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Anexo

Textos para discussão


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Prefácio de Nicolau Copérnico aos Livros sobre as Revoluções, dedicado a


Sua Santidade Paulo III, Sumo Pontífice

Seguramente bem posso, Santíssimo Padre, ter a certeza de que certas pessoas, ao
ouvirem dizer que eu atribuo determinados movimentos ao globo terrestre, nestes meus
livros escritos acerca das revoluções das esferas do Universo, imediatamente hão-de
gritar a necessidade de eu ser condenado juntamente com tal opinião. No entanto, a
mim não me satisfazem as minhas ideias a ponto de deixar de ponderar o que os outros
estiverem dispostos a julgar a respeito delas. E, embora eu saiba que as ideias de um
filósofo não estão sujeitas ao julgamento do vulgo, uma vez que a preocupação daquele
é inquirir da verdade em todas as circunstâncias até onde tal é permitido à razão humana
por Deus, todavia penso que as opiniões totalmente erróneas devem ser evitadas. Por
isso, ao pensar comigo mesmo como aqueles que afirmam ser confirmada pelo
julgamen- to de muitos séculos a opinião de que a Terra está imóvel no meio do céu, e
aí está colocada servindo-lhe de centro, haviam de considerar uma cantilena absurda
defender eu, pelo contrário, que é a Terra que se move; hesitei comigo durante muito
tempo se havia de dar a lume os meus Comentários escritos para demonstração desse
movimento, ou se seria preferível seguir o exemplo dos Pitagóricos e de alguns outros
que procuravam confiar os mistérios da filosofia aos seus familiares, amigos e a
ninguém mais, não por escrito mas de viva voz, tal como atesta a carta de Lísis a
Hiparco. E quanto a mim, bem me parece que o fizeram não por qualquer espécie de má
vontade em comunicar os seus ensinamentos, como alguns julgam, mas para que
assuntos tão belos e investigados pelo estudo aturado de grandes homens não fossem
desprezados por aqueles que, ou detestam gastar o seu belo tempo em outras letras que
não sejam as lucrativas ou, mesmo quando sejam estimulados, pelas exortações e pelo
exemplo de outros, para o estudo liberal da filosofia, contudo, por causa da tacanhez da
sua inteligência, vivem entre os filósofos como zangãos entre abelhas.
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Ao ponderar, pois, estas razões comigo mesmo, o desprezo que eu deveria recear por
causa da novidade e do absurdo da minha opinião tinha-me levado quase a interromper
por completo o trabalho começado.

Mas os amigos me arrancaram à indecisão e mesmo à relutância em que eu andava, há


longo tempo, entre os quais esteve Nicolau de Schönberg, cardeal de Cápua, célebre em
todo o tipo de conhecimentos, e um homem a ele semelhante, o meu muito querido
amigo Tideman Gísio, bispo de Cúlmen, por ser profundamente interessado pelas
ciências sagradas e por todas as belas letras. Foi ele na verdade que frequentemente me
exortava e, de mistura por vezes com censuras, me instava a que deixasse publicar e dar
finalmente a lume esta minha obra que estava escondida, retida em minha casa, não
apenas há nove anos, mas há quatro vezes nove. O mesmo fizeram junto de mim,
numerosíssimos outros homens muito eminentes e muito cultos, exortando-me a que,
por um preconceito de medo, não recusasse por mais tempo confiar a minha obra à
comum utilidade dos estudiosos da Matemática. Segundo eles, havia de suceder que,
quanto mais absurda parecesse agora à maioria esta minha teoria acerca do movimento
da Terra, tanto maior admiração e estima ela haveria de concitar, depois de verem,
através da edição dos meus Comentários, dissipada a obscuridade do seu absurdo por
meio das mais transparentes demonstrações.

Levado, pois, por estes persuasores e por esta esperança, permiti finalmente aos amigos
que fizessem a edição da obra que eles me solicitavam há muito. Contudo não será,
porventura, tão grande a admiração de Vossa Santidade pelo facto de eu ter ousado
trazer a lume estas minhas lucubrações e de, após tanto trabalho na sua elaboração, me
ter decidido a deixar de hesitar em confiar as minhas cogitações acerca do movimento
da Terra, também, à letra de imprensa; mas o que mais se espera de mim é ouvir dizer
como me veio ao pensamento a audácia de, contra a opinião aceite dos matemáticos e,
em certa medida, contra o senso comum, imaginar algum movimento da Terra. Por tal
razão não quero que Vossa Santidade ignore que nenhum outro motivo me levou a pensar num
método diferente de calcular os movimentos das esferas do Universo senão o facto de ter
verificado que os matemáticos não estão de acordo consigo próprios na investigação de tais
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movimentos. É que em primeiro lugar eles se encontram de tal maneira inseguros quanto
ao movimento do Sol e da Lua que nem a duração regular do ano corrente são capazes
de explicar e formular.

