You are on page 1of 2

TEOLOGIA DO ACOLHIMENTO NA CARTA A FILEMOM.

O QUE É TEOLOGIA DO ACOLHIMENTO.

O 7º plano pastoral da Arquidiocese de Campinas escolheu como um dos eixos do seu


trabalho evangelizador o tema do acolhimento. Uma igreja que acolhe tendo em vista a
necessidade de ir ao encontro das pessoas, famílias e comunidades. Ir ao encontro para
comunicar e partilhar o dom do encontro com Jesus de Nazaré, conforme solicitação do
documento de Aparecida (N 548).
Segundo o texto base publicado pela Arquidiocese de Campinas, acolher é uma atitude que
abre as portas para as desafiadoras realidades que nos cercam. Esta atitude deve permear
todos os nossos trabalhos. A atitude de acolhimento deve banir dos nossos corações todo tipo
de preconceito ou fobia. Para que a acolhida realmente aconteça é preciso reeducar nosso
olhar. Muitas vezes agimos como os fariseus que ficavam controlando os passos de Jesus para
pegá-lo em alguma armadilha. Os fariseus se consideram perfeitos, os mais fiéis observantes
da lei de Deus. Os fariseus escandalizavam-se porque Jesus comia com os pecadores (Mc,
2,16, Lc 5,27-32), porque os discípulos de Jesus não praticavam os jejuns que eles praticavam
(Mc, 2,18), porque Jesus dizia que o que entrava pela boca não era impuro, mas sim o que
saía da boca, relativizando desse modo as leis da pureza ( Mt 15,12). Os fariseus queriam um
sinal do céu, mas Jesus se negava, já que havia dado tantos sinais, que eles não souberam
reconhecer (Mt 16-1,5).
Os fariseus ficaram escandalizados porque Jesus curou um doente num dia de sábado, porque
acolheu os pecadores e cobradores de impostos (Lc 15,1-2). Jesus condena a hipocrisia e o
egoísmo dos fariseus! Pois, bem, para que possamos acolher com carinho nosso povo
precisamos extirpar dos nossos corações qualquer rastro de farisaísmo. O olhar que julga,
condena, atira pedras, precisa ser completamente renovado. Nestes 27 anos de ministério
sacerdotal já encontrei muitos cristãos que possuem uma mentalidade mesquinha, limitada,
preconceituosa, que sem querer ou querendo agem como os fariseus no tempo de Jesus. O
acolhimento, esta atitude que abre o sorriso e os braços para receber uma pessoa precisa ser
sincero, brotar do íntimo de um coração que sabe amar. É evidente que o acolhimento
amoroso e fraterno como sugere a Arquidiocese de Campinas, não implica necessariamente
numa “moral laxista”.
O acolhimento enquanto gesto de carinho deve ser também educativo. Há muitas maneiras de
falar e corrigir uma pessoa. A suavidade no olhar, no falar, o momento correto de se
aproximar devem pautar nossos comportamentos em comunidade. A vida em comunidade não
é fácil! A atitude de prudência no corrigir deve ser pauta para nossas atitudes e gestos na
convivência com os irmãos. Jesus denuncia com força a falsidade da religião dos fariseus,
justamente porque as aparências de santidade enganam mais. Não podemos mais viver de
aparências!
A atitude de Jesus é severa e profundamente comprometida com a verdade. Chama os fariseus
de “geração má e adúltera” (Mt 16,4), “são cegos que guiam cegos” (Mt 15,14). Diz, ainda:
“vós, ó fariseus, sois como o exterior da taça e do prato que purificais, mas o vosso interior
esta cheio de maldade. Insensatos!” (Lc 11,39-40). Para o bom acolhimento é preciso deixar
de lado as aparências. Muitas vezes vivemos de aparências, estamos mais preocupados com o
“exterior” do que com o “interior”. Só é capaz de acolher bem quem estiver de bem consigo
mesmo. Pessoas mal amadas, frias, ressentidas, com o coração de pedra não sabem acolher.
Como é bom chegar numa igreja e encontrar um sorriso gostoso, um abraço carinhoso, uma
voz terna, um olhar despido de qualquer julgamento. Que todos possamos colocar em prática
esta proposta séria de uma Igreja que verdadeiramente acolhe.

Padre José Antônio Trasferetti é doutor em Teologia e Filosofia, e diretor da Faculdade de


Filosofia da PUC-Campinas

REFERENCIA

http://arquidiocesecampinas.com/teologia-do-acolhimento/

You might also like