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CLARÕES DE FÉ NO

MÉDIO AMAZONAS

(A Prelazia de Parintins no seu jubileu de prata)

- 1980 –
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APRESENTAÇÃO

A Prelazia de Parintins, criada com Bula de 12 de julho de 1955 e


solenemente instalada a 13 de novembro do mesmo ano, foi um dom
inestimável de Deus à nossa região.
Elevada a Igreja local, com um bispo sucessor dos apóstolos, tornou-
se presença viva de Cristo nesta terra, cátedra de luz e verdade, fonte de
santidade por meio de graça e sacramentos e povo santo irmanado no amor
cristão.
Depois que a Deus, devemos ser gratos a quantos colaboraram para
sua criação; em modo especial de Dom Alberto Gaudêncio Ramos, arcebispo
de Manaus, que a pediu e ao núncio Dom Armando Lombardi que a
favoreceu.
O nome do Papa que a fundou, Pio XII estará gravado em letras de
ouro em nossa história e mais ainda no coração agradecido de todos os filhos
do Médio Amazonas. O grande Pontífice na Bula “Céu boni patris famílias”
comparava-se “a um bom pais de família, que cuidando de sua casa, estava
dispondo tudo diligentemente para que crescesse dia a dia a prosperidade e a
felicidade de seus filhos”.
E realmente entre nós a Prelazia tem sido aurora e fator essencial de
prosperidade e felicidade.
Era justo pois festejar, embora modestamente, seu jubileu de prata;
particularmente a fim de prestar a devida homenagem a sacerdotes, religiosas
e leigos que trabalharam com zelo e sacrifício durante estes cinco lustros pelo
triunfo do Evangelho em nosso povo.
E é bem essa a finalidade destas modestas e despretensiosas páginas,
que ao mesmo tempo tencionam honrar todos os apóstolos desta terra, desde
os primeiros semeadores de fé que singraram nossos rios.
Infelizmente as ocupações de minha missão de pastor e a quase
impossibilidade de aceder a arquivos distantes, não me permitiram realizar
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um estudo mais aprofundado. Só posso apresentar simples pistas para uma
completa história da marcha da fé nesta região.
A maioria das informações é fruto de leitura e prolongada de nossos
livros paroquiais, especialmente antigos.
Quanto a outras fontes, além da “Memória do Município de
Parintins” de Antônio Clemente R. Bettencourt, é dever ressaltar
principalmente nosso historiador Arthur Cezar Ferreira Reis pela sua
publicação “As origens de Parintins”.
Agradeço enfim de coração o Exmo. Sr. Governador do Estado, Sen.
José Bernardino Lindoso, que generosamente mandou publicar estas páginas
pela Imprensa Oficial, homenagem ao jubileu de prata da prelazia.

O Papa João Paulo II e Dom Arcângelo Cerqua

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MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II

Enviada à Prelazia através da Rádio Alvorada, servindo-se do telefone do


arcebispo de Manaus às 14:30 do dia 11 de julho de 1980.
- Querido povo de Parintins e do Médio Amazonas, amanhã, 12 de julho,
decorre o vigésimo quinto aniversário da PRELAZIA DE PARINTINS,
criada pelo seu venerado predecessor Pio XII, a 12 de julho de 1955.
Sei do bem imenso realizado durante estes cinco lustros pela Prelazia
no campo da fé, da justiça social e do desenvolvimento e confio que de futuro
será realizado um bem ainda maior.
Abençôo de coração todo o povo da Prelazia: os Índios Maués e
Iskarianá, os moradores do interior e das cidades.
Uma bênção particular às comunidades rurais e a seus Dirigentes.
Exorto todas as irmandades ou movimentos, de jovens e adultos, a
uma vivência cristã e apostólica cada vez mais forte, para o crescimento de
todos na fé e na fraternidade, vossa maior riqueza.
Sei que Parintins está festejando nestes dias sua Padroeira, Nossa
Senhora do Carmo. Sei também que todas as cidades da Prelazia estão
dedicadas à Nossa Senhora e que vosso movimento mais forte e benemérito é
o dos homens das Congregações Marianas.
Peço pois à Virgem Santíssima de abençoar a todos da Prelazia:
Sacerdotes, religiosas, seminaristas, leigos engajados na pastoral, os fies.
E em penhor dou a todos a minha bênção.
em nome do PAI, do FILHO e do ESPÍRITO SANTO.

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ALVORADA DE FÉ

TUPINAMBÁS E TUPINAMBARANA

1 – O território de Parintins vai da SERRA ao PAURÁ e em ambos


estes lugares há vestígios de antigos aldeamentos indígenas.
Se alguém entrar do Remanso e subir no outeiro à esquerda,
vê a terra disseminada de cacos de cerâmica. Eu pessoalmente a 12 de
junho de 1972 consegui juntar um bom número deles, tendo o
cuidado de escolher os que apresentasse algum ornato. Sinal
claríssimo de antigo aldeamento de índios no lugar. Nas demais
colinas da costa do Paurá também se encontram tais vestígios, mas
em quantidade menor.

2 – A Terra Preta da Valéria, perto da Serra, apresenta igualmente


achados arqueológicos em grande quantidade. O povo de lá por
exemplo sabe que há pouco um turista mandou cavar ao lado da
barraca do leilão e só d’uma fossa tirou uma saca inteira de
fragmentos de cerâmica de índios. Em seguida tem sido feitas outras
escavações sempre com resultados positivos, atraindo sempre novos
turistas.
Continuamente os caboclos acham desses cacos,
especialmente na colina ao lado da Valéria. O Sr. Raimundo Farias
entregou-me algumas peças interessantes.

3 – Há tantos outros lugares que oferecem idêntico testemunho,


entretanto só vou lembrar a própria cidade de Parintins, que tem
revelado aldeamentos indígenas de tempos muito anteriores à
chegada de Cordovil.

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Por exemplo, cavando os alicerces da Prelazia, debaixo da
camada de terra preta, foram encontrados vários cacos antigos. A
mesma coisa aconteceu ao Sr. Jorge Kawakami nas escavações do
novo armazém da Caçapava, onde foi descoberta uma boa
quantidade dessas peças cerâmicas, mais d’um metro abaixo do atual
nível do terreno.
Também as escavações dos alicerces da Catedral forneceram
achados arqueológicos antigos, especialmente machados de pedra,
dos quais guardamos um para o engastar no futuro altar fixo da
Catedral.

4 – Mas que índios eram esses antigos moradores de Parintins


e seu território? Na opinião de Maurício Henriarte (Descripção do
Maranhão, Pará etc...pág. 162/225) os primeiros moradores foram
índios ARATU, APOCUITARA, YARA, GODUI, CURIATÓS.
Num segundo tempo estes foram subjugados pelos
TUPINAMBÁS, que vinham da faixa atlântica do Brasil, fugindo da
conquista dos portugueses.
O movimento migratório dos Tupis em 1600 tornou-se um
verdadeiro êxodo. Entretanto, parece que os Tupis de nossa região
vieram em boa parte pelo Madeira e pelo Centro. Gostaram da ilha,
conquistaram seus naturais e os avassalaram. Depois com o tempo
houve a fusão através dos casamentos.
Mas segundo Acuña eles exterminaram muitos moradores e
continuaram a tratar os restantes em caráter senhorial, apesar do
inter-casamento.
5 – Do Pe. Vieira sabemos que os padres jesuítas Francisco
Veloso e Tomé Ribeiro em 1654 enviaram do Tocantins “uma
embaixada à nação dos Tupinambás, que dista 300 léguas pelo rio
acima, e é a gente mais nobre e mais valorosa de todas estas terras.”
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Trata-se de Tupinambás do Alto Tocantins.
Havia outros na Baia do Guajará, Pará, como a Aldeia dos
Tupinambás de Cima e a Aldeia dos Tupinambás de Baixo: e outros
lugares, como no Tapajós.
Infelizmente “essa gente nobre e valorosa do Pará” era objeto
de conquista e venda à obra de “entradas” de exploradores, que com
a desculpa de civiliza-los geralmente buscavam mão de obra barata,
nem que fosse pela escravatura. Assim em 1646 “se fizera uma
entrada a esta mesma nação dos Tupinambás, (do Tocantins) de que
foi por cabo um Bento Rodrigues de Oliveira e trouxeram muitos de
ditos índios escravos.”
Pelo contrário as expedições dos missionários visavam o bem
dos próprios índios: através de “descimento” os reuniam em aldeias
organizadas para lhes darem, em plena liberdade, fé e progresso. Por
exemplo, para os Tupinambás e Araguaia é lembrada uma expedição
do Pe. Manuel Nunes em 1659, em que consegue “até 1200 descidos
pacificamente duma só vez”.
6 – Embora espalhados em vários lugares, os Tupinambás
formaram em nossa região um núcleo forte e central. Segundo Acuña
(pag. 250/264 em Nuevo Descubrimento”) ocuparam a
Tupinambarana no mesmo tempo em que povoaram o Maranhão e o
Pará entre 1560 e 1580. Em 1639 dominavam já territórios que
abrangiam 76 léguas pelo Amazonas, e deviam se estender mais
ainda. Pois o mesmo Acuña mencionava o nome “URUNA” dado
pelos Tupinambás ao Rio Negro (U = água, RUNA = preta).
7 – A palavra Tupinambá significa “homem viril, homem
forte”, e “Tupinambarana” quer dizer “tupi não verdadeiro” mas
derivado de mestiçagem.

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Um grupo deles por exemplo foi até o Peru, mas tendo
encontrado lá hostilidade, voltara, novamente para a Ilha
Tupinambarana.
À diferença dos índios locais, falavam a língua geral, por isso
tinham a privativa dos contatos com os brancos, com quem
traficavam...
Além disso eram empregados em “tropas de resgate”, como
diz Pe. Samuel Fritz em carta de 26 de junho de 1689. (S. Leite, III,
pag. 385). O cacique CUMIARU acompanhava aquelas tropas com
seus índios, auxiliando os brancos a capturar os aborígenes. “E fazia
isso com tanta eficiência, que só ao nome dos Tupis não há nenhuma
tribo indígena que não se renda.” (Acuña, pag. 262).
Entre os Tupis havia um grupo chamado PARINTINTINS, de
que se originou o nome da Serra e desta à nossa Cidade. Eram
inimigos ferozes dos demais índios, especialmente dos Mundurucus;
e pela sua cruel animosidade acabaram sendo escorraçados da região
rumo ao Madeira, onde existem alguns descendentes no Município
de Humaitá.

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Parintins: por do sol no Rio Amazonas

Vista aérea de Parintins

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Vitória Régia

EVANGELIZAÇÃO DOS TUPINAMBARANAS

1 – Em 1657 os jesuítas Manuel Pires e Francisco Veloso, partindo do


Maranhão a 22 de junho, realizaram a primeira entrada no Rio Negro
registrada na história. Nos “Tarumãs” levantaram uma cruz a cuja
sombra celebraram a Missa.
“Na viagem os dois padres tomaram contacto com os índios
da ribeira do Amazonas, sobretudo Arauques e Tupinambaranas.” (S.
Leite, III, pag. 370).
Em 1658 nossos índios são visitados pelo próprio provincial
dos jesuítas, o Pe. Francisco Gonçalves, nascido em S. Miguel das
Açores em 1597. este padre qualificado pelas crônicas “missionário
insigne e homem de oração”, volta do Rio Negro e da Ilha

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Tupinambarana “doente como o retrato da morte” e morre a vinte e
quatro de junho de 1660.
Na viagem deve ter sido acompanhado pelo Pe. Manuel Pires,
que ao que parece ficou encarregado principal de nossa região,
dispondo entretanto de algum colaborador.
De fato, lemos em S. Leite, III, pag. 384, que “os primeiros
padres que se ocuparam dos Tupinambaranas foram Manuel Pires e
Manuel Souza em 1660”. Mas a açõa do Pe. Manuel Pires estendia-se
até o Rio Negro e o Solimões, onde entrou pela primeira vez em 1671
em companhia do Pe. João Maria Gorzoni. No ano seguinte, em 1672,
perdeu a vista e mesmo assim quase ia guiar uma nova expedição ao
Rio Negro, desistindo pelas insistências carinhosas dos confrades.

2 – Um dos colaboradores de Pe. Pires foi o lembrado Pe. Gorzoni.


Este padre italiano de Mantova, nascido em 1625, tinha chegado na
missão do Maranhão em 1659; tendo pouco jeito para colégios,
consagrou-se às Missões de modo a merecer o título de “Grande
Missionário da Amazônia”.
Em 1661 cuidou das Ilhas da baia do Guajará e de Marajó. De
1662 a 1663 foi provincial. Em 1665 evangelizou o Xingu. Em seguida
dedicou-se à nossa região com o Pe. Pires e seus sucessor o Pe.
Antônio Fonseca. Nos anos de 1688 e 1689 interessou-se mais do Rio
Negro, onde “descia as aldeias para as paragens que se lhes ofereciam
mais acomodadas para a saúde e a sustentação”.
Em 1692 colocou o Pe. Aluisio Conrado Pfeil na aldeia do
Matari e o Pe. João Justo de Luca, italiano, na residência do Rio
Negro: e ele explorou o Urubu e o Atuma.
Em 1696 na boca do Tapajós (Santarém) “construiu residência
e belas hortas e estava para edificar a igreja de taipa e pilão”.

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Betendorf, ao escrever sua Crônica em 1698, o apresenta “teso
como se fosse moço, sendo de 73 anos de idade ou pouco menos”
Faleceu a 10 de outubro de 1711.
3 – Falando dos Padres Manuel Pires e Manuel Souza “que em
1660 se ocuparam dos Tupinambaranas”, o provincial Pe. João Felipe
Betendorf narra que os mesmos “levantaram cruzes, catequizaram e
rezaram Missas para os Aruaques numa aldeia situada num rio
particular entre o Nhamundá e o Urubu. Lá fizeram a catequese
habitual e muitos batismos e conversões maravilhosas” e a 31 de
dezembro dedicaram uma capela à S. Cruz.
Na opinião de Arthur C. F. Reis dita capela surgiu no próprio
Urubu; mas expressão “entre o Nhamundá e o Urubu” sufraga mais a
sugestão de que se trate da boca do Jatapu ou melhor ainda do
Remanso, onde a imensa quantidade de restos de cerâmica aponta
um antigo aldeamento central.
Infelizmente essa vila em 1663 viu chegar um cabo de tropa,
Antônio de Arnau Vilela, que foi morto numa cilada de índios.
“Parece que ele deu ocasião para isso”. (/s. Leite pag. 282)
É um fato, segundo Betendorf, que os Aruaques “eram gentio
de Paz, onde tinham sempre estado em nossas missões”.
Parece que morreu também um carmelita. O Governador do
Pará organiza uma expedição punitiva e quer obrigar os jesuítas a
reconhecer como justa a guerra contra a aldeia. Os padres se negam;
entretanto mesmo assim a expedição foi punir os índios e “os cativou
quantos pode”, eliminando praticamente a aldeia.
4 – Em 1669 o Pe. Betendorf, acompanhado pelo italiano Pe.
Píer Luigi Consalvi e pelo irmão Domingos da Costa, realiza uma
visita aos jesuítas e suas missões em nossa região, onde já há
residências de base. Em sua Crônica fala expressamente de 6 aldeias,

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das quais uma, Irurires, no Madeira, e 5 entre nós, São Miguel dos
Tupinambaranas, Andirázes, Curiatós, Maguases (Maués) e Abacaxis.
A 29 de setembro dedica uma capela em honra a S. Miguel
“na aldeia dos Tupinambaranas”, “que ficava umas cinco jornadas do
Rio Tapajós, em ponta alta sobre o rio”.
É a nossa Parintins, cuja posição é bastante alta com relação à
várzea circunstante.
Infelizmente não há lembrança de capela com S. Miguel por
orago; afinal eram capelas improvisadas em populações ainda
móveis.
Há incerteza quanto a localização das aldeias dos “Andirázes”
e “Curiatós”; a segunda deve pertencer ao lago do Uaicurapá e a
primeira ao Andirá.
O padre narra que na Aldeia Tupinambarana achou também
índios Pataruana e que a população lhe pediu de excomungar os
mosquitos, por que lhes aperreavam demais a vida. O padre
respondeu sorrindo que os bichinhos estavam em suas terras; os
Tupinambás que se mudassem.
Muitos de fato mudaram-se “uma jornada pouco mais pela
terra dentro, sobre um belo lago ou rio, que vindo partes dos
Andirázes, parte do Rio Amazonas, vai dar pelos Curiatós.
Praticamente os próprios padres constataram que à causa dos
mosquitos “não havia meio nem de viver nem de dormir; por isso
acharam imprudente demorar-se mais, para não adoecerem eles e os
remeiros” (Crônica 260).
A descrição de novo lugar e a distância apontada avalizam a
hipótese que o novo lugar escolhido foi o Rio Andirá, provavelmente
Freguesia, que vinte anos depois seria deixado pelo Pe. Fonseca em
favor do Uaicurapá. É que os jesuítas, tendo decidido em 1669 em

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diante se consagrar mais à evangelização dos Tupinambaranas e do
Madeira, procuravam uma adequada base central, até que a acharam.
Do companheiro de viagem do Pe. Betendorf, Pe. Píer Luigi
Consalvi, se diz que por ele “foi visitada a aldeia de Muruapig
(Oriximiná) ao voltar dos Tupinambaranas”. (S. Leite III, pag. 276).
5 – Em 1678 numa lista dos jesuítas aparece S. CRUZ DOS
ANDIRÁZES, “da qual dependem os Curiatós”, do Uaicurapá. É ao
nosso entender Freguesia do Andirá, como já dissemos.
A lista e os demais dados são compilados por superiores bem
distantes da região e em tempos de comunicações muito precárias,
por isso é compreensível certa vagueza e confusão.
A esta Aldeia em 1689 chega o Pe. Antônio Fonseca, “que veio
para ficar assento entre os Tupinambaranas” (S Leite III, pag. 385).
Quer dizer veio para cuidar principalmente dos Tupinambaranas”.
Ele, para facilitar seu trabalho apostólico, operou logo
mudança “não total” para um lugar mais central e mais perto da
Tupinambarana da beira do Amazonas. Deixando parte dos índios na
aldeia dos Andirázes, fundou uma nova aldeia dos Tupinambaranas
“um pouco mais para cima, num formoso outeiro que olhavam para
um belo e espaçoso lago, com bons ares, boa vista e bons
mantimentos; e unindo-o pela origem ao seu primitivo orago,
construiu igreja e grande casa em honra a S. Inácio. O chefe era João
Cumiarú, afamado na guerra”.
A residência melhor centralizada ficou “mais para cima” no
lugar hoje chamado “Tauaquera” (Taua = aldeia, Quera = aquela que
já foi, antiga) entre S. Carlos e Marauarú, onde se podem observar
ainda hoje as ruínas e onde o povinho credulão tem cavado à procura
de ouro...

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A aldeia tornou-se centro das missões Jesuítas na região; de lá
atendia-se “Curiatós e Condurises (do Nhamundá) para baixo e
Andirázes e Maraguares (Maués) para cima”.
Era “uma aldeia pobre mas bem governada... Os missionários
que por ali passavam se edificavam do zelo deste primeiro grande
apóstolo dos Tupinambaranas”.
“Demacrado e doente cedeu o posto ao italiano Pe. João Justo
de Luca em 1697, e este por sua vez adoentado foi substituído por
outros”.
A essa residência em 1691 retirou-se o Pe. Angelo Bonomi,
italiano, quando adoeceu na missão de Irurires, Madeira. Os brancos
aproveitaram de sua ausência para escravizar os índios; então os
padres desgostosos se concentraram em Tupinambarana e Abacaxis.
(S. Leite III, pag. 392).
6 – Em 1691 passou por Tupinambarana o já citado célebre Pe.
Samuel Fritz, jesuíta alemão nascido na Boêmia. Chegara missionário
no Peru em 1686 e amansara os índios OMAGUAS, AISUARAS,
IBANAMAS, TARUMÃS, criando missões no Rio Solimões, as atuais
S. Paulo de Olivença, Tefé e Coari.
Em 1689 doente de hidropisia resolveu ir a Belém. Passou na
boca do Rio Negro a 26 de junho. “A 28 – anota em seu Diário –
encontramos um cacique dos portugueses, da nação Tupinambarana,
chamado Cumiarú, que ia acompanhando tropa de resgate. Os índios
Chuchivaras que eu trazia, julgando que fossem Tarumãs, seus
inimigos do Rio Negro, logo armaram suas flechas. Plantei minha
cruz na proa, até que aproximando-se as canoas se reconheceram por
amigos e o cacique Cumiarú me deu um índio guia para a aldeia do
Urubu”.
Lá foi recebido pelo Pe. Gorzoni, que lhe cedeu um irmão
para acompanha-lo até Belém.
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Fritz fez um bom mapa do Rio Amazonas que infelizmente
pára nos limites ocidentais de Parintins. Sendo defensor dos direitos
da Espanha, passou os dois anos de Belém vigiado, até ser
reacompanhado à fronteira do Peru por vinte soldados.
Em seu lugar foi enviado nas missões do Solimões frei Manuel
da Esperança, carmelita, que aprendeu dos índios Camberas (S. Paulo
de Olivença) o uso do leite de seringueira.
Na volta de Belém ao Peru, o Pe. Fritz chegou ao meio dia de
17 de agosto de 1691 na boca do Rio Tupinambarana (Paraná do
Ramos) e alcançou a aldeia às 8 da noite. Aí descansou 9 dias.
É de supor que o descanso foi na Tupinambarana do
Uaicurapá, mais do que na Tupinambarana de fora, a atual Parintins.
7 – Em 1714 é missionário dos Tupinambaranas o Pe. Bartolomeu
Rodrigues, nascido em Coimbra a 24 de agosto de 1674, profundo
conhecedor da língua Tupi.
Guarda-se dele uma longa carta, enviada do Uaicurapá ao seu
da região e “dos descimentos” operados pelos missionários ao
provincial Pe. Jacinto de Carvalho, com preciosas notícias das tribos
longos dos Paranás Urariá e Ramos e seus afluentes.
Deixando no capítulo de Maués o que interessa àquela
Paróquia, refiro o que pertence à região de Parintins.
“É povoado o sertão dos Andirázes das nações: Unaniá,
Guaranaguá, Abauturiá, Uipitiá, Riauiá, Acaicaniá, Pirapeiguá,
Abuquá, Jacaraná, Piraguá, Piritiá, Avueteriá, Uematré.
No sertão do Mariacoã, por outro nome rio dos Curiatós, se
encontram as seguintes: Mariaroi, Abucaoniá, Nuricirú, Janhanguá,
Sacorimatiá, Itixinguaniá, Mutrietré, Arixarui, Muraá, Mateupu,
Ocoiporiá, Içuaiuá.
Pelo rio Guamuru, que braço deste se entra nas terras do
Gentio dos Maniqueras e Abiariá.
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Estas são as nações de que tenho notícias, não contando aqui
as quatro aldeias já domesticadas, situadas nas enseadas do Rio
Canumã, Guarinamã, Andirás, Acuriatós” (S. Leite III, 395).
Quanto aos “descimentos”.
“o primeiro descimento que fiz para esta aldeia foi parte da
nação dos Arerutus, o segundo foi dos Comandis e Ubuquaras..., o
terceiro dos principaes dos Andirázes com seus vassalos que
habitavam as cabeceiras do rio Mariacoã; o quarto foi dos poucos
lapucuitabijaras, que havia nos Magués, posto que isso se possa mais
chamar mudança que descimento; o quinto foi a nação Paraiuaniá; o
sexto foi a nação Capiurematiá, ambos neste rio dos Acuriatós; o
sétimo toda a nação Majuariá, com parte da nação Monçaú e
Ubuquara do rio Magués.
Por último os Sapupés, cujo descimento ainda continua.
Para a aldeia dos Andirás tenho descido parte da nação
Amoriá e parte da nação Acaiuniá”.
A carta lembra também alguns episódios interessantes.
O tuxaua da nação Maioariá, “que foi causa de descer toda a
sua nação, larga uma das mulheres e estuda e reza com os curumins”.
“Com o desejo de converter um principal do Rio Guamuru
(Mamuru)...resolvi ir às suas terras; três semanas padeci”, mas
confessa e prepara a bem morrer um índio batizado.
“No rio Uamucá havia muita gente; mandei chamá-la, mas
depois fui eu mesmo e trouxe trinta pessoas”.
Lembra dois casos de mães que enterram vivas suas crianças.
E manifesta sua satisfação em ser missionário.
“Suaviza grandemente os trabalhos que padecem nestes
descimentos a consolação que resulta da consideração das muitas
almas que se ganham para o céu... E juntamente ver a prontidão com
que as crianças desta gente nova, e alguns de maioridade, assistem a
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doutrina, em que brevemente instruídos, se fazem capazes de receber
o santo batismo... Tem-se sucedido parentes pagãos explicar aos
moribundos o necessário ao batismo. Todas estas coisas são o acepipe
(iguaria) com que temperam os inconsideráveis trabalhos que com
esta gente nova se padece”.
A carta é datada: “Guaiacurapá dos Tupinambaranas, 2 de
maio de 1714”.
O Pe. Bartolomeu morreu aí mesmo pouco depois, a 6 de
dezembro de 1714.
8 – Em 1719 é o próprio Pe. Jacinto de Carvalho que escreve:
“Do rio Tapajós a cento e trinta léguas está situada a residência dos
Tupinambaranas... posta num lago de 5 léguas largo e 20 de
cumprido”. (S. Leite, pag. 389)
É difícil saber a que correspondia a légua daquele tempo, em
todo caso as medidas são dadas por ouvido dizer, por isso
aproximativas e exageradas.
De fato, o lago do Uaicurapá é largo e bonito mas não de
tantas léguas.
9 – Em 1723 é missionário dos Tupinambaranas Pe. Manuel
dos Reis e a aldeia é chamada S. Francisco Xavier dos
Tupinambaranas. Isso obriga a pensar que o Pe. Reis começou a
residir mais na aldeia do Amazonas, a atual Parintins e que em
substituição da antiga capela provisória em honra de S. Miguel
construiu outra em honra de S. Francisco Xavier. (S. Leite, pag. 386).
O aumento da população e a limpeza do lugar reduziu de
muito a praga dos mosquitos.
Em 1725 o missionário italiano Pe. Sebastião Fusco chegou a
pedir ao Superior Geral a faculdade de conservar de modo
permanente a Eucaristia.

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A aldeia afirma-se cada vez mais. Em 1730 era habitada por
495 índios, dos quais 284 catecúmenos.
No entanto breve começaram a aparecer epidemias. Por isso
por volta de 1737 alguns moradores transferiram-se para o Rio
Tapajós, na aldeia de São José (Boim) levados pelo Pe. José Lopes.
Outros foram para abacaxis, que de 500 pessoas que contava em 1696
passou a ter 932 habitantes em 1730.
10 – Começou assim a decadência das duas aldeias
Tupinambaranas.
A 24 de fevereiro de 1749 Alexandre de Gusmão escrevia ao
embaixador de Portugal: “Os indígenas têm a aldeia Tupinambarana
em supersticiosa apreensão; e não sem acatamento que por ela
passam, e dizem ouvir tocar sinos de noite, e que se atribui à tradição
de algum estabelecimento, que abandonado tenha sido invadido pelo
mato e em sua espessura perdido os sinos”. (Desbravadores, pag.
201).
No mesmo ano de 1749 José Gonçalves de Fonseca escrevia a
respeito dos índios de Abacaxis e Tupinambaranas: “Pelas
mortandades que têm experimentado pela malignidade do clima e
pelos contágios de bexigas e sarampo que afligiram o Estado em 1743
até o presente ano de 1749, se acha com menos da terça parte dos
habitantes”. (Desbravadores, pag. 201).
A mesma notícia será registrada no DIÁRIO DA VIAGEM DE
VISITA E CORREÇÃO em 1774 e 1775 pelo intendente geral
Francisco Xavier Ribeiro Sampaio; e é confirmada também na
VIAGEM FILOSÓFICA do naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira
realizada em 1783 e 1792.

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POLITICA DE POMBAL APAGA TUPINAMBARANA

1 – Realmente as doenças reduziram bastante os habitantes da


Tupinambarana e demais aldeias dirigidas pelos missionários
jesuítas. Mas seu despovoamento se acentuou, em algumas até ao
acabamento total, a motivo da perseguição movida pelo Ministro
Pombal de Portugal aos padres jesuítas, e executada também na
Amazônia pelo irmão dele Francisco Xavier Mendonça Furtado;
perseguição que terminou com a expulsão daqueles padres e a
transformação de suas MISSÕES em VILAS do Governo.
2 – É sombrio o quadro histórico de Portugal do século XVIII.
“Aquela gente, ousada mais que quantas no mundo cometeram
grandes coisas”, perdera a brava antiga têmpera, para confinar-se nos
desvarios da tola dinastia bragantina. A destruição de Lisboa pelo
terremoto de 1755 deu início a era Pombalina, e marcou a transição
para outro Portugal mais decadente, mais pobre, mais humilhado,
menos cristão e menos português.
Reina em 1750 a 1777 Dom José I, figura apagada, totalmente
amortecida pelas cores vivas, rubras de sangue e de ódio do seu
onipotente ministro Pombal.
“O Portugal de Dom José era um falso Portugal de Importação
nas ideias, nas instituições, nos homens”. (Martins de Oliveira, Hist.
de Portugal, pag. 488).
Incapaz de governar, Dom José oculta-se na sombra de
Pombal que abala a sociedade portuguesa, destruindo-lhe mais ainda
a economia desbaratada, enfraquecendo o exército, quebrando as
tradições culturais e religiosas.
“Que fica ao longo consulado de Sebastião José?”, pergunta
Ameal na História de Portugal, pag. 503 – “Um monte de ruínas.
Porque as ideias condutoras eram falsas; porque os processos que
22
usara em grande parte iníquos; quase nada do que se levantou possui
duração, de estabilidade, de viabilidade. Contra os produtos de sua
ideologia abstrata e a sua vontade tirânica revolta-se a natureza das
coisas”.
Pois bem, foi sob esse rei e com esse ministro Pombal que a
expulsão dos Jesuítas matou o desenvolvimento civil e religioso de
nossa região na metade do século XVII.
3 – O Mendonça Furtado viera de Portugal ao Pará em 1750,
quando pelo tratado de Madrid o Rio Amazonas foi definitivamente
reconhecido de domínio português.
Encarregado das demarcação dos limites, soube cumprir sua
tarefa, aliais se deve a ele a ideia de desdobrar o Grão Pará e criar a
Província do Rio Negro, colocando a sede na Missão Mariuá, cujo
nome mudou em Barcelos.
Foi ele que determinou como fronteira com o Pará o Rio
Nhamundá e o outeiro de Maracá Açu.
É pena que, perseguindo os Jesuítas em nome de Pombal
causou a ruína de tantas Missões, inclusive as de nossa região,
paralisando assim o progresso e até devolvendo novamente ao mato
vilas prósperas e tantos índios já em via de civilização.
4 – No Maranhão e Grão Pará havia em 1750 60 aldeias de
índios administradas por missionários, 5 pelos padres das Mercês, 12
pelos carmelitas, 15 pelos capuchinhos e 28 pelos jesuítas, entre elas
Tupinambarana e as demais de nossa região, como Uaicurapá,
Andirá e Abacaxis.
Todos aqueles missionários falavam a língua dos índios e
muitos viviam entre eles, à maneira deles.
Ficou célebre frei João Sampaio, que em 1728 fundou a vila de
Trocano, a atual Borba. Ele trabalhou desde 1712 em Canumã, onde
teve paciência heróica com o cap. Tavares, que escravizava índios e
23
chegou a arrombar a porta do padre em sua ausência. O padre
faleceu em Ibirajuba a 21 de janeiro de 1743.
Os carmelitas trabalharam no Rio Negro desde 1695; em 1710
passaram para o Rio Branco e em seguida (1725?) para o Solimões, em
substituição aos missionários sujeitos à Espanha.
Foram eles que criaram quase todos os povoados do Rio
Negro, amansaram os MANÁUS, os BARÉS, e criaram a primeira
casa de ensino do Amazonas. Foram eles que nas cercanias do Forte
de S. José do Rio Negro levantaram a Capela de N. Sra. da Conceição,
que futuramente seria transformada na Catedral de Manaus. (Cfr.
História do Amazonas, de Rosa do Espírito S.).
5 – Falando particularmente dos jesuítas, estavam presentes
há um século em nossa região.
No Rio Madeira tinham enfrentado os MURAS. Tinham
conseguido reunir várias tribos na foz do Rio Matura, no Uatumã e
no Urubu.
De sua missão de Abacaxis saíram os que foram morar na
beira do Amazonas, num lugar em que havia “pedras pintadas”, a
atual Itacoatiara.
Logicamente sua expulsão foi a ruína de todas aquelas
missões.
Em 1755 foram expulsos os três jesuítas mais influentes da
região Amazônica; em 1757 houve o desterro de mais vinte e um
padres; e em 19 de janeiro de 1759 foram expulsos os restantes e
foram confiscados todos os seus bens.
A mesma coisa foi feita no resto do Brasil, donde foram
desterrados 590 religiosos, contando os do Norte e do Sul, que
naquele tempo sustentavam onze colégios, 8 seminários, 53
residências e 65 Missões; eles que vinham sendo a mola mestra da

24
cultura e da civilização do Brasil desde o tempo de Nóbrega e
Anchieta.
Algumas vilas nossas assim desapareceram, como a do
Uaicurapá e como a da própria Tupinambarana, que foi invadida
novamente pelo mato, ficando com poucos habitantes.

25
O APÓSTOLO DA TUPINAMBARANA

TUPINAMBARANA RENASCE

1 – Em 1796 aportou na vila o sertanista português, capitão de


milícias JOSÉ PEDRO CORDOVIL, com seus escravos e agregados, e
aqui fixou residência. Agrupando Maués e Sapupés das redondezas,
organizou uma vila nos moldes patrocinados pelo Pombal. Enquanto
José Preto Rodrigues em companhia de Luiz Pereira da Cruz foi para
Maués.
Em 1798 vieram juntar-se Paravianas e Uapixanas.
Infelizmente como explica Artur Cezar F. Reis em “As origens
de Parintins”, o Cordovil contra as normas oficiais, em lugar de
favorecer a agricultura, atirava-se ao comércio de produtos naturais,
utilizando-se violentamente do braço nativo.
Sendo de outro lado de gênio irrequieto e violento, criava
incidentes “por tudo e com todos” formando um ambiente de
restrições e até hostilidades.
Breve seguiu fuga dos índios e decadência do povoado.
Felizmente assumiu o governo do Grão Pará e Rio Negro
Dom Marcos de Noronha e Brito, Conde dos Arcos, que resolveu
voltar ao regime de Missões e em carta Regia de maio de 1798 enviou
à vila Tupinambarana, com os relativos poderes, o carmelita frei José
Álvares das Chagas, prior do convento do Carmo de Belém.
2 – Para dizer quem era este homem, nascido a 1 de dezembro
de 1754, prefiro transcrever quanto diz o Cônego Francisco
Bernardino de Souza em seu livro “Lembranças do Vale do
Amazonas”.
“Foram muitos e importantes os serviços que prestou este
virtuoso carmelita à catequese dos índios da província do Amazonas.
26
Vila Bela da Rainha talvez só a ele deva sua existência ou sua
tal ou qual prosperidade; Canumã mereceu-lhe particular solicitude;
a Aldeia S. José do Amatari foi por assim dizer criada por ele; Borba
sentiu os efeitos de sua mão beneficente; em uma palavra toda a
região da Mundurucania conserva ainda bem viva a lembrança de
seu nome, das suas virtudes e dos seus benefícios.
Era um verdadeiro tipo de missionário católico, amigo
dedicado dos índios, que também lhe votavam essa afeição sincera,
profunda e dedicada dos filhos da selva.
Frei José das Chagas foi o primeiro que devassando as matas
do Rio Maués-Açu conseguiu chamar a si grande número de índios
da tribo dos Maués, com os quais aumentou a população da Vila Bela.
Tratava os catecúmenos com a maior doçura; apóstolo da
caridade repartia com eles o que possuía, consolava-os em suas
contrariedades, tratava-os com desvelo em suas enfermidades,
fornecendo-lhes não só medicamentos necessários, como dieta.
E não era somente aos índios que estendia a sua generosidade.
Possuindo alguma fortuna, dela disponha em benefício público,
principalmente na sustentação e brilhantismo do culto...
Depois d’uma vida afanosa, toda dedicada ao serviço do
próximo e à catequese dos índios, já adiantado nos anos e em estado
de caducidade, faleceu na Vila de Borba a 28 de maio de 1838,
deixando nessa parte do Amazonas um nome, que por largos anos
será repetido com a mais profunda veneração e respeito.
Falava Frei José das Chagas com muita graça e propriedade a
língua geral e no púlpito somente dela fazia uso quando se dirigia aos
índios.
Foi o verdadeiro Lãs Casas e Anchieta da Mundurucânia”.

27
Imagem tradicional de N. Sra. do Carmo

Três gerações à janela

Parintins: Missionário de saída para o interior

MISSÃO DE FREI JOSÉ ALVARES DAS CHAGAS

1 – O opúsculo “As origens de Parintins” de Artur Cezar


Ferreira Reis fornece documentos valiosos, para acompanhar o
trabalho e as lutas de Frei José das Chagas na Vila Tupinambarana.
Numa carta de 29 de fevereiro de 1804 o Conde de Arcos
escreve a José Preto Rodrigues de Maués, pedindo-lhe de fazer as
pazes com Cordovil. E no fim acrescenta um postscrito:
28
“Previno a VM. que o Padre Frei José Álvares das Chagas,
Missionário da Gentilidade entre os Rios Madeira e Tapajoz vai
muito particularmente encarregado por mim de harmonizar e fazer
grandes amigos a V. Me. e a José Pedro Cordovil, a que V.M. se
prestará como Eu espero, entendendo-se com o referido Missionário.”
2 – A primeiro de março do mesmo ano de 1804, quer dizer
um dia depois de ter escrito a José Preto de Maués, o Conde de Arcos
escreve a Cordovil: “Recomendo a V. M. a mais completa conciliação
com José Rodrigues Preto, sepultando-se em profundo silencio as
antigas contestações e animozidades entre um e outro de sorte que
em breve se perca dellas a maioria pela perfeita harmonia que confio
da honra de ambos...”
Passa depois a falar na missão de frei José:
“Competindo porem ao Reverendo Missionário e seu
Coadjuctor em particular insinalos no Catholicismo, fica sendo a
primeira obrigação de V.M. instruilos na vida econômica e interesses
temporaes sem que contudo deva considerar-se dispensados de
concorrer para o bem espiritual desta Gentilidade, porque do comum
acordo e mutua união que houver entre Vm. e os Reverendos
Missionários resultará o dobrado fim do bem da Religião e do Estado,
pela recíproca dependência que sempre reconhecerão os Povos mais
bem regulados ter hum da outra”.
No dia seguinte, dois de março de 1804, o Conde dos Arcos
dirigia uma carta ao próprio Frei José Alz. das Chagas.
A iniciação da Gentilidade ao Catolicismo foi a primeira
obrigação como diz na carta:
“A Gentilidade cuja iniciação no Catholicismo faz a primeira
obrigação de que Vra. está encarregado: A respeito deste primeiro e
essência objecto da prezente comissão não ha senão que esperar os

29
mesmos effeitos que em Ega e Tabatinga resultarão da Caridade e
zelo com que Vra. se emprega na Vinha do Senhor”.
A carta prossegue pedindo a frei José de apaziguar Cordovil e
Rodrigues “neste momento escandalozamente inimizados de que
resultarão tantos males ao progresso espiritual e material d’ambas as
Povoaçoens...”
E continua:
“Sendo a ociosidade incontestavelmente a fonte dos outros
vícios, já se vê que Eu posso deixar de pedir a Vra. que muito
particularmente dirija contra este objecto as mais enérgicas
deligencias ou do Púlpito, ou do Confissionario, athe mesmo nas
praticas familiares, pois que a preguiça tem sido a única infeliz cauza
da ruína deste Estado. Em conseqüência ordeno a José Pedro
Cordovil para que ao menos um terço de indivíduos da Povoação
estejão effectiva e imperturbavelmente empregados em quaesquer
trabalhos, particularmente nos das Rossas tão necessários como
desprezados nesta Capitania”...
“Ocupar o mayor numero de Índios no exercício da Pesca he
objecto de outra ordem muito recommendada a José Pedro Cordovil
da que segue sendo aquelle emprego o mais análogo a propensão, e
ideas anteriores daquelles indivíduos não só elles so prestarão a este
exercício de melhor vontade mas entreter-se-a a fartura na Povoação;
conhecerão elles mesmos e apreciarão o uso do sal, verão que elle lhes
conserva a comida que antes apodrecia; que lha offerece com novo
sabor...”
Lembra enfim de enviar 10 ou 12 casais de índios a S. João do
Crato (Manicoré).
3 – Dá gosto de ver o Conde dos Arcos, Governador da
Amazônia, de Belém, interessado no desenvolvimento da região de
Parintins, dando orientações de ordem espiritual e normas práticas
30
para o bem material do povo, escrevendo às autoridades civis e ao
padre, fomentando sempre concórdia e colaboração.
Também ao Cordovil recomenda de favorecer agricultura e
pescaria e pede que faça construir: “6 embarcações de diferentes
tamanhos... para promover a atividade”.
A 4 de novembro de 1804 escreve a Cordovil:
“eomesmo Ordeno nesta Ocazião ao R. do Pe. Missionário
com o qual Vm. deve ter sempre amelhor intelligencia visto que elle
está encarregado da vastíssima extenção entre os dois Rios...”
“Lembro igualmente a Vm.ce. que a Verdadeira riqueza he o
trabalho das terras, então o ridículo Commercio do Matto de que
sessegue, que Eu nunca considerei Nigociantes do Matto, etrei
grandíssima concideração sempre com Lavradores de quem serei
sempre amigo e protector.”
4 – O Conde dos Arcos sabia que o campo de trabalho
confiado a frei José era imenso. “Vastíssima extensão entre os dois
Rios, Tapajós e Madeira”; por isso se interessa que goze das mais
amplas faculdades do bispo de Belém e de sua ordem religiosa.
A 5 de abril de 1804 pedira ao Provincial dos Carmelitas:
“Tendo sido nomeado o Mo. Re. Pe. Fr. José Álvares das
Chagas actual Prior desse Convento Missionário da Gentilidade que
habita entre os Rios Tapajoz, e Madeira, Previno a V. Rma. que estão
para como importante Missão de maneira nenhuma deve interromper
os privilégios, prerrogativas e direitos que pertencem a aquelle
Missionário pelo Systema da Ordem em qualidade de Prelado local,
no que S. Ex.cia Rma convem.”

31
FREI JOSÉ E A CAPITANIA DO RIO NEGRO

1 – Com autonomia bem limitada, no tempo do frei José


funcionava a Capitania do Rio Negro, sendo Governador José
Joaquim Victorio da Costa. Entre este e frei José correram ótimas
relações, como provam as cartas citadas por A. C. Ferreira Reis, (As
origens de Parintins, pag. 36/40).
Algumas cartas tratam da maneira de fixar os índios nas
Missões, ou Vilas, evitando passagens clandestinas de uma Missão a
outra.
Há normas que revelam bom senso, mas algumas hoje seriam
difíceis aceitar. Há uma carta de Capitania, de Barcelos, de 15 de
março de 1807 a frei José em que se dão amplos poderes aos
Fundadores das Missões para o bem de seus índios.
Numa segunda carta da mesma data se diz:
“comprehendendo já V.R.mo que este Governo consultará todas e
quase quer propoziçoens que V.R.mo julgar conveniente fazer lhe”...
2 – Uma carta bastante longa de 5 de agosto de 1807, do
Governador José Victorio da Costa, oriente o padre sobre a maneira
de se comportar com um chefe de índios Maués, de que se serve o
Cordovil para afastar os indígenas da Missão e escraviza-los “na
extração do Cravo, Salsa &...”
Aconselha a paciência e a longanimidade, baseado na
experiência “que tenho a vinte e oito annos de Índios”.
Pede que mesmo quando os índios há “suggestão doloza”,
esta deve ser vencida “empregando neste combate primeiro todas as
armas menos sanguinolentas”, assim como obrigando os índios a
fazerem roças perto da missão onde possam ser controlados.
Há “hum meio muito poderoso para desvanecer no Principal
Gentil Maué e em qualquer outro, o progecto de se desligar dessa
32
Missão”; é “a execução na proteção pessoal que a esses Gentios
devem esperar em primeiro lugar de V. R.mo, como seu Tutor,
regente e director”... E acrescenta que Domingos, carpinteiro da
Missão, deve ser castigado por ter maltratado o filho do chefe índio.
3 – A 13 de abril de 1807, José J. Victorio da Costa responde a
uma consulta de frei José. Este perguntara se não seria o caso de
afastar os Caripunas “distrahir as Choreponas que diz forão nas
Matas vezinhas domecilio dos Gentios descidos para essa Missão”;
porque parece que estão aliciando os índios da missão a se juntar
num lugar de rebeldes e a fugir, sempre instigados pelo chefe que
segue o Cordovil.
A resposta é que agora o chefe em questão foi convidado a
não continuar naquele caminho. E em todo caso não há nenhum
perigo a deixar os índios um pouquinho distante com suas roças que
além do mais é uma necessidade a motivo do gado do padre.
“Dahi vem, por exemplo que as largas excursões de Gado
Vacum que V. R.mo ahi muito ultimamente entretem, ou faz entreter
em número, obrigando a esses habitantes a estabelecer dahi muito
longe as suas roças... V. R.mo que saiba comibar o útil entretimento
desse Gado ahi com as necessidades desses habitantes (A. C. F. Reis
Obras C. pag. 41).
Foi pois o vigário que introduziu na região o Gado, com as
lastimadas invasões das roças.
Sem dúvida o bondoso padre deve pois ter providenciado a
cercar seu campo de gado.
4 – No dia seguinte, de Barcelos, parte mais uma carta do
Governador da Capitania, em resposta a uma carta recente, de junho,
do Frei José, que anuncia a paz com o tal chefe índio, que até se
deixou batizar com os outros catecúmenos.
O Governador se felicita com tão auspicioso resultado.
33
“Eu sou tão sensível a esta Boa nova, que intimo a V. R.mo lhe
signifique da minha parte publicamente o meu prazer, e lhe segue a
minha consideração, se eles se não desviarem da derrota que V. R.mo
lhe traçar”.
É claro que em “derrota” deve-se ler “rota”.

