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STJ
MARIANA MUNIZ
JAMILE RACANICCI
O ano de 2018 no Superior Tribunal de Justiça (STJ) teve espaço para a resolução de
um con itos centenários, como a briga de mais de 123 anos entre a União e a
Família Real brasileira pela posse do Palácio Guanabara, e contemporâneos, como a
regulamentação da guarda compartilhada de animais de estimação.
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29/12/2018 Retrospectiva STJ: os principais julgamentos de 2018
Com relação aos desembargadores o foro, também por decisão da Corte Especial,
permaneceu no STJ.
Na intersecção da esfera penal com a tributária, o STJ decidiu que é crime não
recolher o Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) próprio, ainda que
declarado.
A restrição da prerrogativa de foro começou a ser debatida no STJ por meio de uma
denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o conselheiro do Tribunal de
Contas do Distrito Federal Márcio Michel Alves de Oliveira pelo crime de fraude no
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pagamento por cheque. Como resultado, os autos foram baixados para a primeira
instância.
Com relação aos governadores, a questão foi de nida na Ação Penal 866, que
envolvia o governador da Paraíba Ricardo Coutinho (PSB). No caso, o governador
paraibano Ricardo Coutinho é investigado pela suposta prática de 12 crimes de
responsabilidade cometidos enquanto era prefeito de João Pessoa, em 2010. Os
ministros consideraram que os delitos não têm relação com o exercício do cargo de
governador e mandaram o processo para o Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB).
Tendo em vista que a reincidência foi o único fundamento para não aplicar a
diminuição da pena no caso que estava sendo julgado, Fonseca aplicou a redutora. É
que, para a aplicação da causa de diminuição de pena do artigo 33, § 4º, da Lei n.
11.343/2006, o condenado deve preencher, cumulativamente, todos os requisitos
legais: ser primário, de bons antecedentes, não se dedicar a atividades criminosas
nem integrar organização criminosa.
Por maioria de seis votos a três, os ministros entenderam que pratica o crime o
contribuinte que não pagar o ICMS, mesmo que tenha informado corretamente à
scalização o valor devido aos cofres públicos estaduais. A defesa alegava, por
outro lado, que a ação de declarar e não recolher o imposto caracterizaria apenas
inadimplemento scal, e não crime.
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“É de se observar que, embora o caput do artigo 304 do CPC de 2015 determine que
‘a tutela antecipada, concedida nos termos do artigo 303, torna-se estável se da
decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso’, a leitura que deve
ser feita do dispositivo legal é que a estabilização somente ocorrerá se não houver
qualquer tipo de impugnação pela parte contrária”, apontou o relator do caso, Marco
Aurélio Bellizze.
Para o ministro, o artigo 304 do CPC de 2015 disse “menos do que pretendia dizer”,
razão pela qual “a interpretação extensiva mostra-se mais adequada ao instituto,
notadamente em virtude da nalidade buscada com a estabilização da tutela
antecipada”.
Segundo Bellizze, não é possível que ocorra estabilização quando há recurso. Caso
contrário, haveria um estímulo à interposição de agravos de instrumento,
sobrecarregando os tribunais. “Da mesma forma, tal situação também acarretaria
um estímulo desnecessário no ajuizamento da ação autônoma, prevista no artigo
304, a m de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada”,
argumentou.
No caso, um homem foi à Justiça pedir para que continuasse vendo a cadelinha
adquirida durante união estável. Com a separação, o bichinho cou com a ex-
companheira. A decisão do STJ não chegou a equiparar a guarda de animal de
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Para o relator do caso no STJ, ministro Luís Felipe Salomão, a ideia por trás da
decisão é garantir que “não se está frente a uma coisa inanimada”, sem, no entanto,
estender aos animais de estimação a condição de “sujeito de direito”. “Reconhece-
se, assim, um terceiro gênero, em que sempre deverá ser analisada a situação
contida nos autos, voltado para a proteção do ser humano, e seu vínculo afetivo com
o animal”, apontou o relator.
“Os tribunais do país têm se deparado com situações desse jaez, com divórcios e
dissoluções de relações afetivas de casais em que a única divergência está
justamente na de nição da custódia do animal”, a rmou Salomão em seu voto. A
discussão se deu no recurso especial nº 1.713.167/SP.
Mas no caso do assédio sexual, a maioria dos ministros entendeu que o dano –
mesmo praticado por terceiro – tem conexão com as atividades prestadas pela
transportadora, que deveria zelar para que seus passageiros fossem levados de
maneira incólume até o local de destino.
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A CPTM “nada mais fez para evitar que esses fatos ocorram, para reduzir a
incidência desses eventos ultrajantes, como a disponibilização de mais vagões”,
apontou a relatora. De acordo com ela, entre janeiro e dezembro de 2017 houve um
aumento de 35% com relação ao mesmo período de 2016 no número de assédios
registrados apenas na estação Guaianazes.
Na Corte Especial, o entendimento xado foi de que a decisão agravada não pode
ser dividida e, portanto, deve ser impugnada em sua integralidade. Ou seja, a parte
deve fazer a impugnação especí ca de todos os argumentos. A partir de agora, para
que o recurso seja admitido, a defesa deverá rebater todos os pontos da decisão e
não apenas da parte que busca a reforma de entendimento no tribunal.
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