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O que é Anemia ferropriva?

Sinônimos: anemia - deficiência de ferro

Anemia ferropriva é o tipo de anemia decorrente da privação, deficiência, de


ferro dentro do organismo levando à uma diminuição da produção, tamanho e
teor de hemoglobina dos glóbulos vermelhos, hemácias. O ferro é essencial
para a produção dos glóbulos vermelhos e seus níveis baixos no sangue
comprometem toda cascata de produção das hemácias. Dentro dos glóbulos
vermelhos existe uma proteína chamada hemoglobina que tem na sua estrutura
bioquímica a presença de moléculas de ferro e de cobalto (o cobalto está
presente na vitamina B12). A hemoglobina é a responsável pelo transporte do
oxigênio que respiramos até todas as células do corpo humano. Na diminuição
desta (hemoglobina) o transporte de oxigênio fica comprometido e várias
consequências danosas serão desencadeadas. Estima-se que 90% das anemias
sejam causadas por deficiência de ferro.

Déficit nutricional

A deficiência nutricional é uma forma de desnutrição (subnutrição)


caracterizada pela carência de elementos importantes ao corpo. Pode ser uma
falta geral de várias substâncias ou de alguma específica. A de ferro, por
exemplo, chamada de anemia ferropriva, é a mais comum", explica Flávia
Barbosa, mestre e doutora em Endocrinologia pela Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ), membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia (Sbem).

Para a anemia ferropriva é a dieta deficiente em ferro. Crianças e adolescentes,


gestantes e idosos são os públicos mais vulneráveis. Pacientes submetidos à
cirurgia bariátrica para redução do peso também correm maior risco de
deficiência de ferro. Pessoas que dependem de terceiros para se alimentarem
como idosos em asilos ou incapacitados fisicamente também podem ter anemia
ferropriva. Pacientes com hipotireoidismo podem desencadear anemia como
manifestação secundária. Vegetarianos mal orientados são também grupo de
risco.

Fisiopatologia

A perda de ferro é dividida em três estágios:


Primeiro Estágio
O balanço geral do ferro no organismo, definido como absorção menos excreção,
diminui. Porém, apesar desta diminuição não há grandes efeitos sistêmicos por
causa das reservas de ferro compostos pela ferritina e a hemossiderina. Estas
proteínas de reservatório de ferro mantêm a saturação de transferrina e,
consequentemente, os níveis de hemoglobina praticamente estáveis, pois liberam
seus átomos de ferro para o interstício e a corrente sanguínea onde são
capturados pela transferrina e levados até os tecidos alvos para poderem ser
utilizados. Enquanto as reservas de ferro permanecerem funcionais, não há
nenhuma alteração fisiopatológica nem alteração da velocidade de produção
eritrocitária no organismo.

Segundo Estágio
Com uma perda mais acentuada do ferro, as reservas se esgotam e a saturação
da transferrina sérica começa a diminuir progressivamente enquanto a
capacidade total de ligação ao ferro (TIBC) aumenta. Porém, ainda não há
produção de anemia, pois, mesmo com uma saturação menor, as transferrinas
plasmáticas conseguem suprir adequadamente os tecidos para que ocorra a
eritropoiese.

Terceiro Estágio
Ocorre quando a saturação da transferrina cai para valores abaixo de 20%
(normal de 30% a 50%) e a síntese de hemoglobina é afetada. Gradualmente a
hemoglobina e o hematrócrito começam a diminuir e por fim assumem uma
conformação hipocrômica e microcítica, caracterizando anemia ferropriva. É
importante ressaltar que a queda da saturação da transferrina para valore abaixo
de 30% já pode gerar hipocromia e microcitose, porém, sintomatologia clássica
geralmente é alcançada com valores de saturação inferiores a 20%.
A hemoglobina é a molécula transportadora de
oxigênio mais importante do organismo, ela está
dentro dos eritrócitos maduros e possui um
grupamento heme constituído de um anel
porfirínico e um átomo de ferro. Os precursores
eritrócitos (eritroblastos) apresentam grande
quantidade de receptores de transferrina (TfR) na
sua superfície celular para que possam capturar o
ferro e sintetizar hemoglobina. Sem ferro, não é
possível a produção da hemoglobina e o
transporte de oxigênio aos tecidos fica
comprometido.

