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INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA

Conhecendo a Natureza Humana


30/08/2016

Pedro Henrique Portela


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SUMÁRIO

Definição de Psicologia.................................................................................................................3
Fases da Psicologia .......................................................................................................................3
Métodos da Psicologia .................................................................................................................5
Técnicas da Psicologia ..................................................................................................................7
O Behaviorismo ............................................................................................................................9
A Psicologia da Aprendizagem e Inteligência .............................................................................12
A PSICOLOGIA DA GESTALT ........................................................................................................18
PERCEPÇÃO & MOTIVAÇÃO (PRINCIPAIS TEORIAS MOTIVACIONAIS) ........................................21
A Psicanálise ...............................................................................................................................23
A PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA DE VYGOTSKY ........................................................................34
A PSICOLOGIA INSTITUCIONAL E OS TIPOS DE AGRUPAMENTOS HUMANOS ............................35
FEEDBACKS& ASSERTIVIDADE ....................................................................................................38
Dar e Receber Feedbacks ...........................................................................................................38
Doenças Mentais ........................................................................................................................42
AS PRINCIPAIS MEGATENDÊNCIAS .............................................................................................56
Como a Psicologia Pode Ajudar o Obreiro Cristão ......................................................................62
Bibliografia .................................................................................................................................63
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Definição de Psicologia
A palavra psicologia é formada de duas palavras gregas: Psique, que
significa Alma, e Logos, que significa Estudo, Ciência. Assim, etimologicamente,
Psicologia significa estudo da alma.

No decorrer do tempo, a palavra foi usada para falar sobre o estudo da


alma, da mente e do comportamento. Hoje a maioria dos psicólogos, usa
para falar do estudo do comportamento dos organismos.

Desde a época de Platão e Aristóteles surgem estudos e teorias sobre a


mente humana, mas a psicologia só foi considerada ciência no final do século
XIX, quando os estudiosos empregaram métodos de observação cuidadosos e
sistemáticos.

Fases da Psicologia
Fase Grega: surgiu com os gregos a Psicologia, no período anterior à era
cristã, tendo sido uma ramificação das filosofias, artes e crenças humanas
atreladas ao misticismo da época. Os principais filósofos que a influenciaram
foram: Sócrates, Platão e Aristóteles, nos períodos de 469 a 322 a.C. Com
Sócrates, a Psicologia ganha consistência, uma vez que sua principal
preocupação era com o limite que separava o homem dos animais, trazendo
a característica humana da razão, que lhe permitia pensar e sobrepujar-se aos
instintos (bases mais irracionais). Com Platão, discípulo de Sócrates, a
Psicologia cedeu lugar à razão, sendo o próprio corpo, mais precisamente a
cabeça, o centro de localização para a alma humana, no qual a medula
faria a ligação corpo-mente (elementos importantes, pois Platão concebia
uma separação entre corpo e mente e acreditava na imortalidade da alma).
Já com Aristóteles, a Psicologia ganhou o seu primeiro tratado, no qual tivemos
os primeiros estudos profundos das diferenças entre a razão, percepção e
sensações (Da anima). Esse pensador acreditava que a alma e o corpo não
podiam ser dissociados, o que trouxe uma forte evolução para a
compreensão dos fatores humanos para a Psicologia da época.

Fase Romana: no período datado entre 430 a 1274, a Psicologia sofreu a


influência direta dos padres e filósofos Santo Agostinho e São Tomás de
Aquino. O primeiro foi inspirado em Platão, trazendo a concepção de uma
alma pensante, com razão e com manifestação divina (ligação do elemento
humano com Deus), sendo a alma também a sede do pensamento, havendo
a preocupação da Igreja em compreendê-la. Já com São Tomás de Aquino,
devido ao período de ruptura da Igreja com as Revoluções Francesa e
Industrial, houve a preocupação pela distinção entre essência e existência,
sendo que somente Deus poderia assegurar a perfeição ao homem e não o
avanço das liberdades e do desenvolvimento humano (a intenção era a de
garantir à Igreja o monopólio do estudo do psiquismo).
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Fase do Renascimento: “pouco mais de 200 anos após a morte de São


Tomás de Aquino, tem início uma época de transformações radicais no
mundo europeu.” (BOCK, 1996, p. 35). O Renascimento e todo o mercantilismo
levam às novas descobertas que propiciam ao homem o acúmulo de riquezas
e acabam por acirrar novos valores (bens capitais e organizações mais
econômicas e sociais). As transformações ocorrem em todos os setores e dá-se
a valorização do homem e de seus inúmeros processos. O conhecimento
tornou-se independente da fé e surgem sociedades mais complexas e a
necessidade de metodologias, técnicas capazes de assegurar com maior e
melhorada precisão as complexidades humanas. Em outras palavras, o
conhecimento trouxe a necessidade de uma remodelagem nos padrões
vigentes até então. Como exemplo: Galileu (1610), com o estudo da queda
dos corpos (primeiras experiências da Física moderna); Maquiavel (1513), com
a clássica obra política “O príncipe”; e René Descartes (1596-1659), renomado
filósofo que postulou a separação entre a mente e o corpo, deixando o
famoso dualismo cartesiano de herança cultural, o que, sem dúvida,
configurou um significativo avanço para a Psicologia, como ciência, pois,
assim, o corpo humano morto, separado da alma, poderia, então, ser melhor
observado e pesquisado.

Fase Científica: o século XIX trouxe o avanço de inúmeras ciências,


sendo que a Psicologia, então, para acompanhar seus estudos sobre o
homem, teve também de se tornar objetiva, a fim de mensurá--lo, classificá-lo
e analisá-lo, prestando melhor suas contribuições de compreensão da espécie
humana e social. Com a divisão do trabalho, adventos das revoluções
francesa e industrial, a Psicologia ganha espaço cada vez maior, ao ficar
puramente libertada das filosofias, somando sistematizações nos
procedimentos e padronizando os ajustamentos necessários para a sociedade
capitalista, passando a ser respeitada e utilizada por todos os setores da
sociedade humana. Wundt trouxe a concepção de uma Psicologia apartada
da alma, na qual o conhecimento científico poderia ser obtido a partir de
medição e observação em laboratório, fator de extrema importância para o
avanço dos estudos da mente e comportamentos humanos.

A Psicologia como ciência vai se configurando em diferentes


concepções, com as seguintes abordagens:

O funcionalismo, de William James (1842-1910): corrente americana


para a qual importa responder “o que fazem e por que fazem os homens”, na
qual a consciência surge como centro das preocupações e da compreensão
dos funcionamentos, de acordo com as necessidades humanas de
adaptação ao meio ambiente (pragmatismo americano a serviço do
desenvolvimento econômico da época).

O estruturalismo, de Edward Titchner (1867-1927): tal qual o


funcionalismo, ocupou-se com a compreensão da consciência, porém com
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enfoque aos aspectos mais intrínsecos, ou seja, mais estruturais do sistema


nervoso central, utilizando o método introspectivo para a observação
experiencial em laboratório.

O associacionismo, de Edward L. Thorndike (1874-1949): basicamente


formulou a primeira abordagem da aprendizagem para a Psicologia, na qual
o processo se daria das associações entre ideias simples até as mais
complexas entre os conteúdos. Thorndike formulou uma lei
comportamentalista em que a repetição do comportamento humano e
animal dar--se-ia até o ponto do efeito (recompensa; exemplo: elogio para o
bom feito infantil), o que permitia a observação da aprendizagem bem-
sucedida; ou o contrário, como um efeito ativador da suspensão do
comportamento (o castigo; exemplo: o olhar severo do pai em resposta ao
ato inadequado da criança). Essa lei ficou conhecida como: “Lei do Efeito”.

Todas essas abordagens anteriormente descritas vão dar estruturação e


embasamento científico preciosos para o que viria a ser as Psicologias mais
contemporâneas (Behaviorismo, Gestalt e Psicanálise, abordagens que
veremos com maior destaque no transcorrer da disciplina, portanto, nesta
apostila.

Métodos da Psicologia
Introspecção ou observação interna.

Extrospecção ou observação externa.

Experimentação.

Na introspecção a pessoa observa suas próprias experiências e as relata


(emoções, percepções, interesses, recordações etc).

Exemplos: Aumentamos nosso conhecimento da mente humana lendo


diários íntimos, autobiografias e memórias. Imaginamos que as pessoas foram
sinceras ao descrever seus sentimentos, emoções, recordações e etc. Mas,
não podemos provar.

Para estudar os traços de personalidade, os psicólogos têm pedido às


pessoas que respondam a um questionário. Para isto, os indivíduos terão que
observar seu íntimo e dar suas respostas, as quais irão revelar para o psicólogo
seus interesses, emoções, preferências e etc.

Para estudar o raciocínio o psicólogo Claparede elaborou um método


chamado de Reflexão Falada. Consiste em dar um problema para uma
pessoa resolver e, ao mesmo tempo, ir descrevendo em voz alta.
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Apesar de não ser possível verificar se as pessoas foram corretas ao


descreverem sua vida íntima, a introspecção é utilizada para coletar
informações que não podem ser obtidas de nenhuma outra maneira.

A introspecção não pode ser aplicada no estudo de animais, de


crianças muito novas, de débeis mentais e etc.

Na extrospecção o psicólogo procura conhecer as reações externas


dos organismos. Ao observar, por exemplo, uma pessoa, procura conhecer seu
modo de agir, seus gestos, suas expressões fisionômica, suas realizações e etc.

Sempre que possível, os psicólogos dão preferência à Extrospecção, e


procuram torna-la mais exata usando aparelhos para melhor documentar suas
observações: máquinas fotográficas, de filmar, cronômetros, gravadores de
som e etc.

As observações do comportamento possuem duas classificações:

Observações ocasionais (causais): Pelo contato diário com pessoas e


animais, todos nós ficamos conhecendo alguma coisa sobre o
comportamento dos mesmos. Na rua, no ônibus, no lar etc. estamos sempre
realizando observações do modo de agir dos outros, mesmo sem termos a
intenção de realizar um estudo de Psicologia.

Observações intencionais: O psicólogo, muitas vezes, observa as


reações dos outros com o propósito de conhecer algum aspecto do seu
comportamento, com a intenção de realizar um estudo de Psicologia.

Quando o psicólogo quer coletar informações sobre o comportamento


das pessoas, muitas vezes procura observá-las em situação natural.

Tanto crianças quanto adultos alteram seu modo de agir se sabem que
estão sendo observados. Um cuidado, pois de grande importância nas
observações é não prejudicar a espontaneidade, a naturalidade do
comportamento das pessoas que estão sendo observadas.

Para observar grupos de pessoas agindo livremente, sem que estas


percebam, existem salas especiais, nas quais há uma janela de visão
unilateral.

Exemplos de observação de comportamento:

Registro cronológico de fatos da vida infantil, ou diários do bebê, feitos


pelos pais ou por pessoas que convivem assiduamente com a criança. Nestes
diários ficam registrados as datas dos progressos no desenvolvimento físico e
mental das crianças.

Além dos registros gerais das atividades da criança, existem registros


parciais, em que não se anotou todo o comportamento de uma criança, mas
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apenas um aspecto do seu desenvolvimento, como seu progresso na


linguagem, no desenho e etc.

Jean Piaget, psicólogo suíço, realizou por mais de 40 anos observações


de crianças. Baseado nessas observações, explicou o desenvolvimento mental
do ser humano.

Observação de animais: Diversos animais têm sido observados em seu


habitat, isto é, em suas condições naturais de vida, para se conhecer seus
costumes, seu desenvolvimento e etc. Estas observações nos levam a entender
melhor o comportamento humano. Um bom exemplo desse método á a
etologia (etos=costumes), ciência fundada por Konrad Lorenz.

Experimentação: Muitas vezes, o psicólogo, ao fazer uma observação,


interfere no comportamento do organismo que está sendo observado. Este
não reage em situação natural, mas numa situação em que o observador o
coloca. O observador controla a situação, isto é, ele estimula o organismo pra
observar seu modo de reagir. Este tipo de observação chama-se
experimentação.

Técnicas da Psicologia
Animais em laboratório: a observação de animais em situações
controladas facilita a compreensão do comportamento das aprendizagens.
Os animais mais utilizados são: cães, ratos, pombos, gatos e macacos.

Técnica da medida do tempo de reação: esse tempo é medido em


frações de segundo, por cronômetros. Esse tempo varia de pessoa para
pessoa e é de grande importância para provas de aptidão para
determinadas profissões como: motoristas, profissionais de mídia, aviação,
entre outros.

Técnica das associações determinadas: essa técnica foi introduzida


pelo psicólogo suíço Carl Gustav Jung. Consiste em ler para o paciente, uma a
uma, as palavras de uma lista, pedindo-lhe que a cada palavra ouvida diga
tudo que lhe venha à mente, mesmo que lhe pareça estranho e absurdo. Essa
técnica possibilita traçar um tipo psicológico do paciente.

Técnica da associação livre: utilizada por Sigmund Freud, que foi o


fundador da Psicanálise. O psicanalista sugere um assunto e deixa que o
pensamento flua, na livre associação de ideias que o paciente faz, de acordo
com o seu histórico pessoal.

Técnica de grupos de controle: essa técnica consiste na comparação


de dois ou mais grupos semelhantes, tratados de modo igual, em todos os
aspectos da atividade, com exceção de um – o aspecto que está sendo
estudado. Imagine que todas as crianças de uma creche passaram por uma
experiência de ataque de cachorros e desenvolveram medo. Essa técnica
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poderia ser aplicada de modo a controlar esse medo, apresentando um filme


no qual aparecessem crianças acariciando cachorros dóceis e, assim,
fazendo paulatinamente diminuir o medo de cachorros.

Técnica de comparação de gêmeos: consiste em comparar dois


gêmeos idênticos ou univitelinos. Essa técnica tem sido muito empregada para
prever a influência da hereditariedade e do ambiente no desenvolvimento da
inteligência e da personalidade, de modo geral.

Técnicas projetivas: são atividades propostas pelos psicólogos nas quais


as pessoas são convidadas a expressarem seus íntimos.

a) Hermann Rorschach elaborou um teste de borrões, com dez cartões,


revelando traços significativos da personalidade, como nível de
inteligência, extroversão ou introversão, conflitos emocionais etc.
b) Henry D. Murray criou o TAT, conhecido como teste de apercepção
temática, em que existem 20 quadros que remontam a contos, nos
quais a criança pode elaborar a sua própria história, baseada em
fatores de sua psicodinâmica pessoal e familiar.
c) análise do brinquedo: Melanie Klein encontrou muita dificuldade
para estudar a causa dos problemas emocionais apresentados pelas
crianças e resolveu observar o modo como as crianças brincavam,
por meio de brinquedos, baseando-se na compreensão de seus
vocabulários ao expressarem o que vinha pelas mentes e formas de
construções de brincadeiras, assim como no tipo de brinquedos
escolhidos, mais comumente; a ludoterapia passou a ser uma forma
terapêutica para auxiliar a cura da criança pelo brinquedo.
d) análise do desenho: o desenho da figura humana, da casa e da
árvore, são os mais utilizados, revelando interesses, autoimagem,
conflitos emocionais, nível intelectual, entre outros fatores, muito
utilizados em empresas.
e) testes psicológicos: de inteligência, de conhecimentos gerais e/ou
específicos, nos quais se observa o tipo de resposta dada e o
desempenho, medindo aptidões dos indivíduos (muito utilizados em
seleção de pessoal).

Em Psicologia Clínica, estuda-se o comportamento de uma única


pessoa, visando ajudá-la em seu ajustamento. É feito um estudo do caso,
procurando compreender as principais forças e influências que orientaram o
desenvolvimento dessa pessoa. Esse estudo consiste em várias fases, entre as
quais: investigar o tipo de vida da pessoa; as condições sociais em que ela
vive; aplicar testes de interesses, de aptidões, de inteligência geral, de
maturidade emocional, de sociabilidade, de traços de personalidade; e fazer
seu levantamento biográfico. Após esse estudo, surge o diagnóstico do
problema dessa pessoa, é recomendada uma terapêutica e o caso é
“acompanhado” por um supervisor, por algum tempo. A observação de casos
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particulares permite descobrir algumas características comuns a muitas


pessoas.

O Behaviorismo
Termo que vem da palavra inglesa BEHAVIOR, significa comportamento.
O primeiro psicólogo a ser chamado de behaviorista foi o americano John B.
Watson em 1912.

Comportamento é “o conjunto das reações ou respostas que um


organismo apresenta às estimulações do ambiente”.

Para simbolizar a dependência entre reação e estimulação é


empregado o esquema: E – R, no qual E significa estímulo ou conjunto de
estímulos (situação) e R significa reação ou resposta.

Essa fórmula E – R deve ser lida assim:

“Um estímulo elicia uma reação (ou resposta)”, ou

“Uma reação (ou resposta) é eliciada por um estímulo”.

Os estudiosos do comportamento preferem usar o verbo eliciar no lugar


de provocar ou causar.

Estímulo é qualquer modificação do ambiente que provoque a


atividade do organismo. Assim, a luz é um estímulo aos olhos, o som aos
ouvidos.

Reação ou resposta é qualquer alteração do organismo (movimentos


musculares ou secreções glandulares), eliciada por um estímulo.

