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História de Alagoas

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Bandeira do estado de Alagoas

A história de Alagoas se inicia antes do descobrimento do Brasil pelos portugueses,


quando o atual território do estado era povoado pelos índios caetés.1 A costa do atual
Estado de Alagoas, reconhecida desde as primeiras expedições portuguesas, desde cedo
também foi visitada por embarcações de outras nacionalidades para o escambo de pau-
brasil (Caesalpinia echinata).2

Quando da instituição do sistema de Capitanias Hereditárias (1534), integrava a


Capitania de Pernambuco, e a sua ocupação remonta à fundação da vila do Penedo
(1545), às margens do rio São Francisco, pelo donatário Duarte Coelho Pereira, que
incentivou a fundação de engenhos na região. Palco do naufrágio da Nau Nossa Senhora
da Ajuda e subsequente massacre dos sobreviventes, entre os quais o Bispo D. Pero
Fernandes Sardinha, pelos Caeté (1556), o episódio serviu de justificativa para a guerra
de extermínio movida contra esse grupo indígenas pela Coroa portuguesa. Ao se iniciar
o século XVII, além da lavoura de cana-de-açúcar, a região de Alagoas era expressiva
produtora regional de farinha de mandioca, tabaco, gado e peixe seco, consumidos na
Capitania de Pernambuco. Durante as invasões holandesas do Brasil (1630-1654), o seu
litoral se tornou palco de violentos combates, enquanto que, nas serras de seu interior,
se multiplicaram os quilombos, com os africanos evadidos dos engenhos de
Pernambuco e da Bahia. Palmares, o mais famoso, chegou a contar com vinte mil
pessoas no seu apogeu. Constituiu-se em a Comarca de Alagoas em 1711, e foi
desmembrado da Capitania de Pernambuco (Decreto de 16 de setembro de 1817), em
consequência da Revolução Pernambucana daquele ano. O seu primeiro governador,
Sebastião Francisco de Melo e Póvoas, assumiu a função a 22 de janeiro de 1819.2

Durante o Brasil Império (1822-1889), sofreu os reflexos de movimentos como a


Confederação do Equador (1824) e a Cabanagem (1835-1840). A Lei Provincial de 9 de
dezembro de 1839 transferiu a capital da Província da cidade de Alagoas (hoje
Marechal Deodoro), para a vila de Maceió, então elevada a cidade.2

A primeira Constituição do Estado foi assinada em 11 de junho de 1891, em meio a


graves agitações políticas que assinalaram o início da vida republicana. Os dois
primeiros presidentes da República do Brasil, Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto,
nasceram no estado.2

Índice
 1 Primeiros habitantes
 2 Descobrimento pelos europeus
 3 A guerra holandesa
 4 Palmares
 5 Criação da comarca
 6 Capitania independente
 7 Mudança da capital
 8 República
 9 Século XXI
 10 Ver também
 11 Bibliografia
 12 Referências
 13 Ligações externas

Primeiros habitantes
Por volta do ano 1000, o litoral do atual estado de Alagoas foi invadido por povos de
língua tupi procedentes da Amazônia. Eles expulsaram os antigos habitantes, falantes de
línguas do tronco linguístico macro-jê, para o interior do continente. No século 16,
quando os primeiros europeus chegaram ao litoral de Alagoas, ele era habitado pela
nação tupi dos caetés.3

Descobrimento pelos europeus

Mapa de Luís Teixeira (c. 1574) com a divisão da América portuguesa em capitanias. A
linha de Tordesilhas está deslocada dez graus mais a oeste.

