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Para que serve o período de recolhimento na época da iniciação?

O recolhimento é um período que serve para que a pessoa seja testada


em sua fé. É tempo de ver dentro de si mesmo, enquanto se
prepara para o novo mundo, em uma nova realidade! Período
dedicado exclusivamente ao santo. Muito
necessário para que a pessoa se sintam próximas aos orixás, conheça melhor
seus novos parentes e também seu/sua sacerdote/sacerdotisa. Porém, o tempo
necessário para o recolhimento é determinado de acordo com o orixá e com
cada casa de candomblé. É um período em que a pessoa fica acomodada em um quarto
chamado de rondêmi ou roncó. Local restrito, limpo, onde reinam a paz e o silêncio. No
momento em que se
recolhe, o iaô desliga-se de todos os seus problemas e de toda e qualquer coisa
que diga respeito às relações exteriores. Sua cabeça precisa estar voltada
somente para a vida espiritual, que ajudarão a produzir uma transformação
em sua vida. Haverá momentos tensos, pois o desconhecido assusta a todos, e são
muitos os iaôs que entram na religião sem saber sequer o que é o recolhimento. Em
compensação, haverá momentos de grandes alegrias e satisfação que, com
certeza, nunca serão esquecidos. Porém, o mais importante é que nesse período o
iaô obterá ensinamentos úteis que serão usados no seu dia-a-dia. Aprenderá as
regras, os dogmas, conhecerá a hierarquia e a diretriz da religião e do seu Axé. O iniciado
prestará juramento à sua
casa, a Exu, às divindades, a seu/sua babalorixá/iyalorixá, pois ele tem que ser
uma "pessoa que não vê, não escuta e não fala"! Segredos e mistérios são
invioláveis!
Nele, conhecerá pessoas que dedicarão tempo integral a
ele e às suas obrigações religiosas. Pessoas que partilharam do seu dia-a-dia, como a
"mãe-criadeira" ou o "pai-criador", cuidando dele, transmitindo
ensinamentos essenciais para essa fase e para o seu futuro dentro
da religião. Para muitos, é neste período que ocorre o primeiro contato com a sua
divindade. E será por meio desse transe que conhecerá a personalidade da
sua divindade.

O que é ser iaô?


Ser iaô é possuir um dom divino.
Ser iaô é estar ligado a uma força superior e procurar manter-se sempre
conectado a ela, conhecendo a sua base, mas ainda desconhecendo seus
fundamentos! O iaô é o início, o recomeço de toda casa de candomblé. O iaô é um/uma
iniciado/a que se comprometeu em aprender e seguir as normas de conduta e
orientações da religião dos orixás. A palavra iorubá iaô ( lyàwó) é ambivalente, independe
de sexo. Ela pode
ser traduzida como íyà, mãe; awó, segredo-a "mãe do segredo" -; ou ainda
iyàwóorisá, -"a mãe do segredo do orixá". Recebe ainda o nome de omo orisà,
Ser chamado de iaô transforma a ligação do ser humano com a divindade
em algo mais forte, no sentido de uma obediência e de uma dependência às
divindades. ​É tornar-se o instrumento do orixá para fazer a sua ligação com os
homens!​ O iaô foi escolhido pelas divindades, para que estas possam novamente retornar
ao aiê! Nesse retorno, ao
paramentar-se com suas roupas e suas ferramentas, mostrar suas danças e seus
canticos, o orixá está reconstruindo sua vida passada. Além
disso, a divindade o transforma em seu mensageiro, pois será ele quem
transmitirá, no momento do transe, as mensagens que são dirigidas à
comunidade, tanto em forma de conselhos, com o de ordens ou simples avisos!
Ao ser chamado para fazer parte da religião dos orixás, a pessoa precisa
ter consciência de que não poderá abandoná-la e sera um grave
descumprimento da sua missão religiosa. Este desligamento poderá acarretar
uma perda de energia positiva. A religião é
uma troca de energia e de axé; ao se desligar, o ser humano deixa de receber a
parte vinda das divindades!
Precisará ser
prudente e não hesitar em aprender novas funções, procurando dar o melhor de
si em tudo o que fizer, mas sabendo que errar faz parte do aprendizado. Diziam os antigos
que o "bom iaô escuta e não fala, vê e não enxerga", mas aprende tudo! Há necessidade de
o iaô ser passivo, saber
escutar, pois muitas vezes o calar-se é um ato de bravura, e
prova de boa educação. Mas cabe aos mais velhos orientá-lo, para evitar os erros
ou ajudar a consertá-los. Todos que um dia foram iaô sabem o quão difícil é esse
período!
Para que o iaô aprenda é necessário que ele veja e participe mais
intensamente da vida da casa de candomblé e queira estudar.