Classificação do Comportamento

Comportamento inato: também conhecido como comportamento


natural. Há reações que todos os seres da mesma espécie apresentam todas
as vezes que recebem determinada estimulação, sendo invariáveis. Um
exemplo: nossas pupilas se contraem sempre que aumenta a intensidade da
luz no ambiente em que estamos e se dilatam quando a luminosidade diminui
(reflexo pupilar). Outro exemplo: nossas pálpebras se cerram fortemente
sempre que um objeto se aproxima bruscamente de nossos olhos e sempre
que ouvimos um som muito alto (reflexo palpebral). Essas reações não
precisam ser aprendidas. Todos os seres humanos, em estado normal, as
apresentam. São chamadas reações inatas e, também, reações não variáveis.

Comportamento adquirido ou aprendido: é um comportamento


variável. Há reações que alguns seres apresentam e outros, embora da mesma
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espécie, não apresentam ao receberem determinada estimulação. São


reações que necessitam de aprendizagem para se processarem, quando o
organismo recebe a estimulação. Um exemplo: o gato de uma determinada
casa entra na cozinha todas as manhãs ao ouvir o ruído da porta da
geladeira. Outros gatos, ao ouvirem esse mesmo som, não reagem desse
modo. Outro exemplo: o cão de certa família aproxima-se prontamente, ao
ouvir alguém dizer “Totó”. Outros cães, ao ouvirem esse mesmo som, não
reagem desse modo. Essas reações foram aprendidas. Constituem o
comportamento variável ou adquirido, portanto, aprendido.

O estudo do desenvolvimento do comportamento durante o decorrer


de nossa vida tem sido realizado pela Psicologia genética ou evolutiva.
Observou-se que, no início de nossa vida, apresentamos aos estímulos reações
que, em sua maioria, são inatas. À medida que amadurecemos, vai
aumentando o número de nossas reações adquiridas ou aprendidas.

A Psicologia comparativa realiza o estudo do comportamento animal,


comparando-o com o comportamento humano. Ela tem demonstrado que,
nos animais inferiores, predominam as reações inatas, invariáveis, ao passo
que, no ser humano, predomina o comportamento variável ou aprendido.

ƒComportamento reflexo ou respondente: são todos os


comportamentos/respostas do organismo vivo/indivíduo que não dependem
diretamente dos fatores de aprendizagens (piscar o olho mediante a
incidência da luz e afastar a mão do calor do fogo, por exemplo);

Comportamento instrumental ou operante: diferentemente dos


comportamentos reflexos/respondentes, estes dependem da habilidade de
aprendizagem e apenas ocorrem mediante condicionamentos. Esses
condicionamentos podem ser primários, secundários ou terciários, sendo os
primeiros ligados às necessidades de primeira ordem (básicas) e os outros
associados a elas. Ou seja, para os behavioristas, toda a aprendizagem está
diretamente vinculada às habilidades voluntárias de um organismo responder
às suas urgências, mediante os estímulos provenientes do meio ambiente,
tornando assim o esquema E – R condicionável, controlável (exemplo: ao
pressionar uma barra, o rato observa a ocorrência do surgimento da água, e
isso apenas acontece após inúmeras tentativas de obter sucesso –
recompensa). Assim, para os comportamentalistas, o comportamento e a
aprendizagem estão diretamente vinculados aos sucessivos erros, até que se
possa alcançar o acerto.

Teoria do Reforço: podem ser positivos ou negativos, dependendo dos


objetivos do meio ou do indivíduo. No caso do reforço positivo, o indivíduo ao
ser premiado aprende que para obter satisfação de sua necessidade ou
desejo, terá de repetir o mesmo mecanismo da experiência passada,
aprendida; já no reforço negativo é o inverso, ele é desestimulado a repetir o
padrão aprendido, pois não encontra no meio ambiente o atributo que
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atende à sua necessidade/desejo, sendo esse fator fundamental para que


interrompa o padrão e aprenda a extinguir o comportamento indesejado
(para os behavioristas, o simples fato de não se reforçar positivamente um
comportamento já é suficiente para remover uma resposta de um
indivíduo/organismo).

A Caixa de Skinner

Vamos relembrar um conhecido experimento feito com ratos em


laboratório. Vale informar que animais como ratos, pombos e macacos – para
citar alguns – foram utilizados pelos analistas experimentais do comportamento
(inclusive Skinner) para verificar como as variações no ambiente interferiam
nos comportamentos. Tais experimentos permitiram-lhes fazer afirmações sobre
o que chamaram de leis comportamentais.

Um ratinho, ao sentir sede em seu


habitat, certamente manifesta algum
comportamento que lhe permita satisfazer a
sua necessidade orgânica. Esse
comportamento foi aprendido por ele e se
mantém pelo efeito proporcionado: saciar a
sede. Assim, se deixarmos um ratinho privado
de água durante 24 horas, ele certamente
apresentará o comportamento de beber
água no momento em que tiver sede.
Sabendo disso, os pesquisadores da época
decidiram simular esta situação em
laboratório sob condições especiais de
controle, o que os levou à formulação de
uma lei comportamental. Um ratinho foi
colocado na ‘caixa de Skinner’ – um
recipiente fechado no qual encontrava
apenas uma barra. Esta barra, ao ser
pressionada por ele, acionava um
mecanismo (camuflado) que lhe permitia
obter uma gotinha de água, que chegava à
caixa por meio de uma pequena haste.
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Durante a exploração da caixa, o ratinho


pressionou a barra acidentalmente, o que
lhe trouxe, pela primeira vez, uma gotinha
de água, que, devido à sede, fora
rapidamente consumida. E, por ter obtido
água ao encostar na barra quando sentia
sede, constatou-se a alta probabilidade de
que, estando em situação semelhante, o
ratinho a pressionasse novamente. (BOCK,
1996, p. 48-49).

Skinner denominou esse comportamento de operante, em que o que


propicia a aprendizagem dos comportamentos é a ação do organismo sobre
o meio e o efeito dela, seus resultados, ou seja, a satisfação de uma
necessidade, sendo que a aprendizagem fica atrelada nessa relação entre
ação e efeito.

Em suma, os behavioristas contribuíram enormemente para a


sistematização dos comportamentos aprendidos, desde esses estudos feitos
em laboratórios, deixando claras as questões dos condicionamentos para as
aprendizagens humanas, em diversas áreas do conhecimento e aplicações
(escolas, indústrias, serviços em gerais, entre outras tantas atividades
ocupacionais do mercado de trabalho).

A Psicologia da Aprendizagem e Inteligência


A Aprendizagem e Inteligência (QI-QE-QA)

O Processo das Aprendizagens

Todas as correntes filosóficas e científicas das Psicologias, de forma


geral, enfocam a questão da predisposição humana para o crescimento
ajustativo para com o seu meio ambiente. Existe uma forte tendência a
acreditar na força criadora das capacidades neurais para suplantar as
dificuldades mais variadas, pois a inteligência humana, até hoje, ainda não foi
totalmente disponibilizada, para atingir todo o seu cume e capacidade total
de funcionamento, conforme comprovam os neurocientistas mais debruçados
em análises humanas/sociais.

Um famoso psicólogo, Jean Piaget (1896-1980), desenvolveu uma


importante teoria para compreender o desenvolvimento cognitivo, por meio
do trabalho que acompanhava crianças, e classificou a aprendizagem a
partir de estágios, tais como: a) sensório-motor (ênfase na importância da
estimulação ambiental, até os 18 meses); b) pré--operacional (ênfase na
intuição, em que o sentido é o desenvolvimento das capacidades mais
simbólicas das crianças, dos 18 meses até os seis anos de idade); c) operações
concretas (ênfase nas operações mentais e no uso do pensamento lógico
estruturado com as ações e situações reais, dos sete aos 11 anos); d)
operações formais (ênfase no pensamento complexo, articulado e hipotético-
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dedutivo, envolvendo a imaginação mais rica e intuição, após os 12 anos de


idade).

Piaget fomentou inúmeras pesquisas, contribuindo vastamente para


posteriores investigações de seus inúmeros seguidores. Possibilitou a
compreensão dos processos atrelados às aprendizagens no mundo do
trabalho, uma vez que podemos observar que as dificuldades do indivíduo
sempre se reportam às fases anteriores, caso estas tenham sido vivenciadas
com lacunas e falhas, dependendo tanto da maturação cognitiva quanto da
qualidade e quantidade das estimulações do meio ambiente.

Os Diferentes Enfoques para as Aprendizagens

Os comportamentalistas acreditam na aprendizagem condicionada; os


gestaltistas nas relações dinâmicas dos contatos humanos internos e externos;
já os psicanalistas acreditam na viabilização de um maximizado acesso ao
inconsciente, sendo que este armazena o manancial criativo e faz com que a
consciência emancipe o seu dispositivo maior para aprender o mundo tanto
interior quanto exterior. Com Piaget, assim como com outros importantes
psicoterapeutas, as Psicologias foram angariando novas vertentes e
constatando em testes, pesquisas e experimentos, os inúmeros atributos das
capacidades individuais e grupais para as aprendizagens, tanto específicas
quanto generalizadas, do potencial humano.

A Inteligência Humana

Fatores hereditários e adquiridos formam e transformam a inteligência


humana sob e sobre toda a interatividade que já estamos acostumados a
verificar em nossas relações humanas. Para os psicólogos contemporâneos,
fatores racionais e emocionais são determinantes da evoluída inteligência,
assim como fatores atitudinais e inter-relacionais.

Inteligência Racional (QI)

Binet, Simon e Stern, em 1912, pesquisaram o quociente de inteligência


mediante uma escala que media a capacidade do conhecimento de
crianças comparando as idades cronológicas. Assim sendo, catalogaram
diferentes medidas para as inteligências (até a atualidade são muito utilizadas
essas escalas para medição de QI). Consideram o QI saudável dentro dos
parâmetros 90-120, sendo que variações para baixo ou para cima estariam
relacionadas com defasagens/incapacidades e, por outro lado,
genialidades/alta capacitação de expansão pessoal.

Pesquisas e testes de QI em muito facilitam a seleção de pessoal para


as organizações, desde a era industrial até a atualidade, pois vivemos em um
mundo globalizado e de forte tendência competitiva, fazendo-se necessários
os instrumentos práticos de medição de recursos para os conhecimentos
específicos e gerais da inteligência humana.
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Inteligência Emocional (QE)

Daniel Goleman (1995) traz o conceito de sincronia emocional e nos


atenta para as questões das deficiências “das conscientizações dos sentires”,
tão vastamente ignoradas por outras correntes das Psicologias. Por meio de
experimentos ricos e complexos, tal ideia nos remonta para a integração de
uma inteligência emocional e racional, na qual haja o contínuo alinhamento
da rede neural com todos os âmbitos emocionais.

Goleman foi o criador do termo ‘QE’ e revolucionou a visão


fragmentada da inteligência, trazendo uma concepção de ampliada e
inquietante constatação de que o controle emocional dependerá sempre de
uma profunda e intensa capacidade de se dar conta do que se sente, sem
que isso implique em atuar o sentimento concomitantemente no meio, na
situação vivida.

Para o autor, o sequestro emocional seria uma ação inadequada do


indivíduo, comprovando a sua incapacidade de lidar com a emoção
percebida, ou seja, a inconsciência de um sentimento levando a uma ação
inadequada ao contexto. Essa visão da inteligência explicou o porquê de
pessoas com QI elevados não serem as mais bem-sucedidas profissionalmente,
por possuírem genialidades outras e não emocionais e relacionais.
Suponhamos que um profissional de criação, em uma reunião em que esteja
apresentando a sua campanha seja tomado por um forte sentimento de ira e
resolva agir de forma grosseira e agressiva, ocasionando a perda da conta de
um importante cliente para a sua agência. Com certeza, esse episódio
dramático seria um típico sequestro emocional, típico de quem não lida bem
com as próprias emoções, mantendo-as sob controle consciente e ajustativo,
conforme exige cada situação das vivências que se apresentam no dia a dia.

Inteligências Múltiplas e Atitudinais

Howard Gardner, nos anos 60, foi um importante pesquisador e trouxe a


contribuição de uma teoria que identificou diferentes inteligências: a) lógico-
matemática: símbolos numéricos e lineares; b) linguística: símbolos ligados às
letras, palavras, assim como expressões da mesma pela palavra e suas
manifestações; c) espacial: ligada aos aspectos mais físicos de
contextualizações; d) musical: ligada aos sons, desde a emissão até
elaborações mais avançadas; e) intrapessoal: que diz respeito às
capacidades de autoconhecimento e controle emocional; e f) interpessoal:
que dita as habilidades de relacionamentos com as outras pessoas, de forma
madura, responsável, ética e assertiva.

Para Gardner, quanto mais as pessoas puderem investir não somente


em maximizar suas potencialidades, como também em potencializar suas
limitações, mais e mais estarão aptas para desenvolverem em plenitude suas
totais e genéricas aptidões cognitivas/emocionais. Em outras palavras, o ser
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inteligente atual e contemporâneo é aquele que vive a sua inteligência de


maneira múltipla, de acordo com os sistemas em que se insere, uma vez que o
mundo está cada vez mais criativo, diferenciado e solicitando inúmeras
capacidades de ajustamentos variados e crescentes.

Para os cognitivistas,

[...] o processo de organização das


informações e de integração do material à
estrutura do pensar e refletir, armazenar e
processar, integrar aos processos
conscientes é o que melhor conceitua a
aprendizagem. Esta abordagem diferencia
a aprendizagem mecânica da
aprendizagem significativa: a)
aprendizagem mecânica refere-se à
aprendizagem de novas informações com
pouca ou nenhuma associação com
conceitos já existentes na estrutura
cognitiva. O conhecimento assim adquirido
fica arbitrariamente distribuído na estrutura
cognitiva, sem se ligar a conceitos
específicos (ex: decorar um texto); b)
aprendizagem significativa: processa-se
quando um novo conteúdo (ideias ou
informações) relaciona-se com conceitos
relevantes, claros e disponíveis na estrutura
cognitiva, sendo assim assimilado por ela.
Estes conceitos disponíveis são os pontos de
ancoragem para a aprendizagem. (BOCK,
1996, p. 117-118).

Um exemplo dessa última forma de aprendizagem: você integra e


aprende o conceito que pode viver na vida real e não se esquece mais do
valor significativo da teoria, graças à experiência cognitiva aprendida. E isso se
aplica em diversas áreas, com diferentes pessoas, dos pequenos até grandes
grupos.

A inteligência é, sem dúvida, uma das qualidades humanas mais


desejáveis. Cada cientista, ao longo da história e de suas pesquisas, revelam a
inteligência, sob e entre diferenciados aspectos. Desde Platão, pensar a
inteligência, por si só, já é uma representação bastante satisfatória dela, pois o
exercício é um indicativo de capacidade reflexiva e pensante.

O que mais caracteriza o ato inteligente é o fato de utilizar vários


elementos da situação de maneira original ou criativamente nova. No fundo,
em todo ato inteligente há uma pequena descoberta, a estrutura da
inteligência:
16

a) Cognição: na solução de um problema ou situação difícil, é preciso,


em primeiro lugar, reconhecer os elementos disponíveis e
constitutivos da situação (essa operação é a cognição = conhecer,
do latim);
b) Memória: além de levantar os dados do problema, é preciso retê-los
na memória ou evocar outros elementos para o processamento da
solução (reter e evocar são funções da memória);
c) Produção convergente: é uma forma de atividade intelectual que
processa os elementos mentais de conformidade com os padrões
convencionais (exemplo: seguir manuais de orientações nas
organizações, criteriosamente);
d) Produção divergente: é uma forma de atividade intelectual que
processa os elementos mentais de modo não convencional; as
descobertas e invenções são produtos divergentes, não
convencionais da mente, são originalidades expressivas do ato
singular de se criar, dando um salto qualitativo nas dimensões que
convergem;
e) Avaliação: é uma forma de atividade mental em que a mente
elabora pesos e valores diferentes, julgando a respeito da correção,
adequação, desejabilidade, melhor conveniência. Quando um
supervisor ou coordenador está avaliando mentalmente, está
processando elementos mentais que são valores, pesos, reação
comportamental adequada etc. Em todo processo decisório, cada
informação tem uma relevância e um peso próprios. Nem todos os
elementos se apresentam com o mesmo valor; é um ato típico de
avaliação.

As atividades da mente só existem sobre determinados conteúdos;


ninguém pensa a respeito de nada. O pensamento consiste em elaborar,
processar mentalmente algum conteúdo. É claro que podemos raciocinar
sobre inúmeras coisas. Há um número infinito de assuntos sobre os quais
podemos pensar. Contudo, Guilford, psicólogo americano, reduziu-os a quatro
categorias:

a) Conteúdos figurativos: elementos concretos num espaço limitado


(inteligência espacial, concreta e mecânica);
b) Conteúdos simbólicos: inteligência numérica, musical ou de
qualquer outro elemento simbólico;
c) Conteúdos semânticos: inteligência mais verbal (oradores,
professores, escritores, filósofos);
d) Conteúdos comportamentais: inteligência social baseada em
atitudes, formas de proceder, ação, padrão de ações das pessoas,
formas altamente criativas para lidar com elementos
comportamentais (exemplo: profissionais das publicidades e
17

marketing necessitam dessas qualificações para melhor exercerem


suas funções).