Barra Grande deve ter sido o primeiro ponto do território das Alagoas visitado pelos
descobridores portugueses, por ocasião da viagem de Américo Vespúcio, em 1501.4
Embora não haja referência àquele porto, excelente para a acolhida de navios, como a
expedição vinha do norte para o sul, cabe crer que tenha ocorrido ali o primeiro contato
com a terra alagoana. A 29 de setembro, Vespúcio assinalou um rio a que chamou São
Miguel, no território percorrido;5 a 4 de outubro, denominou São Francisco o rio então
descoberto, hoje limite de Alagoas com Sergipe.6

Sem sombra de dúvida, nas décadas seguintes, os franceses andaram pela costa
alagoana, no tráfico do pau-brasil com os nativos dos arredores. Até hoje, o porto do
Francês documenta a presença, ali, daquele povo.7

Duarte Coelho, primeiro donatário da capitania de Pernambuco,5 realizou uma excursão


ao sul; não há documentos que a comprove, mas há evidências de que tenha sido
realizada em 1545 e de que dela resulte a fundação de Penedo, às margens do rio São
Francisco.8

Em 1556, voltava da Bahia para Portugal o bispo dom Pero Fernandes Sardinha, quando
seu navio naufragou defronte da enseada do hoje pontal do Coruripe. Sardinha foi morto
e devorado pelos caetés, uma das numerosas tribos indígenas então existentes na
região.9 Perdura a crença popular de que a ira divina secou e esterilizou todo o chão
manchado pelo sangue do religioso. Para vingá-lo, Jerônimo de Albuquerque comandou
uma expedição guerreira contra os caetés, destruindo-os quase completamente10 e
escravizando os sobreviventes.11

Em 1570, uma segunda bandeira enviada por Duarte Coelho, comandada por Cristóvão
Lins, explorou o norte de Alagoas, onde fundou Porto Calvo e cinco engenhos, dos
quais subsistem dois, o Buenos Aires e o Escurial.12 Neste último repousou, em 1601, o
corsário inglês Anthony Knivet, que viajara por terra após fugir da Bahia, onde estivera
prisioneiro dos portugueses.10

A guerra holandesa

Retrato anônimo de Filipe Camarão, século XVII, Museu do Estado de Pernambuco.

No princípio do século XVII, Penedo, Porto Calvo e Alagoas já eram freguesias,13


admitindo-se que tais títulos lhes tivessem sido conferidos ainda no século anterior.
Foram vilas, porém, em 1636.13 Repousando a economia regional na atividade
açucareira, tornaram-se os engenhos de açúcar os núcleos principais da ocupação da
terra.10 A partir de 1630, Alagoas, atingida pela invasão holandesa,14 teve povoados,
igrejas e engenhos incendiados e saqueados.10

Os portugueses reagiram duramente.10 Batidos por sucessivos reveses, os holandeses já


desanimavam, pensando em retirar-se, quando para eles se passa o mameluco Domingos
Fernandes Calabar, de Porto Calvo.15 Grande conhecedor do terreno, orientou os
holandeses em uma nova expedição a Alagoas.15 Os invasores aportaram à Barra
Grande, de onde passaram a vários pontos, sempre com bom êxito.10 Em Santa Luzia do
Norte, a população, prevenida, ofereceu resistência.16 Após encarniçada peleja, os
holandeses recuaram e retornaram a Recife. Mas, caindo em seu poder o arraial do Bom
Jesus, entre Recife e Olinda, obtiveram várias vitórias.10

Alagoas, Penedo e Porto Calvo: eis os pontos principais onde se trava a luta em terras
alagoanas.10 Por fim, os portugueses retomaram Porto Calvo e aprisionaram Calabar,
que morreu na forca em 1635.15 Clara Camarão, uma porto-calvense de sangue
indígena, também se salientou na luta contra os holandeses.17 Acompanhou o marido, o
índio Filipe Camarão, em quase todos os lances e arregimentou outras mulheres,
tomando-lhes a frente.10

Palmares
Por volta de 1641, afirmava um chefe holandês estar quase despovoada a região.18
Maurício de Nassau pensou em repovoá-la,18 mas o projeto não foi adiante. Na época
também se produzia fumo em Alagoas, considerado de excelente qualidade o de Barra
Grande.10 Em 1645, a população participou da reação nacionalista, integrando-se na luta
sob o comando de Cristóvão Lins, neto e homônimo do primeiro povoador de Porto
Calvo. Expulsos os holandeses do território alagoano, em setembro de 1645,19
prossegue a população em sua luta contra eles, já agora, todavia, em território
pernambucano.10

