You are on page 1of 20

Didática do Ensino Superior

Atuação docente no Ensino Superior a Distância: Novos Desafios


e Perspectivas

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Dra. Jane Garcia

Revisão Textual:
Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin
Atuação docente no Ensino Superior a Distância:
Novos Desafios e Perspectivas

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:

Fonte: iStock/Getty Images


• Introdução
• A Didática do Ensino Presencial e a Didática do Ensino a Distância
• Perfil do Aluno Virtual
• Orientações Didáticas
• Conclusão

·· Conhecer uma nova face do trabalho do docente do Ensino Superior: sua atuação na
Educação a Distância – EAD.
·· Discutir sobre importantes aspectos da Didática nesta modalidade de ensino e a
formação docente.

Normalmente com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o último
momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material trabalhado
ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá
escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e
determinar como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de
materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão
o pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca
de ideias e aprendizagem.

5
Unidade: Atuação docente no Ensino Superior a Distância: Novos Desafios e Perspectivas

Contextualização

Para aquecermos os neurônios e começarmos nossa reflexão sobre a importância do tema


desta unidade, sugiro que vocês assistam ao vídeo a seguir:

Ensino a Distância
Disponível em: http://goo.gl/LGVFDw

6
Introdução

A Educação a Distância (EaD) não é uma discussão nova dentro da Educação. A partir da
LDB (n. 9.394/96) vivenciamos mudanças devido à maior liberdade e autonomia pedagógico-
administrativa. Em 2004, foi regulamentada a portaria que incentiva a utilização da EAD em
20% do currículo presencial (Port. MEC 4059/04). Nos últimos anos, temos visto o aumento
de cursos no formato totalmente a distância no Ensino Superior e na Pós-graduação.
Segundo Faria e Franciosi (2005), a EaD deve constituir-se em educação de qualidade,
independente da distância, por meio de uma proposta didático-pedagógica e epistemológica
que fundamente e direcione as ações educativas. Todas as ações que permeiam este processo
dependem de tempo e recursos: humanos, didático-metodológicos e financeiros.
Cabe ao aluno, na função de sua autonomia, experiências e conhecimentos prévios,
administração do tempo de estudo; e ao professor cabe dedicar um tempo maior ao aluno
virtual. A relação com o tempo diz respeito à auto-organização do sujeito em relação às tarefas
a serem realizadas.
O professor que educa a distância tem compromisso ético de desenvolver um processo de
humanização. A ação educativa deve ser focada no compromisso com a aprendizagem. No
ensino a distância é de extrema importância a mediação pedagógica do professor.
A modalidade de Educação a Distância requer do professor formador postura e compreensão
do processo de ensinar e das teorias da aprendizagem. O termo “formador” traz implícita uma
concepção de professor inovadora no sentido de deslocar do processo de aprendizagem o
centro do professor para o aluno.
De acordo com as abordagens de ensino apresentadas e discutidas por Mizukami (1986) na
unidade II de nossa disciplina, podemos inferir que o papel do professor formador em EAD,
em função das características dessa modalidade de ensino e pela presença das tecnologias e
dinâmicas envolvidas nessa modalidade, aproxima-se das abordagens mais renovadas, como
a humanista, cognitivista e sociocultural. Ou seja, é importante ter presente as diferentes
abordagens de Ensino e o conhecimento sobre os estilos de aprendizagem para que seja
possível atuar como professor formador.
Diante das características individuais dos alunos, da complexidade do processo de
aprendizagem e diversidade dos recursos disponíveis, diferentes ações e intervenções são
necessárias por parte do professor formador, que precisa estar sempre disposto a aprender,
a interagir e a trabalhar de forma colaborativa com os alunos, tutores e demais professores,
gestores dos cursos, bem como com a equipe técnica, que garante a funcionalidade das
plataformas educacionais.