Essência da Aprendizagem e da Inteligência

O que está no cerne do comportamento inteligente? Para alguns


psicólogos, a ênfase está no pensamento abstrato e no raciocínio, e, para
outros, o foco está nas capacidades que possibilitam a aprendizagem e a
acumulação de conhecimentos. Existem correntes que enfatizam a
competência social: se as pessoas conseguem resolver os problemas
apresentados por sua cultura. E na época atual, os psicólogos não sabem
sequer se há um único fator geral (normalmente chamado de ‘G’, inicial de
‘geral’) do qual dependam todas as habilidades cognitivas.

Medindo a Inteligência – os Famosos Testes de

Inteligência

Alfred Binet (1857-1911), destacado psicólogo francês, foi quem criou a


primeira medição prática da inteligência. De início, juntamente com seus
colaboradores, mediu habilidades sensoriais e motoras, da mesma forma que
o fez Galton. Logo, eles perceberam que tais avaliações não funcionariam e
começaram a observar as habilidades cognitivas – duração da atenção,
memória, julgamentos estéticos e morais, pensamento lógico e compreensão
de sentenças – bem como medidas de inteligência.

O projeto de Binet teve significativa arrancada em 1904, ano em que foi


nomeado para integrar uma comissão do governo para estudar os problemas
do ensino de crianças retardadas. O grupo concluiu que se deveria identificar
as crianças mentalmente incapazes e dirigi-las a escolas especiais. Esse evento
possibilitou estudos avançados de distinção de níveis intelectuais para a
diferenciação de aprendizagens, para crianças com dificuldades cognitivas.
O teste de Binet foi importado pelos Estados Unidos e por outros países.

Lewis Terman, um psicólogo que trabalhava na Universidade de


Stanford, nos Estados Unidos, fez uma revisão amplamente aceita do teste de
Binet, em 1916. Esse teste ficou conhecido como Stanford-Binet e trouxe o
padrão mundialmente conhecido para os testes de inteligências QI
(quociente de inteligência, termo criado por psicólogos alemães). Esse teste
compara os resultados obtidos por um indivíduo com aqueles de outros
indivíduos da mesma idade, dentro de uma escala de probabilidades e
18

expectativas para cada fase do desenvolvimento (conforme vimos com


Piaget, para as cognições), o que também foi um forte critério para que tal
escala pudesse ser configurada.

Os testes de inteligência atuais ainda seguem as tendências citadas


anteriormente, e somam--se a estas as da Escala de Inteligência Adulta de
Wechsler, revisada em 1981, em que a preocupação é medir diferentes
recursos individuais para lidar com os correspondentes desafios (subtestes
verbais e de desempenho avaliam capacidades que exigem a manipulação
de objetos ou outros tipos de resposta com as mãos, baseando-se no
pensamento sem palavras e nas habilidades de resolução de problemas
práticos, também).

A PSICOLOGIA DA GESTALT
Gestalt

Surgiu na Alemanha em 1910 com os trabalhos experimentais dos


cientistas Max Wertheimer, Wolfang Köhler e Kurt Kofka.

A palavra Gestalt pode ser traduzida do alemão para o português


como forma, figura, estrutura, todo, padrão, configuração etc.

A pesquisa feita por Wertheimer que originou a Gestalt era sobre o


fenômeno da percepção visual do movimento aparente que ele chamou de
fenômeno fi (de phi, letra grega).

Wertheimer notou que duas fendas próximas, feitas em um biombo


(uma horizontal e uma vertical, por exemplo), iluminadas cada uma por sua
vez, durante uma fração de segundo, uma logo após a outra, eram vistas
como se fossem uma só linha em movimento da posição horizontal para a
vertical. (O cinema é baseado nessa ilusão de movimento. Na realidade, nada
se move na tela; nela é projetada uma rápida sucessão de quadros estáticos,
ligeiramente diferentes uns dos outros, que nos parecem uma só figura em
movimento.).

Conceitos da Gestalt

Os principais conceitos da Gestalt são:

a) figura-fundo: sendo que a figura é a parte central e mais importante


da percepção, e o fundo, todo o contexto que lhe dá destaque;
b) a busca pela boa forma: a percepção se organiza por meio da
intencionalidade de buscar a harmonia e a integração, assim como
um sentido satisfatório para a compreensão do que o indivíduo
percebe;
19

c) insight: existe a habilidade natural do indivíduo para a busca do


fechamento do que compreende, buscando em seu repertório
individual parâmetros para as soluções criativas dos
problemas/percepções;
d) espaço vital: o indivíduo se atualiza no campo situacional onde vive,
de acordo com solicitações externas e recursos internos;
e) leis da percepção para a Gestalt (simetria, regularidade,
proximidade, semelhança e fechamento): condições fundamentais
para o processo autorregulativo da boa forma, para a percepção;
f) o todo é maior do que a soma das partes: cada elemento possui
uma função e contribui de formas correlacionais ao todo em que
está inserido, sendo que o significado das partes apenas reflete
exatamente a função do contexto presente. Porém, a dinâmica
processual é sempre reajustativa, circular e processual, levando à
totalidade e, ao mesmo tempo, alcançando novos rumos e sentidos;
g) o como é mais importante do que os porquês;
h) o presente, o aqui e agora, é o foco principal para a compreensão
da percepção e atualização do indivíduo no seu meio (o passado e
o futuro se condensam quando existe centragem de percepção e
tomada de decisão, propriamente ditas).

A Abordagem da Boa Forma da Gestalt

Os pesquisadores da Psicologia da Gestalt, escola que antecipou a


corrente da Gestalt-terapia, trouxeram inúmeras contribuições para que
pudéssemos entender como se estrutura todo o campo fenomênico interior
que forma o que chamamos de ‘percepção’ – e seu processo ocorre entre
aspectações de ordens variadas e dentro do que Kurt Lewin denominou como
Campo Psicológico. Este é entendido como um campo de força que nos leva
a procurar a boa forma; funciona figurativamente como um campo
eletromagnético criado por um ímã (a força de atração e repulsão). Esse
campo de força psicológico tem uma tendência que garante a busca da
melhor forma possível em situações que não estão muito estruturadas. Esse
processo ocorre de acordo com os princípios de proximidade, semelhança e
fechamento.

A proximidade garantiria a melhor percepção para os elementos


dispostos, de acordo com a distância mais curta, sendo notados devidamente
agrupados. Já na semelhança, os elementos seriam percebidos como sendo
similares/ parecidos ou de um mesmo grupo de referência (exemplo: perceber
formas circulares agrupadas mais nitidamente do que outras, após o sujeito ter
ficado horas e horas analisando pneus, uma vez que trabalha na indústria de
fabricação dos mesmos). E, finalmente, fechamento, quando o sujeito é capaz
20

de completar a figura que falta, mediante caracteres armazenados na sua


consciência, a fim de garantir a boa forma perceptiva e fechar o seu ciclo de
contato de maneira satisfatória.

A Teoria de Campo de Kurt Lewin

O psicólogo Lewin (1890-1947) trabalhou durante 10 anos com


Wertheimer, Koffka e Kohler na Universidade de Berlin, e dessa colaboração
com os pioneiros da Gestalt foi que germinou o que viria a se tornar essa
importante teoria da percepção, vista de uma maneira mais holística e
sistêmica. Entretanto, sendo ele um pesquisador, mais do que um gestaltista,
parte da teoria da Gestalt é para construir um conhecimento novo e genuíno.
Ele abandona a preocupação psicofisiológica (limiares de percepção) da
Gestalt, para buscar na Física as bases metodológicas de sua psicologia.

O principal conceito de Lewin é o do espaço vital, que ele define como


“a totalidade dos fatos coexistentes e mutuamente interdependentes que
determinam o comportamento do indivíduo num certo momento.” (LEWIN,
2005, p. 45). O que Lewin concebeu como campo psicológico foi o espaço de
vida considerado dinamicamente, em que se levam em conta não somente o
indivíduo e o meio, mas o todo circunstancial vivido dentro de um espaço e
um tempo. Um bom exemplo da visão de Lewin descarta completamente a
visão fragmentada do humano nas relações sociais, ou seja, não devemos
“julgar” com a nossa visão de mundo a forma de vida de um indivíduo e/ou
um grupo, pois cada um se relaciona com coerência dentro de seu campo
interno e externo (objetiva e subjetivamente), como em se tratando da
compreensão dos modos de vida de uma tribo específica.

Segundo Garcia-Roza (2005, p. 45), o

[...] campo não deve, porém, ser


compreendido como uma realidade física,
mas sim fenomênica. Não são os fatos físicos
que produzem efeitos sobre o
comportamento. O campo deve ser
representado tal como ele existe para o
indivíduo em questão, num determinado
momento, e não como ele é em si. Para a
constituição desse campo, as amizades, os
objetivos conscientes e inconscientes, os
sonhos e os medos são tão essenciais como
qualquer ambiente físico.

Em outras palavras, todo o contexto segue


21

uma coerência, uma rede de intersecções condizentes com a pessoa e com o


todo, concomitantemente, sendo necessário se colocar no lugar e tempo do
ser/objeto de observação para melhorar a interpretação e compreensão.

Os conceitos e ferramentas da Gestalt são fundamentais para viabilizar


a compreensão do funcionamento das percepções e relações do humano
em diversos contextos sociais, garantindo a boa forma e a satisfação de
necessidades pertinentes e possíveis, com a devida contextualização,
tornando-nos mais próximos da realidade e das múltiplas verdades
coexistentes do mundo em que vivemos, trabalhamos e nos relacionamos,
dinamicamente, processualmente.

PERCEPÇÃO & MOTIVAÇÃO (PRINCIPAIS TEORIAS MOTIVACIONAIS)


Definições de Percepção

É a organização dos elementos captados pelos sentidos que faz algum


fechamento (efeito da Lei de Totalidade da Gestalt). Nunca percebemos
estímulos isolados, a tendência natural é a de organizar, dar um fechamento.
A Figura é a parte predominante e central, que emerge de um Fundo.

Vivemos mais em função do mundo interior (sentidos, sensações,


pensamentos) do que em função da realidade objetiva. “Cada cabeça uma
sentença”. Por isso, é muito importante sempre checarmos bem o que o outro
está querendo expressar, para não colocarmos as “nossas coisas” na boca
desse outro (projeção).

Os sentidos funcionam como receptores (antenas) que levam os


estímulos para o cérebro, e este se organiza e nos dá a percepção. Os cinco
sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato) são fundamentais para esse
processo e devem estar bem desenvolvidos, no indivíduo. A intuição é um
sentido mais sutil e refinado e ocorre principalmente quando temos os cinco
sentidos básicos bem evoluídos em nós mesmos. É por isso que dizemos que as
pessoas criativas, inteligentes e intuitivas têm uma excelente percepção.

Funções da Percepção

São as seguintes: a) função informativa: manter-se em contato


constante com o meio, atualização para sobreviver e se desenvolver; b)
função defensiva: captamos o perigo, ameaça, antes que aconteça algo de
pior. De acordo com os estados internos e a situação, somos capazes de dar
um sentido para isso: esquiva ou ataque – agimos de acordo com a melhor
possibilidade encontrada naquele momento.

As percepções, assim como as motivações, são determinadas também


pelas necessidades, pois o organismo age de forma intencional voluntária ou
22

involuntariamente, para buscar o “optimum de equilíbrio fisiológico, social e


humano” = homoestasia (do grego) – Conceito de Walter Cannon (1929),
psicólogo, e de Claude Bernard (1895), fisiologista francês.

Compreendendo os Processos Motivacionais

Motivação(conceito): refere-se a um motivo, um estado interno que


pode resultar de uma necessidade; ele é descrito como ativador, ou
despertador, de comportamento geralmente dirigido para a satisfação da
necessidade instigadora. Motivos estabelecidos principalmente pela
experiência são conhecidos simplesmente como motivos; aqueles que surgem
para satisfazer necessidades básicas relacionadas com a sobrevivência e
derivadas da fisiologia são geralmente chamados de impulsos (drives– motivos,
do inglês).

A motivação é um tema complexo para a Psicologia, uma vez que


considera três tipos de variáveis (o ambiente, as forças internas no indivíduo e
o objeto, propriamente dito). A motivação está presente como processo em
todas as esferas de nossa vida, tanto na área do trabalho quanto na do lazer e
mesmo na de aprendizagens (escola, faculdade, por exemplo).

Principais Teorias Motivacionais

Teoria de Abraham Maslow: segundo esse importante psicólogo, as


motivações humanas obedecem a uma hierarquia de necessidades e desejos,
sendo que cada um de nós estaria sempre buscando atingir no meio
ambiente os alvos que melhor configurariam essas mesmas necessidades
internas, quando estamos mais autoconscientes dos processos interiores que
nos movem. Essas necessidades vão desde fatores que garantem a
sobrevivência até as que nos levam às melhores transformações e evoluções,
dentro dos campos situacionais, profissionais e existenciais. Os tipos de
necessidades então seriam: a) necessidades fisiológicas (fome, sede, ar, sexo e
sono), b) necessidades de segurança (abrigo, proteção e ausência de
perigo), c) necessidade de amor (filiação, aceitação e sentimento de
pertencer), d) necessidades de estima (realização, aprovação, competência
e reconhecimento), e) necessidades de autorrealização (possibilidades de uso
das potencialidades individuais, com contínuo aprimoramento). Para Maslow
(1970), quando uma dessas necessidades permanece insatisfeita, pode
dominar todas as outras; o que importa é o grau das satisfações, bem mais
que sua quantidade, pois ao mesmo tempo temos diferentes grupos de
necessidades em nossas vidas e o organismo terá de eleger a mais urgente
para si, sempre, mesmo que o faça de forma impensada. Essa visão explica os
interesses e as formas de funcionamento das pessoas em geral e faz com que
identifiquemos os motivos que levam as pessoas a estarem em diferentes níveis
de possibilidades e aspirações, no campo do trabalho, principalmente.
Maslow e sua teoria motivacional vêm sendo muito utilizados, em diferentes
universos do mundo intelectual, assim como do profissional, pois oferece um
23

valiosíssimo instrumental para que o profissional possa identificar os diferentes


níveis de necessidades e desejos de seus clientes, em potencial, já que
vivemos em uma sociedade de consumo, dentro de um regime competitivo e
capitalista;

Teoria de Henry Murray: na década de 1930, esse autor se ocupou com


o motivo das realizações sociais e observou que as pessoas projetavam suas
necessidades, medos, esperanças e conflitos nos personagens de suas figuras
histórias (conforme resultados obtidos em testes de apercepções temáticas).
Com essa teoria e metodologia, fica claro que o importante é observar os
caminhos dos motivos sociais, medindo, assim, a disponibilidade para a
realização de cada indivíduo no trabalho;

Teoria de David McClelland: esse autor deu prosseguimento às


pesquisas de Murray, focando o grau de realização a partir das motivações
individuais, e confirmou, juntamente com outros pesquisadores, que, quanto
maior fosse o grau de satisfação e realização, maior também seria a
motivação humana para o crescimento e desenvolvimento social/individual
(desenvolveu métodos e técnicas importantes para os cientistas sociais,
utilizadas em larga escala no âmbito de preparação, colocação e
desenvolvimento profissionais). Essa teoria trouxe a questão da relação
motivacional – indivíduo X meio ambiente

A Psicanálise
O fundador da psicanálise foi o médico austríaco SIGMUND FREUD, nascido
em 1856, nas proximidades de VIENA cidade onde estudou medicina. Sua
família era de origem judaica, porém seu pai não lhe transmitiu os ensinos da
religião judaica. Seu primeiro contato com a religião foi com o catolicismo, sua
ama era católica e o levava regularmente para a missa. Aos quatro anos de
idade sua família mudou-se para Viena por motivos profissionais. Viena era
uma cidade católica onde os judeus sofriam restrições sociais. Quando iniciou
seus estudos universitários Freud foi conquistado pelo materialismo extremo de
seu professor de física fisiológica, BRUCKE. Abandonou o judaísmo e não quis
se casar de acordo com os rituais da religião de seus pais, porém de tanto sua
noiva insistir ele aceitou a celebração religiosa em seu casamento. Rejeitou a
fé católica porque algumas pessoas usaram sua origem judaica para impedir
sua nomeação a professor universitário. Por essas e outras razões adotou o
catolicismo como um adversário.

O Método da Psicanálise

Freud criou seu próprio método, ao qual ele chamou PSICO-ANÁLISE (análise
da mente), hoje PSICANÁLISE.
24

Esse método é composto por três técnicas:

a. ASSOCIAÇÃO LIVRE

b. ANÁLISE DOS SONHOS

c. ANÁLISE DOS ATOS FALHOS.

1. Técnica da Associação Livre

Nos primeiros contatos com o paciente Freud buscava conquistar sua


confiança. Depois de algum tempo submetia-o a associação livre, que
consistia em fazer com que o paciente ficasse em uma posição de completo
repouso. O paciente deitava-se em um divã em uma sala silenciosa tendo o
médico atrás na cabeceira sem encará-lo. Freud pedia ao paciente que fosse
falando em voz alta todos os fatos de sua vida dos quais se lembrasse sem
precisar seguir uma ordem lógica ou cronológica.