34
FREI JOSÉ E CORDOVIL

1 – Há muita diferença de comportamento entre quem serve o


povo e quem se serve do povo. O primeiro dá, o segundo quer
receber.
O frei José era dos que servem ao povo. Mas uma vez ou outra
encontrava quem se servia do povo e então nasciam
desentendimentos.
Em 1817 de Belém o Conde de Vila Flor, governador geral da
época, foi obrigado a escrever ao comandante do distrito Pedro
Cabral da Fonseca:
“Vm.ce com aquela prudência, que se deve esperar da sua
idade se não embarace com dito Missionário, fazendo cessar de hua
vez tudo, quanto possa dar lhe motivo de queixar-se contra Vm.ce”.
(A.C.F. Reis, O.C. p. 54). Mas o Fonseca devia ser homem
compreensivo e as coisas em seguida devem ter corrido bem.
Infelizmente não houve possibilidade de entendimento entre
frei José e Cordovil. Como foi dito, o Governador da Capitania, na
citada carta de 05 de agosto de 1807 (A.C.F. Reis, O.C. pag. 40)
lembrava um grave dever ao frei José: “na proteção pessoal que a
esses Gentios devem esperar em primeiro lugar de V.R.mo, como seu
TUTOR, REGENTE E DIRECTOR... que da violência praticada contra
esses Gentios faça V.R.mo estreita Conta quanto couber...”
Pois bem foi essa defesa dos direitos e do bem dos índios que
obrigou o padre a desaprovar o Cordovil.
Este por motivo de interesse estava já em briga com José Preto
Rodrigues de Maués, porque atraia para seu comércio Maués e
Mundurucus de lá. Depois acabou criando raiva também do pacífico
frei José, porque este não podia aceitar os erros de sua vida e a
exploração que fazia aos índios. Desprezando as advertências oficiais
35
atirava-se ao comercio dos produtos naturais, utilizando-se
violentamente do braço nativo. Por isso, como já dissemos, houve
como consequência a fuga do gentio e a decadência do povoado.
- 47 -
O Conde de Arcos então entregou ao Cordovil a sesmaria da
região entre Zé Açu e Miriti e confiou Tupinambarana ao frei José
com o Estatuto de Missão e com o nome de Vila Bela da Rainha,
tendo sido doada a Rainha por Cordovil que deveria colaborar com o
frade.
2 – Em pouco tempo a vila cresceu e se desenvolveu a agricultura, e
como foi lembrado, foi introduzida a pecuária. Breve se puderam
contar na região 1.700 índios “domesticados”.
O Cordovil que já procurava solapar a obra do Padre, quando
o Conde de Arcos foi substituído pelo Governador José Narciso de
Magalhães e Menezes, intensificou a luta contra o frade, que
continuava desaprovando sua bebedeira exagerada e sua exploração
dos índios.
O Cordovil foi até Belém fazer fuxicos, levando até mineiros,
mas não encontrou crédito, tanto mais que a junta Governativa do
Rio Negro tomou a defesa do vigário.
Há provas dessa fuxicada e do fracasso de Cordovil.
3 – A 12 de março de 1806 (A.C.F. Reis, o.c. pag. 29-30), frei
José escrevia ao Intendente e Comandante Geral:
“De necessidade participo a V.S. a que José Pedro Cordovil
com a notícia da partida do Sr. Conde está cada vez peior, está em
termos de arruinar o Gentio com más práticas que publicamente lhe
faz e com tudo o mais se embaraça que está inaturável.”
O Padre acrescenta que colocou os pescadores para vender
peixes a fim de dar comida à população, mas Cordovil quer proibir; e
continua:
36
“Tudo isto põem em desordem, e risco esta povoação e a mim
me desanima... se V.S.a não acode a este homem perdido e furiozo
com o Gentio e peior que tudo com a bebida... Este lobo que rodea
bravecido este Curral... e não pode ver quem aqui lhe faça sombra... e
que S.Excia. o repreende de suas absolutas prizões... He o que ora
temos a tratar do que muito e muito me custa, e só o bem público me
obrigava...”
4 – A 4 de junho (A.C.F. Reis, o.c. pag. 30) frei José escrevia ao
Governador sobre a descoberta de mineiros. Narra que 5 índios
tinham trazido “quatro libras duma matéria ou metal que lhe
chamaram prata”; e que Cordovil “elle fez uma grande bulha,
pedindo oito soldados ao Destacamento para cercos e prizões. O
comandante do Ditto respondeu que lhe fizesse hum oficio e dissesse
para o que, pois o considerava despido de toda a autoridade para
ditto fim, tudo parou em disputas e elle levou o embrulho”.
A carta segue narrando que depois os índios, perdido o medo,
narraram ter encontrado nas terras de Maués até ouro, distantes três
semanas de viagem.
No fim há uma postila: “Vai uma amostra do que trouxeram,
que só pude pilhar, sendo diferentes em dureza, outros pedaços mais
pequenos me dizem tudo tem Cordovil”.
5 – Em data de 5 de junho de 1806 (A.C.F. o.c. pag. 31-32) vai
mais uma carta ao Governador:
“O lobo ferós e faminto rodea o innocente rebalho e os ainda o
não tragou, ao menos espantão e talvez o afugante
consideravelmente. José Pedro Cordovil aquelle home insaciável de
intriga... hoje ciozo de governar e de levantar outra vez seu trono
absoluto e independente, não pode ver sem magoa aqui reinar a paz e
verse com hum Padre à testa que reprehende os seus péssimos
procedimentos... Entra a praticar os Índios com bebidas, assustaos e
37
consegue adiquirir athé três Principaes e outros cinco ladinos entre os
mesmos, levaos para o seu sítio e dahi lá vai para a Cidade a dizer a
S. Excia. o que lembrar de mao... Ele não lembrou no termo dum ano
de fazer a sua obrigação como prometeo a S. Excia. apezar das
minhas súplicas e por livralo tantas de ser castigado, tomei sobre
mim tão grande pezo e senão seria prezo naquela cidade...
Eu de minha pobreza tenho feito, os mais trabalhos,
consumições e desgostos, se havia juntar o ter de a tirar o Cordovil,
peior que tudo isto, eu talvez me não animace a fazer hum serviço
para elle ser o Censor; e que procura esconder o merecimento, porem
tenho gloria que V.Sa. vio e todo mundo vê, e também se vê que o
meo desinteresse sem me aproveitar de Índios para o meu particular
me justifica...
Eu creio que todo o empenho do Cordovil he tornar a metter
esta gente nos seus mattos, donde possa continuar com os seus
negócios injustos, que mizeria humana, Deus nos livre... Agora que
estavam na força de seu estabelecimento, Baptizando-se, Cazando-se,
o Demônio quer metter o dente em tão grande ceara, Deus nos
acuda...”
6 – Se alguém achar que o frei José esteja exagerando,
ouçamos a palavra insuspeita do Governo da Capitania que assim
escreve ao novo Governador de Belém José Narciso, a 12 de agosto de
1806, assinando José Victorio da Costa, Caetano Pereira Pontes e
Antônio Mattos (A.C.F. O.C. pag. 27):
“Vila Nova da Rainha, a primeira aldeia depois de entrar na
Capitania do Rio Negro, no seu princípio Rancho de Índios da Nação
Maués alli congregados por José Pedro Cordovil servindo á fortuna
deste homem sem fortuna por seus grandes desvarios; logo depois
situações deserta afugentados pelo mesmo Cordovil os Maués alli
descontentes; e ultimamente Missão debaixo do Cathessismo do
38
Missionário Carmelita Fr. José Álvares das Chagas, florente em
Maués descontentes do Cordovil...
Esta Aldeia neste seu último emprega sempre ao maligno
ciúme do ditto Cordovil estaria já subvertida... se o Ex.mo Antecessor
de V.Ex.a não tivesse sopicado aquelle ciúme tendo-o conhecido...
Novamente agora pareceu ao Cordovil... occazião opportuna
de maquinar sobre aquella Missão e sobre aquelle Missionário... o
estratagema da apresentação da substancia mineral,... fazendo-se
acompanhar de alguns Índios que ainda poderia comprar para o seu
partido...
A vicilancia actual daquella Missão pela intriga que alli
suscita, não somente he de conjecturar á vista das três Cartas do
Missionário aqui incluzas, mas lê-se na cara, ouve-se na voz dos
índios alli Missionados. O primeiro Membro deste Governo he visto a
melhor testemunha pela sua attenta vizita feita na sua passagem por
aquella Missão. Parece que o sucesso daquella Nova Missão está em
animar o Missionário e enfrear o Cordovil.
Juntas a estas vão as amostras da substancia mineral
remetidas pelo Missionário e referidos na cópia aqui incluza...”
7 – É pena ter que registrar um fim inglório de José Cordovil:
mas a História, mestra da vida, tem que ensinar dizendo a verdade,
mesma que seja dura.
O Cônego Bernardinho de Souza em seu livro “Lembranças
do Vale Amazonas” (pag. 158) lembra que Cordovil “possuia
avultadas riquezas”; entretanto “morreu como mendigo coberto de
andrajes, à porta do hospital de Caridade em Belém. À causa do jogo,
vício a que se entregou em demasia”.

39
LUTA PELO AMAZONAS

Destino de Parintins

O Conde dos Arcos escrevia a Cordovil de Belém a 1º de


março de 1804:
“Ultimamente ordeno que apronte a expeça com a maior
brevidade dez ou doze cazaes para S. João do Crato, pois tendo
resolvido que essa povoação há ser como um viveiro de índios donde
devem partir pouco a pouco cazaes para engrossar a população de
Borba, S. João do Crato e talvés de outras povoações”.
E no dia seguinte escrevia a frei José A. das Chagas:
“Tenho ultimamente ordenado a José Pedro Cordovil que com
a possível brevidade apronte dez ou doze cazaes de índios e todos os
Homens capazes de trabalhar que for possível remeter para S. João do
Crato, e tendo outrossim determinado que essa povoação deve ser
como um viveiro de Índios donde devem partir a pouco a pouco
cazaes para engrossar a população de Borba, S. João do Crato e talvés
outras povoações, he necessário que Vra. esteja nesta inteligência”.
Esclareço que S. João do Crato corresponde a atual S. Carlos
de Jamari, perto de Porto Velho, foi fundada recentemente em 1907
na época da construção da Estrada do Mamoré.
O mesmo Conde dos Arcos a 4 de novembro de 1804 escrevia
ao Cordovil:
“Deve Vm. outro sim lembrar-se que essa povoação não he
feita para quinhentas ou seiscentas pessoas, mais sim para muitas mil
Almas, e que no decurso do tempo deverão formar hum
Estabelecimento muitíssimo notável, interessante”.

40
Nosso povo ficou sempre consciente desse seu destino
“muitíssimo notável, interessante” no Amazonas.
Por isso, pedindo o vigário mais tarde em 1824 “Uma Câmara
com autonomia de Silves” dizia:
“A nossa será uma das vilas mais poderosas e interessante da
Capitania e que servira de defesa à Província inteira, por ser pra dizer
a fonte de toda a Rio Negro”.
O Padre dizia isto depois que seu povo tinha dado provas
claras na defesa da autonomia do Amazonas.

A Capitania
Como vimos a aldeia Tupinambarana foi fundada entre 1660 e
1680 ao tempo do Grão Pará.
Na mesma época, exatamente em 1669, foi construído o forte
de S. José do Rio Negro, na Barra (hoje Manaus).
No século seguinte, a 03 de março de 1755 foi criada a
Capitania de S. José do Rio Negro (o nome era homenagem ao rei
Dom José), subordinada a Belém.
A Capitania foi sugestão de Mendonça Furtado, a fim de
garantir a posse de Portugal e Espanha.
Infelizmente, como dissemos, a Capitania coincidiu com a
expulsão dos Jesuítas e a conseqüente decadência de Tupinambarana.
Sede da Capitania foi Mariuá, que Mendonça Furtado chamou
Barcelos.
Mas em 1791, por sugestão de José Joaquim Vitório da Costa,
Mendonça Furtado levou a sede para a Barra, junto do forte, onde
organizou olaria, fábrica de tecidos etc. Quando ele, acusado pelos
invejosos de esbanjar dinheiro, saiu do governo, a povoação da Barra
entrou em declínio e a própria Capitania perdeu muito de seu poder.

41
Foi nesse prazo, exatamente em 1796, que Cordovil chegou na
Tupinambarana e três anos depois, em 1799 a sede da Capitania da
Barra voltou para Barcelos, cada vez com poderes mais reduzidos.
As ordens vinham de Belém e Barcelos praticamente só
executava e fiscalizava.
Assim veio de Belém em 1803 a decisão de entregar
Tupinambarana a frei José como Missão.
E se Barcelos tomava alguma providência, pedia autorização
de Belém, como foi o caso da transferência do Registro (exatoria) da
Serpa para a Serra de Parintins.
De fato José Antônio Salgado em carta de 03 de agosto de 1804
apresentou de Barcelos o problema ao Conde dos Arcos nestes
termos:
“O Tenente Comandante do Registro de Serpa me participou
que por detráz da Villa da Serpa por hum igarapé que ahi há, que
vem sair abaixo logo de Villa Nova da Rainha, passaram três Canoas
grandes de negócio, só por não pagarem os Dízimos de Sua Alteza,
porque vão vendendo pelos engenhos e mais... O que participo a V.
Excia. e que me parece justo passar este Registro para Villa Nova da
Rainha... onde com o vegia na ponta de hua ilha que fica defronte não
pode passar cousa alguma”.
Deve ter havido outra correspondência entre Belém e
Barcelos: no fim o Comandante do Registro recebe uma carta de 29 de
junho de 1806, assinada pelos três membros da Junta da Capitania,
Joaquim Victorio da Costa, Caetano Pereira dos Santos e Antônio de
Mattos:
“O Governo actual da Capitania do Rio Negro, convencido da
necessidade de estabelecer à entrada da Capitania hum Registro, o
qual sendo a porta única por onde seja franqueada a Capitania possa
ao mesmo tempo surpreender os Dezertores... informando a este fim
42
que o Sitio denominado de Parintins (atual Serra) sobre o Amazonas,
limite desta Capitania com o Pará, e o mais vantajoso para um tal
Estabelecimento (pois que sendo em huma garganta do Amazonas à
entrada da Capitania, feixa também todos os canaes de comunicação
do interior da Capitania) tento dado em assento estabelecer alli hum
Registro permanente, ressolveo encarregar a Vm. de execução da
obra...
Portanto logo que Vm. receber esta, passará ao Sítio
denominado... fará sem demora limpar e terraplenar perfeitamente a
falta do morro de Parintins pela sua parte de cima sobre o Igarapé, ou
lago que alli há... e desbastadas as madeiras de uacaricuara ou acapu,
que constam da relação inclusa dada pelo mestre de obras desta
Capital... dará aviso afim de passar ahi o mestre de obras e erguer os
pés direitos d’Edifficios... Edifficios tem de ser porora cobertos de
palha, ainda que hão de ficar com o ponto para telha, aqual ao depois
hirá com o tempo...”
Afinal o Registro foi transferido, depois de tanto estudo e com
ordens tão pomenorizadas. Só que não foi colocado na Vila, mas na
Serra.

A Província
O aumento da população e do progresso da Barra, da Vila
Bela e de outros lugares da Região fazia crescer as justas exigências
de maior autonomia. Por isso Belém começou a dar mais autoridade à
Capitania, cuja sede voltou para a Barra a 29 de março de 1808.
Mas o povo, especialmente da Vila Bela, aspirava a completa
autonomia.
Até a Vila Bela deu-se a lutar abertamente para esse fim.

43
Em 1818 tomou a decisão de enviar ao rei Dom João um
requerimento formal pedindo a autonomia da província do
Amazonas.
Infelizmente nem recebeu resposta. Entretanto aquele passo
serviu para acender uma chama que se alastrará pela região até
conseguir seu objetivo. E em todo caso coube a Parintins a glória de
fazer partir o primeiro grito em favor da autonomia do nosso
Amazonas.
Proclamando a Independência do Brasil a 07 de setembro de
1822, só a 15 de agosto de 1823 foi abafada a resistência portuguesa
em Belém.
Tal notícia chegou a Vila Nova a 09 de novembro, com grande
júbilo do povo que com a independência do Brasil esperava ver
realizada logo também a autonomia do Amazonas.
De fato a notícia da adesão de Belém à Independência,
chegando na Barra a 22 de novembro, fez crer o povo autorizado a
uma Província autônoma e a organizar um governo da Província sob
o amazonense Binifácio de Azevedo.
Mas infelizmente o Império suprimiu a Província, e dissolveu
a Junta.
Ficou mandando um Governador enviado a Belém, com
poucos poderes.
Parintins, que lutava pelo Amazonas e por si, procurava pelo
menos melhorar sua condição. Assim a 14 de setembro de 1824, pelo
vigário Pe. Bernardino de Sena e Souza (nascido em Cametá no ano
de 1800 e ordenado a 17 de agosto de 1823 por Dom Romualdo
Seixas) é enviado um pedido ao Presidente do Pará:
“Sendo hum dos meus primeiros deveres como pároco zeloso
desta igreja concorrer quanto estiver ao meu alcance, e à medida de
minhas forças para o augmento della em benefício da Religião e do
44
Estado... tem a honra de pedir as necessárias providencias para o seu
augmento e fertilidade...
A providencia de uma Câmara neste lugar, he de maior
necessidade... pois he athé escandaloso, e fora de toda razão, que
havendo dobradas proporções para ser Villa, e estabelecer huma
Câmara, tanto pela maior porção de brancos que tem, como por
outras atendíveis circunstâncias seja necessário recorrer-se a Silves
com incômodos e perigos pela distância, e arriscada navegação, nas
deliberações da Justiça.
Será uma das Vilas mais populosas e interessantes da
Capitania e que servirá de defesa à Província inteira por ser, para
dizer bem, a fonte de todo o Rio Negro”.
O povo Amazonense não se conforma em depender do Pará,
que acentua ainda mais sua incompreensão.
“Em Villa Nova (é o Cônego Bernardino de Souza que narra
em Lembranças e Curiosidades do Valle do Amazonas) seus
habitantes, reunidos pelos missionários Ignácio Guilherme da Costa,
maranhense da Ordem dos Mercedários, José dos Inocentes e
Joaquim de Santa Luzia, paraense carmelitas, planejam o movimento
para a proclamação da Província do Rio Negro, facto que deveria
realizar-se na Villa da Barra”.
É um propósito justo. Até o bispo de Belém Dom Romualdo
Seixas dava razão aos amazonenses.
A 12 de abril de 1832 acontece um fato grave na Barra: os
soldados em revolta matam Joaquim Felipe dos Reis, que governava
durante em nome do Pará. Cresce o fermento no meio do povo, que
assim a 22 de junho realiza a projetada proclamação da Província.
Entretanto Belém reage e envia o navio de guerra
“independência” para sedar a revolta.

45
O mesmo chega de Villa Bella de domingo e prende o padre
Ignácio Guilherme em vestes sagradas, fazendo-lhe interromper a
Missa.
Prossegue depois para Manaus, onde a 1º de agosto fica
dissolvida a Província.
As violências e arbitrariedade cometidas pelo comandante
foram ao extremo; tanto que o Presidente do Pará será obrigado a
condenar aquele procedimento.
A Província foi dissolvida; mas no fim pela Lei nº 582 de 5 de
setembro de 1850 a grande aspiração dos Amazonenses foi premiada
com a constituição da Província do Amazonas, sendo primeiro
Presidente João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha.

Parintins, 16.07.1980 – O Governador do Estado Dr. José


Bernardino Lindoso vem honrar N. Sra. do Carmo, recebido por Dom
Arcângelo e pelo Prefeito Raimundo Reis Ferreira

46
LEMBRANDO FATOS E HOMENS DO PASSADO

CIDADE DE PARINTINS
A nossa cidade tinha sido declarada Vila com o nome de Villa
Bella da Imperatriz, por Lei do Pará de 14 de março de 1838; mas não
valeu a declaração “por falta de preenchimento de formalidades
estabelecidas em Lei”.
Entretanto o Amazonas, agora Província autônoma pela Lei nº
2 de 15 de outubro de 1852 elevou-a validamente a Vila e Minicípio,
sendo autores da Lei os Deputados Pe. Torquato Antônio de Souza,
Joaquim da Silva Meirelles e José Bernardo Miquiles. A instalação
deu-se a 14 de março de 1853.
Deste modo a Província premiava a cidade que mais se
esforçara para a autonomia do Amazonas.
Seu nome continuou sendo Vila Bela da Imperatriz; o nome de
PARINTINS será adotado na sua elevação a cidade, pela Lei 499 de 30
de outubro de 1880, sobre projeto do Deputado Emilio José Moreira.
Em 1832, 6 de junho, pelo Conselho do Governo do Pará foi
criada a agencia do Correio. E a 22 de junho de 1847 foi nomeado
agente José Joaquim da Silva Meirelles, que já há tempo funcionava
como “ajudante”.
Ganhava 50% dos portes arrecadados, que não dava para
nada...
Silva Meirelles foi também comerciante, coletor e deputado
provincial; foi outrossim inspirador e colaborador do Con.
Bernardino de Souza em escrever o livro “Lembranças e Curiosidades
do Valle do Amazonas”. Era padrasto de José Furtado Belém, nosso
advogado na questão do Contestado.
COMARCA

47
Até 1833 Parintins foi Termo dependente de Maués, por cuja
Câmara Municipal a 21 de maio de 1834 foi classificada como 2º
Distrito Judiciário. Mas pela Lei de 4 de setembro de 1858, por
emenda do Deputado Pe. Torquato, Villa Bella da Imperatriz foi
elevada a Comarca com o nome de Parintins, que em 1880 será dado
também a Cidade.
Deste modo, Maués ficou dependendo de Parintins, até ser
promovida ela também a Comarca em 1895.

ESCOLA
Em 1848 foi criada a primeira Escola para meninos pela Lei
146 de 24 de outubro do Governo do Pará; mas só teve professor
quando foi confirmada pela Lei do Amazonas nº 15 de 18 de
novembro de 1853; e o primeiro professor efetivo foi o Pe. Torquato;
ao qual mais tarde a Lei nº 32 de 27 de setembro de 1858 impôs a
obrigação de ensinar “música vocal aos jovens que a ella se
quizessem aplicar”, aumentando-lhe o ordenado por mais esse
serviço de trinta mil réis.
Motivação da Lei: “Fazendo a música uma parte necessária da
educação do homem e concorrendo grandemente a fazer brilhantes as
festas religiosas... deve a assembléia promover por todos os meios... o
ensino duma arte de tanta utilidade”.
Quando foi aprovada a Lei, presidia a assembléia o próprio
Pe. Torquato, que naturalmente se absteve na votação.
A primeira escola para o “sexo feminino” foi criada em 1857,
por projeto do Deputado Pe. Torquato; e a primeira professora efetiva
foi D. Anna Joaquina Cardoso de Souza Ribeiro, nomeada em 1863

48
CABANOS
Em 1835 rebentou no Pará a revolução dos Cabanos.
Manaus, preocupada, a 6 de julho pede à Câmara de Luzea,
de quem na época dependia Vila Bela da Imperatriz, que seja enviado
um destacamento no “Posto de Parintins” (a Serra) “afim de obstar a
entrada dos anarquistas”.
Mas estes, do Tapajós, pelo Arapiuns e pelas matas,
alastraram a revolta na nossa região, onde os caboclos, pretos, índios
que moravam na beira dos rios, aderem numerosos, procurando a
melhoria de sua vida política, social e econômica.
Crispim Leão assume o comando no Andirá, espanta Parintins
e ocupa Lusea.
É interessante ler um proclama de Miguel Apolinário
Moparajuba e Firmeza, um dos chefes rebeldes; é um verdadeiro
sermão com referências bíblicas, exortando à obediência e humildade
as tropas cabanas.
A força legalista em Manaus é comandada por Ambrósio
Aires e Pe. Sanches de Britto; a revolta é encabeçada por Francisco
Bernardo de Sena.
Depois de tantas lutas e atrocidades de ambos os lados, volta
a paz com uma generosa anistia. Em Parintins é o Capitão João
Valente do Couto, que pelo Governo, na boca do Ramos, recebe a
entrega das armas de 300 homens.

DECLARAÇÃO DA REPÚBLICA
A 15 de novembro de 1889 é declarada a República do Brasil.
A notícia chega em Parintins rapidamente a 19 de novembro,
comunicada pelo paquete “Pernambuco”, que joga na água, no
Itaboray e no Boto, garrafas contendo impressos republicanos e
notícias.
49
No dia 21 a cidade realiza uma passeata de adesão e no dia 28
celebra-se um ato oficial, com manifesto e abaixo-assinado
reconhecido em Cartório.

TELÉGRAFO (Bit. o.c. pag. 167)


Parintins teve uma estação telegráfica da “Amazon Telegraph
Company”, inaugurada a 16 de novembro de 1896 e instalada onde
está a casa da Prelazia.
Funcionava com cabo subfluvial, mas sofria continuas
interrupções.
Os serviços de instalações tinham começado em 1892 e
tiveram que enfrentar sérias dificuldades, entre as outras, numa certa
altura o engenheiro encarregado sumiu com muito dinheiro.
Mais tarde, no trecho Parintins – Manaus, foi colocado um
cabo terrestre. Também este funcionou precariamente, até que em
1903 a linha desapareceu.
Os cabos ainda estavam sendo vendidos pelos caboclos nos
primeiros anos da Prelazia.

NOMES ILUSTRES
- Na guerra do Paraguai, 1865-1868, morre o parintinense
Tenente Joaquim Benjamim da Silva.
Voluntário de guerra, atuou admiravelmente no corpo de
engenheiros, tanto que mereceu ser agraciado com os Hábitos de
Cristo e da Rosa.
Foi um dos heróis da “Ilha do Cabrito” e morreu atingido por
granada inimiga defendendo a trincheira de “Capão do Pires”.
- Coronel José Augusto da Silva, do Piauí, chegou muito moço
em Vila Bela, casou com D. Maria Ana da Silva. Forneceu lenha aos
primeiros vapores que trafegaram ao Amazonas. Foi encarregado do
50
alistamento militar na guerra do Paraguai, primeiro coletor da mesa
de rendas, deputado estadual várias vezes, vice-presidente da
Província. Era muito caridoso e morreu em 1909 com 89 anos.
- Ten. Coronel Joaquim Ferreira Gomes foi o maior
proprietário de cocais no município e de prédios na cidade. Era
natural de Cametá.
- Francisco Caetano da Silva Campos foi Promotor público e
Juiz de Direito muitos anos em Parintins, e Deputado Estadual ao
primeiro Congresso Constituinte do Amazonas.
Aposentou-se no cargo de Desembargador do Superior
Tribunal e passou os últimos anos em Parintins, na fazenda Santa
Clara.
- José Furtado Belém, nascido em Parintins em 1867 a 7 de
setembro. Fez os estudos primários em Óbidos e o curso secundário
em Belém. Em Parintins foi administrador da Mesa de Rendas,
Superintendente Municipal, Deputado Estadual e vice-governador do
Estado.
Foi o grande advogado do Amazonas na questão do
Contestado, publicando dois livros: “Limites orientais do Estado do
Amazonas” e “Amazonas-Pará: questões de limites”.
Em 1914 conseguiu o diploma de Bacharel em Direito. Fundou
os periódicos “Tacape” e “Parintins”.
A propósito do “Tacape”, quando nos dias 10-20 de julho de
1903 esteve em visita pastoral em Parintins o bispo Dom Lourenço da
Costa Aguiar, Furtado Belém, adepto do espiritismo, pelo seu
periódico quis ridicularizar a presença do Prelado. Este perante todo
povo, no dia 16, festa de N. S. do Carmo, deu uma eloqüente
resposta, depois de ter pregado toda noite durante o novenário contra
o espiritismo.

51
- Joaquim José da Silva Meirelles foi comerciante, coletor e
deputado provincial. Foi inspirador e colaborador do livro
“Lembranças e Curiosidades do Valle do Amazonas”, escrito pelo
Cônego Francisco Bernardino de Souza.
- Júlio Furtado Belém, filho de Furtado Belém, nasceu a 29 de
novembro de 1912. foi funcionário da Mesa de Rendas, Prefeito
Municipal de 1948 a 1952 e Deputado Estadual em várias legislaturas.
Homem de grande bondade e generosidade, morreu pobre a 6
de setembro de 1971.
- Gentil Augusto Belém nasceu a 11 de julho de 1901, de uma
irmã de Furtado Belém. Foi um precursor das indústrias em
Parintins, organizando beneficiamento de arroz, de pau-rosa e óleo
de babaçu.
Introduziu em Parintins a primeira bicicleta e o primeiro
veículo motorizado.
Foi prefeito de 1952 a 1956, de honestidade incomum e justo
para todos.
Dona Eleonora, sua irmã, ainda há pouco lembrava que uma
manhã, não tendo enviado o cartão na hora, não conseguiu receber a
carne no mercado; o irmão proibiu a entrega dizendo: “A lei deve
começas de casa”.
Quando saiu da Prefeitura foi carregado pelo povo.
Passou os últimos anos sem poder andar, mas sempre lúcido
da mente. Faleceu com o conforto dos Sacramentos da Igreja a 11 de
outubro de 1979.
- Ryota Oyama, digno representante da Colônia japonesa,
nasceu no Japão a 1.12.1882. Chegou em Parintins em 1933 com 50
anos de idade e introduziu a juta em nossa região.
Dois episódios caracterizam sua têmpera.

52
Em 1956 o Pe. Jorge Frezzini, estando em Manaus, precisou
enviar-me uma carta urgente em Parintins. Por isso foi procurar no
aeroporto de Ponta Pelada um portador que viajasse pelo Catalina da
Panair. Achou Oyama, que gentilmente prometeu entregá-la
imediatamente.
Era uma manhã de domingo e eu estava pregando a homilia
na Santa Missa. O velho, na atenção geral, pelo corredor central
avançou até à balaustrada onde estava pregando, fez-me uma mesura
profunda e entregou a correspondência.
Missão cumprida.
No fim da vida, em plena lucidez pediu o santo batismo.
Depois de recebê-lo, fez questão de se levantar e servir pessoalmente
o guaraná a amigos e parentes, para festejar o feliz acontecimento.
Faleceu a 15 de maio de 1972, com noventa anos de idade,
enquanto estava trabalhando no quintal de casa.
- José Raimundo Esteves, filho de Maués, foi comerciante e
industrial em Parintins. Foi ele que organizou a Fabriljuta.
Eleito Prefeito Municipal, pela sua progressista administração
projetou-se ao ponto de chegar em seguida a ser Deputado Federal e
Senador da República, vindo a falecer em Manaus a 23.01.1978.

Parintins – Lago do Macurany

53
VIGÁRIOS DE PARINTINS ATÉ A PRELAZIA

Até agora, pela escassez de fontes e tempo, não conseguimos


descobrir a data em que frei José das Chagas saiu de Parintins.
Conta-se que daqui foi para Canumã e de lá a Borba, onde
teria falecido a 28 de maio de 1838; parece entretanto que nessa data
foi outro frei José que faleceu.
Supomos deve ter ficado um bom tempo em seu lugar o
coadjutor Pe. João Pedro Pacheco, que a 28.05.1834, qual vigário geral
do Alto Amazonas, autoriza a abertura do livro nº 1 dos batizados de
Parintins, livro encerrado pelo Pe. Antônio Manuel Sanchez de Brito,
também vigário Geral do Alto Amazonas mais tarde.
É um fato que o Padre João Pedro faleceu em Parintins e dum
modo incomum.
Narra o Cônego Bernardino de Souza, na pag. 243 de seu livro
“Curiosidades do Valle do Amazonas”:
“A 28 de setembro de 1937 falleceu na Villa Nova da Raimha
o vigário Geral da Comarca do Rio Negro, Pe. João Pedro Pacheco,
sendo sepultado no dia 29 na matriz d’aquela villa, na capela mor, do
lado do Evangelho”.
Sofrendo “durante dois dias violentas dores de cabeça, pediu
a Roque Newton Pacheco Arupady, que havia sido seu escravo, e
pediu-lhe que o sangrasse nos pés e nos braços. Abertas as veias e
perdido todo sangue, oito horas depois entregava elle a alma a
Deus”.
Em 1824 é vigário Pe. Bernardino de Sena e Souza (A. F. Reis
o, c. pag. 56)
- Em 1.1.1831 começa a datar seus batizados em Parintins “o
Missionário vigário Ignácio Guilherme dos Santos”.
Seu último batizado é de 15.1.1834.
54
- A 21.1.1834 no Livro 1 de batizados aparece pela primeira
vez o nome do Pe. ANTÔNIO TORQUATO DE SOUZA e vai até
24.4.1835.
Natural da Vigia, foi ordenado em 01.06.1833.
Já lembramos que foi deputado várias vezes e fez com que
Parintins em 1852 passasse a Município e em 1858 se tornasse
Comarca.
Foi ele o primeiro professor efetivo da primeira escola para
meninos, aos quais ensinou música desde 1858; e por seu projeto em
1857 foi fundada a primeira escola para meninas.
No mesmo Livro nº 1 assina “Vigário encommendado” de
14.2.1847 a 21.8.1847; No Livro nº II assina “Vigário Encommendado”
de 20.12.1848 a 6.8.1854; e a 5.3.1849 assina “Vigário interino”.
Aparece novamente de 24.3.1857 a 5.3.1858; e finalmente no
Livro nº III subscreve “Vigário interino” de 28.1.1866 a 20.10.1867.
Interessante um batizado com alforria de 15 de julho de 1847.
Virginia, filha de Josefa Isabel, escrava de Felipe Gomes de
Oliveira Seixas, na hora do batismo é declarada livre pela patroa, à
presença das testemunhas Joaquim da Silva Meirelles e Antônio
Ferreira Franco, que assinam o livro juntos com o sacerdote.
Em 1847, 12 de junho, Pe. Torquato recebe a visita Pastoral de
Dom José Afonso de Moraes Torres, bispo de Belém.
Este hospeda-se na casa do vigário Geral do Alto Amazonas,
Pe. Sanchez de Brito.
“Casa bem construída e espaçosa e bem mobiliada. Tem na
varanda uma ermida com asseio e dista tanto da vila como do porto
de embarque...
“Depois do almoço partimos para a vila, na nossa canoa,
tendo de vencer em uma ponta de pedra uma corrente violenta que
foi disputada à forças de remos”.
55
Na cidade de 4.000 pessoas administra 2.000 Crismas.
Atenderam às confissões “constantemente” ele, os 3
capuchinhos e o vigário.
Perguntando a um menino muito vivo quantas eram as
Pessoas da SS. Trindade, o menino respondeu que não sabia onde
moravam.
(Relação do Bispo publicada na Voz de Nazaré, 1978).
Seria interessante localizar a casa em que o bispo se hospedou.
É fácil que corresponda à residência de S. Clara, que mais tarde foi de
Caetano da Silva Capôs e depois de Gentil Belém. A ponta de pedra
deve ser a de Jacarepaguá.
- Vigário Joaquim Gomes Ferreira de Melo Baraúna de
6.9.1841 a 10.3.1842;
- Vigário interino João Monteiro da Cunha de 4.4.1842 a
24.6.1846;
- Vigário Collado Antônio Augusto de Mattos de 13.8.1854 a
11.2.1855;
- Vigário interino frei Marcelo de Santa Catharina de Sena de
maio a novembro de 1855;
- Vigário interino frei Bernardo de N. Sra. de Nazaret de
28.12.1855 a 26.1.1857; e novamente de 8.3.1858 até 2.1.1866;
- Vigário interino P. Bernardino Dutra da Vera Cruz, que
falecera em Cametá a 5.7.1876, de 4.4 a 8.8 de 1868;
- Vigário Collado Miguel Joaquim Fernandes, nascido no Pará
a 17.10.1817 e que irá falecer em Bragança a 18.12.1904;
de 24.6.1869 a 4.8.1873. E novamente de 11.10.1874 a 20.9.1875.
O mesmo tinha sido vigário interino em fevereiro de 1846.
- Vigário encommendado Pe. Seixas de 11.10.1875 a 20.9.1876
e novamente de 11.10.1875 a 20.9.1876.
e mais uma vez de 13.7.1878 a 25.9.1879
56
- Vigário Antônio Flexa Valente, ordenado em Belém a
13.2.1876, de 24.10.1876 a 11.9.1879;
- Vigário interino, com licença do Pe. Seixas, Pe. Manuel
Ignácio Raposo, ordenado em Belém, a 28.6.1850, de 14.6.1879 a 14.7;
- Encarregado de Parintins e vigário de Silves Pe. Daniel
Marques de Oliveira de 27.12.1879 a 19.7.1850;
- Vigário Pe. Antônio Nicolau Valentino de 4.12.1880 a ......
22.8.1882.
Durante seu tempo, de 27 a 30 de março de 1881, realiza-se a
Visita Pastoral de Dom Antônio Macedo Costa.
- Padre José Henrique Felix da Cruz Dacia, ordenado em
Belém a 7.6.1863, pro parocho de 22.8.1882 a 6.10.1883;
em comissão pela morte do Pe. Valentino de 1.1.1884 a
dezembro do mesmo ano.
Este padre interessou-se pela criação da diocese de Manaus,
fazendo um primeiro pedido 21.12.1882 e um segundo, já de cônego,
a 28.4.1886.
Faleceu em Manaus a 15.8.1908.
- Vigário Pe. Dr. Manuel Carlos do Nascimento de 30.3.1884 a
6.6.1885;
- Frei David de Gislain, oblato da Cong. de S. Francisco de
Sales de 2.12.1885 a 20.7.1887.
Em 1886, 8 e 9 de junho, em visita pastoral de Dom Macedo
Costa, seu secretário, Cônego Antônio Ferreira de Paula realiza 44
batizados, que escreve num livro a parte.
- Pe. Joãp Braz Norberto Pimentel, Vigário de Juruty é
encarregado de Parintins por nomeação de 9.4.1888, tomando posse a
30 de maio.
- Vigário Pe. João Maria Freydefont, francês, de 14.7.1888 a
11.7.1897.
57
Este padre irá falecer em Belém a 17.9.1897, logo após ter
deixado Parintins.
Durante seu parocado, exatamente pela Bula de Leão XIII “Ad
universas orbis eclesias” de 27.4.1892 foi criada a Diocese de Manaus
e seu primeiro bispo Dom Lourenço da Costa Aguiar realiza sua
visita pastoral em Parintins a 24 de janeiro de 1895.
- Em 1898 de 2 a 14 de fevereiro faz 50 batizados o Pe. Luiz
Friderich, sacerdote de S. Sp. e J.C.M.

Pe. MANUEL JOSÉ DA SENA MARTINS

A 24 de abril de 1898 foi nomeado vigário de Parintins o Pe.


Manuel José da Sena Martins.
Acho oportuno fazer conhecer melhor este padre, cujo corpo
está enterrado em nosso cemitério.
Nascido em Recife a 25.8.1852, de Manuel José Martins e Rita
Xavier Martins, foi ordenado sacerdote a 31.11.1876 em Fortaleza.
Depois de ter sido, de 1877 a junho de 1889, vigário de Areias
no Ceará, foi vigário de Porto de Mós, Alenquer e Óbidos no Pará, e
Coari e Humaitá no Amazonas. Incardinado na diocese de Manaus
em 1895, três anos depois como foi dito vem a Parintins.
A 7 de agosto viaja por ter sido nomeado o 2º Governador do
Bispado, e volta a 15 de novembro.
A 16 de março de 1899 sai com licença em tratamento de
saúde e volta após três meses a 6 de junho.
A 23 de julho de 1900, como ele mesmo anotou no Livro do
Tombo no dia 28 de novembro, foi transferido para Urucará e
Itacoatiara.
Em 1901, estando em visita aos parentes, fez batizados em
Parintins e em 1902 faz a festa de julho com permissão do Pe. Hubers
58
doente; e sempre como vigário de Itacoatiara acompanha em
Parintins Dom J. Lourenço da Costa Aguiar em visita pastoral.
Em 1907, como a 13 de dezembro é comunicado ao Pe.
Hubers, é vigário de Maués. Volta de tempo em tempo a Parintins,
porque aqui ficara sua família, particularmente a irmã “Dona
Chiquinha”.
Em 1909, numa daquelas visitas, uma espinha de peixe furou-
lhe a garganta e causou-lhe a morte.
Foi posta uma lápide sobre sua sepultura; mas tanto sido
trazida de Óbidos uma irmã morta, enterraram-na na mesma
sepultura do padre; e na operação quebraram e extraviaram a lápide.
A sepultura foi-me apontada por Dona Mira Martins Leão,
parente do padre: fica logo atrás do cruzeiro, ao lado do jazigo da
mãe do sacerdote Dona Rita Martins.
Tinha certa fraqueza para a bebida; mas o povo malhava-o
demais. Por isso a 28 de dezembro de 1898 consignou no Tombo uma
advertência para os sucessores:
“A melhor norma de viver dos parochos de Parintins será de
relacionar-se o menos possível com seus parochianos e pouco se abrir
com eles, devendo recolher-se a sua casa o mais que puder, e mesmo
assim, não se poderá julgar seguro das calúnias, das críticas, dos
impropérios e dos insultos de seus parochianos; (não fallo em geral,
porque há nesta freguesia muitas pessoas cordatas e respeitadoras
dos padres, porém também há muita gente desharrazoada, mal
creada, atrevida e insolente, que, por qualquer um estão acostumados
a desrespeitar os padres, insultal-os, ameaçal-os com borduadas, o
que em menos d’um anno já tenho soffrido por diversas vezes. A
exigência aqui impera d’um modo tão desabrido e ai do Parocho, que
não souber conciliar a energia com a prudência...! Eu com tempo

59
retiro-me daqui, e sirva o pouco que levo dito de aviso para os meus
irmãos de hábito, esta classe tão despregiada no Norte!”
Pouco antes da transferência do pe. Martins, e precisamente
na festa de julho esteve em Parintins em visita pastoral Dom José
Lourenço da Costa Aguiar. No termo da visita também o bispo vê
algo a desaprovar:
“É-nos grato consignar a religiosidade do povo, de boa índole,
mas infelizmente mui trabalhado de vícios como sejam o concubinato
e a embriagues. A docilidade porém com que ouvem a palavra de
Deus e o prompto proveito que d’ella tiram, fazendo esperar que aqui
se forme em melhores tempos uma optima christandade”.
A seguir o bispo reprova o abuso de aplicar “esmolas de
festividades religiosas não para o culto divino mas em cousas
completamente extranhas e as vezes até pecaminosas”; e pede que se
faça o balanço imediatamente depois da festa e o saldo não fique em
mãos de particulares.

Pe. ALEXANDRE JOSÉ MARIA HUBERS

Passa o Natal de 1900 e seu inicio de janeiro de 1901 em


Parintins Mos. Dr. Antônio Fernandes Tavora; mas a 17 de abril de
1902 toma posse como vigário de Parintins e Urucará o Pe. Alexandre
José Maria Hubers, que já estivera na paróquia em julho do ano
anterior.
Pe. Hubers nasceu em Rotterdam, Holanda, no ano de 1868,
filho de Dr. Henrique Bernardo Hubers e Catarina Vries. Entrou na
ordem dominicana e foi ordenado sacerdote a 12.12.1897 em Utrecht.
Deixando a ordem dominicana, chegou no Amazonas a 23 de
novembro de 1900.