7
Unidade: Atuação docente no Ensino Superior a Distância: Novos Desafios e Perspectivas

A Didática do Ensino Presencial e a Didática do Ensino a Distância

A didática da Educação a Distância diferencia-se em alguns aspectos da Didática normalmente


apreendida pelos cursos de formação de professores para o ensino presencial.
O quadro 1 apresenta de forma esquemática essa diferenciação.
Quadro 1
Principais semelhanças entre a Didática da Educação Presencial e da Educação à Distância
a) Quanto à aprendizagem: tanto a Educação Presencial como a EaD promovem a aprendizagem significativa e devem ser compreendidas como
partes integrantes de um projeto educativo mais amplo, tendo especificidades e importância próprias, atendendo a necessidades e demandas de
uma clientela específica. O importante é que ambas possam contribuir para ampliar, em qualidade e quantidade, as oportunidades educacionais,
visando alcançar os fins da Educação e contemplando especialmente a consecução da cidadania plena.
b) Quanto à  avaliação: nos dois casos, ela envolve a aferição do conhecimento adquirido pelo aluno e deve ser competência do tutor / professor
promovê-la. Na modalidade a distância, no entanto, também existe uma forma de avaliação  não – presencial. Isto requer, por parte do professor,
uma visão mais processual da avaliação.
c) Quanto ao domínio do conteúdo a ser ministrado: neste item existe uma concordância quanto ao fato de que tanto o professor do ensino presencial, quanto o
professor formador da EAD precisam dominar o conteúdo do curso em que produzem e participam.
d) Quanto ao trabalho desenvolvido em equipe: também neste caso, há semelhanças. Na Educação a Distância, no entanto,pode ocorrer o contato com os
professores que elaboraram o material didático com a equipe de produção, de tecnologia, com os tutores o que é muito importante e enriquecedor para o grupo.
e) Quanto à existência de uma proposta curricular – tanto na Educação presencial quanto a distância, o Projeto Pedagógico do Curso ou a proposta
pedagógica, deve ser amplamente conhecida pelos membros de toda a equipe que trabalha com o curso. Ela norteia a prática pedagógica do professor
e dos tutores, além de orientar toda a produção do material didático.
Fonte: Adaptação de <http://goo.gl/yPVJPq>.

A Educação a Distância exige, assim como em outras modalidades de Educação, postura


pedagógica calcada em princípios democráticos e éticos; definição flexível de opções
metodológicas; utilização / adaptação de recursos adicionais, de acordo com a clientela a ser
atendida no curso, não se resumindo a métodos estáticos de ensino ou ao uso de tecnologia.
A reflexão pedagógica é fundamental para a criação de situações que efetivamente promovam
a aprendizagem do aluno.
Diante do exposto, é possível estabelecermos um paralelo entre a Didática para a Educação
a Distância e aquela utilizada via de regra no ensino presencial, conforme ilustra o quadro 2.

Quadro 2
Diferenças entre a Didática empregada nos cursos presenciais e nos cursos a distância
NA EDUCAÇÃO PRESENCIAL NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
O centro geográfico de ensino é a sala de aula. Esta é privilegiada O aluno estuda onde e quando desejar – a população é dispersa – há separação física
como o locus das interações e da deflagração das aprendizagens, entre professor e aluno. Surge a demanda por novas estratégias didáticas, que incluam
demandando estratégias didáticas que incluem o contato físico, a voz, as ferramentas de interação. As mensagens trocadas entre os alunos e o tutor são
o olhar, entre outras. muito importantes e tem um valor motivacional e de relacionamento muito grande.
Ênfase à interação social ocorrida em ambientes virtuais – provocada pela
Ênfase à interação social presencial – as aulas ocorrem face a face – separação entre professor e aluno – emprestando importância maior ao material
demandando métodos e recursos variados para a exposição do conteúdo didático e à tecnologia de informação e comunicação, que serão os meios pelo
aos alunos e para a manutenção da motivação. quais o aluno terá acesso ao conhecimento. O material didático deverá ter
características próprias, distintas do chamado livro didático.
Situação de ensino – aprendizagem controlada pelo professor, com maior risco Aprendizagem independente e autônoma, o aluno torna-se mais ativo em
de o aluno assumir um papel passivo. relação ao processo e deve ter a sua autonomia ainda mais estimulada.
Vários tipos de docentes: o que elabora o material didático, o tutor que
Um só tipo de docente – presencial – presente diante do aluno.
atua totalmente a distância.