Em fins do século XVII intensificam-se as lutas contra os quilombos negros reunidos


nos Palmares.20 Frustradas as primeiras tentativas de Domingos Jorge Velho, sobretudo
em 1692,21 dois anos depois o quilombo é derrotado,22 com o ataque simultâneo de três
colunas: uma, dos paulistas de Domingos Jorge; outra, de pernambucanos, sob o
comando de Bernardo Vieira de Melo; e a terceira, de alagoanos, comandados por
Sebastião Dias.10 Palmares começara a formar-se ainda nos fins do século XVI, e
resistiu a sucessivos ataques durante quase um século.23
Domingos Jorge Velho.

Um dos maiores redutos de escravos foragidos do Brasil colonial,24 Palmares ocupava


inicialmente a vasta área que se estendia, coberta de palmeiras, do cabo de Santo
Agostinho ao rio São Francisco. A superfície do quilombo, progressivamente reduzida
com o passar do tempo, concentrar-se-ia, em fins do século XVII, na ainda extensa
região delimitada pelas vilas de Una e Serinhaém, em Pernambuco, e Porto Calvo,
Alagoas e São Francisco (Penedo), em Alagoas. Os escravos haviam organizado no
reduto um verdadeiro estado, segundo os moldes africanos, com o quilombo constituído
de povoações diversas (mocambos), pelo menos 11, governadas por oligarcas, sob a
chefia suprema do rei Ganga-Zumba. A partir de 1667, amiudaram-se as entradas contra
os negros, a princípio com a finalidade de recapturá-los, em seguida com a de
conquistar as terras de que se haviam apoderado.23 As investidas do sargento-mor
Manuel Lopes (1675) e de Fernão Carrilho (1677)25 seriam desastrosas para os
quilombolas, obrigados a aceitar a paz em condições desfavoráveis. Apesar desse revés,
a luta prosseguiria, liderada por Zumbi, sobrinho de Ganga-Zumba, contra cujas hostes
aguerridas, em seguida a uma primeira expedição punitiva, em 1679,10 e a diferentes
entradas sem maiores consequências, se voltaria finalmente o bandeirante paulista
Domingos Jorge Velho, para tanto contratado pelo governador de Pernambuco, João da
Cunha Souto Maior.26 Nos primeiros meses de 1694, aliado a destacamentos alagoanos
e pernambucanos, sob o comando, respectivamente, de Sebastião Dias e Bernardo
Vieira de Melo, Velho liquidaria a derradeira resistência do quilombo.27 Zumbi lograria
escapar, arregimentando novos combatentes, mas, traído, ver-se-ia envolvido por forças
inimigas, com cerca de vinte de seus homens, perecendo em luta, a 20 de novembro de
1695.28 Desaparecia, após mais de sessenta anos, o quilombo dos Palmares, "o maior
protesto ao despotismo que uma raça infeliz traçou à face do mundo", no dizer de
Craveiro Costa.29

Criação da comarca
Mapa da Província da Paraíba (1698).

Já então apresentavam as Alagoas indícios de prosperidade e desenvolvimento, quer do


ponto de vista econômico, quer do cultural. Sua principal riqueza era o açúcar, sendo
além disso produzidos, embora em menor escala, mandioca, fumo e milho; couros,
peles e pau-brasil eram exportados. As matas abundantes forneciam madeira para a
construção de naus. Nos conventos de Penedo e das Alagoas os franciscanos mantinham
cursos e publicavam sermões e poesias.29 Tudo isso justificou o ato régio de 9 de
outubro de 1710, criando a comarca das Alagoas,30 que somente se instalou em 1711.31
Daí em diante, a organização judiciária restringia o arbítrio feudal dos senhores, e até o
dos representantes da metrópole. A comarca desenvolvia-se.29 Já em 1730 o governador
de Pernambuco, propondo a el-rei a extinção da decadente capitania da Paraíba,
assinalava a prosperidade de Alagoas, com seus quase cinquenta engenhos, dez
freguesias, e apreciável renda para o erário real.32 Ao lado do açúcar, incrementou-se a
cultura do algodão. Seu cultivo foi introduzido na década de 1770; em 1778, já se
exportavam para Lisboa amostras de algodão tecido nas Alagoas.29 Em Penedo e Porto
Calvo, fabricava-se pano ordinário, para uso, sobretudo, de escravos. Em 1754, frei João
de Santa Ângela publicou, em Lisboa, seu livro de sermões e poesias; é a primeira obra
de um alagoano.33 A população crescia, distribuindo-se em várias atividades. Um
cômputo demográfico mandado realizar em 1816 pelo ouvidor Antônio Ferreira Batalha
registrava uma população de 89.589 pessoas.29