Em segundo lugar, ao determinarem os movimentos das esferas do Universo e dos


cinco planetas não usam até dos mesmos princípios e premissas que nas demonstrações
dos movimentos e revoluções aparentes. Com efeito, uns apenas se servem de círculos
concêntricos e outros de círculos excêntricos e de epiciclos com os quais, porém, não
atingem completamente o que pretendem. É que aqueles que se baseiam nos círculos
concêntricos, embora tenham demonstrado que a partir deles se podem estabelecer
alguns variados movimentos, não puderam, apesar disso, tirar daí, nenhuma certeza que
desse segura resposta aos fenómenos. Quanto àqueles que imaginaram os círculos
excêntricos, embora pareçam ter dado, em grande parte, solução aos movimentos
aparentes com cálculos apropriados, admitiram, no entanto, por vezes, muitos daqueles
que parecem opor-se aos princípios fundamentais acerca da regularidade do movimento.
Também não conseguiram descobrir ou concluir a partir desses círculos um facto de
mais interesse ou seja a forma do Universo e a justa simetria das suas partes, mas
aconteceu-lhes como a alguém que fosse buscar a diferentes pessoas mãos, pés, cabeça
e outros membros, perfeitamente apresentados sem dúvida mas sem formarem um
corpo uno, e sem qualquer espécie de correspondência mútua entre si, de tal maneira
que resultaria deles mais um monstro do que um homem. E assim, no processo de
demonstração a que chamam método, verifica-se que deixaram de fora algumas das
condições necessárias ou incluíram nele alguma coisa estranha e que nada tinha a ver
com a matéria. E isto não lhes teria de certeza acontecido se tivessem seguido
princípios rigorosos. É que se as suas hipóteses admitidas não fossem falsas, tudo o que
delas se conclui verificar-se-ia sem margem de dúvida. É possível que seja confuso o
que estou a dizer agora, mas tornar-se-á mais claro em seu devido lugar.

Andando eu, pois, há muito tempo a meditar comigo nesta incerteza dos ensinamentos
tradicionais das matemáticas acerca da dedução dos movimentos das esferas do
Universo, começou a desgostar-me o facto de os filósofos não terem conhecimento
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firme de nenhuma explicação da máquina do Mundo que por nossa causa fora
construída pelo mais qualificado e modelar artista de todos, eles que, aliás, fazem afinal
profundas investigações a respeito das mais minuciosas coisas deste Universo.

Por isso dei-me à tarefa de ler os livros de todos os filósofos que pudesse adquirir,
disposto a indagar se nunca nenhum teria opinado a existência de outros movimentos
das esferas do mundo, diferentes dos que lhes apresentavam quantos ensinavam
Matemática nas escolas. E de facto descobri, primeiro em Cícero, que Nicetas
reconhecera que a Terra se move. Depois, também em Plutarco verifiquei que tinha
havido outros da mesma opinião. Para que as suas palavras sejam acessíveis a todos
pareceu-me bem transcrevê-las aqui:

"Outros pensam que a Terra está fixa. Mas o pitagórico Filolau diz que ela gira em
órbita à volta do fogo, num círculo oblíquo à semelhança do Sol e da Lua. Heraclides
do Ponto e o pitagórico Ecfanto atribuem movimento à Terra, não de maneira a sair da
sua posição mas girando como uma roda do Ocidente para Oriente, à volta do seu
centro".

Assim, aproveitei, desde logo a oportunidade e comecei também eu a especular acerca


da mobilidade da Terra. E embora a ideia parecesse absurda, contudo, porque eu sabia
que a outros antes de mim fora concedida a liberdade de imaginar os círculos que
quisessem para explicar os fenómenos celestes, pensei que também me fosse facilmente
permitido experimentar se, uma vez admitido algum movimento da Terra, poderia
encontrar demonstrações mais seguras do que as deles para as revoluções das esferas
celestes.

E deste modo, admitindo os movimentos que à Terra atribuo na obra infra, com
perguntas e longas observações, descobri que, se estabelecermos relações entre a
rotação da terra e os movimentos dos restantes astros, e os calcularmos em
conformidade com a revolução de cada um deles, não só se hão-de deduzir daí os seus
fenómenos, mas até se hão-de interligar as ordens e grandezas de todas as esferas e
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astros assim como o próprio céu, de modo que, em parte nenhuma, nada de si se possa
deslocar sem a confusão das restantes partes e de toda a universalidade.