8
Diferenças entre a Didática empregada nos cursos presenciais e nos cursos a distância
NA EDUCAÇÃO PRESENCIAL NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Maior possibilidade de o professor ser reconhecido como “fonte” do
O tutor é um mediador, dá suporte e atua como orientador da aprendizagem
conhecimento, como ocorre nas modalidades mais tradicionais do
dos alunos.
ensino presencial.
Utilização da Tecnologia de informação e comunicação (TIC), em suas
Utilização dos recursos didáticos usuais, já bastante abordados pelos “Manuais
diversas variedades e das ferramentas tecnológicas de interação síncronas
de Didática” (quadro de giz, cartazes, transparências, álbum seriado, fichas,
e assíncronas (Internet, correio eletrônico, chat, fórum, vídeo – conferência,
estudo dirigido, modelos, mural, entre outros).
softwares e a própria sala de aula virtual, por exemplo).
Ênfase na interação. Ênfase na mediação, utilizando as  ferramentas de interação já citadas.
Comunicação diferenciada no espaço e no tempo (presencial, a distância síncrona,
Comunicação direta.
assíncrona).
Esforço direcionado para auxiliar o estudante a se organizar e buscar o
Esforço focado em atender diretamente o educando, no sentido de conhecimento em locais e horários fixados por ele próprio. Isto significa o
transmitir-lhe o conhecimento na instituição de ensino. desenvolvimento da autonomia em relação à própria aprendizagem e à
descoberta das melhores formas de alcançá-la (“aprender a aprender”).
Fonte: Adaptação de <http://goo.gl/pOAvJq>.

Segundo Almeida (2001), o professor-tutor atua como mediador, facilitador, incentivador,


investigador do conhecimento, da própria prática e da aprendizagem individual e grupal. Na
tabela II, você poderá verificar o paralelo feito por Sá (1998) entre as Funções do Professor
Presencial e a distância.
No Quadro 3, você encontra um paralelo entre as Funções do Professor na Educação
Presencial e na Educação a Distância.

Quadro 2
EDUCAÇÃO PRESENCIAL EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Conduzida pelo Professor Acompanhada pelo Professor Tutor
Atendimento ao aluno, em consultas individualizadas ou em grupo, em situações em
Predomínio de exposições o tempo Inteiro.
que o tutor mais ouve do que fala.
Processo centrado no professor. Processo centrado no aluno.
Processo como fonte central de informação. Diversificadas fontes de informações (material impresso e multimeios).
Convivência, em um mesmo ambiente físico, de professores e alunos, o Interatividade entre aluno e tutor, sob outras formas, não descartada a
tempo inteiro. ocasião para os “momentos presenciais”.
Ritmo de processo ditado pelo professor. Ritmo determinado pelo aluno dentro de seus próprios parâmetros.
Contato face a face entre professor e aluno. Múltiplas formas de contato, incluída a ocasional face a face.
Avaliação de acordo com parâmetros definidos, em comum acordo, pelo
Elaboração, controle e correção das avaliações pelo professor.
tutor e pelo aluno.
Atendimento, pelo professor, nos rígidos horários de orientação e
Atendimento pelo tutor, com flexíveis horários, lugares distintos e meios diversos.
sala de aula.
Fonte: Sá, Iranita. Educação a Distância: Processo Contínuo de Inclusão Social. Fortaleza, CEC, 1998, p.47.

Em síntese, Pierre Levy (1999) enfatiza que a principal postura a ser assumida por um
professor formador que pretenda atuar com Educação a Distância é a de “abertura” ao
novo, ao diferente:
Peço apenas que permaneçamos abertos, benevolentes, receptivos em
relação à novidade. Que tentemos compreendê-la, pois a verdadeira questão
não é ser contra ou a favor, mas sim reconhecer as mudanças qualitativas na
ecologia dos signos, o ambiente inédito que resulta da extensão das novas

9
Unidade: Atuação docente no Ensino Superior a Distância: Novos Desafios e Perspectivas

redes de comunicação para a vida social e cultural. Apenas dessa forma


seremos capazes de desenvolver estas novas tecnologias dentro de uma
perspectiva humanista (LÈvY, 1999, p.12).