60
Além de vigário de Parintins e encarregado de Urucará, ficou
encarregado também de Barreirinha e Maués.
Lendo no Tombo as datas de suas longas e numerosas viagens
no interior mais distante, admira-se sua disponibilidade e seu
trabalho.
Logo que chegou cuidou do conserto da matriz e deu-se a
incentivar a devoção do povo, organizando em outubro o mês do
Rosário. Passou o mês de novembro fazendo uma viagem de vinte
dias no Mamuru e outras semanas gastou visitando Urucurituba.
Logo depois do Natal a 5 de janeiro, atendendo ao chamado
do Bispo, vai a Manaus e de lá, a 22 de março, no Rio Negro até
Cucuy. Quando chega de volta a Parintins, a 22 de junho “grande foi
a alegria do povo”.
“Com minha chegada achei acabado o telhado da torre, que
foi totalmente renovada”.
Na festa de julho vem novamente Dom Costa Aguiar, que
mais uma vez anota “O povo continua sob o jugo de seus dois vícios
dominantes”; e na ocasião confia ao padre Alexandre também as
paróquias de Barreirinha e Maués.
Por isso a 7 de janeiro de 1904 o padre vai a Maués “para fazer
a festa de S. Sebastião, do Espírito Santo e dos Inocentes”,
estendendo-se até o Marau e voltando a Parintins a 25 de fevereiro.
A 2 de março embarca doente para a Holanda, voltando a
Parintins a 8 de julho.
Na sua ausência é substituído pelo Padre Amaro Castro
Brasil.
A 1º de janeiro de 1908 entrega a paróquia de Maués ao Pe.
Martins, ficando só em Parintins e Barreirinha.
Padre Hubers foi dono da propriedade “Amsterdam”, perto
do Campo Grande, e da Cristina.
61
Morava em companhia duma velha na esquina de cima, rua
Hebert de Azevedo com Sá Peixoto.
Em 1913 e 1914 passou um tempo suspenso de ordens, sendo
substituído pelo vigário de Maués Pe. Avelino Domingues.
O velho mestre Raimundo Bentes, bom mariano, contava-me
que de jovem gostava de dança; mas não freqüentava a “pagode da
Macaela”, dançava apenas na casa de Furtado Belém, o atual Grupo
Escolar Araújo Filho, ou na rua Paes de Andrade, chamada “dos
cearenses”, onde só brincavam as famílias cearenses e seus
convidados. Pois bem, uma noite estava dançando, quando ouviu
bater o sino da Matriz.
Tinha morrido de improviso o Pe. Alexandre.
Chegando na casa do vigário, encontrou-o caído no chão,
tendo perdido muito sangue pela boca; tanto que alguns caboclos
disseram: “Quem diria que um padre tão forte e corado fosse
tuberculoso”. Na realidade devia ter espoucado alguma veia. Já há
meses vivia recolhido em casa por uma espécie de paralisia nas
pernas.
Morreu, como se lê na lápide da sepultura no Cemitério de
Parintins a 12 de dezembro de 1919.

Pe. PAULO RAUCCI

Sucedeu o Pe. Hubers o Pe. Paulo Raucci, natural da Itália, de


Crespano, diocese de Aversa.
Ficou tomando conta de Parintins, Barreirinha e Maués de
1919 a 1939.
Era muito afável e dado com todo mundo.

62
Chamado para algum doente do interior, atendia
prontamente, levando-lhe os confortos da fé, seja qual fosse a
distância da viagem.
Comprou para sua moradia a casa de Manuel Tavares, que em
seguida pertenceu ao Pe. Victor e, adquirida pela Prelazia, permitiu
organizar o Jardim da Infância e a quadra das Castanholeiras.
Foi infeliz na construção da torre da Matriz de Parintins,
porque caiu. Consegui ter êxito na construção da antiga igreja de
Barreirinha.
Em 1937 deixou de assistir Maués, porque ofendido pela
Prefeitura por questões de terreno. Homem bondoso de grande
sensibilidade, não sabia suportar malquerenças.
E foi por isso que em 1939 saiu de Parintins. Tendo ido de
férias, na sua ausência um certo João Fleury, funcionário da Mesa de
Rendas, com ameaças e enganos prometeu um abaixo-assinado
calunioso contra o Padre. Este interado do fato, em sua volta, chegou
a chorar de mágoa; e apesar das súplicas e da benevolência do povo,
preferiu abandonar a paróquia e transferir-se para S. Paulo, onde
passou os últimos anos de sua vida como Capelão duma comunidade
de irmãs adoradoras.
O velho Antônio Assis, confirmado o fato, acrescentava que a
família do cabeça do abaixo-assinado em pouco tempo se acabou com
o morbo de Hansen e vários assinantes também sofreram sérias
infelicidades. O velho fazia nomes de pessoas que eu mesmo conheci
e que realmente carregaram sérias desgraças.
Em 1957 Padre Paulo, já velho, encontrou-se no navio de
viagem da Itália ao Brasil com o nosso Pe. Sante Cortese; lembrava
com carinho Parintins, de que tinha grande saudade.

Pe. JOSÉ VICTOR HEINZ


63
Nascido em Essen, Alemanha, a 9.5.1892, foi ordenado na
Bahia a 25.11.1918, na Ordem dos Frades Menores de S. Francisco,
que mais tarde deixou para se tornar padre secular.
Passou “os primeiros dez anos de sacerdócio no Colégio de
Óbidos”; depois trabalhou com zelo em várias paróquias, Óbidos,
Faro, Oriximiná etc...
Após passar algum tempo com Pe. Paulo e substituí-lo nas
viagens, foi nomeado vigário de Parintins a 30.12.1939 e tomou posse
a 11.1.1940.
Por onde passara, tinha deixado marcas de apóstolo e
construtor, erigindo ao todo “6 matrizes e 10 capelas” como ele
mesmo anotou no Tombo.
Em Parintins, conforme está já registrado nos parágrafos
dedicados às síngulas obras, remodelou a Igreja Matriz e elevou sua
torre; edificou a igreja de São Benedito; levantou e cobriu o Colégio
N. Sra. do Carmo; construiu capela com torre em Nhamundá. Até
orientou algumas construções da cidade, por exemplo, o Cine Saul,
que originalmente tinha uma fachada clássica.
E para construir, montou uma olaria própria.
No campo direto do apostolado incentivou as irmandades,
fundando em 1941 a Congregação Mariana.
Em maio de 1942 passou pelo porto de Parintins o “Navio
Eucarístico” que trazia o Santíssimo Sacramento de Belém a Manaus,
para o 1º Congresso Eucarístico. A bordo iam vários Prelados; entre
eles Dom Jaime de Barros Câmara, arcebispo de Belém e Dom
Carmelo Vasconcelos Mota, arcebispo de São Luiz do Maranhão. No
regresso juntou-se o Núncio Dom Aloísio Bento Masella. Os três em
1946 seriam elevados ao Cardinalato.

64
Zeloso do decoro do culto, Pe. Victor em 1943 iniciou a Obra
do Tabernáculo, para equipar de paramentos dignos as igrejas, que
tornou mais devotas com bonitas imagens.
A imagem de N. Sra. das Graças foi adquirida pelo povo em
1948, quando dona Antonia Ferreira recuperou a vista por intercessão
de N. Senhora.
A 27 de dezembro de 1950 foi desmembrada da paróquia a
região do Ramos ao Pará e ficou anexa à paróquia de Barreirinha,
entregue aos padres Redentoristas. Estes colocaram sua residência em
S. Maria de Vila Amazônia e tiveram a colaboração das irmãs do
Preciosíssimo Sangue. Redentoristas e irmãs deixaram Barreirinha e
Santa Maria em fevereiro de 1953.
Em 1952 Pe. Victor chamou os Redentoristas para uma santa
Missão de duas semanas em Parintins. Em frente a Matriz foi elevado
um bonito Cruzeiro como lembrança.
Em 1953 foi festejado o sesquicentenário da paróquia, a partir
de frei José Álvares das Chagas. O hino de autoria de Antônio Sérgio
da Silva tinha algumas expressões inexatas, que o bispo mandou
corrigir.
A 4 de agosto do mesmo ano de 1953 passou o “Navio
Cristóforo Victoria”, com Dom Alberto Ramos e outros Prelados.
Conduzia o Santíssimo para o 6º Congresso Eucarístico Nacional de
Belém.
O navio atracou às 10:30 e se fez uma Procissão Eucarística até
a Matriz.
Às 15:00 seguiu viagem, tendo embarcado vários
congressistas de Parintins, com seu vigário.
A 11 de setembro, sempre de 1953, Parintins acolheu a
Imagem Peregrina de N. Sra. de Fátima, que esteve também na Vila

65
Amazônia e foi acompanhada à fronteira do Pará no Barco de Agenor
Dinelli.
Pe. Victor mais duma vez foi alvo de ataques de protestantes.
Houve uma áspera polemica por ocasião das Santas Missões,
provocada pelo boletim “Arauto Cristão”. Pior ainda foi em 1954, por
ocasião do centenário do dogma da Imaculada Conceição, quando os
católicos, ofendidos durante uma procissão com a Imagem de N.
Senhora, reagiram vivamente.
Dom Alberto esteve pessoalmente em Parintins de 23 a 27 de
novembro, em desagravo ao vigário, que estava sendo processado.
A 6 de março de 1955 Pe. Victor foi de férias para a Alemanha.
Na volta transferiu-se ao Sul e de lá retirou-se na Alemanha, donde
envia continuamente cartas de saudade e afeto.
Com as fperias do Pe. Victor, a 7 de março de 1955, foi
nomeado vigário o culto Pe. Raimundo Nonato Pinheiro, que tomou
posse no dia seguinte. Cumpriu bem sua missão de criar um clima
espiritual propício a criação da Prelazia.
Fundou a Ação Católica e os Vicentinos; organizou uma ótima
semana Eucarística.
A 7 de outubro foi substituído pelo capuchinho frei Silvestre
de Pontepáttoli até que a 13 de novembro foi instalada a Prelazia.

Pe. Paulo Raucci, vigário de Parintins de 1919 a 1939


Fotografia de 1957

Pe. Victor Heinz em sua cidade-natal Essen – Alemanha em 1980


66
PARINTINS SEDE EPOSCOPAL

CRIAÇÃO DA PRELAZIA

O PIME (Pontifício Instituto das Missões), fundado em Milão


em 1850, assumiu o presente nome em 1926, quando com a bênção de
Pio XI uniu-se com o Seminário de S. Pedro e Paulo de Roma, nascido
em 1874.
Desde a fundação inúmeros missionários pregaram o
Evangelho com zelo e heroísmo tendo alguns até enfrentado o
martírio como o Bem Aventurado Alberico Crescitelli e o Padre
Mazzucconi. Algumas de suas missões, particularmente na Ásia,
chegaram a ser constituídas em Dioceses com clero nativo.
A segunda guerra mundial, durante seu longo curso, tornou
impossível a saída de novos missionários para as missões; então seu
grande número impressionou o Cardeal Dom Carmelo V. Mota numa
de suas passagens por Milão, tanto que se animou a pedir o envio
dalguns deles para o Brasil.
Aceito o pedido, três deles vieram em 1946 e quase trinta em
1948. Agora são 160, dos quais 60 trabalham na Amazônia.
Os que foram para Macapá em 1948, logo no ano seguinte
conseguiram a projetada Prelazia. Os que no mesmo ano vieram para
Manaus, receberam a paróquia de N. Sra. de Nazaré, na capital, de
Maués e Manicoré no interior. Quanto à Prelazia programada,
nasceram dificuldades a respeito da sede, até que em 1955 a sorte caiu
sobre Parintins, por uma sugestão inicial do Pe. Paulino Lammeier,
que transmitida pelo PIME ao Arcebispo de Manaus, Dom Alberto G.
Ramos, com decisão e carinho foi por ele encaminhada à Santa Sé e
levada à concretização.

67
A 26 de abril de 1955 Pe. Arcângelo Cerqua, superior do PIME
no Amazonas, em companhia dos padres João Airaghi e Jorge
Frezzini, realizava uma visita a Parintins para colher dados e enviar à
Nunciatura.
A 24 de junho o Osservatore Romano, jornal do Vaticano,
publica a notícia da criação da Prelazia de Parintins.
A 29 de junho o “Universal” de Manaus publicava um
comunicado de Dom Alberto em que anunciava a próxima criação da
Prelazia.
A 12 de julho do mesmo ano de 1955 o Papa Pio XII emanava
a Bula Pontifícia “Céu Boni Patris Familias” (como bom pai de
família) que criava a Prelazia de Parintins com os municípios de
Parintins, Maués e Barreirinha, sob o patrocínio de N. Sra. do Carmo,
cuja igreja era elevada a Catedral.
Na bula há uma recomendação especial para se fundar um
seminário e pede-se ao Núncio Lombardi de instalar a Prelazia.
A 4 de outubro o Núncio delega Dom Alberto a instalar a
Prelazia, dando-lhe as devidas normas.
A 21 de outubro chegam em Parintins os Padres Jorge Frezzini
e Sante Cortese do PIME, recebidos pelo Frei Silvestre de Pontepáttoli
capuchinho, que estava substituindo o Pe. Nonato Pinheiro, sucedido
a meses ao Pe. Victor de férias na Alemanha.
A 23 de outubro o Pe. Jorge assume o cargo de Vigário.
A 8 de novembro chega o arcebispo dom Alberto para
preparar a instalação da Prelazia, que se realiza no dia 13 de
novembro.
Às 6 da manhã chega em Manaus a lancha “João Cleofas” com
o Pe. Arcângelo, a Federação Mariana de Manaus, com Faraco, e
seminaristas.

68
Às 9:30 há Missa Pontifical celebrada por Dom Alberto. Às 13
chega uma numerosa romaria de Barreirinha com a imagem de N.
Sra. do Bom Socorro, que é levada em S. Benedito, onde já tinham
sido levadas as Imagens de N. Sra. do Carmo de Parintins e a de S.
Francisco Xavier de Vila Amazonas.
Às 16 sai de S. Benedito a procissão com as sagradas Imagens.
Em frente à Matriz, às 17:30, há leitura das Bulas. A Prelazia
fica pois instalada no hora da Ave Maria, ao bimbalhar dos sinos em
honra da Virgem.
Celebra a Missa o Pe. Arcângelo Cerqua, constituído Vigário
Geral, enquanto Dom Alberto assume como Administrador
Apostólico.
O Vigário de Parintins é nomeado Pe. Jorge Frezzini, tendo
como cooperadores Pe. Danilo Cappelletto e Pe. Luiz Bolzanello.
Vigário de Barreirinha continua Pe. Bernardino Micci e vigário de
Maués é nomeado Pe. Sante Cortese, tendo como cooperador Pe. Iseo
Sandri.
No mês seguinte chegaria o Pe. Silvio Miotto, da Itália, e iria
como cooperador em Maués.
No dia 15 de março de 1956 será nomeado Administrador
Apostólico da Prelazia Pe. Arcângelo Cerqua, tomará posse a 1º de
maio, com a presença de Dom Alberto.

FERVOR DE OBRAS E ATIVIDADES

O Pe. Jorge, ajudado pelo Pe. Luiz, deu-se imediatamente a


avivar a fé na cidade, enquanto o Pe. Danilo, palmilhando o interior
sem parar, ia levar em tudo quanto é rio e lago a presença da Prelazia;
chegou numa só semana a administrar centenas de batizados.

69
No mês de dezembro a festa de S. Benedito com sua renda
custeou bons trabalhos no Colégio Nossa Senhora do Carmo, tanto
assim que no março seguinte sob a direção de dona Anita Freitas,
recebeu algumas turmas de curso primário no lado direito do andar
térreo.
A 15 de março de 1956 foi nomeado Administrador
Apostólico da Prelazia o Pe. Arcângelo Cerqua. Com o nosso povo,
participaram da posse Dom Alberto Ramos e uma numerosa comitiva
de Marianos de Manaus, acompanhados pelo Procurador da Prelazia
Pe. Francisco Luppino.
O Pe. Jorge foi escolhido para Vigário Geral.
A 24 de maio visitou Parintins a irmã Hermínia Matos a fim
de estudar a possibilidade duma fundação das Filhas da Caridade,
que de fato vieram no fim do ano iniciando com as Irmãs Bezerra,
Genoveva (Zenir) Álvares e Mariana seu precioso apostolado entre
nós, quer formando a juventude, quer assistindo os pobres.
Na festa de julho de 1956 foi maravilhoso o espetáculo de 300
crianças da primeira Comunhão. E a generosa renda permitiu
comprar o casco Pio XII, levar adiante as obras do Colégio e melhorar
a Matriz.
Em agosto o Prelado foi ao Rio com suspeita fundada de
câncer; mas felizmente a operação cirúrgica revelou tratar-se de
“pâncreas anular”. Operado gratuitamente pelo grande médico Dr.
Fernando Paulino, tratado com afeto de irmão pelo Dr. Carvalho e
assistido carinhosamente pelas Irmãs da Assunção, voltou
restabelecido na véspera de Natal.
Em Parintins encontrou em plena atividade os recém-
chegados da Itália padres Januário Cardarelli e Pedro Vignola e os
Irmãos Francisco Galliani e Bruno Mascarin.

70
A Prelazia ao ser criada, além das Igrejas Matriz e S. Benedito
e suas praças, não possuía nem um palmo de terreno. Tanto que os
padres foram morar numa casa emprestada gratuitamente pelo
saudoso Renato Batista, que pelo seu amor à igreja mais tarde
receberia a comenda Pontifícia de S. Gregório Magno.
O Prelado portanto, no fim de 1956, animado pelo Sr. Luiz
Souza, adquiriu uma velha casa no porto, onde começou a ser
construída a atual sede da Prelazia, que seria benta a 2 de fevereiro de
1959 pelo Pe. Augusto Lombardi, superior Geral do PIME.
No ano de 1957 o Pe. Jorge viajou para a Itália, mas com o Pe.
Januário continuaram firmes e animadas todas as atividades.
A 8 de dezembro de 1957 foi fundada a Federação Mariana
com estatuto provisório e Diretoria também provisória, sendo
Presidente João do Lago Vieira, secretário Nazir Mourão e tesoureiro
Raimundo Osmar Araújo. Na assembléia houve 400 participantes e
foram entregue 6 bandeiras a seções do interior.
Houve um consolador fortalecido também das outras
irmandades, em modo especial da Cruzada Eucarística e da Legião de
Maria, para a qual no mês de março tinha sido fundada a Cúria “Flos
Carmeli”.
Em 1959, depois de onze anos de Brasil, o Prelado foi gozar
férias na Itália, porque uma chapa mal batida fez com que a sombra
da barba parecesse mancha de tuberculose nos pulmões...
Aproveitou o descanso para escrever dois livros sobre a
atividade Missionária na Amazônia, “Missione nell’Amazzonia” e
“Nell’ Inferno Verde”.
A 16 de novembro foi recebido em audiência pelo Papa João
XXIII.
Os Marianos em 1960, quando na Prelazia eram já mais de
1.000, fizeram naquele ano seu Retiro de Carnaval em Barreirinha.
71
DOM ARCÂNGELO BISPO DE PARINTINS

A 11 de fevereiro de 1961, quando 370 Marianos, dos quais 24


de Maués e 40 de Barreirinha, estavam em Retiro no Varrivento, o
Osservatore Romano publicava a notícia de nomeação de Mons.
Arcângelo Cerqua a Bispo Titular de Olbia na Líbia e Prelado de
Parintins. A Bula, assinada pelo Papa João XXIII, levava a data de 04
de fevereiro.
Imediatamente, Pe. Jorge organizou várias comissões para
preparar a Sagração.
O Prefeito José Esteves por sua vez quis pavimentar a praça
da Matriz e a rua que recebeu o nome de Boulevard 14 de maio.
Uma semana antes veio frei Camilo de Pieborno, capuchinho,
dispor o espírito do povo com congregações apropriadas.
O Prelado a 04 de maio tinha-se recolhido a casa dos
Redentoristas de Manaus em santo Retiro, que encerrou no dia 10
para estar presente na Ponta Pelada à chegada do Núncio Dom
Armando Lombardi. Este, qual hóspede oficial do Governo, foi
recebido pelo Governador Gilberto Mestrinho, ladeado por vários
Prelados e muitas entidades católicas da capital, com o Arcebispo
Dom João de Souza Lima, freiras e alunos de colégios.
No dia 11 o Governador ofereceu ao Núncio e aos Prelados
um almoço no Palácio Rio Negro. E no dia 12, coma a chegada de
Dom Alberto Ramos de Belém, houve mais um encontro dos
Prelados, com refeição, no convento das Irmãs do Preciosíssimo
Sangue.
Às vinte horas o navio da SNAPP Augusto Montenegro
deixou a Manaus Harbour, levando a bordo o Núncio Dom
Lombardi, os bispos de Tefé, Macapá e Alto Solimões, Dom
Arcângelo, muitos romeiros de Manaus, algumas irmãs, os padres do
72
PIME José Maritano, Mario Giudici, Aldo Da Tofori, Leo Cavallini; o
deputado federal do PDC de S. Paulo José Menk, o coronel Farini
etc... Às 3:45 do dia 13, em Itacoatiara o Cônego Alcides veio a bordo
com o Pe. Pinto seu coadjutor para homenagear a comitiva episcopal.
Às 16 horas o navio atracava, entre vivas e foguetes, no
trapiche municipal apinhado de povo, com os bispos de Óbidos e
Santarém, os Prefeitos de Parintins e Barreirinha. O Juiz de Maués,
Dr. Paulo Feitosa com o superior do PIME Pe. João Airaghi tinham
vindo ao encontro do navio na altura do Xibui, a bordo do gaiola
“Rio Juruá”.
Dadas as boas vindas, ainda a bordo, pelo Pe. Jorge, Prefeito e
Vereadores, em cortejo e comitiva foi até a praça da matriz, onde
tinha sido construído um grande altar monumento encostado no
Cruzeiro. Lá o Núncio recebeu as chaves simbólicas da cidade do
Prefeito José Esteves e também a homenagem do clero num bonito
discurso do Pe. Januário.
À noite no altar monumento, depois dum tocante sermão do
Frei Camilo, Dom João de Souza Lima impartiu uma solene bênção
Pontifical.
O dia 14 amanheceu com chuva e vento; mas depois serenou e
ficou bonito, conforme tinham rezado na véspera pregador e povo.
Aliás a mesma coisa sucedeu no dia anterior, quando choveu muito,
até a chegada do navio, que encostou com um sol esplendoroso.
Às 7:00 horas iniciou tranquilamente a cerimônia de Sagração.
Sagrante principal o Núncio Dom Armando Lombardi e consagrantes
Dom João de Souza Lima, arcebispo de Manaus, e Dom Aristides
Pirovano do PIME, bispo de Macapá. Foram assistentes Dom Alberto
Ramos, arcebispo de Belém, Dom Joaquim de Lange de Tefé, Dom
Floriano Loevenau de Óbidos, Dom Tiago Ryan de Santarém e Dom
Adalberto Marzi do Alto Solimões.
73
Dirigiram as cerimônias o Pe. Nazareno de Belém e os nossos
padres Rafael Langone e Amadeu Bortolotto. Cantou o nosso ginásio
sob a direção de Pe. Januário e Pe. João Andena. Locutor e
comentarista foi Pe. José Maritano e fotografo Pe. Rafael Magni.
Às 7:30, em avião especial, chegaram o comandante da praça
militar de Manaus e esposa, o representante da casa militar do
Presidente da República, o Dr. Waldir Vieiralves e esposa, e o reitor
do seminário de Manaus. Estiveram presentes também o Cônego
Walter Nogueira e frei Miguelangelo, superior dos capuchinhos do
Amazonas.
Havia romeiros de tida a Prelazia; numerosos os de Maués,
numerosíssimos os de Barreirinha. Com os nosso marianos assistiram
40 vindos de Manaus. Entre os romeiros de Óbidos, com o bispo e o
vigário geral, distinguia-se o coro da Catedral.
A banda das meninas do Instituto Benjamin Constant de
Manaus deu uma nota elegante e garbosa.
No fim da cerimônia houve a entrega da encomenda
pontifícia ao Dr. Waldir Vieiralves, que vinha atendendo
caridosamente todo o doente que lhe enviávamos de Parintins.
O Almoço realizou-se no armazém Dinelli, com um
inteligente discurso do Prefeito. À tarde o Núncio depois de ver a
catedral em construção com um metro de altura, do balcão da casa
assistiu à imponentíssima procissão das irmandades. Vendo
especialmente as compactas fileiras de marianos e ouvindo seus
cantos, chorou comovido.
No fim da procissão Dom Arcângelo tomou posse canônica da
Prelazia.
À noite, na praça, realizou-se a solene Assembléia, em que
falaram o Prefeito de Barreirinha, Aurélio Andrade, uma aluna do

74
Benjamin Constant; Lindalva Acioli do Colégio N. Sra. do Carmo,
Dom Alberto, Dom Arcângelo e o Núncio.
A banda do Benjamin Constant tocou bons números e o nosso
Colégio cobriu-se de glória cantando em modo impecável números
selecionados, entre os quais “Sul mare Lúccica”.
Sem dúvida o dia constitui-se em marco indelével na história
de Parintins.
O Osservatore Romano de Roma a 5, 7, e 11 de outubro
publicou três artigos sobre a viagem do Núncio e a Sagração;
suponho terem sido escritos por Mons. João Benelli, futuro sub-
secretário de Estado e Cardeal Arcebispo de Florença, que
acompanhou em Parintins o Núncio como Secretário da Nunciatura e
ficou até hoje grande amigo do bispo e de nossa Prelazia.

Parintins, 13 de novembro de 1955 – Dom Alberto Gaudêncio


Ramos prepara-se para a S. Missa – No fim instala-se a Prelazia.

Dom Alberto de catraia vai embarcar no avião da Panair depois da


instalação da Prelazia – 14 de novembro de 1955

75
1ª Assembléia dos Marianos na Prelazia – Parintins, 31 de maio
de1956

Pe. Arcângelo Cerqua, destinado ao Brasil, recebe o Crucifixo de


Missionário – Fevereiro de 1948.

Giugliano (Nápoles – Itália) 22 de fevereiro de 1948 – Pe. Arcângelo


Cerqua despede-se de seus pais e irmãos deixando sua terra natal.

76
Macapá (Amapá) 29 de maio de 1948 – Pe. Arcângelo Cerqua chega
em companhia de Dom Anselmo Pietrulla bispo de Santarém, e de Dom
Aristides Pirovane e no mesmo dia é empossado vigário de Macapá.

77
PRELAZIA A CAMINHO
(Apontamentos)

1962 – A 31 de maio a capela provisória da Catedral, traçada


pelo Pe. Jorge em novembro de 1961 e iniciada pelo Pe. Colombo, ao
encerramento d’uma procissão, recebe a Imagem de N. Sra. do
Carmo, acompanhada com imensa saudade pelo povo da velha
matriz, que passou a ser chamada Igreja do S. Coração de Jesus, feita
sede d’uma paróquia com o mesmo nome.
A sede da Paróquia tradicional de N. Sra. do Carmo é
transferida para o novo lugar.
A 11 de outubro de 1962 inicia solenemente o Concílio
Vaticano II, convocado pelo Papa João XXIII. Nosso Bispo Dom
Arcângelo se faz um dever participar a esta sessão e às demais três
que serão celebradas nos anos de 1963, 64 e 65.
Em dezembro o bispo consegue a agregação à Prima Primária
de Roma da Pia União das Filhas de Maria da Catedral e do Sagrado
Coração, trazendo os relativos diplomas.
1963 – A 20 de abril a Prelazia compra o “Toco” na estrada de
S. José, para mudar aquela casa de prostituição em Escola N. Sra. das
Graças; com crianças pobres de curso primário. Em seguida dita
escola será transferida perto da Catedral e seu terreno será oferecido
a Cohabam, pensando que iria servir para os pobres.
- De 7 a 19 de maio 6 padres redentoristas, entre eles o Pe.
Eugênio Oats e Pe. Alfredo Novak, pregam as Santas Missões nas
duas paróquias de Parintins, com frutos consoladores.
1964 – A 6 de janeiro há uma grande concentração de povo
com Missa Campal em construção. A Hóstia do santo sacrifício viera
da Polônia com a intenção de rezarmos pelo triunfo da fé.

78
A 22 de novembro, encerrada a 3ª sessão do Vaticano II, Dom
Arcângelo vai em peregrinação na Palestina, onde recebe grande
estímulo e consolação e reza muito pela Prelazia, especialmente no
Calvário e no Presépio.
1965 – A 18 de janeiro chegam da Itália os padres Henrique
Pagani e Antônio Turra.
A 22 de abril o Pe. Rafael Magni, bom professor do Colégio e
orientador na montagem da Rádio Alvorada, viaja para a Itália.
Entretanto chegam de lá a 5 de novembro os novos missionários
Padres Gino Malvestio, Leão Martinelli e José Peschechera.
A 23 de dezembro o Governador Arthur Cézar Ferreira Reis
paraninfa os neo-normalistas do Colégio Nossa Sra. do Carmo,
enaltecendo a atuação da Prelazia.
No mês de maio com entusiasmo e fervor nosso povo lucra a
indulgência do Ano Santo, participando em categorias, com romaria e
concentração na Catedral, e no fim Missa e bênção com indulgência.
Dia 08 os rapazes, a 15 moças, a 22 senhoras, a 29 marianos e
membros das comunidades do interior. Estes últimos vieram
numerosos, dando um espetáculo de fé. Desfilaram 35 comunidades
com suas bandeiras e as Imagens dos Padroeiros.
Proferiu o sermão conclusivo Dom Milton Pereira, arcebispo
coadjutor de Manaus e Dom Arcângelo impartiu a Bênção Papal.
1966 – A 26 de agosto Parintins recebe a imagem de N. Sra.
Aparecida, trazida em avião da FAB por Dom Antônio Macedo.
Ela é levada ao Hospital do Sesp, para benzer os doentes, e
depois na Capela da Catedral, onde o povo reza devotamente o terço.
Em seguida é acompanhada procissionalmente para o aeroporto,
donde segue para Santarém.
A 21 de novembro o Pe. Pedro Vignola vai de férias para a
Itália e o Pe. Januário fica como vigário da Catedral e Vigário Geral.
79
1967 – No início de fevereiro realiza-se o tradicional retiro dos
Marianos. Desta vez participa uma multidão de 1.100 homens, que
deixam encantado Mons. Henrique Riemslag, prelado de Cametá.
Outros 300 marianos fazem retiro no Limão de Maués.
13.02.67 – Comunica-se à Liga Esportiva o início do
Campeonato de futebol da Federação Mariana (hinterlandino)
A 09 de abril chegam os novos missionários Pe. Domingos
Cânone e Pe. Emílio Buttelli.
Em junho a enchente extraordinária obriga o Governo do
Estado a declarar calamidade pública em nossa região. Formamos
uma Comissão de Defesa, que consegue dar muita ajuda aos
ribeirinhos, especialmente em alimentos.
É confortante ver os marianos de Uaicurapá vender barata sua
farinha para ser levada aos das comunidades de cima, que estavam
sendo explorados pelos comerciantes.
A 26 de junho com uma grande concentração na Catedral de
Parintins abre-se o Ano da Fé.
A 14 de agosto o Governador Danilo de Mattos Areosa, vindo
inaugurar os galpões do porto, visita admirado nossas obras,
elogiando especialmente a Olaria Pe. Colombo e Rádio Alvorada.
A 1º de outubro é inaugurada solenemente a Rádio Alvorada,
pelo Núncio Apostólico Dom Sebastião Baggio. Este no dia seguinte
celebra missa na capela do Maranhão e almoça em Barreirinha. O
povo avisado pela Rádio, aguarda a passagem do seu barco
enfileirado na beira, para receber sua bênção. O povo de Vila S.
Graça, tendo caído a noite, esperou com velas na mão.
A 06 de novembro o Pe. Januário vai para Manaus, e o Pe.
Pedro reassume a paróquia da Catedral e o cargo de Vigário Geral. E
a 08 de dezembro chegam da Itália os novos missionários: Pés. Mário
Pasqualotto e Bento Di Pietro.
80
08.12.67 – No Estádio Municipal realiza-se pela primeira vez a
final do Interlandino da Federação Mariana entre Maranhão,
Araçatuba, Corocoró, Vila Carvalho.
1968 – O bispo participa em Melgar, Colômbia, d’um encontro
missionário do CELAM, durante a semana de 21 a 27 de abril,
presidido pelo Secretário de Propaganda Dom Sérgio Pignedoli.
A 14 de maio vem de Manaus Dom João de Souza Lima, com
o Pe. Mateus George, Secretário do Norte I, e com o Pe. Casimiro
Bestka. O Arcebispo benze a nova casa da olaria e prega um dia de
retiro aos padres reunidos.
Nos dias 15, 16 e 17 padres, irmãos e leigos realizam a 1ª
Assembléia Pastoral.
- Dia 26 de junho vem o Secretário de Educação Vinício
Câmara com o Deputado Estadual Rafael Faraco.
Resolve-se dar amparo e colaboração estadual às escolinhas
construídas pela Prelazia nas comunidades do interior, onde
funcionaram até hoje em capelas e humildes barracas, mantidas por
roçados e serviços comunitários.
Secretário e comitiva hospedam-se no Seminário.
- Dia 05 de julho pela Rádio alvorada desmente-se um boato
tolo, que infelizmente estava recebendo crédito entre o povo simples:
no dia da festa os padres lançariam uma bomba para matar todo
mundo.
Falaram na rádio do Prefeito, o Delegado de Polícia Mozart de
Freitas Vieira, etc. O boato partiu de políticos interessados a denegrir
a igreja.
- Nos dias 09 e 10 de julho há um Encontro de Pastoral, para
programar as atividades apostólicas na Prelazia. Apesar de certas
dificuldades por parte de alguns, chega-se a boas conclusões.

81
- A 16 de julho o bispo publica os decretos que criam o
Conselho Presbiteral e o Conselho Pastora.
- No dia 19 de julho Dom Arcângelo, pela Assembléia
Nacional dos Bispos do Brasil, é eleito membro da Comissão Central,
Secretário Nacional do SNAM (Secretariado Nacional da Atividade
Missionária), por 04 anos. Logicamente para cumprir esta missão de
vez em quando deverá ausentar-se da Prelazia.
- De 15 a 28 de agosto o bispo participa do Congresso
Eucarístico Internacional de Bogotá, aonde no dia 15 chega de Roma
o Papa Paulo VI, a quem uma comissão de Deputados Estaduais do
Amazonas, integrada por Rafael Faraco, filho da Prelazia, apresenta
oficialmente a homenagem de nosso Estado.
- A 10 de dezembro chegam os dois primeiros jovens
“Técnicos cristãos” de Milão, para tomarem conta das oficinas do
Seminário. Logo depois vem um terceiro, seguido um ano depois por
mais três.
A vinda destes jovens italianos afinal foi bastante positiva,
pois realizaram bons serviços na Prelazia. Entretanto por falta de
maior preparação espiritual e de prévia ambientação, não foi perfeito
seu entrosamento com a Prelazia, diminuiu assim a força apostólica
de sua tarefa técnica.
Posteriormente, Jorge Campoleone engajar-se-á em ótimo
trabalho social em Urucará, enquanto dois companheiros tornar-se-ão
industriais, montando a bem equipada Serraria Agromadeiral.
1969 – No dia 1º de fevereiro a Prelazia publica o primeiro
número do semanário “Horizonte”.
- A 07 de junho o Papa Paulo VI recebe em audiência
particular Dom Arcângelo e Dom Giocondo Grotti, bispo de Rio
Branco do Acre.

82
Dom Arcângelo, em nome da CNBB, pode uma espécie de
reconhecimento do caráter missionário das Prelazias por parte da
Santa Sé. O Papa, que aprecia imensamente o trabalho que elas
realizam, faz entender que as mesmas poderiam muito bem serem
ajudadas pelo próprio Brasil, deixando as Pontifícias Obras pensarem
mais nas missões do resto do mundo.
Daí nascerá no Brasil o projeto “Igrejas Irmãs”, seguindo o
exemplo da diocese de Caxias do Sul.
- A 19 de junho, o major Pereira, vindo apurar o fundamento
de calúnias e boatos contra a Prelazia, faz questão de manifestar seu
apreço e agradecimento à Prelazia, pedindo que continue em sua
maravilhosa missão, sem ligar a calúnias e boatos.
- No dia 07 de agosto Dom Arcângelo recebia em Manaus o
título de cidadão brasileiro pelas mãos de Dr. Aderson Dutra, filho da
Prelazia nascido em Parintins, de família de Barreirinha.
O fato foi festejado com calor e afeto pelo nosso povo,
especialmente em Parintins e Barreirinha.
- De 23 a 30 de novembro tivemos a sorte de ver entre nós
Dom Lucas Moreira Neves, secretário Nacional do Apostolado dos
Leigos, da C.N.B.B.
Além de pregar o Retiro aos padres, quis conhecer nossas
comunidades rurais, que elogiou comovido. Chegou a celebrar missa
no Maranhão e na Barreira do Andirá. Em homenagem a ele foi
realizada no dia 30 de novembro a Assembléia Mariana, em lugar de
celebra-la como de costume a 08 de dezembro.
No dia 14 de dezembro chegou mais um missionário da Itália,
o Pe. José Filandia.
1970 – A 16 de fevereiro o Presidente da República assinou o
decreto de utilidade Pública Federal em favor da Prelazia.

83
No entanto, o Centro do Macurany melhora cada vez mais e já
começa a servir para retiros e encontros, além do retiro dos Marianos.
Assim em março a irmã Sá, diretora do Colégio, organizou um curso
para 111 catequistas; foi também realizado um encontro
interparoquial da Legião de Maria, cujos numerosos membros
trabalham com fé e perseverança.
A 05 de abril chega à Prelazia o Pe. Antônio Accurso.
A 1º de maio é instalada uma terceira Paróquia em Parintins, a
de S. José Operário sendo vigário Pe. Augusto Gianola, coadjuvado
pelo Pe. Henrique Pagani. Funcionando como Sede um grande
barracão de palha, conserva-se o Santíssimo em S. Benedito.
No terreno ao lado do barracão já está adiantada a construção
da escola S. José, tanto que na ala de baixo a 04 de maio começa a
funcionar o curso primário para muitas crianças pobres do bairro.
No dia 09 de setembro o Pe. Pedro Vignola é transferido para
a importante paróquia de Adrianópolis, Manaus, e em seu lugar fica
o Pe. Silvio Miotto, como vigário da Catedral e Delegado Geral da
Prelazia.
1971 – No retiro do carnaval participam 740 marianos.
Nos dias 11 – 14 de março realiza-se o primeiro Cursilho de
homens, na Vila Amazonas.
- A 1º de maio é lançada a pedra fundamental da Igreja de S.
José Operário. E durante o mês é reavivada a Comissão de Defesa
contra a enchente, que neste ano atingiu um nível assustador.
A 16 de junho, estando Dom Arcângelo na Itália, para
representar os bispos do PIME no Capítulo Geral, mais uma vez é
recebido pelo Papa Paulo VI.
A 22 de dezembro, voltando ao Brasil, acompanha um novo
missionário, o Pe. Henrique Uggé.

84
- Durante o ano de 1971 foram concluídas as obras do Teatro
da Paz e deu-se andamento à construção da casa paroquial do S.
Coração.
1972 – A treze de janeiro Dom Arcângelo mais uma vez
saboreou os ferros dos cirurgiões, em S. Paulo, Hospital S. Catarina.
Em Roma tinham prognosticado câncer e assim em S. Paulo;
no entanto achou-se um tumor que chamam de benigno só porque
não... mata.
- O retiro do Carnaval dos Marianos só acolheu na Olaria os
de Parintins. Os de Barreirinha, tendo crescido de número fizeram-no
à parte.
- A treze de setembro chega um novo missionário, o Pe. João
Risatti, que por ora se dedica mais ao interior da paróquia do S.
Coração.
- A 10 de outubro inaugura-se o jogo noturno no Estádio Tupy
Cantanhede com uma bonita iluminação. O material é doação da
Prelazia, que favorece o esporte sadio. Para isso cede até uma sede à
Liga para suas atividades.
- A 26 de novembro a Prelazia, com ofertas de fora, adquire
um ponto de apoio em Manaus, uma modesta casa na Rua
Governador Vitório, perto da Catedral.
- Em dezembro os Cursilhistas organizam o Natal dos pobres
em ajuda a muitas famílias necessitadas.
1973 – A 30 de junho escolhe a Prelazia como seu campo de
apostolado o Pe. Vicente Pavan, enquanto três companheiros
preferem Manaus.
- Durante todo mês de agosto no Centro de Treinamento da
Olaria funciona o Seminário Operacional da UNESCO.

85
Na Madrugada do dia 31, enquanto a turma está dormindo
sossegada, um dos costumeiros tufões destelha todo o salão
refeitório, espalhando cacos de telhas por todo lado.
- No dia 27 de setembro instala-se em Parintins o Sistema
MEB (Movimento de Educação de Base), destinado a realizar um
mundo de bem em favor de nossas comunidades do interior.
A instalação deve-se ao Presidente Dom Luciano Duarte,
muito amigo de nosso Prelado.
- A 05 de novembro Dom Arcângelo participa da reunião da
Representativa da CNBB, para a qual foi eleito pelos irmãos bispos do
Norte I.
E no dia 09 é eleito Membro do Conselho Diretor do MEB.
- A 24 de abril Pe. Risatti é vigário do S. Coração, pois Pe.
Domingos vai para a Itália.
1974 – A 27 de abril chega da Itália o Pe. Sossio Pezzella, que
depois de ensinar S. Escritura aos alunos de teologia na Itália, por
tantos anos, vem apóstolo de bem entre nosso povo humilde.
1975 – A 07 de abril os padres iniciam seu Retiro anual,
pregado pelo Pe. Celso Ferreira Pinto, enviado pelo Cardeal do Rio
Dom Eugênio Sales, que considera nossa Prelazia como uma espécie
de Igreja Irmã.
- De 29 de maio a 1º de junho celebramos o nosso Congresso
Eucarístico em adesão ao Congresso Nacional de Manaus.
Na missa do dia 29 o bispo ordena Leitor e Acólito Dílson
Ferreira Brandão que está estudando teologia no Seminário S. José do
Rio de Janeiro.
No dia 29 há uma grande concentração de povo, em romarias
vindas de todos os bairros com bandeiras e faixas. Infelizmente a
chuva obriga o povo a se refugiar na Catedral para a Santa Missa.

86
O dia 30, sempre de noite, há missa para os casados, com
renovação das promessas matrimoniais. Otávio Guedes e esposa
celebram 40 anos de casamento e Taumaturgo Bulcão e Filomena 54
anos.
No dia 31 é a Missa da Juventude. No início 07 jovens pedem
perdão aos adultos; no ofertório além de montar um altar, um jovem
oferece respeito ao velho Mundico Parruda e uma jovem oferece
auxílio a uma menina paralisada.
No dia 1º de junho há uma procissão triunfal com o
Santíssimo, carregado num carro e segurado por Dom Milton Correa,
arce-bispo coadjutor de Manaus. Na missa Dom Arcângelo confere o
diaconato a Dílson Pereira.
A praça está decorosamente enfeitada; e o palanque está em
frente ao arco central da fachada, entre um grande cruzeiro e um
artístico cálice de ferro.
- Colaboramos com o Congresso de Manaus, enviando no dia
nosso cálice de ferro.
Encerrada a festa de N. Sra. do Carmo, na madrugada de 17
de julho uma comitiva de Parintins, com o bispo, o Prefeito Benedito
Azedo e o vice-prefeito Alberto Kimura Filho e muita gente, em
motor especial vai para Manaus.
No dia 20 na Igreja de Adrianópolis Dom Arcângelo celebra
Missa para os parintinenses que estão na capital.
- A 16 de novembro, por ocasião dos vinte anos da Prelazia,
Dom Arcângelo confere a ordenação sacerdotal ao Diácono Dílson
Brandão Pereira.
Com o povo de Parintins participa da cerimônia a família do
padre, vinda de Maués e participam igualmente cerca de 300 filhos de
Maués vindos de propósito a Parintins.

