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Literatura Afro-Luso-Brasileira

Aula 1
Literatura em Angola
OBJETIVOS

Relacionar o contexto histórico de Angola com a sua


produção literária.
Apresentar a produção literária de Angola.
Discutir acerca das obras e autores mais
representativos na literatura angolana.
ANGOLA: UM PAÍS DA ÁFRICA

Fonte: https://bit.ly/2B6TUq4
Acesso em: 09/12/2018

Fonte: https://bit.ly/2G5RjTd.
Acesso em: 09/12/2018.
ANGOLA: UM PAÍS DA ÁFRICA

Fonte: https://bit.ly/2RGY9Q9 Fonte: https://bit.ly/2L4CL5b


Acesso em: 09/12/2018 Acesso em: 09/12/2018

Fonte: https://bit.ly/2PsQuTZ
Acesso em: 09/12/2018
LITERATURAS AFRICANAS LUSÓFONAS
Segundo Manuel Ferreira, em Literaturas
Africanas de Língua Portuguesa (1987), a
história da literatura nos países africanos
lusófonos não segue os padrões estabelecidos
pela cultura eurocêntrica. Desse modo, os
períodos literários são organizados em
sequência, sem denominação específica.
PERÍODOS DA LITERATURA ANGOLANA

1º PERÍODO:
Dos primórdios até aproximadamente 1848. Trata-se
de um período extenso, mas de produção escassa.
PERÍODOS DA LITERATURA ANGOLANA

2º PERÍODO:
Possui como marco inicial a publicação de
Espontaneidades da minha alma: às senhoras
africanas (1849), de José da Silva Maia Ferreira .
A POESIA DE MAIA FERREIRA

“A tónica deste discurso é o lirismo vasado sobretudo


no amor, mas também na fraternidade, na gratidão, na
recordação familiar, na amizade, no enlevo rústico ou
paisagístico. E neste campo semântico variado e não
muito complexo nem profundo, palpita ainda, e isto é
importante, a ternura romântica de um sentimento
pátrio.”

(FERREIRA, 1987, p. 15)


A MINHA TERRA

“[...] Minha terra não tem os cristaes


Dessas fontes do só Portugal,
Minha terra não tem Salgueiraes,
Só tem ondas de branco areal.
[...] Primavera não tem tão brilhante
Como a Europa nos sóe infiltrar,
Não tem brisa lasciva, incessante,
Só tem raios de sol a queimar.”
(FERREIRA, 1849)
De que modo o eu-lírico
criado em “A minha terra”
observa a metrópole
(Portugal)?
NARRATIVA EM PROSA

Na prosa destaca-se, nesse momento, a produção


de Alfredo Troni com o folhetim Nga Mutúri (1882).

Fonte: https://bit.ly/2B7z1v3.
Fonte: https://bit.ly/2Qmzt33.
Acesso em 11/12/2018.
Acesso em 11/12/2018.
NGA MUTÚRI

Essa narrativa folhetinesca narra o trajeto de


ascensão social e o processo de aculturação sofrido
pela protagonista Ndreza que se torna no decorrer
do enredo Nga Mutúri (Senhora Viúva).
NGA MUTÚRI

PLANO ECONÔMICO: a viúva torna-se agiota.


PLANO CULTURAL: constantes processos de
deslocamentos e hibridização que se referem
principalmente aos costumes, à linguagem e aos
hábitos religiosos.
Assim, a obra revela diversos aspectos
socioculturais daquele século, como é o caso dos
jogos de aparências.
“Cenas de Luanda”.
Influência de Eça de Queirós.
No toque de relevo da crítica de costumes
sobressai a alienação trazida pela assimilação
cultural e a transparência da coisificação do
homem negro na estrutura instável
colonizado/colonizador.”

(FERREIRA, 1987, p. 17).


PERÍODOS DA LITERATURA ANGOLANA

3º PERÍODO:

Em linhas gerais, nesse período o negro é visto como


figurante ou personagem irreal, as temáticas giram em
torno do exotismo, safaris e aventuras na selva. A
perspectiva adotada é quase sempre a do colonizador.
ALGUMAS OBRAS:
QUISSANGE: SAUDADE NEGRA, de Tomaz Vieira da
Cruz , 1932 (poemas).
O SEGREDO DA MORTA: ROMANCE DE COSTUMES
ANGOLENSES, de Antônio de Assis Júnior, 1935
(romances).
TATUAGEM, de Tomaz Vieira da Cruz , 1941 (poemas).
AO SOM DAS MARIMBAS, de Geraldo Bessa-Victor,
1943, poemas.
PERÍODOS DA LITERATURA ANGOLANA

4º PERÍODO:
Um dos períodos fundamentais para a reflexão sobre o
fazer literário no país em Angola. Esse momento é
marcado pela formação de grupos de intelectuais e de
artistas que se propunham a pensar a produção
literária angolana de forma mais crítica e nacionalista.
PERÍODOS DA LITERATURA ANGOLANA

4º PERÍODO:

Em linhas gerais, o 4º período marca-se pela exaltação


do povo angolano, pela luta contra a burguesia, pela
busca de um identidade nacional e pela integração no
mundo negro.
MOVIMENTO DOS NOVOS INTELECTUAIS DE ANGOLA
(MNIA)

“VAMOS DESCOBRIR ANGOLA!”