Capitania independente

D. João VI de Portugal
Três anos depois, em 1819, novo recenseamento acusou uma população de 111 973
pessoas.29 Contavam-se, então, na província, oito vilas.29 Alagoas já se constituíra
capitania independente da de Pernambuco, criada pelo alvará de 16 de setembro de
1817.34 A repercussão da Revolução Pernambucana desse ano contribuiu para facilitar o
processo de emancipação. O ouvidor Batalha foi o principal mentor da gente alagoana.
Aproveitando-se da situação e infringindo as próprias leis régias, desmembrou a
comarca da jurisdição de Pernambuco e nela constituiu um governo provisório. Esses
atos foram suficientes para abrir caminhos que levaram D. João a sancionar o
desmembramento.29 Sebastião Francisco de Melo e Póvoas, governador nomeado, só
assumiu o governo a 22 de janeiro de 1819.35

Acentuou-se a partir de então o surto de prosperidade de Alagoas.29 Em 17 de agosto de


1831 apareceu o Íris Alagoense, primeiro jornal publicado na província, assim
considerada a partir da independência do Brasil e organização do império.36 É certo que
os primeiros anos de independência não foram fáceis. Uma sequência de movimentos
abalou a vida provincial: em 1824, a Confederação do Equador; em 1832-1835, a
Cabanada; em 1844, a rebelião conhecida como Lisos e Cabeludos; em 1849, a
repercussão da revolução praieira.29

Mudança da capital

Visconde de Sinimbu

Em 1839 a capital, então situada na velha cidade das Alagoas, foi transferida para a vila
de Maceió, localizada à beira-mar, no caminho entre o norte, o centro e o sul da
província.37 No processo de mudança defrontaram-se as duas facções políticas mais
importantes, uma chefiada pelo mais tarde visconde de Sinimbu, outra pelo juiz Tavares
Bastos,29 pai do futuro pensador Tavares Bastos, nascido, aliás, nesse ano de 1839.38
Naquele momento a província possuía oito vilas. Desde 1835 funcionava a assembleia
provincial.29
No governo da província sucediam-se os presidentes nomeados pelo imperador, nem
sempre interessados pelos destinos da terra, outras vezes envolvidos por lutas
partidárias. A província, contudo, progredia.29 No campo da economia, vale salientar a
fundação, em 1857, da primeira fábrica alagoana de tecidos, a Companhia União
Mercantil, no distrito de Fernão Velho.39 Idealizou-a o barão de Jaraguá, contribuindo
dessa forma para o fomento da economia regional.29 Trinta anos mais tarde, fundou-se a
Companhia Alagoana de Fiação e Tecidos, que em 15 de outubro de 1888 se instalou
em Rio Largo.40 Seguiu-se a esta, em 30 de setembro de 1892, a fundação da
Companhia Progresso Alagoano, em Cachoeira.39 Dessa atividade têxtil surgiram, com
grande prestígio nacional, as toalhas da Alagoana.29