87
- Irmã Marta (Odete) Barbosa, depois de trabalhar tantos anos
com grande amor entre nós, deixa Parintins. Houve outra mudança
este ano: a 07 de fevereiro veio substituir a Irmã Jane, como superiora,
a Irmã Lídia Vicentin.
1976 – A 08 de fevereiro Padre Mário Pasqualotto é nomeado
vigário da Catedral e Vigário Geral da Prelazia.
A 07 de maio vem da Itália o Pe. Egídio Mozzato, que vai
coadjutor a Maués.
A 24 de maio Pe. Sossio Pezzella é nomeado vigário de S. José
Operário.
- Inicia na noite de dez de maio e termina no dia 13, com
concelebração na Catedral, presidida por Dom Arcângelo, a
Assembléia Pastoral da Prelazia. Dom Milton Pereira passa esses dias
conosco dando-nos preciosa colaboração.
- No dia 30 de julho Pe. José Zanelli, que durante três anos foi
superior dos padres e reitor do seminário, viaja para a Itália,
convocado pela Direção Geral do PIME para a equipe de Seminário
de Teologia.
- A 04 de setembro inaugura-se o Hospital Padre Colombo da
Prelazia.
- A 14 de setembro Bruno Mascarin vai estudar teologia no
seminário de Londrina.
No dia 29 seguinte, a Prelazia ganha mais um sacerdote, Pe.
Alfredo Ferronato. Vem dos Estados Unidos, 20 anos depois de ter
passado alguns dias em Parintins, quando recém-ordenado foi
celebrar sua Primeira Missa na Argentina junto de seus pais.
A 11 de dezembro, na praça da Catedral, o MEB organiza pela
primeira vez a Feira Cultural, com interessantes trabalhos de artesãos
do interior.
-115-
88
1977 – Espalha-se na cidade uma carta anônima cheia de
pesadas calúnias contra o Bispo. O interessado é obrigado pelos
amigos a refutar a carta pela rádio. O povo por seu lado reage
organizando uma concentração na Catedral, com milhares de jovens
das escolas, numa Missa de desagravo.
- A 07 de maio conclue-se um frutuoso seminário Vocacional,
coordenado pelo professor Marcílio Coelho Dias e orientado pelo Pe.
Fernando Guimarães, Redentorista, enviado pelo Cardeal do Rio.
Pe. Fernando de 09 a 12 de maio pega o Retiro de padres.
- No dia 14, aniversário da sagração do bispo, o povo em
romaria de todos os bairros, participa da Missa na Catedral. É mais
uma resposta à carta anônima.
- No dia 15 de maio morre o popular Santana, Joaquim de
Freitas Vieira, líder sindical e mariano fervoroso. Foi sempre fiel à
Igreja, sendo um dos primeiros Ministros extraordinários da
Eucaristia.
- No dia 30 de julho uma equipe de Manaus veio fundar a
Escola de Pais; mais um bom movimento para ajudar a pastoral da
família.
- No dia 26 de setembro, completando o Papa VI oitenta anos
de idade, foi-lhe prestada devota homenagem numa alocução
radiofônica do Bispo e numa fervorosa Hora Santa na Catedral, de
noite, por um grande número de jovens.
1978 – O Pe. Francisco Luppino que pelo passado tanto se
esforçou pela nossa Prelazia, como seu procurador primeiro em
Manaus e depois em Brasília, no dia 02 de abril veio fazer parte de
nosso clero.
- Na assembléia Geral da Conferência dos Bispos Dom
Arcângelo no dia 23 de abril foi eleito com mais 36 bispos Delegado à
assembléia de Puebla.
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No dia 30 de julho o Pe. Mário Pasqualotto, vigário Geral da
Prelazia, participa com uma seleta comitiva de Parintins à Sagração
Episcopal de Dom Jorge Marskerll na cidade de Itacoatiara. Na hora
do ofertório, depois da Dra. Terezinha Pinto proferir umas palavras
comovedoras, o Sr. Prefeito Raimundo R. Ferreira e senhora oferecem
ao Bispo valiosos presentes em nome de Parintins.
Dom Arcângelo foi um dos consagrantes de Dom Jorge,
depois de ter participado no dia 23 passado à Sagração episcopal de
Dom Gutemberg Regis Freire na cidade de Coari.
- A 09 de setembro nossos padres recebem a honrosa visita do
Pe. Fedele Giannini, Superior Geral do PIME, que veio passar um
tempo conosco.
1979 – No dia 25 de janeiro Dom Arcângelo chega em Puebla
para participar da 3ª Conferência do Episcopado Latino-Americano.
Dia 27 de janeiro o Bispo participa da Concelebração com o
Papa na Basílica de N. Sra. de Guadalupe, cidade do México.
No dia 28 o Papa, com um discurso maravilhoso, inaugura a
Conferência de Puebla que se encerra no dia 13 de fevereiro com a
votação unânime dos Documentos Finais, preparados por 21
comissões.
No dia 16 de fevereiro Dom Arcângelo chega de volta a
Parintins, feliz por ter rezado na Basílica de Guadalupe e ter
conhecido o México e seu povo tão gentil; mais feliz ainda por ter
dado uma parcela de colaboração à grande Conferência.
- Com data de 03 de março, o bispo envia ao Governador
Henoch Reis dos pedidos: um com 700 assinaturas para que o
governo reestabeleça os Agentes Voluntários de polícia nas
comunidades do interior, pois sua eliminação prejudica gravemente a
ordem e a paz nas comunidades.

90
Outros pedidos é para que interceda em favor da Junta de
Conciliação, pois há ameaça de remove-la para Manaus.
- No dia 25 de março é publicado o Diretório das Festas
Religiosas na Prelazia, de acordo com as normas aprovadas pela
Assembléia Pastoral realizada de 12 a 14 de dezembro passado.
- Na Catedral durante o mês de março renasce a seção juvenil
da Congregação Mariana.
- A 03 de maio o Bispo em Manaus pede ao novo Governador
José Lindoso o reestabelecimento dos Agentes Voluntários do
interior; recebe promessa favorável.
- A 12 de julho, depois de estudar língua e cultura no CENFI
de Brasília, durante três meses, chega na Prelazia seu novo
missionário Pe. John Majka, americano de família polonesa nascido
na Áustria. O mesmo no dia 19 vai coadjutor a Maués.
- A 06 de agosto entra em vigor na Prelazia o Diretório das
Comunidades Eclesiais da Prelazia, de acordo com as sugestões
votadas por 150 Dirigentes do interior durante os dois Cursos de
Dirigentes de 05 a 08 de maio e de 01 a 04 de julho.
- A 22 de agosto morre José Mozart de Freitas Vieira,
Presidente da Federação Mariana há vários anos. Seu enterro foi uma
festa Mariana: o povo que lotou a Catedral só cantou hinos em honra
de Maria SS.
- Durante o mês de agosto, a Prelazia através do MEB
promove um levantamento da população que vive na região da Vila
Amazonas à fronteira do Pará; para derrubar a pretensão dum
engenheiro português radicado em Belém, que se diz dona de toda
aquela terra. Sendo ele o comprador da Vila Amazonas, proclama-se
herdeiro de todos os privilégios da antiga colônia japonesa. Na
realidade a concessão, em que se escora, concedida apenas a

91
faculdade de colocar famílias na região e por um prazo determinado,
que esgotou em 1968.
A Prelazia, irmanada com o Prefeito e os Vereadores, dirige
forte campanha contra a pretensão, em defesa dum povo de mais de
5.000 pessoas, distribuídas em 21 Comunidades com escolas e capelas
e colônias.
Felizmente nossas Comunidades estão bem conscientizadas e
colaboram maravilhosamente.
- 25 de setembro: Dom Arcângelo, em Visita Pastoral às
Comunidades de Cima, para também no Mocambo do Arari,
celebrando em duas das quatros comunidades do lago.
Em S. João releva com satisfação o crescimento da Vila, no
terreno que custou anos de lutas à Prelazia e não pouco dinheiro, e
que no fim foi dado de presente aos padres da região.
A Prefeitura felizmente está secundando o fortalecimento das
comunidades do interior, particularmente d’algumas Centro-setores,
construído até escolas de alvenaria, para nelas organizar o interior
Curso Fundamental.
Tomara que se cuide também das estradas que interligam
algumas comunidades, como fazia o Prefeito Benedito Azedo, de
coração virado para os pobres.
-118-
- A 1º de outubro inaugura-se a Onda Tropical da Rádio
Alvorada, depois de anos de espera. Agora até os mais distantes
poderão receber, com a palavra da Fé, também orientação para sua
libertação do atraso e da miséria.
O nosso Pe. Emilio Buttelli, com sua técnica aprimorada,
cuidou de todas as instalações e até da transformação e montagem do
transmissor.

92
- A 19 de outubro uma equipe nacional da Renovação
Carismática, chefiada pelo Pe. Edoardo, dirige um retiro de dois dias
para os membros da Renovação e um dia de retiro para os padres e
irmãs.
- A 03 de outubro uma numerosa delegação de Parintins,
chefiada por Dom Arcângelo, vai de barco para Óbidos, onde toma
parte na Sagração Episcopal do Prelado local Dom Martinho
Lammers.
- A 19 de novembro Parintins recebe novamente Pe. José
Zanelli, que de boa vontade volta a trabalhar em nossa Prelazia.
- Pe. Emilio Buttelli no dia 30 de novembro, na Câmara dos
Vereadores, pelas mãos do Prefeito Raimundo Reis recebe o título de
Cidadão Honorário de Parintins. É uma resposta eloqüente e oficial a
pasquins “primário”, alimentados por certos exploradores do povo,
que não toleram a incomum perícia radiotécnica do padre,
reconhecida oficialmente pelo DENTEL, e menos ainda toleram sua
atuação de justiça e amor em favor das comunidades do interior.
- O irmão Bruno Mascarin na Missa das 06 do dia 08 de
dezembro, na Catedral de Parintins, recebe de Dom Arcângelo a
ordem de Diácono, à presença dos marianos reunidos para a sua
Assembléia da Imaculada.
1980 – A 1º de abril Dom Arcângelo viaja para Roma em
“Visita ad limina” e passa na Itália dois meses, depois duma ausência
de nove anos.
No dia 16 de abril tem na praça S. Pedro um primeiro
encontro com o Papa João Paulo II; e no dia 19 é recebido em
audiência particular durante meia hora, apresentando no fim os
padres Gabriel Módica e Gino Malvestio.
- Em abril, o Governador Lindoso nomeia de novo os Agentes
Voluntários das Comunidades do interior.
93
- De 04 a 06 de julho realiza-se em Parintins um Congresso de
Jovens com cerca de 3.000 participantes de toda a Prelazia e
delegações de Manaus, Santarém, Óbidos e Urucará. O empenho e o
entusiasmo dos jovens e a palavra de Neymar de Barros conseguem
êxito extraordinário.
- Nos dias 10 e 11 de julho muitos romeiros de Parintins e da
Prelazia tem a felicidade de ver o Papa e receber sua bênção em
Manaus.
Dom Arcângelo janta com sua Santidade na noite do dia 10 e
no dia seguinte concelebra com ela a S. Missa na Bola da Suframa.
Antes de deixar Manaus e o Brasil, o Papa, às 14:12h. pelo
telefone do arcebispo, através de nossa Rádio Alvorada, envia à
Prelazia a maravilhosa mensagem com que se abre o presente livro.
- No dia 13 de julho, há na Catedral Missa Solene do Pe. Bruno
Mascarin, ordenado sacerdote pelo Papa no Maracanã do Rio a 02 do
corrente mês.
- A 15 de julho Dom Jozef Tomko, Secretário do Sínodo dos
Bispos, vindo de Roma em breve visita, concelebra Missa na Catedral
com Dom Arcângelo e ajuda a crismar numerosos jovens.
- A 16 de julho, na Missa de encerramento dos festejos de N.
Senhora do Carmo, Francisco de Assis Serrão Dinelli é ordenado
Leitor e Acólito.
- A 31 de julho, Patriarca Cardeal Marcos Ce de Veneza, pela
manhã, visita o Pe. Pavan em Barreirinha; e de tarde passa quase
duas horas visitando as obras da Prelazia em Parintins.
- A 06 de agosto o bispo visita S. Sebastião do Cabori; a vila
está tendo um grande desenvolvimento, com apoio da Prefeitura e
pelo interessamento do presidente Denizal Pereira. A antiga capela
de alvenaria deverá ser substituída por uma maior.

94
- A 1º de setembro Dom Arcângelo em companhia do
Deputado Gláucio B. Gonçalves visita em Manaus o Governador
Lindoso. Pede-lhe de não deixar instalar em Parintins o projetado
frigorífico da CCE de 450 toneladas, para a exportação de peixe, a fim
de não prejudicar o nosso povo. Seria muito ajudar a colônia dos
pescadores a conseguir um pequeno frigorífico para sua cooperativa;
assim ficaria garantida a alimentação básica de nosso povo e
melhorariam as condições dos pobres pescadores, sem que acabe o
peixe na região.
O Deputado federal Rafael Faraco apóia a tese do povo, e
nossa, com um bonito discurso na Câmara Federal. O mesmo em
maio passado comemorou na Câmara dos Deputados, com
significativo discurso, os 25 anos da Prelazia.
- A 07 de setembro, o desfile do Dia da Pátria, com milhares
de estudantes de tantas escolas, fez ver que a Parintins de hoje não é
mais uma cidadezinha de 3.000 habitantes como na criação da
Prelazia. Hoje sua população é calculada entre 35.000 e 40.000
moradores, com 11.000 estudantes.
É realmente a Capital do Médio Amazonas, cheia de vida e
progresso.
No desfile do Colégio N. Sra. do Carmo, com seus 1.500
alunos, celebrou a vinda do Papa a Manaus e os 25 anos da Prelazia,
com belíssima coreografia, obra do nosso artista Jair Mendes.
- A 12 de outubro realiza-se uma Assembléia extraordinária
dos Marianos, em preparação ao jubileu de prata da Prelazia, que
será festejado de 13 a 16 de novembro, com a presença do Cardeal do
Rio Dom Eugênio de Araújo Sales.

95
Parintins, 14 de maio de 1961 – Sagração episcopal de Dom
Arcângelo Cerqua: ao seu lado o Núncio Dom Armando Lombardi e Dom
João de Souza Lima, arcebispo de Manaus.

Roma, 11 de outubro de 1962: os bispos do Amazonas na abertura do


Concílio Vaticano II

Parintins, 30.11.1969 – Dom Lucas Moreira Neves participa da


Assembléia Geral Extraordinária dos Marianos.
96
Chegada de marianos para reunião de Centro Setor do interior

IX Curs. Homens – Parintins 01.12.77

Parintins, 31 de julho de 1980 – O Cardeal Patriarca de Veneza


Dom Marcos Ce visita Parintins.

97
“EU ME AJOELHO”
Homenagem aos Missionários da Amazônia

O Papa João Paulo II na homilia proferida durante a Missa em


Manaus a 11 de julho de 1980, “com abertura de coração” “deu
estímulo e encorajamento” “aos queridos missionários: Bispos,
sacerdotes, religiosos e religiosas, leigos e leigas”.
Falando “com total sinceridade” manifestou “o imenso
apreço” pelo seu trabalho missionário, “o respeito, a admiração, a
fraterna amizade”.
Lembrou seu trabalho apostólico em sua inteireza e seu
equilíbrio:
“Vossa atividade missionária vos impele a revelar a todos,
pequenos ou grandes, “o mistério escondido desde séculos” (Col.
1,26), a mostrar-lhes o caminho da oração, o espírito das bem-
aventuranças. Mas essa atividade se complementa com o muito que
devereis fazer também para ajudar aos necessitados a promover-se
passando de situações de miséria e abandono indignas de filhos de
Deus a condições mais humanas de vida. Assim fizeram legiões de
missionários antes de vós aqui mesmo no Brasil”.
No fim da homilia o Papa lembrou comovido “os missionários
que pelo passado vieram de suas pátrias, na Europa, para nunca mais
voltar” e que “esgotaram rapidamente suas jovens energias,
consumidos pela fadiga ou pelas doenças”.
E concluiu: “Eu me ajoelho diante de cada uma dessas
sepulturas e mais ainda diante de cada uma dessas figuras de
missionários, homens como nós, com defeitos e fraquezas,
engrandecidos porém pelo testemunho do dom pleno de si mesmos
às missões”.

98
Vamos pois lembrar as figuras dos missionários que
morreram durante os 25 anos da Prelazia, perante as quais o Papa se
ajoelha.

PADRE JORGE FREZZINI

O fim de 1961 privou a Prelazia dum seu grande missionário o


Pe. Jorge.
Encerrada a festa de julho, com a animação de sempre, ficara
esgotado ao ponto de se ver obrigado a procurar sua melhora em S.
Paulo, onde ao mesmo tempo faria compras necessárias à Catedral
em construção e à Prelazia.
Na viagem parou em Manaus para ajudar os Redentoristas a
pregar a Missão em Educandos.
Em S. Paulo entretanto nem consultou os médicos, por medo
de ser retido pelos superiores no sul.
Ao voltar, notamos que não estava passando bem, embora se
esforçasse de esconder seu deprimento ao bispo e aos confrades.
Além de tudo estava acostumado a não ligar tanto à sua saúde.
Mais duma vez foi visto parar sem fôlego na escada do
Colégio, onde ia lecionar, mas suplicava aos jovens de não dizer nada
ao Prelado.
Pensava-se em malária; porém piorando cada vez mais, o
bispo resolveu leva-lo pessoalmente em Manaus. Lá os médicos
constataram grave disfunção renal.
Enviado às pressas a S. Paulo, os melhores especialistas não
conseguiram desbloquear os rins, alcançando a uréia taxas incríveis.
Entretanto ele conservou sempre lucidez de mente e espírito jovial.
Acorreram da Prelazia ao seu lado o Prelado e o Pe. Sante, que
com o irmão Galliani o assistiram até o fim.
99
Avisado que Deus decidira leva-lo ao céu, continuou
tranqüilo a mexer humoristicamente com os enfermeiros e assistentes,
beijando de vez em quando seu Crucifixo de missionário.
Morreu no mesmo dia dois de dezembro em que descansara
séculos atrás o padroeiro das Missões S. Francisco Xavier, às 13:12
horas.
Nascido em Roma de Gualiero Frezzini e Julia Leti a
20.07.1924, e batizado em S. Pedro, transferira-se em seguida com sua
família para Desio, cidade de Pio XI. Líder juvenil de valor, inclusive
ótimo artista no palco, de improviso, em 1942, concluiu o 2º ano
colegial, resolveu se tornar missionário. Seu vigário deu esta
referência aos Superiores do PIME: “Possui boas qualidades morais e
intelectuais, ótimo caráter e sólida piedade”.
Ordenado sacerdote a 09.06.1947, veio para o Brasil em
21.08.1948. Depois de trabalhar algum tempo em Assis, Estado de S.
Paulo, pediu ser enviado para a Amazônia. Foi vigário de N. Sra. de
Nazaré em Manaus e em 1953 passou vigário a Maués, onde
construiu o Colégio S. Pedro. Em outubro de 1955 assumiu a
paróquia de Parintins onde ao advento da Prelazia foi o primeiro
Vigário Geral.
Dotado de viva inteligência, era pregador profundo e
convincente. Imbatível na polêmica em defesa da verdade, procurava
atrair os errantes. Disfarçava sua incomum espiritualidade, brincando
a todo momento e com todo mundo em perfeita amizade.
Ótimo diretor de consciências, a quem o procurasse
individualmente, sabia também arrebatar as multidões. Tinha um
dom especial de atrair os homens que eram sempre mais numerosos
que as mulheres nas igrejas por onde ele passava. Sabia entusiasma-
los, comprometendo-os em firme vivência cristã, através da devoção
a N. Senhora.
100
Favorecia todos os movimentos organizados, nas cidades e no
interior; cuidava particularmente das Congregações Marianas e da
Legião de Maria.
Onde ele chegava, a fé florescia e frutificava.
Quanto aos padres, era tão amigo e animador, que após sua
morte durante um ano não tiveram mais gosto de brincar juntos,
pensando nele.

Pe. FERRUCCIO COLOMBO

Um dos que mais sentiram a morte do Pe. Jorge foi o Pe.


Ferruccio Colombo. Quando a 1º de novembro de 1961 pensou-se em
confiar a velha matriz ao Pe. Januário a fim do Pe. Jorge se dedicar à
Paróquia da Catedral em formação, este pedia como seu coadjutor o
Pe. Colombo. A lembrança desta preferência mais duma vez fez
chorar Pe. Ferruccio, ao evocar o amigo falecido.
No entanto três meses depois foi se juntar com ele para
sempre, aos 37 anos de idade ele também, a 05 de março de 1962.
No dia precedente, como em todo domingo, tinha passado a
parte da manhã na Capela do Parananema. Às 15:00, depois de
receber o médico Dr. Inaldo Luiz La Salvia que devia praticar um
curativo ao Pe. Silvio, saiu de moto para dar Catecismo e Missa em S.
Benedito, onde há três anos era pai daquele povo, especialmente das
crianças.
Saiu com a aba da batina enrolada na cintura, tendo no bolso a
latinha das hóstias e a garrafinha de vinho para a S. Missa.
Infelizmente, subindo a Travessa Paes de Andrade, sua moto
foi chocada na roda traseira por outra que vinha pela rua Silva
Meirelles rumo a Prefeitura.

101
O veículo investidor pertencia a um grande amigo e tinha sido
consertado pelo padre na mesma semana anterior. Foi jogado de mau
jeito no canto da calçada, construída naqueles dias. Bateu com o lado
direito, onde tinha latinha e garrafinha.
Chegou em casa carregado por amigos; socorrido pelo
médico, recuperou colorido e fala, e tendo boa pressão aliviou nossa
apreensão. Mas infelizmente durante a noite as dores e os vômitos
revelaram hemorragia interna.
Amanhecendo o dia 05, o governador Gilberto Mestrinho, fez
tudo para mandar da capital um avião militar para buscar o padre,
mas não foi possível. Então resolveu fretar um aéreo da Panair e
enviar um cirurgião e anestesista. Porém na hora do vôo a situação do
acidentado fez renunciar ao socorro; apresar de abundante transfusão
de sangue, só o Dr. Inaldo ofertou meio litro, não havia mais
possibilidade de sobrevivência.
Às 13:00 o padre confessou-se piedosamente com Pe. Januário
e com aperto de Mão e sorriso despediu-se dos confrades. Consolava-
se beijando o Crucifixo e apertando o Bentinho de N. Sra. do Carmo.
A um certo momento quis pedir perdão ao Bispo, ele que lhe
fora sempre um dos mais devotos amigos. Suas últimas palavras
foram: “Monsenhor, escreva para mamãe”. Seu corpo velado durante
a noite no hospital, de manhã foi levado na matriz para as Santas
Missas.
A cidade suspendeu o Carnaval e toda população participou
do enterro. Quando o esquife era levado pela rua da frente, entrava
no porto um navio com abordo o torno mecânico há tempo esperado
pelo padre.
Era o melhor mecânico da cidade e amigo e mestre dos
mecânicos e motoristas.

102
Nascido em Buffalora Ticino, Itália, de Mario Colombo e
Ettorina Manente, em 27.02.1925, entrara no seminário para as
Missões aos vinte anos de idade, quando era experiente mecânico da
grade firma “SAFFA” de Magenta, que sempre o amou quando
missionário na Amazônia, enviando-lhe ofertas e maquinários.
Ordenado sacerdote em 27.06.1954, veio para Manaus em
1955; de lá passou à nossa Prelazia, a 23 de junho de 1958.
Sabia conciliar trabalho material e espiritual.
No apostolado exigia muito de si e dos outros, embora fosse
paternal e compreensivo. O trabalho material era caminho para Deus
e para a caridade.
Pode-se dizer que a bomba d’água e motor de luz da cidade só
viraram naquele tempo pela vigilante assistência de Pe. Colombo.
A ele devemos o início da nossa Olaria, juntamente dedicada a
seu nome.
Seu corpo repousa em nosso cemitério, alvo contínuo de
homenagens devota de nosso povo.
Sua mãe, a velha Ettorina, todo ano por ocasião da Páscoa e
Natal, escreve prometendo orações pela Prelazia e agradecendo pelo
carinho com que Parintins honra a sepultura do filho.

Pe. DEMETRIO SANNA

- Morre a 21 de junho em Oristano, Itália.


- Nascera em S. Antônio Ruínas (Sardegna, Itália) a 02.06.1925,
filho de Miguel Sanna e Antonia Pau.
Ordenado sacerdote a 29.06.1949, iniciou seu ministério
sacerdotal em sua arquidiocese de Oristano; mas logo depois,
conseguiu do seu arcebispo a licença para seguir seu velho ideal
missionário, entrando no PIME.
103
Destinado à nossa Prelazia, chegou com o Pe. Antônio
Caliciotti a 21.11.1961.
Não custou a aprender e muito bem a língua, de modo que se
deu logo a trabalhar no interior de Parintins e no meio da juventude.
A 28.02.1964 foi nomeado Vigário de Nhamundá. Apaixonado em
caça e pesca e com físico de atleta, teve um campo adequado às suas
qualidades; mas o número reduzido da população deu-lhe um
sentido de solidão; foi pois transferido a Maués a 18.12.1966. lá
desenvolveu um bom apostolado, quer entre a juventude da cidade,
quer no interior.
No fim de maio de 1969 foi de férias para a Itália. Depois de
visitar o velho pai e as irmãs em sua ilha natal, foi rever os amigos no
Continente.
Sabendo da chegada do bispo em Roma, fez questão de
obsequia-lo.
Ao voltar em sua Sardenha, a 21 de junho em casa duma
prima, por um forte ataque de coração teve que ser levado com
urgência ao hospital. Lá suplicou aos médicos que o deixassem voltar
curado à sua Prelazia, mas Deus preferiu chama-lo ao prêmio eterno.
Dom Arcângelo acorreu de avião no dia seguinte e no dia 23,
em S. Antônio, paróquia natal do padre, presidiu ao solene funeral, a
que, além da população em peso, tomou parte uma turma de 50
sacerdotes.
Seus familiares, especialmente a irmã Gisa, continuam
escrevendo e ajudando a Prelazia. A 12.06.1971 Dom Arcângelo levou
como consolo ao velho pai o crucifixo do filho missionário.

104
Pe. ISEO SANDRI

Morre em Genova, sua terra natal, a 02 de maio de 1973.


Nascido em Genova (Itália) a 14.06.1917, de Roberto Sandri e
Serafina Biraghi, estudou no seminário local e foi ordenado sacerdote
a 07 de junho de 1941. trabalhou treze anos como padre secular em
sua arquidiocese. Com licença do seu Cardeal Arcebispo entrou no
PIME, que o destinou missionário no Amazonas. Deixou a Itália a
28.10.1954.
Trabalhou quase sempre na paróquia de Maués, onde chegou
com o Pe. Danilo Capplletto um ano antes da criação da Prelazia.
Fora de Maués passou algum tempo em Nhamundá, de que
foi o primeiro Vigário nomeado a 15 de 08 de 1958, mas donde saiu
dois dias depois, porque houve necessidade dele como vigário em
Barreirinha, para qual foi nomeado a 28.08.1958 e, onde trabalhou
vários meses com zelo e prudência.
Em Maués dedicou-se mais aos caboclos do interior e aos
índios, que amava de todo coração. Chegou a viver três anos entre
eles, no Marau, junto com o Irmão Francisco Galliani. Obrigado pela
doença, transferiu sua base de atividade em Maués.
Ficou sempre encarregado oficial dos índios, aos quais dava
tudo de si.
Para hospedá-los em Maués, em suas viagens, comprou para
ele um terreno na cidade e construiu um barracão apropriado.
Em abril de 1973 foi de férias para a Itália e duas semanas
depois, a 02 de maio, por um ataque de coração, passou à felicidade
do céu.
Antes de deixar Maués tinha distribuído todos os seus efeitos
pessoais a seus índios.

105
Não conseguiu aprender a língua deles; mas o amor que seu
coração lhes devotou foi uma linguagem altamente clara e cativante.

Pe. SANTE CORTESE

Morreu em Vicenza, por hemorragia cerebral, em 03.06.1974.


Nasceu a 01.05.1923 em Longa de Schiavon (Vicenza, Itália) de
José Cortese e Teresa Dalle Nogare. Cursou todos os estudos no PIME
e foi ordenado Padre a 26.06.1949. Veio para o Brasil em 11.02.1950
onde foi zeloso coadjutor em Maués.
Em 1955 passou alguns meses em Manaus, mas com a
instalação da Prelazia, voltou para Maués, desta vez como vigário.
Chorou porque queria ser simples coadjutor, mas sua proverbial
obediência prevaleceu; de fato sua atuação foi altamente benemérita e
eficaz. Achava-se mais a vontade com o povo; e no interior sorria e
cantava feliz mesmo nos mais duros trabalhos.
A 08 de março de 1960 passou como vigário em Barreirinha.
No entanto ao visitar Maués alguns meses depois, foi festejado com
viva foguetaria.
Em Barreirinha, onde foi sempre benquisto, soube animar
aquele povo pobre, a ponto de leva-lo a construir uma nova e linda
igreja paroquial.
A 21 de janeiro de 1965 foi de férias para a Itália; e lá acabou
ficando, por ter piorado de sua “hérnia ao disco” que há tempo o
fazia sofrer.
Ficou em Sotto il Monte, encarregado de receber os peregrinos
que iam visitar a casa paterna de João XXIII. Ao mesmo tempo
colaborava com o Seminário Missionário organizado lá por vontade e
ajuda do próprio João XXIII.

106
Faleceu de hemorragia cerebral, enquanto levava conforto ao
velho pai gravemente enfermo.
Padre humilde, mas sensato e zeloso, gozou sempre do afeto e
da estima de seus confrades; por isso foi consultor diocesano na
Prelazia e membro do Capítulo Geral do PIME.

Pe. VITÓRIO GIURIN

Morreu na Itália no dia 10 de novembro de 1979.


Nasceu a 02.01.1939 em Maniago (Pordenone, Itália), filho de
Secondino Giurin e Olga Bogan.
Aluno desde o ginásio do PIME, foi ordenado sacerdote em
14.03.1964. Foi animador vocacional em favor do Seminário
Missionário de Treviso, até ser destinado à nossa Prelazia, chegando
no Brasil a 28.01.1971.
Depois de estudar a língua no Sul, alcançava Parintins, a....
09.05.1971, e imediatamente passava a derramar os tesouros de sua
bondade na paróquia de Barreirinha.
Com a viagem de Pe. Gino Malvestio à Itália em 19.11.1972, o
Pe. Vitório recebeu a direção de nosso Seminário; e no ano seguinte,
assumiu como vigário, a paróquia de S. José Operário. Inteligência
viva e grande emoção, escondida suas qualidades sob um aspecto
ingênuo bonachão. Onde havia um velho ou duente ou necessitado,
lá chegava ele com atitudes concretas e generosas. Seu dom de dirigir
cursos e reuniões, esquematizava nitidamente ideias e atividades,
servindo-se de sua facilidade em desenho.
Grande amigo de seu bispo, foi de obediência exemplar.
Sofria de distensão na espinha, por isso consentiu a retomar
na Itália sua antiga tarefa de animador vocacional. Mergulhado em

107
seu trabalho apostólico, somente a um mês da morte entregou-se aos
médicos, que lhe descobriram o pâncreas já desfeito pelo câncer.
Prostrado em leito de dor, deu exemplo fúlgido de aceitação
jovial do sofrimento e daquele santo otimismo que o distinguiu em
sua vida.
O bispo aguarda com delicada religiosidade suas últimas
cartas da Itália, perpassadas de amizade profunda para ele e a
Prelazia.
A mãe do Padre faz questão de enviar a Parintins a
medalhinha de ouro que o filho costumava carregar no pescoço.

Pe. Jorge Frezzini

Pe. Sante Cortese em viagem de missão na Prelazia

108
Pe. Vitório Giurin falando com João Paulo II

109
IGREJAS EM PARINTINS

PRIMEIRA IGREJA DE PARINTINS

A primeira igreja de Parintins foi construída pelo frei José A.


das Chagas na atual Praça Cristo Redentor; e serviu o povo durante
quase um século, até o ano de 1895 e foi demolida em 1905.
Parece que na antiga Vila Tupinambarana, ao tempo dos
Jesuítas, prestava-se culto a S. Francisco Xavier, o atual Padroeiro de
Vila Amazônia.
Mas a igreja construída por frei José das Chagas foi dedicada a
N. Sra. do Carmo, Padroeira de sua ordem Carmelita.
O Cônego André Fernandes de Souza em “Notícia geográfica
da Capitania do Rio Negro”, escreve a respeito de Vila Nova: “A sua
Igreja, com a inovação de N. Sra. do Carmo, com bons ornamentos,
necessita de reparos e d’ella é missionário Frei José A. das Chagas”
(Bittencourt, pag. 16).
Na citada carta de 12 de março de 1806 ao Intendente Geral,
frei José fala da construção da Igreja:
“Mandei fazer hum casco pra uma igarité grande para
carregar madeira para a igreja... carregou-se a madeira, paguei muito
bem aos índios o trabalho do dito casco... e tudo ficou contente e
satisfeito...”
A cobertura foi de telhas, pedidas pelo frei José ao Governo da
Capitania da Barra. Cito a resposta do Governador da Capitania José
Joaquim Victório da Costa, de 06 de agosto de 1806, que de Barcelos
assim escreve ao Missionário de Vila Nova da Rainha:
“Louvo muito V. Rma. que pede nomeadamente ao Governo a
providência de seis milhares de telhas para cobrir a Igreja que ententa
nessa Missão; em conseqüência verá o Rmo. satisfeita a sua
110
requizição pela cópia aqui inclusa do Ofício nº 40 Comandancia da
Barra, donde alcançará que a telha está certa. Creio porém que
estando a obra da Igreja em seu princípio, levantados somente alguns
paus, como eu vi em fevereiro do ano passado em viagem por allí... se
não reconduzira telha para essa, se não estando mais adiantada, a fim
de não tirar a vez a muitas obras que se meditam agora na Barra...”
Logicamente essa igreja ao longo dos anos foi muitas vezes
reparadas.
Em Bittencourt, pag. 59, lemos:
“Do Relatório da Diretoria de Obras Públicas de setembro de
1857 consta que a igreja se conserva em bom estado, tendo sido em
1852 consignado um crédito de 500$000 na lei orçamentária para
1853, destinado à reedificação do corpo do edifício.
No Relatório de 25 de março de 1876 o Presidente da
Província dizia à Assembléia: “Villa Bella, que é um porto importante
pela freqüência de vapores, por população laboriosa, também não
possue uma matriz decente. A Igreja não serve; além de muito
acanhada, está quase em ruínas”.
“Para examinar esse templo e apresentar o orçamento das
despesas necessárias com os reparos que carecia”, foi enviado o
engenheiro Alexandre Haag que disse: “Que a referida igreja não era
suscetível de reparos, tal o estado de ruína em que se encontrava”.
O Presidente da Província, dando comunicação à Assembléia,
acrescentava:
“Devo entretanto dizer-vos que Villa Bella é o ponto da
Província que menos favores tem tido pelos orçamentos provinciais,
apesar de concorrer bastante para renda da Província. Chamo a vossa
esclarecida atenção sobre este assunto e peço que não deixeis de
atender as duas grandes necessidades daquella Villa”. (A segunda
necessidade era a rampa do porto).
111
Entretanto em 1879, apesar do parecer do engenheiro, o
Presidente da Província mandou fazer reparos na Igreja.
E também na Lei Orçamentária para 1883-84 foi consignada
uma verba, no valor de quinhentos mil réis, para reparos na velha
igreja, embora fosse já descontada uma verba para a nova igreja.
-152-
No entanto se construía a nova igreja em outro lugar, na atual
praça do Colégio N. Sra. do Carmo. Em 1888 estava pronta nas linhas
gerais e começara a ser oficiada em 1895, transferindo para a mesma
N. Sra. do Carmo.
A igreja velha então ficou dedicada a S. Benedito, mas
demorou muito a ser demolida.
É assim que o Pe. Alexandre Hubers relata o fim da velha
igreja no Tombo da Paróquia, pag. 16:
A 07 de janeiro de 1905 ele partiu para Maués (era vigário
também de lá).
“Voltei fim de março e achei capella de S. Benedicto
derrubada por ordem do Superintendente Cap. Sarmento que quinze
dias depois morreu em Manaus, castigo de S. Benedicto. “1º Livro do
Tombo, pag. 14”.
A demolição foi realizada em fevereiro, contra a vontade do
padre e do povo, que a 04 de janeiro do ano anterior, numa reunião
tinha decidido construir a capela deteriorada.
Mais tarde em 1943 o vigário da época, Pe. Vitor, anota no
Livro de Tombo, pag. 07: “Os autores da demolição no espaço d’um
ano morreram todos; um, o Superintendente adoeceu e ficou cego,
morrendo no porto de Manaus, onde quis tratar-se. Outro faleceu no
mesmo ano de lepra e um terceiro morreu afogado. Um dos
operários, fazendo pouco da capela, deu um pontapé dizendo que
assim se podiam derrubar as paredes. Ele é o único sobrevivente,
112
todo trêmulo, numa perna alejado e vive doente. (Era Raimundo o
Zoada, apelidado “Treme-Treme”). Ele mesmo contou o acontecido.
“O material foi vendido em hasta pública por uma bagatela,
mas os compradores não gozaram da compra. Um deles, criador de
galinhas, fez da pia batismal um bebedouro e perdeu toda a criação.
Considerando isto como castigo devolveu a pia. Qual o fim dos 16
castiças de prata não pude descobrir”.

NOVA CAPELA DE S. BENEDITO

O povo sempre reclamava uma nova capela para desagravar


S. Benedito.
A 26 de dezembro de 1943 o Pe. Vitor Heinz colocou a
primeira pedra, num terreno de 100m x 150m cedido pelo Prefeito
Pedro Ferreira de Souza, roçado e destocado no mês de agosto.
“No dia 17 de setembro de 1945 tive a satisfação de inaugurar
a nova Igreja de S. Benedito.
Vi a alegria do povo em ver novamente o Santo em sua
própria casa”. (Rombo do Pe. Vitor, pag. 12).
“A construção da nova igreja custou Cr$ 30.710,00”.
Em 1948 o mesmo Pe. Vitor construiu a torre e em 1951 a
sacristia. A torre foi aumentada em 1957, par aos sinos não ecoarem
dentro da igreja.
Em 1962 o Pe. Demétrio Sanna reformou o altar e janelas e
construiu na praça um muro de 6.000 tijolos, que em poucos anos
sumiu por completo, sendo carregado pelo povo até o último tijolo.
Também o Pe. Augusto Gianola deu atenção à Igreja reformado mais
uma vez o altar. O Pe. Vitório Giurin em 1974 refez o telhado e pintou
as paredes, e ultimamente em 1979 o Pe. Antônio Accurso realizou
mais uma pintura geral.
113
IGREJA DE S. CORAÇÃO (ATÉ 1962 MATRIZ DE N. SRA.
DO CARMO)

Para um breve resumo histórico da atual igreja do S. Coração


nos servimos do citado livro “Memórias do Município de Parintins”,
de Antônio Clemente R. Bittencourt, e do Tombo da Paróquia.
Já lembramos que a primeira igreja na Praça do Cristo
Redentor tinha sido declarada irrecuperável pelo Eng. Alexandre
Haag.
Consequentemente na Assembléia Legislativa, a 20 de maio
de 1881 foi votada a Lei nº 529 “autorizando a edificação de uma
Igreja em Parintins”, “tendo sido votado a esse fim o crédito de trinta
e cinco contos de réis”. (Bet., pag. 60).
Na Lei Orçamentária para 1883-1884 aparece outro crédito de
vinte e um contos de réis “para a conclusão das referidas obras”.
Quanto ao projeto da construção.
“A 22 de agosto de 1882 o Tesouro Provincial recebeu cinco
propostas para construir a Igreja segundo o projeto do eng. Lauro
Baptista Bittencourt e foi aceita a proposta de José Felix Videira
Braga, com o qual foi assinado o contrato a 19 de outubro do mesmo
ano.
Foi marcado o lugar pelo engenheiro projetista e as obras
iniciaram a 02 de janeiro de 1883.
Pelo contrato a Igreja devia ficar pronta a 19 de março de 1884,
mas as diversas prorrogações de prazos fizeram com que o edifício
estivesse pronto apenas a 1º de agosto de 1888, quando “o Diretor de
Obras Públicas oficiou ao Presidente da Comissão fiscalizadora da
construção composta de cidadãos de Parintins e presidida pelo
coronel José Augusto da Silva, para entregar as chaves do edifício ao
vigario da paróquia Padre João Maria Freydfont”. (Bit., pag. 61).
114
“O edifício estava concluído no quadro das paredes e
cobertura, faltando tudo quanto era indispensável ao culto: não tinha
coro, altares, pia batismal e sinos. Por isso não pode ser logo
inaugurado. O vigário, dedicado, recorreu à população católica e
mandou fazer o coro e os altares.
E enquanto funcionava na antiga igreja, procurava equipar a
nova do necessário.
O Sr. Antônio Rodrigues Vieira Junior ofereceu o siño
“Lindina” do nome de sua primogênita; e o Sr. José Pereira Barbosa
mandou vir de Portugal outro sino a que deu o nome de sua neta
“Izaura”.
O Pe. Victor no livro do Tombo, pag. 13, assegura de não ter
encontrado esses sinos, mas sim os da Igreja velha, que foram levados
para a nova, depois de sua demolição.
Foi encontrada sim a pia batismal, de mármore, em forma de
taça, oferecida pelo capitão Antônio Simplicio Valente de Menezes.
Em 1935 o Pe. Paulo Raucci tentou remodelar a torre e gostava
de ir apreciar do meio do Rio a torre subir. Mas infelizmente um dia a
torre desabou e arruinou parte das paredes e do coro.
A nova torre foi construída pelo Pe. Victor, bem, prático de
construções, e foi inaugurada em 1941.
Em 1942 o Pe. Victor construiu a nova capela mor e duas
capelas laterais.
Em 1944 restaurou as paredes, fazendo o novo telhado e o
novo forro, dando pintura por dentro e por fora; e em 1945, depois de
cinco anos de trabalhos deu “a obra por terminada”.
Praticamente fez uma Igreja nova.
Mestre Raimundo Bentes foi um que muito trabalhou como
carpinteiro co Pe. Victor. Ele trabalhava também por devoção, mas o

115
Pe. fazia questão de “pagá-lo bem”, como o mestre aos 84 anos de
idade em 1980 lembrava comovido.
Igreja adquiriu também novas imagens. A de Cristo morto foi
ofertada por João Mello, a de Cristo Crucificado por Renato Baptista,
enquanto Luiz Souza deu os quadros da Via Sacra.
Em 1948 Agenor Dinelli ofertou a imagem de N. Sra. do
Perpetuo Socorro, Maria de Nazaré Teixeira deu a imagem de S. João
Batista e o povo de N. Sra. das Graças (Tombo, pag. 21).
Em 1951 a torre ganhou sinos novos:
1º, de 210 kg, oferecido por Renato Batista com o nome de
“Deum Laudo” louvo ao Senhor.
2º oferecido pelos paroquianos com nome “Vivos voco”,
chamo os vivos.
3º ofertado por Homero Fonseca com o nome de “Mortuos
plango”, choro os mortos.
No mesmo ano toda a igreja foi pintada de novo e a torre foi
melhorada com dois pisos de massa e cimento.
Em 1952, nos meses de setembro e outubro, durante a Missão
dos padres redentoristas, foi levantado o Cruzeiro e foi colocado na
torre o relógio, que pela metade foi pago pelo Sr. Francisco Braga “O
Malagueta”, esposo de Dona Clarina Bulcão.
Instituída e instalada a Prelazia, a igreja a 13 de novembro de
1955 passou a ser Igreja Catedral.
Naturalmente seu decoro recebeu grandes cuidados por parte
dos padres.
O Pe. Jorge Frezzini em 1956 mandou fazer o forro novo e
pintura na Capela à direita, no templo dedicada ao S. Coração, com a
colaboração de Olimpio Guarany e sua esposa Dona Nena.

116
Foi feito um novo altar mor, dois altares laterais, dois nichos
em marmotite; calçadas em redor da igreja e pintura interna e
externa.
Em 1958 teve que ser escorado o templeto da torre dos sinos
com viga e lage de concreto armado, pois os pisos de massa e cimento
feitos em 1951 estavam cedendo.
A 31 de maio de 1962 a Imagem de N. Sra. do Carmo passou
para a Capela provisória da Catedral, para onde foi transferida a
Catedral e a paróquia N. Sra. do Carmo.
Entretanto no mesmo dia foi criada a nova paróquia do S.
Coração e como sede foi escolhida a antiga Igreja de N. Sra. do
Carmo.
Nos anos de 1965-1966 o vigário Pe. Januário Cardarelli,
seguindo um projeto de Pe. Silvio Miotto construiu meia igreja
completamente nova, desde os alicerces: isto é, altar mor, capelas
laterais e sacristias.
Em 1966 o Pe. Antônio Caliciotti terminou os serviços,
mandando fazer reboco e pavimentação, e colocando nincho
apropriado o Titular da Paróquia, o S. Coração.
É claro que de tempo em tempo vem sendo renovada a
pintura. A última foi realizada, a custa dos Srs. Jorge Kawakami e
Luiz Lobato Teixeira em outubro de 1979, quando foi reformado o
nincho do S. Coração de Jesus e o Irmão Miguel De Pascale pintou
anjos na parede da abside.

117
CATEDRAL DE NOSSA SENHORA DO CARMO

1958 – A 06 de abril, no salão provisório do Colégio N. Sra. do


Carmo, Mons. Arcângelo perante muitos convidados, fala da
necessidade de lançar a Campanha da construção da Catedral.
Aproveitando o entusiasmo geral, escolhe imediatamente a Comissão
encarregada: Presidente Pe. Jorge Frezzini; Vice-Presidente Luiz
Lourenço de Souza; Secretário Abrahão Fadul; Membros João do
Lago, Olímpio Guarany, José Menezes Ribeiro e Agenor Dinelly.
- 04 de maio, no encerramento das Santas Missões dos
redentoristas, ao fim da procissão, na praça da Matriz, o Prelado
lança publicamente a Campanha, apresentando a Comissão ao povo,
que imediatamente coloca nas bandeiras marianas uma generosa
contribuição.
- 24 de julho, decide-se construir a Catedral na praça do
Cemitério, centro da cidade, eliminando assim, por providencias
dificuldades, a idéia de construir no lugar da velha Matriz.
1959 – Em janeiro a comissão compra uns tijolos e estoca-os na
área escolhida. Os Marianos oferecem quase 300 m3 de pedra jacaré,
trazendo-a do Uaicurapá e levando-a no lugar da construção, tudo de
graça.
- A 04 de fevereiro, o Prefeito Lourival de Albuquerque
sanciona a Lei 2/58 que coloca a praça do Cemitério à disposição da
Prelazia para a Catedral.
Durante o ano, com paciência, tato e dinheiro, adquiri-se toda
a areia da futura igreja com praça e obras paroquiais ao lado,
servindo de intermediário José Rodrigues dos Santos “o Celeiro”.
Todos os ocupantes de casas e terrenos receberam trocas vantajosas.