É nessa perspectiva que daremos continuidade a essa unidade, discutindo a formação


docente para atuar no Ensino Superior a distância.
A distância entre o sucesso e o fracasso de um curso a distância para o ensino virtual é
uma linha muito tênue e frágil. Assim como no ensino presencial, mesmo com o fato de
planejarmos um curso seguindo todos os cuidados metodológicos e didáticos, buscarmos os
recursos mais variados e utilizarmos instrumentos de avaliação pertinentes, não nos dá a
garantia de que os objetivos propostos serão alcançados.
Um bom curso a distância possibilita que aconteça uma “química”, algo de diferente entre
os participantes. O bom curso nessa modalidade de ensino gera situações que permitem
contribuições significativas e põe em contato as pessoas, as experiências e as ideias interessantes.
Depende também de termos professores e tutores preparados intelectual e emocionalmente,
abertos para o novo, para o desafio, que saibam motivar e dialogar, que consigam atrair os
participantes não só por suas ideias, mas pelo contato pessoal. É preciso que eles conheçam
e considerem as principais características da Educação a Distância ao longo do planejamento
e execução do curso.
Por fim, um bom curso a distância depende também dos alunos. Alunos curiosos,
motivados, disciplinados em seus estudos facilitam enormemente o processo e contribuem
significativamente para o desenvolvimento do curso e para o alcance dos objetivos, pois
tornam-se parceiros do professor e dos tutores.

Perfil do Aluno Virtual

O aluno que procura um curso na modalidade a distância, mediado por computadores,


apresenta perfil diferenciado daqueles alunos que frequentam cursos presencias ou mesmo a
distância que disponibilizam material apostilado ou teleaulas.
Sabendo que a evasão nos cursos a distâncias é considerável, o perfil do aluno virtual de
sucesso é composto geralmente por pessoas com mais idade e maturidade, que gerenciam seu
tempo com disciplina e tem experiência razoável com a Internet.
Algumas pesquisas estão sendo feitas com o intuito de identificar o perfil dos alunos que
buscam os cursos oferecidos em ambientes virtuais. Diante disso, alguns elementos já são
possíveis de serem identificados.
O aluno virtual precisa ser autodidata e saber conduzir sua agenda de estudo de maneira que
as tarefas sejam realizadas sem a necessidade de cobrança por parte do professor.
Além disso, o aluno precisa também saber levantar questionamentos, trocar informações,
dar sugestões e opiniões, elaborando e expressando suas ideias de forma clara e concisa. A
necessidade de troca de experiências e de interatividade também é um aspecto a ser considerado.
É comum em cursos a distância os alunos sentirem a necessidade de trocarem experiências e
principalmente materiais, links, vídeos, mensagens, ou seja, manterem uma comunicação ativa.

10
A autonomia, organização nos materiais de estudo e curiosidade são elementos que
caracterizam o aluno bem sucedido em cursos em ambiente virtual. Incentivar e valorizar tais
elementos são tarefas do professor ao longo de um curso em ambientes virtuais.
Em síntese, ao trabalharmos em um curso a distância é importante termos ciência de que
se trata de uma clientela com interesses diversificados que busca tal modalidade por distintos
motivos e possui diferentes estilos de aprendizagem. Ter a sensibilidade de identificar e atender
as necessidades individuais dos alunos é o maior desafio de um curso e para um professor que
pretende ensinar a distância.

Orientações Didáticas

Segundo Knox (2001):


[...] criar um curso virtual é criar uma comunidade entre pessoas que nunca
irão se ver. A falta de uma sala presencial cria alguns desafios especiais mas
também cria algumas oportunidades especiais. Qualquer pessoa que já tenha
participado de lista de discussões sabe que comunidades realmente florescem
na net. As pessoas formam laços extremamente rápidos e o e-mail tem uma
intimidade particular não encontrada em uma sala de cadeiras e mesas.

