cuidados
* Não use oxigênio como fonte de pressão;
* Lave e seque imediatamente todas as partes do equipamento após cada teste.
89
completa destilação da amostra de fluido.
Procedimento
*Encha o depósito com o fluido a testar e coloque a tampa no depósito de fluido, fazendo
um movimento giratório para ajuste do volume;
*Limpe bem a tampa, a rosca e corpo externo do depósito, sem derramar o fluido;
* Ligue o aparelho a uma tomada de 115 v CA (ou 220v) e feche o circuito elétrico. Ao
fazer isto a lâmpada piloto deverá acender;
90
*Abra o circuito elétrico. Ao fazer isto, a lâmpada-piloto deverá apagar;
* Deixe a retorta esfriar durante 10 minutos. A seguir, retire a proveta e faça as leituras
correspondentes aos volumes de água e óleo recuperados na proveta graduada.
Resultados
% água = Volume de água x 10
% óleo = Volume de óleo x 10
% sólidos = 100 -(% água + % óleo)
Cuidados
* A retorta só deverá ser operada com voltagens para as quais foi projetada;
* Deve-se evitar que a retorta se esquente ao rubro e que seja posta em contato com
líquidos frios após ter sido aquecida;
* A amostra de fluido deve ser medida com a máxima exatidão;
* Durante a destilação não devem aparecer gotas de umidade em nenhuma das partes
externas da retorta e do condensador, o que indicaria fugas e conseqüentemente erros;
* Utilize palha de aço nova em cada operação a fim de evitar arraste de sólidos para o
condensador;
* Limpe e seque perfeitamente as partes da retorta e dos condutos após cada teste.
Procedimento
* Agite o fiuido a ser testado no misturador Hamilton Beach durante 5 minutos em
velocidade alta (18.000 rpm);
* Verta o fluido no copo do viscosímetro até a sua marca e coloque este na base do
equipamento. Eleve o copo até que o nível do fluido coincida com a marca no rotor e fixe-
o com o parafuso;
* Ligue o motor acionando o interruptor para a posição HIGH e certifique-se que o seletor
de engrenagens esteja na posição inferior;
91
*Coloque o equipamento a 600 rpm por 2 minutos. Imediatamente mude a velocidade
para 3 rpm;
*Desligue o motor e após dez segundos de repouso ligue o aparelho a 3 rpm, ao mesmo
tempo em que observa o ponto máximo atingido pela escala, valor este denominado força
gel inicial;
* Repita os dois últimos itens, primeiro para um tempo de repouso de 10 minutos, a seguir
para um tempo de repouso de 30 minutos. As deflexões máximas obtidas em cada nova
condição são denominadas força gel @ 10 minutos e força gel @ 30 minutos,
respectivamente.
Resultados
Calibração
92
*O aparelho deverá ser calibrado periodicamente, empregando-se uma mistura de
glicerina e água pura na temperatura ambiente ou através do calibrador mecânico
padronizado (kit DW3).
Cuidados
* Limpe o aparelho com o rotor trabalhando a 600 rpm e submerso em água ou solvente
apropriado;
Procedimento
A) Para temperaturas até 200 oF
a - Uma hora ou mais, antes de iniciar o ensaio, ligar a resistência da jaqueta térmica,
ligar o termostato à meia escala e colocar um termômetro metálico no orifício existente na
parte superior. A lâmpada intermitente do termostato acenderá quando for alcançada a
temperatura ajustada no termostato;
h -Dar meia volta na válvula de saída, existente no tubo de descarga da célula e marcar o
tempo de 30 minutos;
93
j - Descomprimir o diafragma e abrir a válvula de descarga do sistema de pressurização;
l - Abrir a válvula do tubo inferior de admissão da célula, a fim de reduzir a pressão interna
até equalizar com a pressão externa;
94
e - Ao completar 30 minutos, fechar as válvulas de entrada e saída; folgar, em seguida, os
parafusos das duas unidades de despressurização e abrir as válvulas de escape;
desconectar as duas unidades;
Cuidados
Procedimento
95
* Pressionar o botão durante 5 a 10 segundos antes de girar o dial. Girar o dial lentamente
até que a luz vermelha acenda.
Resultados
*Fazer a leitura. Este valor multiplicado pelo fator de escala do equipamento (específico
para cada aparelho) fornece a medida da estabilidade elétrica, em volts.