Assim também em todo o desenvolvimento da obra segui esta ordem: descrevo no


primeiro livro todas as posições das esferas juntamente com os movimentos da Terra —
os que eu lhe atribuo — de maneira que este livro contenha como que a constituição
geral do Universo. E nos restantes livros a seguir, comparo os movimentos dos demais
planetas e de todas as esferas com o movimento da Terra, para que daí, se possa
concluir até que ponto será possível conservar os movimentos e comportamentos
aparentes dos restantes planetas e esferas, se os confrontarmos com os movimentos da
Terra. E não duvido que os talentosos e sábios matemáticos hão-de solidarizar-se
comigo se, pois que esta disciplina acima de tudo o exige, quiseram conhecer e
ponderar, não superficialmente mas em profundidade, o que por mim vem exposto nesta
obra, para demonstração destas matérias. E para que tanto sábios como não — sábios
vissem que eu não fujo de modo nenhum ao julgamento de ninguém, resolvi dedicar a
Vossa Santidade, de preferência a qualquer outrem, as minhas lucubrações, visto que
Vós, até neste remotíssimo canto da Terra onde vivo, sois considerado mais eminente
não apenas na dignidade da Ordem mas na dedicação a todas as letras e também à
Matemática, afim de que com a Vossa autoridade e o Vosso julgamento possais
facilmente reprimir as mordeduras dos caluniadores, embora o provérbio diga que não
há remédio para as mordeduras dos impostores. E se, por acaso, houver vozes loucas
que apesar de ignorarem totalmente as Matemáticas se permitam, mesmo assim, um
julgamento acerca destas lucubrações e ousem censurar, atacando o meu trabalho a
pretexto de algum passo da Escritura, malevolamente distorcido em vista ao meu
propósito, eu não lhes dou importância nenhuma, a ponto de desprezar até o seu juízo
como temerário. De facto, não é desconhecido que Lactâncio, célebre escritor, aliás,
mas fraco matemático, fala da forma da Terra de uma maneira perfeitamente infantil
quando zomba dos que proclamam que a Terra tem a forma de um globo. Portanto, não
deve parecer estranho aos estudiosos se alguns que tais zombarem de nós também. As
Matemáticas escrevem-se para os matemáticos, aos quais também esta minha obra, se
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não me engana a mim a ideia, hão-de parecer algo útil até à República eclesiástica, cujo
principado Vossa Santidade tem agora em Seu poder.

Com efeito, ainda não há muito tempo, sob o pontificado de Leão X, quando se discutia
no Concílio de Latrão a reforma do Calendário eclesiástico, ela continuou tão indecisa
unicamente pelo facto de se considerar que a duração dos anos e dos meses, bem como
os movimentos do Sol e da Lua, ainda não estavam convenientemente medidos. Foi
justamente a partir desta altura que voltei a minha atenção com mais diligência para a
investigação destas realidades, aconselhado por um homem ilustríssimo, D. Paulo,
bispo de Fossombrone, que então dirigia aquele processo. Aquilo, porém, que eu
defender nesta matéria confio-o sobretudo ao julgamento de Vossa Santidade e ao de
todos os outros sábios matemáticos. E para não parecer que, no referente à virtude da
obra, eu estou a prometer a Vossa Santidade mais do que poderei cumprir, passo agora
ao seu projecto.

Nicolau Copérnico, As Revoluções dos Orbes Celestes, Fundação Calouste Gulbenkian,


Lisboa, 1984.
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Sobre a Relatividade do Movimento

Um texto de Nicolau de Cusa

Os antigos não chegaram às verdades que ora expusemos, porque não atingiram a
"douta ignorância". A partir de agora é claro em toda a sua verdade que a Terra se
move, ainda que não pareça, porque só somos capazes de compreender o movimento
em relação a algo fixo. Se um homem que se encontra num navio, no meio da água, não
soubesse que a água corre e não visse as margens, como saberia que o navio se move?
Porque pareceria a qualquer um, quer estivesse na Terra, no Sol ou em outra estrela, que
estaria imóvel no centro, enquanto todas as outras coisas se moveriam; qualquer um
estabeleceria concerteza pólos diversos, consoante se encontrasse no Sol, na Terra, na
Lua, em Marte, e assim sucessivamente. Portanto, a máquina do mundo terá em
qualquer ponto o centro e a circunferência em nenhum lugar, porque o seu centro e a
sua circunferência são Deus, que está em toda a parte e em lugar algum.

Nicolau de Cusa, De docta ignorantia, (1440) Liv.II,Cap.12.