Esta peculiaridade da educação a distância pede um trabalho diferenciado e organizado


especialmente para este tipo de ensino, com o desenvolvimento de uma didática voltada para
o perfil de aluno que está em nossa “sala”.
Vamos analisar alguns aspectos didáticos importantes para a atuação do docente do ensino
superior, em especial no ensino a distância.

Planejamento
Embora o ato de planejar já seja uma ação conhecida e do cotidiano dos professores no
ensino presencial, quando se trata de ambientes virtuais e elaboração de um curso a distância
o processo exige uma mudança nas práticas em função de vivermos no tempo do ciberespaço.
Para um bom planejamento, é preciso considerar inicialmente o perfil do aluno, nesse caso
especificamente o perfil do aluno que participa de cursos em ambientes virtuais.
Os objetivos do curso devem ser bem claros para o professor, vez que tais objetivos
nortearão a definição do conteúdo e das ferramentas e recursos que serão utilizados para
desenvolvimento do curso.

Estratégias
Sugerimos que algumas estratégias sejam seguidas no processo de planejamento de um
curso a distância:
Estratégias de organização: são aquelas que garantem lógica na sequência didática do curso,
unicidade e coerência entre as atividades por meio de ações de entrada, desenvolvimento e
saída. Pensar tais estratégias implica “desenhar” o curso, considerando que todo planejamento

11
Unidade: Atuação docente no Ensino Superior a Distância: Novos Desafios e Perspectivas

precisa ser flexível. É preciso prever momentos ao longo do processo que necessitem de
ajustes e redirecionamentos em função do nível dos alunos com relação aos conhecimentos
anteriormente adquiridos sobre a temática em estudo, com relação à participação e intervenção
dos alunos e possíveis dificuldades de ordem tecnológica, de modo a não se perder o foco nos
objetivos do curso.
Estratégias hipertextuais: são aquelas usadas para a apresentação e desenvolvimento
dos conteúdos a serem trabalhados ao longo do curso. Os materiais podem ser na forma
de hipertextos ou de diferentes mídias como teleconferências, vídeos e cd, entre outros. O
hipertexto é o principal recurso utilizado nos cursos em ambientes virtuais e ele possibilita a
articulação com outros materiais ou etapas do processo de aprendizagem do aluno.
Estratégias cooperativas: referem-se às atividades propostas que favorecem a interação
nas seguintes dimensões entre:
· os participantes, os professores e os tutores por meio das ferramentas de comunicação;
· os usuários e as ferramentas por meio de um ambiente virtual criativo e eficiente ou
· os alunos, os professores e o acesso aos materiais do curso, de modo a incentivar a
participação e produção em fóruns, blogs, portfólios e outras ferramentas interativas.
Estratégias avaliativas: são as que possibilitam, ao longo do processo, a retomada dos
objetivos, identificação dos avanços e limites a serem transpostos. Nesse sentido, o professor
pode de forma criativa e sempre coerente com os objetivos, elaborar e aplicar diferentes
instrumentos de avaliação para verificar a aprendizagem dos alunos. Também é possível e
importante prever diferentes instrumentos de avaliação para os alunos darem retorno acerca
do curso, dos materiais, das experiências vividas.

Material Didático
O material didático precisa ser avaliado ao longo do curso.
Nesse contexto, o papel do material didático é o de contribuir para a constituição de
ambientes virtuais ricos e com recursos e possibilidades diversificadas e que favoreçam o
aprendizado dos alunos e o desenvolvimento das atividades planejadas pelos professores.
O material didático deve ser pensado de forma estratégica, pois tem papel primordial no
contexto da relação educativa. Suas funções são inúmeras e entre elas destacamos o apoio
ao esforço de mediação e de atribuição de significados por parte do professor, o auxílio na
organização das intervenções pedagógicas ou o estabelecimento de um fio condutor para a
construção de conhecimentos por parte dos alunos.
Como funções do material didático, podemos destacar:

1. proporcionar a transferência de conhecimentos;


2. facilitar a comunicação formador-aluno;
3. subsidiar a organização dos processos de ensino e aprendizagem;
4. explicitar projeto comunicacional do formador;
5. criar espaço para a interatividade cognitiva.

