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PÓS-GRADUAÇÃO DE DIREITO CONSTITUCIONAL

MÓDULO DIREITOS E GARANTAIS FUNDAMENTAIS

Professor: Alfredo Domingues Barbosa Migliore

1. Material pré-aula

a. Tema

“Novos Direitos”

b. Noções Gerais

Principais tópicos relacionados ao assunto em tela:

Nova Hermenêutica Constitucional

Indenização e equidade

Direito de Empresa

Multipropriedade

Ampliação da noção de paternidade

Proteção dos Direitos Fundamentais da Pessoa com Deficiência

Liberdade de expressão e de manifestação

Direito de antena

Direito dos animais

Direito ambiental

Biodireito

Bioética e o Direito Genético

Direito de morrer

Direitos sexuais e reprodutivos

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Homoafetividade

Direito ao esquecimento

Direitos na Era Digital e o Marco Civil

Composição extrajudicial de litígios

c. Legislação

Constituição Federal.

d. Julgados/Informativos

DIREITO CIVIL. INVALIDADE DA PENHORA SOBRE A INTEGRALIDADE


DE IMÓVEL SUBMETIDO A TIME SHARING.
É inválida a penhora da integralidade de imóvel submetido ao regime
de multipropriedade (time-sharing) em decorrência de dívida de
condomínio de responsabilidade do organizador do compartilhamento.
Na espécie, reconhece-se que a natureza jurídica da multipropriedade
imobiliária bem mais se compatibiliza com a de um direito real. Isso
porque, extremamente acobertada por princípios que encerram os
direitos reais, a multipropriedade imobiliária, nada obstante ter feição
obrigacional aferida por muitos, detém forte liame com o instituto da
propriedade, se não for a sua própria expressão, como já vem
proclamando a doutrina contemporânea, inclusive num contexto de
não se reprimir a autonomia da vontade nem a liberdade contratual
diante da preponderância da tipicidade dos direitos reais e do sistema
de numerus clausus. Não se vê como admitir, no contexto do
CC/2002, óbice a se dotar o instituto da multipropriedade imobiliária
de caráter real, especialmente sob a ótica da taxatividade e
imutabilidade dos direitos reais inscritos no art. 1.225. Primeiro,
porque o vigente diploma, seguindo os ditames do estatuto civil
anterior, não traz nenhuma vedação nem faz referência à
inviabilidade de consagrar novos direitos reais. Segundo, porque com
os atributos dos direitos reais se harmoniza o novel instituto, que,
circunscrito a um vínculo jurídico de aproveitamento econômico e de

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imediata aderência ao imóvel, detém as faculdades de uso, gozo e
disposição sobre fração ideal do bem, ainda que objeto de
compartilhamento pelos multiproprietários de espaço e turnos fixos
de tempo. REsp 1.546.165-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
Rel. para acórdão Min. João Otávio de Noronha, por maioria, julgado
em 26/4/2016, DJe 6/9/2016.

RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL-CONSTITUCIONAL. LIBERDADE


DE IMPRENSA VS. DIREITOS DA PERSONALIDADE. LITÍGIO DE
SOLUÇÃO TRANSVERSAL. COMPETÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL
DE JUSTIÇA. DOCUMENTÁRIO EXIBIDO EM REDE NACIONAL. LINHA
DIRETA-JUSTIÇA. SEQUÊNCIA DE HOMICÍDIOS CONHECIDA COMO
CHACINA DA CANDELÁRIA. REPORTAGEM QUE REACENDE O TEMA
TREZE ANOS DEPOIS DO FATO. VEICULAÇÃO INCONSENTIDA DE
NOME E IMAGEM DE INDICIADO NOS CRIMES. ABSOLVIÇÃO
POSTERIOR POR NEGATIVA DE AUTORIA. DIREITO AO
ESQUECIMENTO DOS CONDENADOS QUE CUMPRIRAM PENA E DOS
ABSOLVIDOS. ACOLHIMENTO. DECORRÊNCIA DA PROTEÇÃO LEGAL E
CONSTITUCIONAL DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E DAS
LIMITAÇÕES POSITIVADAS À ATIVIDADE INFORMATIVA. PRESUNÇÃO
LEGAL E CONSTITUCIONAL DE RESSOCIALIZAÇÃO DA PESSOA.
PONDERAÇÃO DE VALORES. PRECEDENTES DE DIREITO
COMPARADO.
1. Avulta a responsabilidade do Superior Tribunal de Justiça em
demandas cuja solução é transversal, interdisciplinar, e que abrange,
necessariamente, uma controvérsia constitucional oblíqua,
antecedente, ou inerente apenas à fundamentação do acolhimento ou
rejeição de ponto situado no âmbito do contencioso
infraconstitucional, questões essas que, em princípio, não são
apreciadas pelo Supremo Tribunal Federal.
2. Nos presentes autos, o cerne da controvérsia passa pela ausência
de contemporaneidade da notícia de fatos passados, que reabriu
antigas feridas já superadas pelo autor e reacendeu a desconfiança
da sociedade quanto à sua índole. O autor busca a proclamação do
seu direito ao esquecimento, um direito de não ser lembrado contra
sua vontade, especificamente no tocante a fatos desabonadores, de

