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INTRODUÇÃO
Nesse sentido, concordamos com Haddad (2012, p. 215) quando afirma que
entender a educação como um direito humano “significa incluí-la entre os direitos
necessários à realização da dignidade humana plena”. Ou seja, um direito que deve ser
garantido a todos os sujeitos, independente da condição social.
Por outro lado, a lei que define a Educação Especial é a Lei nº 9.394/96 – Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que traz no art. 58:
Essa ideia reflexiva da autora Caldart tem como lastro uma ação de coletividade
dos sujeitos sociais que vivem no campo em busca de direito à educação, mas no dizer
de Arroyo “uma das tensões que hoje vivemos na defesa dos direitos é serem
defendidos apenas como direitos abstratos e negados como direitos concretos”.
Consoante o autor:
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São ações coletivas que se desenvolvem numa esfera sociocultural, onde sujeitos coletivos interagem,
criam espaços de solidariedade, praticam uma cidadania em processo, vivenciam práticas educativas
que propiciam múltiplas aprendizagem, reivindicam direitos e buscam mudar a sociedade em que vivem
(BATISTA, 2005, p. 02).
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De acordo com a Lei nº 5.692/71, A referida Lei na medida que se colocou distante da realidade
sociocultural rural, não incorporou as exigências do processo escolar rural em suas orientações
Entretanto, a Constituição de 88 foi um instrumento balizador para a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Lei n 9.394/96), enfocasse a educação
rural no âmbito do direito à igualdade e do respeito às diferenças, possibilitando discutir
como seria a oferta dessa educação para os povos do campo, buscando adequar a
Educação Básica as especificidades locais. Preconiza uma proposta que adeque as
peculiaridades e singularidades construídas a partir da realidade do campo (PIRES,
2012).
fundamentais, nem mesmo sinalizou elementos para uma política educacional para os povos do campo,
que partisse dos diferentes sujeitos que vivem no campo (PIRES, 2012, p. 88).
campo, de país e que pelas circunstâncias sociais objetivas de hoje,
implica na formação dos trabalhadores para lutas anticapitalistas,
necessárias a sua própria sobrevivência: como classe, mas também
como humanidade. Formação que inclui a afirmação de novos
protagonistas para pensar/construir está política: os próprios
trabalhadores do campo como sujeitos construtores de seu projeto de
formação (CALDART, 2008, p. 72).
Essas diretrizes estabelecem no seu artigo 2º, uma proposta de educação com
base na realidade do campo, em que a identidade da escola é definida por essa realidade,
no sentido de que seja construída uma educação através dos saberes próprios dos
estudantes e da cultura da sociedade “em defesa de projetos que associem as soluções
exigidas por essas questões à qualidade social da vida coletiva no país’’ (BRASIL,
2001, p. 37).
Porém, de acordo com (PIRES, 2012 p. 99), “a educação do campo tem uma
visão ampliada, legalmente através da Resolução do Conselho Nacional de Educação
(CNE) e Conselho da Educação Básica (CEB) Nº 2/2008 (BRASIL/ MEC/ CNE,
2008)” a qual estabelece diretrizes complementares, normas e princípios para o
desenvolvimento de política pública de atendimento a educação básica do campo,
conforme o que é colocado no artigo 1º:
No sentido da fala, pronunciam o que não é verdade dos nossos semelhantes, tal
como que o sujeito do campo é um sujeito atrasado e incapaz de chegar em uma
Universidade, seja ela pública ou particular. Já no que tange ao ouvir, ouve que todos os
seres humanos têm os mesmos direitos em que estão prescritos na Constituição Federal
do Brasil de 88, ou seja, a sociedade até ouve, mas não aceita esse mesmo direito
concreto aos campesinatos, PcDs, ribeirinhos, negros, indígenas, quilombolas, LGBTs
(Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais) dentre diversos. E por fim, o
comportamento mental da sociedade que deveria ter consciência de que o povo do
campo e os PcDs, são seres humanos que residem noutro espaço social, diferente do
urbano, mas que esse ser paga seus impostos, é eleitor e cidadão, que merece respeito e
o mesmo direito de qualquer pessoa.
A priori, a escola do campo não pode somente está de portas abertas para as
pessoas com deficiência, neste caso, promovendo a integração, interação e inclusão, isto
é, em busca da qualidade de estruturas que atendam apenas os PcDs considerado
“aptos”, mas sim, está adequada a todos, sem distinção, com recursos humanos,
didáticos e infraestrutura que permeie a acessibilidade, para que esse indivíduo desfrute
das possibilidades de conhecimentos, bem como potencializar seu desenvolvimento
educacional e cognitivo, uma vez que venha lutar pelo próprio direito social que nos
convêm como cidadão.