118
Em alguns casos valeu muito o apoio moral do Prefeito José Esteves,
que até doou uma sua casa em favor d’um ocupante.
1960 – No encerramento do mês de maio, o Pe. Jorge inventa a
cerimônia do “primeiro golpe de picareta” dado pelo Prefeito no
lugar da Catedral, para alimentar o entusiasmo do povo.
No dia 16 de julho, coloca-se a Pedra Fundamental da
Catedral, ao término da Procissão de N. Sra. do Carmo. Na hora a
Comissão recebe boas ofertas dos que assinam o pergaminho
lembrança.
- 26 de setembro – O Governador Gilberto Mestrinho visita as
obras em andamento e deixa seu óbulo.
- 1961 – 20 de agosto – Pe. Jorge traz o projeto completo de São
Paulo, de autoria do engenheiro italiano Giovanni Butori, que o
prepara gratuitamente por amizade aos nossos padres e em
homenagem a Maria Santíssima.
Passando por Recife, Pe. Jorge compra uma boa quantidade
de cimento.
- 05 de novembro – Inicia a construção da Capela, Catedral
provisória. Um que morava há dois anos de graça no lugar, só saiu
quando viu cavar os alicerces no meio da barraca.
01.05.62 – Benção da Capela, Catedral provisória, e nomeação do Pe.
Pedro Vignola vigário da Paróquia da Catedral. A velha
matriz fica sede da nova paróquia intitulada ao S. Coração
de Jesus e como seu vigário é nomeado o Pe. Januário
Cardarelli.
- Os festejos de julho realizam-se na praça da velha matriz;
mas a procissão final conclui-se na praça da nova
Catedral.
1963 – Em fevereiro sobem as paredes da abside e das alas laterais.

119
Em abril, pela Semana Santa, as santas cerimônias dividem-se
entre as duas igrejas. A Procissão do Encontro entretanto
concentra-se na praça da nova Catedral.
Em julho, organiza-se o arraial dentro do terreno da paróquia,
à direita da capela provisória; por sinal desenvolve-se muito
ordeiro e poético no meio do arvoredo.
1964 – Durante os festejos de julho, operários voluntários em grande
número lançam a aguada no piso da Catedral, trabalhando de
noite nas horas do arraial. Tanto que no dia 15 a Novena
celebra-se dentro da Catedral.
1965 – As cerimônias na Catedral em construção, na Semana Santa,
enfrentam vento, que apaga o Círio no Sábado, e chuva, que
obriga a encurtar o Pontifical na tarde da Páscoa.
Todo o novenário dos festejos de julho celebra-se na Catedral
em construção e no dia 17 o Bispo lê na igreja os 120 nomes
dos que ofereceram vales.
– Por sugestão do Sr. José, da Casa Preferida realiza-se em favor da
Catedral o Primeiro Festival Folclórico de Parintins, na quadra
paroquial inaugurada no ano anterior a 06 de junho.
1967 – No retiro do Carnaval o bispo lança a campanha do
madeirame para o telhado. Os marianos do interior oferecem
mais de 15.000 palmos de itaúba de primeira. Com a resolução
posterior de fazer a cobertura com armação de ferro, a venda
da madeira cobre quase toda a despesa do ferro.
1968 – A 15 de fevereiro assina-se com Cibresme o contrato da
armação de ferro do telhado e no dia 21 de maio vem o
engenheiro José Maria para estudar melhor in loco o projeto,
especialmente da abside.
1969 – A 13 de março começa a ser montada a estrutura metálica do
telhado e fica pronta o seguinte 03 de abril.
120
No dia 24 de maio uma boa salva de foguetes festeja o
completamento da cobertura com telhas de amiato e cimento
vindas da Colômbia.
A 10 de outubro os marceneiros da cidade tomam o
compromisso de oferecer as 13 portas da igreja e das
sacristias.
1970 – A 20 de junho é sentada a última porta, a central de entrada.
1971 – Neste ano e em 1972 rebocam-se as paredes internas. A capela
do Santíssimo recebe um bonito altar de mármore de Carrara.
Fora preparado para uma Catedral da Birmânia, mas à causa
da guerra e das mudanças políticas naquele país, ficou
armazenado na Itália. Nosso Bispo conseguiu que o Pe.
Pascoal Ziello, seu conterrâneo, grande devoto da Virgem, o
desse de presente a N. Sra. do Carmo.
1972 – A 06 de julho chega da Itália o ferro de cantoneira e começam
logo a ser montadas as janelas na oficina do Seminário.
1973 – A 05 de abril chega da Itália também o acrílico, para as janelas.
Durante o resto de 1973 e no ano todo de 1974 continuam os
serviços das janelas e do reboco das paredes.
1975 – A 03 de maio termina o nivelamento do piso com uma camada
de massa.
No entanto o preito Dr. Benedito Azedo melhora a praça com
calçadas e pavimentação da parte central.
1976 – A 23 de agosto inicia a pavimentação do piso com tijolinhos da
Olaria Pe. Colombo, seguindo o conselho do Dr. Severiano
Porto, conhecedor da Olaria e da Catedral.
1977 – O irmão Miguel De Pascale de 06 de janeiro até 22 de julho (dia
que vai de férias na Itália) ilustra a Catedral com
impressionantes pinturas. Na Capela da Eucaristia desenha a
Ceia no centro aos lados a Multiplicação dos Pães e os
121
Discípulos de Emaús. Na Capela de Penitência pinta a
Crucificação de Jesus, no meio e aos lados o Bom Pastor e o
Filho Pródigo.
A 25 de janeiro está pronta a pavimentação do transeto.
A 11 de julho inicia a construção do trono de Nossa Senhora.
1978 – Para a festa de julho pinta-se o trono da Virgem e pavimenta-
se o piso da nave principal e do átrio.
1979 – O Irmão Miguel pinta na abside, à direita, cenas do Novo
Testamento (Anunciação, Natal, Cana da Galiléia) e à
esquerda episódio do Antigo Testamento (Elias no Monte
Carmelo, A Promessa no Paraíso Terrestre, Ester).
Coloca-se novo aparelho de som e procede-se às escavações
da torre.
A fachada da Catedral é revestida de ladrilhos de barro,
produto de nossa Olaria.
1980 – A 24 de março terminam os trabalhos de fundição dos alicerces
da torre, cujo estudo técnico foi preparado pela SUPLAN, por
ordem do engenheiro Dr. Simão Assayag, que dá toda a
assistência técnica à construção da torre.
Sendo modesta demais a renda da festa de julho de 1980, o
Bispo em companhia de Sebastião Araújo e outros voluntários
consegue um Livro de Ouro um bom auxilio para a torre, que
vai subindo lentamente.

IGREJA SÃO JOSÉ OPERÁRIO

O nascimento do bairro Cohabam e do aglomerado de


Tabatinga mais tarde, fez nascer a idéia de criar uma paróquia para o
melhor atendimento daquele povo.

122
O terreno, tinha sido já adquirido anteriormente do Sr.
Juvenal Ribeiro, acrescentando uma faixa doada pelo Deputado
Federal José Esteves.
A paróquia foi instalada a 1º de maio de 1970, tendo como
sede um barracão de palha, levantado pelo Pe. Augusto Gianola, que
foi constituído o primeiro vigário.
Naquela mesma semana ficou pronta uma parte da Escola São
José que começou logo a receber alunos do curso primário. Mais
tarde, para o ano escolar de 1972 todo o prédio estava pronto.
A pedra fundamental da igreja foi lançada a 1º de maio de
1971. O projeto foi obra do Pe. Fulvio Juliano, sacerdote italiano,
missionário em Macapá. A construção pelo empenho do Pe. Augusto
e do povo, e pela cooperação da Prelazia que ofereceu 8.000 tijolos.
Foi realizada em pouco tempo, sendo inaugurada a 1º de maio de
1972.
Notável um Crucifixo pintado na parede atrás do altar pelo
Pe. Henrique Uggé.
A 19 de abril de 1973 foi nomeado vigário da paróquia o Pe.
Vittorio Giurin, o pai dos pobres e doentes. A 1º de maio de 1976
assumiu como vigário o Sóssio Pezzella, que em 1977 construiu a casa
paroquial em alvenaria, em 1980 o Jardim da Infância.

CAPELA DE N. SRA. DE LOURDES DO PALMARES

Com o desenvolvimento da cidade, começaram a surgir casas


do outro lado da “Francesa”, formando o atual rua Paraíba.
Querendo pois garantir assistência espiritual àqueles
moradores, a Paróquia do S. Coração adquiriu um terreno ao lado do
reservatório d’água, no ano de 1970, e construiu um barracão com
piso de cimento e paredes de madeira.
123
No mesmo rezava-se Missa de vez em quando e davam-se
aulas do Mobral, de corte e costura etc.
Crescendo o bairro, em 1973, o Pe. Domingos Cannone
vendeu aquele barracão pêra levantar uma verdadeira capela num
lugar mais central.
Conseguido o terreno, por consentimento do dono Sr. Elias
Assayag e também do Prefeito Dr. Benedito Azedo, iniciou a
construção no fim do ano e em abril de 1974 já estavam em pé as
paredes.
O novo vigário, Pe. João Risatti, completou a obra com
telhado, piso e reboco.
No fim de 1976, graças a uma oferta da senhora italiana Dona
Petronila Barabino, começou a ser levantado o Centro Social anexo à
capela. Ficou pronto em junho de 1977, e começou imediatamente a
ser usado pelo Mobral e por várias atividades educacionais e sociais.
Durante algum tempo tomou conta da capela Pe. José Zanelli.
No fim de janeiro de 1977, iniciou seu intenso apostolado no
Palmares o Pe. Alfredo Ferronato.
Em 1978 foi introduzida na fachada a Imagem da Padroeira,
vinda de S. Paulo e a 08 de dezembro começou a ser celebrada a festa
da titular da Capela mais com movimento espiritual do que com
arraial.
Em 1979, enquanto a Capela adquiria melhor aspecto externo
e enricava-se de bonitos quadros pintados pelo Irmão Miguel, no
Centro Social começou a funcionar o Jardim da Infância com dois
grupos de crianças, que no presente ano de 1980 passaram a quatro.

124
CAPELA DE SANTA CLARA

Com o aparecimento do homônimo bairro, nasceu a idéia de


dota-lo d’um pequeno Centro Social ou Capela.
O terreno foi comprado pelo Pe. João Risatti, com o resultado
da Campanha da Fraternidade em 1975.
No mesmo tempo foi construído, com paredes de tábuas, piso
de cimento e telhado de alumínio, um pequeno Centro Social, que
começou logo a ser usado pelo Mobral e outras atividades sociais.
Em 1977 o Pe. Alfredo levantou a Capela de Alvenaria, em
que já no Natal daquele ano começou a ser celebrada a S. Missa.
Durante mais de um ano foi seu capelão Pe. Leão.
Em 11 de agosto é celebrada a festa em honra de Sta. Clara,
Padroeira do Bairro e da Capela, que atualmente é oficiada pelo Pe.
José Zanelli, que está cuidando de seu aumento e embelezamento.

Igreja de S. Benedito – Parintins

125
Igreja do Sagrado Coração de Jesus em Parintins
já Matriz de N. Sra. do Carmo

Praça da Catedral antes da construção da igreja. Em primeiro plano


a atual sede da Emater, naquele tempo cadeia pública.

126
Parintins, 16.07.1960 – Bênção da pedra fundamental da Catedral
de N. Sra. do Carmo

127
Catedral de N. Sra. do Carmo – Parintins
Parintins – 12.10.1980

128
N. Sra. do Carmo: Imagem no altar Mor da Catedral de Parintins

129
Parintins, Igreja paroquial de S. José Operário

Capela de N. Sra. de Lourdes no Bairro do Palmares – Parintins


130
Capela de Santa Clara em Parintins

131
132
OBRAS DA PRELAZIA EM PARINTINS

Colégio N. Senhora do Carmo

A 16 de julho de 1945 o bispo de Manaus Dom João da Mata e


Amaral lança a primeira idéia e escolhe o lugar, oferecido pelo
Prefeito Pedro Ferreira. No dia da Ascensão de 1946 é lançada a
pedra fundamental pelo Pe. Victor, que para poder dispor do
material necessário à construção funda uma olaria própria.
Em 1948 o vigário ficou desgostoso com o bispo, porque não
estivera em condições de ajudar como o padre queria.
No entanto com a ajuda do povo a construção ia subindo,
tanto que em 1951 foram levantados frontespício e arcadas.
Em novembro de 1955 os padres da Prelazia encontraram o
colégio coberto, com reboco no frontespício e lages do corredor e da
ala direita. Imediatamente atacaram os serviços de acabamento. Para
o aterro do andar térreo tiveram que comprar um pequeno trator que
carregasse o entulho.
A 12 de março de 1956 as salas do térreo receberam 100 alunos
do curso primário, sob a direção de Dona Anita Freitas.
A 26 de fevereiro de 1957 foi instalada oficialmente o Ginásio,
sob a direção das abnegadas Filhas da Caridade Irmãs Nazaré
Bezerra e Genoveva Álvares; representou o Ministério da Educação o
Professor Paulo Fueth Mourão.
Em 1958 toda a parte superior estava terminada com lage,
reboco e forro.
Em 1959 foi completamente rebocado por fora.
Parintins com o Colégio ganhou uma escola de primeira para
seus filhos, que só dispunham de curso primário e d’uma escola de

133
comércio anêmica e moribunda; para cursos superiores era preciso ir
a Manaus, o que era permitido apenas a alguns ricos pecuaristas.
-183-
No fim de janeiro de 1961 foi autorizado o Curso Pedagógico.
Por um convênio de 10 de novembro de 1975 a partir de 1976 o 2º
grau foi assumido pelo Governo Estadual.
No presente ano de 1980 o estado assumiu também o Curso
Ginasial; e a matrícula geral do Colégio é a seguinte: 576 alunos nas
primeiras quartas séries; 301 no ginásio; e 626 no 2º Grau, sendo 316
de Básico, 237 do Magistério e 154 do Técnico.
Além das pioneiras, todas as irmãs que trabalharam e
trabalham no Colégio merecem nossa gratidão, especialmente a Irmã
Maria Amélia de Amorim Sá, Diretora de 1964 a 1972 e a Irmã Lídia
Vicentin que o vem dirigindo desde fevereiro de 1975.

OLARIA PADRE COLOMBO

Em 1957, para construir a sede da Prelazia, o Prelado teve que


ir comprar tijolos em Óbidos, no Pará; havia pois necessidade duma
boa olaria em Parintins. A 05 de maio de 1960 comprou-se de José
Henrique de Souza Filho a olaria do Macurany, cujos tijolos, embora
imperfeitos, permitiram construir vários prédios da Prelazia e
inúmeros edifícios da cidade.
Mas precisava uma olaria mais eficiente. Por isso a ajuda de
DM 75.000 de MISEREOR da Alemanha foi adquirido um moderno
conjunto de máquinas da Morando de Jundiaí, em 1966. Foram
montadas em 1967 por um técnico vindo de Campinas.

134
Assim a olaria Padre Colombo tornou-se uma opinião do
Coronel Engenheiro Walter de Andrade, Governador do Estado, a
melhor olaria do Amazonas.
Aproveitando o ótimo limo do Macurany, fabrica produtos
cerâmicos de ótima qualidade: tijolos, combogós, ladrilhos para piso e
revestimento, lajotas, manilhas, telhas etc...
Administrada sem visar lucro, mas apenas para
autosustentação, é uma verdadeira obra social, ganha-pão para um
exército de operários no ramo das construções.
-184-

CENTRO DE TREINAMENTO DO MACURANY

Desde 1961, para encontros e retiros começamos a usar os


barracões da olaria. Naturalmente era como se estivéssemos em
acampamento de guerra.
Em 1968 já se podia usar a moderna casa de dois andares
perto do poço, benta por Dom João de Souza Lima, arcebispo de
Manaus, a 14 de maio.
Em 1969 foi construído o salão dormitório, usado pela
primeira vez no retiro dos marianos de fevereiro de 1970.
Nos anos de 1971 e inicio de 1972, foram construídas capelas e
cozinha, tanto que o 3º Cursilho funcionou comodamente em nosso
Centro e não mais na Vila Amazonas.
O tufão de 31 de agosto de 1973, durante o Seminário
Operacional da Unesco, obrigou-nos a levantar um novo telhado, em
marselhas, pronto a 04 de outubro.
A 24 de julho de 1974 entrou em funcionamento o poço semi-
artesiano de 30 metros de fundura e capaz de dar centenas de litros
de água puríssima em dois minutos.
135
Em 1977 foram construídos 16 apartamentos e uma sala sobre
o salão dormitório; e em 1978 foi elevado o andar sobre a cozinha.
É um lugar ideal para retiros, cursos e encontros, justamente
admirado e exaltado até em cânticos.

OBRAS ANEXAS À CATEDRAL

1962 – Em novembro inicia a construção da casa paroquial.


1963 – Em janeiro o Pe. Pedro, vigário, passa a morar na casa que
mais tarde será demolida para edificar o Grupo Escolar Pe.
Jorge Frezzini.
- Em março cobre-se a escola à esquerda da capela.
- A 08 de junho iniciam as aulas para os alunos de Curso
primário na escola ao lado da capela.
1965 – A 15 de março os padres Pedro Vignola, Augusto Gianola,
Antônio Caliciotti e o Irmão Bruno Mascarin passam a morar
na nova residência paroquial.
- A 06 de junho inaugura-se a Quadra da Catedral e durante as
Festas Juninas por sugestão do Sr. José dono da Casa
Preferida, celebra-se em favor da Catedral o PRIMEIRO
FESTIVAL FOLCLÓRICO de Parintins.
-185-
1967 – A 10 de janeiro inicia a construção do Cine-Teatro da Paz, sob
a orientação do próprio autor do projeto Fulvio Giuliano.
- No dia 14 de janeiro a ´Prelazia adquire a esquina Rua
amazonas-Rua João Melo; para construir uma Casa Cultura.
- Constrói-se a Federação Mariana e ao lado salas para a
juventude. As obras de acabamento terminam no início do
seguinte ano.
1968 – A 28 de janeiro foi inaugurado o prédio da Federação Mariana.
136
- O deputado Estadual Rafael Faraco consegue a criação do
Ginásio Estadual, que a 15 de março inicia suas aulas de noite
na Escola da Catedral.
- A 20 de junho inicia a construção do Grupo Escolar Pe. Jorge
Frezzini.
1970 – A 22 de janeiro as Irmãs Filhas da Caridade abrem uma
segunda residência na casa construída pela Prelazia atrás da
Catedral, ao lado do Grupo Pe. Jorge Frezzini. Ficarão nela até
janeiro de 1977. Em 1979 será cedida ao PIME como Casa
Regional.
- Termina a construção, iniciada no ano passado, da Casa de
Cultura com Biblioteca, em frente a Catedral, esquina João
Melo com Av. Amazonas.
- No andar superior passa a funcionar a Biblioteca municipal,
que mais tarde a Prefeitura transportará para outra sede em
seu lugar a Câmara dos Vereadores. No térreo uma sala torna-
se centro do MEB (Movimento de Educação de Base), que
ajuda extraordinariamente as comunidades do interior.
Outra sala é cedida em uso à Liga Desportiva de Parintins,
para colaborar com o esporte da região.
Uma terceira sala é oferecida ao Sindicato dos Trabalhadores
Rurais, fundado por incentivo da Prelazia, tão benemérita
também a respeito dos outros sindicatos; pois foi ele que
proporcionou a primeira sede provisória dos Estivadores
numa sala do Colégio N. Sra. do Carmo; e foi ela que ajudou
substancialmente o Sindicato dos Trabalhadores nas
Indústrias de Construção e Mobiliário, a construir sua nova
sede na rua Getúlio Vargas.
-186-
1971 – Fica concluído o Cine-Teatro da Paz.
137
1976 – Iniciam as aulas do Grupo Escolar Padre Jorge Frezzini no
novo prédio, canto Rua Cordovil com Getúlio Vargas.
1979 – Começa a funcionar o Jardim de Infância nas salas anexas ao
Centro de Pastoral.

RÁDIO ALVORADA

A 04 de dezembro de 1963 o Concílio Vaticano II emanava o


Decreto sobre as Comunicações Sociais, lembrando o dever de
aproveitar da técnica moderna para uma maior difusão da mensagem
evangélica.
Logicamente o Prelado, que há tempo vinha se interessando
para a instalação duma rádio, animou-se ainda mais a levar a efeito
do projeto.
Além do mais precisava tirar nosso povo do interior do
isolamento em que jazia abandonado.
Pelo interessamento de Pe. Francisco Luppino fora da Prelazia
e do Pe. Magni aqui, fomos construindo a sede e cuidando das
instalações projetadas pelo nosso amigo Dr. Carlos Shermann.
A 05 de maio de 1965, em telegrama do nosso Deputado José
Esteves, foi-nos comunicada a aprovação do projeto pelo Presidente
da República.
A 11 do mês seguinte Pe. Luppino assinava como procurador
o contrato com o Comtel.
A 11 de novembro pelo avião da FAB chegava do Sul o
transmissor e outro material.
Em fevereiro com a ajuda voluntária dos rapazes da JAC foi
estendida a linha telefônica da cidade à olaria, sob a orientação de

138
Orlando Hatta, que cuidou também da elevação da torre e da
colocação dos radiais.
A 07 de maio de 1967 o Diário Oficial publicava a aprovação
das instalações.
-187-
A 1º de outubro a Rádio Alvorada foi oficialmente inaugurada
pelo Núncio Apostólico Dom Sebastião Baggio.
Sendo nossos padres de nacionalidade estrangeira naquele
tempo, formou-se uma sociedade de 3 pessoas sob a presidência de
Rafael Faraco, que sempre confessou tratar-se de capital de Prelazia, e
que ele, prestara seu nome para beneficiar nosso povo, nunca
valendo-se da rádio por seu interesse particular, presidindo-a com
uma discrição admirável.
Depois de três anos de luta e de interessamento do Sen. José
Lindoso, a 27 de fevereiro de 1978 o Presidente Geisel aprovou a
concessão da Onda Tropical que foi inaugurada a 27 de fevereiro do
ano passado, graças ao trabalho altamente técnico e diuturno do Pe.
Emilio Buttelli.
Ultimamente na sua viagem a Itália para a visita ad limina
Dom Arcângelo conseguiu US$ 20.000,00 de Propaganda Fide e
10.000 de Adveniat para um novo transmissor de Ondas Médias de 5
Kw que está sendo construído.

SEMINÁRIO JOÃO XXIII

Na Bula que criou a Prelazia, Pio XII dizia: “Queremos que


nessa Prelazia seja construído um seminário, pelo menos menor, para
receber os rapazes que se sintam chamados por Deus a se prepararem
ao sacerdócio”.
139
Na expectativa de construir nosso seminário, a Prelazia
começou a servi-se do seminário de Manaus enviando-lhe em 1956 6
seminaristas. Deles, dois chegaram até a teologia e depois desistiram.
Mais tarde preferimos envia-los a Santarém; foi assim com
Dílson Brandão Pereira em 1967, que tantos, foi o único a alcançar o
sacerdócio.
No entanto procurávamos construir o nosso seminário; e a
primeira idéia de edifica-lo onde está veio ao Prelado ao receber em
doação um terreno encostado no estádio, oferecido gratuitamente por
uma senhora muito piedosa, Dona Clarina Bulcão, em Escritura
Pública de 04 de fevereiro de 1959.
-188-
Nos anos 1960 e 1961 aos poucos moradores da área vizinha
foi oferecido em troca terreno e casa logo ao lado.
Em 1962 limpou-se o terreno e foi cercado de muro, enquanto
se preparava o material indispensável. Houve a colaboração da
Papelamazon que ofereceu 270 m3 de pedra em bloco e 40 m3 de
pedra britada.
O projeto foi presente do amigo Dr. David Salomão Mufarrej,
de Belém, devidamente aprovado pela SPVEA.
A 29 de janeiro de 1963 foram iniciadas as escavações e ao
longo do ano foram realizadas sapatas, fundações todas, vigas e lages
do 1º pavimento; em 1964 vigas e lages do 2º pavimento e lage de
teto; em 1965 foi colocado o telhado.
Nos três anos seguintes foram executadas as obras de
acabamento, sempre do prédio principal, em 1968 foram também
completadas e equipadas as oficinas; em 1969 foi concluída a casa-
escritório. Esses trabalhos em grande parte foram orientados pelo Pe.
Silvio Miotto.

140
Houve colaboração da SPVEA, mas as contribuições
substanciais vieram de:

ADVENIAT setembro 1965 DM 40.000,00 = US$


10.150
MISEREOR março 1964 DM 140.000,00 = US$
35.000
dezembro 1965 DM 80.000,00 = US$
20.000
fevereiro 1968 DM 76.000,00 = US$
19.000

Total $
84.000

No dia 1º de outubro de 1967 o Núncio Dom Sebastião Baggio,


vindo para inaugurar a Rádio Alvorada, hospedou-se no seminário,
embora inacabado.
Entretanto a 15 de fevereiro de 1968 o seminário, já pronto,
recebia 05 candidatos de Maués, entre eles o hoje Pe. Dílson e o
próximo padre Francisco de Assis Dinelli.
Primeiro reitor foi Pe. Gino Malvestio, sucedido pelo saudoso
Pe. Vitório a 19.11.1972.
Em julho de 1973 assumiu a direção o Pe. José Zanelli. Ficou
até 30 de julho de 1976, quando foi convocado no seminário Maior do
Pime em Monza. Substituído pelo Pe. Silvio Miotto, este passou o
cargo ao Pe. João Risatti em julho de 1978.
-189-

141
Neste ano o seminário tem 18 alunos: 04 do Supletivo, 03 de
ginásio, 04 do básico e 06 do 2º Grau.
Estudam atualmente no Rio de Janeiro:
Francisco de Assis Dinelli no último ano da PUC;
Manuel do Carmo Campos no último ano de Filosofia em S.
Bento;
João Vitor Fontes Ramos; e
Josemir Nogueira Teixeira no primeiro ano de Filosofia sem.
Bento.

PARQUE DAS CASTANHOLEIRAS

A antiga residência do Pe. Paulo Raucci e depois do Pe. Victor


Heinz, foi por este vendida à Prelazia a 08.06.1966, graças a um
auxilio de DM 35.000 de ADVENIAT da Alemanha, concedido pelo
Mons. Hengsbach, bispo de Essen, amigo de Dom Arcângelo.
A 24.07.1968 o vigário do S. Coração, Pe. Antônio Caliciotti,
compra de Domingos Trindade mais uma nesga de poucos metros; e
no ano seguinte, com a cooperação da garotada, constrói a grande
quadra esportiva e organiza um bar, criando assim um ótimo lugar
de diversões para jovens e crianças.
Contemporaneamente a residência no fundo da quadra
hospeda a Clinica S. Agostinho do Dr. Romualdo Correa.
O Pe. Domingos Cannone, vigário desde 17 de março de 1972,
aumenta e melhora o salão do bar, dando-lhe nova cobertura.
A 19 de março de 1974 a paróquia, por meio dum convênio
amigável, aceita que a Prefeitura sob o comando do Dr. Benedito
azedo use o ambiente para a CCE (Comissão Central Esportes), pelo
prazo de três anos.
142
Esgotado o triênio a 26.05.1977, aos dirigentes da época,
diferentes dos primeiro, a paróquia comunica que “continuaria a
hospedar fraternamente as atividades da CCE somente nos próximos
meses do corrente ano”.
Chegado o novo ano, em lugar de entregar o ambiente à
paróquia, os dirigentes anunciam programas de esportes para o ano
inteiro até alguém deles fala de desapropriação. É quando a Paróquia
em data de 13 de janeiro de 1978 fixa o seguinte dia 31 para a
devolução definitiva, após contato com o Prefeito Raimundo Reis
Ferreira.
-190-

No dia marcado a CCE abandona o lugar, deixando-o


entretanto espoliado dos refletores elétricos e em tristes condições.
O Pe. Francisco Luppino nomeado vigário da Paróquia no dia
06 de maio, conserta os estragos do Parque e consegue cerca-lo de
muro em todos os lados.
Durante um ano de 1979 reforma e amplia a casa do fundo,
tornando-a sede do Jardim de Infância Gurilândia.
Em fim de março de 1980, ao lado da quadra, em lugar do
antigo salão de tábuas e alumínio, ficam prontas as salas de alvenaria,
cobertas de lages.

HOSPITAL PE. COLOMBO

A Prelazia sempre cuidou da assistência aos doentes. Os


primeiros Ambulatórios em Barreirinha e Nhamundá e ambulatórios
auxiliares paroquiais em Parintins e Maués foram prova daquela
santa preocupação de padres e irmãs.
143
Nossas embarcações durante anos foram verdadeiros
ambulatórios itinerantes em nossa região. Em modo particular aos
Padres Amadeu Bortolotto e Emilio Buttelli, a irmã Marta e a
enfermeira Giovanna Galli tornaram-se beneméritos da saúde dos
doentes. Depois, com a chegada da Irmã Daniela Galaffu em
Barreirinha, da Irmã Tarcila Tedesco em Nhamundá e demais
Missionários da Imaculada nasceram verdadeiras unidades de saúde
com o funcionamento e auxilio do Estado.
No Amazonas nossa Prelazia foi a primeira entidade a
estabelecer um convênio com o FUNRURAL, aproveitando a
capacidade do Dr. Romualdo Correa.
A clinica S. Agostinho, do Dr. Romualdo, transferida na
antiga casa do Pe. Victor fez nascer a idéia dum Hospital moderno
que se unisse ao SESP no atendimento à população cada vez mais
numerosa.
Em 1979 foi iniciada a construção do Hospital Pe. Colombo,
que só mais tarde, pela colaboração constante do deputado Federal
Rafael Faraco, pode chegar à conclusão.
-191-

No ano de 1976 o interessamento e a ajuda do Dr. Romualdo


foi um estímulo determinante e assim procedeu-se à inauguração a 04
de setembro. Na ocasião estava presente em Parintins uma caravana
de políticos de nome nacional, entre eles o ex-ministro e Presidente
Nacional do MDB Ulisses Guimarães que pronunciou umas palavras
de sadio civismo e fé católica. Presidiu a inauguração com o bispo e o
diretor Dr. Romualdo, o Secretário de Saúde do Estado o Dr.
Borborema.
A ILHA DA PAZ foi adquirida pela Prelazia a 20 de agosto de
1970 para poder abrigar alguns hansenianos abandonados.
144
Os cursilhistas fizeram decentes moradias de madeira,
doaram motor de luz e sempre deram carinhosa assistência.
A CASA DE RECUPERAÇÃO foi o resultado da colaboração
da Prelazia que deu 8.000 tijolos, e de Campanhas da Fraternidade
que se uniu a Prefeitura. O Prefeito Gláucio Bentes Gonçalves
cooperou na construção e o Prefeito Dr. Benedito Azedo
pessoalmente interessou-se da manutenção dos internados.
Muita gente de Parintins e dos municípios vizinhos, inclusive
do Pará, recuperam sua saúde naquela casa providencial.
A CASA STA. ISABEL foi iniciada para abrigar velhos
abandonados. Construída como a Casa de Recuperação, sobre terreno
doado pelo Sr. Gentil Belém, obedece a um projeto do Sr. José Saul.
Seus serviços foram custeados pelas últimas Campanhas da
Fraternidade.
Faltam apenas uns serviços de acabamento; mas já está
abrigando alguns doentes necessitados, sob a orientação do Irmão
Francisco Galliani.
Também a Cidade de Maués construiu e mantém a Casa de
Recuperação “Pe. Jorge Frezzini” com a mesma finalidade e utilidade
da de Parintins.
-192-

145
Colégio N. Sra. do Carmo – Parintins

146
Centro de Treinamento do Macurany

147
Parintins, 1º de outubro de 1967 – Inauguração da Rádio Alvorada
– Chegada do Núncio Dom Sebastião Baggio

Estúdio da Rádio Alvorada

148
Parintins – Seminário Escola Profissional João XXIII

149
Escola Profissional João XXIII de Parintins

150
1º Congresso de jovens em preparação aos 25 anos da Prelazia
Parintins 04 – 06 de julho de 1980 no Parque das Castanholeiras.

151
Hospital Pe. Colombo – Parintins
Médicos e enfermeiros

MAUÉS

Maués recebeu o nome de seus índios: “Mau” = papagaio, e


“Ueu” = inteligente.
É abençoada por sua Padroeira N. Sra. da Conceição e honra
com grande festa o Divino Espírito Santo.
É a terra do guaraná.
Seu vastíssimo território é rico em florestas e minerais,
estendendo-se até o Tapajós em suaves colinas, recortadas por rios de
água azul, sendo o Parauari e o Amaná bastante encachoeirados.
152
Notáveis a Gruta do Amaná e o Salto do Amaná, cuja água em queda
ondeia pela simples repercussão da voz humana.
A cidade é situada em lugar invejável, com ampla
possibilidade de desenvolvimento; e espelha-se num esplêndido lago
azul orlado de verdes colinas e lindas praias.

SUAS ORIGENS

1 – A primeira noticia que temos de Maués é de 1669. quando o Pe.


Betendorf, duas vezes superior provincial dos jesuítas, entre as seis
residências de seus padres, lembra a “vila dos Maguases”, grafia
antiquada de Maués. (S. Leite III, pag. 384).
Grafia semelhante encontra-se na carta que em 1714 o Pe.
Bartolomeu Rodrigues, da aldeia dos Tupinambaranas do Uaicurapá,
envia ao provincial Pe. Jacinto de Carvalho. (S. Leite, pag. 392).
Depois de dizer que “no sertão do Rio Guarinamã não sei se
haja mais que a nação dos Maraguás” dá o nome das várias tribos ou
etnias presentes na região.
Escreve textualmente: “No Rio dos Magués, divididos pelos
rios que entram neste, são dos Comandís, Sapupés e dos Ubuquares,
se acham as seguintes nações: Neutus, Aitoariá, Aneguá, Opiptiá,
Moguiriá, Aigobiriá, Sapopés, Periquitos, Pencoariá, Macaioriá,
Apanariá, Suariná, Monçaú, Paramuriá, Surridiriá, Ubucuares,
Sapiuns”.
-209-

Na mesma carta o padre fala também dos “descimentos”,


espécie de atração pacífica para a vila residência dos missionários.
Assim lembra “o quarto descimeto dos poucos Iapucuitabijaras, que

153
havia nos Magués...; o sétimo toda a nação Majuariá, com parte da
nação Monçaú e Ubuquara do Rio Magués”.
Ao que parece Maués foi residência missionária, mas não
permanente; os padres residiam mais em Tupinambarana e Abacaxis
e visitavam Maués de quando em quando. Mas mesmo assim
incidiram fortemente naquele povo índio, pois com toda
probabilidade remontam à atuação dos jesuítas aqueles cânticos
religiosos que são lembrados devotamente até hoje.
Infelizmente veio a tempestade Pombalina e também aquela
missão sumiu do mapa. Ficaram entretanto no lugar encravadas no
chão numerosas igaçabas que antes da pavimentação todo mundo
podia admirar nalgumas ruas.
Os MUNDURUCUS, MAUÉS e MURAS que habitavam a
região sem os missionários tornaram novamente ariscos. Na segunda
metade do século dezessete os Maués eram tão arredios, que a 03 de
outubro de 1769 o Governador do Grão Pará, Ataíde Teive, proibiu
qualquer aproximação com eles.
Em 1785 foram pacificados os Muras.
Em 1793 Lobo D’Almada, graças ás suas habilidades e ao seu
espírito de fraternidade, conseguiu pacificar os Mundurucus.
Em 1795 deu ordem à sua escolta de “agarrar dois índios e
traze-los à presença do governador, que os mandou curar dos
ferimentos recebidos na luta com os soldados e depois repô-los entre
seus fartos de presente”. (Encicl. Dos Municípios, pag. 208).
O ardil foi eficaz e ajudou na pacificação, tanto que em pouco
tempo foi possível criar povoado como Lusea, Canumã, Juruty e
reavivar outros como Abacaxis e Tupinambarana.
2 – Em 1796 foi para Maués José Rodrigues Preto em companhia de
Luiz Pereira da Cruz, que em 1798 fundaram LUSEA, tirando o nome
da combinação de duas sílabas de seus nomes com o acréscimo do
154
“a”. O nome índio era “Uacituba”. Não demorou, nasceram sérios
atritos entre Cordovil da Tupinambarana e José Rodrigues,
especialmente porque Cordovil aliciava os Maués para o seu
comércio.
- 210 -

O Conde dos Arcos de Belém pedia-lhes que se entendessem,


mas no fim em 1803 acabou erigindo os dois lugares em MISSÕES,
encarregando delas frei José Álvares das Chagas, a quem pediu de
pacificar os contendores.
3 – Praticamente frei José ficou titular de toda a região “entre os dois
rios Tapajós e Madeira”; por isso as autoridades de Belém
preocuparam-se logo de dar-lhe um coadjutor.
Uma carta de 02 de março de 1804, escrita pelo Conde dos
Arcos a frei José, tem uma referencia ao coadjutor:
“Para que pois a indispensável união dos esforços que tem
por objecto o bem temporal desta Gentilidade e do Estado he
primeiro que tudo indispensável que Vra. e seu Coadjuctor tenham
perfeito e cabal conhecimento da Carta Régia de 12 de março de 1798,
para que isso copia lhe remeto...”
Seu nome (Reis o.c., pag. 34-36) encontra-se numa resposta a
ele enviada pela Capitania de Barcelos em data 29 de novembro de
1806: Pe. João Pedro Pacheco.
O padre tinha proposto “efectuar o comércio com os Gentios
da Missão de Maués somente perante os seus Principais e Regente,
parecendo a providência a mais eficaz para obviar a fraude, dolo,
malícia”.
É o eterno problema da ganância dos comerciantes que
passam por cima de qualquer norma de moralidade e justiça.

155
A Junta responde que é “hum grande problema de difícil
resolução” e que a proposta era contra “a liberdade de comércio a
qualquer com os Gentios”.
Quanto à jurisdição temporal do padre sobre os índios, a
mesma é como “do Pay sobre o filho ou do Tutor sobre o Popilo”;
pelo resto “os descidos devem ficar sujeitos à jurisdição civil”.
Entretanto “tais cazos da sua competência tomará delles conta
pelo modo entre V.M.ce ambos ajustado, mais adaptado às
circunstância dos Gentios”.
Ao que parece não era fácil para o Pe. Pacheco andar de
acordo com José Rodrigues, pois a última modalidade de “Missão”
colocava as autoridades civil e religiosa em sérias perplexidades pela
mistura de mútuas competências.
- 211 -

4 – Além do mais, na situação de Maués, é preciso lembrar que


também o José Rodrigues tinha interesses comerciais conflitantes com
a equidade e seu gênio não era muito mais suave do que o de
Cordovil.
De fato numa correspondência da Capitania de 05 de maio de
1807 (Reis, o.c., pag. 33) fala-se de “hua suspensão temporária na
regência de José R. Preto e hua retirada temporária delle para o lugar
da Barra, o qual o governo ordenou por motivo de fazer instruir e
processar... a couza daquelle Fundador com o Governo”.
Na citada carta de 29 de novembro de 1806, a Capitania
escreve ao Pe. Pacheco a respeito do projeto do padre “de estabelecer
ahi a seu tempo huma Ollaria”.
Aconselha-se o padre a encaminhar o relativo requerimento
para receber a autorização.

156
Em 1827 o Pe. Pacheco assina o livro de batizados “vigário
interino” (Livro dos batizados de Maués); e no Livro de Parintins
lemos que a 28 de maio de 1834 autoriza a abertura do mesmo na
qualidade de Vigário Geral do alto Amazonas.
A pag. 38 do livro de Maués assina ainda Vigário Geral do
Alto Amazonas a 15 de abril de 1839.
5 – Em 1832 Lusea “foi teatro de barbaridades praticadas pelos índios
Maués, que em seu furor assassinaram diversos indivíduos” sob a
direção do tuchaua Manuel Marques. Eles estavam convencidos que
se planejava escraviza-los; por isso mataram o destacamento local de
30 soldados e outros brancos que lhes caíram às mãos. (Encic. Dos
Munic., pag. 208).
Em 1833, a 25 de junho, Lusea foi elevada a Vila e logicamente
a Minicípio.
Em 1835 os Cabanos fizeram de Lusea um dos seus principais
redutos, onde resistiram logicamente. Foi só a 25 de março de 1840
que a luta acabou, quando 980 cabanos depuseram as armas nas mãos
do comandante governativo Coronel Miranda Leão, sendo
intermediário frei Joaquim de Santa Luzia, missionário de Canumã e
vigário coadjutor para Lusea.
-212-

Este carmelita cuidará de Lusea também no ano de 1842 e


parece que faleceu no Carmo de Belém, depois de ser vigário.
Pelo numero e o empenho dos revoltosos na luta, há de se ver
nela uma firme vontade de legitima defesa da liberdade, dignidade e
sobrevivência de toda a gente “Maué”. Seria oportuno reescrever a
história daqueles episódios, não com mentalidade de padre, mas justa
e equilibrada.

157
6 – Em agosto de 1847 Lusea recebe a Visita Pastoral do Bispo de
Belém Dom José Afonso de Moraes Torres.
No dia 1º o Prelado parou no Massauari, na capela construída
pelo Padre Pacheco. Lá havia uma casa de propriedade do Vigário
Geral do Alto Amazonas, Pe. Antônio Manoel Sanches de Brito.
O bispo ajudado por um capuchinho nas pregações, crismou
170 pessoas.
No dia 13 chegou em Lusea, hóspede de José Coelho Miranda
Leão. (Voz de Nazaré, 20.08.1978).
7 – Ao criar-se a Província do Amazonas em 1852, Lusea era um dos
04 municípios existente na região.
Em 1853 de Lusea foi desmembrado o município de Villa
Bella da Imperatriz (Parintins).
Pela Lei nº 151 de 11 de setembro de 1865 Lusea passou a ser
chamada Vila da Conceição; até que em 1892, por força da Lei nº 35
de 04 de novembro, foi adotado o nome de MAUÉS, que dos índios
passou ao rio e deste à cidade.