Fonte: https://bit.ly/2rvzPFt.
Acesso em 11/12/2018.

ANTOLOGIA DOS NOVOS POETAS DE ANGOLA


(1950)

“MENSAGEM”
(1951-1952)
A consciência de que a poesia produzida em
Angola não expressava a angolanidade não se
enquadrava no universo das ideias, aspirações
e sentimentos do grupo ilustrado e
esclarecido de angolanos que sonhavam com
outro estatuto para si e para o território”.

(LARANJEIRA, 1995, p. 70)


MENSAGEM: A VOZ DOS NATURAIS DE ANGOLA

“Geração de 50” ou “Geração da Mensagem”.

MENSAGEM recebeu contribuições de Viriato da


Cruz, Mário Pinto de Andrade, Agostinho Neto,
António Jacinto, entre outros.
PERÍODOS DA LITERATURA ANGOLANA

Em 1957, surge a Revista Cultura, que dará


continuidade aos ideais da Mensagem;
Na virada da década de 1950, surgem contistas
importantes, como Luandino Vieira;
Alguns dos intelectuais desse período são presos no
final da década.
AUTORES E TEMÁTICAS

VIRIATO DA CRUZ: poemas com misturas


linguísticas; glorificação do homem africano
disseminado pelo planeta; da Angolanidade
encaminha-se para a valorização da Negritude.
MAMÃE NEGRA (CANTO DE ESPERANÇA)

“(...) vozes das plantações da Virgínia


dos campos das Carolinas
Alabama
Cuba
Brasil...
(...)
Vozes de toda a América. Vozes de toda a África
gerando, formando, anunciando
- o dia da humanidade
O DIA DA HUMANIDADE...”
(CRUZ APUD FERREIRA, 1987, p. 119)
AUTORES E TEMÁTICAS

AGOSTINHO NETO: amor à pátria e aos homens;


compreensão da complexidade africana;
consciência revolucionária; crítica política e social.
Em sua obra “Sagrada Esperança” (1974) há
poemas voltados ao Neorrealismo e à Negritude; há
também o apelo à libertação nacional.
ADEUS NA HORA DA LARGADA
“Minha mãe
(todas as mães negras/ cujos filhos partiram)
tu me ensinaste a esperar
como esperaste nas horas difíceis
Mas a vida
matou em mim essa mística esperança
Eu já não espero
sou aquele por quem se espera
Sou eu minha mãe
a esperança somos nós
os teus filhos
partidos para uma fé que alimenta a vida
(...)”
(NETO APUD FERREIRA, 1987, p. 118)
MENSAGEM: A VOZ DOS NATURAIS DE ANGOLA

“[...] intelectuais que anos mais tarde seriam


considerados ícones do cenário cultural africano e, por
outro lado, líderes do Movimento Popular para
Libertação de Angola (MPLA). Foram eles aqueles que
compuseram um periódico de curta duração que, no
entanto, foi capaz de influenciar não apenas o
desenvolvimento cultural de Angola, mas as futuras
diretrizes políticas do país.”

(RAMOS, 2017, p. 278)


ATIVIDADE

Levando em conta os trechos lidos dos poemas de Viriato


da Cruz (“Mamãe Negra”) e de Agostinho Neto (“Adeus na
hora da largada”) e as características do que tratamos
como 3º período da literatura angolana, responda e reflita
sobre o seguinte questionamento: há nos poemas citados
e no período tratado um sentimento individual ou
coletivo?
PERÍODOS DA LITERATURA ANGOLANA

5º PERÍODO:

Em linhas gerais, esse período possui uma atividade


editorial ligada ao nacionalismo. Além disso, o período
em questão trabalhou principalmente com as
seguintes temáticas: a guerrilha, o sofrimento do
colonizado e a falta de liberdade.
PERÍODOS DA LITERATURA ANGOLANA

5º PERÍODO:

Período de atividade editorial intensa, apesar disso há


uma repressão generalizada e órgãos importantes
como a CEI (Casa de Estudantes do Império) e as
Edições Imbondeiro têm as atividades encerradas.
Luandino Vieira é a figura de destaque desse período.

Fonte: https://bit.ly/2RXm3r6.
Acesso em: 11/12/2018.
LUANDINO VIEIRA

Destaque às obras: Luuanda (contos, 1963) e Nós,


os do Makulusu (romance, 1974).