Freud notou ao submeter os pacientes a esta técnica, que estes faziam


pausas no decorrer dos seus relatos. A essas pausas Freud chamou de
RESISTÊNCIA e explicou que é o resultado do paciente desejar ocultar alguma
coisa do psicanalista ou de si mesmo. O estudo das resistências é importante
para a descoberta da causa dos sintomas que afligem o paciente.

O emprego desta técnica produz dois resultados:

a. Faz a catarse dos sintomas

b. Auxilia o psicanalista a descobrir as causas da perturbação mental

2. Técnica da Análise dos Sonhos

Freud considerou os sonhos um caminho para o inconsciente. Por essa


razão pedia a seus pacientes que sempre lhes relatassem o que sonhavam.
Certos aspectos da mente das pessoas ficavam mais bem conhecidos pela
interpretação que Freud fazia dos sonhos.

3. Técnica da Análise dos Atos Falhos

Atos Falhos são esquecimentos, lapsos de linguagem, certos atos que


praticamos, e que aparentemente não tínhamos a intenção de praticar.
Analisando esses atos, o psicanalista compreendia melhor certos sintomas
apresentados pelos pacientes.

ESCOLA PSICANALÍTICA

Durante doze anos Freud foi o único médico que usou, para tratar distúrbios
nervosos, este método que ele criou. Elaborou uma doutrina psicológica
25

totalmente nova que explica o funcionamento da mente humana e o


desenvolvimento da personalidade. Esta doutrina recebeu o nome de PSICO-
ANÁLISE.

A palavra psicanálise possui três sentidos:

1. Método criado por Freud, composto de três técnicas, destinado ao


diagnóstico e tratamento das doenças mentais.

2. Significa a doutrina criada por Freud, explicando o funcionamento da


nossa mente.

3. Nome dado aos discípulos de Freud, isto é, Escola Psicológica


Fundada por Freud.

Atualmente a palavra é aplicada no segundo sentido. Hoje a


psicanálise é utilizada em várias áreas do saber humano, exemplo:
Odontologia, Relações Humanas, Pedagogia etc.

Particularmente gosto da definição dada pelo Dr. Edmar Jacinto:

Psica – psiquê – sede e sede das nossas pulsões.

sede – sentido dinâmico/movimento.

Lugar que se processa todo volume emocional que está sendo


experimentado. Processa-se o registro dos impactos emocionais. Positivos ou
negativos.

Toda pulsão está ligada ao desejo.

Ana – ressignificação freudiana. Atua como advérbio de negação que se


coloca contra.

Negação x contra

Lise – é o que está quebrado, rompeu/partiu.

“psicanálise é a tentativa de fazer uma análise do desejo que foi negado (da
pulsão que foi reprimida), que quebrou/rompeu/partiu e mudou a sede e a
sede dos nossos desejos”.

DOUTRINA FREUDIANA

1. A Libido

Observando seus pacientes Freud constatou que a causa da doença


mental apresentada pela maioria deles era sempre de natureza sexual.
Observou, também, as pessoas normais e concluiu que “o comportamento
humano é orientado pelo impulso sexual”. Freud dá o nome de LIBIDO ao
impulso sexual. Libido é uma palavra que significa prazer. A libido constitui uma
força de grande alcance na nossa personalidade; é um impulso fundamental
ou fonte de energia.
26

2. Elementos da Personalidade.

Freud divide a personalidade humana em três elementos que chama


de ID, EGO E SUPEREGO.

ID – Na nossa personalidade há uma parte irracional ou animal. Essa


parte biológica, hereditária, irracional, que existe em todas as pessoas,
procura sempre satisfazer a nossa LIBIDO, PRINCÍPIO DO PRAZER, Freud a
chamou de ID.

Os impulsos do Id são inconscientes, nós não o percebemos.

SUPEREGO – Desde que nascemos, vivemos em um grupo social do qual


vamos recebendo influências constantes. Desse grupo vamos absorvendo, aos
poucos, ideias morais religiosas, regras de conduta etc., que vão se constituir
uma força em nossa personalidade. A essa força Freud chama de SUPEREGO,
O PRINCÍPIO DA MORALIDADE.

O Id e o Superego são forças opostas, em constante conflito. O


superego quase sempre é contrário à satisfação de nossa natureza animal,
enquanto o Id procura satisfazê-la. Essa luta entre o Id e o Superego, na
maioria das vezes não é percebida por nós, é INCONSCIENTE.

EGO – Mantém o equilíbrio entre o Id e o Superego. O Ego é a razão, a


inteligência, O PRINCÍPIO DA REALIDADE. O Ego procura resolver o conflito
entre o Id e o Superego. Numa pessoa normal esse conflito e resolvido com
êxito. Quando o Ego perde sua autonomia instala-se o conflito psíquico e
aparecem os distúrbios mentais.

A teoria de Freud é que “nossa personalidade é dinâmica e resulta de


duas forças antagônicas: O Id e o Superego”. Depois de alguns anos, Freud
ampliou o sentido da palavra Libido, adicionando o IMPULSO DA AGRESSÃO
(PULSÃO DA MORTE/THANATOS).
27

NÍVEIS DA VIDA MENTAL

Ao formular e explicar sua teoria Freud explicou o que ele entendia por
INCONSCIENTE. Não foi Freud quem descobriu o inconsciente. Antes dele
outros falaram sobre o mesmo. Freud ensinou que a nossa vida mental possui
três níveis: CONSCIENTE; PRÉ-CONSCIENTE E INCONSCIENTE.

1. CONSCIENTE – São fenômenos da mente que estão se processando e


deles temos conhecimento imediato. Exemplo: Eu conheço os pensamentos,
as emoções que estão se processando agora em minha mente.

2. PRÉ-CONSCIENTE – São fenômenos que não estão se passando agora


em minha mente, mas que são do meu conhecimento. Posso chamá-los a
minha mente quando eu quiser. Exemplo: Posso reviver certos momentos que
se passaram comigo, nos quais não estou continuamente pensando: evoco
lembranças, emoções etc.

Tanto o consciente como o pré-consciente são fatos do meu


conhecimento, do meu domínio. Tenho consciência de sua realização.

3. INCONSCIENTE – São fenômenos que se realizam em nossas mentes sem


que o saibamos. Não são percebidos e por isso ignorado. Antes de Freud esses
fenômenos já eram conhecidos, porém coube a Freud:

A. Fornecer meios para conhecer a vida mental inconsciente: Associação


Livre, Análise dos Sonhos e Análise dos Atos Falhos;

B. Afirmar que os fatos inconscientes têm grande influência na direção do


nosso comportamento (DETERMINISMO PSÍQUICO), na direção das nossas
ações. Exemplo: Podemos ignorar a existência em nós de emoções,
tendências e impulsos, os quais, na realidade, estão influenciando fortemente
as nossas vidas.
28

O DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE

1. Período Narcisista

No início da vida a criança dirige a libido para seu próprio corpo. Ela
ama a si mesma. Suas reações dependem, principalmente, de seu bem-estar
físico, é egocêntrica. Este período possui duas fases:

a. Fase Oral

Nesta fase a criança tem a libido deslocada para a boca. Por essa
razão ao observar uma criança você nota que ela gosta de levar todos os
objetos que pega até a boca. A pulsão básica do bebê não é social ou
interpessoal, é apenas receber alimento para atenuar as tensões de fome e
sede. No início ela associa prazer e redução de tensão ao processo de
alimentação.

Características adultas de pessoas fixadas nesta fase: Fumantes,


Glutões, Fofoqueiros etc.

b. Fase Anal

Nesta fase a libido desloca-se para o ânus. Aqui a tensão está em


controlar os esfíncteres anais e a bexiga. A obtenção do controle fisiológico é
ligada à percepção de que esse controle é uma nova fonte de prazer.

Características adultas de pessoas fixadas nesta fase: Ordem,


Parcimônia, Obstinação, Avareza etc.

Este período é chamado de narcisista devido à lenda de Narciso.

2. Período Edipiano
29

Neste período a criança dirige a libido para o progenitor do sexo


oposto, manifestando hostilidade para com o progenitor do mesmo sexo.
Ainda, a criança se identifica com o progenitor do mesmo sexo. A menina
ama seu pai e hostiliza sua mãe. Da mesma forma o menino ama sua mãe e
hostiliza o seu pai.

A criança ama o progenitor do sexo oposto e, percebendo que este


tem uma afeição especial pelo progenitor do mesmo sexo que ela, vai
identificar-se com esse progenitor para merecer também o amor do sexo
oposto. Exemplo: Uma menina gosta muito do seu pai e percebe que este tem
afeição para com a mãe. Para merecer o amor do pai ela procura se
identificar, imitar a mãe (deseja usar sapatos de salto alto, batom, ocupar-se
das tarefas maternas etc.). Esta menina que vive em um lar onde há harmonia
entre os cônjuges, se tornará bem feminina. Já em um lar em que o marido
deprecia a esposa, a filha deste casal, que ama o pai e quer sua afeição, não
procurará identificar-se com a mãe, a quem não julgará um bom modelo.
Poderá evitar parecer-se com a mãe tornando-se uma personalidade com
características masculinas.

É neste período que cada pessoa adota o papel sexual para toda a
vida. É chamado de edipiano por causa da lenda grega em que Édipo, jovem
príncipe assassina seu pai e casa-se com a mãe.

3. Período de Latência Sexual

Depois das dificuldades da fase edipiana a criança passa para um


período mais calmo. Este período corresponde aos anos do ensino
fundamental onde a criança se ocupará de adquirir habilidades, valores e
papéis culturalmente aceitos.

É chamado de período de latência porque os impulsos são impedidos


de se manifestarem. Nesta fase aparecem na criança barreiras mentais
impedindo a manifestação da libido. Essas barreiras, Freud citou como sendo
a repugnância, a vergonha e a moralidade.

Neste período a energia dos impulsos é desviada do seu uso sexual e


dirigida para outras finalidades, processo chamado de SUBLIMAÇÃO.

A sublimação tem importante papel no desenvolvimento do homem


civilizado e nas realizações culturais.

4. Período da Puberdade

Este período dura aproximadamente dois anos, se inicia mais cedo para
as meninas do que para os meninos. É uma época de grandes modificações
físicas e, principalmente, de grande desenvolvimento dos órgãos sexuais.
30

Nesta fase o jovem inicia sua libertação emocional dos seus


progenitores.

A principal característica dessa fase, que também é chamada


HOMOSSEXUAL, é a ligação afetiva que se estabelece entre jovens do mesmo
sexo e de idade aproximada. É a idade em que as meninas têm sua amiga
predileta e os meninos tem seu companheiro inseparável, com os quais
trocam confidências.

5. Período da Adolescência

Neste período a libido do jovem se dirige a um adolescente do sexo


oposto. Essa ligação emocional heterossexual, fora da família, vai exigir a
emancipação do adolescente de seus pais. A separação emocional
ocasiona, pelo menos por algum tempo rejeição, ressentimento e hostilidade
contra os pais e outras autoridades. Essa é uma fase difícil, não só para o
adolescente, mas, também, para os pais que querem retardar essa libertação.

Há casos em que o desenvolvimento emocional não se processa


normalmente, não apresenta essa sequência de fases, devido a fatores
biológicos ou condições ambientais.

Vamos observar dois casos típicos dessa anormalidade na evolução


emocional: A Fixação e a Regressão.

Fixação: Freud chama de fixação a parada que uma pessoa pode


apresentar em fase determinada. O desenvolvimento emocional estaciona
enquanto o desenvolvimento fixo e intelectual continua.

Exemplo: Uma menina de três anos cuja mãe morre e o pai a entrega a
avó. O ambiente emocional em que esta criança vivia se transtorna por
completo. Perdeu a afeição materna, e de certo modo, a paterna, que a
ajudaria a passar do período narcisista (em que se encontra) ao período
edipiano. Seu desenvolvimento físico e intelectual parece continuar se
processando normalmente, mas seu comportamento emocional continua
igual ao de uma criança de menos de três anos. Sua libido continua ligada ao
seu próprio corpo, em vez de dirigir-se para seu pai, que dela se distancia
cada vez mais. Permanece egocêntrica, preocupada com seu bem ou mal-
estar físico e com seus objetos pessoais, visivelmente indiferente ao bem-estar
das pessoas com quem vive e de quem espera receber cuidados. É narcisista,
egoísta e isolada. Tem dificuldades em manter amizades e em conservar um
namorado.

Regressão: É quando a pessoa depois de chegar a uma determinada


fase volta à fase anterior.

Exemplo: Uma criança que se desenvolve normalmente até a idade escolar e


que estará no período de latência. Nessa ocasião o ambiente físico do seu lar
31

é grandemente modificado com o nascimento de um irmãozinho. Esta criança


é normal, até os oito anos se mostrava bem ajustada, começa a se sentir
insegura emocionalmente (será que papai e mamãe ainda me amam?). Essa
modificação em seu ambiente afetivo leva-a a desajustar-se. Deseja obter
satisfação como conseguia fazer no período em que tinha a atenção dos pais
só para sua pessoa, e passa a se comportar como fazia nesse período, visando
merecer novamente os mesmos cuidados e atenções: volta a molhar o leito,
chora alto, chupa o dedo, pede para tomar leite na mamadeira, fica
novamente apegadíssima aos adultos, exige que a carreguem no colo, não
quer mais ir a escola etc. Regrediu ao período narcisista.

MECANISMOS DE DEFESA DO EGO

Freud ensinou que a nossa personalidade é o resultado do conflito entre duas


forças opostas: O Id a força biológica, natural, procurando satisfazer nossos
impulsos.

O Superego, a força social, adquirida, procurando impedir a satisfação


da libido.

O Ego é o GERENTE, ele procura harmonizar esse conflito de várias


maneiras. Freud chama de mecanismos de defesa do ego os modos de
equilibrar essas duas forças opostas.

Repressão: A função da repressão é afastar determinada coisa do


consciente, mantendo-a distante. A repressão afasta da consciência em
evento, ideia ou percepção potencialmente provocadora de ansiedade,
impedindo, assim, qualquer solução possível. O elemento reprimido continuará
fazendo parte da mente, porém inconsciente, e continuará sendo um
problema. A repressão nunca é realizada de uma vez por todas, mas requer
um constante consumo de energia para manter-se, enquanto o reprimido faz
tentativas constantes para encontrar uma saída.

Sintomas histéricos com frequência têm sua origem em uma antiga


repressão. Algumas doenças psicossomáticas tais como asma, artrite e úlcera,
podem estar relacionadas com a repressão. É possível, também, que fadiga
excessiva, fobias, impotência e frigidez se originem de sentimentos reprimidos.

Negação: É a tentativa de não aceitar na realidade um fato que


perturba o ego, utilizando-se para isto de fantasias.

Racionalização: É o dinamismo pelo qual nossa inteligência apresenta


razões socialmente aceitáveis para nossas ações que na realidade foram
motivadas pelos impulsos do Id.

Racionalizar é inventar pretextos, razões para desculpar diante da


sociedade e de nós mesmos, os nossos atos cujos motivos reais não
percebemos.
32

Exemplo: Um rapaz compra um carro realizando uma despesa


exagerada em relação a sua situação financeira e suas necessidades
profissionais, porém tranquiliza sua consciência e justifica-se diante dos outros
afirmando que o carro vai ser muito útil para seu trabalho e vai facilitar as
atividades de suas irmãs e de seus pais já idosos.

Na realidade o que ele desejava eram as vantagens que o automóvel


apresentava para seus passeios e suas conquistas.

Esse mecanismo de defesa é empregado pelos ditadores que para


atingir seus fins “elevados” e “nobres” lançam mão de meios muitas vezes
ilícitos. Conseguem iludir a si mesmo e ao seu povo.

A finalidade da racionalização é manter o auto respeito e reduzir as


tensões resultantes da frustração e dos sentimentos de culpa.

Projeção: É atribuir aos outros nossos próprios desejos e impulsos. As


tendências indesejáveis cuja manifestação em nossas ações não podemos
permitir, e cuja existência em nós não podemos em absoluto admitir, vão influir
de forma considerável no modo como interpretamos o comportamento de
outras pessoas. Vão ser projetadas nos outros.

Exemplo: Uma Sra. encontra defeitos em todas as pessoas, que julga


más todas as ações alheias. Ela está sendo influenciada por seus impulsos
reprimidos cuja existência não pode admitir em si.

Conversão: Quando não conseguimos harmonizar os impulsos do Id


com o nosso Superego por meio de outros mecanismos, o conflito entre essas
duas forças vai se converter em um sintoma físico: paralisia, dores de cabeça,
perturbações digestivas e etc.

Conversão é a transformação de conflitos emocionais em sintomas


físicos. É o desejo coagulado.

Tiques: São contrações que a pessoa faz automaticamente, sem


nenhuma finalidade e sem perceber. São comuns, nas escolas, crianças
apresentando tiques, os quais são causados por conversão de conflitos
emocionais.

Formação Reativa: Leva o ego a efetuar aquilo que é totalmente


oposto às tendências do Id que se pretende rechaçar. Em uma análise temos
o exemplo de formação reativa.

Exemplo: “Cheguei em casa irritado e encontrei a filhinha da


empregada. Senti desejos de jogá-la na rua por uma janela que estava
aberta, mas me contive. Sentei-me para estudar e, de repente, vi a mãe da
garotinha colocar um banco junto à janela para que a filha pudesse ficar
olhando a rua. A partir desse momento, não consegui mais estudar e fui sentar-
33

me perto da menina para tomar conta dela. Eu temia que a criança se


debruçasse demais e caísse da janela...”