Um texto de Giordano Bruno

SMITH — Da vossa resposta ao argumento relativo aos ventos e às nuvens,


deduz-se também a resposta a outro (argumento) de Aristóteles, tirado do Céu e
Mundo, onde ele diz que seria impossível a uma pedra, lançada para cima, voltar a cair
sobre a mesma vertical, porque a rotação da Terra, sendo muito rápida, deveria deixá-la
bem para trás, para Ocidente.
− Com efeito, acrescenta Smith, esta projecção, permanecendo interior à Terra,
participa necessariamente do seu movimento, de tal maneira que todas as relações de
verticalidade ou de obliquidade se vêem modificadas.
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− Do mesmo modo, há uma diferença entre o movimento do navio e o das coisas


que estão no navio. Se assim não fosse, seguir-se-ia que no interior do navio em
movimento no mar, jamais alguém poderia fazer um traço em linha recta, duma ponta à
outra, e não seria possível a ninguém dar um salto e cair a seus pés, no sítio donde se
lançou para cima.
THEO – Com a Terra se movem, pois, todas as coisas que nela se encontram.
Por isso, se dum lugar exterior à Terra, qualquer coisa fosse lançada sobre a Terra, ela
não cairia em linha recta, em consequência do movimento terrestre: é o que significa no
navio AB, quando ele percorre um rio.
(…)
THEO – Por isso, para voltar ao nosso assunto, se dois observadores, um no
interior, outro no exterior do navio, têm a mão pousada no mesmo ponto do ar, e que
deste mesmo ponto, ao mesmo tempo, deixam um e outro cair uma pedra, sem lhe
imprimir qualquer impulso, a pedra do primeiro não se afastará nada da sua trajectória e
irá directamente para o ponto pré-fixado, ao passo que a pedra do segundo ficará para
trás. A única causa de uma tal diferença é que a pedra de um, lançada do navio,
participa por consequência do movimento e da força do navio, força de que é
desprovida a outra pedra, escapada da mão de um observador exterior ao navio. E isto,
ainda que se suponha que as pedras tenham a mesma gravidade, atravessem o mesmo
navio e partam do mesmo ponto… A razão desta diversidade é simplesmente que as
coisas ligadas ao navio ou a elas pertencentes, se movem com ele: uma das pedras
participa da força do motor que se move com o navio, a outra não comporta uma tal
participação.

Giordano Bruno, La cena de le ceneri (1584).


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O Princípio da Relatividade de Galileu

Extracto da "Lettera a Francesco Ingoli“


de Galileu Galilei, de 23 de Setembro de 1624

Fechai-vos com um dos vossos amigos num vasto beliche sob a ponte de um grande
navio. Fazei de tal modo que haja no seu interior moscas, borboletas e outros insectos
voadores. Tomai também um grande recipiente contendo água e peixes. Colocai ainda
outro recipiente a uma certa altura, de onde cai água, gota a gota, dentro de uma garrafa
de gargalo estreito posta no chão. Enquanto o navio se encontra imóvel observai
atentamente como os insectos voam em todas as direcções com a mesma velocidade,
dentro do beliche. Vereis também que os peixes nadam indiferentemente para qualquer
parte da beira do tanque e que as gotas caem todas dentro da garrafa colocada por baixo.
E vós se atirardes um objecto qualquer ao vosso amigo, não precisareis de fazê-lo com
mais força numa certa direcção do que em qualquer outra, desde que as distâncias sejam
as mesmas; e, se saltardes a pés juntos, percorrereis a mesma distância em qualquer
sentido. Depois de terdes observado todos estes fenómenos, ponde o navio em
movimento com a velocidade que quiserdes. Então (posto que o movimento seja
uniforme e que o navio não oscile em nenhuma direcção) não notareis a mínima
mudança em tudo quanto acaba de ser descrito: nenhum destes fenómenos, nem que
seja o que for que vos venha a acontecer, vos permitirá de vos assegurardes se o navio
avança ou se continua imóvel. Quando saltardes, a distância que percorrereis sobre o
chão é igual à anterior e, mesmo que o navio se mova rapidamente, nem por isso os
vossos saltos serão mais compridos na direcção da popa do que na proa, embora,
durante o tempo que permaneceis no ar, o chão do beliche se tenha deslocado na
direcção oposta à do salto. Quando atirardes qualquer fruto ao vosso amigo, não fareis,
ao lançá-lo, um esforço maior quando o vosso amigo estiver do lado da proa e vós do
lado da popa, do que quando tiverdes trocado respectivamente os lugares. As gotas
cairão na garrafa posta no chão e nenhuma ficará para trás embora, quando atravessem o
ar, o navio percorra muitos palmos. Os peixes dentro da água não têm maior dificuldade
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em nadar para a frente do tanque do que para as suas costas e aproximam-se com a
mesma velocidade da comida que depositais neste ou naquele ponto da sua borda.
Enfim, as moscas e as borboletas continuarão a voar indiferentemente em todas as
direcções e nunca se juntarão do lado da popa como se, durante o voo, se tivessem
atrasado em relação à marcha veloz do navio, do qual se separaram há muito. Se,
queimando uma lagrimazinha de incenso, fizerdes um pouco de fumo, vê-lo-eis subir
até ao tecto, parar aí e depois mover-se indiferentemente, sob a forma de pequeninas
nuvens, em todas as direcções. E, se me perguntardes qual é a razão de todos estes
efeitos, responder-vos-ei imediatamente: "Porque o movimento universal da nave,
tendo-se comunicado ao ar e a todas as coisas que vão dentro desta (sem que lhes seja
contrário às inclinações naturais) indelevelmente nelas se conserva!."