Fonte: https://amzn.to/2QJ0aOR.
Acesso em: 11/12/2018.

Fonte: https://bit.ly/2zSRiMV.
Acesso em: 11/12/2018.
LUANDINO VIEIRA

Pires Laranjeira (1995) divide a obra de Luandino


em duas fases:
1ª FASE: escreve de acordo com o português
europeu, vai até 1962.
2ª FASE: subverte o português padrão, criando
neologismos, marcas de angolanização, entre
outros.
LUANDINO VIEIRA
“Sô Zé da quitanda tinha visto passar nga Zefa rebocando
miúdo Beto e avisando para não adiantar falar mentira,
senão ia-lhe pôr mesmo jindungo na língua. Mas o
monandengue refilava, repetia:
— Juro, sangue de Cristo! Vi-lhe bem, mamã, é a Cabíri!...
Era essa a razão dos insultos que nga Zefa tinha posto com
Bina, chamando-lhe ladrona, feiticeira, queria lhe roubar
ainda a galinha e mesmo que a barriga da vizinha já se via,
com o mona lá dentro, adiantaram pelejar.”
(A estória do ovo e da galinha)

(VIEIRA, 1982, p. 99)


PERÍODOS DA LITERATURA ANGOLANA

6º PERÍODO:

“(...) mudança estética acentuada, de uma


modernidade acertada pelo relógio dos grandes
centros mundiais, e, por outro lado, após a
independência, a uma intensa exaltação patriótica e
natural apologia política do novo poder.”

(LARANJEIRA, 1995, p. 41)


PERÍODOS DA LITERATURA ANGOLANA

6º PERÍODO:

Relaciona-se diretamente com a independência


política de Angola que ocorre em novembro de 1975.
Pepetela é o autor de destaque nesse período.

Fonte: https://bit.ly/2Pu2oNn.
Acesso em: 11/12/2018.
PEPETELA
Destaque às obras: As aventuras de Ngunga
(romance, 1972) e Mayombe (romance, 1979).

Fonte: https://bit.ly/2C5DfF5. Fonte: https://bit.ly/2UxQW7b.


Acesso em: 11/12/2018. Acesso em: 11/12/2018.
AS AVENTURAS DE NGUNGA

“Novela ou pequeno romance de aprendizagem


envolvido pela atmosfera poética, enquanto no
interior se desenvolve a formação da consciência
revolucionária”.

(FERREIRA, 1987, p. 159)


MAYOMBE

“Pepetela atrevia-se a questionar a construção de


imagens de heróis monolíticos, aplicando à ficção a
fecundidade da dúvida sistemática, como quando
insinua, através de Sem Medo, que o poder da
guerrilha de libertação nacional já transporta em si
o ovo da serpente do poder que, após o triunfo,
dominará o povo que ajudou a libertar”.

(LARANJEIRA, 1995, p. 145)


ATIVIDADE
Levando em consideração a produção de Luandino
Vieira e Pepetela, analise se a frase que segue é
correta ou incorreta. Justifique:

A literatura de Luandino Vieira e Pepetela


relacionam-se diretamente com a situação histórica
angolana.
PERÍODOS DA LITERATURA ANGOLANA

7º PERÍODO:

Em linhas gerais, o 7º período pode ser considerado


como o de renovação. Ele marca-se pela Brigada
Jovem de Literatura de Angola, cujo o objetivo era
preparar jovens para o trabalho literário. Como
destaque desse período pode-se citar José Eduardo
Agualusa.

Fonte: https://bit.ly/2SBAsci.
Acesso em: 11/12/2018.
JOSÉ EDUARDO AGUALUSA

As narrativas de Agualusa relacionam história e


ficção. O autor utilizando-se do fantástico e de uma
visão onírica da vida revela a profunda pesquisa
histórica que realiza e também o seu talento
literário. Algumas de suas obras são: A conjura
(romance, 1989) e Estação das chuvas (romance,
1996).

Fonte: https://bit.ly/2UB1TVp. Fonte: https://bit.ly/2Py5aB4.


Acesso em: 11/12/2018 Acesso em: 11/12/2018
PARA CONCLUIR...
REFERÊNCIAS:
FERREIRA, Manoel. Literaturas Africanas de Expressão
Portuguesa. São Paulo: Ática, 1987.
LARANJEIRA, Pires. Literaturas Africanas de Expressão
Portuguesa, Lisboa: Universidade Aberta, 1995.
EVERDOSA, Carlos. A literatura angolana. Lisboa: Casa dos
Estudantes do Império, 1963.
RAMOS, Karina. A angolanidade literária nas páginas da revista
Mensagem. Revista Transversos, Rio de Janeiro, n. 10, 2017, 278 –
296.

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