O ensino recebeu incentivo com a instalação em 1849, do Liceu Alagoano, destinado ao


nível médio; é hoje o Colégio Estadual de Alagoas.39 O ensino primário, já beneficiado
em 1864 pelo estabelecimento de uma escola normal, hoje funcionando sob a
denominação de Instituto de Educação, recebeu expressivo impulso com a criação de
novas escolas.29 Com a fundação, em 1869, do Instituto Arqueológico e Geográfico
Alagoano, hoje Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas,41 desenvolveram-se os
estudos históricos e geográficos.29 Do final do império ao início da república,
incrementou-se o movimento para a construção de engenhos centrais e aperfeiçoamento
técnico da fabricação de açúcar, o que iria dar origem às usinas, a primeira delas
constituída, todavia, já no período republicano.42

Os movimentos abolicionista e republicano dos últimos anos da monarquia atingiriam a


província, o primeiro deles através da Sociedade Libertadora Alagoana42 e dos jornais
Gutenberg e Lincoln.43 A campanha abolicionista mobilizou a intelectualidade
alagoana, sem entretanto chegar aos excessos da violência. Professores e jornalistas
atraíram a mocidade para a campanha, e após a abolição, em 1888, foi um mestre como
Francisco Domingues da Silva que teve a iniciativa da criação de um instituto de ensino
profissional, destinado aos filhos dos ex-escravos.42

República

Deodoro da Fonseca, primeiro Presidente da República do Brasil.


O movimento republicano, intensificado pela abolição, traduziu-se nas atividades da
imprensa e clubes de propaganda. O mais importante destes foi o Centro Republicano
Federalista, também, de certo, o mais antigo; outros foram o Clube Federal Republicano
e o Clube Centro Popular Republicano Maceioense, ambos existentes na capital no
momento da proclamação. No interior havia igualmente outros clubes de propaganda. O
Gutenberg era o órgão de imprensa mais veemente na difusão da ideia republicana.42

No mesmo dia em que, no Rio de Janeiro, era proclamada a república, em Maceió


assumia a presidência Pedro Ribeiro Moreira, último delegado do governo imperial para
a província. Confirmada a mudança do regime, organizou-se, a princípio, uma junta
governativa, mas, a 19 de novembro, o marechal Deodoro designou o irmão, Pedro
Paulino da Fonseca, para governar o novo estado.42 Foi ele, também, o primeiro
governador eleito após promulgada a constituição estadual em 12 de junho de 1891.44

Perturbados e incertos decorreram os primeiros dez anos de vida republicana, na


província. Governos se sucediam, nomeados pelo poder central ou eleitos pelo povo,
mas quase sempre substituídos ou depostos. Constituíram-se várias juntas governativas,
numa ou noutra oportunidade.42 Somente no fim do século XIX, ou melhor, já nos
primeiros anos do século XX, a situação se consolidou com os governos do barão de
Traipu e de Euclides Malta, o primeiro da chamada "oligarquia Malta", que se
prolongou até 1912.45 Euclides governou de 1900 a 1903; sucedeu-lhe o irmão, Joaquim
Paulo, no período de 1903 a 1906; Euclides voltou ao poder de 1906 a 1909, e,
reelegendo-se nesse ano, permaneceu por mais um triênio, até 1912.42

Os 12 primeiros anos do século se assinalaram por lutas partidárias. Contudo, não houve
paralisação nas diferentes atividades do estado. Maceió ganhou numerosos prédios
públicos, como o palácio do governo, inaugurado a 16 de setembro de 1902, o Teatro
Deodoro e o edifício da municipalidade, ainda hoje existentes. Com a atividade
pedagógica de Alfredo Rego, procedeu-se à reforma do ensino, atualizando a anterior,
ainda dos fins do império, orientada por Manuel Baltasar Pereira Diegues Júnior,
criador do Instituto de Professores, posteriormente chamado Pedagogium, iniciativa
pioneira na época. Nova remodelação do ensino se fez em 1912-1914, sob a orientação
do segundo daqueles educadores. Criou-se o primeiro grupo escolar.42

Em 1912, o Partido Democrata conseguiu derrotar a oligarquia Malta depois de enérgica


campanha, em que se registraram ferrenhas lutas de rua, inclusive com a morte do poeta
Bráulio Cavalcanti, em praça pública, quando participava de um comício democrático.
Clodoaldo da Fonseca, governador eleito, embora não fosse alagoano, ligava-se ao
estado através da família: era sobrinho de Deodoro e filho de Pedro Paulino e, assim,
parente do marechal Hermes, então presidente da república.42

As lutas contra os Malta envolveram igualmente os grupos do culto afro-brasileiro.