Texto traduzido pelo Prof. Dr. Pedro Martins de Le Opere de Galileo Galilei,
Firenze, G.Barbero Editorial, VI (1965), p.547-548.

Formulação do mesmo princípio por Isaac Newton


"Os movimentos relativos dos corpos encerrados num espaço qualquer são os
mesmos, quer este espaço esteja imóvel, quer se mova uniformemente ao longo de uma
linha recta, sem rotação ".
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O Século das Luzes - Textos

I. Argum. por parte da authoridade. Todo o Systema contrario à Escritura


Sagrada naõ se pode defender: sed sic est, que o Systema de Copernico he contrario à
Escritura Sagrada: logo o Systema de Copernico se naõ pode defender. Responde-se
distinguindo a mayor: todo o Systema contrario à Escritura Sagrada naõ se pode
defender, como Systema, e como verdade, concedo: como hypothese, ou supposiçaõ
nego. Deste modo se responde Catholicamente a este argumento, conservando hum
inteiro repeito à Sagrada Escritura, às decisoens da Igreja, e às interpretaçoens dos
Santos Padres. Mas porque se naõ ignorem os caminhos, por onde os Copernicanos se
pertendem defender, individuaremos mais os argumentos, que se lhe fazem com a
Escritura, e apontaremos a suas pertendidas respostas.

Luís Caetano de Lima, membro da Academia Real de História, Geografia Histórica de


todos os Estados Soberanos da Europa, 1734.

[...] nos exames, ou Liçoes, Concluzoes publicas ou particulares se-não insine defenção
a
ou opinioes novas pouco recebidas, ou inuteis p. o estudo das Sciencias mayores como
te
sao as de Renato Descartes, Gacendo, Neptono, e outros, e nomeada qualquer
es
Sciencia, q defenda os actos [átomos] de Epicuro, ou negue as realid. dos accidentes
Eucharisticos, ou outras quaisquer concluzois oppostas ao sistema de Aristoteles, o
qual nestas escólas se deve seguir, como repetidas vezes se recomeda nos Estatutos
deste Collegio das Artes. .

José Veloso, Reitor do Colégio da Artes, 1746


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A Physica verdadeira que nestes tempos se cultiva, não são os entes da razão, as
possibilidades e chymeras dos antigos, ociosas subtilezas do entendimento humano.
Estudamos hoje a natureza pela observação, e pelo cálculo; os entes da razão não se
medem pela Geometria; porém esta sciencia he o fundamento dos conhecimentos
physicos, que fazem o corpo da Philosofia moderna.

Inácio Monteiro, 1752.

Tanto sabe um puro Peripatético dos efeitos naturais como sabe um cego de cores:
ambos falam do que não viram, um porque não tem olhos outro porque os não quer ter.

Luís António Verney, Verdadeiro Método de Estudar (1746).

Não somente os Medicos necessitaõ possuir esta Sciencia da Physica geral, mas
taõbem todos aquelles que se applicam às Sciencias e às Artes. A Náutica, a
Architectura, Arte Militar, a Jurisprudencia Civil e Politica tem os seus principais
fundamentos nesta Sciencia: alem disso necessitamos della em quase todas as
occurrencias da vida.

Ribeiro Sanches, discípulo de Boerhaave na Universidade de Leyden, médico de


Catarina da Rússia, Cartas sobre a Educação da Mocidade (1760).
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A sua [ de Newton ] Philosophia Experimental, e demonstrativa, armada da verdade, e


força Geometrica, tem entrado, Senhor, por toda a Europa, menos Portugal e Espanha,
sem encontrar a menor resistencia; e como a preocupaçam com que os nossos
Portuguezes retem geralmente as Ideas de Aristoteles, e alguns as de Des Cartes, sam
hum gravissimo impedimento para se difundir esta grande luz nesse Reyno, levado da
glória dessa Naçam, e Patria minha, e do natural impulso, com que V. E. ama a
Mathemática, escrevi este Commento a preposito, pelo Methodo mais claro, e evidente,
para que chegasse a todos huma Idéa deste Philosopho Ilustre, pois pelo dedo se
conhece o Gigante, e para que V. E. concorra [ … ] para a introducçam da verdadeira
Philosophia Natural nesse Reyno.

