Professional Documents
Culture Documents
net/publication/267768603
Article
CITATIONS READS
0 416
3 authors:
SEE PROFILE
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
All content following this page was uploaded by Guilherme Bonan on 17 April 2015.
1. Introdução
O objetivo deste artigo é apresentar as principais configurações para o estágio inversor de um
sistema ininterrupto de energia – o Inversor. Abordando em uma linguagem clara os principais
conceitos e topologias de inversores aplicados em nobreaks.
Focado em um público técnico, o texto visa preencher lacuna existente na literatura quando
tratamos de inversores e a distinção técnica entre topologias aplicadas em nobreaks.
2. O Inversor
O inversor é um conversor de potência capaz de converter uma tensão contínua em alternada.
Este conversor opera através de uma específica seqüência de disparo dos interruptores de potência,
como IGBTs, MOSFETs, etc. A nomenclatura mais adequada ao estágio inversor é “conversor
CC/CA”, porém a sua terminologia mais difundida é inversor.
Nos equipamentos que operam com dupla conversão de energia, de acordo com a NBR
15014:2003 [1], o inversor realiza o segundo estágio de conversão, de CC para CA. Desta forma, está
sempre operando, seja no modo rede ou no modo bateria. O primeiro estágio de conversão, de CA para
CC, é uma tarefa do retificador [2]. A Figura 2.1 ilustra a topologia de nobreak on-line dupla
conversão, ressaltando o estágio inversor.
~
~
RETIFICADOR INVERSOR
CHAVE
MODO
REDE
~ MODO
BATERIA
CARREGADOR BATERIAS
Existem basicamente dois tipos de inversores, que são os inversores de tensão e os inversores
de corrente [3]. O primeiro converte a tensão contínua em tensão alternada. Já o inversor de corrente
converte a corrente contínua em corrente alternada. O inversor de corrente se destina a aplicações
específicas, sendo pouco utilizado. Já o inversor de tensão é largamente utilizado.
O inversor de tensão pode ser entendido como uma fonte de tensão alternada controlada, que
retira energia de uma fonte de tensão contínua, como baterias ou saída de algum estágio retificador,
transferindo à carga. Esta mudança na forma de tensão, de contínua para alternada, é possível devido
às comutações dos estados de condução dos interruptores de potência. A Figura 2.2 ilustra o conceito
básico envolvido na conversão de tensão CC/CA.
FONTE CC INVERSOR DE SAÍDA
DE TENSÃO CA
ENTRADA
Vca
Vcc
O circuito inversor Push-Pull foi uma das primeiras topologias de inversores utilizadas
industrialmente [3]. Esta topologia é mais bem adaptada às baixas potências e baixas freqüências de
chaveamento, sendo empregada em muitos nobreaks do tipo Stand-By.
A seqüência de condução alternada dos interruptores S1 e S2, vistos na Figura 3.1, garante uma
tensão alternada em virtude do transformador de duplo enrolamento primário. Esses interruptores
podem ser IGBTs, MOSFETs, BJTs, etc. Os diodos D1 e D2 são inseridos para garantir a continuidade
da corrente nos enrolamentos primários devido à carga indutiva na saída ou aos instantes
intermediários ao disparo de um ou outro interruptor.
CP Eletrônica S.A. 2
“Estágio Inversor para Nobreaks” Alexandre Saccol Martins, Guilherme Bonan e Gustavo Ceretta Flores
+ +
E E
- -
- -
E E
+ +
Figura 3.2 – Etapas de operação do inversor Push-Pull com transformador de relação unitária.
Suas principais características são:
• Necessita de transformador, sendo este com ponto médio no primário;
• Utiliza apenas uma fonte CC;
• A saída CA é galvanicamente isolada da fonte CC;
• Os interruptores de potência e a fonte CC estão na mesma massa, facilitando o projeto
dos drivers (circuitos de acionamento) dos interruptores;
• Tensão máxima nos interruptores igual ao dobro da tensão da fonte CC.
O inversor meia ponte apresenta apenas um “braço inversor”, ou seja, conjunto de interruptores
que operam de forma complementar. A estrutura de potência, em sua configuração básica, pode ser
vista na Figura 3.3 (a), onde há duas fontes CC formando um barramento CC duplo. Estas fontes
podem ser substituídas por um divisor capacitivo, a partir de uma única fonte CC, como ilustrado na
Figura 3.3 (b)
CP Eletrônica S.A. 3
“Estágio Inversor para Nobreaks” Alexandre Saccol Martins, Guilherme Bonan e Gustavo Ceretta Flores
(a) (b)
Figura 3.3 - Circuitos do inversor meia ponte. (a) com dupla fonte CC e (b) com fontes CC obtidas a partir de
divisor capacitivo.
As etapas de operação do inversor meia ponte podem ser vistas na Figura 3.4.