Cuidados
Procedimento
* Girar o botão do centro até a posição CHECK. Com o botão à direita do instrumento
ajuste o ponteiro até a leitura de 100%;
Resultados
96
* Com base na curva de calibração do equipamento utilizando o valor da umidade relativa
obtida, determine a atividade química do sistema testado.
Calibração
Cuidados
Equipamentos Auxiliares
97
Nota: O papel indicador fornece resultados falsos em fluidos com alta concentração de
sal. Neste caso, deve-se utilizar o método potenciométrico, quando o fluido contiver mais
de 10.000 ppm Cl-.
Notas:
1. Se o filtrado se apresentar corado devido, por exemplo, a aditivo corante, a viragem
em ambas as determinações pode ser afetada, particularmente no caso do metilorange.
Neste caso, a determinação do ponto final poderá ser efetuada com um potenciômetro. O
ponto final, para a determinação da alcalinidade Pf é tomado quando o potenciômetro
registrar o valor de pH 8,3;
para o valor de Mf quando registrar 4,3 para o pH.
98
99
100
101
102
103
104
105
106
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Exercícios Propostos
01. Mostre que a pressão hidrostática para um fluido qualquer pode ser determinada pela
equação:
Ph = 0,052.ρ.h
02. Uma formação (arenito) a 1.715 m de profundidade foi testada e apresentou uma
pressão de poros de 3.550 psi. O fluido que se encontra no poço exerce um diferencial de
pressão de 350 psi sobre a formação. Determine o gradiente de pressão, em psi/pé e a
massa específica do fluido, em Ibm/gal.
06. Um tanque com capacidade de 250 bbl está cheio com um fluido de perfuração de
densidade 1,44. Deseja-se aumentar a massa específica deste fluido para 14,0 Ibm/gal,
com adição de baritina (d=4,20) e só se dispõe deste tanque. Determine o volume de
fluido (bbl) a ser descartado.
108
07. Deseja-se aumentar de 100 para 150 psi o diferencial de pressão atuante sobre uma
formação a 1.000 m de profundidade. Calcule a quantidade de baritina (d=4,20)
necessária para elevar a massa específica de todo o volume de fluido (2000 bbl).
08. Determine a massa específica de um fluido, em Ibm/gal, obtido pela adição de 30 Ibm
de bentonita (d=2,60) e 200 Ibm de baritina (d=4,25) a 1,0 bbl de água.
09. Um teste de retorta de um fluido com 11,4 Ibm/gal de densidade registrou um teor de
sólidos de 16,2%, em volume. Considerando o fluido à base de água doce:
a) Estime a percentagem, em volume, de sólidos leves e pesados, equivalentes a
bentonita (d= 2,60) e baritina (d = 4,25);
b) Estime a percentagem em peso;
c) Estime a concentração em Ibm/bbl.
Resposta: a) 9,4 e 6,8% v/v; b) 17,9 e 20,9% p/p; c) 85,5 e 100,0 Ibm/bbl.
10. Determine a massa específica (lbm/gal) de uma emulsão inversa, sabendo-se que a
razão óleo/água é 75/25 em volume.
Obs.: Despreze o efeito dos tensoativos sobre o volume de emulsão.
Dados:
Densidade da fase aquosa: 1,117
Densidade da fase oleosa: 0,740
13. (a) Deduzir uma expressão para a espessura do reboco (ε) formado durante filtração
estática axial, em função de: Φ - porosidade do reboco, em um instante t; v - % vol de
sólidos no fluido; Qf - volume de filtrado total acumulado em um intervalo de tempo ∆t; A –
área exposta à filtração
109
(b) Empregue a expressão obtida no item (a) e determine a espessura de um
reboco cuja porosidade é de 40%, o volume de filtrado API acumulado foi de 12 cm3 e o
fluido testado possui 8% de sólidos em volume
Resposta: b) ε = 0,4 mm
110
Determinar por procedimento gráfico:
a) A perda de líquido (filtrado) no período inicial, antes de iniciar a formação do reboco,
em cm3 (Qs - Surge Loss).
- Sugestão: plotar t/Qf vs Qf; quando t/Qf -> O ; então Qf -> Qs
Respostas: a) Qs (Surge Loss) = 2,2 cc; b) Qo (Spurt Loss) = 3,5 cc; c) QT (Transition
Loss) = Qo - Qs = 3,5 - 2,2 = 1,3 cc; d) QAPI = 16,5 cc, Q'API = QAPI - Qo = 13,0 cc; e) 1º.
método: Qf = 0,3 √t + 3,5; 2º. método: t/Qf = 10 Qf - 57,5.