Jacob de Castro Sarmento, médico de origem judaica radicado em Londres, membro da


Royal Society, introdutor do newtonianismo em Portugal. Theorica verdadeira das
mares, conforme à Philosofia do incomparavel cavalhero Isaac Newton, 1737

[...] a experiência [...] que he huma observação mais subtil, procurada por artíficio
para descobrir o véo da Natureza; e para lhe perguntar os segredos mais reconditos
das suas operações, quando ella por si mesma não fala.

[...] e dará uma idéa geral da sagacidade, e attenções, que se devem aplicar na Arte de
fazer Experiencias, como se hão de repetir, e combinar; como se hão de distinguir os
factos accessórios dos principaes, como se hão-de distribuir os effeitos complicados de
huma Experencia, por meio de outras experiencias parciaes, que excluem
sucessivamente as circunstancias da primeira, e como se deve fazer uso da razão; para
se conjecturar o efeito antes de o experimentar; e para se escolherem as
circumstâncias, em que se devem fazer experiencias decisivas, e izentas de toda a
equivocação.

Estatutos ,1772
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A corrida fora demorada, quando notei, no vazio do espaço, um edifício suspenso como
por encanto. Era grande. Não direi que pecasse pelos alicerces, porquanto não
assentava em nada. As colunas, que não tinham meio pé de diâmetro, elevavam-se a
perder de vista e sustentavam abóbadas que só se distinguiam graças às frestas que
nelas se abriam simetricamente.

[...] vi à distância uma criança que se dirigia para nós em passo lento, mas seguro.
Tinha a cabeça pequena, o corpo franzino, os braços débeis e as pernas curtas: mas
todos os seus membros engrossavam e se alongavam à medida que avançava. No
progresso dos seus aumentos sucessivos, apareceu-me sob cem formas diversas; vi-a
dirigir para o céu um comprido telescópio, calcular com a ajuda de um pêndulo a
queda dos corpos, verificar com um tubo cheio de mercúrio o peso do ar e, de prisma
na mão, decompor a luz. Era então um enorme colosso; a cabeça tocava nos céus, os
pés perdiam-se no abismo e os braços estendiam-se para um e outro pólo. Sacudia com
a mão direita um archote cuja luz se espalhava pelos ares, iluminava o fundo das
águas e penetrava nas entranhas da terra.
− Que figura gigantesca − perguntei a Platão − é esta que se dirige para nós?
− Reconheça a Experiência −respondeu-me − porque é ela.
Acabava de me dar esta breve resposta quando vi a Experiência aproximar-se e as
colunas do pórtico das hipóteses a oscilar, as abóbadas abater e o pavimento a abrir-
se debaixo dos nossos pés.
− Fujamos − disse-me Platão − fujamos; este edifício pouco mais dura.
A estas palavras, retira-se; sigo-o. O colosso chega, derruba o pórtico, este
desmorona-se ruidosamente e eu acordo.

Diderot, in “Sonho de Mangogul ou Viagem à Região das Hipóteses”


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Um texto de Dirac sobre a teoria e a experiência

"Podia contar-vos a história, que ouvi de Schrödinger, de como, logo que lhe surgiu a
ideia para esta equação1, imediatamente a aplicou ao comportamento do átomo de
hidrogénio e obteve resultados que não estavam de acordo com a experiência. O
desacordo surgia porque não se sabia, na altura, que o electrão tinha spin. Isto foi,
naturalmente, um grande desapontamento para Schrödinger e levou-o a abandonar o
trabalho por alguns meses. Mais tarde deu-se conta de que, se aplicasse a teoria numa
forma muito mais aproximada, sem tomar em conta os refinamentos requeridos pela
relatividade, o seu trabalho, no limite desta aproximação simples, estava de acordo com
a experiência. (...) Publicou o seu primeiro artigo apenas com esta aproximação e foi
nessa forma que a equação foi apresentada ao mundo. Mais tarde, quando se descobriu
como incorporar correctamente o spin do electrão, a discrepância entre os resultados da
equação relativista de Schödinger e a experiência foram completamente clarificados
(...).

Penso que há uma moral nesta história, nomeadamente que é mais importante ter beleza
nas equações do que ajustá-las à experiência. (...) Esta equação [na versão relativista] é
hoje conhecida por equação de Klein-Gordon, embora tivesse sido realmente descoberta
por Schrödinger e, de facto, o tivesse sido antes de este ter descoberto o tratamento não
relativista para o átomo de hidrogénio. Parece que, se estamos a trabalhar partindo do
ponto de vista de ter beleza nas equações, (..) estamos numa via segura de progresso. Se
não há acordo total entre os resultados do nosso trabalho e a experiência não devemos
deixar-nos desencorajar, porque a discrepância pode muito bem dever-se a efeitos
menores que não estão a ser devidamente tomados em conta e que serão clarificados
com desenvolvimentos posteriores da teoria.