A PARÓQUIA ANTES DA PRELAZIA

- De 1834 a 1843 aparece como vigário de Maués o missionário


de Canumã Frei Joaquim de Santa Luiza, carmelita, o que serviu de
intermediário entre os Cabanos e as autoridades.
- Em 1836 há assentamentos de batizados do Pe. Nuno Alves
da Costa, vigário de Silves.
- Em 1842 há alguns batizados do vigário interino.
Padre ANTÔNIO MANUEL SANCHES DE BRITO, que
fundará em Juruty Velho uma aldeia de Mundurucus em 1818, que

158
depois foi transferida para Juruty Novo pelo Pe. João Brás em 1823
(pag. 65-50 de Santarém). Pe. Sanches fora vigário de Óbidos em 1838.
-213-
Na realidade há batizados dele de 1841 a 1850,
ADMINISTRADOS NO Massauary, onde tinha uma propriedade.
Até 1845 é anotado como Vigário Geral do Alto Amazonas; mas com
certeza permanecia no mesmo cargo em 1847, durante a visita
pastoral de Dom José Afonso Moraes Torres. Este se hospedou na
fazenda do Sanchez em Parintins, com casa bem avarandada e capela
dedicada ao espírito Santo, e na outra propriedade que o mesmo
possuía no Massauary.
Há livros paroquiais autorizados por ele, como Vigário Geral;
assim por exemplo o Livro I de Parintins.
Ele foi com Ambrosio Aires chefe dos legalistas na guerra da
Cabanagem.
- De 1844 a 1847 é vigário interino o Pe. Manuel Ferreira
Barreto. Mas em maio de 1845 há batizados administrado pelo Pe.
João Monteiro da Cunha, vigário de Juruty; e em 1846 há outros
conferidos pelo vigário interino Pe. Gaspar Porpino Delgado.
- Em 1848 no Livro I de Parintins aparece o Pe. Domingos
Pires Cardoso, vigário de Maués e encarregado de Parintins.
- Em 1848 a 1853 é vigário interino Pe. Joaquim do Espírito
Santo Dias e Silva.
- Em 1855 é lembrado o nome do Frei Marcelo de Santa
Catarina de Sena; mas é dado como vigário colado o Pe. Julião
Joaquim D’Abreu, ordenado em Belém a 15 de março de 1854. Assim
se resume do Livro I de Barreirinha.
- Em 1856 inicia a paróquia do Pe. Joaquim Gomes Freire da
Silva, que vai até 1873. Este padre assina “vigário interino” até 1860,
quando começa a assinar “vigário collado”. Homem cuidadoso
159
transcreveu os batizados administrados por seus antecessores por
vários anos.
- Em 1873, de 14-08 a 08-10 é vigário interino Pe. JOSÉ
TOMAS DE ALBUQUERQUE, que voltará a passar alguns meses em
Maués em 1891.
A respeito deste padre vou referir algumas noticias
(“Desbravadores” de V. Hugo, pag. 200, Vol. II):
Nascido em Cajazeiras (Paraíba) em 1828, exerceu apostolado
em vários lugares, como Meruoca, Tiangá etc... Em 1873 passou uns
meses em Maués, voltando logo depois ao Ceará.
O pároco de Canindé Pe. José Laurindo dos Santos, em
.....15.02.1881, escrevia ao Comendador José Francisco Monteiro de
Humaitá que o Pe. Albuquerque desejava voltar para o Amazonas e
precisamente em Humaitá.
-214-

Aliás o próprio Pe. Laurindo em 1888 será vigário de


Manicoré e morrerá a 30 de março de 1890 vigário de Canutama.
Fato é que anos depois, em 1891, o Pe. Albuquerque encontra-
se em Maués, donde escreve ao Comendador de Humaitá:
“A catequese dos índios do amazonas foi o sonho dourado
que sempre me fascinou desde a minha mocidade... Julguei
conveniente vir primeiro estacionar aqui algum tempo nessa Villa de
Maués, onde tenho pessoas de minha família; e para na estar inativo
pedi ao Sr. Bispo provisão de vigário para esta freguesia”.
O padre realmente depois foi para Humaitá, permanecendo
até setembro de 1892, quando passou vigário a Manicoré, donde saiu
doente em 1893, indo falecer em Fortaleza a 20 de fevereiro.
Este padre, que introduziu a cultura do trigo no Ceará, deixou
uma autobiografia manuscrita em 3 volumes.
160
- Em 1874, de 05 a 08 de fevereiro há batizado do Pe. Francisco
Pedro de Oliveira e em abril há outros do Pe. Manuel Ferreira
Barreto, já vigário de Maués de 1844 a 1847 e na ocasião vigário da
Serpa.
- Em 1874, 05 de junho, assume também Maués o vigário de
Barreirinha Pe. Manuel Justiniano de Seixas, até 22 de janeiro de 1876,
ano em que Dom Antônio Macedo Costa, ao sair da prisão causada
pela Questão Maçônica, faz sua visita Pastoral.
- Em 1876, dezembro, até 21 de maio de 1878 é vigário interino
Pe. Manuel Raimundo Alves, que morrerá em Gurupá em 1886.
- Em 1878 vem de Belém o Pe. JOÃO BATISTA PAREL,
francês, que falece a 28 de setembro de 1886, em Maués onde é
sepultado na capelinha do cemitério.
O Pe. Sante Cortese, em 1958, tendo caído a capela e ficado a
sepultura do padre sem amparo, removeu esta para um lugar mais
reservado; abrindo-a, encontrou a estola intacta.
O Pe. Parel de 1881 a 1884 fez batizados em Barreirinha.
Depois de sua morte, afora os anos 1936-38, em que ficou aos
cuidados do Vigário de Borba, Com. Bento de Souza, Maués
geralmente foi administrada pelos vigários de Parintins, junto com
Barreirinha e Urucurituba.
-215-

- 1886 Visita Pastoral de Dom Macedo Costa de 26 de maio a


02 de junho. O secretário do bispo, Cônego Antônio Ferreira de Paula
faz 61 batizados.
Dia 08 de junho o bispo está na capela de Massauary e o
secretário faz 15 batizados.
1907 – Pe. Manuel José de Sena Martins é nomeado vigário de
Maués a 13 de dezembro, conforme consta na anotação do Pe. Hubers
161
no Tombo de Parintins. Sendo este vigário também de Maués, é
devidamente avisado da nomeação do pe. Martins, que permanecerá
vigário até morrer em Parintins em 1909. Este Padre abriu uma
padaria onde agora existe a residência do Sr. Zanoni Magaldi.
1911 – Dom Frederico Costa, em visita pastoral em Maués,
institui o Apostolado da Oração, rubricando pessoalmente o livro de
atas. Entretanto a irmandade será canonicamente agregada a
08.09.1920 e em 1921 terá 165 sócias, sendo Presidente Maria Leão
Guimarães.
1912 – A 20 de dezembro, pelo impedimento de Pe. Hubers, é
nomeado vigário de Maués, além de Parintins, Barreirinha e
Urucurituba, o Pe. Domingos Avelino.
1918 – A 13 de agosto é novamente nomeado Pe. Hubers e
toma posse a 28 de novembro. Ele procura concertar a igreja muito
deteriorada e para isso cria uma apósita comissão presidida por João
Verçosa.
1919 – Assume o vigário Pe. Paulo Raucci, de Crispano
(Aversa, Itália), que será vigário de Parintins e Barreirinha até 1939.
Incentiva o catecismo das crianças, a 1ª comunhão dos alunos
escolares e enceta uma forte campanha contra as “canoas” dos Santos.
Em Mucaja chegou a furar o “gambá” d’uns festeiros.
Por questões de terrenos desentendeu-se com o chefe do
município José Manuel de Miranda Leão. O padre era dono d’um
terreno na rua Adolfo Cavalcante, desde onde termina a atual
residência dos padres até a esquina. Querendo o Prefeito usar
daquele terreno, o padre foi reclamar e por isso foi ameaçado de
cadeia, tanto que se viu obrigado a trancar-se na sacristia. O tirou de
lá o velho Pedro Negreiros. Seu amigo, e o mandou deixar numa
igarité, por dois remadores, até Parintins.
-216-
162
Na ocasião o Primo Mamede falou que o Padre devia ser
expulso em canoa furada; no entanto dois meses depois um filho dele
morreu tragicamente.
Pe. Paulo só voltou uma vez à Maués, para consolar seu
amigo Negreiros, por ocasião da morte d’um seu filho.
1926 – A 14 de fevereiro, de Carlos Esteves Soares e Clarice
Negreiros Esteves nasce José Raimundo Esteves. Este será Prefeito de
Parintins de 1960 a 1964 e imprimirá àquela cidade um progresso
extraordinário. A seguir será valido deputado Federal e Senador da
República, vindo a falecer em Manaus a 23 de janeiro de 1978.
1937 – Visita Maués o jesuíta Pe. Guido del Toro, apóstolo dos
japoneses do Brasil, na juventude aluno do P. I. São Pedro e Paulo de
Roma.
Animou a colônia japonesa, cujos membros lhe disseram “que
o dialeto Maués tem grande semelhança com a língua japonesa e que
com facilidade os Maués compreendem o japonês”.
É bom lembrar que Maués possui também uma importante
colônia de italianos, (Dinelli, Faraco, Desideri, Perrone, Magnani,
Magaldi) e que foi o velho Faraco, avô do deputado Rafael Faraco,
que valorizou em âmbito nacional o guaraná de Maués.
A 08 de dezembro de 1937 foi fundada a Pia União das Filhas
de Maria.
1938 – A 22 de novembro pelo navio “Índio do Brasil” chega o
novo vigário Pe. Paulino Lammeier, nascido em Fulda (Alemanha) a
12 de 11 de 1902, ex-frade menor de São Francisco.
1940 – A 11 de maio Pe. Paulino funda a Congregação
Mariana em Maués.
1941 – A 19 de março é ordenado no Maranhão o Pe. Alcides
Albuquerque Peixoto, filho de Maués, onde nasceu a 24 de agosto de
1912.
163
A 11 de julho o Pe. Paulino sofre uma agressão, porque
acusado injustamente de abusar do dinheiro da igreja; e no ano
seguinte, estando em Manaus no 1º Congresso Eucarístico, foi até
promovido um inquérito pelo José Antunes Albuquerque Melo. No
fim resultou que era tudo calúnia.
-217-

No mesmo ano de 1941 Pe. Paulino a 05 de setembro fundou a


Cruzada Eucarística.
1943 – O Pe. Paulino deixa Maués, para assumir a paróquia de
Manicoré, que em 1948 entregará aos padres do PIME, para trabalhar
como capelão de S. Casa. Em seguida será vigário de S. Luzia em
Manaus e morrerá hanseniano. Era um padre muito bom e ótimo
músico.
Assume a paróquia como vigário interino, a 15 de janeiro, o
Pe. Francisco de Sá Cavalcante, de Boa Viagem (Ceará) onde nascera
a 26.12.1911. O bispo Dom João da Mata, presente em Maués na
ocasião, preside uma bonita procissão das crianças com o Menino
Deus. O padre deixa Maués a 31 de dezembro de 1944, e vai no Rio
Grande do Norte assumir a direção do ginásio diocesano Santa Luzia.
1945 – A 26 de fevereiro assume a paróquia Pe. Aloísio Engels,
da Congregação do Espírito Santo. É recebido pelo abnegado
tesoureiro Sr. Carlos Esteves Soares.
No mesmo ano reforma a sacristia adaptando-a para sua
moradia.
Em 1946 cuida das alfaias da igreja, desenhando paramentos
que são artisticamente bordados por Dona Jacy Aparecida Esteves.
Em 1947 reforma a torre da igreja. Mas nas eleições
municipais daquele ano, a 16 de novembro, contra a expectativa, é

164
eleito prefeito o candidato de Homero de Miranda Leão, o “Donga”,
José Batista Miquiles, de religião adventista.
O fato contristou fortemente o padre, que resolveu deixar
Maués. Porém, tendo pena do povo, agüentou até a festa de 1948,
quando já sabia da vinda dos padres do PIME.
1948 – Na realidade a 16 de junho de 1948 foi estudado um
Convênio entre Dom João da Mata e o PIME, representado pelo Pe.
Aristides Pirovano. O bispo comprometia-se a dar uma Prelazia ao
Instituto, incluindo Maués.
O Convênio foi aprovado pela Santa Sé a 18 de setembro. Mas
já antes, exatamente a 31 de julho, tinham chegado em Maués, pelo
Aquidaban, o Pe. Mário Giudici, nomeado vigário, e o Superior dos
Padres Pe. Alberto Morelli, que por enquanto ajudaria como
coadjutor.
-218-

Ambos os padres tinham sido ótimos missionários em


Neghelli, Abissínia.
Foram recebidos e acomodados pelo Sr. Carlos Esteves Soares.
1949 – O Pe. Mário Giudici é validamente ajudado pelo Pe.
Luiz Bellini, que com um motor de popa alcança os lugares mais
distantes, passando fora de casa até meses seguidos.
1950 – O Pe. Mário Giudici compra a casa de Leonel Pedro
Alves, na praça da Igreja tornando-a, com boa reforma, residência
paroquial. No mesmo ano o Sr. Manuel Negreiros doa o terreno para
o Colégio S. Pedro. Em abril organiza-se uma escola de corte e costura
e funda-se a Sociedade de Obras Sociais.
1951 – Canumã, que tinha sido agregada a Maués, passa para
Borba.

165
1952 – O Pe. Mário Giudici adoece e vai se tratar no Sul e o Pe.
Bellini torna-se vigário, ajudado pelo Pe. Sante Cortese, desde
outubro de 1950 trabalhando em Maués.
1953 – O Pe. Bellini vai ao Sul doente, e em fevereiro assume a
paróquia o Pe. Jorge Frezzini, que movimenta cidade e interiorcom
um apostolado intenso, dando vigor às irmandades, particularmente
aos Marianos, e, através da coleta de Guaraná, construindo o Colégio
São Pedro, com a colaboração do Sr. Henrique Magnani, que orienta
toda a construção.
1954 – Chegam em Maués os Padres Iseo Sandri e Danilo.
1955 – Visitam Maués dois Arcebispos da China, Dom
Lourenço Balconi e Dom Caetano Pollio, já na iminência da criação da
Prelazia.

A PARÓQUIA NA PRELAZIA

- A 20 de novembro toma posse como vigário de Maués,


nomeado no dia 14 a instalação da Prelazia, o Pe. Sante Cortese.
1956 – No dia 19 de maio chegam as Irmãs Filhas da Caridade,
tendo como superiora Irmã Maria Carvalho.
1958 – De 14 a 20 de abril realizam-se as Santas Missões,
pregadas pelos Redentoristas de Manaus.
-219-

1959 – A 12 de agosto circula uma carta anônima contra os


padres; o povo realiza uma grande concentração de protesto, em que
falam Carlos Esteves Soares e Salum Almeida.
1960 – A 12 de março toma posse como vigário Pe. Pedro
Vignola e o Pe. Sante passa a Barreirinha.
166
- O novo Prefeito João Batista Miquiles num dos primeiros
atos de seu governo mandou cortar a luz da matriz e criou caso com a
paróquia a respeito do terreno ao lado do cemitério.
A 14 de março o problema do terreno foi pacificamente
resolvido, cedendo à Prefeitura um pedaço da frente, para servir de
praça.
A questão da luz pelo contrário continuou meses, servindo-se
a igreja de motor próprio, firme em sua posição: a Prefeitura cortou, a
Prefeitura ligue.
- A 06 de outubro foi iniciada a construção da Capela de Vera
Cruz.
1961 – Em janeiro o Ministério aprova o Ginásio S. Pedro.
- Em fevereiro o Pe. Iseo Sandri e o Irmão Francisco fixam
residência no Marau, permanecendo em Nazaré três anos.
- A 27 de agosto um furacão destelha completamente a ala de
frente do Colégio S. Pedro, fazendo chegar as telhas de alumínio no
rio.
1962 – A 23 de maio o Pe. Silvio Miotto assume a paróquia
como vigário interino.
1963 – A 24 de abril iniciam as Santas Missões pregadas pelos
Redentoristas de Manaus, sob a direção do Pe. Eugênio Oats. Um dos
pregadores é o Pe. Alfredo Novak.
Durante o ano terminam os serviços de acabamento da nova
residência paroquial.
1964 – Pe. José Maritano prega o Retiro a 170 Marianos no
Limão.
A 31 de dezembro é nomeado vigário Pe. Danilo Cappelletto.
1965 – A 08 de junho escolhe-se o terreno na Maresia para a
futura capela.

167
1966 – A 21 de janeiro é nomeado Vigário Pe. João Andena,
pois o Pe. Danilo por motivo de saúde é transferido ao Sul do País.
Em setembro iniciam reuniões de grupos de famílias, no
bairro da Maresia, criando espírito comunitário.
-220-

1967 – Constrói-se a capela da Maresia. Contemporaneamente


surgem mais 05 centros de catequese na cidade, dirigidos por
professoras. No bairro Ramalho Junior (Aldeia) o povo anima-se e
une-se em comunidade.
Sob a direção da Irmã Maria Carvalho promovem-se na
cidade e no interior diversas campanhas em favor de famílias pobres,
como: compra de maquinas para costura, assoalhos de casa, filtros,
redes, etc.
- A 16 de dezembro o Bispo paraninfa a primeira turma de
Normalistas do Colégio S. Pedro.
1968 – A 02 de junho o Bispo benze a primeira pedra do
prédio destinado a servir de ambulatório paroquial, no terreno de
Meninópolis.
- Em dezembro as Irmãs Filhas da Caridade, depois de anos
de ótimos trabalhos, nos campos da educação e assistência social e
religiosa, deixam Maués.
1969 – A 23 de janeiro chegam as Irmãs Missionárias da
Imaculada, sendo a primeira superiora a Irmã Benta Cinelli.
Inicia o curso para catequistas e agentes de pastoral de
comunidades do interior. O curso é de 12 dias por ano dividido em 04
etapas de 03 dias cada. O programa é desenvolvido em 04 anos.
1970 – Inspirando-se na Campanha da Fraternidade de âmbito
nacional, a paróquia organiza um movimento local chamado

168
“Fraternidade”, com sócios contribuintes, em prol dos doentes
necessitados.
- A 14 de setembro pelo incentivo do Padre Luciano Basílico
inicia a construção da capela “Cristo Pescador” no bairro Ramalho
Junior (Aldeia).
1973 – Em dezembro celebra-se uma semana vocacional, em
preparação à primeira Missa, em sua terra natal, do neo-sacerdote
redentorista Carlos Fernando Viana Barbosa.
1974 – A Campanha da “Fraternidade” resolve construir uma
casa de recuperação para os doentes de T.B.C.
- A 15 de setembro começa a atuar o Conselho Paroquial de
Pastoral.
1975 – A 12 de outubro, presentes o Prefeito Theodomiro
Muniz e algumas autoridades de Manaus, inaugura-se a Casa de
Recuperação “Pe. Jorge Frezzini”.
-221-

- A 28 de outubro começam os serviços de escavações e


alicerces da nova Matriz.
- A 23 de novembro, celebra a primeira Missa em Maués, sua
terra natal, o Pe. Dílson Brandão Pereira, sacerdote secular, ordenado
em Parintins por Dom Arcângelo no anterior dia 16. A Missa é
celebrada enfrente à Matriz.
1976 – A 03 de junho chega a Maués como vigário coadjutor o
Pe. Egídio Mozzato.
- A 23 de outubro, presente o Governador Henoch Reis, o
Bispo benze o novo aeroporto.
- A Missa da noite de Natal é celebrada na nova Matriz,
embora inacabada.

169
1977 – A 28 de maio Dom Arcângelo benze a nova Matriz,
faltando só piso e pintura.
1979 – A 19 de julho chega em Maués como vigário coadjutor,
o padre John Maika, americano de origem polonesa, nascido na
Áustria.
- A 19 de agosto o Pe. Andena despede-se com uma Missa
Campal ao sair de férias para a Itália.
- O substituto Pe. Egídio aumenta a capela do “Cristo
Pescador”; legaliza algumas propriedades da paróquia; compra da
Senhora Maria Mafra um terreno que no futuro poderia servir de
Centro de Treinamento.
No campo do apostolado, além de manter bem vivas as várias
iniciativas do Pe. Andena, aviva os antigos movimentos e
irmandades, especialmente os Marianos, tão beneméritos do passado.
- As irmãs são as redatoras principais do boletim paroquial, o
“Taoca”.
1980 – A 28 de janeiro chega de volta da Itália o Pe. João
Andena e reassume a direção da paróquia.
- Na última semana de fevereiro realiza-se a primeira etapa
deste ano do curso de Catequese. Até hoje há 45 diplomados e 120
continuam estudando.
- No fim de junho Pe. Egídio viaja para a Itália.

-222-

- A 03 de agosto Francisco de Assis Serrão Dinelli é ordenado


diácono por Dom Arcângelo na matriz lotada de povo.
- Durante a semana da Pátria Dom Arcângelo, voltando de
Brasília, duma reunião do Conselho Diretor do MEB, visita algumas
comunidades do interior. Ele chega em Maués no dia 03 de setembro,
170
quando o Prefeito Carlos Esteves comemora os 03 anos de sua
segunda administração.
A cidade continua crescendo, apesar de ter sido frustrado o
projeto da Estrada para Itaituba; opuseram-se os índios Maués,
aconselhados a não deixar atravessar seu território devidamente
demarcado.
Estão sendo abertas novas ruas e vem aumentando os bairros;
enquanto no centro continua a se estender a pavimentação e a
surgirem construções bem alinhadas. Atualmente vem sendo
melhorada a praça da Igreja, para emoldurar dignamente a majestosa
beleza daquele templo.
- A 15 de novembro o Cardeal do Rio de Janeiro Dom Eugênio
de Araújo Sales visita Maués e benze as novas dependências da Casa
de Recuperação “Pe. Jorge Frezzini”.

BOA VISTA DO RAMOS

1936 – Constrói-se uma capelinha de barro, em cujo altar


venera-se uma estampa de Nossa Senhora Aparecida. O povo chama
a “Aparecida da Luz” e os pescadores a invocam também como
“Senhora dos Navegantes”.
1938 – O oratório ganha uma estatueta de S. Sebastião,
oferecida pelo Senhor Graciliano Farias, que organiza a Irmandade
do Santo.
1940 – O pequeno oratório é substituído por uma nova capela,
em que adquire maior destaque e devoção S. Sebastião.
1961 – É criado o município de Boa Vista do Ramos, com Lei
de 13 de abril.

171
- A 11 de maio, no almoço com o Núncio Lombardi no Palácio
Rio Negro, o Prelado de Parintins congratula-se com o Governador
Gilberto Mestrinho pela criação do Município de Boa Vista.
-223-

- No dia 26 de maio Dom Arcângelo visita Boa Vista para


estudar a possibilidade de instituir uma paróquia no lugar. E sendo a
capela pequena e faticente, projeta uma maior a ser levantada na
ponta da Senhora Cândida Pimentel; por isso pede que por enquanto
se junte pedra no lugar; o que o povo realiza alegremente no mês de
novembro com a presença dos padres Sante e Sílvio.
1964 – Com a extinção dos municípios chamados “fantasmas”
cai também o de Boa Vista do Ramos, que teria sido justo manter.
1966 – A queda do município reduz a previsão de crescimento
da vila e enfraquece a idéia da transferência da capela; por isso a
Escola, oferecida pelo Bispo, é construída no lugar tradicional, ao
lado da velha capela.
No mesmo ano o pastoreio de Boa Vista é confiado ao Pe.
Henrique Pagani, de Barreirinha, que realiza um bom apostolado.
1968 – No mês de março o “Santa Maria” motor do Prelado,
transporta material de construção destinado a uma mini-residência
de padres em Boa Vista.
1970 – A 1º de maio o Pe. Pagani passa a trabalhar em
Parintins e a região de Boa Vista volta a ser confiada aos padres de
Maués.
- O Pe. João Andena lança os alicerces da projetada igreja em
alvenaria, logo atrás da velha capela.
- A 30 de outubro o Bispo administra 101 Crismas e 200
Comunhões.

172
1974 – O Pe. Gabriel Módica, coadjutor de Maués, toma conta
da região de Boa Vista.
Cuida logo da construção da nova capela e dedica-se com
incomum interessamento ao progresso da Vila e da região, ao ponto
de ser chamado pelo povo “Governador do Ramos”.
1977 – Pelo Pe. Gabriel é levantada a projetada mini-
residência paroquial.
1979 – Pe. Gabriel vai para a Itália em viagem de férias e
estudos e é substituído pelo Pe. Henrique Pagani, durante sua
ausência.
1980 – Em agosto Pe. Henrique Pagani vai de férias para a
Itália e o Pe. Gabriel volta novamente a cuidar de Boa Vista, por
enquanto.
-224-

173
Maués – Igreja Paroquial

174
Parintins, 16 de novembro de 1975 – Ordenação sacerdotal de Pe.
Dílson Brandão Pereira

175
Francisco de Assis Serrão Dinelli
ordenado diácono em Maués a 03.08.1980

BARREIRINHA

A CRUZ NO ANDIRÁ

1 – Pe. Betendorf, após sua viagem de 1669, em sua Crônica,


aponta na área da Prelazia as Aldeias de S. Miguel dos
Tupinambaranas. Andirázes, Curiatós e Manguases. Tudo indica que
“S. Miguel do Tuoinambaranas” corresponde a Parintins, “Curiatós”
a Tauaquera do Uaicurapá e “Mangueses” a Maués.
E “Andirázes”?
Na lista dos Jesuítas de 1678 encontramos o nome completo:
“Santa Cruz dos Andirázes”.
Em nossa opinião corresponde a Freguesia do Andirá.
“Andirá” é o nome tupi do morcego, de que havia grande
número na região.
“Santa Cruz” lembra o costume dos jesuítas de levantar um
Cruzeiro nos lugares de Missão e dedicar até capelas à Cruz do
176
Senhor. Assim daquela época, além de S. Cruz dos Andirázes, sã
lembradas S. Cruz dos Aruaques, S. Cruz dos Tupinambás em Boim,
e S. Cruz do Mariacoã, da qual o tuxaua Itelvino de S. Luiz do Alto
Andirá de criança ouviu tanto os velhos falarem.
É um fato que após 1669, à causa dos mosquitos, os
missionários transferiram sua residência habitual “uma jornada
pouco mais pela terra dentro, sobre um belo lago ou rio, vindo parte
dos Andirázes, parte do Amazonas, e vai dar pelos Curiatós”.
São todos elementos que sufragam a suposição da Freguesia,
situada no largão do Andirá, “belo lago ou rio”, “que vem parte do
Andirá, parte do Amazonas” e que “vai dar pelos Curiatós”,
moradores do Uaicurapá, por água e até por breve caminho terrestre
da cabeceira do Andirá Mirim ao Marajó.
-231-

2 – Em 1689 o Pe. Antônio Fonseca edifica uma boa capela em


S. Cruz; mas logo depois resolve transferir sua sede habitual “um
pouco mais para cima num formoso outeiro que olhava para um belo
e espaçoso lago com bons ares, doa vista e bons mantimentos”.
Vai assim para o lugar do Uaicurapá, chamado hoje
Tauaquera, entre S. Carlos e o Mamuru. Mas a nova sede não esvazia
completamente S. Cruz, porque “não houve uma mudança total”.
Como tinha permanecido gente na Tupinambarana da beira do
Amazonas, da mesma maneira ficou sobrevivendo, embora
diminuída, S. Cruz do Andirá. De fato como refere-se Moraes A. J. de
Melo em sua Geografia Histórica etc..., “em 1714 se mantinham
aldeias domesticadas nas enseadas dos Rios Canumã e Andirá”.
3 – Com a suspensão dos jesuítas, na segunda metade do
século décimo sétimo, também a Missão do Andirá sumiu da história.

177
Mais tarde, já no inicio do século décimo oitavo, aparece
novamente “Andirá”, mas já como fazenda de Manuel da Silva
Lisboa.
Em seguida fala-se de Andirá como duma espécie de distrito,
sendo seu inspetor o índio Crispim Leão.
Aurélio Andrade (Sinope histórica do Mun. de Barreirinha,
pag. 15) diz dele:
“Vaidoso, prepotente, enfeitiçado pelo cargo, se tornou
atrabiliário, sanguinário e verdugo de seu povo”.
Na realidade Aurélio transmite a opinião do Cônego
Bernardino de Souza no seu livro “Comissão do Madeira, Pará e
Amazonas”.
Citemo-la textualmente:
“No exercício do cargo de director dos índios praticou este
homem de índole perversa actos de tanta barbaridade, que foi
necessário destituí-lo. Não desanimou porém Crispim com essa
resolução, e seguindo furtivamente para a Capital, por tal forma
iludiu o Governo, que obteve deste brindes para uma povoação de
índios, cuja existência phantasiou, como recomendações às
autoridades de Villa Nova da Rainha, para o protegerem e
dispensarem consideração. Contando com elementos tão favoráveis,
não parou Crispim Leão nos desatinos, até que envolvendo-se na
revolução de 1835 (Cabanagem), pagou com a vida os males que
tinha causado. A última façanha desse mau homem foi o incêndio
lançado por suas próprias mãos à nascente povoação do Andirá.
Antes porem que a imensa fogueira houvesse desaparecido, morria
Crispim Leão atravessado por uma bala”.
-232-

178
Neste quadro tão fosco de Crispim é difícil não suspeitar um
certo exagero do cônego, traído pela mentalidade interesseira dos
invasores das regiões indígenas.
“Iludiu” ou convenceu mesmo as autoridades da capital ser
vitima, pelo menos em boa parte, de intrigas e ataques injustos?
Quanto ao seu envolvimento na Cabanagem, é bom lembrar
que a luta foi encarniçada de ambos os lados; e que afinal no índio
havia também o compreensível desespero na defesa da cultura e
sobrevivência de seu povo, acuado pelo poderio branco.
4 – Nos dias 30 e 31 de junho de 1847, proveniente de Vila
Bela da Rainha, o bispo de Belém, Dom José Afonso de Moraes
Torres, realiza a Visita Pastoral na Vila do Andirá, mandando batizar
19 crianças. Depois, naturalmente a remo pelo estreito, numa viagem
de 04 dias chega no lago do Massauari. (Relação publicada na Voz de
Nazaré, Belém, a 20.08.1978).
Em Andirá pedem-lhe calorosamente um padre; e o
atendimento não demora.
Pela Resolução nº 76 de 02 de outubro de 1848, Belém cria a
Missão do Andirá, e o bispo a confia ao capuchinho missionário frei
Pedro de Ceriana, nascido na Úmbria, Itália, a 1º de julho de 1813 e
ordenado padre a 26 de outubro de 1835. Tinha sido já missionário
em Tonantins, onde construira a igreja.
A respeito da atuação de frei Pedro no Andirá há uma
apreciação bastante negativa do Cônego Bernardino de Souza no seu
livro “Lembranças e Curiosidades do Valle do Amazonas”.
“Dominado das melhores intenções a favor da catequese dos
índios... o Conselheiro Jerônimo Francisco Coelho... julgou dever
nomear o capuchinho italiano frei Pedro Cenena para missionar o
povo do Rio Andirá, que na havia muitos annos tinha sido vítima das
depredações e das violências do feroz índio Crispim de Leão. Aquelle
179
religioso porem, longe de procurar corresponder à confiança que
nelle depositara o benemérito administrador, tratou de fazer por
assim dizer, do Andirá um Paraguay em miniatura, tendo apenas
como único incentivo os seus interesses particulares... afastando para
longe os negociantes que giravam por aquellas paragens, não
consentia que os índios ainda os mais civilizados, vendessem seus
gêneros a outro que não a elle, pondo-se a negociar em larga escala...
No fim partiu para a Itália carregado de importante pecúlio...” (Bit.
o.c. pag. 91).
-233-

O Cônego estava mal informado sobre o trabalho e sobre o


próprio nome de Frei Pedro de CERIANA, não CENANA. Estava
mesmo prevenido pelas insinuações dos comerciantes e brancos de
seu convívio.
Querer fazer do Andirá “um Paraguay em miniatura” não é
desdouro mas benemerência do padre, que assim queria salvar os
direitos e a cultura daqueles índios.
Quando a sair para “a Itália carregado de pecúlio”, a historia
não confirma esta calúnia, que aliás ainda hoje é assacada vez ou
outra contra algum abnegado missionário vindo de fora, que de fato
além de sua vida dá até fortunas à região.
Frei Ceriana saiu do Andirá em fevereiro de 1854, não para a
Itália, mas para o Purús, onde a 30 de setembro de 1854 fundou a
Missão de São Luiz, o primeiro núcleo organizado naquele rio. E foi
lá que adoeceu em 1857, quando doente voltou para a Itália, onde
morreu em Foligno a 22 de dezembro de 1888.
Nós acreditamos na palavra insuspeita do Bispo D. José
Afonso M. Torres que estivera no Andirá e conhecia o bom frade:

180
“No lago denominado Andirá existe uma Missão composta de
índios Maués, missionada pelo capuchinho frei Pedro de Ceriana,
floresce, que tem tido grande aumento, depois que ai se estabeleceu
aquele Missionário, que é incansável em seu zelo em fazer prosperar
o aldeamento e na proteção que oferece aos índios”. (Voz de Nazaré,
13.08.1978).
Tomei a liberdade de substituir as ultimas palavras, porque
dão a chave das queixas dos comerciantes, impedidos de explorar os
pobres índios; palavras que explicam a publicidade malévola por eles
levantada, e que enganou o cônego.
Nós preferimos ficar com o Bispo.
5 – A Enciclopédia dos Municípios, transcrita por Aurélio,
relata que “a 27 de outubro de 1851” aportou em Andirá o jesuíta Pe.
Manuel Justiniano de Seixas, “quando o povoado tinha apenas seis
ou oito barracas cobertas de palha”.
-234-
Nestas duas linhas há dois enganos. O primeiro é a data da
chegada do Padre Seixas no Andirá, que não se deu em 1851, mas em
1856.
Pela Cronologia de Dom Alberto Ramos sabemos que a
ordenação sacerdotal do padre deu-se a 12 de outubro de 1851, em
Belém. Não poderia o padre estar no Andirá só quinze dias depois.
Além do mais, na época não havia os recursos motorizados de hoje.
Mais ainda, o próprio cônego acrescenta que frei Ceriana
deixou a aldeia após a mesma ter sido elevada a Curato e Freguesia.
Passou a Curato, subordinada a Villa Bella da Imperatriz, a 23
de outubro de 1852, Lei nº 6 da Província do Amazonas. E foi elevada
a Freguesia pela Lei nº 4 de 17 de novembro de 1853, sob a
administração do Presidente Herculano Pena.

181
O livro dos batizados prova que frei Pedro, que iniciara a
batizar a 22 de abril de 1849, batizou até 21 de fevereiro de 1854,
enquanto o primeiro batizado do Pe. Seixas é de 1º de março de 1856.
Depois de frei Pedro e antes de Pe. Seixas há outros padres.
Pe. João Estevão da Cunha Oliveira registra seus batizados de
21.02.1854 a 26.02.1854.
O vigário collado de Maués, Pe. Julião Joaquim de Abreu,
registra de 04.01.1855 a 07.08.1855. Numa nota ele diz que “foi-me
encarregada” a igreja de Andirá verbalmente a 11.08.1854 pelo
Vigário Geral da Província do Amazonas, Cônego Joaquim Gonçalves
de Azevedo, e a 31.04.1855 pelo próprio Bispo.
Em janeiro de 1856 quem batiza é Frei Bernardo de N. Sra. de
Nazaré.
Somente a 1º de março de 1856 se encontra o primeiro
batizado do Pe. Seixas, que até 1864 se assina “vigário interino”.
Os livros de assentamentos de casamentos confirmam as
mesmas datas.
Segundo engano da Enciclopédia: na chegada de Pe. Seixas
não havia somente “seis ou oito barracas”. O Diário Oficial do
Amazonas de 07.09.1920 informa que o povoado ao ser elevado a
Curato de Freguesia (1852 e 1853) “tinha 60 casas armadas e prontas,
uma igreja decente e outra para acabar, cemitério e quartel”.
-235-

Tais informações, com base em documentos, concordam com


as expressões da relação do Bispo Torres, acima citada, “pelo frei
Pedro a vila é florescente e tem grande aumento”.

182
PARÓQUIA EM BARREIRINHA

1 – A 13 de maio de 1873, sob o Presidente Domingos


Monteiro Peixoto, pela Lei nº 263, a sede da paróquia passou para
Barreirinha, com o nome de N. Sra. do Bom Socorro de Barreirinha. À
vila de Andirá entretanto o povo guardou o nome de Freguesia do
Andirá.
O autor do projeto, Delfim Flavo Portugal, alegou o motivo da
permanência das autoridades longe da sede e o da esterilidade do
terreno, o que não corresponde à realidade.
A transferência deve-se ao Pe. Seixas, que tinha já um campo
de gado no lugar da nova sede, por sinal em ótima via de
comunicação.
A cidade tinha sido fundada a 15 de junho de 1872 e nela foi
rezada a primeira Missa a 21 de dezembro do mesmo ano. Assim está
escrito na capa interna do Livro de batizados da época.
Narra-se entretanto que os moradores da Freguesia, devotos
da Imagem de N. Sra. do Bom Socorro, vinda de Portugal por
devoção de Maria Rita Carneiro, tia avó de Pe. Trindade, mais duma
vez a trafugaram de noite para sua vila, até que o padre conseguiu
convence-los a desistir.
O Pe. Seixas faleceu no dia 12 de fevereiro de 1879 em
Barreirinha e foi tumulado na igreja paroquial por ele mesmo
construída.
Daí em diante a paróquia, afora os anos 1883-1884, em que foi
assistida pelo Pe. Parel, vigário de Maués, ficou praticamente anexa à
de Parintins até 1948.
2 – A Lei 539 de 09 de junho de 1881deu ao lugar a categoria
de Vila, com o nome de Vila Nova de Barreirinha, sendo autor do
projeto o deputado Diocleciano Justino de Meta Bacelar.
183
Assim Barreirinha foi elevada a Município, desmembrada de
Parintins.
-236-

Em 1885 há batizados do Pe. Dr. Manuel Carlos do


Nascimento, lançados no livro pelo Pe. David Gislain.
Em 1886 dom Macedo Costa vai em visita pastoral a
Barreirinha nos dias 05 e 06 de junho e seu secretário Com. Antônio
Ferreira de Paula faz 61 batizados.
Em 1887, de 06 de fevereiro a 27 de junho, é o Pe. David
Gislain, vigário de Parintins, que batiza em Barreirinha.
3 – De 1919 a 1939 cuida de Barreirinha o vigário de Parintins
Pe. Paulo Raucci, que constrói uma nova igreja em pedra, adubo e
tijolo, com o piso bem alto, em modo a não ser alagado pelas grandes
enchentes.
Em 1920, no dia 30 de dezembro, houve um episódio curioso:
uma sublevação de cerca de duzentos homens do interior, que
invadiram a cidade e saquearam as casas dos comerciantes hebraicos.
Em 1943 a festa de agosto é celebrada pelo Pe. Francisco de Sá
Cavalcante, vigário de Maués.
Em 1944, 28 de agosto, é fundada a Cruzada Eucarística e no
seguinte dia 27 a Obra das Vocações sacerdotais.
4 – A 15 de agosto de 1948 a festa é realizada pelos padres
Mario Giúdici, vigário de Maués, e Alberto Morelli, do PIME,
Instituto Missionário chegado naquele ano no Amazonas.
Encontraram-se em Barreirinha com Pe. Victor, vigário de Parintins,
que não sabia ter sido Barreirinha confiada ao PIME. Em todo caso
trabalharam fraternalmente, ficando o padre de Parintins com as
espórtulas.

184
Em 1949 pela primeira vez neste século Barreirinha teve um
padre para as cerimônias da Semana Santa, o Pe. Mario Giudici.
Em 1950 o Prefeito cedeu como moradia do padre em suas
visitas a Barreirinha uma salinha da Prefeitura, “para o padre não
morrer na sacristia pelo fedor dos morcegos”.
Em geral era o Pe. Luiz Bellini que de Maués, com grande
zelo, ia assistir o povo da cidade e do interior.
A 27 de dezembro de 1950 Dom Alberto Ramos desmembra
da Paróquia de Parintins o território de Vila Amazônia até o Pará e o
anexa à Paróquia de Barreirinha, que confia aos padres redentoristas,
cuja residência habitual torna-se Vila Amazônia desde o dia 28 do
mês anterior.
-237-

Mas a entrega oficial é realizada a 04 de fevereiro de 1951,


quando o bispo benze a igreja de S. Francisco Xavier e a imagem do
santo ofertada em 1943 por Nicolau Felizola.
De 14 a 21 de setembro de 1952 os Redentoristas pregam as
Santas Missões em Barreirinha, elevando como lembrança no
encerramento um grande cruzeiro de madeira.
Com a saída dos redentoristas em 1953, enquanto Vila
Amazônia passou novamente para Parintins, a paróquia de
Barreirinha ficou praticamente abandonada. Somente em abril de
1955, quando estava para ser criada a Prelazia de Parintins, foi
novamente confiada ao vigário de Maués, na época o Pe. Jorge
Frezzini, que mandou o Pe. Danilo celebrar a Semana Santa em
Barreirinha.
Em maio o Pe. Bernardino Micci fixou em Barreirinha sua
residência, iniciando uma grande atividade religiosa, organizando

185
logo num barracão de palha uma escola primária e um jardim de
infância.
A 29 de junho de 1955, no santuário N. Sra. das Dores do Rio
de Janeiro, é ordenado sacerdote o Pe. Raymundo Agnaldo Pereira
Trindade, nascido em Barreirinha a 15 de março de 1924, de
Maximiliano Trindade Filho e Francisca Pereira Trindade.
Maximiliano por alguns anos foi tabelião e juiz municipal de
Barreirinha e o Pe. Trindade, preferiu exercer seu apostolado no
Norte e precisamente no Acre, na Prelazia do Alto Juruá, onde é
vigário da Catedral de Cruzeiro do Sul.

PARÓQUIA DA PRELAZIA DE PARINTINS

Aos 31 de novembro de 1955, ao ser instalada a Prelazia de


Parintins, Barreirinha esteve presente com a imagem da Padroeira e
numeroso povo.
No mesmo dia foi proclamado vigário da paróquia o Pe.
Bernardino Micci, sendo empossado no dia 18 por Mons. Arcângelo
Cerqua.
Infelizmente o Pe. Bernardino, cansado pelos trabalhos
apostólicos e doente, em janeiro de 1956 transferiu-se ao Sul do País a
procura de saúde.
Foi substituído pelo Pe. Iseo Sandri durante alguns meses.
-238-

A 10 de maio, sempre de 1956, assumia a paróquia o pe.


Carlos Forcella.
No dia 06, numa das visitas de Mons. Arcângelo a Barreirinha,
tinha sido fundada a Congregação Mariana, que o Pe. Carlos
186
começou a assistir com carinho, assim como ao Apostolado da
Oração.
Imediatamente o Pe. Carlos deu-se a visitar o povo do
interior, dando uma atenção especial a Ponta Alegre e a toda a região
dos índios.
No dia 06 de janeiro o vigário fundava “As damas de
caridade” e no mesmo mês começava a preparar material para a
construção dum centro social.
No dia 29 de agosto de 1958 o Pe. Carlos, esgotado e doente,
foi substituído como vigário pelo Pe. Iseo Sandri.
Numa carta enviada de Manaus, dizia “ter chorado” ao sair
de Barreirinha; mas sem explicar ter ele mesmo forçado a
transferência. Isso causou certa indisposição nalguns indivíduos
contra o Prelado e demais padres; ao ponto que o Superior Geral do
PIME, Pe. Augusto Lombardi, solidário com eles, em sua visita à
paróquia a 11 de fevereiro de 1959, recusou ser homenageado pela
cidade.
Pe. Lombardi hospedou-se no quartinho cedido pela
Prefeitura como moradia dos sacerdotes e adoeceu; o fato convenceu-
o ainda mais a exigir que se preparasse uma residência paroquial
mais apropriada. Seu pedido foi satisfeito no mesmo ano. Já em
setembro o irmão Francisco Galliani podia colocar o telhado na casa
paroquial.
1960 – Durante os primeiros três meses do ano foi vigário
interino o Pe. Pedro Vignola, que conseguiu resolver muito bem o
problema duma pseudo-visionária de Pedras, que há quase um ano
vinha espalhando práticas supersticiosas nas imediações.
De 28 de fevereiro e 1º de março, Barreirinha recebeu com
edificação os marianos de Parintins, que fizeram lá seu Retiro de
Carnaval.
187
A 03 de março tomou posse como vigário o bom Pe. Sante
Cortese, coadjuvado pelo Pe. Luiz Bolzanello.
A 29 de setembro o Governador Gilberto Mestrinho deu uma
ajuda em favor da construção da nova matriz.
-239-

É verdade que em setembro de 1958 Pe. Rafael Langone tinha


prolongado de alguns metros a igreja feita pelo Pe. Paulo, mas ela era
demais estreita e faticente; por isso o Pe. Sante resolveu substituí-la
por uma nova, com o apoio do povo. Mais duma vez os moradores de
Vila Carvalho foram embarcar os tijolos em Parintins, que os
moradores das ruas de cima levavam para o lugar da construção.
Com 03 pedreiros de Parintins foram dadas duas arrancadas
decisivas em julho de 1962 e de 1963. Em dezembro deste último ano
estavam prontas paredes, reboco e torre.
Em março de 1964 carpinteiros de Maués colocaram o telhado.
Janelas e piso foram colocados aos cuidados de Pe. Antônio Caliciotti.
Afinal a 25 de jnho de 1964 a bela igreja foi inaugurada e benta por
dom Arcângelo.
- A 07 de janeiro de 1965 assumiu como vigário o Pe. Luciano
Basílico, nomeado a 31 do mês anterior; e recebeu como coadjutor o
Pe. Henrique Pagani.
O Pe. Luciano teve bom gosto em construir altar e nicho da
Padroeira.
- A 28 de janeiro de 1966 é nomeado vigário Pe. Amadeu
Bortolotto, que toma posse no dia 12 de março.
Naquele ano a Prelazia oferece uma Escola em alvenaria a
Terra Preta do Limão, uma das vilas como Pedras, Cametá, etc., que
distinguem o interior de Barreirinha.

188
- Em 1967, a 17 de julho, o Pe. Amadeu viaja para a Itália de
férias, e fica em seu lugar o Pe. Domingos Cannone, que com sua voz
é sua música dá o devido esplendor à liturgia.
A 13 de agosto, à presença do Governador Dr. Danilo Areosa,
o bispo benze a nova Prefeitura, Celetramazon e outros prédios
construídos no governo da Prefeitura dona Socorro Dutra.
No dia 15 seguinte Dom Arcângelo benze também a majestosa
Imagem do Cristo Redentor, levantada no lugar do velho Cruzeiro de
madeira.
A 02 de outubro para e toma refeição em Barreirinha o Núncio
Dom Sebastião Baggio em companhia do Arcebispo de Manaus dom
João de Souza Lima e de Dom Arcângelo, de volta da inauguração da
Rádio Alvorada.
-240-

Nos últimos dias de abril após a Páscoa, o Pe. Mario


Pasqualotto vem a Barreirinha como Coadjutor.
1968 – A 17 de julho Pe. Amadeu chega de volta da Itália e no
dia seguinte Pe. Domingos é transferido para Parintins, no S.
Coração.
O Pe. Henrique Pagani, a tomar conta da região de Boa Vista,
embora esta continue pertencendo à Paróquia de Maués.
A 31 de janeiro de 1969, toma posse o novo Prefeito Dr.
Coriolano Lindoso.
Durante o ano realiza-se o primeiro Curso de Catequese,
iniciando o providencial movimento dos Catequistas, que iria se
aperfeiçoar de ano em ano.
- Em 1970 nascem clubes de homens e jovens e o Ambulatório
Paroquial ganha uma generosa e competente enfermeira italiana,
Giovanna Galli.
189
A 24 de abril instala-se o Ginásio, que acelera o aumento da
população na cidade.
A 1º de maio Pe. Pagani passa a coadjutor em S. José de
Parintins e então Boa Vista volta a ser atendida por Maués.
A enchente castiga fortemente a cidade.
- 1971 – Em abril Pe. Amadeu vai de férias para a Itália e a 05
de maio chega o Pe. Vittorio Giurin.
Em julho o zeloso Pe. Mario dá vida a uma espécie de
comunidade de base na cidade, que divide em 06 quarteirões, com
bons resultados. E no interior inicia retiros para Senhoras.
É pena que no centro desapareça a Congregação Mariana,
porque os marianos, sem apoio na sede, lentamente acabarão
desaparecendo da paróquia. Naquele ano eram 580 e 140 tinham feito
o Retiro.
- A 17 de março de 1972 o Pe. Mario torna-se vigário e a 05 de
maio ganha um válido coadjutor em Pe. Henrique Uggé, que recebe a
responsabilidade direta dos Índios.
O Pe. Vittorio em setembro passa a dirigir o seminário de
Parintins.
Naquele ano mais uma vez dos 620 marianos, 176 fazem o
Retiro.
- Em fevereiro de 1973 os padres passam a morar na nova
residência e cedem a sua para as Irmãs Missionárias da Imaculada,
que chegam a 18 de abril, quarta-feira santa, sendo primeira
superiora a ótima enfermeira Irmã Daniela Galaffu, que assim
permito a Giovanna voltar para a Itália, deixando muita saudade no
povo.
No Natal o povo fica encantado com o Presépio vivente,
sendo diretor principal o Pe. Uggé.