17. Foram tomadas duas amostras de dois fluidos para completação, no filtro-prensa
API-BTBP, cuja capacidade volumétrica é de 400 cc, aproximadamente.
Uma das amostras (A) continha calcita 325-mesh U.S. com uma concentração de 50
Ib/bbl de fluido base e resultou em um filtrado API de 6,5 cc. Enquanto isso, a amostra (B)
contendo calcita 40 mesh U.S. com uma concentração de 30 Ib/bbl de fluido base resultou
em um filtrado API de 8,2 cc.
a) Determine o poder de retenção de cada um dos sistemas; R = Vol. Fase liq./Vol. Filt.
111
3,9 2
4,5 4
5,0 6
5,3 8
5,7 10
a) Qual o valor dos "spurt loss" (filtrado inicial), em cm3; b) Qual o coeficiente de filtração,
em cm3/(min1/2 .pol2); c) Qual o valor do filtrado API real, em cm3?; d) Qual o valor do
filtrado API aproximado, quando se usa o método aproximado dos dois pontos, admitindo-
se 7,5 min como ponto de referência? Qual o erro cometido?
23. Dois sistemas foram testados em um filtro prensa API-BTBP, para avaliação da
capacidade de retenção.
112
Sistema A:
30 lb/bbl de calcita (d=2,77)
tempo de filtração = 20 min
volume de filtrado acumulado = 8,0 ml
filtrado inicial = 2,77 ml
Sistema B:
66 lb/bbl de bentonita (d=2,38)
tempo de filtração = 25 min
volume de filtrado acumulado = 7,6 ml
filtrado inicial = 1,09 ml
25. O filtrado acumulado de um fluido (em ml) em função do tempo de filtração (em min.)
é dado por Q = 3,2 √t +1,0. Deseja-se reduzir o filtrado acumulado a 36 min de 5 ml e
dispõe-se de 2 produtos no mercado: "A" e “B", cujas eficiências podem ser estimadas
por:
26. Um fluido testado em filtro prensa API-BTBP apresentou uma vazão de filtrado, "q",
em função do tempo, “t", conforme a seguinte expressão:
113
q = 1,14/√t
Onde "q" está expressa em cm3/s e o tempo em segundos. Sabendo-se que o volume
inicial de filtrado foi de 1,5 cm3, determinar a equação de filtração estática e o volume de
filtrado API corrigido.
Resposta: (a) Qf = 1,5 (t)1/2 + 2,0; (b) 10,1 e 8,2 cm3 (c) 12,2 cm3 e 20,0%.
30. Um fluido de perfuração à base de água doce foi preparado com 50g de bentonita por
kg de fluido.
a) Qual o teor de sólidos em peso e em volume desse fluido?
b) Qual o teor de líquidos em peso e em volume desse fluido?
c) Qual a concentração de argila em Ib/bbl?
114
32. 100 bbl de um fluido de perfuração à base de água foi preparado no campo
utilizando-se os seguintes aditivos e quantidades:
Água doce QSP
Bentonita 36 sc de 25 kg
Soda cáustica 1 sc de 50 kg
Óleo 1272 litros
Baritina 45 SC de 50 kg
Determinar:
a) O teor de sólidos, em peso e em volume, desse fluido;
b) O teor de líquido (de água e de óleo) em volume;
c) As concentrações de cada aditivo: em Ib/bbl quando sólidos e em % volume quando
líquidos.
33. Mistura-se 40g de argila em 600 ml de água do mar obtendo-se uma amostra de
fluido.
a) Qual o teor de líquidos, em peso e volume, supondo:
a.1) O sal da água do mar como fase líquida;
a.2) O sal da água do mar como fase sólida.
34. Uma amostra contém 50g de argila (bentonita) e 60g de baritina por litro de fluido
preparado com água doce. Determine:
a) A massa específica do fluido (densidade absoluta) em g/cm3 e Ibm/gal;
b) A densidade relativa do fluido (Specific gravity);
c) O peso específico do fluido (Specific weight) em gf/cm3 e Ibf/gal.
35. Um fluido de densidade 1,2 g/cm3 está sendo utilizado em um poço. À profundidade
de 1.500 m encontra-se uma formação porosa — permeável, portadora de
hidrocarbonetos, com um gradiente de pressão de 0,47 psi/pé.
Determine:
a) O gradiente de pressão do fluido em psi/pé;
b) O diferencial de pressão a 1.500m, em psi;
Qual deveria ser a massa específica do fluido, em Ib/gal, para que, em condições
estáticas o diferencial de pressão fosse nulo?