- E + + E -
+ E - - E +
CP Eletrônica S.A. 4
“Estágio Inversor para Nobreaks” Alexandre Saccol Martins, Guilherme Bonan e Gustavo Ceretta Flores
O inversor ponte completa opera com dois braços inversores. A estrutura básica pode ser vista
na Figura 3.5, onde há uma fonte CC e dois braços inversores. Esta estrutura exige o comando de
quatro interruptores, sendo que dois necessitam de fonte isolada ou circuito bootstrap para seu
acionamento. Apesar de um maior número de interruptores, com dois braços inversores, há a vantagem
de uso de uma fonte CC única e de menor tensão, quando comparado ao inversor meia ponte.
+ E - - E + + E - V=0
- E + + E - - E + V=0
(a) (b)
Figura 3.6 - Etapas de operação para (a) modulação em dois níveis e (b) modulação em três níveis.
O inversor ponte completa possui uma característica interessante que é a possibilidade de
etapas de tensão nula na carga, sem interrupção de corrente. Estas etapas possibilitam a operação com
modulação em três níveis, garantindo três níveis (+E, 0 e –E) de tensão na carga.
As principais características do inversor ponte completa são:
• Usa dois braços inversores;
• Circuito de comando para quatro interruptores, com pelo menos duas fontes isoladas ou
circuitos bootstrap;
• Comando complementar de dois pares de braços inversores;
• Barramento CC único, com tensão CC igual ao pico da tensão de saída;
• Possibilidade de modulação em dois ou três níveis;
• Necessidade de transformador isolador quando empregado em nobreak on-line dupla
conversão;
CP Eletrônica S.A. 5
“Estágio Inversor para Nobreaks” Alexandre Saccol Martins, Guilherme Bonan e Gustavo Ceretta Flores
• Tensão máxima nos interruptores igual à tensão do barramento CC. Menor estresse de
tensão nos interruptores.
As formas de onda de tensão e corrente na carga, para uma carga RL (R = 10 Ω L = 15,92 mH)
para um inversor monofásico com modulação em dois níveis, podem ser vistas na Figura 3.7. Estes
dados foram obtidos através de simulação numérica, servindo para ilustrar o funcionamento das
topologias monofásicas apresentadas, ou seja, inversor push-pull, inversor meia ponte ou do inversor
ponte completa. O inversor opera na saída com uma onda retangular de amplitude de 200 V e
freqüência de 60 Hz. A tensão eficaz de saída é de 200 V, sendo 180 V na freqüência fundamental. A
carga total é de 2540 W, sendo 2384 W na freqüência fundamental.
Tensão na carga
Corrente na carga
A Figura 3.8 apresenta resultado de simulação para o inversor ponte completa utilizando
modulação a três níveis. Nota-se que a tensão da carga apresenta patamares de tensão de +E, 0 e –E. A
carga é a mesma da simulação anterior, mas a tensão eficaz na carga é 160 V, a potência total é de
1715 W, sendo 1711 W na freqüência fundamental.
Tensão na carga
Corrente na carga
Figura 3.8 – Tensão e corrente na carga para o inversor ponte completa operando com modulação de três níveis.
CP Eletrônica S.A. 6
“Estágio Inversor para Nobreaks” Alexandre Saccol Martins, Guilherme Bonan e Gustavo Ceretta Flores
Número de interruptores
2 2 4
controlados
Dois ou três
Modulação Dois níveis Dois níveis
níveis
CP Eletrônica S.A. 7
“Estágio Inversor para Nobreaks” Alexandre Saccol Martins, Guilherme Bonan e Gustavo Ceretta Flores
O inversor trifásico opera como se fosse constituído de três inversores meia ponte, onde cada
um modula uma tensão alternada defasada de 120° elétricos em relação às outras. Na Figura 3.10
podem ser vistas as tensões de fase para uma carga conectada em estrela, de acordo com uma
simulação numérica.
CP Eletrônica S.A. 8
“Estágio Inversor para Nobreaks” Alexandre Saccol Martins, Guilherme Bonan e Gustavo Ceretta Flores
TRANSFORMADOR ∆/Y
4. Técnica de Modulação
O nobreak pode ser entendido como uma fonte de tensão ininterrupta. Sendo assim, seu
objetivo principal é fornecer energia sem interrupções, dentro de certas especificações, tais como,
valor eficaz da tensão, freqüência, distorção harmônica, etc. Os requisitos da carga, quanto distorção
harmônica, freqüência e valor eficaz de tensão são bastante rígidos, sendo que um inversor de tensão
com saída em onda retangular atenderia estas exigências sob pena de uso de filtros muito volumosos e
pesados. Para fugir deste problema e cumprir as exigências da carga se faz necessário o uso de uma
técnica de modulação em alta freqüência. O uso da modulação aliada ao filtro de saída do inversor
garante uma tensão de saída senoidal, com baixíssima distorção harmônica, regulação do valor eficaz e
ajuste da freqüência garantidos pelo sistema de controle do nobreak.
CP Eletrônica S.A. 9
“Estágio Inversor para Nobreaks” Alexandre Saccol Martins, Guilherme Bonan e Gustavo Ceretta Flores
tem como resultado os pulsos de comando dos interruptores. Estes comutam entre os estados de
condução e bloqueio, assim como os pulsos da modulação PWM.