190
- Em 1974, por ocasião da Semana Santa, é representada a
Paixão de Cristo.
Mais tarde a celebração do Ano Santo causa um consolador
despertar de fé, especialmente entre os homens.
No entanto além do Matopiri, para encontros e retiros, servem
também as comunidades do Piraí e Cristo Redentor.
Pelo Natal é posta em cena a “História da Salvação”.
- Em 1975 a 05 de janeiro Barreirinha leva no Cine-Teatro da
Paz de Parintins a “História da Salvação” e a 21 de março “A Paixão
de Cristo”, entre a mais grata admiração dos parintinenses.
A 30 de março o Pe. Mario sai de férias para a Itália e a 25 de
junho reassume como vigário o Pe. Amadeu.
A grande enchente aconselha a celebrar a festa a 12 de
outubro.
- Em 1976 a enchente, ainda maior do que a de 1973, provoca
o crescimento do bairro S. Luzia. A água é tão alta que a 02 de junho
o bispo alcança a casa das irmãs de canoa. Por isso novamente a
Padroeira é festejada em outubro, no dia 03; e no mesmo dia é
colocado à frente da paróquia o Pe. Vicente Pavan, que comenta o
povo de Parintins “com suas pernas compridas não irá facilmente no
fundo em Barreirinha durante as enchentes”.
- Em 1977, de fevereiro, sai o boletim semanal “Comece em
sua casa”.
A 02 de abril é constituído o Conselho Paroquial restrito de 04
membros; em seguida são nomeados os presidentes de setores da
cidade.
Para os catequistas é organizado um pequeno Centro de
Catequese, sob a orientação da Irmã Alzira Munhoz.
Durante o mês de outubro tomam-se várias iniciativas em
favor das missões.
191
-242-

- A 12 de maio de 1979 o Pe. Vicente sai de férias para a Itália,


substituído provisoriamente pelo Pe. Henrique Pagani, que ao
mesmo tempo substitui também o Pe. Gabriel de Boa Vista do Ramos.
- A 29 de janeiro de 1980 o Pe. Vicente volta da Itália, em
tempo de tomar parte na Assembléia Pastoral da Prelazia.
- Às 08 horas de 31 de julho Barreirinha tem a grande honra
de receber o Cardeal Marcos Ce, Patriarca de Veneza, que volta para
Manaus depois do almoço, fazendo uma parada em Parintins.
Ele veio visitar os filhos de sua arquidiocese missionários no
Brasil; e o Pe. Vicente é um deles.
O Cardeal pode admirar a nova Barreirinha, criada pelo
perseverante trabalho do Prefeito Dr. Coriolano Lindoso e da
Deputada Estadual Dona Socorro Dutra: ruas aterradas e
pavimentadas e edifícios modernos como a Unidade Escolar,
ambulatório e posto médico, estádio, Hotel, Centro Social, Banco do
Estado, Biblioteca.
Estão também surgindo boas construções de particulares,
como a residência do poeta Thiago de Mello, que, depois de muitos
anos, voltou a terra natal.

-243-

192
Nova Matriz de N. Sra. do Bom Socorro de Bom Socorro de
Barreirinha
Praça alagada pela enchente de junho 1976

193
Barreirinha: Vigário e Irmãs Missionárias da Imaculada

194
NHAMUNDÁ

Paisagem de Lenda e Poesia

A cidade de nhamundá cujo nome provém de Jamundá antigo


Tuchaua índio da região, está situada num dos lugares mais
encantadores da Amazônia, numa pequena Ilha do Rio Nhamundá,
na entrada do lago de Faro, um lindo anfiteatro de água azul, com 03
milhas de comprimento e 02 de largura, moldurado por colinas e
enseadas com ricas pastagens e verdes florestas.
O Rio Nhamundá é o célebre rio cuja foz a 22 de junho de 1641
se teria dado o tão propalado encontro de Francisco Orellana com as
mulheres guerreiras, “as Amazonas”, “Icamiabas” em língua
indígena.
É o mais belo afluente do Amazonas em seu curso superior.
De fato do Paratucú até o lago de Faro “é vasto e magnífico, dum azul
profundo, correndo quase sempre por entre montes, revestido duma
vegetação vigorosa, recortada de pontas e enseadas e bordado de
praias de areia alvíssima, acidentes constantes que o acompanham até
a cidade de Nhamundá”.
“Na aba da Serra do Copo fica um famoso lago de água
cristalina, chamado Lago do Espelho, ou Espelho da Lua. Foi à beira
deste lago que nasceu a lenda do “Muiraquitã” (Enciclopédia dos
Municípios).
O Pe. José de Moraes em suas memórias do Maranhão escreve
a respeito:
“Nas cabeceiras deste rio há um lago de onde se tiram umas
pedras verdes com muitos e vários feitios, de que se infere com
grande evidencia ser algum barro, que dentro d’água, como coral, se
195
conserva molle, e enquanto assim está, se formam d’elles as figuras
que querem, mas depois de tirado d’água, se faz tão duro e de
têmpera mais forte que pode haver. Mostrando-se uma destas pedras
a um lapidário em Lisboa, disse que pelo toque mostravam ser
pedras finas. Dizem que estas pedras são as verdadeiras pedras
neofriticas e que tem a mesma virtude. É certo que Mr. De La
Condamine fez um grande apreço d’ellas...”
-249-

O Cônego Bernardino, que transcreve a referencia citada em


seu livro “Lembranças e curiosidades do Valle do Amazonas”, pag.
140, diz ainda à página 170 que a respeito dessas pedras verdes “a
que dão o nome indígena de muiraquitã e cujo fabrico atribuíam às
amazonas, são muito raras porque os índios a guardam como
preciosidades... A essas pedras atribuem propriedades maravilhosas
e dizem que curam certas enfermidades, como a cólica nefrítica, a
epilepsia, as moléstias de fígado e outras... Buffon dá-lhes o nome de
jade...”.

QUESTÃO DO CONTESTADO

Mendonça Furtado a 10 de maio de 1758, devidamente


autorizado, tinha dado como limites entre Pará e Capitania do Rio
Negro “o Rio Nhamundá” e o “outeiro chamado Maracá-Açú”. E isso
foi confirmado quando em 1825 foi constituída a Comarca de
Manaus.
Entretanto o Pará na realidade avançou todo tempo com sua
administração até o “outeiro” da Serra; e quanto ao Nhamundá,
enquanto o Amazonas apontou sempre como foz o navegável Bom
196
Jardim, o Pará indicava a Foz no Caldeirão e até no Cabory, que de
verão seca completamente.
Daí longas lutas jurídicas, em que a um certo momento a tese
do Pará foi defendida pelo Dr. João Amazonas, enquanto o
Amazonas teve seu competente campeão em José Furtado Belém, que
propugnou a tese de nosso Estado em dois livros: “Limites Orientais
do Estado do Amazonas” e em 1916 “Amazonas/Pará – Questões de
Limites”.
Contemporaneamente o Amazonas quis fortalecer sua
permanência na região do Nhamundá com o Governador Afonso de
Carvalho, que em março de 1908 transferiu para a Ilha das Cotias a
coletoria de rendas que tinha sido instalada a 1º de outubro de 1907
no Lago do Adoacá.
-250-

Na Ilha houve uma reunião, a 21 de junho do mesmo ano de


1908, sob a presidência de José Furtado Belém, sendo secretário
Tomaz Antônio da Silva Meirelles e a Ilha se chamou “Afonso de
Carvalho” em homenagem ao Governador.
Enfim se chegou a criar o Município de Nhamundá, com Lei
estadual nº 96 de 19 de dezembro de 1955, dando a sede o nome de
Nhamundá. A instalação do Município deu-se a 31 de janeiro de 1956.
O último estremecimento entre os dois Estados, pela questão
do Contestado, deu-se em maio de 1958, sendo governador do
Amazonas Gilberto Mestrinho e do Pará o já doente Magalhães
Barata.
As eleições municipais de 13 de dezembro de 1959, em que foi
eleito Prefeito Manuel Coelho Pinheiro, arquivaram de vez o
problema, ficando assim como limites dos Estados a Serra de
Parintins e o Bom Jardim.
197
PRIMEIROS PASSOS DA FÉ NO NHAMUNDÁ

A região do Nhamundá era habitada por índios Condurizes e


Faro, aldeia de Uaboys ou Nhamundás, foi a primeira sede de
missionários. Foi antes Missão dos jesuítas e depois dos padres
capuchos.
De Serafim Leite, III, pag. 276, sabemos que em 1660 adoeceu
o Pe. Manuel de Souza, companheiro de Pe. Manuel Pires, faleceu e
enterrou-se “na aldea dos bárbaros Condurizes”, em seguida porém
seus ossos foram levados para Belém”.
O mesmo autor, à pag. 277, relata que foi fundada a Aldeia de
S. Cruz do Nhamundá, entre os índios Condurizes “a ser visitada
pelos missionários dos Tupinambaranas”.
“Os superiores dos jesuítas passavam por lá, como fez o Pe.
Bettendorf durante seu superiorado de 1690 a 1693; “passou pelos
Condurizes 36 léguas abaixo da Ilha Tupinambarana para banda do
Norte” (S. Leite, III, 377).
Essa aldeia ficava pouco abaixo da confluência do Paratucú
com o Nhamundá,no lugar que ainda apresenta restos, Tauaquera (=
aldeia velha na língua indígena).
-251-

Em 1693 os padres capuchos, forçados pela distância mais do


que pela insalubridade, transferiram a Missão para Faro, que a 21 de
dezembro de 1758 por Mendonça Furtado foi elevada a Vila.
No Partucú, Amazonas, acharam abrigo muitos fiéis de Faro
durante a guerra da Cabanagem, em 1836. Foi com eles o próprio
198
vigário, padre secular, que lá morreu e teve sepultura na beira do rio,
onde até hoje é apontada pelo povo.
Faro em 10.08.1836 foi berço natal de Pe. José Nicolino de
Souza, que estudou na França e em Roma, foi vigário de Óbidos e
depois de Oriximiná até sua morte. A 20.02.1893 deu natal a outro
padre, José Tomaz de Albuquerque; enfim a 30.09.1925 ao Pe. José de
Azevedo Tiuba, ordenado em Roma aos 17.03.1952, Barnabita no Rio
de Janeiro.
Praticamente era Faro que dava assistência religiosa mesmo
aos amazonenses da região. Mas com o aparecimento dum núcleo de
gente na Ilha, em redor da coletoria, também os vigários de Parintins
começaram a olhar para aquele povo.
O Pe. José Victor Heinz, visitava anualmente o lugar,
interessando-se vivamente da construção da capela.
Em 1947 entretanto recusou-se a dirigir a Festa de S. Antônio,
porque a mesma era muito pouca religiosa; e servia mais para alguns
particulares ganharem dinheiro, inclusive por meio de profanações.
Além do mais sumiram 1.000 tijolos e 300 telhas do material da igreja.
Apesar de tudo, especialmente pelos cuidados do Sr. Severino
Rodrigues, finalmente a capela ficou pronta e em 1951 foi terminada
também a torre.

PARÓQUIA DE NHAMUNDÁ

Com a instalação da Prelazia a região de Nhamundá ganhou


uma assídua assistência por parte dos padres de Parintins, na Ilha e
no interior.
O Pe. Jorge Frezzini, por exemplo, de 19 a 22 de abril de 1956,
pregou uma frutuosa missão no Cúria, onde regularizou com o santo
199
matrimônio 53 das 56 famílias da comunidade, que se animou ao
ponto de construir num só ano uma das mais bonitas capelas do
interior.
-252-
A mesma foi inaugurada a 12 de maio de 1957 pelo
Administrador Apostólico Mons. Arcângelo Cerqua, acompanhado
pelo superior do PIME no Brasil Pe. João Airaghi.
O projeto de criar a paróquia encontrou apoio por parte do
Governo do Estado e o secretário da Fazenda, Prof. Gilberto
Mestrinho, ofereceu uma das casas da coletoria como residência
provisória dos padres, em maio de 1958.
A 24 de maio chega o Pe. Danilo Cappelletto para preparar a
paróquia. Ninguém aparece a recebê-lo; somente 04 ou 05 crianças
que estão brincando na praça se aproximam da beira pela curiosidade
de ver quem era aquele homem de barba.
No dia seguinte, festa de Pentecostes, apenas 10 pessoas
participam da Missa.
No dia 24 de junho, sempre de 1958, chega o Pe. Iseo Sandri,
destinado como vigário. Os dois padres preparam com carinho a
Festa de S. Antônio, e no dia distribuem somente 15 Santas
Comunhões.
A 15 de agosto de 1958 é criada a Paróquia dedicada a N. Sra.
da Assunção, ficando S. Antônio como Padroeiro secundário.
Naquele dia a capela se anima bastante, com a distribuição de
fitas a 15 crianças da Cruzada Eucarística.
Poucos dias depois, a 28 de agosto, o Prelado precisa do Pe.
Iseo para o enviar vigário a Barreirinha e nomeia vigário de
Nhamundá o Pe. Danilo. A incomum bondade deste padre é posta à
prova logo no mês de setembro, quando um rapaz doentio, vitima de
visões imaginárias, arrasta muita gente para práticas supersticiosas.
200
No mês de outubro, por uma espécie de peregrinação da
imagem de N. Senhora nas casas, desperta mais devoção na cidade e
no Natal já se nota um maior movimento na capela, e um bom clima
de fé, quando os fies podem admirar na capela pela primeira vez um
bonito presépio armado pelo Irmão Bruno.
A 14 de agosto de 1959, acompanhada pelo Pe. Jorge Frezzini,
chega a bonita Imagem da Padroeira N. Sra. da Assunção, presente
do Colégio Assunção do Rio, rodeada de muitas embarcações idas
encontra-la na boca do Maracanã.
-253-

APONTAMENTOS HISTÓRICOS DA PARÓQUIA

- 20.11.1959 – Pe. Danilo em companhia de Pe. Silvio visita os


índios Iskarianá no Alto Nhamundá, voltando no dia 02 de
dezembro. Todo ano depois fielmente voltará entre eles.
- Em novembro de 1961 o Pe. Rafael Langone chega como
coadjutor e a 29 de junho de 1962 induz a festa de S. Pedro pescador.
- Em 04 de março de 1964 Pe. Demetrio Sanna é nomeado
vigário, sendo coadjutor o Pe. Gabriel Módica.
- A 18 de dezembro de 1966 assume como vigário o Pe.
Gabriel, que dará grande atenção à promoção humana na região,
limpando furos, instalando escolas e pequenos ambulatórios nas
comunidades. No inicio é ele quem paga as professoras; depois
consegue que 12 capelas assumam aquela responsabilidade.
- Em 1967 Pe. Gabriel fortalece as comunidades procurando
fundar nelas a Congregação Mariana e o Apostolado da Oração.
No fim do ano havia 36 Marianos na SS. Trindade do Adoacá,
12 em S. Benedito, 10 no Laguinho, 28 no Calderão e 28 no Corocoró.
201
- A 20 de abril de 1968 chega como coadjutor o Pe. Bento Di
Pietro e atirava-se generosamente no trabalho apostólico. Assim o Pe.
Gabriel tem mais tempo para atividades sociais; organiza aulas de
corte e costura, abre campos de pouso em Nhamundá e outros
lugares, alista centenas de eleitores no município para poder chamar
a atenção dos políticos sobre os problemas do povo.
- Em fevereiro de 1969, 135 Marianos realizaram o retiro de
Carnaval no Laguinho.
Durante o ano a cidade ganha o Clube dos Pais, com escola de
corte e costura.
- Em 1970 o Pe. Gabriel consegue que o DNERU de Manaus
envie vacinadores para vacinar todo povo do interior contra as
endemias da época. Nas suas inúmeras iniciativas em favor do povo
recebe boa colaboração por parte do prefeito José Bustamante
Rodrigues.
- A 12 de janeiro de 1971 o Pe. Bento é nomeado vigário e dá
muita ênfase à catequese, auxiliado pelo Pe. Antônio Accurso que
chega logo depois no dia 04 de fevereiro.
-254-

- A 09 de maio de 1972 inicia o Ginásio em Nhamundá e a 13


de agosto começa também a construção da casa das Irmãs, que
prometem vir ajudar na paróquia.
- A 22 de agosto de 1973 passa a trabalhar como coadjutor em
Nhamundá o Pe. José Filândia.
- Em 04 de março de 1974 o Pe. Bento é chamado na Itália pelo
PIME, para trabalhar na animação missionária, e o Pe. Antônio
Accuso é nomeado vigário.

202
- De 23 a 29 de setembro Dom Arcângelo com alguns
Cursilistas de Parintins, prega uma semana do Ano Santo em
Nhamundá com muito fruto.
- O ano de 1975 é muito feliz para a Paróquia, porque no dia
16 de agosto é inaugurada a Nova Matriz, construída com arte e amor
pelo Pe. Antônio, com generosa colaboração do povo.
- A 17 de março de 1976 chegam em Nhamundá as Irmãs
Missionárias da Imaculada, coordenadas pela Irmã Tarcila Tedesco,
iniciando um apostolado de fé e caridade mais que precioso.
E a 16 de junho a paróquia ganha um bom barco motorizado,
da Adveniat, e por gratidão registra-o com este nome.
- Em 09.04.1977 Pe. Bento, terminada sua missão na Itália,
reassume a direção da Paróquia, em lugar do Pe. Antônio, convocado
por sua vez na Itália, desde 16 de agosto do ano anterior.
Com o Pe. Zezinho Filândia e as irmãs o vigário intensifica a
assistência às comunidades, organizando séries de Cursos Bíblicos,
encontros e Doutrina cristã, Retiros espirituais.
No entanto em várias comunidades, constroem-se capelas em
alvenaria.
- A 25 de dezembro de 1977 na comunidade do Cutipaná uma
tragédia enluta muitas famílias. Enquanto o povo está brincando
perto da capela, ao som duma eletrola, um raio na madrugada mata
07 pessoas e fere mais 20.
- No ano de 1978 o Pe. Bento reforma o Centro Social,
permitindo o funcionamento do Centro de Catequese e equipando
melhor a sede dos garotos para as tantas atividades do Pe. Zezinho
em favor deles.
Na festa de agosto, no dia 15, o bispo Dom Arcângelo tem o
prazer de inaugurar o bonito salão paroquial e elogiar o Boletim
“Bemtevi” que a paróquia publica.
203
-256-

O balanço de cursos e retiros ao longo do ano é muito rico: 14


cursos de doutrina cristã com 410 alunos: 14 retiros com
1403retirantes; curso de datilografia com 50 alunos.
Os padres de Nhamundá dão assistência espiritual também à
cidade de Faro, e a 21 de dezembro de 1978 melhoram a matriz com
uma grande lage de teto.
Em 1979, a 05 de março, começa a funcionar o Jardim de
Infância “Vitória Régia” no salão paroquial sob a direção da Irmã
Doralice Franco Correa, enquanto se prepara uma sede própria.
- A 13 de fevereiro de 1980 o povo, que tinha ficado magoado
pela indicação dum pastor protestante a diretor da Unidade
Educacional, aceita em festa a Irmã Doralice que chega com a
nomeação de Diretora do 2º Grau e da Unidade. Ela recebeu o cargo
pelas insistências de todos e para o bem do povo.
- A Prelazia de Óbidos ganhou alguns Missionários do Verbo
Divino; e assim da Páscoa em diante os padres de Nhamundá ficam
aliviados do pastoreio de Faro, que há vários anos vinham exercendo
com abnegação e carinho.
- A 23 de março procede-se à inauguração do bonito prédio do
Jardim de Infância “Vitória Régia”, com a presença do Bispo Dom
Arcângelo.
Essa linda escola, com a bonita Igreja da Assunção e demais
edifícios paroquiais, se condiz perfeitamente com o acertado
ajardinamento da praça, com a limpeza das ruas e com a linha
modesta mas elegante dos edifícios e particulares, todos de recente
construção.
Tudo contribui para que aquela vilazinha de poucas dúzias de
moradores de 25 anos atrás, seja agora uma cidade de 1.700
204
habitantes, coloca num paraíso terrestre, cheia de vida e encanto,
digna de construir uma tranqüila e esplendorosa estação de turismo e
veraneio de primeira classe.
-256-

205
Praça da cidade de Nhamundá com o monumento a N. Sra. da
Assunção e Igreja Matriz

Obras Paroquiais de Nhamundá. Os padres da Paróquia com o


Superior Geral do Pime Pe. Fedele Giannini

206
OS ÍNDIOS DA PRELAZIA

1 – O breve esboço histórico do desenvolvimento religiosa nesta


região deve ter dado uma idéia do compromisso evangélico dos
Jesuítas em favor de nossa população indígena de 1660 a 1750.
Em seguida acenou-se à paternal preocupação de frei José
Álvares das Chagas, em Parintins, e de frei Pedro de Ceriana, no
Andirá, em defesa dos índios.
As devotas orações e lindos cânticos repetidos
entusiasticamente pelas malocas Maués, inclusive por quem
desconhece o português; os nomes de Santos e mistérios católicos
alardeados até às cabeceiras do Andirá e Marau; as capelas e as
tradições impregnadas de cristianismo, são todas provas do constante
carinho dispensado pela Igreja aos nossos índios, de que afinal
provém grande parte de nossa população.
Infelizmente nos últimos decênios tem havido a presença
polêmica e desagregadora dalgumas seitas protestantes. Entretanto a
Igreja, com a criação da Prelazia, voltou-se com redobrado empenho
à evangelização e libertação integral de nossos índios.
2 – Os padres de Nhamundá, particularmente o Pe. Danilo, antes
mesmo da instalação da paróquia, tomaram vivo interesse pela tribo
ISKARIANÁ do alto Nhamundá, que naquele tempo contava com
cerca de oitenta índios semi-nômades.
Nos anos de 1966 a 1968 foram visita-los várias vezes.
Sabendo-os encaminhados para a Guiana Britânica pelo pastor
protestante de língua inglesa, Pe. Danilo hospedava longamente os
que baixavam até Nhamundá e até trouxe os mais influentes à cidade
de Parintins, que lhes deu acolhida e ajuda fraterna.
-261-

207
No ano de 1968, para podê-los visitar mais facilmente, Pe.
Danilo, com a cooperação dos próprios índios, por desejo da
Aeronáltica manifestado através de Dom Floriano, abriu um pequeno
campo de pouso em sua maloca.
Mas a 03 de outubro de 1968, uma infeliz aterrissagem
danificou a Cessna da Prelazia em modo de não poder voar,
deixando os padres Danilo e Vignola ilhados com os índios da
maloca.
No dia 06, um avião da FAB, vasculhando a região, deu-se
conta do acidente e assim no dia 07 um “Piper” pousou levando
socorro; mas deixou lá um missionário, o Pe. Augusto. Dias depois os
três desceram pelo rio, numa voadeira levada pelo Pe. Luciano.
Voltaram todos com malária. A 12 de dezembro também o avião foi
posto em condições de ser trazido a Parintins. No entanto os amigos
da onça tinham espalhado a calúnia de que o aéreo passara aquele
tempo contrabandeando ouro para Georgetown. Naturalmente o
boato fez com que a Polícia Federal viesse indagar dois anos seguidos
sobre a Prelazia, até que chegando afinal na maloca averiguou a
realidade da queda e da imobilização do velívolo.
Permaneceu em seguida durante alguns anos, com o apoio da
FUNAI, um protestante de língua inglesa, do Instituto de Línguas de
Verão; praticamente atuou como pastor e procurou formar os índios
na sua religião, embora muitos deles tivessem já recebido o batismo
católico.
Uma norma da FUNAI, de que onde havia uma crença
religiosa não chegasse outra diferente atiçando discórdia, tornou
quase impossível aos nossos padres chegar entre os Iskarianás. Neste
ano entretanto foi-lhes novamente concedida licença de entrada; e o
Pe. Zezinho aproveitou logo para passar em abril duas semanas entre
eles.
208
3 – No fundo dos municípios de Barreirinha e Maués, numa região
que ladeia o Alto Andirá do talvegue do Mamuru ao Rio Urupadi,
vivem cerca de três mil índios Maués – Sateré, cultivando
tranquilamente suas terras, agora demarcadas oficialmente, sem
riscos de invasões.
Desde a chegada dos padres do Pime em Maués, em 1948 deu-
se a eles a devida atenção.
O Pe. Luiz Bellini foi incansável em visitas demoradas aos do
Município de Maués.
- 262-

Em 1953 o Pe. Jorge Frezzini, quando vigário em Maués, levou


até Manaus alguns deles com tuxaua Emílio, para pleitearem junto ao
Governador providências em favor da tribo.
Com a criação da Prelazia, ficou encarregado principal da
Pastoral indígena o Pe. Iseo Sandri, que se ocupou mais do setor de
Maués, enquanto do lado de Barreirinha interessavam-se mais os
padres daquela paróquia.
4 – Quanto ao setor de Maués, numa viagem ao Marau, a 28 de junho
de 1959 os padres prometeram os índios uma escolinha que de fato
começou a funcionar a 03 de abril de 1960.
Em fevereiro de 1961 o Pe. Iseo passou a morar estavelmente
no Marau, com o irmão Francisco Galliani, no lugar “N. Sra. de
Nazaré”.
Logicamente Nazaré com sua escola e com a residência
missionária tornou-se um centro vital para os índios, que receberam
grandes benefícios e não só de ordem espiritual. Aprenderam por
exemplo a cuidar melhor de sua saúde, a vender melhor seus
produtos, especialmente o guaraná, grande produto local.
As mulheres aprenderam a costurar etc.
209
Três anos depois, por motivo de saúde, o Pe. Iseo com o Irmão
voltou a residir em Maués; mas eram freqüentes suas visitas no
Marau e atencioso o acolhimento em Maués, dos índios, em cujo
favor construiu uma casa abrigo na cidade para acolhe-los em suas
viagens.
Em 1969 com a chegada em Maués das Missionárias da
Imaculada, os índios do Marau ganharam verdadeiras mães,
especialmente na Irmã Estefânia Berrini, que era feliz em passar
meses inteiros no Marau.
5 – Quanto ao setor do Andirá, em 1965 a Prelazia resolveu
acrescentar às costumeiras visitas às malocas a abertura duma escola
em Ponta Alegre, que alcançou a matricula de 90 crianças e jovens.
Assumiu a direção da escola com a sua irmã e depois com uma amiga
a Senhorita Angelina Correa Silveira, que se dispôs generosamente a
sair de sua Comunidade do Arquinho para cumprir uma verdadeira
Missão. Além do ensino primário, por alguns anos deu inclusive
preciosas aulas de corte e costura às moças da Escola.
No ano de 1967 em agosto, Ponta Alegre ganhou da Prelazia
material com que foi construída, com a ajuda dos fiéis locais, uma
grande capela, com escola ao lado, em alvenaria.
-263-

De 1968 a 1972 o setor do Andirá ficou aos cuidados do Pe.


Mario Pasqualotto, que procurou conhecer língua e tradições dos
índios, com ajuda de visitas pessoais dos padres Casimiro Betska e
Antônio Lasi.
Em 1972 o encargo passou ao Pe. Henrique Uggé, que
continua se esforçando a cumprir bem sua tarefa com estudos de
lingüística e antropologia.

210
A 21 de novembro de 1974 o bispo conseguiu, em S. Paulo, da
Provincial das Missionárias da Imaculada, uma equipe de três irmãs,
para cuidarem exclusivamente dos índios juntas ao Pe. Henrique
Uggé. Foram escolhidas as Irmãs Estefânia Berrini, Rita Pasqua e
Adele Colombo.
Mais tarde a irmã Estefânia foi substituída pela irmã Verônica.
Em 1973 em Ponta Alegre foi construída uma discreta
residência em alvenaria, para hospedar melhor os missionários.
É pena que nos últimos tempos Pe. Uggé, por doença, tenha
demorado fora da Prelazia. Mas agora completamente restabelecido,
reiniciou sua generosa atividade com uma programação bem
atualizada e eficiente.
No início do corrente ano de 1980 nossos índios receberam da
Prelazia uma embarcação motorizada para suas viagens dentro e fora
da área indígena.
E em setembro ficou pronta em Parintins a Casa do Índio,
para receber aqueles irmãos condignamente nas suas constantes
viagens. Com a Prelazia tem contribuído para essa casa de coração
aberto o povo de Parintins na Campanha da Fraternidade 1980.
6 – Nosso índios tem participado constantemente de retiros e
encontros com os demais fiéis das comunidades; e tiveram também
retiros e assembléias só para eles.
As escolinhas das malocas do Andirá, organizadas pela
Prelazia em colaboração com a Prefeitura de Barreirinha, estão
preparando as novas gerações a viver em pé de igualdade com os
demais habitantes da região, conservando entretanto seus preciosos
valores.
Na noite de 10 de julho de 1980, entre os índios que estiveram
com o Papa no Arcebispado de Manaus, havia também alguns Sataré-
Maué do Marau e o Tuchaua geral Donato.
211
-264-

Foram os Maués que, reunidos antecedentemente pelo CIMI


com os demais índios em assembléia de três dias no Preciosíssimo
Sangue, assinaram e integraram ao Papa um apelo-denúncia, com
nome de autoridades consideradas inimigas dos índios.
O documento, diz também:
“Nós Sataré-Maués, somos um grupo de 3.865 índios que não
temos perseguição por parte desses políticos que estão perseguindo
nossos irmãos índios do Brasil...
Queremos também uma ajuda de sua parte para melhorar o
trabalho da missão indígena sataré-maué... Atualmente temos a ação
católica no meio de nossa tribo... A nossa tribo fica no município de
Maués e Parintins”.
Em seguida entre os índios que deram presentes ao Papa,
desfilou também o tuchaua Donato Lopes da Paz.
Ao chegar sua vez apontou satisfeito ao Papa Dom Arcângelo
que estava bem juntinho, chamando-o “nosso chefe”. A palavra foi
repetida sorrindo pelo Santo Padre, que imediatamente colocou no
pescoço o colar índio oferecido pelo Donato.
Este, no dia seguinte, durante a S. Missa na Bola da Suframa,
foi um dos 50 escolhidos para receber a Eucaristia das mãos do Papa.

POPULAÇÃO INDÍGENA ATUAL

212
Os ISCARIANÁ moram no alto Nhamundá, acima da
cachoeira Caçauá e numa maloca só chamada Caçauá. Seu número é
em aumento: atualmente são 305.
A tribo SATARÉ-MAUÉ está localizada em sua maioria no
Alto Andirá e no Marau, afluente do Rio Maués; e sua área de cerca
de 639.500 ha, foi demarcada pelo Decreto nº 76.999.
Aproximadamente são 2.500 pessoas.

-265-

213
Maloca Tuxaua Capela Padroeiro

RIO ANDIRÁ
Ponta Alegre Antônio alvenaria S. João Batista
Castanhal Amado
Molongotuba Manoel taipa
Simão Donato Lopes taipa S. Pedro
São Luis Itelvino taipa S. Luis
Torrado Leonidas taipa
Kukui Leonidas taipa
Campo Amado taipa
Santa Cruz Timaço taipa Sta. Cruz
Fortaleza Geraldo taipa
Terra Preta Franki taipa
São Raimundo Candido S. Raimundo
São Paulo Paulino só armação S. Paulo
Livramento Antônio taipa N. Sra. do
Conceição Darico só armação Livramento
N. Sra. da
RIO MAJARU Conceição
Curuatuba Alexandre taipa
Santa Maria Luis taipa
Ascensão
RIO MARAU Santa Maria
São José Carminho taipa
Nazaré Targino taipa
Cinco Kilos Antônio taipa S. José
214
Marau Novo Guedo taipa N. Sra. de Nazaré
Sto. Antônio
RIO MIRITI S. Pedro
Miriti Armindo taipa

Menino Deus

Observação: Há três aldeias protestantes no Andirá:


Umirituba, Nova América e Vila Nova; e uma no Marau: Esperança.

-266-

215
Dom Arcângelo em visita à capela do Simão no Alto Andirá –
Índios Maué-Sataré

216
Família Iskarianá do Alto Nhamundá

217
Indiazinhas da tribo Iskarianá do Alto Nhamundá

“A VINHA E OS OPERÁRIOS”

Superfície da Prelazia

O Papa Pio XII, criando a Prelazia de Parintins a 12 de julho


de 1955 com a Bula “Céu Boni Patris Famílias”, deu-lhe por sede
Parintins e como Padroeira Nossa Senhora do Carmo; e colocou sob a

218
jurisdição os três municípios daquela época: Parintins, Maués e
Barreirinha.
Em 1956 houve a instalação do novo município de
Nhamundá, por simples desmembramento do território de Parintins.
Mas a 13 de abril de 1961 foram desmembrados de Maués os
municípios de Mundurucus e Paracony (este com sede em Abacaxis),
e ambos em 1963 foram cedidos à nova Prelazia de Borba. E a cessão
ficou valendo mesmo na extinção dos dois municípios à obra da
Revolução de 1964. Só que a região até o rio Paracuny foi devolvida a
Maués e à Prelazia de Parintins, ficando pois, aquele rio como linha
divisória.
Em compensação faz parte de Parintins e da Prelazia a região
do Alto Mamuru, embora situada além da linha traçada há mais dum
século no mapa e considerada teoricamente limite entre os Estados do
Pará e Amazonas.
Qual é pois a área da Prelazia?
Penso que poderemos sabe-la só depois que forem publicados
os estudos que vem sendo feitos pelo Projeto Radam do Exército. Por
enquanto não é possível dá-la com exatidão; não só pela dificuldade
de calcular a faixa do Mamuru, quanto pela incerteza dos atuais
dados dos municípios e particularmente de Maués.
-273-

De fato o IBGE na Enciclopédia dos Municípios apresenta


uma superfície total de 75.654 km2, enquanto pelas suas agências
locais denuncia um número bem menor, aqui transcrito:

Parintins km2 3.646


Maués “ 37.980
Barreirinha “ 6.608
219
Nhamundá “ 10.435

“ 58.669
“ 60.000 (incluindo o Alto
Mamuru).

POPULAÇÃO

Enquanto não terminar o recenseamento, só podemos oferecer


dados baseados em estimativa.
Comparando com a área, o número complexivo dos
habitantes é bem modesto; precisa entretanto lembrar que estamos na
Amazônia, em cujo interior o índice demográfico do Médio
Amazonas é o mais elevado.
De fato em zona equatorial geralmente só há vida e gente,
onde há água; e aqui nós vivemos numa floresta entrecortada por um
labirinto de lagos de todo tamanho e rios de qualquer largura e
comprimento. Basta anotar o próprio Amazonas, da Serra ao Paurá,
os Paranás do Ramos e Urariá e os grandes afluentes que neles
deságuam, assim como o Arari, Apoquitaua, Maués-Açu, Andirá,
Uaicurapá etc.
Há pois gente em toda parte, espalhada em grupos e
comunidades em beira de rios e lagos, de modo que na Prelazia seus
apóstolos são realmente pescadores de homens.

Zona Urbana Zona Rural Total


Parintins 37.000 20.000 57.000
Maués 13.000 20.000 33.000
Barreirinha 3.000 15.000 18.000
Nhamundá 2.000 12.000 14.000
220
Zona Indígena - - 3.000

125.000
habitantes

-274-

PARÓQUIAS

1 – Nossa Senhora do Carmo, de Parintins, com sede na igreja


Catedral.
Nasceu oficialmente como Missão em 1803 sob a direção de Frei
José das Chagas, presente no lugar desde 1798.
Até 1895 funcionou na igreja da atual praça Cristo Redentor;
depois passou para a igreja hoje chamada do S. Coração, donde
foi transferida definitivamente para a atual Catedral a 31 de maio
de 1962.
Em setembro deste ano, além de cuidar do centro da cidade,
começou a tomar conta das Comunidades Rurais de Cima,
recebendo-as da paróquia de S. José.

2 – S. Coração, de Parintins.
Foi criada a 31 de maio de 1962, com sede na antiga matriz de N.
Sra. do Carmo.
221
A ela pertencem, por enquanto, os bairros Palmares e S. Clara e as
Comunidades Rurais de Baixo.

3 – S. José Operário, de Parintins.


Foi criada a 1º de maio de 1971; e a ela pertencem os bairros S.
Benedito, Taguatinga, Cohabam e as Comunidades de
Parananema, Aninga e Macurany.

4 – N. Senhora da Conceição de Maués.


Nasceu como Missão em 1803, sob a alta direção de Frei José
Álvares das Chagas, mas praticamente guiada pelo coadjutor Pe.
João Pedro Pacheco.
Na Paróquia festeja-se com muita solenidade o Divino Espírito
Santo.

5 – N. Senhora do Bom Socorro.


Criada como Missão do Andirá a 02.10.1804 sob a direção de Frei
Pedro de Ceriana, em 1852 foi elevada a Freguesia. A 13 de maio
de 1873 foi transferida para Barreirinha.

6 – N. Senhora de Assunção de Nhamundá.


Foi criada a 15 de agosto de 1958.
Em 1968 foram criados também na Prelazia dois CURATOS, uma
espécie de pré-paróquias, com certa autonomia:
1 – Boa Vista do Ramos, cuja Padroeira é N. Sra. Aparecida.
2 – Ponta Alegre e Marau, Missão entre os índios Sataré-Maués.

-275-

222
DIREÇÃO DA PRELAZIA

BISPO PRELADO: Dom Arcângelo Cerqua


- Nascido em 02.01.1917, em Giugliano (Nápoles, Itália), diocese de
Aversa, filho de Antônio Cerqua e Maria Assunta Cecere.
- Foi ordenado sacerdote na Catedral de Milão pelo Cardeal Ildefonso
Schuster a 29.06.1940.
- Durante 07 anos foi professor no seminário de Ducenta (Pime),
administrador e pregador de Missões ao povo.
- A 16 de março de 1948 recebeu o Crucifixo de missionário pelas
mãos do Cardeal Siri em Genova e deixou a Itália destinado
missionário na Amazônia. Chegou na Bahia a 16 de abril e em
Macapá a 29 de maio, empossado no mesmo dia vigário da cidade.
- Criada a Prelazia de Macapá, foi seu Vigário Geral.
- Em 24.05.1952, com sede em Manaus, iniciou seu mandato de
Superior do PIME no Amazonas.
- A 12 de novembro de 1955 chegou em Parintins e no dia seguinte,
ao ser instalada a Prelazia, foi nomeado Vigário Geral por D.
Alberto G. Ramos.
- A 15 de março de 1956 pela Santa Sé foi nomeado Administrador
apostólico e tomou posse a 1º de maio.
- A 03 de fevereiro de 1961 pelo Papa João XXIII foi criado Bispo
Titular de Olbia na Líbia Pentapolitana e Prelado Nullius de
Parintins.
A Sagração deu-se em Parintins a 14 de maio.
- Eliminada mais tarde a palavra “Nullius” e também em seguida o
nome da Sede Titular, ficou o Título “Bispo Prelado de Parintins”.
- Naturalizou-se brasileiro a 07.08.1969.

223
- Carrega barba a quarenta anos, desde sua ordenação sacerdotal; mas
agora não é mais preta e solene como na Itália ou nos primeiros
anos de seu apostolado no Amapá e na Prelazia; afetada ela
também pelo desmatamento da Amazônia, tornou-se branca e
desgalhada, à espera de reflorescer... na vida eterna.

-276-

VIGÁRIO GERAL: Pe. Mario Pasqualotto


- Nasceu em 25 de junho de 1938 em Valenza Po (Alessandria, Itália),
filho de Emilio Pasqualotto e Ângela Mestriner.
- Ordenado sacerdote do PIME a 26 de junho de 1965, depois de
ensimar durante algum tempo no seminário de Sotto il Monte, na
casa paterna de João XXIII, veio ao Brasil a 08.12.1967.
- Foi coadjutor e encarregado dos índios e em seguida Vigário de
Barreirinha.
- Desde 08 de fevereiro de 1976 é vigário da Catedral e Vigário Geral
da Prelazia.

CONSELHO DE CONSULTORES

É composto de 04 conselheiros, sendo dois apontados pelo Clero e


dois nomeação direta. E por Decreto Prelatíco permanecem no
cargo por três anos.
Há um 5º conselheiro: o Superior do Pime na Prelazia.
A última nomeação, de 20 de junho de 1980, colocou no cargo:
Pe. Mario Pasqualotto
224
Pe. João Risatti
Pe. José Zanelli
Pe. Alfredo Ferronato
Pe. Amadeu Bortolotto é o 5º Conselheiro.

CONSELHO ADMINISTRATIVO

Presidente: o Bispo
Secretário: Contador José de Matias Vieira Rodrigues
Membros: Contador Alberto Kimura Filho
Contador José Benedicto Marinho
Engenheiro Agrônomo Harald Dinelly de Souza

TRIBUNAL ECLESIÁSTICO

Juiz Auditor: Pe. Alfredo Ferronato


Defensor do vinculo: Pe. Mario Pasqualotto
Escrivão notário: Pe. João Risatti
(Nomeados a 21 de junho de 1980)

SEMINÁRIO JOÃO XXIII

Reitor: Pe. João Risatti


Diretor Espiritual: Pe. José Zanelli
Confessores extraor.: Pe. Sossio Pezzella e Pe. Mario Pasqualotto

-277- / -278-

225
PADRES QUE TRABALHAM NA PRELAZIA

Paróquia da Catedral nascido ordenado Chega a


Brasil
1 – Pe. Mario Pasqualotto, vigário 25.06.1938 26.06.1965 08.12.196
2 – Pe. Dílson Brandão Pereira, coadjutor 28.12.1944 16.11.1975

Casa do PIME
3 – Pe. Amadeu Bortolotto, Superior 12.02.1933 29.06.1957 15.10.195

Seminário João XXIII


4 – Pe. João Risatti, reitor 01.12.1942 23.06.1968 16.05.197
5 – Pe. José Zanelli, Diretor Espiritual 13.11.1917 29.06.1940 03.10.194

Paróquia S. Coração
6 – Pe. Francisco Luppino, vigário 20.05.1921 07.07.1946 26.11.194
7 – Pe. Alfredo Ferronato, Coadjutor em 03.11.1929 26.05.1956 17.09.197
Parintins 28.01.1941 28.06.1966 09.04.196
8 – Pe. Emillio Buttelli, coadjutor e técnico da
Rádio Alvorada
14.10.1921 07.07.1946 05.04.197
Paróquia S. José 28.03.1936 29.06.1965 24.12.196
9 – Pe. Sossio Pezzella, vigário
10 – Pe. Antônio Accurso, coadjutor
30.03.1931 26.06.1955 24.11.195
EM MAUÉS 05.06.1935 30.03.1963 18.11.196
11 – Pe. João Andena, vigário 01.19.1940 22.06.1968 1975
12 – Pe. Gabriel Módica, coadjutor 03.09.1945 06.05.1972 11.01.197
13 – Pe. Egídio Mozzato, coadjutor
226
14 – Pe. João Majka, coadjutor
15.06.1936 30.03.1963 01.10.1
Curato de Boa Vista 23.01.1929 03.08.1980 28.10.1
15 – Pe. Henrique Pagani, curato
16 – Pe. Bruno Mascarin, coadjutor
12.01.1944 21.06.1970 13.02.1
EM BARREIRINHA
17 – Pe. Vicente Pavan, vigário
22.07.1942 27.06.1970 31.12.1
Curato de Ponta Alegre e Marau
18 – Pe. Henrique Uggé, curato
28.08.1936 30.03.1963 08.12.1
EM NHAMUNDÁ 01.05.1941 21.07.1968 19.11.1
19 – Pe. Bento Di Pietro, vigário
20 – Pe. José Filandia, coadjutor
05.11.1930 28.06.1953 18.11.1
AJUDA NA REGIÃO DO PAURÁ
Pe. Augusto Gianola

-279-

OBSERVAÇÕES

1 – Todos os padres acima,


afora o Pe. Dílson, são
membros do PIME.
2 – Trabalharam na
Prelazia e agora
trabalham em outras

227
partes do Brasil ou da
Itália.
a) em Manaus: Pe.
Pedro Vignola;
b) no Sul do Brasil: Pe.
Leão Martinelli, Pe.
Danilo Cappelletto, Pe.
Antônio Turra, Pe.
Braz Simonetti, Pe.
Rafael Langone;
c) na Itália: Pe. Silvio
Miotto, Pe. Domingos
Cannone, Pe. Gino
Malvestio, Pe. Rafael
Magani.
3 – Nasceram na Prelazia,
além do Pe. Dílson
Brandão Pereira, o
Cônego Alcides
Peixoto (Maués) e Pe.
Raymundo Agnaldo
Pereira Trindade
(Barreirinha). O
primeiro trabalha em
Manaus, o segundo em
Cruzeiro do Sul.

