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Os etruscos foram expulsos e em 509 a.C. a cidade tornou-se república, governada por dois cônsules. Ao
lado desses dois líderes, atuavam o Senado e a Assembléia Popular. O desenvolvimento de Roma foi
interrompido bruscamente em 390 a.C. devido à invasão dos gauleses que incendiaram a cidade. A derrota
provocou reformas na organização militar, que passou a alistar os plebeus no exército. Outra conquista
popular que contribuiu para fortalecer o Estado foi a publicação, pelo Senado, do Código de Direito Civil,
conhecido como a Lei das Doze Taboas.
A importância política de Roma crescia e em 270 a.C. praticamente toda a Itália estava sob o poder romano,
surgindo assim, o maior Estado do mundo ocidental com uma população de 4 milhões de habitantes. Logo,
o domínio se estendeu para além das fronteiras da península itálica e as famosas legiões romanas
conquistaram um imenso império que se estendeu até o Oriente. Com a anexação da Ásia Menor,
transformada em província em 133 a.C., o Estado Romano conseguiu, em pouco mais de 50 anos, se
converter numa potência internacional sem rival em todo o mundo da época. O ápice do império romano foi
atingido no governo de Augusto.
A lenta decadência de Roma teve como causas as lutas internas, a própria imensidão do império e suas
excessivas despesas militares, os imperadores corruptos (Calígula, Nero e Cláudio), o nascimento do
cristianismo e a pressão dos bárbaros nas fronteiras. No ano 313 Constantino reconhece a vitória do
cristianismo e em 380 Teodósio o declara única religião do
império. Primeiro com Alarico e depois com Átila, os povos
bárbaros atacaram Roma, incendiaram a cidade, reduzindo-a a
uma cidade secundária do império bizantino. Neste ínterim,
crescia e se consolidava o poder do papado que havia se
estabelecido em Roma, fazendo dela a capital mundial do
cristianismo.
No século IX, quando o papa Leão III coroou Carlos Magno
como imperador do Sagrado Império Romano, pareceu que a
antiga glória estaria de volta. Pura ilusão: uma longa batalha Vista de Roma com o Vaticano (Praça São Pedro)
entre a Igreja e a nobreza feudal, entre o papado e o império em primeiro plano.
(batalha pelas investiduras), acabaria por extenuar Roma. Em
1309, o papa foi obrigado a se transferir para Avignon, onde permaneceu até 1377. Durante a Idade Média,
Roma foi ocupada militarmente várias vezes.
Sede oficial do papado, Roma foi o principal foco de um dos maiores movimentos artístico-filosófico-
científicos que a História já presenciou: o Renascimento. Grandes pontífices como Julio II e Leão X
ajudaram a criar a grande Roma Renascentista e depois barroca, onde surgiram monumentos e obras de arte
de excepcional esplendor, graças a artistas como Bramante, Miguel Ângelo e Rafael, entre outros; e
construtores de palácios e igrejas, como Bernini e Borromini. A Roma barroca com suas fontes, palácios,
jardins e monumentos, é o que de melhor existe na civilização ocidental. Nos séculos que se seguiram à
queda do império, Roma firmou cada vez mais o seu prestígio de grande cidade, condição que lhe valeu os
títulos de "Capital do Mundo" e "Cidade Eterna".
Logo após o Cisma Ocidental (1378-1417), Roma se torna a sede da nova República. Em 1798 é invadida
pelos franceses, Napoleão retira a autoridade do papado e Pio X é deportado para a França. Segue uma
breve restauração e logo depois o papa Pio X recupera o poder. Com o "Risorgimento", o pontífice é
novamente obrigado a fugir, nascendo a República do triunvirato de Mazzini. Em 1870, as forças da
unificação italiana entram em Roma e acabam com o poder temporário dos papas, elevando a cidade a
capital da Itália. Durante meio século se desenvolve uma surda guerra entre o papado e o Estado Italiano,
que acabará com o Pacto Lateranenses de 1929, quando o fascismo já começava a dominar a Itália. O papa
regressa como chefe do cristianismo universal e como monarca do menor Estado do mundo, a Cidade do
Vaticano. O regime fascista de Mussolini tenta devolver a Roma sua glória antiga, demolindo construções e
construindo estádios, estradas e monumentos, mais acaba mergulhando a cidade e o país na Segunda Guerra
Mundial. Terminado o conflito, Roma se notabilizou pelo crescimento urbanístico, pela restauração dos
monumentos e obras de arte, pela conservação das ruínas do antigo império e por escavações de sítios
arqueológicos, que proporcionaram o ressurgimento de preciosidades. Enfim, se torna capital do cinema
italiano, um grande centro turístico, uma potência econômica e uma metrópole cosmopolita.
Roma é o cenário perfeito para uma viagem inesquecível, uma cidade romântica e cheia de histórias contada
em cada monumento, em cada rua, em cada edifício, em cada sítio. História como a da Igreja de
Sant'Agnese in Agone, construída no século XVIII pelo papa Inocêncio X, no local onde existia, no ano 300
a.C., um dos maiores bordéis de Roma, e para onde teria sido levada a jovem Agnes, cristã que foi
martirizada pelos romanos. Exposta nua aos clientes do bordel, diz a lenda que os seus cabelos cresceram
milagrosamente, escondendo seu corpo. Quase toda construção romana repousa sobre uma lenda. Nas
próximas edições de A Relíquia vamos fazer um "passeio" pelas ruas de Roma, descrever suas maiores
atrações e, claro, contar suas histórias, que são muitas...