Há várias formas de se obter a modulação PWM [5]. Uma das mais conhecidas é através da
comparação da onda moduladora com a portadora. A Figura 4.1 ilustra a modulação PWM obtida
dessa forma.
moduladora
PWM
+
_ portadora
Vmod +
_
+ V
_ tri
moduladora portadora
triangular comparação
Pulsos PWM
Pulsos de comando
fundamental
(a)
Deslocamento dos
componentes
harmônicos
fundamental
(b)
Figura 4.3 – Espectro harmônico da tensão de saída. (a) modulação PWM senoidal e (b) onda retangular.
CP Eletrônica S.A. 10
“Estágio Inversor para Nobreaks” Alexandre Saccol Martins, Guilherme Bonan e Gustavo Ceretta Flores
LF
CF
BANDA PASSANTE
DO FILTRO
HARMÔNICOS
ELIMINADOS
CP Eletrônica S.A. 11
“Estágio Inversor para Nobreaks” Alexandre Saccol Martins, Guilherme Bonan e Gustavo Ceretta Flores
Tensão Filtrada
Figura 5.2 – Tensão de saída do inversor e espectro harmônico antes e após a filtragem.
O parâmetro responsável pela regulação de tensão é Lf, o indutor do filtro, pois a corrente da
carga, ao circular por este, causa uma queda de tensão devido à impedância do indutor na freqüência
de saída do inversor. Desta forma, quanto menor for o valor da indutância do filtro, menor será a
queda de tensão, ou regulação, necessária para manter a tensão de saída em valores aceitáveis.
A corrente que circula pelo inversor em vazio é um efeito relativo ao capacitor de filtragem.
Quanto maior for o valor da capacitância do filtro, maior será a corrente em vazio do inversor. Embora
esta corrente não transmita potência ativa à saída, ela acaba consumindo potência ativa da entrada,
pois causa perdas nos semicondutores de potência do inversor. Logo, a corrente em vazio deve ser
mantida o menor possível. Para tanto, o valor da capacitância do filtro deve ser reduzido ao máximo.
Há um compromisso e, ao mesmo tempo, uma divergência entre os valores de indutância do
filtro e capacitância, pois a freqüência de corte do filtro depende da relação entre as duas. A regulação
exige um indutor com valor reduzido. Em contrapartida, o valor da capacitância também deve ser
reduzido para diminuir a corrente em vazio. A redução do valor destes dois parâmetros aumenta a
freqüência de corte do filtro, o que é indesejado.
A Figura 5.3 apresenta as formas de onda de tensão de um nobreak da linha Breakless New.
Seu estágio inversor é composto por inversor meia ponte com modulação PWM senoidal em dois
níveis. Pode ser percebido o efeito da filtragem da tensão de saída, com eliminação das harmônicas de
alta ordem e permanência apenas da componente fundamental, puramente senoidal.
Figura 5.3 – Formas de onda de tensão para modulação dois níveis, obtida do estágio inversor de um nobreak da
linha Breakless New.
A Figura 5.4 apresenta as formas de onda de tensão do estágio inversor de um nobreak da linha
Trunny. Seu inversor usa a topologia ponte completa, o esquema de modulação usado é PWM senoidal
CP Eletrônica S.A. 12
“Estágio Inversor para Nobreaks” Alexandre Saccol Martins, Guilherme Bonan e Gustavo Ceretta Flores
em três níveis. Também nota-se o efeito da filtragem através da permanência apenas da tensão
fundamental, puramente senoidal.
Figura 5.4 – Formas de onda de tensão para modulação três níveis, obtida do estágio inversor de um nobreak da
linha Trunny.
6. Conclusão
Neste artigo foram apresentadas algumas das principais topologias de inversores utilizados nas
fontes ininterruptas, conhecidas como nobreaks. Os nobreaks do tipo on-line dupla conversão são
identificados por duas conversões de energia. Os inversores formam o segundo estágio de conversão
de energia, de CC para CA. O primeiro estágio, de CA para CC, é uma tarefa dos retificadores.
Algumas diferenças entre as topologias utilizadas em nobreaks monofásicos foram
apresentadas de forma comparativa. Estas topologias são escolhidas de acordo com alguns fatores
como potência, limites de esforços de tensão e corrente nos interruptores, peso, volume e custo dos
equipamentos. Também foram apresentadas algumas das formas de se obter inversores trifásicos,
sendo utilizados em nobreaks com ou sem transformador isolador.
A modulação PWM foi abordada de forma simples, para ilustrar como funciona este esquema
de modulação amplamente utilizado em nobreaks com saída senoidal. Além disso, abordou-se a
filtragem da tensão na saída do inversor, eliminando-se os componentes harmônicos indesejados para
que seja entregue à carga apenas uma tensão puramente senoidal.
7. Referências
[1] NBR 15014:2003 – Conversor e semicondutor – Sistema de alimentação de potência
ininterrupta, com saída em corrente alternada (nobreak) – Terminologia.
[2] BONAN, G., GABIATTI, G. e MARTINS, A. S., Estágio Retificador Para Nobreaks
http://www.cpeletronica.com.br/upl/artigo_16.pdf
CP Eletrônica S.A. 13