O que é um "barco de iaôs"?


O "barco de iaôs" é um conjunto de abiãs se preparando para a sua
iniciação. Ficarão confinados ao mesmo tempo e no mesmo local e passarão a
ser chamados de "irmãos-de-barco". Durante este período de recolhimento os
iniciados tornam-se tão ligados fraternalmente.

Quais os nomes dos componentes de um"barco de iaôs"?


Em um "barco de iaô" também existe uma hierarquia na seqüência da
chegada dos orixás, de acordo com atos litúrgicos da iniciação. 1)
dofono; 2) dofonitinho; 3) fomo; 4) fomotinho; 5) gamo; 6) gamotinho; 7) vimo
(ou vito); 8) vimotinho (ou vitotinho); 9) gremo; 10); 11) timo; 12)
timotinho.

Como se descobre quem são os orixás do futuro iaô?


Somente através do Jogo de Búzios, que é o oráculo do povo do
candomblé.
​ s orixás na vida do iaô
O
Orixá você não escolhe; é escolhido por ele!

Quem são os orixás?


Para o povo yoruba, o orixá ( òrìṣà) é "o senhor da nossa cabeça", força
poderosa da natureza que nos dá suporte físico e espiritual.
Criação divina de Olorum, nosso Deus supremo, os orixás são
os intermediários entre esse ser divino e onipotente e os homens. O orixá também
pode ser denominado de ​oluware​ (senhor do mundo), porque ele é justamente
isso para aquele que o possui – o​ "senhor do seu mundo, da sua vida"​.

Dizem os itãs que, após Odudua criar a terra, chamada de "o berço do
mundo", os orixás foram os seus primeiros habitantes. Isto nos torna, então, seus
descendentes! Olorum, "senhor supremo e criador", designou, então, a cada
divindade um compartimento do mundo para que esta cuidasse dele e que
também por ele se responsabilizaram. Podemos dizer
que Olorum distribuiu os quatro elementos da natureza da seguinte forma:
Obatalá representa o ar;
Odudua, a terra;
Aganju simboliza o fogo que sai do
ventre da terra;
Iemanjá, as águas;
Orungã, o ar atmosférico, o ar que
respiramos. ​Dentro destes variados compartimentos, outras divindades também
regem e reinam em conjunto.
Quando incorporados em seus
filhos, tornam-se energia pura e palpável e retornam à Terra para juntos
confraternizar. Dançam com eles e para eles, comungam de suas alegrias e
de seus infortúnios. Também escutam seus lamentos e seus agradecimentos;
ensinam e cobram daqueles que lhes devem; amam, são amados e respeitados... Esta
comunicação com o orixá é conseguida por meio de rituais, rezas, oráculo, oferendas etc.,
Eles nos
proporcionam o livre-arbítrio, a condição de decidirmos o que desejamos para
nossas vidas. Porém, este livre-arbítrio não deve servir de desculpa para que nos
esqueçamos deles. Precisamos sempre encontrar
um momento em nosso dia-a-dia para conversar com essas "forças".
As divindades encontram-se reunidas em grupos que possuem
semelhanças entre si. Algumas são responsáveis pelos quatro elementos da
natureza: água, ar, fogo e terra. Outras, pelos três reinos: animal, mineral e
vegetal. Em outra divisão, temos os regentes da produção de ferramentas, metalurgia,
agricultura, pesca, caça. Alguns orixás possuem também características em suas
personalidades
que os identificam como aguerridos, impetuosos e agressivos. São
voluptuosos,
conhecidos como "dinâmicos, vibrantes", e que se utilizam de roupas coloridas. o seu
contraponto, estão os usuários do branco, os funfun, que são do grupo das
divindades da criação e que personificam a calmaria, a placidez, o equilíbrio e
estão ligados à ancestralidade. Embora um orixá faça parte de um grupo, ele
pode também utilizar-se de elementos de outro grupo. É comum dizer que "orixá não
dorme", porque, se isso ocorresse, não
seria ele o "guardião de pessoas e da natureza"! Têm também entre suas atribuições zelar
pelos poderes da vida, da saúde, da doença e da morte. Em tudo que se referir ao
homem e à natureza, o comando do orixá é soberano e poderoso. Essa é a
maneira de eles mostrarem que cumprem a determinação de Olorum. Possuem a
liberdade, mas têm a incumbência moral de manter o mundo funcionando bem, sob sua
total responsabilidade. Por apreciarem primordialmente a limpeza, as divindades também
criaram o ar puro, as águas límpidas e cristalinas, as florestas produzindo
microorganismos que eliminam as impurezas. O homem, porém, em sua ânsia
de poder, destrói a cada dia um pouco disso!
Olorum também deixou que cada orixá escolhesse seus descendentes na
Terra, para que eles os vigiassem e cuidassem. E assim lhes foram entregues
tipos diversificados de seres humanos. Alguns eram bem especiais! Olorum
forneceu, ainda, vários elementos que então complementavam ou modificavam
a personalidade e a índole do homem. Assim, criou a bondade, a maldade, a
beleza, a feiúra, as raças e etnias, pessoas com deficiências físicas etc. Porém,
determinou que cada ser humano fosse único! Contudo, pelo fato de o homem
não ser constituído de uma formação simples e unitária, isso exigiu um cuidado
acentuado e especial. Tudo para permitir que sua vida na Terra seja digna, próspera e
saudável, desde que siga as regras de Olorum e de seu orixá.​ Acontece que os
homens, com o passar do tempo, adquiriram o livre arbítrio e
não obedeceram mais as regras. Alguns foram criando até mesmo as suas
próprias regras.

