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CARDOSO, Ciro Flamarion. VAINFAS, Ronaldo (Orgs.).Dominios da historia :
ensaios de teoria e metodologia - Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
“Bloch e Febvre inauguram, pois, nos primórdios dos Annales, o estudo das
mentalidades, delas fazendo um legítimo objeto de investigação histórica. Mas
não se pense que eles foram os primeiros a se dedicarem ao estudo de
sentimentos, crenças e costumes na historiografia ocidental. Para citar apenas
alguns autores que lhes antecederam ou foram deles contemporâneos nessas
preocupações, vale lembrar o próprio Michelet, autor de La sorcière, em 1862,
e o importante Georges Lefbvre, autor de La grande peur, livro sobre onda de
pânico que varreu a França rural no contexto revolucionário francês. [...] não se
pode esquecer do grande historiador holandês Johan Huizinga, autor de
Outono da Idade Média, obra publicada em 1919 sobre sentimentos, costumes
e religiosidades na França e nos Países Baixos nos século XIV e XV.”
(VAINFAS, Ronaldo IN: CARDOSO, Ciro Flamarion. VAINFAS, Ronaldo. 1997,
p. 196-197)
“[...] não é exato dizer que o surgimento da história das mentalidades em fins
dos anos 60 tenha rompido totalmente com a tradição dos Annales e com as
concepções dos fundadores da história nova. Ao menos no tocante à
valorização de certos temas ligados à religiosidade, aos sentimentos e aos
rituais, o que parece ter ocorrido foi, não uma ruptura, senão uma retomada,
nos últimos 20 ou 30 anos, de antigas preocupações de Febvre e Bloch quanto
ao estudo mental.” (VAINFAS, 2011, p. 122)
“Isso significa dizer que é possível nos lembrarmos de algo que não nos atingiu
diretamente, mas que, por uma razão ou outra, contaminou nossa própria
lembrança. Assim, é coerente registrar que há acontecimentos que
traumatizam tanto um grupo, que a memória daquele fato por ser transmitida
ao longo dos séculos com altíssimo grau de identificação. Um terceiro elemento
assenta-se na ideia de que a memória também é constituída por personagens,
uma vez que há sempre exemplos de indivíduos que personificam determinada
lembrança. Por último os chamados lugares de memória, que podem ser
representados por museus, arquivos e monumentos. (POLLACK, 1992, p. 202).
(p. 27)