12
Para que o material didático cumpra as funções apresentadas é preciso levar em consideração
as seguintes recomendações:
· delimitar a situação problema que solicita demanda uma ação educativa;
· identificar e caracterizar o público-alvo;
· formular concepção de EaD e definir o suporte a ser utilizado;
· definir os objetivos do curso e, consequentemente, do material didático;
· elaborar auxílios internos e externos ao material didático;
· formular atividades finais de avaliação e revisão de conteúdo;
· adaptar linguagem e estilo e comunicação ao público alvo;
· desenvolver material com equipe multidisciplinar.
Qualquer que seja sua função na equipe multidisciplinar, a elaboração ou a seleção do
material didático corresponde a um procedimento complexo de tomada de decisão com
relação aos auxílios internos e externos aos quais os professores precisam recorrer para a
organização do trabalho pedagógico. Sendo estrategicamente pensado, o material didático e
sua relação didática com o professor, devem “funcionar” em consonância, articulados, com os
objetivos de aprendizagem.
A produção de material didático adequado e interativo constitui-se em um grande desafio para
o professor formador. Existe uma diversidade de textos impressos e hipertextos já produzidos e
disponíveis nas bibliotecas e Internet, todavia, a articulação entre os conhecimentos produzidos
e o aluno necessita ser mediada pelo professor por meio de um texto produzido por ele e da
sequência didática proposta.
Articular as diferentes mídias, próprias de ambiente virtual, com as práticas de leitura, os
diferentes estilos de aprendizagem e os objetivos do curso é uma habilidade a ser apreendida
e desenvolvida por meio do exercício de reflexão-ação – reflexão.

Avaliação
A avaliação, seja da aprendizagem ou de um curso a distância, caracteriza-se por ser um
processo contínuo e formativo, ou seja, é preciso pensar na avaliação não como o produto
final, como uma nota ou média resultante de um instrumento único com caráter excludente,
mas sim um caminho a ser percorrido ao longo do curso de modo a se verificarem os avanços
e dificuldades dos alunos no processo de construção dos conhecimentos objetivados pelo
curso. Isso não impede que ao final do processo pedagógico se estabeleça uma avaliação final
(avaliação somativa) que esteja vinculada a exigências formais do nosso sistema educacional,
cuja magnitude se relaciona com a natureza do curso.
Retomar os objetivos do curso, previstos no planejamento inicial, é fundamental no processo
avaliativo. Os objetivos são o ponto de partida e chegada, verificar a trajetória do aluno por
intermédio de instrumentos adequados constitui-se no desafio de uma avaliação processual.
A avaliação de um curso de EAD assume três dimensões:

13
Unidade: Atuação docente no Ensino Superior a Distância: Novos Desafios e Perspectivas

Avaliação da aprendizagem do aluno


A avaliação da aprendizagem implica verificar os avanços dos alunos. Os ambientes virtuais
permitem registros e disponibilizam relatórios que podem ser utilizados para análise e avaliação
do desempenho do aluno. Também é importante considerar que os ambientes virtuais de
aprendizagem possibilitam a construção de uma relação dialógica com os participantes, de
modo a orientar efetivamente a aprendizagem. Diante disso, cabe ao professor conhecer e
explorar ao máximo os recursos de cada ambiente virtual e incentivar a criação de recursos
cada vez mais interativos.
Nesse sentido, não basta simplesmente verificar o retorno da quantidade de informação
recebida pelo aluno, mas como as atividades propostas foram feitas e a sua qualidade. Em
outras palavras, não é possível dissociar Interface e proposta pedagógica quando o objetivo
é a aprendizagem nos cursos on line. As ferramentas de comunicação dos ambientes,
principalmente o fórum, devem ser utilizadas em seu potencial – capacidade de ampliar e
viabilizar a colaboração e a cooperação, facilitando o “estar junto virtual”.
Usar o fórum como um critério de avaliação exige certo cuidado, vez que tanto a quantidade
de participações como a natureza dos comentários postados precisam ser considerados.
Qualidade e quantidade são elementos igualmente importantes no processo, porém são
categorias diferentes do aprendizado. Além disso, o próprio processo de aprender a participar
de um fórum precisa ser considerado, bem como os diferentes níveis de formação dos alunos
envolvidos e suas capacidades de análise e síntese.
O processo de avaliar o aprendizado dos alunos por sua complexidade exige por parte do
professor um constante exercício de retomada dos objetivos centrais do curso e de como os
alunos estão atingindo tais objetivos de forma individual e também no coletivo. Daí a avaliação
da aprendizagem dos alunos não estar desassociada da avaliação do próprio curso.