A ideia rechaçada é jogar a garotinha à rua. A formação reativa foi


sentar-se perto para tomar conta dela.

Identificação: Processo psicológico pelo qual um sujeito assimila um


aspecto, uma propriedade ou um atributo do outro, e se transforma total ou
parcialmente, a partir do modelo deste. A personalidade se constitui e se
diferencia por uma série de identificações.

Exemplo: Em 1954 um índio cacique da tribo dos kakataybos, que


habita a região peruana de Aguaitía, foi à cidade de Lima a fim de solicitar
ajuda oficial para a sua tribo. Uma das coisas que o índio mais estranhou foi o
ato dos homens brancos enterrarem seus mortos. Disse ele: “Nós incineramos os
nossos mortos e depois ingerimos suas cinzas numa infusão. Desse modo,
assimilamos as virtudes dos nossos maiores”.

Sublimação: É a satisfação modificada dos impulsos naturais, em atos


socialmente mais aceitáveis. Existem três tipos de sublimação:

1. Mudança de Objeto: Aqui a ação desejada realiza-se totalmente,


dirigindo-se a um objeto diferente.

Exemplo: Um empregado satisfaz seu impulso de agredir o patrão


dando um soco na mesa ou um pontapé no caixote.

Um povo muito oprimido por um ditador reúne-se em praça pública, faz


discursos e, depois, queima ou apedreja o retrato do seu governante.

Nestes dois exemplos, o desejo de agressão foi satisfeito, sem grandes


consequências anti-sociais, por ter havido a mudança no objeto de satisfação
do mesmo.

b. Mudança de Reação

Aqui a ação desejada é substituída por outra que se dirige ao mesmo


objeto.

Exemplo: Um empregado satisfaz seu desejo de dar um soco no seu


patrão agredindo-o por meio de palavras.

Um cavalheiro satisfaz seu desejo de acariciar uma jovem dama


oferecendo-lhe um ramo de flores etc.

c. Mudança de Objeto e de Reação


34

Uma pessoa pode satisfazer seus desejos naturais entregando-se à arte,


à religião, a obras sociais e etc.

A sublimação tem importante papel no desenvolvimento do homem


civilizado e nas realizações culturais. É o mecanismo de defesa mais
recomendado em educação.

A PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA DE VYGOTSKY


O Surgimento da Abordagem com Vygotsky

Essa abordagem surge na ex-União Soviética, com influência da


Revolução de 1917 e a teoria marxista. Ganha força no Ocidente, por volta
dos anos 70, tornando-se referência para a Psicologia do Desenvolvimento, a
Psicologia Social e a Educação, propriamente ditas.

Vygotsky buscou “construir uma Psicologia que superasse as tradições


positivistas e pudesse abarcar o homem e seu mundo psíquico como uma
construção histórica e social da humanidade.” (BOCK, 1996, p. 86).

Principais Conceitos

As funções superiores do homem e suas compreensões não podem ser


atingidas pelo simples estudo animal, pois os animais não possuem vida social
e cultural:

• O organismo humano não possui maturação independente para


atingir funções superiores;

• Tanto a linguagem quanto o pensamento humano têm origem


no contexto social;

• Para se compreender e explicar as funções superiores do


homem, é necessário integrá-los aos aspectos da cultura;

• Existe uma unidade entre consciência e comportamento, que


deve ser integrada pela Psicologia Humana e Social;

• Os fenômenos são processos em constante transformação;

• A natureza e o homem estão diretamente ligados, um


transformando o outro concomitantemente;

• O conhecimento deve ser construído por meio de um


rastreamento da evolução dos fenômenos;

• É a vida que um homem tem que determina a sua consciência.

Vygotsky vem sendo estudado por outros teóricos e, no Brasil, tem


influenciado diretamente a Educação, desde a década de 1980, o que tem
35

possibilitado uma construção de uma Psicologia Social mais crítica e


significativa, uma vez que amplia e aprofunda a visão humana e social do ser
humano, de forma diferenciada. Sem dúvida, sua rica concepção humana e
social do homem tem contribuído para elucidar os aspectos mais complexos
da natureza e possibilidades de aprendizagens humanas, dentro de
divergências culturais, ampliando a compreensão e o respeito cuidadoso que
se deve ter em se tratando das concepções do homem e todas as suas
correlações (essenciais e existenciais).

A PSICOLOGIA INSTITUCIONAL E OS TIPOS DE AGRUPAMENTOS HUMANOS

O ser humano é um ser social para os psicólogos existencialistas, e concebê-lo


de forma existencialista e sistêmica é urgente, uma vez que toda a natureza
humana se inicia a partir da própria relação, desde o surgimento dos primeiros
embriões humanos, como dita a própria história do homem e de sua
humanidade. A natureza sociável o é por ter o homem a habilidade para o
ajustamento criativo, natural e original, dependendo de fatores atrelados às
personalidades de cada um e aprendizagens, tal como estilos de vida.

Tipos de Grupos

São tipos de grupos: a) primários: a família; b) secundários: amigos da escola,


grupos mais próximos e trabalho; c) terciários: os grupos como associações em
clubes, times, seitas, por objetivos outros, mais esporádicos. O indivíduo
transfere para os grupos de ordem secundária e terciária os seus padrões
aprendidos e projeta expectativas, de acordo com sua mobilização ou, o
contrário, suas resistências/dificuldades de pertencimento e cooperação

Como Evoluem os Grupos de Trabalho

Estudos têm indicado, desde Kurt Lewin (1890-1947), que o ser humano
primeiramente se agrega por um objetivo comum (grupo) e, à medida que
fica estabelecida uma divisão de tarefas e um maior envolvimento entre seus
membros, esse agrupamento recebe uma nova forma, mais coesa (equipe),
que pode ou não se aperfeiçoar nas redes de cooperação e intimidades,
fazendo, assim, surgir a autonomia e a interdependência fluida, criativa, entre
todos os participantes, atingindo uma configuração quase que infalível,
indestrutível (time). Tem-se observado que quanto mais integrados forem os
grupos, mais sucessos estarão destinados a ter em suas tarefas/objetivos, pois
favorecerão as atitudes conhecidas como “um por todos e todos por um”,
fundamental no mundo das comunicações e relações humanas em geral,
inclusive.

Psicologia Institucional e Processo Grupal


36

A nossa vida cotidiana é demarcada pela vida em grupo. Estamos o tempo


todo nos relacionando com outras pessoas. Mesmo quando ficamos sozinhos,
a referência de nossos devaneios são os outros: pensamos em nossos amigos,
na próxima atividade – que pode ser assistir à aula de inglês ou realizar nova
tarefa no trabalho (que, provavelmente, envolverá mais de uma pessoa).
Pensamos no nosso namoro, em nossa família. Raramente, encontraremos
uma pessoa que viva completamente isolada; mesmo o mais asceta dos
eremitas levará, para o exílio voluntário, suas lembranças, seu conhecimento,
sua cultura. Por encontrarmos determinantes sociais em qualquer circunstância

humana, podemos afirmar que toda Psicologia é, no fundo, uma Psicologia


Social. Talvez seja por isso que nossas vidas encontram sempre certa
regularidade, que é necessária para a vida em grupo. As pessoas precisam
combinar algumas regras para viverem juntas. Se estiver num ponto de ônibus,
às sete horas da manhã, eu preciso ter alguma certeza de que o transporte
aguardado passará por ali mais ou menos nesse horário. Alguém combinou
isso com o motorista. A essa regularidade entre outras, chamamos de
institucionalização.

O Processo de Institucionalização

Este processo, de acordo com Berger e Luckmann – autores muito usados para
definir como se dá a construção social da nossa realidade – começa com o
estabelecimento de regularidades comportamentais. As pessoas vão, aos
poucos, descobrindo formas mais rápidas, simples e econômicas de
desempenhar as tarefas do cotidiano. Vamos imaginar o homem primitivo: no
momento em que começou a ter consciência da realidade que o cercava,
ele passou a estabelecer essas regularidades. Um grupo social que vivesse,
fundamentalmente, da pesca, estabeleceria formas práticas que garantissem
a maior eficiência possível na realização da tarefa. Pode-se dizer que um
hábito se estabelece quando uma dessas formas repete-se muitas vezes.
(BOCK, 1996, p. 215-216).

Instituições, Organizações e Grupos

A instituição é um valor, ou regra social reproduzida no cotidiano com estatuto


de verdade, que serve como guia básico de comportamento e de padrão
ético para as pessoas, em geral. A instituição é o que mais se reproduz e o que
menos se percebe nas relações sociais. Atravessam, de forma invisível, todo
tipo de organização social e toda a relação de grupos sociais. Só recorremos
claramente a estas regras quando, por qualquer motivo, são quebradas ou
desobedecidas. Se a instituição é o corpo de regras e valores, a base
concreta da sociedade é a organização. As organizações, entendidas aqui
de forma substantiva, representam o aparato que reproduz o quadro de
instituições no cotidiano da sociedade. A organização pode ser um Ministério
da Saúde; uma Igreja, como a Católica; uma grande empresa, como a
Volkswagen do Brasil; ou pode estar reduzida a um pequeno estabelecimento,
37

como uma creche de uma entidade filantrópica. As instituições sociais serão


mantidas e reproduzidas nas organizações. Portanto, a organização é o pólo
prático das instituições. O elemento que completa a dinâmica de construção
social da realidade é o grupo – o lugar onde a instituição se realiza. Se a
instituição constitui o campo dos valores e das regras (portanto, um campo
abstrato), e se a organização é a forma de materialização destas regras
através da produção social, o grupo, por sua vez, realiza as regras e promove
os valores. O grupo é o sujeito que reproduz e que, em outras oportunidades,
reformula tais regras. É também o sujeito responsável pela produção dentro
das organizações e pela singularidade – ora controlado, submetido de forma
acrítica a essas regras e valores, ora sujeito da transformação, de rebeldia, da
produção do novo. (BOCK, 1996, p. 217).

A Importância do Estudo dos Grupos na Psicologia

Quando falamos em grupos, estamos abordando um tema que, de certa


forma, é o tema fundante da Psicologia Social. Os primeiros estudos sobre os
grupos foram realizados no final do século XIX pela então denominada
Psicologia das Massas ou Psicologia das Multidões. Um dos primeiros
pesquisadores deste assunto foi Gustav Lê Bom, autor de um conhecido
tratado intitulado ‘Psicologia das Massas’ (Psicologiedes Foules, no francês).
Pode-se dizer que, de certa maneira, os pesquisadores do final do século XIX
foram influenciados pela Revolução Francesa e, mais precisamente, pelo
impacto que causou nos pensadores do século XVIII (como foi o caso de
Hegel). Os pesquisadores se perguntavam o que teria sido capaz de mobilizar
tamanho contingente humano, como o que fora mobilizado durante essa
revolução. O que se perguntava no campo da Psicologia era o que levaria
uma multidão a seguir a orientação de um líder mesmo que, para isso, fosse
preciso colocar em risco a própria vida. Qual fenômeno psicológico
possibilitaria a coesão das massas. Estas perguntas não eram descabidas
como, infelizmente, foi possível observar durante o processo de ascensão do
governo do 3º Reich – Adolf Hitler – na década de 30. Este triste episódio, que
levou o mundo à 2ª Grande Guerra (de 1939 a 1945), exemplificou as
possibilidades de manipulação das massas. (BOCK, 1996, p. 218).O ser humano
é um ser social para os psicólogos existencialistas, e concebê-lo de forma
existencialista e sistêmica é urgente, uma vez que toda a natureza humana se
inicia a partir da própria relação, desde o surgimento dos primeiros embriões
humanos, como dita a própria história do homem e de sua humanidade.
38

FEEDBACKS& ASSERTIVIDADE

Dar e Receber Feedbacks


Dar e receber feedbacks são um dos processos mais importantes e difíceis no
campo das comunicações. As empresas solicitam a colaboração de
treinadores para tal e, normalmente, fazem-no com a ajuda de psicólogos, em
seus treinamentos, uma vez que é sempre dificultoso o processo de
externalização de verdadeiros sentimentos e ideias que temos dos outros,
assim como de nós mesmos. As perguntas que não conseguem calar são de
diversas ordens, tais como: até onde estou disposto a expor o que
verdadeiramente sou e até onde o outro está disposto a ser, na relação
comigo, ele mesmo? Entre a comunicação de pares já é difícil a relação e a
boa comunicação. Muito mais, então, em um grupo de trabalho, no qual
existem os elementos da competição, dos ciúmes, das invejas, das
manipulações e das pressões de diferentes elementos.

A Importância de Carl Rogers

Um importante psicólogo foi Rogers (1902), que descreveu três qualidades


importantes para o feedback: a congruência, a empatia e a consideração
positiva. Rogers acreditava que o crescimento pessoal seria facilitado quando
se encorajasse a pessoa a ser autêntica, dissolvendo as máscaras e podendo
lidar mais abertamente com os sentimentos presentes, no momento. Para ele,
a consistência da congruência psíquica era de suma importância para a
busca da autorrealização; o que poderia então ser facilitado nas relações
humanas seriam as formas de redução, minimização das incongruências, das
dissonâncias, assim como da não aceitação do outro, tal como ele é.
Defendeu enormemente o poder das forças positivas em direção à saúde e
ao crescimento, apontando esses aspectos como sendo naturais e inerentes
ao organismo, trazendo uma concepção bastante positiva para a visão do
humano, quando inserido em contextos favoráveis, enriquecedores do melhor
potencial humano. O valor dos relacionamentos sempre teve um enorme
enfoque nas obras desse psicólogo, pois, segundo constatou pela sua vasta
experiência clínica e com grupos, é na relação que brota a oportunidade de
se funcionar por inteiro (expandindo o self e a consciência melhor de si entre o
mundo), sendo a comunicação dos sentimentos muito facilitadora para esse
processo de descobertas e aperfeiçoamentos constantes, para o ser melhor
existir. Segundo o próprio Rogers, as pessoas são singulares, possuem diferentes
personalidades e formas de agir. Cada relação suscita diferentes sensações e
nos leva a diversificados modos de atuação. Uma das coisas mais complexas
é saber ouvir exatamente o que o outro quer dizer, sem colocar as nossas
impressões e sentimentos. Quem o sabe fazer bem, costuma ser feliz em dar
autênticos feedbacks, pois saberá espelhar exatamente o que percebe como
verdadeiro, vindo do outro. Rogers bem apontou essas preciosidades, com sua
atitude e pesquisa que enalteceram o respeito ao outro, assim como a si
39

mesmo. Necessitamos, em diferentes áreas de atuação, saber escolher o


momento oportuno de dizer, de dar uma declaração, uma opinião sobre algo
ou alguém. Será necessário ter uma boa autoconscientização, ao invés de
inúmeros pontos cegos. Aquele que reúne um bom número de pontos cegos
normalmente se vê impossibilitado de reconhecer seus erros, de aceitar as
sugestões e orientações de outros, pois sempre encontrará resistência interna,
evitando transformar-se e crescer. No trabalho em diferentes organizações e
na prestação de serviços, em geral, cada vez é mais comum a necessidade
de pessoas e líderes hábeis em feedbacks. Essa habilidade envolve uma
apurada percepção sensorial e contextual, uma boa predisposição para o
inter-relacionamento e a autoestima, concomitantemente. Podemos afirmar
que o feedback positivo é aquele que inicialmente enumera os fatores
positivos e depois, num crescente, discursa sobre as dificuldades, dando dicas
e orientações, pois, normalmente, um bom líder saberá reconhecer-se no
mesmo processo e, certamente, levantará elementos pertinentes e
adequados, a fim de facilitar e tornar mais possível o caminho de seu
orientando. Nas relações humanas e grupais, é indispensável uma atitude de
abertura para mudanças positivas, em que haja sinergia entre cada pessoa e
elemento envolvido. Essa atitude é muito valorizada em um momento de
seleção, por exemplo, haja vista que, hoje em dia, é fundamental que
saibamos trabalhar, e bem, com diferentes pessoas e segmentos.