Consoante Osti, et al. (2013), “quando a criança começa com suas primeiras
evocações verbais, tais como falar sozinha, enumerar os alimentos que acabou de
ingerir, [...] dentre outros.’’ Para tanto, esses comportamentos desses indivíduos são o
início de uma representação social familiar.
A ancoragem dessa reflexão das autoras Palmas e Carneiro, referem-se tanto aos
sujeitos do campo, quanto aos PcDs que, ainda, sofrem pela escória de representação da
sociedade em termo de construção de estereótipo, de acusação, sobre as pessoas do
campo. Assim como essa sociedade preconceituosa constrói conceito negativo de que o
povo do campo, é uma gente sem cultura, ela poderá também desconstruir tal definição
que as têm, perante aos nossos semelhantes. Mas por outro lado, acrescentamos, ainda,
que das diversas representações sociais existentes na esfera maior dos Movimentos
Sociais, uma das mais relevantes no contexto educacional se chama de corpo docente. É
o/a educador/a que recebe nosso povo do campo ou PcDs em sala de aula, seja para o
Atendimento Educacional Especializado ou em espaço regular de ensino. É ele/a que
conforme o tempo, conhece a vida cotidiana de cada sujeito, nesse caso, possibilitando
assim desenvolver estratégias específicas para cada caso de um PcD, mas que precisa da
coletividade ao trabalho, a citar a família, a escola e os segmentos públicos da
sociedade.
PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Desse modo, Freire (1983, p. 67) afirma que a educação deve ser crítica e
“corajosa, propor ao povo a reflexão sobre si mesmo, sobre seu tempo, sobre sua
responsabilidade, sobre seu papel no clima da sociedade em transição”. No dizer do
autor a educação é desafiadora, que consoante a fala da professora C, não tem um
aparato de como trabalhar em sala de aula, “principalmente quando a pessoa se depara
com alunos com deficiência física e mental, mas a gente sabe que esses alunos têm o
direito de serem recebidos em qualquer ambiente escolar”. Acrescenta-se a isso,
também a deficiência intelectual ou sensorial que não foi lembrada pela docente C.
Por outro lado, esse mesmo professor relata que para que a escola se torne
inclusiva é preciso ter formação continuada ao corpo docente e que não há materiais,
nem espaço adequado para atender essa clientela. A questão colocada pelo professor é
debatida por Candau que:
Sobre o assunto exposto pela professora B é visto pelo Decreto 7.352/10 como
forma “à garantia de condições de infraestrutura e transporte escolar”, todavia, o que se
observa é a precariedade da estrutura física da escola, sem falar do transporte escolar,
que até existe, mas não atende as necessidades especiais perante as pessoas com
deficiência, como forma de direito aos estudantes daquela região do Baixo Tocantins.
No que alude a professora C, a respeito da inclusão ela acredita que sim, pois
“no nosso ambiente escolar a gente recebe alunos com diferentes particularidades, onde
a gente deve está com esse conhecimento deles serem aceito na escola e que a gente
possa respeitar a necessidade de cada um”. Destaca-se a esse assunto a professora
Figueiredo (2008), que a escola deve receber todos os alunados, sem distinção de
qualquer obstáculo que possa impedir esse aluno ser matriculado, que consoante
Oliveira e Victor (2006) é o corpo docente quem hospitaliza seus alunos na escola, é no
decorrer do cotidiano escolar que vai descobrindo sua singularidade e acompanha seu
avanço, como também sua dificuldade e potencialidade, para que possa ser trabalhada
no fruir das aulas.
No que tange a prática pedagógica inclusiva, o professor A relata que para haver
uma prática pedagógica inclusiva, precisa de apoio da família e da coordenação para
trabalhar em conjunto em prol desse sujeito social. Segundo o mesmo, “é uma tarefa
difícil, em que a gente precisa reunir e discutir sobre esse aluno, pois só matricular essa
pessoa não vai adiantar de nada, temos que ter em nossa escola um profissional que
atenda a essa clientela” (Professor A-pedagogo).
Essa concepção do professor, nos fez refletir no que diz a professora Batista
(2013), que “uma das marcas distintivas das ideias de Paulo Freire é o diálogo com
elemento da gênese do ser humano, das relações sociais, dos processos de educação e
formação, de identidade”.
Às vezes nós educadores temos vontade de avançar, mas nós não temos
suporte para esse avanço. Isso acaba dificultando o nosso trabalho,
impedindo, às vezes, de realizar um bom trabalho. Eu preciso
melhorar muito e nós só vamos ter a concretização a partir do
momento em que os três âmbitos caminharem juntos: família, escola e
Estado (Professora B-geografia)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CHAUI, Marilena. A sociedade democrática. In: Molina, M. C.; Souza Júnior; J. G.;
Tourinho, F. (org.). Introdução crítica ao direito agrário. Brasília: Editora UnB, 2003. p.
332-340.
PIRES, Ângela Monteiro. Educação do Campo como direito humano. São Paulo:
Cortez, 2012.