1
A equação em causa, hoje conhecida por equação de Klein-Gordon, foi o resultado da primeira tentativa
de deduzir uma equação relativista para o electrão. O facto de ela não descrever o comportamento do
electrão e as dificuldades associadas à interpretação das suas soluções, levou a que, durante algum tempo,
esta equação fosse considerada sem significado físico. Hoje sabemos que esta equação descreve
correctamente outras partículas, que não o electrão e que eram desconhecidas na altura. A equação
relativista do electrão veio a ser descoberta por Dirac. É a célebre equação de Dirac.
138

P. M. Dirac, "The Evolution of the Physicist‘s Picture of Nature", Scientific American,


Maio de 1963
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Ainda sobre a teoria e a experiência: um texto de Feynman

Em geral, procura-se uma nova lei pelo seguinte processo: começamos com uma
conjectura; depois, calculamos as consequências dessa conjectura para vermos as
implicações da lei, se estivesse correcta; depois ainda, comparamos o resultado do
cálculo com a Natureza por meio da experiência ou da experimentação. A comparação é
efectuada directamente com as observações para vermos se a lei funciona. Se não
concordar com a experiência, está errada. Nesta simples afirmação reside a chave da
ciência. Não importa a beleza da nossa suposição. Não importa a nossa inteligência ou a
reputação de quem fez a conjectura − se a lei não concordar com a experiência está
errada. E é tudo. É verdade que são necessárias várias verificações para concluir com
certeza que a lei está errada. O relatório do experimentador pode estar incorrecto ou
pode haver algum aspecto experimental que lhe escapou, alguma sujidade ou qualquer
coisa desse género, ou ainda a pessoa que calculou as consequências, mesmo que tenha
sido a autora da conjectura inicial, pode ter cometido algum erro de análise. São
precauções óbvias. Por conseguinte, quando se diz que, "se algo discorda da
experiência, está errado", subentende-se que se procedeu à verificação da experiência e
dos cálculos, que o resultado foi revisto para trás e para a frente várias vezes para
assegurar que os resultados são consequências lógicas da conjectura e que, de facto, não
estão de acordo com uma experiência cuidadosamente verificada.

(...) Suponhamos que inventam uma boa hipótese, calculam as consequências e


verificam repetidamente que as consequências que calcularam estão de acordo com a
experiência. A teoria estará então certa? Não, simplesmente não se provou que estava
errada. Mais tarde podem calcular um espectro maior de consequências (pode haver um
espectro maior de experiências) e podem descobrir que o resultado é falso. É por esta
razão que leis como a de Newton para o movimento dos planetas persistiram durante
tanto tempo. Newton adivinhou a lei da gravitação, calculou todos os tipos de
consequências para o sistema solar, etc., comparou-os com a experiência − e levou
muitos séculos antes que um pequeno erro na órbita de Mercúrio fosse observado.
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Durante todo esse tempo não foi demonstrado que a teoria estava errada, podendo, por
isso, ser considerada, temporariamente, certa. Mas não pôde nunca ser dada como certa,
porque as experiências futuras podiam conseguir mostrar que estava errado aquilo que
antes se pensava estar certo. Nunca estamos definitivamente certos. Só podemos ter a
certeza no caso de existir um erro. No entanto, é bastante notável o facto de podermos
ter ideias que persistem durante tanto tempo. Uma das maneiras de a ciência estagnar
seria efectuar apenas experiências numa região onde já se conhecem as leis. Porém, os
experimentalistas investigam, com a maior das diligências e com o maior dos esforços,
exactamente onde parece ser mais provável detectar a falsidade das nossas teorias. Por
outras palavras, estamos a tentar provar o mais rapidamente possível que estamos
errados. Esta é a única maneira de progredir.

(...) Mas o que há na Natureza que permite prever o comportamento do todo a partir de
uma só parte? Não é uma questão científica. Como não sei a resposta, vou responder de
uma forma não científica. Penso que é porque a Natureza tem uma grande simplicidade
e, portanto, uma grande beleza.