36. Uma amostra de fluido (base água doce), de densidade 1,68 g/cm3 testado na
retorta, apresentou o seguinte resultado:
Água 65% vol
Óleo 5% vol
Sólidos 30% vol
Calcule a densidade média dos sólidos contidos no fluido.
37. Deseja-se reduzir a massa específica de um fluido de perfuração de 10,5 Ib/gal para
10,0 Ib/gal. Qual o volume de água de diluição a ser utilizado por 100 bbl de fluido:
I - sem alterar o volume do sistema
II - alterando o volume do sistema
115
% água -24,5% em vol
% sólidos - 23,5% em vol
Considerando que o fluido de perfuração em questão foi preparado com água saturada
em NaCl, determine a razão óleo/água deste fluido.
39. Defina o que você entende por 'fluido tixotrópico"- Cite exemplo. Quais as
propriedades que podem ser usadas para quantificar este fenômeno nos fluidos de
perfuração?
41. Dê um significado para cada uma das propriedades químicas simbolizadas abaixo.
pH
Pm
Pf
Mf
42. Coloque a relação dos fluidos abaixo em ordem decrescente de grau de inibição
quanto à hidratação e expansão de formações argilosas.
a) Fluido à base de água com KCl
b) Fluido à base de água com KCl/Polímero
c) Fluido à base de óleo - emulsão inversa
d) Fluido à base de água doce - emulsionado com óleo
e) Fluido com baixo teor de sólidos - do tipo água/polímero
43. Assinale com um ou mais "x" os tipos de sedimentos, dentre os relacionados a seguir,
que necessitam de um controle mais rigoroso do "Filtrado" cedido pelo fluido de
perfuração base água. Justifique.
( ) Folhelho litificado (duro)
( ) Arenito produtor
( ) Calcáreo
( ) Basalto
( ) Arenito bem cimentado, não produtor
( ) Folhelho argiloso, hidratável
( ) Folhelho fraturado, pouco hidratável
( ) Evaporito (sal)
( ) Anidrita
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44. Cite quatro motivos que justifiquem o controle da "massa específica" dos fluidos de
perfuração. E número igual de motivos que justifiquem o controle (ou redução) de
“filtrado”.
45. A litologia prevista para a Fase II de um poço, que se inicia a 600 metros de
profundidade é a seguinte:
Espessura da Formação, m Cota,m
Folhelho argiloso (280m) -880
Arenito portador de água (56m) -936
Argilito (130m) -1066
Anidrita (Ca SO4) (5m) -1071
Halita (Na Cl) (230m) -1301
Folhelho litificado (duro) (350m) -1651
Arenito portador de óleo (36m) -1687
Folhelho (120m) -1807
Arenito (40m) -1847
Sabe-se ainda que o arenito portador de óleo tem gradiente de pressão de poros iguais a
0,496 psi/pé.
Considerando estas informações, sugira um tipo de fluido adequado para perfurar tal fase.
Justifique. Cite os componentes básicos desse fluido e indique a função principal de cada
componente.
( ) O aumento do teor de óleo, acima de valores da ordem de 15% vol, diminui a taxa de
penetração porque provoca um decréscimo elevado na densidade do fluido.
47. Dentre as propriedades abaixo, relativas ao fluido de perfuração, assinale aquela que
mais reduz a taxa de penetração. Comente e justifique sua resposta.
(A) Salinidade
(B) Massa específica
(C) Filtrado
(D) Alcalinidade
(E)Teor de sólidos
(F) Teor de óleo
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48. Faça uma associação das colunas da esquerda e da direita, visando classificar os
sólidos normalmente encontrados nos fluidos de perfuração.
(A) sólido leve ( ) densidade superior a 2,7
(B) silte ( ) tamanho inferior a 2 µ
(C) sólido pesado ( ) tamanho entre 2 – 74 µ
(D) areia ( ) tamanho entre 74 – 500 µ
(E) sólido ativo ( ) tamanho superior a 500 µ
(F) cascalho ( ) densidade inferior a 2,7
(G) sólido inerte ( ) bentonita
(H) sólido coloidal ( ) barita
( ) folhelho
50. Deseja-se aumentar de 100 para 150 psi o diferencial de pressão atuando sobre uma
formação a 1.000 m de profundidade. Calcule a quantidade de baritina necessária para
elevar a massa específica de todo o fluido existente na sonda, isto é 2000 bbl.