Assertividade

Questão de atitude: ser assertivo é ter a possibilidade de asserção, ou seja,


estar suficientemente engajado e de prontidão adequada para fazer valer--se
com positividade, em uma dada situação. A pessoa que se comporta
assertivamente sempre está “antenada” na situação como um todo, tem a
capacidade de ter a melhor síntese da compreensão do contexto daquela
situação em que se encontra estreitamente envolvida. Além disso, essa pessoa
está inteiramente centrada e disponível para dar a melhor resposta, tendo a
melhor solução do problema; é a maneira pela qual se sobressai, prontifica-se,
sendo capaz de reunir força, dando conta da questão, na sua melhor
performance (motivação, centragem de energia, consciência de si, dos outros
e boa percepção). A assertividade é uma atitude que deve ser cultivada pela
pessoa, é uma habilidade poderosa nas comunicações humanas, pois cada
vez mais necessitamos ser espontâneos, verdadeiros, justos e positivos ao lidar
com questões relacionais complexas. O estado de ser assertivo é capaz de
abrir portas e dar luz às situações mais nebulosas que enfrentamos. Um
exemplo: a pessoa assertiva é capaz de ver além das aparências, pois é
capaz de empatizar--se com os outros, considerando a totalidade dos fatos e
das sutilezas que emanam das emoções das pessoas. Numa discussão dentro
do trabalho, quando duas pessoas estão entrando em agressões verbais,
quem tem a possibilidade de ser assertivo é o primeiro que começa a
encontrar melhores formas de utilizar palavras mais amenas, tentando suavizar
40

a gradação forte da discussão. Começa até utilizando uma boa dose de jogo
de cintura, de humor, desculpa-se pela parte que lhe cabe, e é
suficientemente verdadeiro e autêntico, a ponto de reconhecer sua parte de
erro, de falha, de modo a iniciar um processo de reconciliação. O assertivo é
capaz de transformar-se e de transformar a comunicação de forma positiva,
criativa e favorável, pois vê o todo e, no fundo, almeja que a solução englobe
de forma satisfatória a situação total e o outro envolvido. Dizemos que a
atitude assertiva é oposta à atitude agressiva, uma vez que existe, no primeiro
caso, o respeito, a verdadeira intenção de incluir todos os fatores da situação
de forma positiva, saudável, justa e verdadeira. No exemplo acima, podemos
imaginar que o agressivo ficou em desvantagem mediante a força da boa
vontade e da boa performance de comunicação do assertivo. É o que
normalmente acontece, pois toda vez que nos encontramos de mau humor,
somos capazes de cometer os maiores desatinos e sermos inadequados,
utilizando a polaridade oposta de nossa natureza, a assertividade. Todo ser
humano é agressivo e assertivo por natureza. De acordo com a situação, com
a personalidade, com o momento e, principalmente, com o exercício do
autoconhecimento, do autocontrole, somos capazes de melhorarmos nossos
contatos humanos, desenvolvermo-nos e percebermos que, com atitudes mais
positivas, verdadeiras, cooperativas e bem-humoradas, fazemos valer nossas
potencialidades, nossos anseios, desejos e nossas necessidades e sabemos dar
voz ao mesmo grito calado de nossos semelhantes. Na Psicologia existem
inúmeros estudos e relatos de que a face oculta da agressão é a frustração de
não ser compreendido, incluído, nem ao menos convidado para ser diferente.
Alguém sempre pode e quer dar o primeiro passo. Se o seu amigo está
agressivo, convide sua face oculta assertiva. No mundo profissional vence o
que tem maior habilidade verbal, simpatia, jogo de cintura, inteligência
emocional, carisma, espontaneidade, poder de boa sedução, veracidade,
franqueza, sagacidade, poder de persuasão e de inclusão de diferenças. Ser
assertivo é na verdade tudo isso, pois é ser capaz de “dar conta da tarefa” da
melhor forma, é ser confiante e ser um verdadeiro vencedor na luta por
dignidade, respeito, amor, liberdade de expressão, e, também, considerar, no
bom sentido, os outros é condição, intenção. A pessoa assertiva sempre é
capaz de ser mais bem-sucedida, pois os instrumentos que utiliza são os
positivos. É quem sempre olha por onde existe o lado bom, o ganho, o
saudável, o mais adequado, o melhor para todos. Assim sendo, é um otimista,
que otimiza as comunicações e as relações humanas. O mundo dos negócios
passa a ter um colorido diferente, repleto de gentilezas, de amorosidade e de
esperanças. As atitudes assertivas são capazes de reverter situações muito
complicadas, pois partem do que é óbvio, simples e redirecionam o que
parecia tumultuado. Para facilitar a discriminação do que é uma atitude
assertiva e do que seria uma atitude agressiva, tomemos, por exemplo, um
jogo de futebol: o assertivo vai jogar querendo compor a jogada, fazendo
passes, colaborando e, na hora certa, saberá se utilizar de seus talentos,
fazendo o gol. O agressivo não vai ficar reclamando o tempo todo dos passes
41

errados dos colegas, não vai querer colaborar, ficará somente em sua
posição, não mostrará flexibilidade e nem disponibilidade para respeitar e
tornar o jogo mais leve. A diferença é clara: o assertivo torna as coisas mais
felizes e possíveis de um bom desfecho, ao passo que o agressivo quer mais é
ver “o circo pegar fogo” e, ainda, encontrar um culpado. Parece que a
possibilidade de se responsabilizar e de reverter uma situação é uma forte
característica que o assertivo tem que o torna mais bem preparado para lidar
com as dificuldades na vida.

A Consciência da Agressividade Gera o Comportamento Assertivo

A partir do momento que alguém tem consciência da sua raiva, pode


aprender a suspendê-la, e este é o processo básico do comportamento
assertivo, segundo especialistas que oferecem, hoje, treinamentos empresariais
para fomentar o tal controle emocional necessário para as tomadas de
decisões. Segundo os mais especializados psicólogos organizacionais da
atualidade, o ser humano mais consciente de si é aquele que consegue ser
assertivo nas suas funções profissionais. Fará bom uso da sua energia vital, que
é agressiva, tal como apontou Freud, entre outros, e poderá, então, lançar-se
no meio, com deliberação e autonomia, exercendo a consciência de
liberdade e limite, paulatinamente, de acordo com as necessidades suas e do
meio, inclusive. A supressão da agressividade sem consciência é que torna o
indivíduo doentio e não a aceitação controlada, não atuada pura e
instintivamente, segundo apontam diversas pesquisas contemporâneas.

Concepções Atuais e Científicas sobre Níveis de Consciência das Emoções


Positivas

Pesquisadores atuais do mundo das neurociências têm constatado mediante


pesquisas e investigações teóricas que, quanto mais o indivíduo for feliz, maior
a probabilidade de entusiasmar-se para ampliar a sua consciência de si e do
mundo, atualizando-se nas situações, de forma positiva, eficiente e assertiva.
Dessa forma, prescrevem que a vida deva ser vivida com plenitude,
apreensão dos aspectos saudáveis atrelados à qualidade de vida, como:
família; contato com a natureza interior e exterior; relacionamentos humanos e
sociais que favoreçam a expressividade do amor, carinho, compaixão,
solidariedade, dentre outros, como: afeição por animais e crianças (uma vez
que estes remetem as pessoas ao mundo natural e emocional, mais autêntico,
minimizando os aspectos que trazem à superfície traumas ou outras
problemáticas das “resistências humanas”). Segundo os neurocientistas, a
felicidade faz com que as pessoas sejam mais tolerantes, mais resistentes e
mais autoconfiantes e se encorajem a atingir um maior autoconhecimento e
aperfeiçoamento, desde os caminhos da profundeza da alma humana até a
coletividade, tornando, assim, a expressividade dessa consciência uma fonte
inesgotável de vida prazerosa (hedonismo – princípio de prazer no qual se
42

buscam os aspectos beneficentes da alegria, amor, dentre outras sensações


que agucem os sentidos, na melhor forma).

Doenças Mentais
Doenças mentais são padrões de comportamento ou sintomas
psicológicos que afetam diversas áreas da vida. A lista abaixo apresenta as
principais categorias dentro das quais são classificadas as doenças mentais no
DSM-IV.

O DSM-IV é o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais,


em sua 4ª Edição, por isso o IV. O DSM-IV é utilizado por psicólogos, médicos e
psiquiatras como referência para o diagnóstico dos pacientes.

Importante salientar que algumas abordagens da psicologia, como a


psicanálise e a psicologia humanista utilizam outros critérios para diagnosticar
as chamadas doenças mentais.

Lista das Principais Categorias

Transtornos de Ajustamento

O transtorno de ajustamento é classificado por uma fonte identificável de


stress que causa sintomas emocionais e mentais significativos. No DSM-IV,
encontramos a seguinte definição:

“A característica essencial de um Transtorno de Ajustamento é o


desenvolvimento de sintomas emocionais ou comportamentais significativos
em resposta a um ou mais estressores psicossociais identificáveis”

Os critérios para este diagnóstico são:

(1) sofrimento acentuado, que excede o que seria esperado da exposição ao


estressor (2) prejuízo significativo no funcionamento social ou profissional
(acadêmico)

Subtipos:

Os Transtornos de Ajustamento são codificados de acordo com o subtipo que


melhor caracteriza os sintomas predominantes. De acordo com o DSM-IV, os
subtipos do Transtorno de Ajustamento são:
43

Com Humor Depressivo. Este subtipo deve ser usado quando as manifestações
predominantes são sintomas tais como humor deprimido, tendência ao choro
ou sensações de impotência.

Com Ansiedade. Este subtipo deve ser usado quando as manifestações


predominantes são sintomas tais como nervosismo, preocupação ou
inquietação ou, em crianças, medo da separação de figuras de vinculação.

Misto de Ansiedade e Depressão. Este subtipo deve ser usado quando a


manifestação predominante é uma combinação de depressão e ansiedade.

Com Perturbação da Conduta. Este subtipo deve ser usado quando a


manifestação predominante é uma perturbação da conduta na qual existe
violação dos direitos alheios ou de normas e regras sociais importantes,
adequadas à idade (por ex., vadiagem, vandalismo, direção imprudente,
lutas corporais, descumprimento de responsabilidades legais).

Com Perturbação Mista das Emoções e Conduta. Este subtipo deve ser usado
quando as manifestações predominantes são tanto sintomas emocionais (por
ex., depressão, ansiedade) quanto uma perturbação da conduta (ver subtipo
acima).

Inespecífico. Este subtipo deve ser usado para reações mal adaptativas (por
ex., queixas somáticas, retraimento social, inibição profissional ou acadêmica)
a estressores psicossociais, não classificáveis como um dos subtipos específicos
de Transtorno de Ajustamento.

Transtornos de Ansiedade

Transtornos de Ansiedade são aqueles que são caracterizados por um medo


excessivo e anormal, por preocupação e ansiedade.
No DSM-IV encontramos alguns tipos de Transtornos de Ansiedade:

Agorafobia

O termo agorafobia vem do grego “ágora” (reunião de pessoas, assembleia,


multidão) + “phobos” (medo). Diferentemente do que possa sugerir
agorafobia não é somente um medo de espaços com grande quantidade de
pessoas. Para, além disso, há o sentimento de medo diante de situações em
que comportamentos de esquiva-fuga seriam difíceis de realizar.

Ataque de Pânico

O ataque de pânico, geralmente, é curto. Alguns pesquisadores e profissionais


afirmam que dura em torno de 10 a 15 minutos e é caracterizado por uma
44

forte sensação de medo e desconforto que surge de forma inesperada.


Mesmo parecendo pouco tempo, quem passa por esta situação costuma
narrar que o ataque “demorou uma eternidade” devido à intensidade do
sofrimento.

Transtorno de Pânico Sem Agorafobia

Transtorno de Pânico Com Agorafobia

Agorafobia Sem História de Transtorno de Pânico

Fobia Específica

Fobia específica, antigamente conhecida por fobia simples, é uma classe mais
generalista. Ocorre um intenso medo que pode ser de objetos ou mesmo de
situações. Por exemplo, medo de voar, medo de animais, de doenças, de
sangue etc.

Fobia Social

A fobia social é caracterizada pela ansiedade em relação à avaliação social


de outra pessoa. É comum surgir na adolescência por ser uma fase da vida em
que há o desenvolvimento pessoal e de habilidades sociais, porém também
pode surgir na infância ou na vida adulta.

Transtorno Obsessivo-Compulsivo

Existem vários tipos de TOCs. Neste transtorno há a obsessão, caracterizada


por pensamentos e ideias incontroláveis, e a compulsão, em que
comportamentos são emitidos na tentativa de afastar tais pensamentos. Um
exemplo comum de TOC são pessoas que lavam as mãos compulsivamente.
Vale destacar que o comportamento emitido pode ser simbólico, não
necessariamente quem lava as mãos compulsivamente, por exemplo, tem
pensamentos obsessivos com sujeira, germes e afins.

Transtorno de Estresse Pós-Traumático

Conhecido por TEPT, o transtorno de estresse pós-traumático ocorre após um


evento extremamente aversivo que pode ter sido vivido ou apenas
testemunhado pelo indivíduo. É comum ocorrer após sequestros, em que há o
uso da violência e do terror contra a vítima. A principal característica é o fato
de o paciente, mesmo após a situação, rememorar o ocorrido repetidas vezes,
45

sendo possível perceber, inclusive, alterações neurofisiológicas por conta de


tais recordações.

Transtorno de Estresse Agudo

Geralmente antecede o TEPT. Ocorre em torno de um mês após a exposição


ao evento causador de estresse intenso, com o surgimento de ansiedade.

Transtorno de Ansiedade Generalizada

É mais leve, possui uma duração curta em relação a outros transtornos de


ansiedade, em torno de 6 meses, em que há uma preocupação constante de
que algo irá acontecer, em qualquer ambiente que se vá. Não há
necessariamente um estímulo específico para a emissão de comportamentos
ansiosos.

Transtorno de Ansiedade Devido a uma Condição Médica Geral

É comum ocorrer por conta da utilização de drogas em algum tratamento,


não necessariamente sendo este tratamento de ordem psiquiátrica.

Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância

Ocorrem por conta de alguma droga ou substância que altere o


funcionamento fisiológico e mental do indivíduo, propiciando o surgimento de
comportamentos ansiosos.

Transtorno de Ansiedade Sem Outra Especificação

Outros transtornos de ansiedade que não se enquadram em nenhuma outra


categoria.

É importante lembrar também que não necessariamente porque temos


momentos ansiosos estamos com algum transtorno. Em um mundo como o
nosso, cheio de compromissos e uma busca por maior produtividade em
menor tempo, é comum ficarmos ansiosos. Porém, se esta ansiedade não nos
impede de vivermos e não nos causam sofrimento psíquico ou não nos
impedem de realizarmos nossas atividades cotidianas, podemos nos
considerar normais. Se é que alguém é normal.

Transtornos Cognitivos

Transtornos cognitivos são os que envolvem funções cognitivas tais como:


memória, resolução de problemas e percepção. Também são chamados de
Demência, como quadro geral.
46

Alguns problemas de ansiedade e de humor são classificados como


Transtornos Cognitivos.

De acordo com DSM-IV: “Os transtornos na seção “Demência” caracterizam-


se pelo desenvolvimento de múltiplos déficits cognitivos (incluindo
comprometimento da memória) devido aos efeitos fisiológicos diretos de uma
condição médica geral, aos efeitos persistentes de uma substância ou a
múltiplas etiologias (por ex., os efeitos combinados de doença
cerebrovascular e doença de Alzheimer). Os transtornos nesta seção
compartilham uma apresentação sintomática comum, mas são diferenciados
com base em sua etiologia”.

Ou seja, os transtornos cognitivos são diferenciados de acordo com suas


causas (etiologia).

Tipos de Transtorno Cognitivo ou Demência, pelo DSM-IV:

Demência Tipo Alzheimer,


Demência Vascular,
Demência Devido à Doença do HIV,
Demência Devido a Traumatismo Craniano,
Demência Devido à Doença de Parkinson,
Demência Devido à Doença de Huntington,
Demência Devido à Doença de Pick,
Demência Devido à Doença de Creutzfeldt-Jakob,
Demência Devido a Outras Condições Médicas Gerais,
Demência Persistente Induzida por Substância e
Demência Devido a Múltiplas Etiologias.

Além disso, a categoria Demência Sem Outra Especificação é incluída nesta


seção para apresentações nas quais o clínico é incapaz de determinar uma
etiologia específica para os múltiplos déficits cognitivos.

Transtornos de Desenvolvimento

Transtornos de Desenvolvimento ou Transtornos Invasivos do Desenvolvimento,


de acordo com o DSM-IV, são caracterizados por prejuízos severos e invasivos
em diversas áreas do desenvolvimento como: “habilidades de interação social
recíproca, habilidades de comunicação, ou presença de comportamento,
interesses e atividades estereotipados. Os prejuízos qualitativos que definem
essas condições representam um desvio acentuado em relação ao nível de
desenvolvimento ou idade mental do indivíduo”.
47

Geralmente são descobertos e diagnosticados na infância. Por isso, por vezes


também são chamados de Transtornos da Infância.

Tipos de Transtorno Invasivos do Desenvolvimento:

Transtorno Autista,
Transtorno de Rett,
Transtorno Desintegrativo da Infância,
Transtorno de Asperger e
Transtorno Invasivo do Desenvolvimento Sem Outra Especificação.

Transtorno Dissociativo e de Identidade

O termo dissociativo surgiu da palavra dissociação, que, por sua vez, deriva de
dissociar. De acordo com o Dicionário Michaelis, Dissociar significa:

1) Separar elementos associados


2) Desagregar
3) Submeter a dissociação

O antônimo de dissociar, ou seja, o contrário é associar, combinar.


O DSM-IV define os Transtornos Dissociativos também chamado Transtorno
Dissociativo e de Identidade do seguinte modo:

“A característica essencial do Transtorno Dissociativo de Identidade é a


presença de duas ou mais identidades ou estados de personalidade distintos
(Critério A), que recorrentemente assumem o controle do comportamento
(Critério B)”.

Existe uma incapacidade de recordar informações pessoais importantes, cuja


extensão é demasiadamente abrangente para ser explicada pelo
esquecimento normal (Critério C).

A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância


ou de uma condição médica geral (Critério D). “Em crianças, os sintomas não
podem ser atribuídos a companheiros imaginários ou a outros jogos de
fantasia”.