Richard Feynman , O que é uma Lei Física, Gradiva, Lisboa, 1989


141

Sobre a teoria e a observação: uma conversa entre Einstein e


Heisenberg

Não quero aqui referir pormenores, mas sim falar da interpretação dos pormenores no
sentido de perguntar "que tipo de filosofia foi mais importante nesse desenvolvimento".
De início pensava que era provavelmente a ideia de introduzir apenas quantidades
observáveis. Mas quando tive de proferir uma conferência sobre mecânica quântica em
Berlim, em 1926, Einstein ouviu a minha conferência e corrigiu a minha opinião.
Einstein pediu-me que fosse a sua casa discutir estes assuntos com ele. A primeira
pergunta que me colocou foi a seguinte: "Qual foi a filosofia subjacente a essa estranha
teoria? A teoria parece bastante bonita, mas o que é que você quer dizer com
quantidades observáveis?" Eu disse-lhe que já não acreditava em órbitas electrónicas,
apesar dos traços na câmara de nevoeiro. Sentia que devíamos voltar às quantidades que
podiam, de facto, ser observadas e sentia também que este era o tipo de filosofia que ele
tinha usado na relatividade; também ele tinha abandonado o tempo absoluto e
introduzido apenas o tempo no sistema próprio de coordenadas e tudo isso. Bem, ele
riu-se e disse "Mas você tem de compreender que está completamente errado". Eu
respondi: "Mas porquê, não é verdade que usou esta mesma filosofia?" "Oh, sim",
respondeu ele, "eu posso tê-la usado, mas não deixa de ser um disparate!"

Einstein explicou-me que realmente era ao contrário. Disse-me: "Conseguir observar


ou não depende da teoria que se usa. É a teoria que decide o que pode ser observado." O
seu argumento era o seguinte: "Observar significa que construímos alguma conexão
entre um fenómeno e a nossa concepção do fenómeno. Há algo que acontece no átomo,
a luz é emitida, a luz atinge a placa fotográfica, nós vemos a placa fotográfica, etc.
Nesta sequência de acontecimentos entre o átomo, o nosso olho e a nossa consciência
temos de supor que tudo funciona como na velha física. Se mudamos a teoria relativa a
esta sequência de acontecimentos, é óbvio que a observação será alterada." Insistiu que
era a teoria que decidia sobre o que podia ser observado. Esta afirmação de Einstein foi
142

muito importante para mim quando Bohr e eu tentámos discutir a interpretação da teoria
quântica (…)

W. Heisenberg, in Em busca da Unificação, A. Salam, P.M. Dirac e W.


Heisenberg, ed. Gradiva, Lisboa ,1991.
143

Pauli e a descoberta do neutrino

Instituto de Física da Universidade Técnica da Confederação, Zurique

Zurique, 4 de Dez. de 1930

Caras senhoras e senhores radioactivos:


Como o portador destas linhas, que vos peço escuteis benevolentemente, vos
explicará com mais pormenor, ... agarrei-me a uma solução desesperada, para... salvar a
equação da energia em face do espectro β contínuo. Trata-se da possibilidade de que
existam nos núcleos pequenas partes electricamente neutras, a que chamarei neutrões,
as quais têm spin ½ e obedecem ao princípio de exclusão, distinguindo-se ainda dos
quanta de luz pelo facto de não circularem à velocidade da luz. A massa dos neutrões
teria de ser da mesma ordem de grandeza da massa dos electrões e, em qualquer caso,
não maior do que 0.01 massas de protões. O espectro β contínuo seria então
compreensível, supondo-se que na desintegração é sempre emitido um neutrão junto
com o electrão, de modo que a soma das energias de neutrão e electrão é constante...
Por enquanto, não me atrevo a publicar alguma coisa sobre esta ideia e dirijo-me
confiadamente a vós, caros radioactivos, para vos perguntar que possibilidades haveria
de uma prova experimental da existência desse neutrão, se ele tivesse um poder de
penetração igual ou, por exemplo, 10 vezes maior do que um raio y. Admito que a
minha solução poderá talvez parecer à partida pouco provável, porque, se os neutrões
existissem, há muito teriam sido vistos. Mas só quem arrisca ganha, e a gravidade da
situação no que se refere ao espectro β contínuo é ilustrada por uma sentença do meu
digno antecessor, o senhor Debye, que me disse recentemente em Bruxelas: "Oh, o
melhor é nem sequer pensar nisso, como nos novos impostos." Por isso, deve discutir-se
seriamente todas as possibilidades de salvação. Examinai, pois, e julgai, caros
144

radioactivos. Infelizmente, não posso ir eu próprio a Tubingen, uma vez que sou aqui
indispensável por causa de um baile que vai ter lugar na noite de 6 a 7 de Dezembro.
Com muitos cumprimentos para todos vós, bem como para o senhor Back, sou
vosso humilde servidor,
W.Pauli

W. Pauli, in, Quarks Urstoff unserer Welt, H. Fritzsch, Ed. R. Piper & Co., Munique,
1981.
145

Bibliografia

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desde a sua fundação (1772) até ao jubiléu do professor italiano Giovanni Antonio
dalla Bella, Universidade de Coimbra, Biblioteca Geral, Coimbra, 1978.
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Cultura e Língua Portuguesa, Lisboa, 1982.
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Departamento de Física da Universidade de Coimbra/Fundação Calouste Gulbenkian,
Coimbra 1977.

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