Avaliação do curso e conteúdos desenvolvidos


A avaliação do curso é fundamental para a continuidade dos trabalhos com EaD.
Questões como evasão, relacionamento professor aluno e tutores, atendimento às
expectativas dos participantes, bem como dificuldades com o ambiente virtual e suas ferramentas
precisam ser consideradas no processo avaliativo com a intenção de melhorar o curso para
próximas edições. A atualização dos temas e textos é outro item a ser considerado.
É comum as instituições apresentarem uma equipe encarregada de avaliar os cursos de
EAD com certa regularidade, o que favorece a busca por melhora nos cursos dessa natureza.
O MEC também apresenta alguns referenciais de qualidade para EAD que precisam ser
considerados na elaboração e avaliação dos cursos a distância. Entre os itens apontados pelo
MEC e pesquisa já desenvolvidas com o intuito de avaliar cursos a distância, a preocupação
com a avaliação dos materiais didáticos é enfatizada.

Avaliação do material produzido para e no curso


O material para disciplinas em ambientes virtuais é muito importante para o processo de
aprendizagem e por esse motivo deve ser avaliado continuamente.
A escolha dos materiais e a produção desses precisa estar diretamente relacionada à
concepção pedagógica do curso e seus objetivos. Isto significa dizer que a concepção pedagógica
de um curso deve ser definida previamente, ou seja, é necessário definir se o que se pretende

14
é formar (primar pelo aprender a aprender) ou informar, para então estruturar a proposta de
implementação dos recursos tecnológicos, como a escolha das ferramentas, corroborando
para que sua aplicabilidade se vincule sempre à concepção pedagógica definida.
Alguns critérios podem ser elencados no processo avaliativo dos materiais:
· Quantidade de páginas de texto;
· Diagramação;
· Cores, tipos de letras e imagens;
· Linguagem, preferencialmente dialógica;
· Clareza e objetividade na exposição das ideias;
· Diversidade de recursos.
Ainda é bom relembrar que os materiais precisam ser autoinstrutivos de modo a viabilizar o
gerenciamento por parte dos alunos.
É importante também ter a clareza de perceber que conteúdo e forma andam juntos,
assumem funções complementares no processo de ensino. Infelizmente, existem cursos
construídos somente levando em consideração a “forma”, com apresentações belíssimas,
recursos de animação e simulação interessantes, porém, que pecam pela mediocridade do
conteúdo. O cuidado com a “forma” não pode ser maior do que com o conteúdo.
Por fim, no processo de avaliar todas as ações que devem ser observadas, reitera que um modelo
de EaD, mesmo atentando para todas estas especificidades, não pode ser estático. O objetivo
fundamental das contínuas avaliações está justamente em manter como característica intrínseca
dos ambientes o comprometimento com a mudança, o seu dinamismo e consequentemente,
manter elevados os níveis de qualidade, associando-os às estratégias de aprendizagem
significativa. E para que isso ocorra, são necessárias constantes pesquisas e reavaliações dos
cursos implementados a fim de identificar os possíveis ajustes e delinear as transformações.