Xangôs e candomblés, diziam os jornais da oposição, tinham o governador Malta como
estimulador.42 46 Entre papéis de orações, de panos com símbolos desenhados de Ogum,
de Ifá, de Exu, foram encontrados retratos dos chefes democratas da oposição. O grupo
que apoiava o governador era chamado de Leba, por alusão a uma das figuras do orixá
dos xangôs. O que valeu de tudo isso é que o acervo apreendido pela polícia se
preservou — peças, objetos, insígnias e símbolos do culto, conservados no museu do
Instituto Histórico como uma das coleções mais preciosas do culto afro-brasileiro.46
Retratos do cangaço: Virgulino Ferreira da Silva - Lampião

Até 1930, o Partido Democrata manteve a situação, através dos governadores que
sucederam a Clodoaldo. Cada um deles deu uma contribuição para o progresso do
estado. Abriram-se estradas de rodagem em direção ao norte e ao centro, e
posteriormente o trecho de Atalaia e a Palmeira dos Índios, estrada de penetração para a
zona sertaneja; construíram-se grupos escolares em quase todos os municípios; Maceió
renovou-se com a abertura de ruas e avenidas; combateu-se a criminalidade,
principalmente com o movimento contra o banditismo, que culminaria, em 1938, com o
extermínio do grupo de Lampião; promoveram-se pesquisas petrolíferas. As sucessões
políticas praticamente se fizeram sem luta, pois quase sempre predominava o candidato
único, oriundo do Partido Democrata.46

Com a vitória da revolução de outubro de 1930, também sem luta armada no estado,
iniciou-se o sistema de interventores (com breve interrupção entre 1935 e 1937) até
1947, quando a redemocratização do país propiciou a promulgação de uma nova
constituição para o estado. O chamado período das interventorias foi igualmente
fecundo, malgrado a falta de continuidade nas administrações, quase sempre de curtos
períodos. Nesse período, entre outros fatos marcantes destacaram-se os trabalhos de
pesquisa do petróleo;46 a construção do porto de Maceió, inaugurado em 1940;47 o
incremento das atividades econômicas, sobretudo com a diversificação da produção
agrícola e a implantação da indústria leiteira em Jacaré dos Homens, constituindo-se a
cooperativa de laticínios para a produção de leite, manteiga e queijo; o incremento do
ensino rural e a ampliação do cooperativismo. Tal desenvolvimento possibilitou que, no
período da segunda guerra mundial, Alagoas contribuísse, de maneira efetiva, para o
abastecimento de estados vizinhos, sem prejuízo de sua colaboração para o esforço de
guerra. Constituiu-se, com a criação da usina Caeté, a primeira cooperativa de
plantadores de cana.46

As atividades intelectuais também se desenvolveram, não apenas com o Instituto


Histórico, mas ainda com a criação da Academia Alagoana de Letras, em 1919,48 e a
formação de centros literários de jovens como a Academia dos Dez Unidos, o Cenáculo
Alagoano de Letras e o Grêmio Literário Guimarães Passos.46 Em 1931, fundou-se a
Faculdade de Direito,49 e em 1954 a Faculdade de Ciências Econômicas.50 Depois, essas
duas faculdades, mais as de odontologia, medicina, engenharia e serviço social, uniram-
se para formar a Universidade Federal de Alagoas.46

As lutas políticas estaduais ganharam força na década de 1950. Quando da tentativa de


impeachment do governador Muniz Falcão, em 1957, um tiroteio na assembleia
legislativa causou a morte do deputado Humberto Mendes, sogro do governador. E em
toda a segunda metade do século XX manteve-se a tensão política, enquanto os ganhos
oriundos do sal-gema, do açúcar e do petróleo não beneficiavam a população.46

