Professional Documents
Culture Documents
Dizem os itãs que, após Odudua criar a terra, chamada de "o berço do
mundo", os orixás foram os seus primeiros habitantes. Isto nos torna, então, seus
descendentes! Olorum, "senhor supremo e criador", designou, então, a cada
divindade um compartimento do mundo para que esta cuidasse dele e que
também por ele se responsabilizaram. Podemos dizer
que Olorum distribuiu os quatro elementos da natureza da seguinte forma:
Obatalá representa o ar;
Odudua, a terra;
Aganju simboliza o fogo que sai do
ventre da terra;
Iemanjá, as águas;
Orungã, o ar atmosférico, o ar que
respiramos. Dentro destes variados compartimentos, outras divindades também
regem e reinam em conjunto.
Quando incorporados em seus
filhos, tornam-se energia pura e palpável e retornam à Terra para juntos
confraternizar. Dançam com eles e para eles, comungam de suas alegrias e
de seus infortúnios. Também escutam seus lamentos e seus agradecimentos;
ensinam e cobram daqueles que lhes devem; amam, são amados e respeitados... Esta
comunicação com o orixá é conseguida por meio de rituais, rezas, oráculo, oferendas etc.,
Eles nos
proporcionam o livre-arbítrio, a condição de decidirmos o que desejamos para
nossas vidas. Porém, este livre-arbítrio não deve servir de desculpa para que nos
esqueçamos deles. Precisamos sempre encontrar
um momento em nosso dia-a-dia para conversar com essas "forças".
As divindades encontram-se reunidas em grupos que possuem
semelhanças entre si. Algumas são responsáveis pelos quatro elementos da
natureza: água, ar, fogo e terra. Outras, pelos três reinos: animal, mineral e
vegetal. Em outra divisão, temos os regentes da produção de ferramentas, metalurgia,
agricultura, pesca, caça. Alguns orixás possuem também características em suas
personalidades
que os identificam como aguerridos, impetuosos e agressivos. São
voluptuosos,
conhecidos como "dinâmicos, vibrantes", e que se utilizam de roupas coloridas. o seu
contraponto, estão os usuários do branco, os funfun, que são do grupo das
divindades da criação e que personificam a calmaria, a placidez, o equilíbrio e
estão ligados à ancestralidade. Embora um orixá faça parte de um grupo, ele
pode também utilizar-se de elementos de outro grupo. É comum dizer que "orixá não
dorme", porque, se isso ocorresse, não
seria ele o "guardião de pessoas e da natureza"! Têm também entre suas atribuições zelar
pelos poderes da vida, da saúde, da doença e da morte. Em tudo que se referir ao
homem e à natureza, o comando do orixá é soberano e poderoso. Essa é a
maneira de eles mostrarem que cumprem a determinação de Olorum. Possuem a
liberdade, mas têm a incumbência moral de manter o mundo funcionando bem, sob sua
total responsabilidade. Por apreciarem primordialmente a limpeza, as divindades também
criaram o ar puro, as águas límpidas e cristalinas, as florestas produzindo
microorganismos que eliminam as impurezas. O homem, porém, em sua ânsia
de poder, destrói a cada dia um pouco disso!
Olorum também deixou que cada orixá escolhesse seus descendentes na
Terra, para que eles os vigiassem e cuidassem. E assim lhes foram entregues
tipos diversificados de seres humanos. Alguns eram bem especiais! Olorum
forneceu, ainda, vários elementos que então complementavam ou modificavam
a personalidade e a índole do homem. Assim, criou a bondade, a maldade, a
beleza, a feiúra, as raças e etnias, pessoas com deficiências físicas etc. Porém,
determinou que cada ser humano fosse único! Contudo, pelo fato de o homem
não ser constituído de uma formação simples e unitária, isso exigiu um cuidado
acentuado e especial. Tudo para permitir que sua vida na Terra seja digna, próspera e
saudável, desde que siga as regras de Olorum e de seu orixá. Acontece que os
homens, com o passar do tempo, adquiriram o livre arbítrio e
não obedeceram mais as regras. Alguns foram criando até mesmo as suas
próprias regras.