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Jorge Godinho
jg.macau@gmail.com
15 de Março de 2019
1. Introdução
Hoje, 15 de Março de 2019, o Governo de Macau anunciou a sua
decisão no sentido de autorizar «os pedidos apresentados pela SJM e
pela MGM Grand Paradise, S.A. (MGM) de prorrogação do prazo
dos respectivos contratos de concessão e de subconcessão para a
exploração de jogos de fortuna ou azar ou outros jogos em casino na
RAEM, até 26 de Junho de 2022»1.
Foi igualmente publicado no Boletim Oficial neste dia o
Despacho do Chefe do Executivo n.º 37/2019, onde se dispõe: «É
prorrogado o prazo do Contrato de Concessão para a Exploração de
Jogos de Fortuna ou Azar ou Outros Jogos em Casino, outorgado
entre a Região Administrativa Especial de Macau e a Sociedade de
Jogos de Macau, S.A., até 26 de Junho de 2022».
2. Enquadramento
Na sequência de um concurso público que culminou com a
atribuição de três concessões2, a actual concessão de exploração de
jogos de fortuna ou azar da Sociedade de Jogos de Macau, S.A. (SJM)
iniciou-se em 1 de Abril de 2002, por um prazo de 18 anos.
As duas outras concessões tiveram prazos de 20 anos. Foram de
seguida autorizadas três subconcessões, em ligação com cada uma das
três concessionárias, em 2002, 2005 e 2006, que seguiram os
mesmos prazos da concessão de que dependem.
A prorrogação do prazo das concessões de exploração dos jogos
de fortuna ou azar, com cobertura legal expressa, tem um longo
historial em Macau: a concessão da STDM (1962-2002) foi
prorrogada várias vezes.
Fevereiro de 2002, 202. Para uma análise detalhada deste concurso público, cfr.
Jorge Godinho, Os casinos de Macau. História do maior mercado de jogos de
fortuna ou azar do mundo, Almedina, Coimbra, 2019, 435 ss.
No período actual, a lei em vigor ― a Lei n.° 16/2001, de 24 de
Setembro ― regula expressamente a matéria. Para o efeito, no seu
artigo 13.° são previstas duas modalidades de prorrogação.
Em primeiro lugar, é prevista uma «prorrogação ordinária», até
ao prazo máximo de 20 anos. Em segundo lugar, é igualmente
prevista uma «prorrogação extraordinária», de 20 a um máximo de
25 anos.
Sobre a primeira, a lei não exige uma fundamentação
qualificada. Na actualidade, estava em causa a concessão da SJM, já
que as outras duas concessões têm ab initio o prazo máximo de 20
anos. Quanto às subconcessões, têm por natureza prazos mais curtos.
A prorrogação da concessão para além de 20 anos de prazo só é
possível «a título excepcional». Ou seja, as concessões, no regime
vigente, em princípio não devem ter um prazo superior a 20 anos.
Apenas situações extraordinárias, que tornem totalmente
desaconselhável o timing ordinário, podem justificar uma
prorrogação.
*** ** ***
4Para uma discussão mais longa desta questão, cfr. Jorge Godinho, Os casinos de
Macau. História do maior mercado de jogos de fortuna ou azar do mundo,
Almedina, Coimbra, 2019, 494 ss.