Em 1979, o ex-governador Arnon de Melo, então senador, conseguiu do governo militar


a nomeação de seu filho Fernando Afonso Collor de Melo, para prefeito de Maceió.51
Em 1988, um acordo entre Collor, já então governador, e as usinas de açúcar e álcool,
principais contribuintes do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços no estado,
permitiu que estas reduzissem sua carga tributária.46 A queda de receita agravou a
histórica crise social e econômica do estado e gerou um quadro falimentar que levou o
governo federal a uma intervenção não oficial em 1997.52 Depois de nomeado um novo
secretário de Fazenda, o governador Divaldo Suruagy se afastou, cedendo o posto ao
vice-governador.52

Século XXI
Após o escândalo que levou Renan Calheiros a renunciar à presidência do Senado
Federal do Brasil, em 2007,53 seu filho, Renan Filho (PMDB), foi eleito prefeito de
Murici, em outubro de 2008.54 O prefeito de Maceió, Cícero Almeida (PP), foi reeleito
com 81,49% dos votos.55

Em setembro de 2008, o presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas, Antonio


Albuquerque (PT do B), foi destituído do cargo.56 Ele foi o principal suspeito do desvio
de R$ 280 milhões do poder legislativo, investigado na Operação Taturana.57 Catorze
deputados foram indiciados.58 O deputado Fernando Toledo (PSDB) assumiu a
presidência da Casa.59 Em julho de 2009, o presidente do Supremo Tribunal Federal,
ministro Gilmar Mendes, determinou que oito dos 14 deputados retornassem à
Assembleia, entre eles Antonio Albuquerque.60

Em outubro de 2010, Teotônio Vilela Filho (PSDB) foi reeleito governador no primeiro
turno, com 52,74% dos votos contra o seu adversário, o candidato Ronaldo Lessa
(PDT).61

Ver também
 Alagoas
 História do Brasil
 História da região Nordeste do Brasil
 Anexo:Lista de governadores de Alagoas

Bibliografia
 "Alagoas: História". (em português) Nova Enciclopédia Barsa (volume 1).
(1998). São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
pp.176-180.
 CIVITA, Roberto. Almanaque Abril (em português). São Paulo: Abril, 2011.
p. 670.

Referências
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visitada em 2 de outubro de 2010.
2. História de Alagoas (em português) Visite o Brasil (2011). Página visitada em 3
de novembro de 2011.
3. BUENO, E. Brasil: uma história. 2ª edição. São Paulo. Ática. 2003. p. 19.
4. Biblioteca do IBGE. História da Cidade da Barra de São Miguel Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística. Página visitada em 3 de novembro de
2011.
5. "Alagoas: História". Nova Enciclopédia Barsa (volume 1). (1998). São Paulo:
Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda. pp.176.
6. História do Rio São Francisco Rota Brasil Oeste (1 de novembro de 2001).
Página visitada em 2 de outubro de 2010.
7. História da Praia do Francês Guia Praia do Francês. Página visitada em 3 de
novembro de 2011.
8. História de Penedo Visite o Brasil. Página visitada em 2 de outubro de 2010.
9. Dom Pero Fernandes Sardinha Só Biografias. Página visitada em 2 de outubro
de 2010.
10. "Alagoas: História". Nova Enciclopédia Barsa (volume 1). (1998). São Paulo:
Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda. pp.177.
11. BUENO, E. Brasil: uma história. 2ª edição. São Paulo. Ática. 2003. p. 19.
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SURGIMENTO DE UMA NOVA VISÃO DE UMANTIGO HABITANTE DA
COLÔNIA PORTUGUESA NA AMÉRICA DO SUL Scribd. Página visitada
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2008). Página visitada em 2 de outubro de 2010.
18. DIÉGUES JÚNIOR, Manuel (2006). O banguê nas Alagoas: traços da influência
do sistema econômico do engenho Universidade Federal de Alagoas. Página
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Município de Porto Calvo. Página visitada em 9 de outubro de 2010.
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Ligações externas
 A História de Alagoas: Dos Caetés aos Marajás, de autoria de Jair Barbosa
Pimentel
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