Quem são os irunmonlés?


O nome dado a todos os moradores do orum. Exus, orixás, ebóras, odus, erês, babá eguns,
iyamís, Óxôs, ajáguns e todos os encantados da
natureza. São seres que receberam de Olorum peculiaridades e poderes que
permitem a eles dar ao ser humano uma vida mais estável, harmônica e
equilibrada. Os irunmonlés estão divididos, 400 pertencentes ao grupo da direita e 200 que
participam do
grupo da esquerda, porém sempre acrescidos de mais um em cada grupo, pertinente a Exu,
o primeiro filho criado.

Quem são os 400 irunmonlés da direita?


Todos os "orixás masculinos e patriarcas da
criação", os orixás agbá, que são os anciãos de cada grupamento, usuários da cor
branca. São divindades de idade imemorial, chefiadas por
Obatalá. É necessário que se
inclua o número 1, Exu. O primórdio da criação é quem responde pela
movimentação e pela comunicação. Estas divindades masculinas respondem pela calmaria
e pela lentidão. São
representantes da serenidade, do equilíbrio e da harmonia. Pela sua senioridade, costumam
ser muito rigorosos e exigentes com os seres
humanos. Preferem manter-se mais distanciados dos homens, pois não
compactuam e não costumam perdoar os seus erros.

​ uem são os 200 irunmonlés da esquerda?


Q
É o grupo das iyabás, divindades que possuem e agregam o poder
feminino da gestação e que têm em Odudua sua consideração maior. Estão
neste conjunto também todas as divindades-filhas, que recebem também o nome
de ebóras. Neste grupo também está Exu, o primogênito. Os orixás-filhos foram
criados pela união dos irunmonlés da direita com os irunmonlés da esquerda, fazendo então
a representação da junção dos dois poderes geradores. Neste
grupamento é encontrada a união dos orixás que só usam a cor branca com o
outro grupo, que se utiliza de cores variadas. . Odudua pertence ao panteão das divindades
do branco, porém , ao
ligar-se com a terra, é a representante máximo da cor preta! O que o torna
divindade que participa dos dois grupos de irunmonlés! Está inserido no grupo
feminino, já que também é correlacionado à cor vermelha, ao sangue menstrual, gerador da
vida, posse de Oxum!

O que é o termo "panteão dos orixás"?


Grupo que reúne
seres com qualidades e características semelhantes, interligados por um mesmo
elemento, mantendo a sua individualidade. “um grupo de médicos forma um
panteão, pois todos possuem as mesmas características – vestem-se de branco, recebem o
codinome de doutor, mas cada um tem sua especialidade”. O mesmo ocorre com os orixás.

O que é o termo "qualidade de orixás"?


A palavra qualidade tem o significado de atributo que distingue as coisas
ou as pessoas umas das outras, e que é capaz de determinar a sua natureza. Sendo assim,
ela demonstra a individualidade de cada
ser, suas características diferentes ou até mesmo semelhantes, porém sem tirar sua
particularidade. O termo "qualidade" pode ser também denominado como
"caminhos de Odu".

O que é a "corte de orixás" do iniciado do candomblé?


São os orixás que, juntos, respondem pela formação da personalidade, da
índole e do caráter da pessoa. Ajudam também no direcionamento que seu filho
deve seguir para ter uma vida digna, harmoniosa, próspera e equilibrada
espiritualmente, se ele assim o desejar. Essa "corte" é assim dividida:
a) orixá do am paro;
b) orixá do orí;
c) orixá do adj untó;
d) orixá do etá;
e) orixá de hera nça.

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