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natureza criminal, nos quais se envolveu, mas que, posteriormente,
fora inocentado.
(....)
17. Ressalvam-se do direito ao esquecimento os fatos genuinamente
históricos - historicidade essa que deve ser analisada em concreto -,
cujo interesse público e social deve sobreviver à passagem do tempo,
desde que a narrativa desvinculada dos envolvidos se fizer
impraticável.
18. No caso concreto, a despeito de a Chacina da Candelária ter se
tornado - com muita razão - um fato histórico, que expôs as chagas
do País ao mundo, tornando-se símbolo da precária proteção estatal
conferida aos direitos humanos da criança e do adolescente em
situação de risco, o certo é que a fatídica história seria bem contada e
de forma fidedigna sem que para isso a imagem e o nome do autor
precisassem ser expostos em rede nacional. Nem a liberdade de
imprensa seria tolhida, nem a honra do autor seria maculada, caso se
ocultassem o nome e a fisionomia do recorrido, ponderação de
valores que, no caso, seria a melhor solução ao conflito.
19. Muito embora tenham as instâncias ordinárias reconhecido que a
reportagem se mostrou fidedigna com a realidade, a receptividade do
homem médio brasileiro a noticiários desse jaez é apta a reacender a
desconfiança geral acerca da índole do autor, o qual, certamente, não
teve reforçada sua imagem de inocentado, mas sim a de indiciado.
No caso, permitir nova veiculação do fato, com a indicação precisa
do nome e imagem do autor, significaria a permissão de uma
segunda ofensa à sua dignidade, só porque a primeira já ocorrera no
passado, uma vez que, como bem reconheceu o acórdão recorrido,
além do crime em si, o inquérito policial consubstanciou uma
reconhecida "vergonha" nacional à parte.
20. Condenação mantida em R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), por
não se mostrar exorbitante. 21. Recurso especial não provido. REsp
1334097 / RJ RECURSO ESPECIAL 2012/0144910-7 REsp 931513 /
RS RECURSO ESPECIAL 2007/0045162-7 Relator(a) Ministro CARLOS
FERNANDO MATHIAS (JUIZ FEDERAL CONVOCADO DO TRF 1ª
REGIÃO) (8135) Relator(a) p/ Acórdão Ministro HERMAN BENJAMIN
S1 - PRIMEIRA SEÇÃO Data da Publicação/Fonte DJe 27/09/2010

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e. Leitura sugerida

CARVALHO NETO, INACIO de. Novos direitos - após seis anos de


vigência do código civil de 2002. JURUÁ.

LÔBO, Paulo Luiz Netto. A repersonalização das relações de família.


IN: ARAÚJO, Luís Ivani de Amorim e DEL’OMO, Florisbal de Souza.
Direito de família contemporâneo e os novos direitos. Rio de Janeiro:
Forense, 2006.

MIGLIORE, Alfredo D. B. Personalidade Jurídica dos Grandes


Primatas. 1. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2012. v. 1. 434p.
Disponível em:
file:///C:/Users/User/Downloads/PERS_GRANDES_PRIMATAS_VERSA
O_SIMPLIFICADA.pdf

OLIVEIRA, Paula Julieta Jorge de. As faces da verdade: Os novos


direitos e os Princípios Constitucionais Fundamentais. In: Âmbito
Jurídico, Rio Grande, XIII, n. 75, abr 2010. Disponível em:
http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_
id=7646

PASOLD, César Luiz. Novos direitos: conceitos operacionais de cinco


categorias que lhes são conexas. Disponível em:
https://periodicos.ufsc.br/index.php/sequencia/article/view/15192/13
817

f. Leitura complementar

BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Tradução por Carlos Nélson


Coutinho. 5 reimp. Rio de Janeiro: Campus, 1992. p. 68.Título
original: L’ Etàt dei Diritti.

DIAS, Maria Berenice. A Homoafetividade Como Direito. In: Novos

5
Direitos. coord. NICOLAU JÚNIOR, Mauro. Juruá, 2007. p. 336, item 5

MIGLIORE, Alfredo D. B. A Clonagem humana à luz do Direito Civil: o


eu revivido, um novo eu, ou uma aberração? Revista Forense
(Impresso), v. 407, p. 3-29, 2010.

____________________. Direito deles ou nosso dever? O sofrimento


animal sob a perspectiva da Bioética. Revista Brasileira de Direito
Animal, v. 6, p. 97-131, 2010.

____________________. Novos Desafios do Biodireito. 1a. ed. São


Paulo: LTR, 2012. v. 1. 276p .

____________________. Dignidade da Vida Humana. 1. ed. São


Paulo: LTR, 2010. v. 1. 302p .

____________________. Direito além da vida: um ensaio sobre os


direitos da personalidade post mortem. 1. ed. São Paulo: LTr, 2009.
v. 1. 293p .

SANTILLI, Juliana. Socioambientalismo e novos direitos: proteção


jurídica à diversidade biológica e cultural. São Paulo.

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