Para que se inicie o quadro anêmico, a diminuição


do ferro tem que ser significativa a ponto de que
os mecanismos que controlam a homeostase do
ferro se mostrem ineficientes. Neste caso, tanto
os mecanismos intracelulares relacionados com as proteínas reguladoras do
ferro (IRP’s) e os elementos responsíveis ao ferro (IRE) quanto extracelulares
como a própria hepcidina não são capazes de promoverem com eficiência a
manutenção dos níveis de ferro.

Aspectos Epidemiológicos

Dentre os nutrientes implicados na gênese da anemia, a deficiência de ferro é


apontada como a determinante causal principal da maioria dos casos, o que
caracteriza a anemia ferropriva como a carência nutricional mais prevalente no
mundo atual (VANNUCCHI et al., 1992; OSKI, 1993;GILLESPIE et al., 1991).

Figura 1. Diagrama conceitual da relação entre deficiência de ferro e anemia


em população hipotética (Fonte, WHO, 2001).
No mundo, a deficiência de ferro atinge mais de 2 bilhões de pessoas,
estimando-se uma prevalência total de 40% da população. Os principais grupos
de risco para esta carência são as gestantes e crianças em idade pré-escolar
(GILLESPIE, 1998). Estima-se que a maioria das gestantes e pré-escolares nos
países não industrializados e ao menos 30-40% em países industrializados
tenham anemia . A Tabela 1 apresenta as estimativas de prevalência deanemia
segundo concentrações de hemoglobina entre diferentes grupos populacionais
de países industrializados e não industrializados no mundo.

Tabela 1. Estimativa do percentual de anemia (anos de 1990-1995) entre


diferentes grupos populacionais no mundo. (Fonte, WHO, 2001).

A deficiência de ferro entre crianças pré-escolares suscita grande preocupação


em saúde pública pelos prejuízos que esta acarreta no desenvolvimento deste
segmento populacional. Entre estas, os sintomas comuns da deficiência de ferro
incluem: comprometimento do desenvolvimento mental e cognitivo,
dificuldades no crescimento e desenvolvimento físico, reduzida atividade física e
produtividade e 3 menor resistência a infecções, com repercussões no aumento
da freqüência de morbidades (GILLESPIE, 1998; WHO, 2001). As
conseqüências econômicas da anemia ferropriva relacionam-se aos custos
despendidos com tratamento dos casos prevalentes, e custos indiretos advindos
do aumento da mortalidade materna (no caso de anemia grave durante a
gestação), redução da produtividade e comprometimento do desenvolvimento
cognitivo e mental na formação de capital humano (WHO, 2001).

No Brasil, estima-se um custo anual de US$ 605 milhões em tratamentos e


perdas de produtividade e dias de trabalho e US$ 2 bilhões com baixos
rendimentos escolares (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000).

Manifestações Clínicas

Entre as manifestações clínicas da anemia por deficiência de ferro destacam-se:


palidez, cansaço, falta de apetite, apatia, palpitações e taquicardia. Nos
estágios mais avançados da doença, ocorrem alterações na pele e nas mucosas
(atrofia das papilas da língua e fissuras nos cantos da boca), nas unhas e nos
cabelos, que se tornam frágeis e quebradiços.

Em crianças, a anemia ferropriva pode afetar o crescimento, a aprendizagem, e


aumentar a predisposição a infecções.

Sintomas de Anemia ferropriva

Existe uma gama de sintomas desencadeados pela anemia ferropriva, são eles:

 Fadiga crônica e desânimo


 Cansaço aos esforços
 Pele e mucosas pálidas (descoradas)
 Tonturas e sensação de desmaio
 Dores de cabeça e dores nas pernas
 Geofagia ( vontade incontrolável de comer terra )
 Queda de cabelo e unhas fracas e quebradiças
 Falta de apetite
 Taquicardia (aceleração dos batimentos cardíacos )
 Dificuldade de concentração e lapsos de memória
 Diminuição do desejo sexual.

Diagnóstico de Anemia ferropriva

Com um simples exame de sangue já é possível confirmar se o paciente está


anêmico e se é a carência do ferro a causa. Os exames mais apropriados são:

 Hemograma (série vermelha): detecta se a taxa de hemoglobina está


baixa e se o formato dos glóbulos vermelhos está alterado. Glóbulos
vermelhos muito pequenos (microcitose) e de coloração mais descorada
(hipocromia ) são dados que confirmam ser a deficiência de ferro a
principal causa
 Ferritina: avalia as reservas de ferro dentro do organismo, que
geralmente estão baixas na anemia ferropriva
 Outros parâmetros como dosagem de ferro e capacidade total de ligação
do ferro podem se alterar em outras condições clínicas e não apenas na
anemia ferropriva, devendo ser avaliados com cautela para não haver
confusão no diagnóstico.