IRMÃOS DO PIME
228
nascido Profissão Cheg
Prela
1 – Miguel de Pascale (Episcópio) 18.02.1917 06.09.1942 16.05.1
2 – Francisco Galliani (Casa PIME) 03.03.1925 12.09.1954 28.10.1
3 – Agostinho Sacchi (Casa PIME) 02.08.1939 29.06.1971 13.07.1

IRMÃS FILHAS DA CARIDADE DE S. VICENTE DE PAULO


(Colégio N. Sra. do Carmo) – Parintins

1 – Lydia Vicentin (Superiora) 31.08.1923 15.03.1948 07.02.1


2 – Maria da Conceição Maia 25.12.1925 31.05.1945 09.04.1
3 – Waldenora Maria Teixeira 28.06.1934 08.09.1955 09.03.1
4 – Maria Helena Veras Pacheco 25.09.1940 25.12.1966 08.03.1
5 – Eudóxia Gonçalves Valente 01.05.1954 27.09.1978 27.12.1
6 – Maria Benedita Ferreira da Costa 30.08.1955 27.09.1978 27.12.1

-280-

IRMÃS MISSIONÁRIAS DA IMACULADA


(em Maués)

nascido Profissão Cheg


Prela
1 – Paula Kumagai (Superiora) 15.07.1942 06.01.1966 08.02.1
2 – Bernardeta Gabercec 23.11.1917 15.09.1944 10.03.1
3 – Celina Missura 20.11.1950 10.01.1971 19.04.1
229
4 – Cléia Pereira Bagundes 06.02.1956 12.01.1975 11.06.197
5 – Celina Manganini 20.03.1942 12.09.1966 08.07.197

(em Barreirinha)

6 – Rosângela de Oliveira (Superiora) 26.03.1948 06.01.1968 01.01.197


7 – Conceição dos Santos Cordeiros 01.11.1946 12.01.1975 01.11.197
8 – Iraci Silveira 29.01.1951 11.01.1973 07.02.197
9 – Lídia Daminelli 05.07.1937 10.01.1971 10.03.197

(em Nhamundá)

10 – Zilda Natalina Sperandio (Superiora) 28.01.1947 06.01.1966 03.01.197


11 – Luisa (Vincenzina) Riva 28.09.1939 19.09.1961 01.04.197
12 – Maria de Lourdes Domingues 10.10.1950 10.01.1971 30.06.197
13 – Doralice Franco Correa 03.07.1947 10.01.1971 12.02.197

(entre os índios Maués)

14 – Adele Colombo 22.05.1929 12.09.1954 10.11.197


15 – Verônica Kumagai 12.05.1945 06.01.1966 12.08.197

-281-

230
Dom Arcângelo Cerqua, jovem sacerdote em 1941
Professor no Seminário de Ducenta – Itália

231
Pe. Arcângelo Cerqua em 1943 entre seus dois irmãos
Miguel e Domingos

232
Giugliano (Nápoles – Itália) 22 de fevereiro de 1948 – Pe. Arcângelo
Cerqua despede-se do clero de sua terra natal, partindo para o
Amapá – Brasil

233
Parintins, 09.09.1978 – Os padres da Prelazia com o bispo e
Pe. Fedele Giannini, Superior Geral do PIME

Irmã Conceição Maia cuidando da catequese no interior

234
Irmãs Missionárias da Imaculada viajando de barco

235
3ª Assembléia de Pastoral de 12 a 14.12.1978

236
Parintins, 12.10.1980 – Assembléia dos Marianos

237
Concentração das Senhoras do Apostolado da Oração
Parintins, 05.05.1980

PASTORAL DA PRELAZIA

Na reportagem “Os missionários”, publicada em Veja a 10 de


agosto de 1977, a jornalista Ângela Ziroldo, com certeza bem-

238
intencionada, foi pouco benévola a meu respeito, maltratando-me
desde o nome.
Se houvesse solidariedade entre ângelos e arcângelos deste
mundo, aquela jornalista deveria ter falado comigo, antes de publicar
sérias inexatidões; ou pelo menos deveria ter conferido a realidade
dos fatos aqui em Parintins. Pouco importa ter-me ambiguamente
qualificado “missionário bem no estilo tradicional, isto é, basicamente
assistencialista e de preferência construtor de templos e olarias na
selva”.
Importa-me sim a paternidade das comunidades rurais, que
seria injusto atribuir a chegou quase um decênio após sua fundação.
O cuidado de reunir os caboclos dispersos no interior em
comunidades foi idéia chave da Prelazia desde o ano de 1955 em que
a mesma foi instalada. No fim do ano de 1963 havia já um bom
número de comunidades, em terreno independente de padrões ou
comerciantes exosos, com capela e anexa escolinha, onde o povo vivia
em espírito de fé e fraternidade, respirando progresso e dignidade.
Quanto a “construir olarias na selva”, os que conhecem nossa
região, e lembrar a Parintins com cerca de 3.000 habitantes e casas em
maioria de palha e taipa, sabem que a montagem de uma olaria, por
sinal bem equipada, foi um alto mérito, porque satisfez a uma
urgente necessidade social. Basta dizer que em 1957, para construir
uma residência decente para os missionários, fui obrigado a ir
comprar tijolos em Óbidos, Estado do Pará.
-301-

A olaria, além de garantir o ganha-pão a tanta gente, permitiu


não só construir as numerosas obras da Prelazia, na sede e no
interior, como também tornar Parintins uma cidade respeitável, com

239
habitações e prédios sólidos e modernos em alvenaria para os seus
atuais 40.000 habitantes.
A alusão a “templos na selva” não penso que revele uma
espécie de alergia aos edifícios de culto; é que uma tal suspeita é
insinuada também pelo Especial do Jornal do Brasil de 29 de junho
passado. Nele a Ziroldo, ao definir as tendências dos bispos do Brasil,
declara o de Parintins “conservador” porque “sua pastoral é
tradicionalista e fez construir a enorme e suntuosa Catedral de
Parintins”.
“Enorme”? Em muitos dias do ano não basta ao nosso povo,
que reza e gosta de Igreja.
“Suntuosa”? É de simples tijolos de barro da beira do rio. Não
há dúvida, para nossa glória e felicidade, a Catedral é linda e
majestosa. È um monumento de arte digno do esplendor da floresta
amazônica e do encontro do Rio Mar; é testemunha da fé ardente de
nosso povo e sua devoção filial à amada Padroeira. N. Senhora do
Carmo.
Amiga Ângela, para sua maior surpresa ou escândalo, saiba
que Parintins além da Catedral tem mais 05 igrejas, uma para cada
bairro, sendo duas anteriores à Prelazia e três novas. E todas as
cidades da Prelazia possuem matrizes novas; e no interior há dezenas
de capelas de alvenaria e, se Deus quiser, breve serão todas de
alvenaria, pelo menos nas da terra firme.
Entretanto não há somente “templos” em Parintins; há
também três grandes escolas, quatro Jardins de Infância, o Hospital
Pe. Colombo, Rádio Alvorada, o Seminário e Escola Profissional João
XXIII, três quadras de esportes, o Centro de Treinamento do
Macurany, etc...
Ângela, poderia dar um pulo até Parintins e ver todas estas
obras sociais; ao mesmo tempo aprenderia que Dom Arcângelo
240
fundou e ajudou a fundar sindicatos; virou-se para obter a Junta de
Conciliação e brigou para que não saísse; é defensor dos pobres e
injustiçados contra indivíduos e grupos poderosos; é o incentivador
de tantas comunidades e colônias, que conseguem demarcação de
terra, embarcações comunitárias, etc...
-302-

Realmente sua pastoral é tradicionalista, porque faz questão


de respeitar as sãs tradições em harmonia com o Papa e a CNBB; mas
com as irmandades tradicionais favorece todos os movimentos
modernos de jovens, adultos e casais; com a justa e santa
sacramentalização engaja-se na necessária socialização, fiel à pastoral
de unir o homem a Deus e a seus irmãos.
Só que faz conscientização sem ódio e demagogia e segue
Puebla integralmente; não somente em sua opção preferencial pelos
pobres, como também nas demais opções e orientações; pois o bispo
de Parintins, Delegado de Puebla, exige a observância de tudo o que
com seus irmãos de episcopado aprovou e assinou.
A Prelazia de Parintins, Bispo, sacerdotes, religiosas e leigos,
fazem questão de pautar-se pela palavra de João Paulo II, proferida
em sua homilia de Manaus no dia 11 de julho passado:
“O preço de vossa ação em favor de promoção material das
pessoas não seja nem de longe a diminuição de vossa atividade
estritamente religiosa... A experiência mostra, aliás, que o
testemunho, os pronunciamentos e a ação da Igreja em qualquer um
de seus níveis, só tem credibilidade e verdadeira eficácia no campo
social, se baseados em um testemunho, pronunciamentos e ação
ainda mais intensos no seu campo principal, que é o da educação da
fé e o da vida sacramental. Se ela faz isso de verdade, é sua melhor

241
forma de preparar cristãos que façam aquilo numa linha de profunda
inspiração cristã e sem risco de desvios”.

-303-

ASSEMBLÉIAS E LINHAS DE PASTORAL

Desde a origem da Prelazia havia reuniões isoladas de padres,


irmãs e leigos em que se programava a Pastoral; mas somente de 1968
em diante procedeu-se em maneira mais organizada e em conjunto.
De 15 a 17 de maio de 1968, com a colaboração de Dom João
de Souza Lima e dos Padres Mateus George e Casimiro Bestka do
Norte I, estudou-se a metodologia da Pastoral orgânica. Mas logo
depois, de 09 a 11 de julho, reuniu-se a 1ª Assembléia com sacerdotes,
religiosas e leigos. Um dos frutos foi a constituição do Conselho
Presbiteral na forma ainda hoje em vigor.
De 11 a 13 de maio de 1976 houve a 2ª Assembléia formal, que
adotou em geral as linhas da Pastoral da Amazônia.
242
Resultado notável foi a criação do Conselho Pastoral com
Coordenadoria Central e Equipes para cada linha.
De 12 a 14 de dezembro de 1978 houve a 3ª Assembléia, cujo
tema principal foi a Catequese. Examinaram-se e atualizaram-se as
atividades de várias linhas; e um dos frutos foi o diretório das Festas
Religiosas publicado a 06 de agosto de 1979.
Na mesma data entrou também em vigor o Diretório das
Comunidades Rurais Eclesiais de Base, preparado por 150 líderes do
interior durante dois cursos no Centro do Macurany.
De 29 a 31 de janeiro de 1980 foi realizada a 4ª assembléia, que
refletiu sobre Puebla e a Igreja e programou a comemoração dos 25
anos de Prelazia.
Como consta da composição do Conselho de Pastoral, nossa
Pastoral orgânica desenvolve-se seguindo 05 linhas: Agentes de
Pastoral, Família, Catequese, Comunidades de Base e Juventude.
-305-

Praticamente é uma Pastoral confirmada por Puebla.


A primeira linha de Agente Pastoral é dividida em dois
setores: o 1º de Vocações e Ministérios orienta a pastoral vocacional, o
2º de Movimentos de Leigos acompanha a atividade de Irmandades e
movimentos de adultos, tendo cada um deles seu representante na
equipe.
A linha de Comunidades de Base praticamente assiste as
Comunidades do interior, embora procure fortalecer grupos e setores
nas cidades.
É claro que todas as linhas atuam à luz da Opção pelos
pobres; mas em modo particular é a das Comunidades de Base que
vive essa prioridade de Puebla com engajamento mais eficiente.

243
-306-

CONSELHO PASTORAL

(nomeado a 07 de março de 1980)

Equipe Coordenadora:
Coordenador: Pe. João Risatti
Membros: Pe. Mario Pasquallotto, Irmã Lydia Vicentin, Irmã
Conceição Maia, Professora Luísa Estela Lobato Teixeira,
manuel Aporcino Colares.

Linha AGENTES DE PASTORAL


Setor Vocações e Ministérios
Pe. João Risatti,
Irmãs Maria Benedita Ferreira da Costa, Antônio Cardoso
da Silva (Ministro Extraordinário da Eucaristia), Maria
José de Souza Belém (Grupos vocacionais), Renner
Gonçalves Dutra (Seminarista).

Setor Movimentos de Leigos


Pe. Mario Pasquallotto,

244
Luiza Estela Lobato Teixeira (Focolarinos), João de Souza
Glória (Federação Mariana), Derzuila Vieira da Silva
(Apostolado da Oração), Maria de Nazaré Souza de Jesus
e José Walmir de Souza (Cursilho e Cristandade), Maria
do Perpetuo Socorro Blanco Pardo (Renovação
Carismática)

Linha FAMÍLIA
Pe. Alfredo Ferronato,
Irmã Lydia Vicentin (Escola de Pais), Médico Ricardo
Alexandre Guimarães e Francisca Maria Rodrigues
Guimarães,Benedito de Oliveira Rodrigues e Maria
Perpétua Reis de Oliveira (Diálogo de Casais), Advogado
Algenor Maria da Costa Teixeira e Maria Sônia Sales
Teixeira.
-307-

Linha CATEQUESE
Pe. José Zanelli,
Irmã Conceição Maia, Cecília Sá Miranda, Liça Aparecida
Costa, Miguel Arcanjo Menezes, Rosa de Fátima Gemaque
de Oliveira.

Linha COMUNIDADE DE BASE


Pe. Francisco Luppino,

245
Manuel Aporcino Colares e Lourenço Antônio Libório de
Queiroz (MEB), Raimunda Ribeiro da Silva (Diretora da
Rádio Alvorada).

Linha JUVENTUDE
Pe. Dílson Brandão Pereira,
Aderaldo Rodrigues Reis (T.L.C), Eneida Picanso (Gen),
Edilene Teixeira e Ernandes Pereira (Renovação
Carismática), Maria Ilma Silva de Oliveira, Emilio
Amazonas e Tomaz Vitor Costa de Souza (Grupos
paroquiais).

-308-

DIRETORIA DA FEDERAÇÃO MARIANA


(fundada a 08.12.1957)

Presidente: João de Souza Glória


Vice-Presidente: Raimundo Mendes Leal
1º Secretário: Raimundo Desterro da Rocha
2º Secretário: Manuel Aporcino Colares
1º Tesoureiro: Paulino Alves Macedo
2º Tesoureiro: Washington Teixeira
Conselheiros: Francisco Andrade, Josias Farias de Castro, Carlos
Batista de Lima, Ataíde Picanço, Romualdo Pereira.
246
DIRETORIA DO APOSTOLADO DA ORAÇÃO

Presidente: Derzuila Vieira da Silva


Vice-Presidente: Dilma Araújo
Secretária: Valquiza Barros
Tesoureira: Silvia Barbosa Viana

SECRETARIADO DO CURSILHO DE CRISTANDADE

Presidente: José Walmir de Souza


Secretária: Maria de Nazaré Souza de Jesus
Tesoureiro: Alfredo Monteiro de Lima
Encarregado da Escola de Dirigentes: José Saul
Encarregado das Comunicações: Maria de Nazaré Souza de Jesus e
Américo Menezes.
-309-
COMUNIDADES RURAIS DE BASE
PRELAZIA DE PARINTINS

Daremos agora um elemento atualizado de Comunidades,


especificando seu nome ou lugar, Padroeiro, material da capela, data
de fundação e o nome do atual Presidente.
Infelizmente os dados são incompletos, em modo particular
para as Comunidades de Barreirinha e Maués.
A data da fundação em geral marca o reconhecimento oficial
da comunidade, que quase sempre coincidiu com a capela pelo

247
menos provisória; n’alguns casos até aponta o tempo em que se
construiu a capela de alvenaria.
É bom lembrar que antes da Prelazia havia somente: em
Parintins a capela de Vila Amazônia; em Maués as de Massauari,
Mucajá e Freguesia do Apoquitaua: em Barreirinha as de Pedras e
Cametá do Ramos, e Freguesia, Ariau e Ponta Alegre no Andirá; e em
Nhamundá havia só a capela de S. Antônio, atual matriz paroquial de
N. Sra. da Assunção.
Um grande números dessas comunidades, particularmente no
primeiros anos, nasceu como Congregações Marianas de homens,
com capelas para culto e reuniões formativas. No entanto, em redor
de cada capela, não demoraram a surgir escola, campo de jogo,
cantina comunitária etc..., tudo em terreno doado ou vendido à
Prelazia; e aos Marianos foram se acompanhando outros movimentos
e irmandades, como as Senhoras do Apostolado da Oração, a
Cruzada Eucarística infantil, Clubes de Jovens etc...; e foram se
organizando as várias atividades comunitárias coordenadas por
pessoas responsáveis, qualificadas em cursos administrados pela
Prelazia no Centro de Treinamento ou no próprio interior.

-311-

Para as Comunidades a Prelazia, de acordo com 150 de seus


dirigentes, emanou um Estatuto, que por enquanto está sendo
aplicado mais na região de Parintins e Nhamundá, mesmo porque há
situações diferentes para cada região.
A Comunidade, segundo as normas do Estatuto, é orientada
pela paróquia e é dirigida por uma Diretoria, composta de Presidente,
vice, secretário e tesoureiro, que reúne semanalmente e é eleita por
dois anos.
248
A Diretoria recebe a colaboração do Conselho, a que
pertencem, além da própria Diretoria, quantos ocupam cargos na
Comunidade:ministro extraordinário da Eucaristia ou outros
Sacramentos, Catequistas, dirigentes de grupos e irmandades,
professora, agente voluntário de polícia, chefe do esporte,
responsável da Colônia, enfermeira, encarregado da cantina ou da
embarcação comunitária etc...
Em reunião mensal, Diretoria e Conselho Examinam a
situação e traçam linhas de ação.
Os membros da Diretoria tem carteirinha pessoal assinada
pelo Vigário, que é reconhecida nas repartições públicas, onde tratam
de assuntos de interesse da comunidade.

-312-

COMUNIDADES DO MUNICÍPIO DE PARINTINS

Comunidade Capela Padroeiro data de Presidente


fundação
1 – Aninga alvenaria Santa 15.10.1965 João
Terezinha Machado
2 – Araçatuba madeira N. Sra. de 10.05.1962 João Leal
Fátima Cidade
249
3 – Arari madeira N. Sra. de 20.02.1963 Vitor
Lourdes Mendonça
Pacheco
4 – Costa do madeira São José 11.04.1963 Adelson
Arco Xavier Maia
5 – Arquinho madeira N. Sra. de 20.08.1964 Antônio
Nazaré Filgueira da
Silva
6 – Arauá madeira Santo 13.06.1967 Similo
Antônio Gomes
Monteiro
7 – Boa alvenaria São José 04.04.1965 Lauro Batista
Esperança Teixeira
8 – Buiuçú madeira S. Coração 25.02.1963 João Pereira
de Jesus de Oliveira
9 – Borralho madeira N. Sra. de 20.09.1963 Manuel
Nazaré Castro de
Souza
10 – Boto madeira Santa Rita 22.05.1960 Edson
Teixeira
Lima
11 – Boto madeira São 1967 Zenilson Reis
(boca) Sebastião Carneiro
12 – Brasília madeira São 28.03.1968 Walter Lima
Sebastião Bandeira
13 – Cabori alvenaria São 20.01.1960 Denizal
Vila Sebastião Pereira de
Souza
14 – Cabori madeira Santa 02.10.1974 Alcides
Cabeceira Terezinha Gonzaga
250
Jacaúna
15 – Cajual madeira N. Sra. 06.05.1973 Francisco
Aparecida Ferreira
Cariota
16 – Cataueré madeira Santa Maria 07.04.1978 Claudino
Martins
Gomes
17 – Catispera madeira Santo 13.08.1968 Francisco
Antônio Jorge
Oliveira
Viana
18 – Costa da madeira S. Coração 08.09.1959 Valclides
Águia de Jesus Lopes de
Souza
19 – Espírito madeira S. Francisco 30.10.1976 Joel Bentes
Sto. Baixo das Chagas Araújo
20 – Espírito madeira São José 20.08.1968 Nelson
Sto. Cima Flávio Xavier
Valente
21 – Espírito madeira Divino 16.03.1964 Madson
Sto. Meio Espírito Soares da
Santo Silva
22 – Gregoste madeira São 01.01.1975 Josias Dias
Sebastião Ferreira
23 – madeira Santa Rosa 28.01.1965 Vicente
Guaranatuba Gomes
Barbosa
24 – Igarapé madeira São Pedro 20.01.1979 Raimundo
Açú Vieira de
Souza
251
25 – Ilha das madeira Sagrada 11.02.1959 Francisco
Guaribas Família Sarmento
26 – Ilha das madeira São José 01.05.1963 Edson
Onças Batalha
27 – Itaborari madeira N. Senhora 24.08.1965 Raimundo
Conceição da Oliveira de
Conceição Souza
28 – Itaborari madeira Menino 11.05.1979 Deodoro de
Menino Deus Deus Souza Santos
29 – Itaborari madeira São José 20.02.1969 Emanuel
São José Teixeira de
Souza
30 – Itaborari madeira São Vicente 11.08.1971 Ozail
São Vicente Rodrigues
Chaves
31 – Jacu taipa São João 24.06.1969 Mario Jorge
Batista Ferreira Melo
32 – Jacu madeira Nossa 03.03.1977 Francisco
(cabeceira) Senhora de Martins
Nazaré Gama
33 – Japurá madeira Sagrado 05.12.1979 Raimundo
Coração dos Santos
34 – Jauari alvenaria São Jorge 23.09.1976 Júlio da Silva
Marialva
35 – Lago da madeira São Marcus 04.04.1976 José Paulo
Esperança Pacheco de
Souza
36 – Limão de madeira São José 01.01.1969 Áureo
Baixo Ferreira
Ramos
252
37 – Limão de madeira Nossa 20.02.1960 Raimundo
Cima Senhora das Ribeiro Costa
Graças
38 – Macurany alvenaria Santa Luzia 05.09.1969 Agenor Silva
de Jesus
39 – Marajá madeira Nossa 14.05.1977 Daniel dos
Senhora das Santos
Graças Rodrigues
40 – Marajó madeira São Pedro 26.09.1966 Tomé Pereira
Barroso
41 – Maranhão alvenaria Nossa 20.01.1959 Tomaz
Senhora das Aquino
Graças Rodrigues
Filho
42 – Marauarú alvenaria Santa Luzia 14.10.1965 Raimundo
Pinheiro

-313-

43 – Mato madeira São João 16.11.1973 Osvaldo


Grosso Maliço
Soares
44 – Máximo alvenaria São 20.01.1963 Leôncio
Sebastião Vieira de
Freitas
45 – Miriti taipa Nossa 31.01.1970 José Garcia
Senhora Martins
Aparecida
46 – Mocambo madeira São Tomé 21.04.1975 Aquelino
253
(colônia) Bentes Vieira
47 – Mocambo madeira Santo 21.06.1974 Carlos de
S. Antônio Antônio Castro Rolim
48 – Mocambo alvenaria São João 24.06.1964 Antônio dos
S. João Batista Anjos
Nogueira
49 – Mocambo madeira São Pedro 19.06.1978 Raimundo
S. Pedro Xavier dos
Santos
50 – Mocambo alvenaria N. S. 09.1970 Antenor
Mamuru Perpétuo Gomes de
Socorro Souza
51 – Morituba madeira Santa Maria 27.04.1971 Manuel
Benjamim da
Silva
52 – Panauarú alvenaria Santo 13.06.1960 Mariano
Antônio Gomes dos
Santos
53 – Paraíso madeira São Pedro 07.09.1966 Vicente
Carvalho
54 – Paraná de madeira N. Sra. 10.11.1967 Alamiro
Baixo Perpétuo Silva de
Socorro Carvalho
55 – Paraná de madeira São 05.11.1972 Raimundo
Cima Sebastião Pereira da
Silva
56 – Paraná do madeira Menino 25.12.1962 Getúlio
Meio Deus Gomes
Pereira
57 – alvenaria São 26.12.1955 Mariano
254
Parananema Benedito Gomes dos
Santos
58 – madeira Santo 15.06.1977 Nassau
Recordação Antônio Oliveira
Neves
59 – Remanso alvenaria Sagrada 15.05.1964 Joaquim
Família Pereira da
Cunha
60 – Remígio alvenaria N. S. Humberto
Perpétuo Reis da Silva
Socorro
61 – Sabina alvenaria Nossa 22.02.1971 Sebastião
Senhora da Pereira Gama
Conceição
62 – Sagrado taipa Sagrado 07.08.1972 Pedro Lira
Coração Coração
63 – Samaúma madeira Divino 15.02.1967 João Lopes
Espírito de Oliveira
Santo
64 – São madeira São Carlos 06.02.1978 Oséias da
Carlos Silva Matos
65 – Saracura madeira São 20.01.1958 Antônio
Sebastião Mailzom O.
Rodrigues
66 – São Tomé alvenaria São Tomé 21.12.1958 Marcos
Laurindo
Belém
67 – Simeão alvenaria Nossa 08.08.1965 Raimundo
Senhora das Pereira Gama
Lágrimas
255
68 – Terra alvenaria São José 24.10.1966 Raimundo
Preta Mamuru Lima de
Andrade
69 – Tracajá alvenaria Santo 15.11.1969 Emanuel
Antônio Gláucio
Guerreiro
Brasil
70 – Valéria alvenaria Santa Rita 25.05.1957 Clarival
Farias de
Souza
71 – Vila alvenaria São 04.02.1951 Manuel
Amazônia Francisco Carvalho
Xavier
72 – Zé Açu alvenaria N. S. 20.02.1965 Miguel
Perpétuo Corrêa
Socorro Moutinho
73 – Zé Mirim alvenaria N. S. 15.08.1959 Orivaldo
Assunção Gomes de
Souza

-314-

COMUNIDADES DA PARÓQUIA DE MAUÉS

Comunidade Capela Padroeiro data de Presidente


fundação
RIO MAUÉS
01 – Vera Cruz alvenaria Nossa 1964 -
Senhora
das Dores
256
02 – Laguinho alvenaria Nossa 1974 -
Senhora
das Graças
03 – Limão alvenaria Menino 1966 -
Deus
04 – Araçatuba - Santa Luzia - -
05 – Limãozinho - N. S. - -
Perpétuo
Socorro
06 – Pupunhal - São - -
Francisco
07 – Apara - São - -
Sebastião
08 – Vila Santa - Santa - -
Maria Maria
09 – Pedreiro - N. S. - -
Aparecida
RIO
PARAUARI
10 - Paricá - São José - -
11 – São João - São João - -
Batista
12 – Mucajá alvenaria Santo 1968 -
Antônio
13 – Acãoera - N. S. - -
Perpétuo
Socorro
14 – Amaná - - - -
15 – Paramazona - - - -
16 – Niterói - São - -
257
Sebastião
MAUÉS MIRIM
17 – Vila São - São José - -
José
18 – Morais alvenaria Santo 1978 -
Antônio
19 – Vila São - - - -
Raimundo
20 – Afonso - São - -
Francisco
21 – Santa Maria alvenaria Im. 1975 -
Coração de
Maria
22 – Leandro - São João 14.03.1977 José
Batista Raimundo
de Souza
23 – Cabeceira - - - -
RIO
APOCUITAUA
24 – Lago alvenaria São José 1973 -
Pretinho
25 – Canarana alvenaria Nossa 1974 -
Senhora de
Fátima
26 – Lago - São Pedro - -
Grande
27 – Lago - São Paulo - -
Grande
28 – Apocuitaua - São - -
Mirim Raimundo
258
29 – Apocuitaua - São - -
Mirim Sebastião
30 – Laguinho - Nossa - -
Senhora do
Carmo
31 – Freguesia alvenaria Santa 1972 -
Maria
32 – São Bento - São Bento - -
33 – Canela alvenaria Bom Jesus 1975 João Freitas
Gonçalves
34 – Canela - São - -
Francisco
de Canindé
35 – Pacoval - São João - -
36 – Liberdade - N. S. - -
Perpétuo
Socorro
37 – Vila S. alvenaria São 1977 -
Raimundo Raimundo
38 – Cicantar alvenaria São José 1967 -

-315-

39 – Varre - Nossa - -
Vento Senhora
Aparecida
RIO URARIÁ
259
DE CIMA
40 – Cristo - Cristo - -
Redentor Redentor
41 – Ponta - Nossa - -
Alegre Senhora das
Graças
42 – Curuçá - Nossa 26.03.1967 Diniz
Senhora de Machado
Lourdes Melo
43 – Vila - Santíssima - -
Trindade Trindade
44 – Vila - Nossa - -
Fátima Senhora de
Fátima
45 – Vila - Menino - -
Menino Deus Deus
46 – Vila Nova alvenaria Divino 1979 -
Espírito
Santo
47 – Vila São - São Pedro - -
Pedro
PARACONI
48 – Vila alvenaria Sagrado 1978 -
Pinheiro Coração de
Jesus
49 – Osório alvenaria Santo 1977 -
Fonseca Antônio
50 – Cacual - São João - -
Batista
51 – Caiaué - Santa Maria - -
260
URARIÁ DE
BAIXO
52 – Mucura - Nossa - -
Senhora de
Nazaré
53 – Jacaré - São - -
Sebastião
54 – Vila Nova - Nossa - -
Senhora do
Carmo
55 – Lago das - Santíssima - -
Graças Trindade
56 – Castanhal alvenaria São Pedro 1971 -
57 – Urubu - Santo - -
Antônio
58 – Urubu T. - Nossa - -
Preta Senhora de
Fátima

-316-

COMUNIDADES DE BOA VISTA

Comunidade Capela Padroeiro data de Presidente


fundação
01 – Boa Vista alvenaria São 1969 -
261
Sebastião
02 – São alvenaria São Benedito 1974 -
Benedito
03 – Mucuim - Santo - -
Antônio
04 – Manaus - Santíssima - -
Trindade
05 – São - - - -
Raimundo
06 – Costa do madeira Nossa - -
Massauari Senhora de
Nazaré
07 – Massauari alvenaria Santa Ana - -
08 – Igarapé alvenaria Nossa 1960 -
Açú Senhora de
Fátima
09 – Enseada - Divino - -
Espírito
Santo
10 – São Tomé - Menino 1960 -
Deus
11 – Curuçá alvenaria Menino 1976 -
Deus
12 – Barreira - - 1958 -
13 – Vila Santa - Nossa - -
Graça Senhora das
Graças
14 – Guajará - - - -
15 – São Jorge - Cristo Rei - -
16 – Sagrado - Sagrado - -
262
Coração Coração de
Jesus
17 – Pari - Bom Pastor - -
18 – Amândio - N. S. - -
Perpétuo
Socorro
19 – Enseada - N. S. - -
Perpétuo
Socorro
20 – Santo - Santo - -
Antônio Antônio
21 – Cabeceira - - - -
do Arrozal
22 – Sagrado - Sagrado - -
Coração Coração
23 – Cucuí - São José - -

-317-

COMUNIDADES DA PARÓQUIA DE BARREIRINHA

Comunidade (dia Capela data de Presidente


da Padroeiro fundação
festa)
01 – Vila 21.12 alv. São 1958 Pedro Moreira
Cândida Tomé
02 – Cametá 22.05 alv. Santa 1958 Marcílio
263
Quitéria Teixeira
Barbosa
03 – S. Mª Lago 15.05 alv. - Gracildo
Preto Sagrada Carvalho
Família
04 – Vila Rica 15.08 alv. São - José Oliveira
Benedito dos Anjos
05 – Vila Batista 04.10 mad. São 04.10.1957 Darlindo de
Francisco de Albuquerque
Assis Glória
06 – S. Antônio 13.06 mad. Santo - Manoel Freitas
da Maloca Antônio da Silva
07 – Pedras alv. São - Benedito Rosa
João Batista Dutra
08 – Caranã 20.05 mad. N. - José de Souza
Senhora de Barros
Fátima
09 – Estácio 01.05 alv. N. S. 01.05.1960 Nuno Barbosa
do Pinto
Livramento
10 – Boca do 08.06 palha N. S. - Cristino
Estácio do Desterro Ferreira
Barbosa
11 – Terra Preta 13.05 alv. N. S. - Manoel Vieira
do Limão de Lourdes Butel
12 – 08.09 mad. N. S. - João
Repartimento de Nazaré Raimundo dos
Reis
13 – Marinheiro 01.02 mad. S. - Geramilo
Coração de Colares de
264
Jesus Souza
14 – Vila 15.09 mad. N. S. - Antônio
Pereira das Dores Coelho de
Souza
15 – Nossa 08.12 mad. N. S. - Domingos
Senhora da da Conceição Costa
Conceição Carneiro
de
Urucuritub
a
16 – Santa Ana 13.06 mad. Santa - Azemar
Ana Santos
17 – Paraíso 24.06 alv. São - José N. dos
João Batista Santos
18 – Tutira 21.10 palha - Arinos
Espírito Rodrigues de
Santo Oliveira
19 – Bar. 26.09 alv. N. S. 1959 Antônio
Andirá das Graças Gonçalves
Viana
20 – Laguinho 08.09 taipa N. S. - Manoel
do Andirá de Nazaré Siqueira
Nunes
21 – Jabutituba 12.10 alv. N. S. 15.12.1965 Otacílio
Aparecida Candido dos
Santos
22 – Cristo set. taipa Cristo - Domingos A.
Redentor Redentor de Castro
23 – Cabeceira 08.12 palha N. S. - Vagner Lopes
Grande da Conceição de Souza
265
24 – Lago 20.06 alv. São - João Lima de
Grande Sebastião Matos
25 – Freguesia 20.06 alv. N. S. - Roberto
de Belém Fragata
26 – 01.05 taipa N. S. - Pedro
Tucumanduba de Fátima Gonçalves
27 – Ituquara 15.06 taipa Cristo - João Lourival
Ressuscitado
28 – Matupiri 15.10 alv. Santa - Benedito
Terezinha Pereira de
Souza
29 – Pirai 26.05 taipa Cristo - Cezar
Rei Leovegildo
Pontes
30 – Ariaú 08.12 alv. N. S. - Eduardo
da Conceição Tavares
Carvalho
31 – São João - mad. São - Valdir
do Massauary João Batista Noronha Paes
32 – Samaúma 10.10 palha São - -
Francisco de
Assis

-318-

266
COMUNIDADES DA PARÓQUIA DE NHAMUNDÁ

Comunidade Capela Padroeiro data de Presidente


fundação
01 – Aduacá alvenaria Espírito 1959 João Correa
Santo Amazonas
02 – Aduacá palha Nossa 01.07.1978 José de Brito
Senhora das Cidade
Graças
03 – Aduacá alvenaria Sagrado 1966 João Celino
Coração Cardoso
04 – Aduacá alvenaria Santíssima 06.09.1959 Rooseveit
SS. Trindade Trindade Guimarães
Azevedo
05 – Aduacá alvenaria São 1957 Valdir
São Benedito Benedito Tavares
06 – Aminaru alvenaria Coração Im. 09.09.1968 Antônio
Açú Maria Ivanildo
Costa
07 – Aminaru taipa Sagrado 06.1966 José Gomes
Coração Martins
08 – Arnacaru alvenaria N. S. 1965 Arsênio
Perpétuo Coelho
Socorro
09 – Boa Vista madeira Nossa 1967 Antônio
Senhora das Aurélio
Graças Andrade
10 – Bom madeira N. S. 1966 Raimundo
Jardim Rosário de Nazaré de
267
Fátima Souza
11 – Bom madeira Sagrado 1966 Antônio Brito
Jardim Coração Soares
12 – Caraná palha São 21.10.1979 Menandro
Francisco Gomes
Coelho
13 – Caldeirão madeira Cristo Rei 1968 Ernesto Gato
14 – Caldeirão madeira Nossa 1963 Valdemiro
Senhora de Gato
Nazaré
15 – Capitão madeira Divino 1966 Manuel
Espírito Amado
Santo Canuto
16 – Castanhal madeira N. S. do 1966 José Maria
Perpétuo Barbosa
Socorro Pimentel
17 – Corocoró alvenaria São 11.10.1963 Bento Cativo
Sebastião de Souza
18 – Curiá alvenaria Nossa 12.05.1957 Luiz Pereira
Senhora de
Fátima
19 – Cutipanã alvenaria Cristo Rei 06.1966 Lázaro
Pereira da
Costa
20 – Daguari taipa São José 10.09.1961 Lázaro
Pereira da
Costa
21 – Guarabi alvenaria Sagrado 06.1966 Antônio
Coração Costa
22 – Guarabi taipa São 15.03.1979 Pedro
268
Sebastião Ribeiro de
Souza
23 – Jacaré madeira Santa Ana 1960 José Gomes
Martins
24 – Juruá palha Nossa 1977 Militão Paes
Senhora de Gato
Nazaré
25 – Laguinho alvenaria Santíssima 08.06.1966 Ponciano
Trindade Lopes de
Oliveira
26 – alvenaria Santo 13.06.1963 Bernardo
Mamuriacá Antônio Martins da
Costa
27 – alvenaria Santa Maria 08.07.1978 Cláudio Reis
Mamuriacá Rodrigues
28 – Sapucaia madeira Nossa 1966 Pedro
Senhora da Nogueira
Conceição
29 – Sapucaia - São Pedro - Antônio
Alfaia de
Souza
30 – Serra do palha São 1975 José Luiz
Copo Francisco Gimaque
31 – Urucuri alvenaria Espírito 17.06.1966 Raimundo
Santo Nonato
Jacaúna

-319-

269
O povo da Comunidade do Mocambo do Arari aguarda a chegada
Do quadro de S. João Batista – 24.06.1980

270
Comunidade de terra firme: S. Antônio do Tracajá

271
Comunidade da várzea – Paraná de Parintins

272
Passando o domingo na quadra da Capela

DOCUMENTAÇÃO E BIBLIOGRAFIA

Livros de Batizados e Casamentos de Parintins, Maués e


Barreirinha.
Tombo da Prelazia e das Paróquias de Parintins, Maués e
Barreirinha e Nhamundá.
Andrade, Aurélio Carneiro – Sinopse do Município de
Barreirinha – Sérgio Cardoso, Manaus, 1962.
Belém, José Furtado – Amazonas Pará, Questões de Limites,
Manaus, 1916.
- Limites Orientais dos Estado do Amazonas.

273
Bittencourt, Antônio Clemente R. – Memória do Município de
Parintins, Manaus, Livraria Palais Royal, 1924.
Enciclopédia dos Municípios Brasileiros
XIV volume – Rio de Janeiro 1957
Leite, Seratim S. I. – História da Companhia de Jesus no Brasil,
Imprensa Nacional, 1943.
Ramos, Dom Alberto Gaudêncio – Cronologia Eclesiástica da
Amazônia, Manaus, Tipografia Fênix, 1952.
Souza, Cônego Bernardino de – Lembranças e Curiosidades
do Valle do Amazonas – Pará, 1873.
Vitor Hugo – Desbravadores, Missão Salesiana de Humaitá,
1959.

-329-
INDICE

Pag.
Apresentação
......................................................................................................... 5
Mensagem do Papa João Paulo II
......................................................................... 9

ALVORADA DA FÉ
............................................................................................ 11
Tupinambás e Tupinambarana
..................................................................... 11
Evangelização dos Tupinambaranas
............................................................ 21
274
Política de Pombal apaga Tupinambarana
................................................... 29

O APÓSTOLO DA
TUPINAMBARANA............................................................ 33
Tupinambarana renasce
................................................................................ 33
Missão de frei José Álvares das
Chagas........................................................ 41
Frei José e a Capitania do Rio Negro
........................................................... 45
Frei José e Cordovil
..................................................................................... 47

LUTA PELO AMAZONAS


................................................................................. 53
Destino de Parintins
..................................................................................... 53
A Capitania
.................................................................................................. 54
A Província
.................................................................................................. 56

LEMBRANDO FATOS E HOMENS DO PASSADO


........................................ 61
Cidade de Parintins
...................................................................................... 61
Comarca
....................................................................................................... 62

275
Escola
........................................................................................................... 62
Cabanos
........................................................................................................ 62
Declaração da República
.............................................................................. 63
Telégrafo
....................................................................................................... 63
Nomes ilustres
.............................................................................................. 64

276
VIGÁRIOS DE PARINTINS ATÉ A PRELAZIA
.............................................. 69
Pe. Antônio Torquato
................................................................................... 70
Pe. Manuel José de Sena Martins
................................................................ 72
Pe. Alexandre José Maria Hubers
................................................................ 74
Pe. Paulo Raucci
........................................................................................... 76
Pe. José Victor Heinz
................................................................................... 77

PARINTINS SEDE EPISCOPAL


......................................................................... 85
Criação da Prelazia
....................................................................................... 85
Fervor de obras e atividades
......................................................................... 59
Dom Arcângelo Bispo de Parintins
.............................................................. 91

PRELAZIA A CAMINHO
.................................................................................... 107

EU ME AJOELHO
................................................................................................ 135
Homenagem aos Missionários da Amazônia
................................................ 135
277
Pe. Jorge Frezzini
.......................................................................................... 136
Pe. Ferruccio Colombo
................................................................................. 137
Pe. Demétrio Sanna
...................................................................................... 139
Pe. Iseo Sandri
.............................................................................................. 140
Pe. Sante Cortese
.......................................................................................... 141
Pe. Vitório Giurin
......................................................................................... 142

IGREJAS EM PARINTINS
................................................................................... 151
Primeira Igreja de Parintins
........................................................................... 151
Nova Capela de São Benedito
....................................................................... 153
Igreja do Sagrado Coração
............................................................................ 154
Catedral de Nossa Senhora do Carmo
........................................................... 157
Igreja São José Operário
............................................................................... 161
Capela de Nossa Senhora de Lourdes do Palmares
...................................... 162
Capela Santa Clara
........................................................................................ 163

278
OBRAS DA PRELAZIA EM PARINTINS
........................................................... 183
Colégio Nossa Senhora do Carmo
................................................................. 183
Olaria Pe. Colombo
....................................................................................... 184
Centro de Treinamento do Macurany
............................................................ 185
Obras anexas à Catedral
................................................................................ 185
Rádio Alvorada
............................................................................................. 187

Seminário João XXIII


.................................................................................... 188
Parque das Castanholeiras
............................................................................. 189
279
Hospital Pe. Colombo
.................................................................................... 191

MAUÉS
................................................................................................................. 209
Suas origens
.................................................................................................. 209
A Paróquia antes da Prelazia
........................................................................ 213
A Paróquia na Prelazia
................................................................................. 219
Boa Vista do Ramos
..................................................................................... 223

BARREIRINHA
.................................................................................................... 231
A Cruz no Andirá
.......................................................................................... 231
A Paróquia em Barreirinha
........................................................................... 236
A Paróquia na Prelazia de Parintins
.............................................................. 238

NHAMUNDÁ
........................................................................................................ 249
Paisagem de lendas e poesia
......................................................................... 249
Questão do Contestado
................................................................................. 250

280
Primeiros passos da fé no Nhamundá
........................................................... 251
Paróquia de Nhamundá
................................................................................. 252
Apontamentos históricos da Paróquia
.......................................................... 254

OS ÍNDIOS DA PRELAZIA
................................................................................. 261
População indígena atual
.............................................................................. 265

A VINHA E OS OPERÁRIOS
.............................................................................. 273
Superfície da Prelazia
.................................................................................... 273
População
...................................................................................................... 274
Paróquias
....................................................................................................... 275
Direção da Prelazia
....................................................................................... 276
Padres que trabalham na Prelazia
................................................................. 279
Irmãs
............................................................................................................. 280
A Pastoral da Prelazia
................................................................................... 301
Assembléias e Linhas de Pastoral
................................................................. 305
281
Conselho de Pastoral e Diretores das Irmandades
........................................ 307

BIBLIOGRAFIA
................................................................................................... 329

HINO DE PARINTINS
......................................................................................... 331

HINO DE PARINTINS

Sob a bênção da Virgem do Carmo, Parin-tins se desdobra e re-luz ao

282
a-fago do Rio Ama-zonas, enci-mada do sol e da Cruz. Parin-tins,
meiga flor do

A-ma-zonas, doce mimo das mãos do Se-nhor; terra virgem por Deus
esco-lhida para

berço de luz e de a-mor.

1 – Sob a bênção da Virgem do Carmo,


Parintins se desdobra e reluz
ao afago do Rio Amazonas,
encimada do sol e da Cruz .

Estribilho: Parintins, meiga flor do Amazonas,


doce mimo das mãos do Senhor;
terra virgem por Deus escolhida
para berço de luz e de amor.

2 – Parintins é uma terra bendita,


Refulgente de fé no porvir;
É cidade pujante de vida,
Com um povo a cantar e sorrir

283
3 – Nela há jovens e tantas crianças
a caminho do bem e do amor;
são do amado Brasil esperança,
são aurora dum mundo melhor.

4 – Quem entrar do Paurá ou da Serra,


fascinado por esta região,
as saudades mais vivas enterra
e aqui fica seu coração.

284

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