Nota: Todos tanques da sonda estão cheios de fluidos e não há tanque de reserva.
Dados:
Gradiente estático de formação : 0,51 psi/pé
Densidade de baritina : 4,2
52. Ao se perfurar a fase I de um poço com um fluido inicial (Spud mud), de densidade
9,0 Ib/gal, ocorreu uma perda de circulação em formação arenosa na profundidade de 650
m. Verificou-se que o nível estático do fluido estava 50 m abaixo da mesa rotativa.
Pergunta-se:
a) Qual a pressão estática dessa formação e qual o gradiente equivalente em psi/pé?
b) É possível perfurar sem perda de circulação com fluidos à base de água? Caso
positivo, determine a massa específica do fluido acima da qual ocorre perda, sob
condições estáticas;
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Determine o fator de diluição, em bbl/bbl do fluido, caso responda afirmativamente ao item
b.
Deseja-se fazer um teste piloto no laboratório com o citado fluido, sem alterar sua
composição. Qual a quantidade, em gramas ou mililitros, a ser usada de cada
componente para preparar 1.000 ml do fluido? Qual a massa específica, em Ib/gal, desse
fluido?
54. Na tentativa de se formular um fluido "mais leve" do que a água, com massa
específica igual a 7,90, utilizando a água do mar para o preparo, optou-se pela seguinte
composição básica:
Pergunta-se:
a) Qual o teor de água, óleo e sólidos, em peso e em volume?
b) Qual a concentração (em Ib/bbl) de bentonita e baritina no fluido?
c) Qual a massa específica, em Ib/gal, do fluido formulado?
56. Coloque ao lado de cada produto químico (ou componente), empregados usualmente
no fluido de perfuração de base óleo a função principal. Quando cabível, sugira uma
função secundária.
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Argila Organofílica _____________________ ______________________
Cal Viva _____________________ ______________________
Cloreto de Sódio _____________________ ______________________
Derivados Amínicos _____________________ ______________________
Água _____________________ ______________________
Lignito Amínico _____________________ ______________________
CompostosSulfonatados_____________________ ______________________
Baritina _______________________ ______________________
58. Cite três vantagens e três desvantagens dos fluidos à base de óleo com relação aos
fluidos à base de água.
Sabe-se que a fase aquosa continha 180.000 ppm de NaCl. Determinar a razão O/A do
fluido em questão.
62. Determine a massa específica, em Ib/gal, de uma emulsão inversa, sabendo-se que a
razão óleo/água é 75/25, em volume.
Obs.: Despreze o efeito dos tensoativos sobre a massa e o volume desse fluido. Foi
usada água salgada saturada com NaCl para o preparo desse fluido.
120
- Estabilidade elétrica 360 volts
- Filtrado API - ATAP 9,8 cc/30 min
- Salinidade da fase aquosa: 220.000 ppm/NaCl
(a) Determine qual a fase que deve ser adicionada para manter a razão óleo/água (ROA)
em 60/40. E quanto desta fase deve ser adicionada por 100 bbl de fluido.
(b) Determine as quantidades de fase óleo e fase aquosa a serem adicionadas no sistema
gerado no item A (ROA = 60/40) em bbl/100 bbl, para reduzir a densidade do fluido para
10,5 Ib/gal, sem alterar a sua ROA. (Densidade da fase óleo = 0,82).
64. Determinar a razão óleo-água de um fluido de base óleo, sabendo-se que as leituras
na proveta da retorta forneceu o seguinte resultado: volume de água = 3,6 cm3 e volume
de óleo = 5,0 cm3 . A salinidade da fase aquosa registrada foi de 260.000 ppm de NaCl.
65. Em um sistema de 100 bbl de fluido de base óleo, a razão óleo-água a ser mantida é
de 70/30. Definir a fase a ser adicionada e determinar a sua quantidade. Os percentuais já
corrigidos do teste de retorta resultaram: fase óleo = 50% e fase aquosa = 25%.
66. Determinar as quantidades dos componentes básicos para preparar 1.000 bbl de um
sistema de base óleo com atividade química de 0,800 controlada com NaCl. O sistema
deve ter razão óleo-água de 75/25, massa específica de 9,7 Ib/gal e será usado em um
poço com temperatura máxima inferior a 300°F. Espec ificar as quantidades das fases e
de cada componente nas unidades usuais de campo e ordená-los conforme a seqüência
de adição.
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Dados Gerais
I - Densidade:
II - Fatores de conversão:
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