Estes parâmetros acima citados, quando alterados, muitas vezes exigem


exames complementares à fim de procurar causas para a carência de ferro.
Uma boa anamnese alimentar (entrevista sobre os hábitos alimentares do
paciente) pode confirmar uma alimentação pobre em ferro. Quando não parece
ser a falta de ferro na alimentação causas secundárias devem ser investigadas
exigindo exames como:

 Endoscopia Digesta Alta


 Colonoscopia
 Exame Parasitológico de Fezes
 Esfregaço da Medula Óssea
 Urina Tipo 1
 Pesquisa de sangue oculto nas fezes.

Prevenção

A prevenção primária começa evitando uma alimentação pobre em ferro. Os


alimentos mais ricos em ferro são:

 Carne vermelha
 Gema de ovo
 Melaço da cana
 Folhas verde escuras (rúcula, agrião, couve, espinafre, etc)
 Leguminosas como feijão, ervilha, grão-de-bico, soja, lentilhas
 Fígado, miúdos de peru e frango.

Como o ferro de origem vegetal tem uma baixa absorção intestinal recomenda-
se acrescentar na mesma refeição alimentos fontes de vitamina C como frutas
cítricas (laranja, limão, abacaxi, acerola), pois esta vitamina aumenta a
absorção do ferro vegetal na mucosa intestinal. De maneira contrária o cálcio
pode diminuir a absorção de ferro de origem animal e alimentos como leite e
derivados (queijos, iogurtes) não devem estar na mesma refeição contendo
carne vermelha, principalmente quem está tratando de anemia ou corre maior
risco de tê-la como as situações citadas nos grupos de risco.

Acrescentar também alimentos enriquecidos com ferro como farinha de trigo e


milho são estratégias interessantes para a prevenção da anemia ferropriva.
Gestantes devem tomar suplemento de ferro prescritos pelo obstetra para não
desencadear esta anemia.
Tratamento de Anemia ferropriva

O tratamento à princípio é repor a necessidade imediata de ferro do organismo,


por meio da prescrição de doses medicamentosas deste nutriente. As doses de
sais de ferro podem chegar a 200 ou 300 mg tomadas em doses diárias por no
mínimo 2 a 3 semanas, variando conforme cada caso e grau de anemia. As
causas secundárias como má absorção intestinal, perdas sanguíneas crônicas e
parasitoses intestinais devem ser tratadas conforme cada caso.

Os medicamentos mais para o tratamento de anemia ferropriva são:

 Combiron, Combiron fólico, Ferronil, Hemax Eritron, Hemogenin,


Neutrofer, Noripurum EV, Noripurum fólico

Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu
caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à
risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o
uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de
uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as
instruções na bula.

Suplementação e as Fontes

O paciente com anemia ferropriva pode necessitar de suplementos de ferro


para elevar os níveis desse mineral o mais rápido possível.

Suplementos de ferro podem corrigir os níveis baixos desse mineral em meses.


Altas quantidades de ferro podem ser danosas. Desta forma, deve-se tomar
suplementos de ferro somente da forma prescrita pelo médico. É importante
manter os suplementos de ferro longe do alcance de crianças. Suplementos de
ferro podem causar efeitos colaterais, como fezes escuras, irritação estomacal,
azia e constipação.

O médico pode aconselhar o paciente a ingerir mais alimentos ricos em ferro. A


melhor fonte de ferro é a carne vermelha, especialmente bife e fígado. Frango,
peru, porco, peixe e frutos do mar também são boas fontes de ferro.

O corpo tende a absorver o ferro nas carnes melhor do que nos outros
alimentos. Entretanto, há outros alimentos que também podem ajudar na
obtenção de ferro, como:

* Espinafre e outros vegetais verde escuros.

* Amendoim e amêndoas.

* Lentilhas e feijões.
Vitamina C no tratamento de anemia ferropriva

A vitamina C ajuda o organismo a absorver ferro. Boas fontes de vitaminas C


são frutas, verduras e legumes, especialmente pimentão, kiwi, laranja, e uva.
Se estiver tomando medicamentos, pergunte ao médico se pode comer uva ou
beber suco de uva. Essa fruta pode afetar a potência de alguns medicamentos.

Outras frutas ricas em vitaminas C são morango, melão, abacaxi e manga.


Legumes e verduras ricos em vitamina C incluem tomate, couve-de-bruxelas,
brócolis, batata doce, couve-flor e couve

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