Transtornos Alimentares

Os Transtornos Alimentares relacionam-se, como o próprio nome já indica, a


fatores ligados diretamente com a alimentação.
A definição que encontramos no DSM-IV é a seguinte:
48

“Os Transtornos Alimentares caracterizam-se por severas perturbações no


comportamento alimentar”. Esta seção inclui dois diagnósticos específicos,
Anorexia Nervosa e Bulimia Nervosa.

A Anorexia Nervosa caracteriza-se por uma recusa a manter o peso corporal


em uma faixa normal mínima.

A Bulimia Nervosa é caracterizada por episódios repetidos de compulsões


alimentares seguidas de comportamentos compensatórios inadequados, tais
como vômitos auto induzidos; mau uso de laxantes, diuréticos ou outros
medicamentos; jejuns ou exercícios excessivos”.

Outro tipo de Transtorno Alimentar é o Transtorno Alimentar na 1° Infância.

Transtornos do Controle dos Impulsos

Para entendermos em que consiste este Transtorno em especial, utilizaremos a


definição dada pelo DSM-IV:

“A característica essencial dos Transtornos de Controle dos Impulsos é o


fracasso em resistir a um impulso ou tentação de executar um ato perigoso
para a própria pessoa ou para outros”. Na maioria dos transtornos descritos
nesta seção, o indivíduo sente uma crescente tensão ou excitação antes de
cometer o ato. Após cometê-lo, pode ou não haver arrependimento, auto
recriminação ou culpa. Os seguintes transtornos são incluídos nesta seção:

O Transtorno Explosivo Intermitente é caracterizado por episódios distintos de


fracasso em resistir a impulsos agressivos, resultando em sérias agressões ou
destruição de propriedades.

A Cleptomania caracteriza-se por um fracasso recorrente em resistir a impulsos


de roubar objetos desnecessários para o uso pessoal ou em termos de valor
monetário.

A Piromania é caracterizada por um padrão de comportamento incendiário


por prazer, gratificação ou alívio de tensão.

O Jogo Patológico caracteriza-se por um comportamento mal adaptativo,


recorrente e persistente, relacionado a jogos de azar e apostas.

“A Tricotilomania caracteriza-se pelo ato de puxar de forma recorrente os


próprios cabelos por prazer, gratificação ou alívio de tensão, acarretando
uma perda capilar perceptível”.

Transtornos Mentais, devido a condições médicas gerais


49

Este tipo de Transtorno, intitulado Transtorno Mental devido a condições


médicas gerais, consiste em um transtorno causado por uma condição
médica. Como lemos no DSM-IV:

“Um Transtorno Mental Devido a uma Condição Médica Geral é caracterizado


pela presença de sintomas mentais considerados como a consequência
fisiológica direta de uma condição médica geral”.

Mais a frente, lemos a história da criação desta classificação, em especial:

“No DSM-III-R, os Transtornos Mentais Devido a uma Condição Médica Geral e


os Transtornos Induzidos por Substâncias eram chamados de transtornos
“orgânicos” e listados em conjunto em uma única seção”. Esta diferenciação
de transtornos mentais “orgânicos” como uma classe separada implicava a
existência de transtornos mentais “não orgânicos” ou “funcionais” que, de
alguma forma, não apresentavam relação com fatores ou processos físicos ou
biológicos.

“O DSM-IV elimina o termo orgânico e faz uma distinção entre os transtornos


mentais devido a uma condição médica geral, os transtornos induzidos por
substâncias e aqueles sem uma etiologia específica”.

Transtornos do Humor

Transtornos de humor é um termo dado a um grupo de transtornos que são


caracterizados por mudanças de humor. Abaixo, os Subtipos de Transtornos do
Humor, como são listados no DSM-IV:

O Transtorno Depressivo Maior se caracteriza por um ou mais Episódios


Depressivos Maiores (isto é, pelo menos 2 semanas de humor deprimido ou
perda de interesse, acompanhados por pelo menos quatro sintomas
adicionais de depressão).

O Transtorno Distímico caracteriza-se por pelo menos 2 anos de humor


deprimido na maior parte do tempo, acompanhado por sintomas depressivos
adicionais que não satisfazem os critérios para um Episódio Depressivo Maior.

O Transtorno Depressivo Sem Outra Especificação é incluído para a


codificação de transtornos com características depressivas que não satisfazem
os critérios para Transtorno Depressivo Maior, Transtorno Distímico, Transtorno de
Ajustamento com Humor Deprimido ou Transtorno de Ajustamento Misto de
Ansiedade e Depressão (ou sintomas depressivos acerca dos quais existem
informações inadequadas ou contraditórias).
50

O Transtorno Bipolar I é caracterizado por um ou mais Episódios Maníacos ou


Mistos, geralmente acompanhados por Episódios Depressivos Maiores.

O Transtorno Bipolar II caracteriza-se por um ou mais Episódios Depressivos


Maiores, acompanhado por pelo menos um Episódio Hipomaníaco.

O Transtorno Ciclotímico é caracterizado por pelo menos 2 anos com


numerosos períodos de sintomas hipomaníacos que não satisfazem os critérios
para um Episódio Maníaco e numerosos períodos de sintomas depressivos que
não satisfazem os critérios para um Episódio Depressivo Maior.

O Transtorno Bipolar Sem Outra Especificação é incluído para a codificação


de transtornos com aspectos bipolares que não satisfazem os critérios para
qualquer dos Transtornos Bipolares específicos definidos nesta seção (ou
sintomas bipolares acerca dos quais há informações inadequadas ou
contraditórias).

Um Transtorno do Humor Devido a uma Condição Médica Geral é


caracterizado por uma perturbação proeminente e persistente do humor,
considerada uma consequência fisiológica direta de uma condição médica
geral.

Um Transtorno do Humor Induzido por Substância caracteriza-se por uma


perturbação proeminente e persistente do humor, considerada uma
consequência fisiológica direta de uma droga de abuso, um medicamento,
outro tratamento somático para a depressão ou exposição a uma toxina.

O Transtorno do Humor Sem Outra Especificação é incluído para a codificação


de transtornos com sintomas de humor que não satisfazem os critérios para
qualquer Transtorno do Humor específico, e nos quais é difícil escolher entre
Transtorno Depressivo Sem Outra Especificação e Transtorno Bipolar Sem Outra
Especificação (por ex., agitação aguda).

Transtornos de Personalidade

Os transtornos da personalidade são transtornos nos quais são criados padrões


de comportamento, sentimentos e pensamentos que são prejudiciais para o
convívio em sociedade e para o relacionamento interpessoal.

Citando o DSM-IV:

“Um Transtorno da Personalidade é” um padrão persistente de vivência íntima


ou comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da
cultura do indivíduo, é invasivo e inflexível, tem seu início na adolescência ou
51

começo da idade adulta, é estável ao longo do tempo e provoca sofrimento


ou prejuízo:

Transtorno da Personalidade Paranoide


Transtorno da Personalidade Esquizoide
Transtorno da Personalidade Esquizotípica
Transtorno da Personalidade Anti-Social
Transtorno da Personalidade Borderline
Transtorno da Personalidade Histriônica
Transtorno da Personalidade Narcisista
Transtorno da Personalidade Esquiva

Transtorno da Personalidade Dependente


Transtorno da Personalidade Obsessivo-Compulsiva

Transtorno Psicótico

Transtornos psicóticos são aqueles que envolvem perda do contato com a


realidade. Uma pessoa com transtorno psicótico pode experenciar
alucinações e expressar pensamentos desorganizados ou bizarros.

O DSM-IV atualmente distingue em algumas categorias específicas:

Transtorno Psicótico Breve


Transtorno Psicótico Compartilhado
Transtorno Psicótico devido a uma condição médica geral
Transtorno Psicótico sem outra especificação

Importante salientar que a esquizofrenia enquadra-se neste Transtorno.

Transtornos Sexuais

Transtornos Sexuais – ou Disfunções Sexuais – são aqueles transtornos que tem


impacto na função sexual.

Abaixo, as definições do DSM-IV

“Uma Disfunção Sexual caracteriza-se por uma perturbação nos processos que
caracterizam o ciclo de resposta sexual ou por dor associada com o intercurso
sexual. O ciclo de resposta sexual pode ser dividido nas seguintes fases:

1. Desejo: Esta fase consiste de fantasias acerca da atividade sexual e desejo


de ter atividade sexual.
52

2. Excitação: Esta fase consiste de um sentimento subjetivo de prazer sexual e


alterações fisiológicas concomitantes.

As principais alterações no homem consistem de tumescência e ereção


peniana. As principais alterações na mulher consistem de vasocongestão
pélvica, lubrificação e expansão vaginal e turgescência da genitália externa.

3. Orgasmo: Esta fase consiste de um clímax do prazer sexual, com liberação


da tensão sexual e contração rítmica dos músculos do períneo e órgãos
reprodutores. No homem, existe uma sensação de inevitabilidade ejaculatória,
seguida de ejaculação de sêmen.

Na mulher, ocorrem contrações (nem sempre experimentados subjetivamente


como tais) da parede do terço inferior da vagina. Em ambos os gêneros, o
esfíncter anal contrai-se ritmicamente.

4. Resolução: Esta fase consiste de uma sensação de relaxamento muscular e


bem-estar geral. Durante esta fase, os homens são fisiologicamente refratários
a outra ereção e orgasmo por um período variável de tempo. Em
contrapartida, as mulheres podem ser capazes de responder a uma
estimulação adicional quase que imediatamente.

“Os transtornos da resposta sexual podem ocorrer em uma ou mais dessas


fases”.

Transtornos do Sono

Os transtornos do sono envolvem interrupções nos padrões do sono. Estes


transtornos podem ter impacto negativo na saúde física ou mental. Abaixo, a
forma como DSM-IV divide os Transtornos do Sono: “Os transtornos do sono são
organizados em quatro seções principais, de acordo com suposta etiologia”:

1 – Transtornos Primários do Sono

1.1 – Dissonias

Insônia Primária
Hipersonia Primária
Narcolepsia
Transtorno do Sono Relacionado à Respiração
Transtorno do Ritmo Circadiano do Sono
Dissonia Sem Outra Especificação
Transtorno de Pesadelo
Transtorno de Terror Noturno
Transtorno de Sonambulismo
53

1.2 – Parassonias

2 – Transtorno do Sono Relacionado a Outro Transtorno Mental

Hipersonia Relacionada a Outro Transtorno Mental


Insônia Relacionada a Outro Transtorno Mental

3 – Transtorno do Sono Devido a uma Condição Médica Geral

4 – Transtorno do Sono Induzido por Substância

“Dissonia Sem Outra Especificação”

Transtornos Somatoformes

O Transtorno Somatoforme é um transtorno psicológico que envolve sintomas


físicos que não tem uma causa física. São parecidos com sintomas físicos, mas,
não tendo uma causa física, não podem ser tratados como tal.

O DSM-IV classifica os seguintes subtipos:

“O Transtorno de Somatização (historicamente chamado de histeria ou


síndrome de Briquet) é um transtorno polissintomático que inicia antes dos 30
anos, estende-se por um período de anos e é caracterizado por uma
combinação de dor, sintomas gastrintestinais, sexuais e pseudoneurológicos.

O Transtorno Somatoforme Indiferenciado caracteriza-se por queixas físicas


inexplicáveis, com duração mínima de 6 meses, abaixo do limiar para um
diagnóstico de Transtorno de Somatização.

O Transtorno Conversivo envolve sintomas ou déficits inexplicáveis que afetam


a função motora ou sensorial voluntária, sugerindo uma condição neurológica
ou outra condição médica geral. Presume-se uma associação de fatores
psicológicos com os sintomas e déficits.

O Transtorno Doloroso caracteriza-se por dor como foco predominante de


atenção clínica. Além disso, presume-se que fatores psicológicos têm um
importante papel em seu início, gravidade, exacerbação ou manutenção.

A Hipocondria é preocupação com o medo ou a ideia de ter uma doença


grave, com base em uma interpretação errônea de sintomas ou funções
corporais.
54

O Transtorno Dismórfico Corporal é a preocupação com um defeito


imaginado ou exagerado na aparência física.

“O Transtorno de Somatização Sem Outra Especificação é incluído para a


codificação de transtornos com sintomas somatoformes que não satisfazem os
critérios para qualquer um dos Transtornos Somatoformes”.
Transtornos causados por substâncias

Transtornos causados por substâncias são transtornos relacionados ao uso e


abuso de substâncias como cocaína, anfetamina, maconha e álcool. No
transtorno, a pessoa pode ter dependência, abuso, psicose, ansiedade,
intoxicação e delírios que são consequência do uso de tais substâncias.

De acordo com o DSM-IV, o Manual de Diagnóstico para as doenças mentais


mais utilizados por médicos psiquiatras e psicólogos: “o termo substância pode
referir-se a uma droga de abuso, um medicamento ou uma toxina. As
substâncias discutidas nesta seção são agrupadas em 11 classes”:

Alcool
Anfetamina ou simpaticomiméticos de ação similar
Cafeína
Canabinóides
Cocaína
Alucinógenos
Inalantes
Nicotina
Opióides
Fenciclidina (PCP) ou arilciclo-hexilaminas de ação similar e sedativos
Hipnóticos ou Ansiolíticos

Cada uma destas substâncias, por sua vez, possui características particulares.
Colocar o fato de alguém ter um transtorno por substância causado por
cafeína (presente no café, remédios e certas bebidas) é muito diferente de
um transtorno causado pela cocaína, por exemplo. Por isto mesmo, o DSM-IV
também alerta sobre as diferenças entre estas 11 classes de substâncias:

“As seguintes classes compartilham aspectos” similares, embora sejam


apresentadas em separado: o álcool compartilha características dos
sedativos, hipnóticos e ansiolíticos, e a cocaína compartilha características das
anfetaminas ou simpaticomiméticos de ação similar.
55

Esta seção também inclui Dependência de Múltiplas Substâncias e Transtornos


Relacionados a Outras Substâncias ou Substâncias Desconhecidas (incluindo a
maior parte dos transtornos relacionados a medicamentos ou toxinas).

Muitos medicamentos vendidos com ou sem prescrição médica também


podem causar Transtornos Relacionados a Substâncias. Os sintomas com
frequência estão relacionados à dosagem do medicamento e habitualmente
desaparecem com a redução da dosagem ou suspensão do medicamento.

Entretanto, às vezes pode haver uma reação idiossincrática a uma única dose.
Os medicamentos capazes de causar Transtornos Relacionados a Substâncias
incluem (mas não se limitam a) anestésicos e analgésicos, agentes
anticolinérgicos, anticonvulsivantes, anti-histamínicos, medicamentos anti-
hipertensivos e cardiovasculares, antimicrobianos, antiparkinsonianos, agentes
quimioterápicos, corticosteróides, medicamentos gastrintestinais, relaxantes
musculares, antiinflamatórios não-esteróides, outros medicamentos vendidos
sem prescrição, antidepressivos e dissulfiram.

A exposição a uma ampla faixa de outras substâncias químicas também pode


levar ao desenvolvimento de um Transtorno Relacionado a Substância. As
substâncias tóxicas capazes de causar Transtornos Relacionados a Substâncias
incluem (mas não se limitam a) metais pesados (por ex., chumbo ou alumínio),
raticidas contendo estricnina, pesticidas contendo inibidores da
acetilcolinesterase, gases nervosos, etileno glicol (anticongelante), monóxido e
dióxido de carbono.

As substâncias voláteis (por ex., combustíveis, tintas) são classificadas como


“inalantes”, quando usadas com fins de intoxicação e são consideradas
“toxinas”, se a exposição é acidental ou faz parte de um envenenamento
intencional. Prejuízos na cognição ou no humor são os sintomas mais comuns
associados com substâncias tóxicas, embora ansiedade, alucinações, delírios
ou convulsões também possam ocorrer.

Os sintomas em geral desaparecem quando o indivíduo deixa de expor-se à


substância, mas sua resolução pode levar de semanas a meses e exigir
tratamento.

Os Transtornos Relacionados a Substâncias são divididos em dois grupos, quer


dizer, devem ser entendidos, segundo o DSM-IV pela diferença no uso – ou
abuso – das classes de substâncias. Neste sentido, temos que pensar no
transtorno causado pelo uso e no transtorno induzido pela substância. A
distinção pode parecer sutil, mas fica mais clara se pensarmos nas sub-
definições:

Transtornos por uso de Substância


56

Dependência de Substância
Abuso de Substância
Transtorno induzido por Substância
Intoxicação com Substância
Abstinência de Substância
Delirium Induzido por Substância
Demência Persistente Induzida por Substância
Transtorno Amnéstico Persistente Induzido por Substância
Transtorno Psicótico Induzido por Substância
Transtorno do Humor Induzido por Substância
Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância
Disfunção Sexual Induzida por Substância
Transtorno do Sono Induzido por Substância

AS PRINCIPAIS MEGATENDÊNCIAS

O Estudo das Megatendências

Cientistas renomados catalogaram 15 tendências principais que moldarão o


mundo e muitos de nós já estamos vivenciando os efeitos de inúmeras
transformações. Sentimos o impacto como uma revolução que vem mudando
nossas vidas. Fazemos parte de uma geração que edita uma nova era pronta
a oferecer uma opção ilimitada de possibilidades. Para que todos nós
possamos fazer essas escolhas, e continuar fazendo-as durante toda a vida,
basta compreender o escopo dessas mudanças, ver seu potencial e agarrar
as oportunidades. Países desenvolvidos já fizeram o salto de uma sociedade
industrial para a era de informação: uma era em que o poder cerebral e o
conhecimento humano continuarão a substituir maquinário e construções
como o principal capital da sociedade. A nova era também é de alternativas
diversas. Para aqueles com o novo conhecimento: um mundo de
oportunidade. Para aqueles sem conhecimento, a perspectiva de
desemprego, pobreza e desespero, na medida em que os antigos empregos
desaparecem e os antigos sistemas se desintegram. O principal impulso desse
estudo é a necessidade urgente de novos métodos de aprendizagem, caso se
queira que a maioria das pessoas se beneficie. Não só a nova geração, mas
também os adultos deverão ajustar-se às transformações.