Conclusão

A Educação a Distância trouxe uma nova perspectiva de trabalho ao professor do Ensino


Superior, que é a possibilidade de atuar nesta modalidade de ensino, seja produzindo materiais
didáticos, desenvolvendo cursos ou atuando como tutor dos cursos em ambientes virtuais.
Seja qual for sua atribuição, é certo que é preciso um novo pensamento e uma nova
postura para este trabalho. É preciso desenvolver uma didática voltada para o ensino
superior, porém totalmente contextualizada para o ambiente virtual de aprendizagem e as
especificidades deste trabalho.
A Educação a Distância pede que sejam deixadas de lado as práticas relacionadas à
transmissão de conhecimento, para se assumirem práticas proponentes e viabilizadoras da
construção do conhecimento para a solução de problemas reais.
Com isso o professor precisa assumir seu novo papel que é o de “formulador de problemas,
provocador de situações, arquiteto de percursos, mobilizador das inteligências múltiplas e
coletivas na experiência do conhecimento” (SILVA, 2003).

15
Unidade: Atuação docente no Ensino Superior a Distância: Novos Desafios e Perspectivas

Material Complementar

Leituras:
Hipertexto - O Labirinto Eletrônico uma Experiência Hipertextual
Sugiro a “navegação” pela tese da professora Maria Teresa Pereira Dias, construído na
forma de hipertexto, umas das primeiras experiências que tivemos na academia por ocasião
da apresentação de sua tese na Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, em 2000.
A pesquisadora questionou o paradigma da materialidade de uma tese de doutorado.
http://goo.gl/AsdZMm

Sites:
Convido você a ler o texto de Pierre Lévy Educação e Cybercultura.
http://goo.gl/pnFMMt

Vídeos:
Educação a Distância
Assista a um vídeo com considerações de Pierre Lévy sobre Educação a Distância.
http://goo.gl/2IeTjo

16
Referências

ADELL, J. El Professor Online: Elementos para la Definición de un Nuevo Rol

Docente. EDUTEC, 99. Disponível em: <http://www.edutec.com.br>. Acesso em: 29/05/09.

ALMEIDA, Fernando José et al. Educação a Distância: Formação de Professores em Ambientes


Virtuais e Colaborativos de Aprendizagem. São Paulo, Projeto NAVE, 2001.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA E.D. http://www.abed.org.br/congresso2004/por/htm/155-


TCD2.htm (consultado em 09/2009)

BERGO, Heliane Mari. Processo De Desenvolvimento Do Material Impresso. In: Seminário


Internacional de Educação à Distância, 1999, Belo Horizonte: Oficina de Material Impresso.
Brasília: Ceteb, 1999.

FRANCIOSI e FARIA . org. Organização Superior – Vivências e visão de futuro – Porto Alegre
– EDIPUCRS , 2005.

KNOX, E. L. Skip. A Pedagogia do Projeto de Web Sites: Relato de uma Experiência.

Boletim EAD ‚ Unicamp/ Centro de Computação Número 7/15/03/01

Disponível em: <http://www.ead.unicamp.br>. Acesso em: 29/05/09. LÉVY, Pierre.


Cibercultura. São Paulo: Ed.34. 1999.

________. (2000) Educação e Cibercultura.

(endereço: http://caosmose.net/pierrelevy/educaecyber.html. Acesso em 09/2009)

MACHADO L.D. O papel da Tutoria em ambientes EAD. (endereço http://www.scribd.com/


doc/6581788/o-Papel-Da-Tutoria-Em-Ambientes-de-Ead acesso em 09/2009)

MIZUKAMI, Maria da Graça N. Ensino as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986

MORAN J.M. (2002). O que é Educação a Distância (endereço http://www.eca.usp.br/prof/


moran/dist.htm acesso em 09/2009)

SÁ, Iranita M. A. Educação a Distância: Processo Contínuo de Inclusão Social. Fortaleza,


C.E.C., 1998.

TRINDADE, Armando Rocha. Distance Education For Europe. 2.ed. Lisboa: Universidade
Aberta, 1992.

VIEIRA, Fábia Magali. Santos. Considerações Teórico-metodológicas para Elaboração e


Realização de Cursos Virtuais. Disponível em http://www.abed.org.br Acesso: 29/05/09.

17
Unidade: Atuação docente no Ensino Superior a Distância: Novos Desafios e Perspectivas

Anotações

18

You might also like