A Era da Comunicação Instantânea

O mundo desenvolveu uma habilidade surpreendente de armazenar


informações e torná-las instantaneamente disponíveis em diferentes formas,
para quase todo lugar. Essa habilidade revolucionará os negócios, a
57

educação, a vida doméstica, o emprego, a administração, as mídias e,


virtualmente, tudo o mais que damos como certo. Nossos lares ressurgirão
como centros vitais de aprendizagem, trabalho e entretenimento. O impacto
apenas dessa sentença transformará nossas escolas, empresas, nossos
shopping centers, escritórios, cidades, de diversas formas, e todo o nosso
conceito de trabalho. A comunicação instantânea é a tecnologia dominante
e essa tendência aumentará cada vez mais a necessidade de se transformar
pessoas, preparando-as para que gostem de aprender e que aprendam tão
bem que sejam capazes de aprender o que quer que precise ser aprendido.
Conforme Neil Postman e Charles Weingartner, será necessário um novo tipo
de educação, um que prepare pessoas para a necessidade de novos
padrões de defesa, percepção, compreensão e avaliação. O mundo está se
tornando uma gigantesca troca de informações; um único cabo de fibra ótica
é capaz de transportar 10 milhões de mensagens eletrônicas. A velocidade
das informações atreladas ao mercado cada vez mais exigente faz com que
haja a necessidade de pessoas mais estruturadas para rápidos
processamentos de informações e perspicácia em manuseio de dados
multifacetados.

Um Mundo sem Fronteiras Econômicas

Caminhamos, inevitavelmente, para um mundo em que a maioria do


comércio será virtualmente irrestrita; e ignore as mudanças temporárias para
proteger o rendimento da agricultura em alguns países. O gênio está fora da
garrafa: a transferência instantânea de dinheiro em todo o globo já alterou a
própria natureza das transações e do comércio mundial. Em 1990, os
mercados monetários mundiais negociaram US$ 114 trilhões em “capitais
eletrônicos”: quinze vezes o valor de outras transações. O coautor de
Megatrends, John Naisbitt, registra uma economia global como sua principal
previsão para as próximas décadas, quando a tendência dominante
caminhará crescendo para que haja um livre comércio entre todos os países –
globalização. Os bens fundamentais de cada nação serão as habilidades de
seus cidadãos: poder aprender novas habilidades, sobretudo, no que se refere
à definição de problemas, à criação de novas soluções e ao acréscimo de
novos valores.

Três Passos para uma Economia Única

Embora as finanças internacionais tenham estimulado o crescimento de uma


economia mundial única, três blocos comerciais ampliados são as pedras
fundamentais: a Europa unificada, as Américas e a orla do Pacífico Asiático.
Suíça, Cingapura, Taiwan, Coreia do Sul e Japão são caracterizados por
pequenas massas de terra, sem recursos naturais, mas com pessoas bem-
educadas e empenhadas no trabalho, com a ambição de participar da
economia global. Fator indicado para o sucesso seria o de participação para
58

a prosperidade, na qual as próprias pessoas funcionassem como meios


verdadeiros e únicos na geração de riquezas.

A Nova Sociedade de Serviços

Peter Drucker, Naisbitt, Ohmae, Reich e muitos outros previsores concordam


com a próxima tendência: a mudança de uma sociedade industrial para uma
sociedade de serviços. A grande mudança é que estamos fabricando com
informações e não com pessoas. Com computadores, automação e robôs,
em vez de funcionários. Existem três tipos de prestação de serviços que
crescerão fortemente: a de produção em série, utilizada na supervisão de
linha de montagem, por exemplo; os serviços interpessoais, como atendentes,
garçons, motoristas, servidores em geral; e os serviços simbólico-analíticos, os
que envolvem pessoas que resolvem, identificam e agenciam problemas,
manipulando símbolos, como os cientistas de pesquisa, engenheiros de
projetos, consultores de empresas, publicitários, entre outros. Reich pensa que
todos nós precisaremos aprender como conceituar problemas e chegar às
mais criativas soluções, usando pelo menos quatro habilidades básicas:
abstração, raciocínio sistêmico (pensar processualmente, integrando aspectos
multideterminados), experimentação e colaboração.

De Grande a Pequeno

Já há algum tempo estamos percebendo o crescimento do número de


franquias, principalmente pequenas unidades autônomas vinculadas a
sistemas gigantes e redes de marketing direto, sobretudo fornecedores
individuais ligados a fornecedores mundiais. Essas tendências crescerão e
simplificarão o funcionamento dos segmentos que representam a fim de
fomentarem uma melhor funcionalidade para a nova era globalizada. Com o
crescimento das pequenas empresas, haverá a necessidade de se selecionar
pessoas com habilidades de raciocínio conceitual e criativo, com capacidade
de correr riscos, mudar e experimentar novas oportunidades. Nisso, cada área
será de importância fundamental para a melhoria das integrações de
múltiplas competências.

A Nova Era do Lazer

A pessoa, do sexo masculino, em média, vive agora pelo menos 70 anos, o


que significa um total aproximado de 600 mil horas de vivências. Com o
aumento significativo do tempo de vida, dados os avanços da medicina e das
orientações cada vez mais difundidas sobre os aspectos que preservam e
garantem a qualidade de vida, as pessoas passarão a viver bem mais e a
terem mais tempo livre, como busca essencial de garantia por qualidade de
vida. Os serviços ligados aos setores de lazer, educação, viagem, hobbies,
entre outros, serão os de maior crescimento. Sem dúvida, o mercado de
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trabalho e de serviços encontrará cada vez mais espaço nessas


segmentações, todas atreladas ao lazer com qualidade, o qual, segundo
estudos avançados comprovam, aumenta a eficácia laboral, reduzindo o
estresse. Uma importante tarefa na educação será a de estimular a criação
de novas experiências saudáveis de lazer, assim como a ampliação de
possibilidades de ofertas de trabalho para os mais idosos – nessa fase da vida,
o trabalho pode ser fonte de prazer, assim como de renda, integrando os
universos, na melhor das formas, na totalidade.

A Forma Mutável do Trabalho

Existe uma previsão de que uma minoria de pessoas bem preparadas, com
qualificações de graduação e pós-graduação, ocupará empregos estáveis
em período integral de companhias tradicionais. O restante trabalhará em três
agrupamentos separados, tais como: grupo de projetos, específicos, por curtos
períodos, dependendo da demanda; trabalhadores de meio período e
sazonais (um dos poucos mercados para os não qualificados); e trabalhos
individuais ou em grupos familiares. As fusões empresariais reduzirão os
empregos e a necessidade de manter pessoas em regime estável e
duradouro, ocasionando novos padrões ocupacionais para o mercado de
trabalho. A educação terá a importante tarefa de estimular as pessoas a
serem seus próprios gerentes, divulgadores e comunicadores mundiais. Sem
tais atitudes, ficará cada vez mais difícil a adaptação pessoal e social.

Mulheres na Liderança

O crescimento do desenvolvimento feminino se deve às novas demandas e


necessidades de sobrevivência e transformações no mundo. As mulheres
passaram a ocupar importantes postos nas sociedades, garantindo uma
melhora no nível da renda familiar. Estão mudando os negócios e
incrementando-os com o diferencial que advém do amor, carinho e
compaixão. Elas comprovam a cada dia o quanto valem esses ingredientes
qualitativos, que dão o colorido no que era só racional e frio, no mundo do
trabalho outrora masculino/paternalista. As mulheres têm mostrado força e
criatividade para ocuparem diversas funções no mercado de trabalho. Essa
tônica dos mercados que torna oportuna a presença feminina será crescente
e indispensável, daqui para frente, conforme regem as tendências.

A Década do Cérebro

O estudo das megatendências mostra a crescente necessidade de uma


orientação para o investimento em autoconhecimento, tão necessário e
urgente para orientar as pessoas para o autogerenciamento e capacitação
que busquem transformações, de ordens variadas. Aprender a utilizar a
ferramenta mais valiosa, o cérebro, considerando seu funcionamento,
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características e habilidades que capacitem cada vez mais o


desenvolvimento será uma atitude urgente e valiosa para todos.

O Nacionalismo Cultural

Quanto mais nos globalizarmos e nos tornarmos economicamente


interdependentes, mais faremos o trabalho humano, mais avaliaremos nossas
características ou diferenças, mais desejaremos nos apegar à nossa língua, às
nossas raízes e à nossa cultura. É o paradoxo do contra movimento da
globalização. No campo das prestações de serviços, assim como no
desenvolvimento de produtos e outros bens, serão importantes as campanhas
que agreguem valores ligados ao nacionalismo, fortalecendo o diferencial de
cada produto/serviço, enaltecendo suas origens. Como exemplo, podemos
prever um crescimento em campanhas que evidenciam ícones do futebol em
produtos esportivos, destacando habilidades e equiparando-as às melhores
características dos produtos anunciados. A educação deverá preparar cada
indivíduo para a concepção profunda e ampla de um mercado globalizado,
mas centrado, cada um, no melhor meio de enaltecer sua própria riqueza
cultural.

A Crescente Subclasse

Existe uma forte previsão de que haja um aumento no nível da pobreza


mundial, gerada por desastres sociais e políticas inadequadas na educação e
economia. Essa tendência também se deve à falta de controle do
crescimento populacional dos países menos desenvolvidos, o que infelizmente
será motivo de crescentes formas para que melhor se atenda aos mais
necessitados. Como, por exemplo, repensar novos meios de geração de
recursos mais baratos e acessíveis para os povos de baixa renda, já que o
empobrecimento é, e continuará sendo, crescente e inevitável.

O Envelhecimento da População Ativa

A geração das pessoas com mais de 60 anos representa um dos maiores


recursos não explorados para o futuro da educação, assim como das
economias vigentes. A expectativa média de vida aumentou para 75 anos, e
o idoso contemporâneo desfruta de melhor forma física, emocional e
intelectual, dada a melhoria dos aspectos informacionais e tratamentos
disponibilizados atualmente. As sociedades deverão se ocupar melhor e se
estruturarem para assegurar aos idosos condições cada vez mais eficientes e
adequadas às suas necessidades e desejos. As tendências apontam para um
novo modo de vermos a velhice, a linha do tempo. Haverá uma maior
disposição para compreender valores atrelados à experiência de vida e isso
mudará a concepção da velhice. Já vimos assistindo a um crescimento de
idosos ativos profissionalmente, e muitos são a principal fonte de renda familiar,
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haja vista o aumento do desemprego, fazendo com que as aposentadorias


sejam a única forma de sobrevivência, para inúmeras famílias de baixa renda,
principalmente.

A Nova Onda do “Faça Você Mesmo”

O mundo moderno suscita a necessidade de promover condições para que as


pessoas cresçam e se desenvolvam com maior autonomia, menor
dependência de quem quer que seja. Dessa forma, precisaremos ter uma
melhor orientação para assumir o controle de nossas vidas, na atitude de
assegurar a autogestão e a participação individual integrada, com fluência e
autoconfiança. Essas, sem dúvida, serão habilidades valorizadas daqui para
frente, uma vez que as pessoas trabalharão cada vez mais com múltiplas
informações, em um mundo que viverá fortes e constantes mudanças. Sem o
encorajamento para a autonomia, o indivíduo não poderá se ajustar às novas
transformações.

Empreendimento Cooperativo

Estão nascendo novas empresas que priorizam parcerias, posse de ações,


distribuição de lucros, educação continuada, divisão de tarefas, horários
flexíveis e equipes de projeto. Essas empresas criam ambientes em que as
pessoas podem nutrir o crescimento pessoal e obter um efetivo
desenvolvimento educacional. Elas estão dando certo e vêm ocupando
posição de destaque na economia mundial, sendo considerada modelo de
avanço tecnológico e empresarial, com forte valorização do potencial
humano, fomentando valores que melhor viabilizem as responsabilidades
sociais.

O Triunfo do Indivíduo

Em todo o mundo, estamos vendo o renascimento do poder e das


responsabilidades individuais. Cada um de nós é responsável por escolher
produtos e serviços no mundo. Quanto mais nos orientarmos para a amplitude
das possibilidades e quanto melhor nos prepararmos para o novo, melhor nos
adaptaremos ao futuro. Em outras palavras, um novo padrão de
funcionamento humano far-se-á necessário, o de abertura, o de ser cocriador
da própria existência e um ser qualificado na totalidade de suas funções
pessoais e sociais. O conhecimento das Megatendências, para o estudante e
futuro profissional das Ciências Humanas e Sociais, é fundamental para que
haja abertura para a contínua instrumentalização, aperfeiçoamento e busca
de avançados conhecimentos.
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Como a Psicologia Pode Ajudar o Obreiro Cristão

Bem meus queridos aluno(as) chegamos ao final de nossa jornada neste


mundo fascinante na mente humana. Porém, outra coisa precisa ser
considerada, como é que estes novos conhecimentos vão me ajudar em
minha caminhada como cristão? Que utilidade a psicologia pode ter na
minha vida pessoal e no meu trabalho na obra de Deus? Estas são boas
perguntas. Para respondê-las queremos dizer que vai ajudar e muito. Em
primeiro lugar, o conhecimento psicológico do ser humano nos ajuda a
compreender as dores e os sofrimentos pelos quais passam o homem pós-
moderno. Em vida secularizada centrada no “ter” ao invés de no “ser” o
homem pós-moderno vive cercado de muitas pessoas e grupos, mas ao
mesmo tempo está sozinho. Não tem um ouvido para escutar o seu grito, não
tem um ombro para inclinar sua cabeça, não tem outra alma para
compartilhar sua dor. Pobre homem, emocionalmente vive como se fosse uma
ilha. Na igreja não é diferente durante duas horas estamos juntos ministrando a
Deus a adoração que lhe é devida, mas depois deste momento nos
separamos e vivemos como verdadeiros estranhos. Isto parece um paradoxo,
mas é a pura verdade. Em segundo lugar a psicologia pode nos ajudar a nos
compreendermos, como disse determinado filósofo: “Conhece-te a ti mesmo”.
Freud nos ensinou o caminho do autoconhecimento. Quando estudamos
psicologia não estudamos simplesmente para edificar o outro, mas,
principalmente para edificarmos a nós mesmos. Em terceiro lugar a psicologia
vai nos ajudar a abençoar o outro que esta em dificuldade, principalmente o
obreiro cristão que está diante do povo de Deus. Muitos acreditam que
porque o homem nasceu de novo todos os seus problemas estão resolvidos,
porém este é um pensamento equivocado. O homem é um ser trino, ele possui
espírito, alma e corpo. Com o espírito ele tem conhecimento de Deus, com a
alma ele tem conhecimento do mundo e de si mesmo, e com o corpo ele
conhece e o mundo material. No novo nascimento o homem é reconciliado
com Deus, estava espiritualmente morto, mas agora reviveu, porém sua alma
precisa ser trabalhada, lapidada como um diamante bruto precisa ser
modelado pelo ourives. O novo crente precisa ser modelado por Deus, e Deus
usa outros homens mais experientes e preparados para realizar este trabalho.
Na igreja existem muitas pessoas com a alma ferida precisando de nossa
ajuda, do nosso ouvido, do nosso ombro amigo e principalmente da nossa
alma emprestada para receber sua dor. Sim meu querido a psicologia vai te
ajudar a fazer isto muito bem. Usando o behaviorismo você pode trabalhar um
irmão, um amigo ou até mesmo um desconhecido com reforços positivos e
negativos. Com a psicanálise você pode, conhecendo os mecanismos de
defesa do ego, compreender a raiz das dores do seu irmão. Com o
humanismo de Carl Rogers você pode fazer um aconselhamento diretivo bem
sucedido. Em tudo isto não esqueça de colocar a Palavra de Deus em
primeiro lugar, que Deus nos abençoe.
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Bibliografia

Lilla, Márcia. Apostila de Psicologia Geral. Unisa. Disponível em www.unisa.br


Acesso em 10/06/14.

Silva Guimarães Barros, Cecília. Pontos de Psicologia do Desenvolvimento. 12


ed. Editora Ática. São Paulo, 1999.

______________________________. Pontos de Psicologia Geral. 14 ed. Editora


Ática. São Paulo, 1997.

Souza, Felipe. Curso de Psicologia Online. Disponível em


https://www.psicologiamsn.com/2014/08/cursos-gratis-de-psicologia-
psicanalise-e-pnl.html Acesso em 12/06/14.

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